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1Graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM. UNIFEV – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOTUPORANGA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DIMENSIONAMENTO DE HIDRANTES E RESERVATÓRIO PARA COMBATE A INCÊNDIO Bissi Pimentel, Gustavo¹ Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho Orientador: Prof. André Luis Magossi VOTUPORANGA 2020 RESUMO Diferentemente do que acontece em regiões onde o inverno é rigoroso e, com isso, necessitam de materiais termicamente isolantes, predominando deste modo a construção em madeiras e espumas, como nos países da América do Norte, Canadá e EUA, no Brasil as estruturas e pisos das edificações não são normalmente inflamáveis. Com o desenvolvimento industrial e das técnicas e tecnologias das construções brasileiras, estas passaram a ser compostas em seu maior percentual por materiais cerâmicos e metálicos, com pequenas partes ainda em madeira, que é utilizada mais por questões estéticas e em partes pontuais, reduzindo assim a inflamabilidade e carga térmica das mesmas. Determinados locais requerem sistemas diferenciados de combate a incêndio, conforme especifica o decreto 63.911 de 10 de dezembro de 2018. Dentre estes sistemas existem os hidrantes, que são equipamentos hidráulicos distribuídos estrategicamente em edificações para combater incêndios e são compostos por tubulações com diversas singularidades e possíveis ramificações e desníveis, o que torna o cálculo para dimensionamento da rede de tubulações e bombas um serviço complexo de ser executado manualmente e requer profissionais especializados. Buscando esclarecer esse processo de cálculo e trazer agilidade ao mesmo, foi proposto a programação das equações de perda de carga, vazão e potência requerida através de uma planilha de cálculo de um projeto base que ilustra o dimensionamento para uma situação de um empreendimento de pequeno porte. A mesma contém de forma clara para servir de referência a futuros projetistas que iniciem o trabalho com esse ramo da engenharia o dimensionamento da reserva técnica de incêndio, da quantidade de hidrantes e o cálculo das equações de perda de carga da água no sistema com objetivo de chegar a potência da bomba requerida. Espera-se assim, ao final deste trabalho, dar o embasamento necessário aos projetistas para então auxiliá-los na elaboração de projetos de hidrantes passíveis de aprovação dos avaliadores técnicos do Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo. Atualmente, há poucos Engenheiros de Segurança do Trabalho que atuem nessa área, que pode ser explicado pela complexidade dos cálculos hidráulicos ou ainda devido a pouca disseminação deste conhecimento nos cursos de especialização nesta área da Engenharia. Deste modo, busca-se assim esclarecer a metodologia de desenvolvimento dos cálculos e das recomendações e exigências das normas e instruções técnicas pertinentes. Palavras-chave: Bomba de Incêndio; Hidrantes; IT-22. ABSTRACT Unlike what happens in regions where the winter is harsh and, therefore, they need thermally insulating materials, thus predominating the construction in wood and foam, as in the countries of North America, Canada and USA, in Brazil the structures and floors of buildings are not normally flammable. With the industrial development and the techniques and technologies of the Brazilian constructions, these started to be composed in its greater percentage by ceramic and metallic materials, with small parts still in wood, which is used more for aesthetic reasons and in specific parts, reducing the flammability and thermal load. Certain locations require different fire-fighting systems, as specified in Decree 63.911 of December 10, 2018. Among these systems there are hydrants, which are hydraulic equipment strategically distributed in buildings to fight fires and are composed of pipes with different singularities and possibles ramifications and unevenness, which makes the calculation for dimensioning the network of pipes and pumps a complex service to be performed manually and requires specialized professionals. Seeking to clarify this calculation process and bring agility, it was proposed that the programming of the equations of head loss, flow and power required through a calculation spreadsheet of a base project that illustrates the dimensioning for a situation of a small enterprise. It contains clearly to serve as a reference for future designers who start working with this branch of engineering the dimensioning of the technical fire reserve, the number of hydrants and the calculation of the water pressure loss equations in the system with the objective of reaching the required pump power. Therefore, it is hoped, at the end of this work, to give the necessary background to the designers to then assist them in the elaboration of hydrants projects subject to the approval of the technical evaluators of the Fire Department of the State of São Paulo. Currently, there are few Occupational Safety Engineers working in this area, which can be explained by the complexity of hydraulic calculations or due to the lack dissemination of this knowledge in specialization courses in this area of Engineering. Thus, it seeks to clarify the methodology for developing calculations and the recommendations and requirements of the relevant technical standards and instructions. Keywords: Fire Pump; Hydrants; IT-22. 4 1. INTRODUÇÃO A rotina do Engenheiro na indústria exige tomadas de decisões rápidas e certeiras, os projetos devem ser executados em curtos prazos e com resultados satisfatórios econômica e tecnicamente falando, sem deixar a desejar em quesitos de qualidade. Na universidade, apesar de durante o curso as problemáticas dadas pelos professores aos futuros Engenheiros parecerem exorbitantes e insolúveis, a situação é amenizada pelo tempo disponível e a não concretização dos projetos na maioria dos casos. Na Engenharia de Segurança do Trabalho, um dos pontos que mais intimida os profissionais pelo tempo demandado, responsabilidade sobre o elevado custo envolvido e o tema complexo de mecânica dos fluídos é o dimensionamento de sistemas de hidrantes e bombas de combate a incêndios. O fogo é gerado por meio da combinação simultânea e reação em cadeia de materiais combustíveis, elemento comburente e calor, que são caracterizados como elementos imprescindíveis no processo. Esse tetraedro do fogo, objeto de estudo dos combatentes de incêndios, é composto por quatro pontos que devem estar presentes para o início e permanência do incêndio, sendo assim, qualquer um destes que for eliminado pode interromper a queima. Dentre as Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho, àquela que traz o tópico de Proteção Contra Incêndios é a NR-23, dizendo que todos os trabalhadores de uma empresa devem adotar medidas de prevenção de incêndios, contudo o empregador que tomará ações para que saibam utilizar os equipamentos de combate ao incêndio, os procedimentos de evacuação dos locais com segurança, os dispositivos de alarme existentes e, conforme legislação estadual e normas técnicas aplicáveis, deverá equipar os locais da empresa com os equipamentos e estruturas necessárias a prevenção de incêndios e proteção da vida dos que lá atuam (SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO,2019). O Decreto Nº 63.911 de dezembro de 2018 discrimina as edificações onde faz-se necessário a implantação do sistema de hidrantes (BRASIL, 2018) e a IT-Instrução Técnica Nº 22 de 2019 do Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo expõe detalhes técnicos que devem ser observados nos cálculos e na aplicação do sistema de combate a incêndio nas edificações, bem como orienta ainda sobre o método de cálculo de perdade carga como o de Weisbach – Fórmula geral de perda de carga localizadas – que deve ser utilizado durante o processo (SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2019). O local de aplicação do projeto foi uma indústria metalúrgica, que apesar de ser dispensada do uso de hidrantes pelo Anexo E da IT 22/2019-SP, faz-se interessante a mesma aplicar o sistema para garantir proteção ao ambiente e redução de custos com a seguradora (SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2019). A indústria possui um galpão coberto 5 com dois mil e quinhentos metros quadrados de área coberta, utilizado majoritariamente para fabricação de peças automotivas que vai desde a matéria prima – aço em bobinas e chapas – à embalagem. Espera-se desmistificar o assunto descrevendo a metodologia de cálculo ao olhar a Engenheiros e aplicá-los em uma planilha para resolver o problema base que servirá posteriormente como norte para futuros projetistas da área. 6 2. METODOLOGIA E DISCUSSÃO Primeiramente foi feita a identificação do local, caracterizando-o conforme a Instrução Técnica Nº 14/2018, Anexo A – Tabela de Carga de Incêndio Específicas por Ocupação (SECRETARIA DE ESTADOS DOS NEGÓCIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2018). Deste modo, procurou-se pelo uso Industrial na coluna referente a Ocupação/Uso, enquanto na de Descrição buscou-se aquelas compatíveis com os setores da empresa de modo a poder avaliar posteriormente qual Carga de Incêndio seria cabível a mesma. Com isso, como pode ser visto na Tabela 01, a carga a ser considerada é a de 200 MJ/m². Tabela 01- Carga de Incêndio da Edificação segundo a Instrução Técnica nº 14/2018 do Corpor de Bombeiros do Estado de São Paulo. Ocupação/Uso Descrição Divisão Carga de Incêndio (qfi) em MJ/m² Industrial Aço, corte e dobra, sem pintura, sem embalagem I-1 40 Galvanoplastia I-1 200 Metalúrgica I-1 200 A empresa também deve ter características descritas (Tab. 02), como área e altura da edificação, para posteriormente enquadrá-la no Anexo “A” do Decreto nº 63.911, que dá a classificação das edificações e tabelas de exigências (BRASIL, 2018). Tabela 02-Informações base para enquadramento da edificação nas tabelas e informações do Anexo "A" do Decreto nº 63.911/2018. Ocupação/Uso Divisão Área Coberta [m²] Altura Carga de Incêndio [MJ/m²] Industrial I-1 2500 Térrea 200 Com isso pode-se classificar a edificação com Potencial de Risco Baixo quanto à carga de incêndio por ser inferior a 300 MJ/m², e por possuir área coberta, excluindo banheiros e vestiários conforme inciso VI, artigo 18 do capítulo VII do referido Decreto, maior que 750 m² exige-se que essa possua as seguintes medidas de segurança contra incêndio (Tab. 03): 7 Tabela 03-Medidas de Segurança Contra Incêndios para edificações com área superior a 750m² e/ou altura superior a 12m conforme Anexo "A" do Decreto nº 63.911. Item Grupo de ocupação e uso Grupo I - INDUSTRIAL Divisão I-1 (risco baixo) Medidas de Segurança contra Incêndio Classificação quanto à Altura Térrea 01 Acesso de Viatura na Edificação x 02 Segurança Estrutural Contra Incêndio x 03 Controle de Materiais de Acabamento x 04 Saídas de Emergência x 05 Brigada de Incêndio x 06 Iluminação de Emergência x 07 Alarme de Incêndio x 08 Sinalização de Emergência x 09 Extintores x 10 Hidrantes e Mangotinhos x Assim, para desenvolvimento do projeto da medida do Item 10 (Tab. 03), Hidrantes, deve-se buscar métodos e embasamentos teóricos, normatizados preferencialmente, para especificar-se a quantidade desses equipamentos necessária a dar cobertura completa a área do local a ser protegido, o diâmetro e tipo de tubulação, a reserva técnica de água que o reservatório, elevado neste caso, deve possuir especificamente para o uso do sistema de hidrantes e a bomba de incêndio. Para isso, recorreu-se a Instrução Técnica nº 22/2019 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de SP e a NBR 13714 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2019 e ABNT, 2000). De acordo com o inciso D.2.2, do Uso e Instalação, Anexo D da IT-22, os equipamentos devem estar posicionados a no máximo 5 m da porta de acesso da área a ser protegida. As mangueiras, independentemente do tipo de sistema de proteção, devem ter comprimento de 30 m para equipamentos internos à edificação, segundo a Tabela 2 da IT-22. O comprimento do jato d’água dos dois hidrantes considerados devem ser de no mínimo 10 m, conforme o item 5.8.2 da mesma IT. O comprimento a ser considerado será então de 40 m, porém este deve ser avaliado no trajeto real da mangueira no local e, o comprimento do jato do esguicho, trivialmente, só poderá ser considerado em linha reta, portanto, como pode ser visto na figura abaixo (Fig. 01), a planta baixa proposta terá dois pontos de hidrantes para satisfazer essas condições e cobrir todas as regiões do galpão. A elevação dos hidrantes em relação ao piso local 8 é estabelecida atendendo ao item 5.7.1.4, da IT-22, podendo estar no intervalo fechado entre 1 e 1,5 m (SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2019). Deste modo, pôde-se encontrar a quantidade de hidrantes necessários ao local e, com isso, o comprimento e as singularidades do encanamento, que gerarão perdas de energia de pressão ao longo do trajeto – também conhecidas como perdas de carga – além dos desníveis que o fluxo deverá vencer, que são a transformação da energia mecânica que a bomba transfere ao fluído pelo trabalho realizado em energia potencial gravitacional. Usou-se o ponto A (Fig. 02) de divisão do fluxo entre os ramos que alimentam os hidrantes como referência nos cálculos. As singularidades consideradas foram dispostas na Tab. 04 e seus comprimentos equivalentes tiveram como base a Fig. 03. Os comprimentos reais, equivalentes e totais dos trechos entre a Bomba de Incêndio e o ponto A, dos dois ramos de tubulações A-H1 e A-H2, e os desníveis das saídas dos hidrantes estão demonstrados esquematicamente na Fig. 02 e tabelados a seguir (Tab. 05). Figura 01-Esquema demonstrativo da distribuição dos pontos de hidrantes para cobertura da área a ser protegida. 9 Figura 02-Vista isométrica da tubulação compreendida entre a Bomba de Incêndio e os Hidrantes. Tabela 04-Tipos e Quantidades de Singularidades, com respectivos comprimentos equivalentes, consideradas no cálculo deste dimensionamento. Singularidades Comprimentos Equivalentes [m] Quantidades por Trecho BI-A A-H1 A-H2 Válvula de Retenção 8,10 1 1 0 Registro Gaveta 0,40 1 1 0 Joelho 2,35 2 3 4 Entrada Normal 0,90 1 1 0 Tê de Saída Lateral 3,43 0 1 1 Válvula Globo Angular 10,00 0 1 1 Tabela 05-Comprimentos dos encanamentos e Desníveis conforme Fig. 02 e Tab. 04. Trechos Comprimentos [m] Desnível em relação a A [m] Real Equivalente Total Fluido: sobe (+) e desce (-) BI-A 17 14,1 31,1 5 A-H1 9 29,9 38,9 -4 A-H2 48 22,8 70,8 -4 10 Figura 03-Comprimentos equivalentes das singularidades a canalização retilínea expresso em metros (Fonte: SIMEI, 2012) 11 A NBR 13714/2000 expõe que o tipo de sistema de hidrantes para a indústria I-1 é o 2, o que nos dá as especificações de esguicho e mangueira, bem como de vazão e pressão mínimas na válvula do hidrante mais desfavorável em relação a perda de carga, de acordo com a Tabela 2 da IT-22, como exposto na Tab. 06. A tubulação considerada para escolha do coeficiente de atrito “C” de Hazen-Williams foi a de aço preto (Tabela 1, item 5.8.11.2 da IT-22), com diâmetro nominal – DN conforme item 5.11.6.1 da IT-22, com isso obteve-se os dados finais para realização dos cálculos (Tab. 07) (SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2019 e ABNT, 2000). Tabela 06-Dados do tipo 2 de sistema de hidrantesconforme IT-22. Tipo de sistema Esguicho Regulável (DN) Mangueira de Incêndio Hidrante DN [mm] Comprimento [m] Número de Expedições Vazão Mínima [L/min] Pressão Mínima [mca] 2 40 40 30 Simples 150 30 Nota: Parâmetros para que um brigadista possa dar o primeiro combate de forma segura e o jato d'água tenha o alcance previsto no item 5.8.2 da IT-22/2019. Tabela 07-Dados principais da tubulação para cálculo. Após o levantamento dos dados de entrada, chamados assim por serem a base de cálculo do resultado final almejado, fez-se a utilização das equações de Perda de Carga Unitária por Atrito (Eq. 01) na unidade [mca/m], Perda de Carga (Eq. 02) na unidade [mca] e Potência do Motor Elétrico da Bomba de Incêndio (Eq. 03) em [CV], sendo as duas primeiras conforme especifica a IT-22 (SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2019) e a última conforme Filho e colaboradores (2010). Ao realizar o cálculo da perda de carga nos trechos entre o ponto de referência A e os hidrantes (Fig. 02) deve-se respeitar o requisito do item 5.8.15 da IT-22, não devendo a diferença entre esses valores ser superior a 0,50 mca (5,0 kPa). DN [mm] Ø cálculo [mm] Fator C de Hazen-Williams [admensional] 65 (2 ½") 63 120 Tubulação Aço Preto (sistema de tubo molhado) 12 Equação 01: 𝐽 = 605 𝑥 𝑄1,85 𝑥 𝐶−1,85 𝑥 𝐷−4,87 𝑥 104 Sendo: J a perda de carga por atrito em metros de coluna d’água por metro [mca/m]; Q a vazão de água, em litros por minuto [L/min]; C o fator de Hazem-Williams; D o diâmetro interno do tubo em milímetros [mm]. Equação 02: ℎ𝑓 = 𝐽 𝑥 𝐿𝑡 Sendo: Lt o Comprimento total, sendo a soma do comprimento real da tubulação e dos equivalentes das conexões (singularidades) [m]; 𝒉𝒇 a perda de carga por atrito do fluido na tubulação [mca]. Equação 03: 𝑃𝑚 = 𝑄 𝑥 𝐻𝑚𝑎𝑛 𝑥 1000 75 𝑥 𝑛𝑏 Sendo: 𝑷𝒎 a potência do motor da bomba em cavalos vapor [CV]; 𝑸 a vazão da bomba em metros cúbicos por segundo [m³/s]; 𝑯𝒎𝒂𝒏 a pressão requisitada pelo sistema metros de coluna d’água [m.c.a]; 𝒏𝒃 a eficiência global da bomba em valor adimensional. A Reserva de Incêndio corresponde a um volume de água determinado em concordância com a Tabela 3 da IT-22 que alimentará especificamente o sistema de hidrantes para combate ao incêndio, não podendo assim ser possível o desvio dessa para outro fim como as atividades normais da indústria. Caso necessitem compartilhar um mesmo reservatório para ambos os fins, há essa possibilidade, no entanto, a capitação de água do sistema de hidrantes deve ser no nível mais baixo e a outra no nível acima do volume requisitado para o sistema e estar conforme o item 5.9.5 da IT-22 (SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA, 2019). 13 3. RESULTADOS OBTIDOS Pôde-se calcular que o layout proposto para a tubulação respeitou o requisito de que a diferença de pressão entre os ramos dos dois hidrantes com maiores perdas de energia de pressão deveria ser menor ou igual a 0,5 mca, sendo a diferença aqui encontrada de exatos 0,50 mca. Os resultados de perda de carga estão apresentados na Tab. 08 de forma detalhada e foram calculados para os três trechos de relevância. O volume da reserva técnica de incêndio é de 8m³, valor que atende a exigência para áreas de edificações de até 2.500m². Tabela 08-Perdas de Energia de Pressão nos Trechos avaliados conforme Fig. 02. Fator de Hazem-Williams C 120 Trecho BI-A A-H1 A-H2 Vazão d’água Q [L/min] 300,0 150,0 150,0 Diâmetro Interno D [mm] 63,0 63,0 63,0 Comprimento Total Lt [m] 31,1 38,88 70,83 Perda de Carga Unitária J [mca/m] 0,057 0,016 0,016 Perda de Carga hf [mca] 1,77 0,61 1,12 Desnível Z [mca] 5 -4 -4 Perda de Carga Total hf + Z [mca] 6,77 -3,39 -2,88 Para a escolha a da bomba de incêndio deve-se pautar nos resultados obtidos e expostos na Tab. 09, sendo que aqui foi adotado por experiência um coeficiente de segurança com margem de 20% para encobrir possíveis vazamentos, defeitos de fabricação e inconsistências na execução do projeto que possam acontecer e, adotou-se o valor de 0,5 para a eficiência global do grupo moto-bomba por ser um valor usual e razoável, porém este pode ser reavaliado e alterado na planilha de cálculo elaborada e disponível para os interessados através de contato via e-mail do autor (gtvbissi@gmail.com). Tabela 09-Informações Calculadas para Escolha da Bomba Elétrica Centrífuga de Incêndio Eficiência global da Bomba, ɳb 0,50 Coeficiente de Segurança 1,2 Vazão de Trabalho, Q [m³/s] 0,0050 18,00 m³/h Altura Manométrica, Hman [mca] 63,9 6,51 kgf/cm² Potência, Pm [CV] 10,22 7,62 kW Nota: 1-Escolha um coeficiente de segurança acima conforme sua experiência; 2-Procure a bomba com potência de valor maior ou igual ao calculado acima. 14 4. CONCLUSÃO Neste projeto a experiência levou ao acerto do layout da tubulação logo de início, no entanto não é algo que acontecerá usualmente na prática, com isso caso não seja satisfeito logo no começo o requisito do equilíbrio de pressão no ponto A – aceitando como diferença máxima de pressão 0,5 mca – altere os parâmetros de projeto que influenciem nesse valor, como comprimento dos trechos da tubulação, singularidades e desníveis. Nota-se então já no início dos cálculos que não é viável a realização dos mesmos manualmente, assim percebeu-se que a proposta de realização da planilha de cálculo é de grande valor para o desenvolvimento do projeto, trazendo flexibilidade, agilidade e maior chances de eficácia dos resultados. Vale ressaltar que para encontrar a potência da bomba elétrica pode-se ainda verificar com o fabricante o melhor valor para a eficiência global do sistema, buscando garantir o valor adotado e, ao procurar pela bomba calculada em catálogos, escolha aquela de valor de potência maior ou igual a dada pela planilha. Atenção precisa ser dada ao momento do calcula das perdas de carga para entender as componentes da mesma, que tem a parcela devida ao atrito com a rugosidade do tubo, o perfil de velocidade que o fluido apresenta nas condições de vazão e diâmetro trabalhadas, aos vórtices gerados na passagem pelas conexões e, a parcela proveniente dos desníveis que a tubulação apresenta, hora favoráveis, hora não. Com as pesquisas realizadas e estudos feitos sobre a temática em questão pôde-se observar que a sistemática utilizada na prática por softwares comumente empregados nos laudos e projetos elaborados pelos profissionais da área seguem a mesma linha de raciocínio deste trabalho. E entende-se que é a apropriada para o dimensionamento do sistema de hidrantes e posteriormente pleitear a aprovação do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. Apesar de tomar bases técnicas das instruções de São Paulo, vale ressaltar que os Estados tendem a ter essas instruções técnicas bem similares, contudo se deve observar a IT específica para notar as diferenças que possam existir em alguns detalhes técnicos. O conhecimento com este tudo será disponibilizado para estudos e profissionais na forma deste artigo, da planilha e ainda via contato com o autor se for de interesse. 15 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13714 : Sistema de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio, 25.p, 2000. BRASIL. Decreto No 63.911, de 10 de Dezembro de 2018. Institui o Regulamento de Segurança Contra Incêndios das edificações e áreas de risco no Estado de São Paulo e dá providências correlatas. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 11 dez.2018. BOHN, A.R. Instalação Predial de Prevenção e Combate a Incêndios. Universidade Federal de Santa Catarina, 34.p. Apostila (pdf). FILHO, D.O; RIBEIRO, M.C; MANTOVANI, E.C; SOARES, A.A; FERNANDES, H.C. Dimensionamentode Motores Para o Bombeamento de Água. Revista Engenharia Agrícola, v.30, n.6, p.1012-1022, nov/dez 2010. SECRETARIA DO ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA (Santa Catarina). Instrução Normativa IN 007/DAT/CBMSC. Normas de Segurança Contra Incêndios – Sistema Hidráulico Preventivo, 42.p, 2017. SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA (São Paulo). Instrução Técnica No 22/2019. Sistema de hidrantes e mangotinhos para combate a incêndio. Polícia Militar do Estado de São Paulo, 23.p, 2019. SECRETARIA DE ESTADOS DOS NEGÓCIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA (São Paulo). Instrução Técnica No 14/2018. Carga de incêndio nas edificações e áreas de risco. Polícia Militar do Estado de São Paulo, 13.p, 2018. SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO. Equipe Atlas. NR 23 p.550. 82. Ed –São Paulo: Atlas, 2019. SIMEI, L.C. Cálculo da Perda de Carga. 15.p, 2012 Disponível em: https://lcsimei.files.wordpress.com/2012/09/tabelas-de-comprimento-equivalente.pdf
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