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PROCEDIMENTO ARBITRAL

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PROCEDIMENTO ARBITRAL 
 
1. Normas de procedimento (art. 21 da LA) 
Cabe às partes disciplinar o procedimento, respeitando os limites impostos pelos princípios impositivos. 
Caso as partes não disciplinem o procedimento arbitral: 
a) Seguir-se-ão as regras do órgão arbitral escolhido na arbitragem institucional; ou 
b) Na ausência dessas regras, os árbitros disciplinarão o procedimento (presume-se, diante da ausência 
de regras, que as partes, em razão da confiança que depositam no árbitro, a ele delegaram o mister). 
Ata de missão ou termo de arbitragem (art. 19 da LA): entendendo o árbitro – faculdade – que há 
necessidade de esclarecer algum ponto da convenção de arbitragem, poderá chamar as partes a assinar um aditivo 
que passará a fazer parte da convenção de arbitragem anteriormente firmada. Se a parte não comparecer ou se negar 
a firmar o aditivo, o árbitro aplicará o art. 21, § 1º, da LA e preencherá a lacuna. 
 
1.1 Princípios impositivos (art. 21, § 2º, da LA) 
Embora caiba às partes, ao tribunal arbitral, ao árbitro ou até ao juiz na cláusula arbitral vazia (art. 7º, § 
3º, da LA), disciplinar o procedimento, certo é que devem respeitar os princípios impositivos do procedimento arbitral, 
quais sejam: 
a) Contraditório: ou seja, sempre haverá oportunidade de reação da parte contrária (não obrigatória, 
admitindo-se a inércia, a par da oportunidade) que deve ser comunicada (pela forma estabelecida ou instituída, ainda 
que eletrônica) dos atos praticados pelo outro contendor; 
b) Igualdade: se uma oportunidade for concedida a uma das partes (produção de provas, aduzir razões, 
indicar advogado), a mesma oportunidade deve ser concedida à outra; 
c) Imparcialidade: o árbitro deve manter-se distante das partes, preocupação manifestada no art. 14, § 1º 
da LA, que exige, também, que o árbitro não seja impedido ou suspeito; 
d) Livre convencimento do árbitro: cabe ao árbitro valorar as provas produzidas de acordo com o 
procedimento escolhido pelas partes (ainda que estipulem a inversão do natural ônus da prova) e pode, inclusive, 
determinar as provas que entender relevantes para formar seu convencimento. 
 
1.2 Primeiras providências, tentativa de conciliação e participação de advogado e representante 
das partes 
Tentativa de conciliação (art. 21, § 4º, da LA): a doutrina, na maioria, entende que a ausência é mera 
irregularidade. Pensamos que se a lei exigiu, a ausência implica em nulidade do procedimento. Havendo conciliação 
nos limites da convenção: sentença de homologação, respeitados os requisitos da sentença insculpidos no 
art. 26 da LA, formando título executivo judicial nos termos do art. 515, VII, do CPC. 
Advogado (art. 21, § 3º, da LA): não é obrigatória a presença, mas, se uma das partes se faz representar 
por advogado, em razão da igualdade, a mesma oportunidade (que pode não ser aproveitada) deve ser dada à outra 
parte que, se quiser, pode continuar sem advogado, nada obstante o seu contendor disponha de um. 
Representantes (art. 21, § 3º, da LA): as partes podem designar representantes ou assistentes nos atos 
processuais. 
 
2. Instituição da arbitragem e a interrupção de prescrição (art. 19 da LA) 
Momento: no momento em que o árbitro ou todos os árbitros (se for mais de um) aceitam a incumbência. 
Efeitos: 
a) termo inicial para contagem do prazo de seis meses (exceto convenção de outro prazo) para emissão 
da sentença arbitral (art. 23 da LA); 
b) Torna a questão litigiosa e interrompe a prescrição retroativamente à data da expedição ou protocolo 
da convocação dos árbitros (§ 2º do art. 19 da LA). 
É possível interromper a prescrição por protesto judicial nos termos do art. 202, I e II, do CC, c/c arts. 726, 
§ 2º, 240 e 312 do CPC, mesmo havendo convenção de arbitragem. Não se discute mérito em razão do exercício da 
faculdade do art. 202 do CC, o que autoriza o ingresso no Poder Judiciário para esta finalidade (interromper 
prescrição). 
 
3. Arguição de incompetência, suspeição ou impedimento do árbitro e arguição da nulidade da 
cláusula arbitral 
As partes podem se deparar com: 
a) Impedimento ou suspeição (arts. 15, 20, § 1º, primeira parte, 32, II, e 33, § 2º, da LA): exige-se que a 
matéria tenha sido levantada na primeira oportunidade que a parte teve para se manifestar – art. 20 da LA – e o 
motivo seja posterior à convenção ou, se foi anterior, a parte faça prova do conhecimento posterior, vez que, se o 
motivo já existia, presume-se, de forma relativa, o conhecimento prévio e o seu afastamento. 
O árbitro analisa a exceção e: 
A1) se acatá-la, desliga-se e outro árbitro é designado nos termos do art. 16 da LA (ou extingue-se o 
processo se as partes declararam não aceitar substituto – art. 12, I e II, da LA); 
A2) se não a acatar, o procedimento prossegue e as partes podem alegar nulidade da sentença arbitral 
na ação de nulidade (arts. 20, § 2º, 32, II e 33 da LA). 
b) Nulidade da convenção de arbitragem, relativa ou absoluta (arts. 166 e 171 da CC) e, neste caso, 
tratando-se de matéria de ordem pública, não haverá necessidade de arguição na primeira oportunidade, exceto 
alegação de ratificação expressa ou tácita do negócio jurídico anulável, lembrando que a ratificação tácita também se 
dá no caso de a parte, livre da pressão decorrente de eventual coação, ou conhecendo a mácula, nada alega na 
primeira oportunidade que tiver no procedimento arbitral (art. 20 da LA e arts. 172, 174 e 175 do CC); ou 
c) Impossibilidade de atuação por: 
c1) Incompetência absoluta do árbitro em razão de a matéria que lhe é submetida versar sobre direitos 
indisponíveis (não exige a alegação na primeira oportunidade): matéria de impossível submissão à arbitragem 
nos termos do art. 1º da LA; 
c2) Incompetência relativa do árbitro em razão de a matéria que lhe é submetida extrapolar os limites 
daquilo que as partes convencionaram para a solução arbitral, desde que não verse sobre direitos indisponíveis: exige 
a manifestação nos autos, pelo inconformado, na primeira oportunidade que tiver, sob pena de presumir-se a aceitação 
do nomeado (art. 20 da LA); 
c3) Incompetência relativa do árbitro nomeado por terceiros em razão de não dispor das qualidades que 
as partes convencionaram: exige a manifestação nos autos, pelo inconformado, na primeira oportunidade que tiver, 
sob pena de presumir-se a aceitação do nomeado (art. 20 da LA); 
Nos casos de incompetência ou nulidade (art. 20, § 1º, da LA): 
a) Aceitas pelo árbitro: as partes deverão se valer do Poder Judiciário para resolver a questão (art. 20, § 
1º, da LA); 
Não aceitas pelo árbitro: as partes podem alegar nulidade da sentença arbitral na ação de nulidade (arts. 
20, § 2º, 32, II, e 33 da LA). 
Podemos esquematizar: 
 
4. Relação de coordenação entre a arbitragem e o Poder Judiciário – cartas arbitrais (art. 22-C da 
LA) 
Finalidade: para que o órgão jurisdicional nacional pratique ou determine o cumprimento, na área de sua 
competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro. 
Relação de coordenação (e não de subordinação) entre a arbitragem e o Poder Judiciário: ligação entre 
árbitro e juiz, para que este conceda eficácia às decisões e determinações daquele. 
Exemplos: a) condução coercitiva de testemunhas; b) efetivação de tutelas provisórias, de urgência 
(cautelares ou antecipadas), deferidas pelo árbitro; c) busca e apreensão de documentos ou imposição de multa para 
exibição etc. 
Forma: a carta a ser expedida pelo árbitro ou pelo tribunal arbitral deve respeitar os requisitos dos arts. 
260 a 268 do CPC, instruída com a convenção de arbitragem e com as provas da nomeação do árbitro e de sua 
aceitação da função, para que a decisão seja efetivada pelo juiz togado competente (o que seria competente para o 
mérito caso não existisse a convenção de arbitragem), que determinará o seu cumprimento. 
O juiz, por sua vez, não decide, apenas se limita à análise dos aspectos formais, determinando, casoestejam em ordem, o cumprimento da decisão do árbitro. 
 
5. Provas (art. 22 da LA) 
Poderes instrutórios do árbitro: o árbitro pode, de ofício, determinar a realização de provas, ainda que não 
tenham sido requeridas pelas partes. Pode admitir pacto das partes sobre o ônus probatório (CPC, art. 373, § 3º) ou 
aplicar a teoria dinâmica da distribuição do ônus da prova (CPC, art. 373, § 1º). 
Substituição do árbitro e provas (arts. 16 e 22, § 5º, da LA): substituído o árbitro, o substituto pode 
determinar a repetição das provas para o seu convencimento. 
Provas admitidas: todos os meios necessários, ainda que não sejam tradicionais (provas típicas ou 
atípicas), como, por exemplo, o discovery (análise de documentos de negócio jurídico referido pela parte contrária) ou 
o depoimento técnico de especialista que traz sua expertise para os autos, opinando sobre o objeto da causa 
sem ser perito, como hoje prevê o art. 464, § 3º, do CPC. 
Depoimento das testemunhas (art. 22, §§ 1º e 2º, da LA): Poderá ser feita por meio eletrônico, se assim 
for convencionado, respeitado, por analogia, o prazo de 48horas de antecedência do art. 218, § 2º, do CPC. Se a 
testemunha residir em outra comarca, o árbitro ou alguém por ele indicado pode se deslocar para a oitiva, se não 
for requerida ou determinada a oitiva por carta arbitral (art. 22-C da LA). A condução coercitiva da testemunha que se 
nega a comparecer será requerida pela parte interessada e deferida pelo árbitro ao juiz que seria competente para 
julgar a causa, mediante carta arbitral distribuída nos termos dos arts. 237, 260 e 267 do CPC, acompanhada de cópia 
da convenção de arbitragem e de outros documentos que reputar necessários, além da justificativa, no requerimento, 
da ausência a par da intimação. O juiz não poderá ingressar no mérito e deve determinar o comparecimento 
da testemunha, analisando, apenas, os aspectos formais, seguindo o art. 455, § 5º, do CPC. Não há necessidade de 
advogado para postular o pedido de oitiva coercitiva (trata-se de cumprimento da lei no caso de recusa da testemunha). 
Interrogatório das partes: Serve para esclarecer pontos controvertidos e, eventualmente, obter a confissão. 
Confissão (art. 22, §§ 1º e 2º, da LA): Não significa procedência do pedido (é simples admissão de um 
fato) e, tampouco, a ausência da parte intimada significa confissão ficta ou presumida, como no CPC (arts. 139, VIII, e 
389). Ao proferir a sentença, o árbitro, simplesmente, levará em conta o comportamento da parte faltosa 
que não justificou a ausência. A lei menciona que a ausência da parte intimada que pode influenciar na sentença é 
apenas aquela “sem justa causa”, presumindo-se a possibilidade de justificação, cuja avaliação compete ao árbitro. 
 
6. Tutelas provisórias de urgência e de evidência (arts. 22-A e 22-B da LA) 
 
É possível ao árbitro deferir todas as tutelas provisórias previstas no CPC. 
Tutelas provisórias de urgência, cautelares ou antecipadas: 
Pedido antecedente (anterior à instalação da arbitragem, o que se dá nos termos do art. 19 da LA): pode 
ser feito judicialmente (art. 22-A da LA), esclarecendo o requerente ao juiz togado, na petição, que, no trintídio, contado 
da efetivação da tutela de urgência (cautelar ou antecipada), o requerente providenciará o necessário 
para instalação da arbitragem sob pena de perder a eficácia da medida concedida (parágrafo único do art. 22-A da 
LA). Instalada a arbitragem, caberá ao árbitro manter, revogar ou modificar a tutela provisória de urgência deferida pelo 
juiz togado, motivo pelo qual não cabe agravo da decisão que a concede, devendo o inconformado pleitear 
a revogação ou modificação ao árbitro. Todavia, negada a concessão da tutela de urgência pelo juiz togado, enquanto 
não instaurada a arbitragem, caberá agravo (CPC, art. 1.015, I), e nos 30 dias contados da ciência da eventual 
concessão da tutela provisória de urgência pelo tribunal judicial caberá ao beneficiário providenciar a 
instauração da arbitragem, podendo o árbitro, da mesma forma, revogar, manter ou modificar a tutela concedida. 
 
Pedido incidental (com a arbitragem já instalada): será feito e deferido pelo árbitro (parágrafo único do art. 
22-B da LA). 
Existe fungibilidade entre as tutelas de urgência, devendo ser deferida aquela que se adequar (CPC, arts. 
297 e 305, parágrafo único). 
Relação de coordenação entre árbitro e juiz: como não dispõe da coerção, o árbitro 
precisa do juiz para viabilizar suas decisões, sejam as tutelas provisórias de urgência antecipatórias ou cautelares e o 
fará mediante carta arbitral dirigida ao juiz (CPC, arts. 260 a 268; art. 22-C da LA) que analisará apenas as questões 
formais da arbitragem e não o mérito da concessão. 
 
7. Pedido contraposto 
Pedido contraposto: pedido do requerido em face do requerente, na mesma peça da defesa. 
Limites: aqueles impostos pelas matérias descritas na convenção de arbitragem. 
Exemplos: o vendedor pleiteia o pagamento e o comprador a devolução das mercadorias e perdas e 
danos, em razão da disparidade na qualidade do que foi entregue; acidente entre dois navios e cada um dos envolvidos, 
depois de firmar compromisso, requerem indenização. 
 
8. Revelia (art. 22, § 3º, da LA) 
Tecnicamente, a lei de arbitragem se preocupou apenas em garantir a higidez da sentença arbitral, em 
que pese a ausência do demandado ou até a ausência de atos processuais, não havendo, em que pese a revelia, 
afronta ao contraditório como princípio impositivo do procedimento. 
Significado próprio na arbitragem: traduz a absoluta ausência de atos ou abandono do processo, o que 
significa apenas que a sentença será proferida, validamente, com os elementos de convencimento constantes dos 
autos a par da ausência do contendor. 
 
9. Comunicação dos atos 
Durante o procedimento se faz mister a comunicação de diversos atos: 
a) Decisões acerca de requerimentos diversos, como arguição de impedimento e suspeição; 
b) Designação de audiências para produção de provas; 
c) Juntada de documentos por uma parte, oportunizando à outra a manifestação sobre o seu teor em razão 
do princípio da igualdade entre as partes (art. 21, § 2º, da LA); 
d) A sentença arbitral (art. 29 da LA). 
Forma: disciplinada pelas partes, pelo órgão arbitral ou, na ausência, qualquer forma inequívoca, mesmo 
que eletrônica (por analogia ao art. 195 do CPC) desde que o recebimento seja comprovado. 
Presunção de recebimento da comunicação: desde que enviada para o endereço comunicado pelas partes 
(ainda que eletrônico) em qualquer fase do procedimento, por analogia ao parágrafo único do art. 274 do CPC. 
 
10. Despesas com a arbitragem (arts. 13, § 7º, e 27 da LA) 
Aplicam-se as regras escolhidas pelas partes. 
Se não existirem: 
a) As normas da entidade especializada; e, na ausência de regras estabelecidas pelas partes ou pela 
entidade que administra o procedimento arbitral; 
b) O árbitro determina o adiantamento das despesas (art. 13, § 7º, da LA). 
Normalmente aquele que provoca a arbitragem adianta as despesas que, ao depois, são atribuídas ou 
carreadas ao vencido, utilizando-se, por analogia, o art. 82 e seguintes do CPC, notadamente o art. 85 (honorários), 
inclusive eventual pena de litigância de má-fé a critério do árbitro, vez que não há a mesma limitação do art. 81 do 
CPC. 
 
11. Intervenção de terceiros na Arbitragem 
A doutrina, em regra, exige a concordância expressa das partes e dos árbitros para intervenção de 
terceiros. Entendemos, contudo, que essa concordância só é necessária na assistência simples. 
Nas demais hipóteses, basta que o interveniente, aplicável a hipótese de intervenção, aceite participar da 
arbitragem, caso não tenha ainda firmado a convenção de arbitragem, aquiescendo a se submeter à sentença arbitral 
mediante assinatura incidental de compromisso arbitral. 
O mesmo se aplica à desconsideração de personalidade jurídica no âmbito da arbitragem, quedificilmente 
contará com a concordância do sócio ou da pessoa jurídica na desconsideração inversa, quanto à participação 
voluntária no procedimento arbitral. Nada obstante, a questão poderá ser resolvida, se for o caso do art. 50 do CC ou 
do art. 28 do CDC, no âmbito do cumprimento judicial da sentença arbitral.

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