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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAÇÃO DE
NOVOS DE LEITORES
Luciane Cristina Correa[footnoteRef:1] [1: Acadêmica do Curso de Pós-Graduação – Nível de Especialização – “lato sensu” Prática Pscicopedagógica Interdisciplinar e Gestão Escolar na Educação Básica, do Centro Universitário UNIFACVEST.] 
Renato Rodrigues[footnoteRef:2] [2: Pedagogo, Psicopedagogo, Mestre em Sociologia Política (UFSC), Coordenador do Curso de Pedagogia, Pró- reitor de Pesquisa e Extensão, do Centro Universitário UNIFACVEST.
] 
 
RESUMO
O pensamento central deste trabalho foi compreender como a literatura infantil pode ser trabalhada em conjunto dentro da instituição. Tendo em vista as contribuições essenciais das (os) mesmas (os) para o desenvolvimento integral do educando. A literatura infantil é um pressuposto fundamental é algo importantíssimo para o desenvolvimento da linguagem oral precede e fundamenta o da linguagem escrita. Com isso é necessário que o professor oriente a criança, na organização do pensamento como base para toda e qualquer aprendizagem, pois a literatura torna-se recurso didático de grande aplicação e valor no processo ensino-aprendizagem e é um importante motivador para formar futuros leitores. 
Palavras-chave: Literatura infantil. Ensino-aprendizagem. Futuros leitores. 
ABSTRACT
The central idea of this work was to understand how children's literature can be worked together within the institution. Given the essential contributions of (the) same (s) for the full development of the student. Children's literature is a fundamental assumption is something very important for the development of oral language precedes and underlies the written language. This makes it necessary that the east teacher the child, in the organization of thought as the basis for any learning, because the literature becomes didactic resource of great value and application in the teaching-learning process and is an important motivator to train future readers.
Keywords: Children's Literature. Teaching and learning. Future readers.
1 INTRODUÇÃO 
 
A Literatura Infantil, utilizada de modo adequado, é um instrumento de suma importância na construção do conhecimento do educando, fazendo com que ele desperte para o mundo da leitura não só como um ato de aprendizagem significativa, mas também como uma atividade prazerosa. 
Além do prazer de entrar em mundo imaginário, a literatura iniciada na infância pode ser a chave para um bom aprendizado escolar. O mundo dos livros não é apenas o “mundo” da comunicação e da linguagem em seu sentido em seu sentido amplo, mas sim um instrumento capaz de trabalhar com a emoção e a capacidade de interação humana. A criança que entra em contato com o universo da leitura tem mais facilidade para aprender e para conviver na escola. 
A leitura é uma realidade interdisciplinar que, em muitas de suas manifestações está relacionada com outros modos de expressão que formam a bagagem comunicativa da criança desde seus primeiros anos, isto é, na Educação Infantil. 
O prazer da literatura é antecedido pelo prazer da escrita, evoluindo para uma atitude de curiosidade leitora diante da vida. Por isso é importante procurar despertar o gosto pela leitura na criança desde a Educação Infantil, tornando se imprescindível potenciar uma criança ativa, curiosa para que vá construindo sua imagem do mundo em interação com a realidade, realidade com adultos e com seus companheiros. 
Segundo a concepção sócio interacionista Vygotsky a criança deve ser entendida como ser social e histórico que apresenta diferenças de procedência socioeconômico, cultural, familiar, racial, de gênero, de faixa etária e que necessitam ser conhecidas respeitadas e valorizadas tendo como finalidade o desenvolvimento integral nos aspectos físico psicológico, intelectual e social contemplando a ação da família e da comunidade. 
A criança aprende brincando a os conteúdos podem ser trabalhados através de histórias, brincadeiras e jogos, em atividades lúdicas, pois além de estimular a autoconfiança e a autonomia, proporciona situações de desenvolvimento da linguagem do pensamento e está criando espaços para a construção do seu conhecimento. 
2 LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
O contato das crianças com os livros e as histórias são essências. As crianças experimentam a escrita, por si, observando o mundo a sua volta. 
O aprendizado da linguagem também faz parte do mesmo processo de compreensão dos símbolos as palavras representam todas as coisas do mundo real, e podem servir para traduzir o mundo imaginário. 
Na criação da fala e da linguagem, brincando com essa maravilhosa capacidade de designar é como se o espírito estivesse constantemente saltando entre a matéria a e as coisas pensadas. Por de traz de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e toda metáfora são jogos de palavras. Assim ao dar expressão à vida o homem cria um outro mundo poético, ao lado da natureza. (HUIZINGA, 1988, p. 7) 
A vida da criança é uma sucessão de experiências de aprendizagem adquirida por ela mesma. Ao chegar à instituição, ela traz consigo infinitas experiências e conhecimento acumulados, conquistados por meio da exploração visual, auditiva, jogos, brincadeiras, conversas, passeios, contatos, brinquedos, histórias que influenciam no processo de aprendizagem. 
No processo de aprendizagem da leitura e da escrita, a criança defronta-se com um mundo cheio de atrações (letras, palavras, frases, textos, histórias) e se engajam neste universo muito mais facilmente se puder participar integralmente dele, e se o processo for transformado num grande ato lúdico (participativo, prazeroso) esta é a proposta, que a criança aprende brincando e usando o vocabulário do seu dia a dia de forma a tornarem o aprendizado afetivo e agradável. 
Entretanto, a atividade lúdica, na busca de novos conhecimentos, exigem do educando uma ação ativa, investigativa, reflexiva, desveladora, socializadora e criativa em total oposição e passividade, submissão, alienação e reflexão, condicionamento tão frequentes nas práticas que utilizam abordagens de ensino e aprendizagem tradicionais e comportamentalista. 
O desejo pela leitura admite-se a gosto por alguma coisa a partir da experimentação, do contato e da relação, assim é com a leitura, com o livro e aprender a gostar a ler, ou seja, a criança necessita deste encontro para realmente sentir-se despertada primeiramente a ouvir para enfim ler. O adulto é o primeiro mediador desse encontro. 
A leitura infantil é extremamente prodigiosa em suscitar a imaginação ao mundo das aventuras. Durante o período de desenvolvimento, a criança deve ser estimulada a sentir-se motivada em busca do interesse no conteúdo do livro e pelo treino da linguagem. O estímulo precoce é muito eficaz, tendo em vista que levam as crianças a foliar os livros, despertar o desejo de ler a praticar com maior assiduidade à narrativa de histórias e a leitura oral.
O prazer proporcionado pelas novas habilidades deve combinar-se com o interesse e necessidades das crianças. A criança através da literatura é desafiada como ser humano a expressar seus pensamentos e opiniões, através da linguagem. 
A literatura é um subsidio no qual o leitor realiza trabalho de construção de conceitos a partir de objetivos e conhecimentos. Cada criança procura se assemelhar com os personagens dos contos encontrando possibilidades de descobrir o mundo imerso dos conflitos. 
A literatura infantil é constituída em sua essência, por pressupostos lúdicos, ou seja, relativo ao mundo dos sonhos que na maioria são mágicos, levando a criança ao mundo fantástico. 
Os brinquedos possuem outras características, de modo especial a de ser objeto portador de significados rapidamente identificados ele remete os elementos legíveis do real ou do imaginário das crianças. Neste sentido, o brinquedo é dotado de um forte valor cultural, se definir a cultura, como um conjunto de significações que permitem compreender determinada sociedade e cultura.(BROUGERE, 1997, p.8) 
No enfoque, os brinquedos e as atividades lúdicas, muitas vezes foram os responsáveis pela transmissão da cultura de um povo, de uma geração para outra. Essas atividades lúdicas têm objetivos diversos usados para se divertir, outras vezes para socializar, para promover a união de grupos e, num enfoque pedagógico como um instrumento para transmitir conhecimento. 
Faz-se necessário que os educadores repensem sua prática pedagógica por meio de novas lógicas mais abertas e humanas. A educação necessita instrumentalizar as crianças de forma a tornar possível a construção de sua autonomia, responsabilidade e cooperação. 
Partindo de pressupostos de que a capacidade humana à individual é relevante em determinadas situações, e nem todas as crianças respondem igualmente conforme os estímulos oferecidos. 
Acredita-se que o desenvolvimento cognitivo e lúdico juntamente com a literatura pode ser trabalhada de forma concisa, podendo superar vários bloqueios já existentes, ou que aparecerão no percurso da vida escolar da criança. 
A literatura é um dos aspectos mais importantes para a criança como ponto de partida para aquisição de conhecimentos, meio de comunicação e socialização. 
Inicialmente o livro é só um brinquedo. É na presença do adulto, no momento em o mesmo leva a criança a iniciar seu relacionamento com ele (livro) é que a levará a descobrir seu verdadeiro sentido e suas múltiplas possibilidades. 
2.1 CONTEXTUALIZANDO LITERATURA INFANTIL
Os primeiros livros direcionados ao público infantil surgiram no século XVIII. Autores como La Fontaine e Charles Perrault escreviam suas obras, enfocando principalmente os contos de fadas. De lá pra cá, a literatura infantil foi ocupando seu espaço e apresentando sua relevância. Com isto, muitos autores foram surgindo, como Hans Christian Andersen, os irmãos Grimm e Monteiro Lobato, imortalizados pela grandiosidade de suas obras. Nesta época, a literatura infantil era tida como mercadoria, principalmente para a sociedade aristocrática. Com o passar do tempo, a sociedade cresceu e modernizou-se por meio da industrialização, expandindo assim, a produção de livros.
A partir daí os laços entre a escola e literatura começam a se estreitar, pois para adquirir livros era preciso que as crianças dominassem a língua escrita e cabia à escola desenvolver esta capacidade. De acordo com Lajolo & Zilbermann, “a escola passa a habilitar as crianças para o consumo das obras impressas, servindo como intermediária entre a criança e a sociedade de consumo”. (2002, p.25)
Assim, surge outro enfoque relevante para a literatura infantil, que se tratava na verdade de uma literatura produzida para adultos e aproveitada para a criança. Seu aspecto didático-pedagógico de grande importância baseava-se numa linha moralista, paternalista, centrada numa representação de poder. Era, portanto, uma literatura para estimular a obediência, segundo a igreja, o governo ou ao senhor. Uma literatura intencional, cujas histórias acabavam sempre premiando o bom e castigando o que é considerado mal. Seguem à risca os preceitos religiosos e considera a criança um ser a se moldar de acordo com o desejo dos que a educam, podando-lhe aptidões e expectativas.
Até as duas primeiras décadas do século XX, as obras didáticas produzidas para a infância, apresentavam um caráter ético-didático, ou seja, o livro tinha a finalidade única de educar, apresentar modelos, moldar a criança de acordo com as expectativas dos adultos. A obra dificilmente tinha o objetivo de tornar a leitura como fonte de prazer, retratando a aventura pela aventura. Havia poucas histórias que falavam da vida de forma lúdica, ou que faziam pequenas viagens em torno do cotidiano, ou a afirmação da amizade centrada no companheirismo, no amigo da vizinhança, da escola, da vida.
Essa visão de mundo maniqueísta, calçada no interesse do sistema, passa a ser substituída por volta dos anos 70 e a literatura infantil passa por uma revalorização, contribuída em grande parte pelas obras de Monteiro Lobato, no que se refere ao Brasil. Ela então, se ramifica por todos os caminhos da atividade humana, valorizando a aventura, o cotidiano, a família, a escola, o esporte, as brincadeiras, as minorias raciais, penetrando até no campo da política e suas implicações.
Hoje a dimensão de literatura infantil é muito mais ampla e importante. Ela proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo indiscutíveis. Segundo Abramovich (1997) quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor, perda, além de ensinarem infinitos assuntos.
É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica. É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p.17)
Neste sentido, quanto mais cedo à criança tiver contato com os livros e perceber o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela tornar-se um adulto leitor. Da mesma forma através da leitura a criança adquire uma postura crítico-reflexiva, extremamente relevante à sua formação cognitiva.
Quando a criança ouve ou lê uma história e é capaz de comentar, indagar, duvidar ou discutir sobre ela, realiza uma interação verbal, que neste caso, vem ao encontro das noções de linguagem de Bakhtin (1992). Para ele, o confrontamento de ideias, de pensamentos em relação aos textos, tem sempre um caráter coletivo, social.
O conhecimento é adquirido na interlocução, o qual evolui por meio do confronto, da contrariedade. Assim, a linguagem segundo Bakthin (1992) é constitutiva, isto é, o sujeito constrói o seu pensamento, a partir do pensamento do outro, portanto, uma linguagem dialógica.
A vida é dialógica por natureza. Viver significa participar de um diálogo: interrogar, escutar, responder, concordar, etc. Neste diálogo, o homem participa todo e com toda a sua vida: com os olhos, os lábios, as mãos, a alma, o espírito, com o corpo todo, com as suas ações. Ele se põe todo na palavra e esta palavra entra no tecido dialógico da existência humana, no simpósio universal. (BAKHTIN, 1992, p112)
E é partindo desta visão da interação social e do diálogo, que se pretende compreender a relevância da literatura infantil, que segundo afirma Coelho (2001, p.17), “é um fenômeno de linguagem resultante de uma experiência existencial, social e cultura”.
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto. Segundo Coelho (2002) a leitura, no sentido de compreensão do mundo é condição básica do ser humano.
A compreensão e sentido daquilo que o cerca inicia-se quando bebê, nos primeiros contatos com o mundo. Os sons, os odores, o toque, o paladar, de acordo com Martins (1994) são os primeiros passos para aprender a ler. Ler, no entanto é uma atividade que implica não somente a decodificação de símbolos, ela envolve uma série de estratégias que permite o indivíduo compreender o que lê. Neste sentido, relata os PCN’s (2001, p.54.):
Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a essa necessidade.
Assim, pode-se observar que a capacidade para aprender está ligada ao contexto pessoal do indivíduo. Desta forma, Lajolo (2002) afirma que cada leitor, entrelaça o significado pessoal de suas leituras de mundo, com os vários significados que ele encontrou ao longo da história de um livro, por exemplo.
O ato de ler então, não representa apenas a decodificação, já que esta não está imediatamente ligada a uma experiência, fantasiaou necessidade do indivíduo. De acordo com os PCN’s (2001) a decodificação é apenas uma, das várias etapas de desenvolvimento da leitura. A compreensão das ideias percebidas, a interpretação e a avaliação são as outras etapas que segundo Bamberguerd (2003, p.23) “fundem-se no ato da leitura”. Desta forma, trabalhar com a diversidade textual, segundo os PCN’s (2001), fazendo com que o indivíduo desenvolva significativamente as etapas de leitura é contribuir para a formação de leitores competentes.
2.2 A IMPORTÂNCIA DE OUVIR HISTÓRIAS
Ouvir histórias é um acontecimento tão prazeroso que desperta o interesse das pessoas em todas as idades. Se os adultos adoram ouvir uma boa história, um “bom causo”, a criança é capaz de se interessar e gostar ainda mais por elas, já que sua capacidade de imaginar é mais intensa.
A narrativa faz parte da vida da criança desde quando bebê, através da voz amada, dos acalantos e das canções de ninar, que mais tarde vão dando lugar às cantigas de roda, a narrativas curtas sobre crianças, animais ou natureza. Aqui, crianças bem pequenas, já demonstram seu interesse pelas histórias, batendo palmas, sorrindo, sentindo medo ou imitando algum personagem. Neste sentido, é fundamental para a formação da criança que ela ouça muitas histórias desde a mais tenra idade.
O primeiro contato da criança com um texto é realizado oralmente, quando o pai, a mãe, os avós ou outra pessoa conta-lhe os mais diversos tipos de histórias. A preferida, nesta fase, é a história da sua vida. A criança adora ouvir como foi que ela nasceu, ou fatos que aconteceram com ela ou com pessoas da sua família. À medida que cresce, já é capaz de escolher a história que quer ouvir, ou a parte da história que mais lhe agrada. É nesta fase, que as histórias vão tornando-se aos poucos mais extensas, mais detalhadas.
A criança passa a interagir com as histórias, acrescentam detalhes, personagens ou lembra fatos que passaram despercebidos pelo contador. Essas histórias reais são fundamentais para que a criança estabeleça a sua identidade, compreender melhor as relações familiares. Outro fato relevante é o vínculo afetivo que se estabelece entre o contador das histórias e a criança. Contar e ouvir uma história aconchegado a quem se ama é compartilhar uma experiência gostosa, na descoberta do mundo das histórias e dos livros.
Algum tempo depois, as crianças passam a se interessar por histórias inventadas e pelas histórias dos livros, como: contos de fadas ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. Tem nesta perspectiva, a possibilidade de envolver o real e o imaginário que de acordo com Sandroni & Machado (1998, p.15) afirmam que “os livros aumentam muito o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real”.
É importante contar histórias mesmo para as crianças que já sabem ler, pois segundo Abramovich (1997, p.23) “quando a criança sabe ler é diferente sua relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las”. Quando as crianças maiores ouvem as histórias, aprimoram a sua capacidade de imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar, o recriar. Num mundo hoje tão cheio de tecnologias, onde as informações estão tão prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para compreender a sua própria realidade.
Portanto, garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação, que segundo Vigotsky (1992, p.128) caminham juntos: “a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.”. Neste sentido, o autor enfoca que na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade através de uma história, por exemplo, é essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade: “afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece. (VIGOTSKY, 1992, p.129)”.
O contato da criança com o livro pode acontecer muito antes do que os adultos imaginam. Muitos pais acreditam que a criança que não sabe ler não se interessa por livros, portanto não precisa ter contato com eles. O que se percebe é bem ao contrário. Segundo Sandroni & Machado (2000, p.12) “a criança percebe desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer”. As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as.
É importante que o livro seja tocado pela criança, folheado, de forma que ela tenha um contato mais íntimo com o objeto do seu interesse. A partir daí, ela começa a gostar dos livros, percebe que eles fazem parte de um mundo fascinante, onde a fantasia apresenta-se por meio de palavras e desenhos. De acordo com Sandroni & Machado (1998, p.16) “o amor pelos livros não é coisa que apareça de repente”. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer. Assim, pais e professores têm um papel fundamental nesta descoberta: serem estimuladores e incentivadores da leitura.
2.3A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE DE LEITORES
 
A infância é o período mais adequado para haver maior concentração e preocupação no desenvolvimento da leitura, pois é necessário que se mostre à criança o que precisa ser construído por ela no âmbito do aprendizado da leitura, no qual o adulto leitor experiente tem a função de tornar possível a aprendizagem desta atividade. Para facilitar a entrada da criança no mundo da leitura e da escrita, o adulto deve ler para ela. 
Abramovich (1997, p. 23) nos diz que “[...] o escutar pode ser o início da aprendizagem para se tornar leitor”. Ouvir muitas e muitas histórias é importante para se integrar num universo de descobertas e de compreensão do mundo. 
Ouvindo histórias pode-se também sentir emoções importantes, como a raiva, a tristeza, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade. Enfim, ouvir narrativas é uma provocação para mergulhar profundamente em sentimentos, memórias e imaginações. As histórias podem fazer a criança ver o que antes não via, sentir o que não sentia e criar o que antes não criava. O mundo pode se tornar outro, como mais significados e mais compreensões. 
É de responsabilidade do leitor adulto, mostrar à criança como os escritos que circulam no cotidiano podem ser utilizados a fim de que a mesma compreenda seus sentidos. A criança só é capaz de compartilhar deste mundo quando compreende o seu significado. Ela descobri a diferença entre a fala e a escrita, ambos necessários a aprendizagem inicial da leitura. 
Diante de toda a complexidade do desenvolvimento da leitura e da escrita, algumas estratégias de incentivo devem ser adotadas pela sociedade em prol da evolução da aprendizagem das crianças, e além de ser um problema governamental no quesito de investimento de fundos para educação e valorização dos educadores, e também falta de incentivo familiar, assim, a escola ainda continua a ser o melhor local para se formar leitores. O que se observa é que em muitas escolas de Educação Infantil o apoio para o incentivo da leitura tem passado por grandes dificuldades. Ou faltam materiais (livros), ou profissionais engajados nessa causa. O problema já está na base escolar. 
É importante observar se a escola tem mesmo incentivado as crianças à leitura e à escrita, de forma correta e prazerosa, ou tem vivenciado essas habilidades ainda como forma de punição às diversas situações comportamentais ocorridas em sala de aula, ou ainda, simplesmente usam a leitura e escrita para cumprir com conteúdos já propostos, sem dar aberturas para que ascrianças conheçam situações significativas nas quais possam se aperfeiçoarem e sentirem prazer em ler e escrever. 
Como diz Morais, (1991, p. 98), é nesse sentido que o espaço concretiza a história do grupo na medida em que ele agiliza muitas formas de conhecimento refletido. 
Ler sempre representou uma das ligações mais significativas do ser humano com o mundo. Lendo reflete-se e presentifica-se na história. O homem, permanentemente, realizou uma leitura do mundo. Em paredes de cavernas ou reconhecendo-se capaz de representação. Certamente, ler é engajamento existencial. 
Quando dizemos ler, nos referimos a todas as formas de leitura. “Lendo, nos tornamos mais humanos e sensíveis.” (CAVALCANTI, 2002, p. 13) Para que a escola venha contribuir na formação de pessoas ativas, faz-se necessário que seja aplicada uma pedagogia que valorize a formação humana, propondo às crianças situações de aprendizagem nas quais elas possam se envolver de forma dinâmica e prazerosa. O educador deve procurar estratégias para promover uma aprendizagem que se encontre intimamente à tomada de consciência da situação atual real vivida pelo educando, proporcionando-lhes momentos de sistematização e associação, fazendo com que os recursos utilizados pelos alunos sejam próprios de suas vivências, dessa forma, a leitura e a escrita, que anteriormente, não lhes faziam sentido, passam a ter significado. Freire (1983) nos diz que: “[...]é fundamental partir de que o homem é um ser de relações e não só de contatos, que está com o mundo e não apenas no mundo.” 
Dizer que a literatura é catarse, ou elemento de purificação apenas, reduzi-la a conceitos demais limitados. “A literatura é uma grande metáfora da vida do homem. Sendo assim, é sempre surpreendentemente, uma maneira nova de se apreender a existência e instituir novos universos.” (CAVALCANTI, 2002, p. 12) 
Aprender e ensinar novos universos, eis o desafio ao educador. Para atender às novas exigências da sociedade, é necessário pensar em uma nova postura profissional para que o acesso à leitura e escrita tornem-se algo efetivo e eficaz, pois mesmo com a presença maciça e diversificada de leitura e escrita nas atividades que se realizam nas escolas, vivemos às voltas ainda vendo casos de analfabetismo, evasão e repetência escolar. 
Segundo MEC (2012): O Brasil tem atualmente cerca de 16 milhões de analfabetos e metade deste número está concentrada em menos de 10% dos municípios do país. Para o MEC, apesar de não serem inéditos, os dados do "Mapa do Analfabetismo" são "alarmantes". No Brasil existem 16,295 milhões de pessoas incapazes de ler e escrever pelo menos um bilhete simples. 
Levando-se em conta o conceito de "analfabeto funcional", que inclui as pessoas com menos de quatro séries de estudo concluídas, o número salta para 33 milhões. 
Freire (1979, p. 58) nos lembra que “[...] para ocorrer uma mudança de postura é necessário que haja compromisso em querer mudar.” Não se pode permitir que a neutralidade continue permeando diante às situações que são impostas, perpetuando comportamentos manipuláveis pelo sistema educacional que castra qualquer possibilidade de desenvolvimento reflexivo, sendo o homem sujeito de sua educação e não objeto dela. 
A criança está imersa, desde o nascimento, em um contexto social que a identifica enquanto ser histórico e que pode por esta ser modificado é importante superar as teses biológicas e etológicas da brincadeira que idealizam a criança e suas possibilidades educacionais. 
Toda a aprendizagem é o processo sistemático da aquisição do conhecimento do ser humano se dá socialmente, com as interações que estabelece com o outro e os significados que isso lhe faz sentir. Portanto, a recuperação ou o nascimento do ato da leitura nas escolas será possível se o educador demonstra boa relação com os textos. Se o educador não for um bom leitor e o aluno não perceber o prazer na leitura por parte desse adulto, serão grandes as chances de ele não ser um bom professor, refletindo nos pequenos leitores. A criança se desenvolve com a experiência sócia histórica dos adultos e do mundo por eles criado. 
Segundo esse pensamento é imprescindível que o poder público, além de equipar as bibliotecas com bons materiais a leitura, se volta ao reconhecimento do trabalho do docente brasileiro de modo que esse profissional da educação tenha condições, pelo menos satisfatórias, para ler e se atualizar, efetivando a aprendizagem da leitura como mudança social. 
É preciso ler, é preciso ler... E se, em vez de exigir a leitura, o professor decidisse partilhar sua própria felicidade de ler? A felicidade de ler? O que é isso, felicidade de ler? (PENNAC, 1998, p. 21) Outro ponto a ser valorizado na escola é a forma como a literatura é apresentada à criança. É importante que a escola dinamize e explore a literatura infantil. Quando o professor demonstra prazer em determinadas atividades, desperta também esse sentimento em seus alunos que o observam o tempo todo. 
O movimentar-se do professor é tão importante e valoroso no sentido de exemplo quanto às palavras que dirige aos ouvidos do grupo de crianças que se inclinam para ouvi-lo. A promoção da leitura nas escolas é de responsabilidade de todo corpo docente e não apenas de alguns professores específicos que receberam a responsabilidade de incentivar a leitura. O escritor enfatiza que não se supera uma dificuldade com ações isoladas. 
O querer construir uma sociedade de leitores vai além do sentimento do desejo, vai à atitude. Essa atitude deve ser planejada nas ações das atividades pedagógicas da escola, juntamente com todo com o corpo docente, desde atividades simples, como uma conotação de histórias à tarefas que exijam planejamentos mais elaborados. A forma que cada profissional da educação se engajar validará o sucesso dos objetivos propostos na formação de leitores. 
Os interesses pelas leituras vão modificando-se conforme o desenvolvimento do leitor e de suas novas experiências, tanto de leitura quanto de vivência cotidiana. O que importa aqui é o ato de procurar na literatura o que está em seu desejo de aprender e conhecer. A própria leitura traz diversas possibilidades de interessar-se por novos conhecimentos, que antes, eram desconhecidos ou sem relevância. 
Assim, a tarefa de fazer ver a dimensão das várias possibilidades que a leitura é capaz de trazer a qualquer um de nós é da escola e da família, utilizando-se do instrumento primordial que é o ato de ler além da decodificação de signos. A escola é a extensão da família, a escola com seu papel de ensinar e a família de educar, sendo instrumentos importantes contra a formação de leitores por obrigação. Se ambas dialogarem havendo comprometimento e apoio, certamente se formarão leitores competentes. 
3. CONCLUSÃO
A leitura é feita não somente por quem lê, mas pode ser dirigida a outras pessoas, que também “leem” o texto ouvindo. Os primeiros contatos das crianças com a literatura ocorrem desse modo. Os adultos leem histórias para elas. Ouvir histórias é uma forma de ler. A diferença entre ouvir a leitura está em que a fala é produzida esponteamente, ao passo que a leitura baseada num texto escrito tem características próprias diferentes da fala espontânea. 
Algumas crianças têm contato com textos que lhe são lidas, vêem livros, revistas e jornais no seu dia-a-dia. Porém, outras não têm livros, nem jornais em casa e começam a se familiarizar com livros somente quando entram na escola, por isso é tão importante trabalhar com a literatura desde a educação infantil. 
É preciso que se invista culturalmente no povo desde os primeiros anos de sua vida isto é desde a Educação Infantil, pois quem sabe ler, escreve e interpretar a validade tem um código de vida na mão e com ele pode traçar sua caminhada. 
Num mundo tão cheio de tecnologias em que se vive, onde todas as informações ou notícias, músicas, jogos, filmes, podem ser trocados por e-mails, cd’s e dvd’s o lugar do livro parece ter sido esquecido. Há muitos que pensem que o livro é coisa do passado, que naera da Internet, ele não tem muito sentido. Mas, quem conhece a importância da literatura na vida de uma pessoa, quem sabe o poder que tem uma história bem contada, quem sabe os benefícios que uma simples história pode proporcionar, com certeza haverá de dizer que não há tecnologia no mundo que substitua o prazer de tocar as páginas de um livro e encontrar nelas um mundo repleto de encantamento.
Se o professor acreditar que além de informar, instruir ou ensinar, o livro pode dar prazer, encontrará meios de mostrar isso à criança. E ela vai se interessar por ele, vai querer buscar no livro esta alegria e prazer. Tudo está em ter a chance de conhecer a grande magia que o livro proporciona. Enfim, a literatura infantil é um amplo campo de estudos que exige do professor conhecimento para saber adequar os livros às crianças, gerando um momento propício de prazer e estimulação para a leitura.
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