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projeto de pesquisa-Ana Carla Ricotta Ferreira-versão 03

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GRUPO SER EDUCACIONAL 
UNINASSAU
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA
ANA CARLA RICOTTA FERREIRA
PROJETO DE PESQUISA – TCC1
LITERATURA INFANTIL NO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA
São José dos Campos-SP
2022
sumário
1INTRODUÇÃO........................................................................................................ 2
1.1Tema ................................................................................................................... 4
1.1.2Delimitação do Tema ....................................................................................... 4
1.2 Problema de Pesquisa ....................................................................................... 5
1.3 Justificativa ......................................................................................................... 5
2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 5
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 5
2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 6
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 6
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 15
4.1 Caracterização do estudo ................................................................................. 16
4.2 Universo da pesquisa.........................................................................................16
5 REFERÊNCIAS ....................................................................................................17
1 INTRODUÇÃO
Essa pesquisa fala sobre a Literatura Infantil no processo de alfabetização, levando em consideração que a Literatura é de extrema importância na formação do indivíduo, na constituição do leitor e no desenvolvimento da aprendizagem durante a infância. Portanto, veremos como a literatura infantil pode contribuir no processo de aquisição da leitura e da escrita de crianças que estão sendo alfabetizadas. 
Considerando a importância da literatura, ressalta-se que quando falamos em literatura infantil no processo de alfabetização, não estamos falando em utilizá-la apenas como aparato para alfabetização e sim como instrumento de desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
A literatura infantil na Educação Infantil preserva valores educativos, cívicos, patrióticos e morais, sendo um veículo de repasse desses princípios, e os textos passam a ser valorizados em função dessas qualidades. Também é entendida como agente emancipador, capaz de projetar a criança para além do universo cotidiano, criando a vida como pode ser vivida. Por isso, seu caráter educativo, em sentido amplo, deve ser resgatado, em detrimento da função meramente pedagógica (CUNHA, 2001). 
Para Frantz (2001, p. 16),
[...] a literatura infantil é também ludismo, é fantasia, é questionamento, e dessa forma consegue ajudar a encontrar respostas para as inúmeras indagações do mundo infantil, enriquecendo no leitor a capacidade de percepção das coisas.
A literatura infantil é fundamental para a formação do leitor, através dos livros e historias podemos imaginar, sentir, sonhar e compreender as emoções e sentimentos.
Desde a mais tenra idade começa o nosso processo de leitura. A partir de nossos primeiros contatos com o mundo começamos a interagir com ele e com os seres que o habitam. Desta forma, o indivíduo começa a dar significado e a compreender o que o cerca. Vê-se então que esse processo de aprendizado se dá de forma natural, em interação com o mundo. Ele se dá em sociedade, na relação entre os indivíduos. Apesar de ser natural não é um processo fácil, mas sim complexo e exigente. O aprender a ler se dá por força individual da pessoa, contudo com a orientação de demais pessoas com as quais convive:
Portanto, é essencial e necessário que o processo de leitura ocorra desde a infância e se torne contínuo pela vida de cada indivíduo. Que este se desenvolva em todos os sentidos, seja ele social, político, intelectual; através da palavra escrita e da leitura da realidade de mundo. A respeito da função do(a) professor(a) assim como das disciplinas nas séries iniciais, destaca-se que escola deve principalmente formar leitores. Nesse sentido leitores, a escola tem falhado; ao não conseguir transmitir ao aluno o lado da leitura que envolve, encanta, traz satisfação, prazer e gratificação.
Essa falha contradiz as propostas pedagógicas em alta; que apresentam uma educação transformadora e criativa; tal falha deve se a realidade presente no cotidiano escolar; em alguns casos o professor recebeu uma formação que não prioriza ou valoriza o uso da literatura e a tem apenas como uma atividade decorativa no ensino, outros sabem de sua importância, mas não tem recursos e incentivos na escola para desenvolver um trabalho com os alunos. Para que tais propostas pedagógicas tenham êxito; é necessário que investimento da escola e do professor, em formar leitores e para tal faz se necessário trilhar o caminho do caráter lúdico da literatura infantil. Para que este contribua ao desenvolvimento do indivíduo em todos os seus sentidos.
Diante das considerações acima, pode-se dizer que o contato com o texto literário contribui de forma única na formação do cidadão e na constituição do leitor crítico e consciente dos seus direitos e deveres diante da sociedade, tendo em vista que o texto literário convida o pequeno leitor a participar de um processo interativo de construção e reconstrução do conhecimento.
tEMA
A literatura infantil e a formação do leitor educação infantil
Delimitação do Tema (título).
 Como incentivar a importância da Literatura infantil na sala de aula? Quais os hábitos, as questões básicas, suas funções, como utilizar isso para a escolha de um bom livro infantil? Falando também sobre os estágios psicológicos da criança, sobre literatura e educação, fantasia, imaginação, enfatizando, as finalidades didáticas, psicológicas, sociais e morais da literatura infantil, sem esquecer de sua importância recreativa e da arte de contar histórias. Refletir sobre interdisciplinaridade e sua parceria com a literatura infantil na sala de aula. As histórias auxiliam e enriquecem o trabalho em várias áreas do currículo escolar, formando uma interdisciplinaridade dentro da sala de aula. As histórias podem ser exploradas através do sensorial, despertando os sentido ao ouvir, ao manusear o livro e visualizar ilustrações, e ao contar aos colegas o que foi lido a criança, está produzindo ou aprendendo.
PROBLEMA de pesquisa
 Como o trabalho com histórias infantis pode influenciar e contribuir para a formação de futuros leitores e para o desenvolvimento do processo de aprendizagem da criança?
JUSTIFICATIVA
 Ler é uma atividade prazerosa capaz de levar a um mundo fantástico. Estimular a leitura desde a infância é a principal ferramenta para o desenvolvimento intelectual de uma criança. Estimular o interesse por livros é, além de uma forma de cuidado, atenção e carinho, uma importante atitude que contribui para fomentar o hábito da leitura na criança. Como lembra a frase do romancista André Maurois, “a leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde”. Permitir que tais sensações façam parte da vida das crianças é essencial!
Veja alguns exemplos para incentivar o gosto pela leitura.
 
 -Escolha livros adequados a cada faixa etária. ...
-Torne a leitura um hábito. ...
-Visite bibliotecas e livrarias. ...
-Monte um cantinho de leitura. ...
-Mostre que a leitura vai além dos livros. ...
-Faça uso da tecnologia. ...
-Tenha a certeza de que o momento seja prazeroso. ...
-Leiam a mesma obra juntos.
 Justifica-se, a escolha do tema, por reconhecer a importância da literatura infantil, como importante incentivo para a formação do hábito de leitura na idadeem que todos os hábitos se formam, isto é, na infância. Neste sentido, a literatura infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. Ler é essencial. Através da leitura, examinamos os nossos próprios valores e conhecimentos com os dos outros. Escutar histórias é o início da aprendizagem para ser um bom leitor, tendo um caminho absolutamente infinito de Descobertas e de compreensão do mundo. Os contos de fadas conseguem deixar fluir o imaginário e levar a criança a ter curiosidade, que prontamente é respondida no transcorrer da leitura dos contos. Dessa forma, a leitura dos contos de fadas na Educação Infantil faz-se importante recurso a ser utilizado na formação das crianças, sendo que de forma lúdica, através deles, as crianças poderão formar-se e informar-se sobre a vida e os ambientes que as cercam.
OBJETIVOS 
Analisar a importância do trabalho com Histórias Infantis na Educação Infantil.
Objetivo Geral 
Incentivar a Leitura e mostrar a importância da literatura infantil na vida das crianças; Descrever a importância dos livros infantis, e o que eles proporcionam para educação infantil dialogar com as crianças buscando saber o que a criança sabe e o que pensa sobre o assunto.
Objetivos Específicos
 Incentivar o gosto pela leitura, a formação do leitor começa na educação infantil com 
Histórias trabalhamos o lado emocional, assim eles conseguem entender como resolver conflitos e problemas.
Mostrar que a língua que se encontra nos textos escritos tem características diferentes da que usamos para conversa
Desenvolver técnicas para aumentar o interesse pela literatura.
Verificar a contribuição da literatura infantil no desenvolvimento social e emocional das crianças. Despertar e motivar a leitura como fonte de informação e desenvolver o conhecimento da leitura na sala de aula
REVISÃO DE LITERATURA OU FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
É na relação lúdica e prazerosa da criança com a obra literária que temos uma das possibilidades de formamos o leitor. Ter contato com as histórias contribui para a criança ter acesso à cultura, ao conhecimento, a própria realidade e uma compreensão de si e do outro, segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil:
 A leitura de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a forma de viver pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não o seu. A partir dê ela pode estabelecer relações com a sua forma de pensar e o modo de ser do grupo social ao qual pertence. As instituições de educação infantil podem resgatar o repertório de histórias que as crianças ouvem em casa e nos ambientes que frequentam, uma vez que essas histórias se constituem em rica fonte de informação sobre as diversas formas culturais de lidar com as emoções e cm as questões éticas, contribuindo na construção da subjetividade e da sensibilidade das crianças (1998, p. 143).
 A criança que escuta muitas histórias tem a possibilidade de construir um saber sobre a escrita, pois percebem que na escrita as coisas permanecem iguais, que quando retornarem a ela vão encontra-las tal qual estavam da primeira vez.. 
O RCNEI sugere que “(...) os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com os livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará possível trabalhando conteúdos que privilegiam a participação dos alunos em situações de leitura de diferentes gêneros literários feito pelos adultos, como contos, poemas, parlendas, trava-línguas, etc; propiciando momentos de reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do professor”. RCNEI (1998, vol.3, p.117-159)
3.1 Revisão da Literatura e Referencial Teórico 3.1.1 Montessori e a mente absorvente das crianças 
 
 Quem nunca ouviu um adulto dizer “Esse filme é muito profundo para ser infantil” ou “Essa animação é mais para adultos que crianças” e coisas do gênero? São frases comuns de uma tradição – talvez mais ocidental – que coloca as crianças num nível inferior ao adulto, como se elas não tivessem capacidade para entender o que as rodeia, como se elas fossem limitadas. É um erro que vem sendo reparado nas últimas décadas por profissionais que se dedicam a aprofundar na psique da primeira infância, tida por muitos com uma das fases mais importantes da construção humana. Reza a lenda que uma mãe prestes a dar à luz questionara a Sócrates sobre qual seria o melhor momento para começar a educar o filho, no que ele respondeu “Está nove meses atrasada”. Sendo um diálogo real ou não, seu conteúdo está correto. Existe algo de muito sublime na mente humana dos primeiros estágios da vida que ainda não foi totalmente explorado mas que muitos estudiosos suspeitam esconder um verdadeiro tesouro, como ressalta a própria Montessori. A mente das crianças é brilhante, e a capacidade de absorver informações com tamanha naturalidade é surpreendente. 
 
Recentes observações demonstraram amplamente que as crianças são dotadas de uma natureza psíquica toda delas e isto nos indica um novo caminho para a educação; uma forma diferente, que diz respeito a própria humanidade e que, até agora, nunca foi levada em consideração. A verdadeira energia construtiva, vital e dinâmica das crianças permaneceu ignorada durante milênios; exatamente como os homens inicialmente estabeleceram-se na terra e, em seguida, passaram a cultivar a sua superfície, sem conhecerem ou se preocuparem comi as imensas riquezas escondidas nas suas profundezas, assim o homem moderno evolui na civilização sem conhecer os tesouros que estão escondidos no mundo psíquico da criança. (MONTESSORI, 1949, p. 13) 
 No universo da linguística, já conseguiu se provar que uma criança de três anos é capaz de aprender uma língua não nativa e da qual ela tenha contato em apenas um mês, e isto sem um ensino formal, apenas observando o contexto e os falantes a sua volta. Tal constatação exemplifica de maneira bastante enfática o que Montessori chamou de “Mente absorvente”. As crianças absorvem o que está ao seu redor, o que elas têm como contexto, e começam a construir uma mente racional a partir dos dados que elas coletam na primeira infância, e aprender a língua é um dos exemplos mais clássicos. Muitos linguistas, como 
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Chomsky e outros seguidores da Linguística Gerativista, acreditam que existe nos seres humanos uma espécie de gramática universal, mas ela só é posta em prática se os falantes tenham um contato entre si. Se a criança crescer em um ambiente em que não há interação com outros seres humanos, ela não desenvolverá a fala – mesmo que tenha toda a capacidade física para tal. Isso acontece porque os seres humanos são seres sociáveis, e precisam do contato com o outro para desenvolver suas habilidades e se construir enquanto indivíduo. A criança, portanto, pega todos os elementos que estão a sua volta e os internaliza. E como tudo é novo, tudo é surpreendente, todas as coisas podem ser possíveis – e aqui Montessori chama atenção para a distinção entre imaginação e fantasia, embora não caiba neste projeto entrar nos méritos. Mas o fato importante é: as crianças, nos seus dois ou três primeiros anos de vida, são professoras de si mesmas, mas ao mesmo tempo, absorvem tudo o que está ao seu redor com tamanha potência que Montessori diz que “[...] se compararmos a nossa habilidade de adultos com a da criança, seriam necessários 60 anos de trabalho árduo para conseguirmos atingir aquilo que a criança conseguiu durante seus primeiros três anos de vida.” (MONTESSORI, 1949, p. 15). E assim, segundo ela, funciona com a cultura. A criançaolha o que está ao seu redor e absorve as experiências realizadas no ambiente; o que ela vê, o que ela internaliza, fará parte do que ela se tornará quando a sua mente começar a racionalizar e não mais apenas absorver. 
 
3.1.2 Chimmanda e a “História Única” 
 
A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, em uma de suas famosas e inspiradoras palestras no TED TALKS em 2009 falou sobre os perigos de uma única história (The danger of a single story). Na palestra, Chimamanda alerta sobre a maneira em que as narrativas são construídas e difundidas, de modo que o imaginário coletivo e individual seja corrompido por uma única visão – geralmente a de quem detém o poder. A história dos colonizadores sobre a dos colonos; dos países desenvolvidos sobre os subdesenvolvidos; do agressor sobre a vítima; da elite sobre o pobre; das maiorias sobre as minorias, etc. E essa detenção de uma verdade sobre outras é tão forte, e muitas vezes tão divulgada, que se tornam estereótipos praticamente impossíveis de serem quebrados, de modo que muitos são fadados a uma única visão dos outros. A África como sendo um continente de 
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desastres e nada mais; o Brasil como sendo um país de corruptos e carnavais intermináveis; o homem negro marginalizado e a mulher negra sexualizada; o mexicano como o eterno imigrante, entre outros. Enquanto isso, alguns poucos são realmente capazes de contar não uma de suas histórias, mas várias. Não apenas a violenta, de tragédias e pobrezas, mas a de esperança, a das conquistas. E geralmente esta última se sobressai sobre as outras histórias, que ficam à sombra de padrões a muito determinados. Assim podem se sentir as crianças quando se depararam com uma cultura que não as representa. Desde um Natal que não tem neve ou chaminés, a natais que não tem sequer uma refeição; de super-heróis que são altos e brancos e salvam o dia a princesas loiras, com cabelos longos e lisos que cantam e fazem castelos de gelo. De livros britânicos ou norte-americanos que, sim, estimulam a imaginação e a criatividade, mas que fazem parte de um mundo e cultura muito distantes, de modo que a criança não se vê, ou não acha possível se ver, fazendo parte daquilo. Ou, pior ainda, colocando aquela cultura que está sendo representada como melhor e mais importante que a sua. O objetivo desse trabalho, portanto, é compreender como isso impacta a vida das crianças, especialmente porque o projeto foi desenvolvido com um grupo majoritariamente considerado como minoria: crianças negras, pobres, moradoras de uma região com múltiplas desigualdades sociais. O intuito é o de analisar como essas crianças se veem a partir da leitura, das experiências retratadas através dos livros trabalhados e das discussões que se seguiam após a contação de histórias. As crianças são vítimas de vários padrões impostos pela sociedade e reafirmados na cultura pop ocidental. Brancas, cabelo liso e esvoaçante, heróis altos brancos e musculosos, feições europeias, pares românticos majoritariamente heterossexuais e minorias não retratadas ou retratadas com condescendência ou em papeis secundários. Tudo isso pode fazer com que a criança olhe a sua volta e não se veja, ou não veja a sua família, seus costumes, seus hábitos e tradições. E que consequências isso gera na sua vida pós-infância? Que tipo de adulto essa criança se torna? Inseguro? Incapaz de se auto afirmar? Vulnerável a todo tipo de exposição? Portanto é fundamental que a criança tenha a chance de construir sua identidade, sua personalidade, sendo coerente com a própria narrativa. Sem que a ela seja negada a chance de conhecer a própria história. 
 
 
 
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3.1.3 Literatura: serve para que? Na literatura se dá voz a quem quase não tem voz. A literatura tem função humanizadora. Mas para que ela serve? Candido (1995) define, basicamente, em três grandes aspectos aos quais ela se manifesta, sendo o primeiro no campo psicológico. Segundo ele, a literatura está intrincada no indivíduo, na formação da sociedade, e o ser humano tem uma necessidade de se conectar à ficção e à fantasia desde as formas mais simples como anedotas, lendas e cantos populares às formas mais complexas de produção literária. Há uma necessidade de ficção que se manifesta a todo instante. Para exemplificar, crianças fazem isso a todo instante. Produzem suas próprias narrativas, inventam histórias, misturam realidade e fantasia, contam o que vivenciam em casa e na escola, suas experiências com o mundo, sejam elas positivas ou negativas. A literatura está presente na vida delas a todo instante, independentemente de estarem ou não com um livro em mãos. A grande questão, e é a que este trabalho se propõe, é de que forma a literatura chega até ela; é entender de que maneira a literatura dá voz a sua própria existência. Chiamamannda conta, em uma de suas palestras, como era difícil para ela se ver nos livros em que lia. Ela tentava incorporar os aspectos europeus como cerveja amanteigada, diálogos sobre o clima, características brancas, ao seu contexto na Nigéria, o que era bastante inacessível. Claro que a possibilitou enxergar outros mundos, mas a limitou a partir do momento em que apenas aquele mundo era retratado. Até chegar ao ponto em que ela não se considerava capaz, ou ao seu povo, de produzir literatura ou qualquer outra forma de arte. Ainda na função psicológica, Candido (1995) fala sobre o impacto profundo que a criação literária tem no subconsciente e inconsciente. Ao mesmo tempo, a evocação dessa impregnação profunda mostra como as criações ficcionais e poéticas podem atuar de modo subconsciente e inconsciente, operando uma espécie de inculcamento que não percebemos. Quero dizer que as camadas profundas da nossa personalidade podem sofrer um bombardeio poderoso das obras que lemos e que atuam de maneira que não podemos avaliar. Talvez os contos populares, as historietas ilustradas, os romances policiais ou de capa-e-espada, as fitas de cinema, atuem tanto quanto a escola e a família na formação de uma criança e de um adolescente. (1995, p. 175) 
 Pegando o gancho que Candido nos deixa no trecho acima, Montessori diz algo bastante semelhante e que já mostrei em seu tópico sobre as crianças captarem sozinhas o que está a sua volta, sem depender necessariamente de uma educação formal para isso, contudo, ela ressalta “Aos três anos, a criança já estabeleceu os fundamentos da personalidade humana e tem necessidade do auxílio particular da educação escolar” 
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(1949). Mas ainda assim, o que elas aprendem e consomem no dia a dia tem impacto profundo na forma como elas veem ao mundo e, principalmente, a si mesmas. 
 
3.1.4 Antonio Candido e o Direito a Literatura O sociólogo e crítico literário Antônio Candido diz em seu famoso e instigante ensaio O Direito à Literatura: […] a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudicais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas. (1995 p. 113). 
 
No texto, ele ainda relembra o sociólogo francês Louis-Joseph Lebret, que divide os bens entre compressíveis e incompressíveis, e coloca a literatura, as artes e lazer como um bem incompressível, ou seja, que não pode ser negado a ninguém. Está no mesmo nível de alimentação, moradia, instrução, saúde, liberdade individual, etc. visto que há uma necessidade humana de fabulação. A literatura é defendida, portanto, como indispensável para a formação do ser humano, como construção da personalidade. Os estímulos que a literatura é capaz de ativar são tão impactantes que fomentam a criatividade. E é através da literatura que se pode inserir os excluídos, aqueles que quase não têm voz ou que são sempre retratados pelo olhar do outro. É muito claro que existe um cerceamento da cultura.“Aqui, você pode entrar”. “Aqui, não”. Num plano teórico, todos devem ter acesso à saúde, educação, moradia, etc. mas todos podem sentar na Sala Minas Gerais e escutar Chopin? Além de haver um cerceamento de espaços, uma não democratização da cultura, há também um impedimento profundo de se considerar arte, de se considerar bom, aquilo que vem da comunidade, e aquilo que vem de culturas que não a europeia/norte-americana. E se a criança não se vê representada, ela se contenta em não ser todas as coisas que ela poderia ser. Ela aceita a “única história”. Mas a Literatura existe há séculos, e se consolidou como um forte poder nas pessoas. Através da Literatura muito pode ser feito: instrução, raciocínio, senso crítico. Mas mais do que isso, ela pode dar voz a quem não tem voz e a quem não teve a oportunidade de ter a sua história contada. E ainda, de inspirar para que novas vozes surjam. 
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3.1.5 A perda de domínio sobre o imaginário 
 
 O professor e poeta Edimilson de Almeida Pereira, no III Ciclo de Conferências Poesia e Experiência da Faculdade de Letras (FALE) da UFMG chamou a atenção para a questão do domínio do imaginário coletivo, e utilizou como exemplo o quanto a noção de espaço e seres extraterrestres foram afetadas pela visão do cineasta hollywoodiano Steven Spielberg, a tal ponto que não conseguimos ver além disso. Vemos o espaço através dos olhos dele, dos filmes dele, de tal forma que visualizar uma outra maneira que esses elementos possam existir se torna impraticável. É possível que as crianças não tenham contato com essa visão? Dificilmente. É necessário? Também não. Mas a intenção é mostrar o quanto somos influenciados por uma visão pré-determinada. O exemplo do Spielberg pode ser um pouco inofensivo, especialmente para a intenção deste trabalho, mas reforça o tema e os objetivos. É crucial mostrar e estar aberto a diversidade, do contrário ficamos restritos à história única que Chimamanda nos alerta. Em 2016 a Pixar Studios lançou um curta metragem de animação mostrando a dificuldade de um menino em se conectar com a cultura hindu a qual ele pertence, embora tenha crescido na cultura ocidental. Assim, Os Heróis de Sanjav (Sanjay’s Super Team) mostra em preciosos sete minutos sem diálogo o que este trabalho se propõe, tirando como lição de que não é preciso abdicar de um para se ter o outro, mas seguir a conclusão de Oswald de Andrade e misturar as referências, todos os gostos, valorizando a importância de cada um deles para a construção da identidade e ampliação do imaginário infantil. Até a inserção da criança no ambiente escolar pouco ela sabe do mundo além da relação com a família. Assim, geralmente, o primeiro contato extrafamiliar que elas possuem com o mundo é a escola e os textos e abordagens trabalhados em sala de aula. É neste momento que cabe, portanto, a inserção de uma literatura que as façam livres, e não dependentes de um padrão. A influência mercadológica e midiática, como veremos mais para frente, tem uma parcela de culpa muito grande no fato das crianças consumirem apenas determinados produtos e personagens, e é de fato difícil competir com um mercado projetado para ditar nossos gostos, mas se devidamente trabalhado em sala de aula, ainda é possível mudar este cenário. 
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O projeto da leitura será desenvolvido a partir da leitura de textos significativos para as crianças no intuito de incentivá-las para a leitura procurando promover deste modo o gosto pela leitura, buscando assim, formar cidadãos críticos em relação à leitura.
A leitura precisa estar presente na sala de aula para que ela possa desempenhar papel cada vez mais importante na vida dos alunos, não só na vida escolar, mas também na vida fora da escola.
Sabe-se o quanto é importante a criança às histórias infantis para que ela possa expressar seus sentimentos e emoções num clima de muita responsabilidade e respeito mútuo, as crianças precisam de um mundo lúdico, mágico, cheio de encantos e emoções para despertar para a vida.
Caracterização do estudo
O presente estudo teve uma abordagem condutora através da pesquisa bibliográfica e mista uma vez que, se constitui numa análise da crítica sobre os fatores. Optou-se por um estudo baseado na pesquisa em livros, que foram elaborados para ajudar as pessoas que desejam conhecer e trabalhar com a Literatura Infantil, por acreditar que esta oferece ao pesquisador um conhecimento geral da realidade teórica.
Considerando nossa opção, uma pesquisa bibliográfica tem como características formas mais adequadas para o estudo de nossa pesquisa. Assim, pode oportunizar ao pesquisador uma visão ampla do valor da temática, além de produzir conhecimento através de relatos de estudiosos sobre o assunto e contribuir para a transformação de um estudo mais eficiente. 
Universo pesquisado 
	Instrumento de coleta de dados
	Universo pesquisado
	Finalidade
Do
Instrumento
	
Documentos
	LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira. São Paulo: Ática, 1984.
DO CONTO AO RECONTO: ESTRATÉGIAS LÚDICAS NO PERCURSO DA AUTORIA, Maria José Paiva Moreira. Literatura infantil, São Paulo
CUNHA, Maria Antonieta Antunes – Literatura Infantil, Teoria e prática. São Paulo 18° edição, Editora Ática, 2003.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil. São Paulo 7° edição, editora Moderna 2000.
Pesquisa e Prática Profissional: Procedimentos de Pesquisa.
Revista Eletrônica de Ciências da Educação, Campo Largo, v. 6, n. 1, jun 2007. A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NAS SÉRIES INICIAIS.
Artigo sobre: A importância da leitura infantil para o desenvolvimento da criança. Por Eline Fernandes de Castro. http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-importancia-literatura-infantil-para-desenvolvimento.htm
http://www2.unigranrio.br/pos/stricto/mest-ensino-ciencias/pdf/ANEXO_III_Modelo_de_Pre_Projeto.pdf
	 O estudo destes documentos, tem a finalidade de observar fatos e fenômenos da maneira como ocorrem na realidade por meio da coleta de dados. Posteriormente tais dados serão analisados e interpretados com base em uma fundamentação teórica sólida e bem fundamentada.
5 REFERÊNCIAS
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htpp: /www.cce.ufsc.Br/^neitezel/literaturainfantil/verena.htm.>abril 2003
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http://www.sitedeliteratura.com
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil. Gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1999.
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. 7. ed. Trad. Octavio M. Cajado. São Paulo: Ática, 2000.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte – Brasília: MEC/SEF, 2001.
COELHO, Nelly Novaes. A literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Ática, 2000.
COSTA, Marta Morais da. Metodologia do ensino da literatura infantil. Curitiba: Ibpex, 2007.
DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. 3. ed. São Paulo:Atlas,1995.
FACINTER – Faculdade Internacional de Curitiba. Normas para Elaboração de Trabalhos Acadêmicos 2007. Curitiba: Uninter Grupo Educacional, 2007.
FREIRE, João Batista. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física. São Paulo: Scipione, 1989.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez 2000.
RAMOS, Paulo; RAMOS, Magda. Caminhos Metodológicos da Pesquisa: da Educação Básica ao Doutorado. 5. ed. Blumenau: Odorizzi, 2009.
SANTA CATARINA, Secretaria da Educação e do Desporto, Proposta Curricular de Santa Catarina, Florianópolis: COGEM, 1998.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. Ed. Trad. César Coll. Porto Alegre: Artmed, 1998.
VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos Psicológicos Superiores. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
ANDRÉ, M.(Org.). O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores.2. ed. Campinas: Papirus, 2001.

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