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Resenha do livro A Construção Social da realidade - P. Berger & T. Luckmann

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1 
Universidade de São Paulo 
Introdução à Sociologia 
Jorge Machado 
 
Artur Cabral Rodrigues da Costa ​11339993 
Isabella N. Miranda Cuccin ​11270159 
Kelly Lima Jorge ​11270080 
Letícia Rodrigues Pereira ​11206542 
Stephany Rodrigues Carrara ​11034180 
Vanessa Marques Silva ​11270117 
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA REALIDADE 
 
“A vida cotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pelos homens e 
subjetivamente dotada de sentido para eles na medida que forma um mundo coerente” 
(pág. 35) 
 
INTRODUÇÃO 
 
Antes de iniciar de fato o estudo sobre a sociologia do conhecimento os autores 
decidem explicar o porquê e em que sentido a concepção deles difere daquilo que já foi 
até então estudado sobre a sociologia do conhecimento. O primeiro ponto destacado 
pelos autores é a importância de separar a análise filosófica da sociológica sobre o 
tema, pois a filosofia faz com que a discussão fique apenas nas idéias de forma que 
limite a análise. Dessa maneira, a partir dessa separação os autores começam a 
apontar aquilo que eles discordam em estudos sobre a sociologia do conhecimento de 
outros filósofos e sociólogos. Para eles, a associação do conceito com a filosofia o 
tornou algo marginal na visão de sociólogos de forma que impediu uma real e mais 
profunda pesquisa abordando a sociologia do conhecimento. A partir disso, os dois 
2 
sociólogos buscam em sua obra demonstrar de forma mais abrangente a 
potencialidade da leitura desse tema, pois ela jamais foi totalmente explorada. 
Para isso, Berger e Luckmann decidem escrever sobre essa sub-disciplina 
buscando sempre o lado concreto da construção do conhecimento. Isto é, ao invés de 
ficarem sempre nos questionamentos teóricos, no campo das idéias, eles procuram 
aquilo que é “concreto” (o senso comum, segundo eles) na formação do conhecimento 
para as sociedades e a partir disso aplicar uma visão da sociologia do conhecimento. 
No entanto é importante salientar que os dois sociólogos consideram importante a 
análise teórica e defendem a manutenção dela nos estudos, mas de modo que não 
seja dada toda importância a ela. Por fim, a introdução é concluída com a definição de 
Berger e Luckmann sobre a sociologia do conhecimento : “Em outras palavras, a 
adequada compreensão da "realidade sul generis" da sociedade exige a investigação 
,da maneira pela qual esta realidade é construída. Esta investigação, afirmamos, 
constitui a tarefa da sociologia ,do conhecimento” ​(BERGER & LUCKMANN,1966, p. 
34)​. 
 
 
1.2 A REALIDADE DA VIDA COTIDIANA 
 
Berger e Luckmann partem do pressuposto de que há ​múltiplas realidades ​pelas 
quais a consciência humana pode transitar, de modo que o mundo da vida diária é 
quase inteiramente distinto do mundo que experimentamos nos sonhos. ​À vista disso, 
quando há passagem de uma realidade a outra, o sujeito vivencia a transição como 
uma espécie de “choque” que lhe é perceptível no ato de acordar de um sonho. 
Sob essa ótica, a realidade da vida cotidiana é aquela que se impõe à 
consciência de forma mais maciça, urgente e intensa, emergindo ​como a realidade por 
excelência, predominante, cuja presença é de todo imperiosa. Nesse sentido, os 
fundamentos da vida cotidiana constituem o objeto de estudo da seguinte obra, no qual 
os autores utilizam um método empírico para elucidar as experiências subjetivas que 
compõem tal realidade: a análise fenomenológica. Cabe elucidar que trata-se de um 
método essencialmente descritivo e não propriamente científico. 
 
O termo fenomenologia foi criado no século XVIII, por J. H. Lambert, para designar o estudo 
puramente descritivo dos fenômenos, da forma como eles se apresentam à consciência (CHAUÍ, 1994 
apud SURDI, 2008) 
 
Logo nos são apresentados conceitos importantes dentro dessa realidade 
predominante,os autores apontam que os sujeitos experimentam a vida cotidiana em 
modo vigília, que define-se pela naturalização da vida cotidiana, ou seja, essa realidade 
já está posta e objetivada por uma série de objetos que já haviam sido designados 
3 
como objetos antes de sua entrada na cena, isto é, antes de sua chegada ao local, ou 
indo mais além, antes de seu nascimento. Esses objetos já estavam construídos, 
padronizados e reproduzidos pela realidade da sociedade em que o sujeito vive. ​A 
linguagem, que será melhor detalhada adiante, determina ao sujeito a ordem dessas 
objetivações, assim ganhando significado no contexto de sua realidade, por exemplo, a 
utilização de instrumentos técnicos desde abridores de latas, a automóveis que já eram 
utilizados pela sociedade ao redor, a residência em um lugar geograficamente 
determinado e diversos outros fatores já organizados e estruturados através da 
linguagem, que encheu todos esses objetos de significação, como por exemplo a 
denominação de um nome a um objeto através da linguagem, isto quer dizer, a 
realidade é a construção material de uma cadeia de sintetizantes que veio a surgir da 
ideia de alguém. Por exemplo, a ideia de um automóvel. Essa ideia caracterizava-se 
como subjetiva, por ser existente apenas no campo abstrato, a materialização dessa 
ideia faz com que esse automóvel exista objetivamente. 
A realidade predominante, sendo a realidade objetiva, é organizada em torno do 
“aqui” e “agora” no presente, em torno do corpo do sujeito e definido como aquilo que 
o mesmo da atenção na vida cotidiana, todavia a realidade da vida cotidiana não se 
limita nessas presenças imediatas e palpáveis, mas também se integra a fenômenos 
que não estão presentes aqui e agora na experiência, sendo assim entende-se que o 
sujeito é capaz de experimentar a vida social cotidiana em diferentes segmentos, como 
o espacial e o temporal, portanto a vida cotidiana se mostra avaliada por diversos graus 
de proximidade do objeto, podendo ser mutável. A realidade mais próxima do sujeito 
caracteriza-se principalmente por aquilo que entende-se como acessível a 
manipulação corporal, para os autores tudo que existe é aquilo que podemos tocar, que 
é corpóreo, material, caracterizado por um mundo ao alcance do sujeito, seja tendo 
atuação efetiva em modificar a realidade do mesmo, ou seja o mundo em que ele 
trabalha. Neste mundo do trabalho os autores descrevem a mente do sujeito como 
sendo pragmática, sendo assim tendo seu interesse voltado para aquilo que ele está 
fazendo, fez ou planejou fazer. O sujeito também tem conhecimento de que a realidade 
da vida cotidiana possui zonas que não o são acessíveis de fato, porém, ou não se 
tem um interesse objetivo nessas zonas ou o interesse do sujeito por elas é indireto, 
evidentemente o interesse do sujeito em zonas distantes de sua rotina é menos intenso 
e não possui caráter urgente, posto isso o sujeito se encontra apenas intensamente 
interessado nos objetos que ocupam seu cotidiano, assim os autores exemplificam 
utilizando um mecânico em seu mundo numa garagem,qualquer outro interesse que 
esteja à margem disso classifica-se como um interesse privado a se executar no tempo 
de lazer do sujeito, assim não sendo uma necessidade instantânea de sua vida 
cotidiana. 
 
4A realidade intersubjetiva simplifica-se como o processo de socialização, 
caracterizado pelo mundo em que o indivíduo participa juntamente a outros indivíduos. 
Esta interação denominada intersubjetividade traz luz às realidades cotidianas a qual o 
sujeito não possui consciência, mas passa a possuir conforme interações, desta forma, 
entende-se que o sujeito, parafraseando Berger e Luckmann, não se pode existir na 
vida cotidiana sem estar continuamente em interação e comunicação com os outros. 
Partindo dessa premissa, a atitude natural do sujeito com relação ao mundo espelha-se 
na atitude natural de terceiros, que também absorvem o mundo objetivado através da 
linguagem que ordenou esse sistema, logo esses sujeitos também organizam sua 
consciência e sua realidade no “aqui e agora”. Mediante isto,Peter e Luckmann tecem 
a percepção desses sujeitos, de que possuem uma perspectiva dessa realidade 
comum, porém divergente, assim percebendo que essas realidades não se sobrepõem. 
Resgatando o conceito de vigília, tendo em vista que todos esses sujeitos partilham 
dessa atitude natural, logo uma realidade sendo comum e partilhada por estes, se 
materializa em rotinas frenéticas da vida cotidiana. A partir disso nos foi apresentado os 
setores que são apreendidos como rotineiros e outros que se apresentam como 
problemas específicos da vida cotidiana, entende-se então que o sujeito possuindo 
conhecimento de determinado objeto ou rotina não identifica problema em sua rotina 
cotidiana, porém ao passo que este sujeito aventura-se num setor ao qual não possui 
conhecimento, encontra-se em uma situação problemática, esta realidade cotidiana se 
modifica conforme o fortalecimento de habilidades e conhecimentos com relação a esta 
nova realidade, sendo assim “Enquanto as rotinas da vida cotidiana continuarem sem 
interrupção são apreendidas como não problemáticas.” (BERGER & LUCKMANN,1966, 
p. 41). Entretanto quando este problema trata-se de terceiros que acabam por 
interromper a rotina do sujeito, e o mesmo não possui capacidade de modificação e 
entendimento para a resolução, reverbera-se numa realidade problemática para tal, ao 
passo que interrompe sua rotina. 
 
 
1.3 A TEMPORALIDADE 
 
A realidade comum do cotidiano é demarcada por uma estrutura temporal 
pautada pela intersecção entre tempo cósmico e calendário socialmente estabelecido. 
Destarte, o tempo consiste numa facticidade a qual devemos levar em conta a fim de 
sincronizar com os nossos projetos pessoais. Em vista disso, Berger e Luckmann 
salientam que o sujeito enquanto membro da vida intersubjetiva do cotidiano é ciente 
de que o tempo já existia antes do seu nascimento e permanecerá existindo após a sua 
morte. Assim, o conhecimento da morte inevitável, e por conseguinte, da quantidade 
5 
limitada de tempo que dispomos para cumprir os nossos projetos, desperta-nos uma 
ansiedade subjacente​. 
Em contrapartida, o tempo é coercitivo, na medida em que somos incapazes de 
inverter as sequências impostas por ele. Para exemplificar: um bacharel de Direito é 
impossibilitado de exercer a sua profissão antes que seja aprovado no exame da 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Sob tal panorama, a sociedade enquanto 
realidade objetiva estabelece perante nós uma sequência ordenada de acontecimentos 
que incluem a espera. 
 
 
1.4 A INTERAÇÃO SOCIAL NA VIDA COTIDIANA 
 
Tendo a realidade da vida cotidiana compartilhada com os outros (as relações 
com os outros também podem envolver predecessores e sucessores, exceto 
companheiros passados), o experimento de partilhar dá-se a partir da situação de estar 
face à face com outro indivíduo. Nessa situação, o presente ou “ aqui e agora “ é 
partilhado por ambos. Tal situação proporciona a reciprocidade e consequentemente 
não pode se empregar padrões rígidos, mas sim uma padronização dentro da rotina da 
vida cotidiana. Quando sorrio para um indivíduo este pode sorrir para mim também ou 
não, ou talvez até interpretar erroneamente minha demonstração. Sendo assim nossas 
expressões orientam-se na do outro. 
No que se trata da subjetividade, essa pode ser acessada na situação face à 
face. Porém a subjetividade do outro não é tão acessível a medida que a minha é 
ainda que nossa relação seja muito próxima. 
A noção do real estando em contato físico com alguém também é possível sem 
estar face à face. Conhecer alguma pessoa de nome, ou simplesmente corresponder 
com ela, nos traz a sensação de existência, apesar de somente na situação face à 
face estarmos convictos que é real. 
Os esquema tipificadores envolvem a maneira como lidamos com alguém nos 
encontros face à face, em termos de como assimilamos o outro. Em decorrência essa 
afeta continuamente a interação. Podemos exemplificar quando um indivíduo pesquisa 
os preços de algum produto na internet e ao chegar na loja física o vendedor tenta o 
convencer a comprar o produto supondo que esse não tenha ciência dos preços 
variados que o produto pode apresentar. O vendedor agirá com um esquema tipificador 
com fim de seduzir o indivíduo a comprar, porém se em determinado momento o 
consumidor perceber que o preço não está favorável e contatar o vendedor, seu 
esquema tipificador sofrerá uma objeção e deverá ser modificado. 
A medida em que se afasta da situação face à face os esquemas de tipificação 
tornam-se anônimos. Inicialmente toda tipificação acarreta uma anonimidade. 
6 
Generalizar algum grupo de pessoas por determinadas características torna menos 
suscetível à individualização. Mas na face à face essa tipificação desconstrói-se. 
Ademais o grau de interesse e intimidade juntas podem aumentar ou diminuir o 
anonimato da experiência ou também influenciá-la independentemente. Relações muito 
próximas com amigos de tênis pode fundir-se como “grupo da quadra” enquanto a 
relação formal com o chefe torna-o como um indivíduo único. 
 
1.5 A LINGUAGEM E O CONHECIMENTO NA VIDA COTIDIANA 
 
1.5.1 Expressividade Humana 
 
As objetivações, oriundas da expressividade humana estão disponíveis tanto 
para o seu autor quanto para outros homens. Por meio desta podemos alcançar 
índices parcialmente permanentes dos processos subjetivos dos autores, indo além da 
situação face à face. 
Exemplificando a situação acima, quando uma pessoa está em um momento de 
tensão na situação face à face, é notável uma mudança em seu comportamento. Tais 
mudanças podem ser transmitidas por movimentos de inquietação nos braços ou pés, 
pela sua fisionomia e etc. Podemos denominá-las como índices corpóreos. 
Esses índices nos dão acesso à subjetividade do outro, uma vez que são 
percebidos na situação face à face, porém só são acessíveis no momento presente. 
O trecho abaixo retirado do texto pode esclarecer sobre os índices: 
“ Suponhamos que eu tenha tido uma alteração com outro homem, que me deu 
amplas provas excessivas de raiva contra mim. Esta noite acordo com a faca enterrada 
na parede em cima da minha cama. A faca enquanto objeto exprime a ira do meu 
adversário.Permite-me ter acesso à subjetividade dele, embora eu estivesse dormindo 
quando ele lançou a faca e nunca o tenha visto porquefugiu depois de quase ter me 
atingido. Com efeito, se deixar o objeto onde está posso vê-lo de novo na manhã 
seguinte e novamente exprime para mim a cólera do homem que a lançou. Mas ainda, 
outras pessoas podem vir e olhar a faca, chegando à mesma conclusão. Noutras 
palavras, a faca em minha parede tornou-se um constituinte objetivamente acessível da 
realidade que partilho com meu adversário e com outros homens.” 
Ademais, ao citar a faca - que foi utilizada com outro fim- nota-se uma intenção 
subjetiva de violência do outro motivada por um momento de raiva. Enquanto objeto, a 
faca não fora exclusivamente fabricada para ser manuseada com esse propósito. 
Porém, a assimilação desse objeto como um tipo de arma pelo senso comum 
demonstra que este é ao mesmo tempo um produto humano e uma objetivação da 
subjetividade humana. 
7 
“ Estou constantemente envolvido por objetos que “proclamam” as intenções 
subjetivas de meus semelhantes, embora possa às vezes ter dificuldade de saber ao 
certo o que um objeto particular está “proclamando”, especialmente se foi produzido 
por homens que não conheci bem, ou mesmo não conheci de todo, em situação face à 
face.” 
 
1.5.2 Significação 
 
A significação é a parte mais importante da objetivação. Retomando o trecho do 
texto acima o qual trata da tensão entre os dois homens, caso o adversário 
desenhasse um “X negro” na parede do homem, também há de se entender que 
ocorreu uma ameaça da mesma maneira com a faca, pelo simples fato do desenho 
significar uma ameaça. 
Como demonstração da significação os sinais podem agrupar-se em sistemas. 
Alguns são: sistemas gesticulatórios, sistemas de movimentos corporais padronizados, 
de vários conjuntos de artefatos materiais e etc. Os sinais e seus sistemas são 
objetivações acessíveis além de intenções subjetivas do “aqui e agora”. Quando um 
grupo de dançarinos faz uma coreografia com o tema sobre a violência, o tema 
retratado não é da subjetividade do dançarino, uma vez que este esteja apenas 
dançando.Diferente de quando uma pessoa se irrita ao ponto de gritar e quebrar algum 
objeto em decorrência de sua subjetividade. Dessa maneira, somente a dança possui o 
caráter de sinal subjetivamente acessível. 
 
1.5.3 Linguagem 
 
Na obra os autores abordam a linguagem como uma ferramenta de significação 
dos objetos, transicionando a realidade subjetiva de objetos ao campo concreto e 
objetivo do cotidiano. Se organiza como um sistema de sinais vocais que o sujeito 
utiliza para assim se comunicar com outros sujeito. Caracterizou-se,sobretudo, pelo 
ordenamento de códigos e legitimação de significados, sendo seu sistema 
comunicativo o mais importante da sociedade humana. No texto aponta-se que 
onomatopeias ainda não fazem parte da linguagem, embora sejam capazes de se 
tornar elementos linguísticos, conforme isso,se torna notório que a interação 
participativa desses sujeitos através da linguagem e através da consolidação de uma 
conversação, que a linguagem é fundamental para a vida cotidiana. Através dela a 
interação entre meus semelhantes é possível e também posso compreender a 
realidade da vida. A linguagem no face a face, ou seja, por meio de interação direta e 
corpórea entre sujeitos, é uma situação recíproca,com ela posso comunicar o 
significado para além de minha subjetividade, embora meus significados subjetivos 
8 
sejam muito mais acessíveis a mim do que ao outro pelo fato de que me conheço 
melhor do que conheço o outro. A linguagem torna o objetivo mais concreto através do 
compartilhamento do ponto de vista de minha realidade cotidiana com um outro sujeito. 
Outro fator de extrema importância dentro da linguagem é sua capacidade coercitiva, 
isto é, o sujeito precisa reflexionar paradigmas dominantes do campo semântico, não 
podendo se comunicar com os outros através de palavras que inventou ou conversar 
em inglês com alguém que fala português, por mais que seja preferível em sua 
subjetividade, é preciso considerar sempre os padrões da linguagem construídos 
socialmente. Contudo, é através da linguagem que o sujeito tem a possibilidade de 
comunicar suas experiências ao longo da vida, por meio dessa enunciação,a realidade 
cotidiana comum tipifica-se em experiências semelhantes, é como categorizar certas 
situações que muitos sujeitos estão suscetíveis a viver. 
A linguagem perpassa o aqui e o agora, podendo resgatar diferentes momentos 
temporais do futuro através de aspirações, e do passado através de lembranças e 
narrativas históricas. Possui também caráter transcendente pois pode alcançar 
realidades separadas simultaneamente, por intermédio da significação de um sonho 
tido pelo sujeito por exemplo, mediante essa transcendência, o sonho pode ser 
considerado como um símbolo e a maneira linguística pela qual se realiza essa 
transcendência é chamada de linguagem simbólica. 
Por fim a linguagem cria representações simbólicas que parecem ser presenças 
de outro mundo, do campo subjetivo, como por exemplo a arte, filosofia e religião A 
maneira como a linguagem constrói esses símbolos também os fazem retornar como 
elementos objetivos que se apresentam de maneira direta e concreta, assim se 
tornando reais na vida cotidiana. O simbolismo e a linguagem simbólica são 
fundamentais na vida cotidiana e na percepção do senso comum na construção desta 
realidade. 
 
1.5.4 Conhecimento 
 
A seletividade da acumulação dos campos semânticos origina os acervos de 
conhecimento, de modo que sua ordenação na vida cotidiana possibilita aos indivíduos 
que tenham conhecimento de suas localizações. Contudo, o mesmo não ocorre se o 
indivíduo possuir um acervo distinto de conhecimento pertencendo,pois a outro 
arquétipo de sociedade que não corresponde àquela que está em contato. Sendo a 
vida cotidiana dominada por motivos pragmáticos, o acervo de conhecimento é em 
grande parte composto por saberes direcionados a resolução de problemas rotineiros 
não estendendo-se além deste conhecimento pragmaticamente necessário. 
Mediante o acervo social de conhecimento, o cabedal social estrutura-se em 
graus de familiaridade ,sendo a compreensão dos setores rotineiros apreendidos de 
9 
forma completa, análoga a compreensão superficial dos setores de pouca 
familiaridade. Dado isso, o estoque social de conhecimento ,além dos graus de 
familiaridade, abrange os esquemas tipificadores que tipificam todas as espécies de 
acontecimentos e experiências da vida cotidiana e que ,também são tipificadas pelo 
acervo de conhecimento de modo que os acontecimentos tipificados remetem a 
concepção de ‘’um todo integrado’’, esta impressão também ocorre por meio do capital 
social de conhecimento que abrange objetos descontínuos do saber do indivíduo, ‘’ 
aquilo que todo mundo sabe’’. O conhecimento se faz legítimo até que surja um 
problema, o qual,ele não possa resolver em seus termos. Não ocorrendo isso a 
problematização dos conhecimentos é suspensas. 
Sendo o estoque social do conhecimento definido por abranger o mundo da 
realidade cotidiana em um todo agregado por graus deaproximação e afastamento , os 
autores inferem que a realidade cotidiana apresenta-se em meio a sombras daquilo 
que não é possível ser compreendido deste mundo, citando um parafraseio das 
incompreensões das transcendências que ocorrem entre as realidades - ‘’a realidade 
da vida cotidiana é toldada pela penumbra de nossos sonhos’’. 
Nos últimos parágrafos são abordados as formas de apreensão do 
conhecimento da realidade cotidiana como sua distribuição. O primeiro circula em torno 
de conveniências, pragmatismo imediatos ou situacionais e estruturas já apresentadas 
pelo estoque social de conhecimento. A distribuição do conhecimento segundo Berger 
e Luckmann: culmina em sistemas de perícia extraordinariamente complexos e 
esotéricos, sendo a distribuição destes conhecimentos produtos do próprio estoque 
social. 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia: 
BERGER, Peter & LUCKMANN, Thomas. ​A Construção Social da Realidade​. Petrópolis, Ed. 
Vozes, 1999. Introdução, (pp.11-34); (1º. Cap. pp.35-68)

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