Buscar

290173647-Metodologia-Do-Trabalho-Cientifico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 110 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 110 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 110 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1ª EDIÇÃO
EGUS 2014
METODOLOGIA DO TRABALHO 
CIENTÍFICO
João José Saraiva da Fonseca
INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica
Equipe de Transposição Didática e Modelagem 
Pedagógica
Anaisa Alves de Moura
Evaneide Dourado Martins
Licilange Gomes Alves
Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca
Produção e Desenvolvimento de Softwares para 
Aprendizagem em EaD
Anderson Barbosa Rodrigues
André Alves Bezerra
Luís Neylor da Silva Oliveira
Diretor-Presidente
Oscar Rodrigues Júnior 
Pró-Diretor de Inovação Pedagógica
João José Saraiva da Fonseca
Coordenadora Pedagógica e de Avaliação
Sonia Maria Henrique Pereira da Fonseca
Assessor de Gestão Administrativo 
Éder Jacques Porfírio Farias
 
Multimídia Impressa e Audiovisual
Cícero Romário Lima Rodrigues
Edney Eslley Ferreira Lima
Francisco Sidney Souza de Almeida
José Antônio Castro Braga
Juliardy Rodrigues de Sousa
Marcio Alessandro Furlani
Manutenção e Suporte do Ambiente Virtual de 
Aprendizagem
Rhomélio Anderson Sousa Albuquerque
7INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
Palavras do Professor-Autor ...................................................13
Ambientação ...................................................................................16
Trocando ideias com os autores ...........................................18
Problematizando ............................................................20
1 A natureza da ciência e da pesquisa científica 
A natureza da ciência – O conhecimento .................................................25
Os Conhecimentos Teológico, Filosófico e Mítico ..................................25
O conhecimento popular ..................................................................................25
O conhecimento científico .................................................................................26
 A natureza da Ciência ........................................................................................28
A natureza da pesquisa científica
A pesquisa científica ..............................................................................................33
Pesquisa qualitativa versus quantitativa ....................................................33
Classificar as pesquisas com base em seus objetivos ..........................35
Pesquisa experimental ........................................................................................35
Pesquisa descritiva ..................................................................................................35
Pesquisa exploratória ............................................................................................36
Classificar as pesquisas com base nos procedimentos técnicos 
utilizados ......................................................................................................................36
2
Sumário
8 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
Pesquisas que se baseiam em fontes bibliográficas e documentais 
para a coleta dos dados ......................................................................................37
Classificações da Pesquisa ................................................................................37
Pesquisa Bibliográfica ..........................................................................................38
Pesquisa Documental ...........................................................................................39
Pesquisas que se baseiam em dados fornecidos por pessoas .......40
Pesquisa Experimental .........................................................................................40
Pesquisa Ex-Post-Facto .......................................................................................41
Pesquisa com Survey ............................................................................................42
Estudo de caso ..........................................................................................................42
Levantamento ...........................................................................................................43
Pesquisas em que a coleta de dados ocorre por meio de uma 
interação entre pesquisadores e sujeitos da pesquisa ........................44
 Pesquisa Participante ..........................................................................................45
Pesquisa-Ação ..........................................................................................................45
Pesquisa Etnográfica .............................................................................................46
Pesquisa Etnometodológica ..............................................................................47
História oral, história de vida e depoimento pessoal ..........................48
Aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres vivos ...........................48
Projeto de Pesquisa
Título ..............................................................................................................................55
Definição do tema ..................................................................................................55
Escolha do problema.............................................................................................56
Definição da base teórica e conceitual .......................................................56
Formulação de hipóteses ....................................................................................57
Tipos de hipóteses ...................................................................................................58
3
9INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
4
Definição de variáveis ..........................................................................................59
Variável dependente e variável independente ........................................59
Variável ativa e variável atributo (variável orgânica) .........................60
Variável contínua e variável categórica .....................................................60
Variável estranha ou interveniente ...............................................................60
Elementos que podem afetar os resultados .............................................61
Justificativa .................................................................................................................63
Definição de objetivos ..........................................................................................63
Metodologia ...............................................................................................................63
Amostra ........................................................................................................................64
Amostra probabilística (selecionada por sorteio) .................................65
Amostra não-probabilística ..............................................................................66
Questionário ..............................................................................................................68
Entrevista .....................................................................................................................73
Fases da análise de dados ..................................................................................76
Referenciais para a elaboração de um Projeto 
de Pesquisa
Como elaborar um Projeto de Pesquisa ....................................................83
Introdução ...................................................................................................................83
Justificativa .................................................................................................................84
Fundamentação Teórica .....................................................................................84
Metodologia ...............................................................................................................84
Referência Bibliográfica .......................................................................................84Escrevendo o projeto .............................................................................................84
Qualidades básicas da redação do projeto ..............................................85
Referências para a escrita de um texto ......................................................85
10 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
Diretrizes para elaboração de uma monografia 
científica
Como elaborar uma monografia ..................................................................89
Etapas da Elaboração ...........................................................................................90
A construção lógica do Trabalho Científico ..............................................95
A redação do texto. ................................................................................................97
Leitura Obrigatória ..........................................................................................100
Saiba mais ...............................................................................................................102
Revisando ................................................................................................................104
Autoavaliação ......................................................................................................108
Bibliografia ............................................................................................................110
Bibliografia da Web .......................................................................................112
 
5
11INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
13INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
Palavra do Professor-Autor
A intenção deste trabalho sobre Metodologia do Trabalho Científico é contribuir 
com os estudantes de graduação e pós-graduação no que diz respeito aos trabalhos 
de pesquisa acadêmica a partir do pensamento científico. 
Este livro é resultado de minha caminhada acadêmica: Pós-Doutor em Educação 
pela Universidade de Aveiro em Portugal, Doutor em Educação pela Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte (2008), Mestre em Ciências da Educação pela 
Universidade Católica Portuguesa – Lisboa (1999), (validado no Brasil pela Universidade 
Federal do Ceará-UFC), Especialista em Educação Multicultural pela Universidade 
Católica Portuguesa – Lisboa (1994) e Graduado em Ensino da Matemática e Ciências 
pela Escola Superior de Educação de Lisboa, (validado no Brasil pela Universidade 
Estadual do Ceará-UECE). Sou pesquisador na área da produção de conteúdo para 
Educação a Distância; atualmente desempenho a função de Pró-Diretor de Inovação 
Pedagógica das Faculdades INTA, Sobral (CE).
A disciplina em questão tem um valor importante na formação do profissional. 
Ela se ocupa do estudo dos métodos científicos que devem ser adotados para 
pesquisa e obtenção de conhecimento. 
A estrutura deste livro possibilita ao estudante construir seu caminho em 
busca do saber científico, não se ocupa apenas da informação do conteúdo a ser 
apreendido em sala de aula e reproduzido no dia da avaliação, mas de aprender 
fazendo, como sugerem os conceitos contemporâneos da Pedagogia.
A obra fornece orientações para elaboração de projetos e relatórios de pesquisa, 
de modo que os estudantes poderão consultá-la a qualquer hora para eliminar suas 
dúvidas quanto aos procedimentos, técnicas e normas de pesquisas e entender que 
o método científico é o caminho do saber científico. 
João José Saraiva da Fonseca
14 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
Biografia dos Autores
João José Saraiva da Fonseca
É Pós-Doutor em Educação pela Universidade de Aveiro em 
Portugal, Doutor em Educação pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte (2008), Mestre em Ciências da Educação 
pela Universidade Católica Portuguesa - Lisboa (1999) (validado 
no Brasil pela Universidade Federal do Ceará), Especialista em 
Educação Multicultural pela Universidade Católica Portuguesa 
- Lisboa (1994). 
Graduou-se em Ensino de Matemática e Ciências pela Escola Superior de Educação 
de Lisboa (validado no Brasil pela Universidade Estadual do Ceará). É pesquisador na 
área da produção de conteúdo para educação a distância. Atualmente desempenha 
a função de Pró-Diretor de Inovação Pedagógica das Faculdades INTA - Sobral CE.
15INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
AMBIENTAÇÃO À 
DISCIPLINA
Este ícone indica que você deverá ler o texto para ter 
uma visão panorâmica sobre o conteúdo da disciplina.
17INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
Olá, estudantes
A disciplina de Metodologia do Trabalho Científico é fundamental para o 
desenvolvimento dos trabalhos científicos dos estudantes que ingressam no ensino 
superior. 
A proposta é mostrar as principais normas envolvidas na elaboração de um texto, 
tais como: estrutura de um trabalho científico, padrões de estrutura, inserção de 
citações diretas e indiretas, tipos de pesquisas e melhorar a qualidade das produções 
dos estudantes.
No entanto, sugerimos que você faça uma leitura da 
obra “Metodologia do Trabalho Científico: Métodos 
e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico”, 
elaborada especialmente para estudantes em nível de 
graduação e pós-graduação, cuja proposta é auxiliar e 
direcionar esclarecimentos sobre a elaboração de trabalhos 
científicos, monografias, dissertações e teses.
TROCANDO IDEIAS 
COM OS AUTORES 
A intenção é que seja feita a leitura de obras indicadas 
pelo professor-autor numa perspectiva de dialogar com 
os autores de relevo nacional e/ou mundial. 
19INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
Caro estudantes, sugerimos a leitura do livro “Fundamentos 
de Metodologia Científica” as autoras apresentam uma 
introdução da Metodologia do Trabalho Científico, enfocam 
aspectos de conhecimento científico, a diferença de 
conhecimento científico e conhecimento popular, técnicas de 
pesquisas e colocam em evidencia a estrutura da comunicação 
científica.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de 
Metodologia Científica. 7ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
Propomos também a leitura da obra Introdução à 
Metodologia do Trabalho Científico de Maria Margarida 
de Andrade, a autora destaca a leitura muito importante para 
quem deseja realizar trabalhos acadêmicos, aborda normas 
de redação, técnicas de pesquisa, técnicas para pesquisa 
bibliográfica, de campo e relatórios de pesquisas. 
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução a Metodologia do Trabalho 
Científico. 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
Após a leitura dos livros escolha um e faça uma 
resenha crítica.
PROBLEMATIZANDO
É apresentada uma situação problema onde será feito 
um texto expondo uma solução para o problema 
abordado, articulando a teoria e a prática profissional.
21INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
A motivação do pesquisador deve ser as experiências que o levam a identificação 
do problema a ser estudado. O título deve ser escolhido de forma cuidadosa e 
a pesquisa científica deve ter início com a formulação de um problema e com o 
objetivo de procurar solucioná-lo com clareza e delimitado a uma variável.
Vamos pensar num determinado caso, uma estudante pretende pesquisar sobre 
estudantes de Educação de Jovens e Adultos. Sua pesquisa está voltada na seguinte 
questão: Qual a receptividade desta modalidade de ensino dentro da rede pública?
Portanto, a referida estudante antes de iniciar a pesquisa deve elaborar perguntas 
tais como: O que pesquisar? Por quê? (Justificando a escolha do problema), Para 
que? Qual o objetivo? Como pesquisar? Qual a metodologia? Quando pesquisar? 
Onde pesquisar? Com que recursos?
Se você fosse fazer uma pesquisa sobre o 
assunto mencionado como você responderia tais 
questionamentos? Reflita e comente com seus 
colegas. 
APRENDENDO A PENSAR
O estudante deverá analisar o tema da disciplina em 
estudo a partir das ideias organizadas pelo professor-
autor do material didático.
23INTA EAD Metodologia do Trabalho CientíficoA NATUREZA DA CIÊNCIA 
E DA PESQUISA CIENTÍFICA 
1
Conhecimentos
Compreender a ciência enquanto processo crítico de reconstrução do saber, bem 
como a sua natureza, os métodos e os processos de investigação.
Habilidades
Caracterizar o conhecimento em geral e assinalar seus pressupostos;
Identificar os diferentes tipos de conhecimento e suas formas de validação;
Reconhecer os aspectos cognitivos e sociais presentes na elaboração do 
conhecimento pela humanidade.
Atitude
Assinalar as características próprias do conhecimento científico e seus 
pressupostos.
24 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
25INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
A natureza da ciência – O conhecimento
O homem é, por natureza, um animal curioso. Desde 
o seu nascimento interage com a natureza e os objetos à 
sua volta, interpretando o universo a partir das referências 
sociais e culturais do meio em que vive. Apropria-se do 
conhecimento através das sensações que os seres e os 
fenômenos lhe transmitem e a partir dessas sensações 
elabora representações. Contudo, essas representações 
não constituem o objeto real. O objeto real existe 
independentemente do homem conhecê-lo ou não. O 
conhecimento humano é, na sua essência, um esforço para resolver contradições 
entre as representações do objeto e a realidade do mesmo.
O conhecimento, dependendo da forma pela qual se chega a essa representação, 
pode ser classificado em: popular (senso comum), teológico, mítico (ou místico), 
filosófico e científico. 
Os Conhecimentos Teológico, Filosófico e Mítico 
O conhecimento teológico se preocupa com verdades que somente a fé pode 
explicar. Acredita-se que os ensinamentos religiosos são indiscutíveis. Quanto ao 
conhecimento filosófico, preocupa-se com especulações e reflexões acerca da 
relação do homem com o cotidiano. Não é um conhecimento estático, pois sempre 
está em constante transformação não se importando com verificação; é um estudo 
racional. Já o conhecimento mítico é baseado na intuição, auxilia o ser humano a 
descobrir o mundo através de representações que não são racionais. 
O Conhecimento Popular
A nossa vida desenvolve-se em torno do conhecimento popular. Ele surge da 
necessidade de resolver problemas imediatos, adquiridos através de ações não 
planejadas. Este conhecimento surge de modo instintivo, espontâneo, subjetivo, 
acrítico, permeado pelas opiniões, emoções e valores de quem o produz. Desse 
modo, o conhecimento popular consegue atingir objetividade e racionalidade 
limitadas.
O conhecimento popular, também designado de senso comum, distingue-se 
essencialmente do conhecimento científico pelos métodos utilizados para chegar ao 
26 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
conhecimento. Saber se determinada planta necessita de uma quantidade de água 
e que deverá ser regada se não recebê-la sob a forma de chuva é um conhecimento 
verdadeiro e passível de comprovação, mas nem por isso é científico. Para que esse 
conhecimento popular se transforme em científico será necessário, por exemplo, 
conhecer as particularidades das plantas e seu ciclo de desenvolvimento. 
O senso comum varia de acordo com o conhecimento relativo da maioria dos 
sujeitos em um determinado momento histórico. De acordo com Demo (1987, p. 
30), “Não distingue entre fenômeno e essência, entre o que aparece na superfície e 
o que existe para baixo”. Um dos exemplos de senso comum mais conhecidos é o 
fato de considerar que a Terra era o centro do Universo e que o Sol girava em torno 
dela. Galileu, ao afirmar que a Terra girava em volta do Sol, quase foi queimado pela 
Inquisição.
Hoje o senso comum mudou. Quem afirmar que o sol gira em torno da Terra 
será considerado ignorante porque a cultura popular é baseada no senso comum. 
Seguem abaixo as características do conhecimento popular:
Características do Conhecimento Popular
Superficial 
Conforma-se com a aparência e não 
esqueça que “as aparências enganam”
Sensitivo
Refere-se às vivências e emoções 
enfrentadas pelo sujeito no dia a dia. 
Assistemático
Não procura a sistematização e validação 
do conhecimento. 
Acrítico 
Os conhecimentos não são sujeitos a 
uma análise crítica.
O Conhecimento Científico
O conhecimento científico é produzido pela 
investigação científica através de seus métodos resultantes 
do aprimoramento do senso comum. O conhecimento 
científico tem origem nos procedimentos de verificação 
baseados na metodologia científica. É um conhecimento 
objetivo, metódico, passível de demonstração e 
comprovação. 
27INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
O método científico permite a elaboração conceitual da realidade que se 
deseja verdadeira e impessoal, passível de ser submetida a testes de falseabilidade. 
Contudo, o conhecimento científico apresenta um caráter provisório, uma vez que 
pode continuamente ser testado, enriquecido e reformulado. Para que isso aconteça, 
deve ser de domínio público. 
Veja no quadro abaixo as características do Conhecimento Científico:
Características do Conhecimento Científico
Objetivo A ciência tenta afastar os elementos 
afetivos e subjetivos, visando apresentar-
se enquanto conhecimento válido para 
todos. 
Intersubjetivo A evolução recente da ciência, 
especialmente da física (como a teoria da 
relatividade e da física quântica), trouxe 
para a discussão o que podemos apelidar 
de intersubjetividade do conhecimento 
cientifico já que é crescente a tendência 
para considerar a impossibilidade de 
isolar adequadamente o objeto do 
sujeito e de eliminar completamente o 
observador. 
Positivo A ciência procura uma absoluta 
submissão à fiscalização da experiência. 
Racional O conhecimento científico procura 
racionalizar o real. A partir de dados 
empíricos e por meio de sínteses, procura 
incluir os fatos num sistema racional a 
partir do qual possa deduzir leis.
Reversível Todo conhecimento científico é 
provisório e sujeito a revisão, 
aperfeiçoamento e, às vezes, uma 
completa transformação. 
Autônomo O conhecimento científico procura a 
autonomia em relação à filosofia e à fé.
28 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
A natureza da Ciência
A ciência é a atividade intelectual e prática que abrange a estrutura do 
comportamento do mundo físico e do natural através do empirismo e da observação.
Ela é uma forma particular de conhecer o mundo. É o saber produzido através 
do raciocínio lógico associado à experimentação prática. Caracteriza-se por 
um conjunto de modelos de observação, identificação, descrição, investigação 
experimental e explanação teórica de fenômenos. O método científico envolve 
técnicas exatas, objetivas e sistemáticas bem como regras fixas para a formação de 
conceitos, condução de observações, realização de experimentos e validação de 
hipóteses explicativas. 
O objetivo básico da ciência não é descobrir verdades ou se constituir como 
uma compreensão plena da realidade. Deseja fornecer um conhecimento provisório 
que facilite a interação com o mundo, possibilitando previsões confiáveis sobre 
acontecimentos futuros e indicar mecanismos de controle que possibilitem uma 
intervenção sobre tais acontecimentos. 
O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, no livro Um discurso sobre 
as ciências (1987), enquadra a natureza da ciência em três momentos: 
• Paradigma da modernidade;
• A crise do paradigma dominante;
• O paradigma emergente.
O Paradigma da modernidade é o dominante hoje em dia. Substancia-se nas 
ideias de Copérnico, Kepler, Galileu, Newton, Bacon e Descartes. Construído com base 
no modelo das ciências naturais, apresenta uma forma de conhecimento verdadeiro 
e uma racionalidade experimental, quantitativa e neutra. De acordo com o autor, 
essa racionalidade é mecanicista, pois considera o homem e o universo verdadeiras 
máquinas; é reducionista, pois reduz o todo às partes e é cartesiano porque separa 
o mundo natural, empírico, dos outros mundos não verificáveis como o espiritual, 
simbólico. 
O autor apresentaoutros pormenores do paradigma: a distinção entre 
conhecimento científico e conhecimento do senso comum, entre natureza e pessoa 
humana, corpo e mente, corpo e espírito; a certeza da experiência ordenada; a 
29INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
linguagem matemática como o modelo de representação; a medição dos dados 
coletados; a análise que decompõe o todo em partes; a busca de causas que 
aspiram a formulação de leis à luz de regularidades observadas com vista a prever 
o comportamento futuro dos fenômenos; a expulsão 
da intenção; a ideia do mundo enquanto máquina; a 
possibilidade de descobrir as leis da sociedade.
O filósofo francês René Descartes (1596-1650) 
introduziu a dúvida metódica como elemento primordial 
para a investigação científica. Em seu livro Discurso sobre 
o método, publicado em 1637, o filósofo expõe que o 
melhor caminho para a compreensão de um problema é a 
ordem e a clareza com que realizamos nossas reflexões e propõe um método para 
consegui-lo.
Vamos compreender as quatro regras do método:
• Jamais aceitar como exata alguma coisa que não se conheça a clareza como 
tal, evitando a precipitação e a precaução, fazendo o espírito aceitar somente aquilo, 
claro e distinto, sobre o que não pairam dúvidas;
• Dividir cada dificuldade a ser examinada em quantas partes for possível para 
resolvê-la;
• Pôr em ordem os pensamentos, começando pelos mais fáceis de serem 
conhecidos para atingir, aos poucos, os mais complexos;
• Fazer, para cada caso, uma enumeração exata e uma revisão ampla e geral 
para ter-se a certeza de não ter esquecido ou omitido algo.
A Crise do paradigma dominante, segundo Boaventura Sousa Santos 
(1987), tem como referências as ideias de Einstein e os conceitos de relatividade e 
simultaneidade que colocaram o tempo e o espaço absolutos de Newton em debate; 
Heisenberg e Bohr, cujos conceitos de incerteza e continuum abalaram o rigor da 
medição; Gödel que provou a impossibilidade da completa medição e defendeu que 
o rigor da matemática carece de fundamento; Ilya Prigogine, que propôs uma nova 
visão de matéria e natureza.
O homem encontra-se num momento de revisão sobre o rigor científico pautado 
no rigor matemático e de construção de novos paradigmas: em vez de eternidade, 
a história; em vez do determinismo, a impossibilidade; em vez do mecanicismo, a 
espontaneidade e a auto-organização; em vez da reversibilidade, a irreversibilidade 
30 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
e a evolução; em vez da ordem, a desordem; em vez da necessidade, a criatividade 
e o acidente.
O paradigma emergente deve se alicerçar nas premissas de que todo o 
conhecimento científico-natural é científico-social, todo conhecimento é local e 
total (o conhecimento pode ser utilizado fora do seu contexto de origem), todo o 
conhecimento é autoconhecimento (o conhecimento analisado sob um prisma mais 
contemplativo que ativo), todo o conhecimento científico visa constituir-se em senso 
comum (o conhecimento científico dialoga com outras formas de conhecimento 
deixando-se penetrar por elas).
Para Santos (1987), a ciência encontra-se num movimento de transição de uma 
racionalidade ordenada, previsível, quantificável e testável, para outra que enquadra 
o acaso, a desordem, o imprevisível, o interpenetrável e o interpretável. 
31INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
A NATUREZA 
DA PESQUISA CIENTÍFICA 
2
Conhecimentos
Compreender os tipos de pesquisa científica
Habilidades
Identificar a natureza da pesquisa científica;
Identificar as características da pesquisa quantitativa e qualitativa. 
Atitude
Aplicar os tipos de pesquisa científica na elaboração de trabalhos científicos.
33INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
A pesquisa científica
A pesquisa é a atividade nuclear da ciência; seu processo é permanente e 
inacabado. Desenvolve-se através de aproximações sucessivas da realidade, 
fornecendo-nos subsídios para uma intervenção no real.
A pesquisa científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso, 
realizado com o objetivo de resolver um problema, recorrendo a procedimentos 
científicos. Lehfeld e Barros (1991) referem-se à pesquisa como sendo a inquisição, 
o procedimento sistemático e intensivo, que tem por objetivo descobrir e interpretar 
os fatos que estão inseridos em uma determinada realidade. 
A ciência tem áreas de conhecimento como: Ciências Humanas, Ciências Agrárias, 
Ciências Biológicas e Ciências Exatas. No Brasil, o CNPq classifica os pesquisadores e 
as profissões a partir dessas grandes áreas. Acesse: http://www.cnpq.br/
A seguir, destacaremos várias espécies e etapas de pesquisa 
científica. 
Pesquisa qualitativa versus quantitativa
A pesquisa qualitativa preocupa-se com aspectos da realidade que não podem 
ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das 
relações sociais. Para Minayo (2001, p. 14), a pesquisa qualitativa busca analisar o 
comportamento, valores e as atitudes através de dados coletados.
Aplicada inicialmente em estudos de Antropologia e Sociologia como contraponto 
à pesquisa quantitativa dominante, a pesquisa qualitativa tem alargado o seu campo 
de atuação em áreas como a Psicologia e a Educação. Esta pesquisa é criticada pelo 
seu empirismo, subjetividade e o envolvimento emocional do pesquisador. 
Os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Como as 
amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população, os 
resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a população-
alvo da pesquisa. A pesquisa quantitativa centra-se na objetividade. Influenciada 
pelo positivismo, esta pesquisa considera que a realidade somente pode ser 
compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de 
34 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
instrumentos padronizados e neutros. Ela recorre à linguagem matemática para 
descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. 
A pesquisa quantitativa e a pesquisa qualitativa não se substituem uma à outra, 
elas se complementam. As pesquisas qualitativas são usadas quando se buscam 
percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo 
espaço para a interpretação. Já as pesquisas quantitativas são mais adequadas 
para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois 
utilizam instrumentos estruturados (questionários). Devem ser representativas de 
determinado universo de modo que seus dados sejam generalizados e projetados 
para aquele universo. Seu objetivo é mensurar e permitir o teste de hipóteses, já que 
os resultados são mais concretos e, consequentemente, menos passíveis de erros de 
interpretação.
Em muitos casos, as pesquisas quantitativas geram índices que podem ser 
comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um histórico da informação 
(Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística - IBOPE). A utilização conjunta 
da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se 
poderia conseguir isoladamente.
 Veja o quadro abaixo:
Comparação entre pesquisa qualitativa e quantitativa
Aspecto Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa
Enfoque na interpretação 
do objeto 
Menor Maior
Importância do contexto 
do objeto pesquisado
Menor Maior
Proximidade do 
pesquisador em relação 
aos fenômenos estudados
Menor Maior
Alcance do estudo no 
tempo
Instantâneo Intervalo Maior
Instantâneo Intervalo maior
Quantidade de fontes de 
dados
Uma Várias
Ponto de vista do 
pesquisador
Externo à organização Interno à organização
Quadro teórico e 
hipóteses
Definidas rigorosamente Menos estruturadas
35INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
Classificar as pesquisas com base em seus objetivos
Na forma tradicional de investigar cientificamente uma pessoa ou grupo 
capacitado (sujeito da pesquisa), a pesquisa aborda um aspecto da realidade (objeto 
da pesquisa) no sentido de comprovar experimentalmentehipóteses (pesquisa 
experimental) ou para descrevê-la (pesquisa descritiva), ou para explorá-la (pesquisa 
exploratória). 
Pesquisa experimental 
A pesquisa experimental é considerada o melhor exemplo de pesquisa científica, 
pois o isolamento de qualquer interferência do meio exterior possibilita um alto 
nível de controle. 
O conhecimento científico está ausente nos resultados oferecidos pelas 
pesquisas experimentais que têm como suporte quase exclusivamente o método 
experimental. Elas têm como preocupação principal identificar os fatores que 
determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. O que caracteriza a 
pesquisa experimental é a manipulação e o controle das variáveis com o objetivo 
de identificar qual a variável independente que determina a causa da variável 
dependente ou da situação em estudo.
A realização de pesquisas experimentais no âmbito das ciências sociais reveste-
se de algumas dificuldades pelo que se recorre a pesquisas com outras características 
tais como a pesquisa descritiva e pesquisa exploratória.
Pesquisa descritiva
A pesquisa descritiva pretende observar, registrar, analisar 
e correlacionar fenômenos ou fatos em um contexto, visando 
descobrir a frequência em que eles ocorrem, sua eventual 
relação e conexão com outros fenômenos, suas características 
e natureza, sem que o pesquisador interfira neles, nem no 
ambiente analisado. A pesquisa descritiva possibilita conhecer 
as características de determinada população ou fenômeno: distribuição por idade, 
sexo, nível de escolaridade, renda ou então possibilitar estudar as características do 
atendimento de uma entidade pública ou privada face ao público interno ou externo. 
Pode também, por exemplo, possibilitar o levantamento do desempenho local de 
uma espécie vegetal ou animal de interesse a partir da observação de aspectos como 
crescimento, produção, alimentação, saúde, dentre outros. A pesquisa descritiva é, 
36 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
junto com a exploratória, habitualmente utilizada pelas ciências sociais e aplica para 
a coleta de dados, por exemplo, questionários e observação. 
Pesquisa exploratória
A pesquisa exploratória envolve, na maioria dos casos, o levantamento 
bibliográfico, a realização de entrevistas com sujeitos que tiveram experiências 
práticas com o problema pesquisado e a análise de exemplos que possibilitem a 
compreensão da realidade estudada. De um modo geral, a pesquisa exploratória 
assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso, contudo ela pode 
também constituir um estudo preliminar ou preparatório para outro tipo de pesquisa 
proporcionando as condições para a avaliação da possibilidade de se desenvolver 
um estudo inédito e relevante sobre determinado tema ou então encontrar novos 
enfoques para a pesquisa que se está iniciando.
Classificar as pesquisas com base nos 
procedimentos técnicos utilizados
Tradicionalmente, o sujeito da pesquisa possui acesso às conclusões, não tendo 
ingerência no processo, nem nos resultados. Nas últimas décadas apareceram 
outras propostas de investigação que sem perder a cientificidade, procuram 
maior participação e apropriação do processo e dos resultados pelos objetos de 
investigação. Não aceitam a separação entre os indivíduos e o contexto no qual vivem, 
nem aceitam ignorar o ponto de vista dos investigados e as suas interpretações da 
realidade.
Para desenvolver uma pesquisa, é indispensável selecionar o tipo que será 
utilizado. De acordo com as características da pesquisa, poderão ser escolhidos 
vários tipos, sendo possível aliar o qualitativo ao quantitativo. A partir das propostas 
de Gil (2002, p. 43) definimos três grandes grupos: aqueles em que a coleta de dados 
baseia-se na pesquisa bibliográfica e na pesquisa documental; aqueles cujos dados 
são fornecidos por pessoas e as pesquisas em que na recolha de dados ocorre uma 
interação entre pesquisadores e sujeitos da pesquisa.
37INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
Pesquisas que se baseiam em fontes 
bibliográficas e documentais para a coleta dos 
dados
A pesquisa bibliográfica e documental pode parecer, à primeira vista, semelhante, 
contudo existem diferenças para as quais é preciso estar atento. 
Classificações da Pesquisa 
As pesquisas são classificadas também quanto aos procedimentos. Podem ser 
divididas em pesquisas de campo e pesquisas de fonte. A pesquisa de campo baseia-
se na observação dos fatos de forma direta com formulários e entrevistas através 
de coleta de dados cujo objetivo é buscar conhecimento e encontrar respostas. 
A pesquisa de fontes pode ser de dois tipos: pesquisa bibliográfica e pesquisa 
documental.
Imagine que você lê numa revista o seguinte trecho: “A pesquisa é uma pesquisa 
bibliográfica levando o conhecimento atual veiculado na literatura especializada 
mundial sobre diabetes mellitus de forma ampla e didática, culminando com o relato 
do consenso do valor da atividade física, assim como o tipo e intensidade dessas 
atividades no controle da doença, permitindo uma vida de qualidade ao diabético”. 
De que modalidade de pesquisa o autor acima está 
falando? Quais as suas características?
38 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
Pesquisa Bibliográfica
Conforme Matos e Vieira (1991, p. 40), a pesquisa bibliográfica é feita a partir do 
levantamento de referências teóricas “já analisadas e publicadas por meios escritos 
e eletrônicos, como livros, artigos científicos, página de web sites” sobre o tema a 
estudar. 
Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica que 
permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, 
porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, 
procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações 
ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta. 
As conclusões não podem ser apenas um resumo. O pesquisador deve ter o cuidado 
de selecionar e analisar, habilidosamente, os documentos pesquisados evitando 
comprometer a qualidade da pesquisa com erros resultantes de dados coletados ou 
processados de forma equívoca. 
A principal vantagem da pesquisa bibliográfica, de acordo 
com Gil (2002, p. 45), é “permitir ao investigador a cobertura 
de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela 
que poderia pesquisar diretamente”. O autor dá o exemplo 
da impossibilidade de um pesquisador percorrer o Brasil 
procurando dados sobre população ou renda. Hoje a pesquisa 
bibliográfica é facilmente encontrada na Internet. 
A pesquisa bibliográfica é indispensável nos estudos 
históricos, pois em muitas situações é possível conhecer os fatos do passado somente 
a partir de dados bibliográficos. Para Gil (2002), é preciso que o pesquisador procure 
39INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
fontes originais, pois nem sempre as fontes secundárias apresentam dados coletados 
ou processados de modo correto. As fontes são constituídas de material elaborado 
por livros, artigos científicos, sobretudo localizadas nas bibliotecas. 
Pesquisa Documental
Ao ler a notícia abaixo, será que o autor ainda está falando de uma pesquisa 
bibliográfica? Em que a pesquisa bibliográfica será diferente da pesquisa documental?
Já está à venda o livro "Seguindo a canção: engajamento político e indústria 
cultural na MPB (1959-1969)", de Marcos Napolitano. Ensaio sobre a formação, o 
conceito e as variantes de Música Popular Brasileira nos anos 60, a partir de uma 
grande pesquisa documental (escrita e fonográfica), enfocando os dilemas que 
cercaram o debate em torno da função política e da inserção comercial da canção 
na sociedade brasileira. 
A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica, 
não sendo fácil por vezes distingui-las; a diferença é a natureza das fontes. Segundo 
Gil (2002, p. 46), “o desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos 
passos da pesquisa bibliográfica. Apenascabe considerar que, enquanto na pesquisa 
bibliográfica as fontes são constituídas de material impresso encontrado nas 
bibliotecas e livrarias, a pesquisa documental é muito mais diversificada e dispersa”. 
De acordo com Matos e Vieira (2001, p. 40), “ela ainda não recebeu tratamento 
analítico considerado legítimo sem engano tais como: tabelas estatísticas, jornais, 
revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, 
relatórios de empresas, vídeos de programas de televisão, etc”. É apontado como uma 
das vantagens da pesquisa documental o fato de os documentos constituírem uma 
fonte rica e estável de dados, subsistindo ao tempo e tornando-se uma importante 
fonte de dados. É um processo que utiliza técnicas e métodos para compreensão e 
análise de vários documentos. 
Outra vantagem referida está no baixo custo já que a análise dos documentos, em 
muitos casos, além da capacidade do pesquisador, exige apenas disponibilidade de 
tempo. Outro benefício apontado para a pesquisa documental, conforme Gil (2002), 
é não exigir contato com os sujeitos da pesquisa, o que por um lado, muitas vezes, é 
difícil ou até mesmo impossível e por outro lado a informação proporcionada pelos 
sujeitos é prejudicada pelas circunstâncias que envolvem o contato.
40 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
Pesquisas que se baseiam em dados fornecidos 
por pessoas
Para desenvolver uma pesquisa é indispensável selecionar procedimentos para 
a coleta de dados. Além das pesquisas cuja coleta dos dados é feita em fontes 
bibliográficas e documentais, é possível ter pesquisas em que os dados são 
fornecidos por pessoas. 
Pesquisa Experimental
A pesquisa experimental seleciona grupos idênticos e submete-os a tratamentos 
diferentes, checando se as diferenças observadas nas respostas são estatisticamente 
significantes. Os efeitos observados são relacionados com as variações nos estímulos, 
pois o propósito da pesquisa experimental é apreender as relações de causa-e-
efeito e eliminar explicações conflitantes às descobertas realizadas. Para conseguir 
maior positividade, os fatores externos são eliminados ou controlados. É possível 
encontrar dois elementos críticos na pesquisa experimental que está dividida em 
duas grandes categorias. 
Elementos críticos da pesquisa experimental:
• O ambiente experimental, que inclui o desenho da pesquisa, os sujeitos e a 
tarefa e outros materiais experimentais utilizados; 
• A estratégia de pesquisa, que envolve a organização de sessões experimentais 
e o controle experimental. 
A pesquisa experimental encontra-se em duas grandes categorias: 
• Experimentação em laboratório onde é criado um meio ambiente artificial; 
• Experimentação no campo onde são criadas as condições para a manipulação 
dos sujeitos. 
De acordo com o grau de controle exercido pelo pesquisador sobre as variáveis 
independentes e outros fatores, falamos de desenho experimental quando o controle 
é elevado e de desenho quase-experimental, quando o controle é menor.
Na pesquisa experimental é essencial controlar as variáveis estranhas que possam 
interferir para que o ambiente da pesquisa se torne o mais adequado possível.
41INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
Você compreenderá as três modalidades de pesquisa 
“mais comuns”:
• Pesquisas experimentais com apenas dois grupos homogêneos, denominados 
de experimental e controle. Aplicado um estímulo ao grupo experimental, no final 
são comparados os dois grupos para avaliar as alterações;
• Pesquisas experimentais antes/depois como se trabalha um único grupo 
definido previamente em função das suas características e geralmente reduzido. É 
produzido no grupo estudado um estímulo e são avaliadas as transformações;
• Pesquisas experimentais antes /depois com um grupo experimental e de 
controle que são medidos no início e no fim da pesquisa. Como os dois grupos são 
medidos no início da pesquisa, ao se produzir um estímulo no grupo experimental, 
a diferença apresentada nos dois grupos ao final da pesquisa constitui a medida da 
influência do estímulo introduzido. 
Pesquisa Ex-Post-Facto 
O estudo “Relacionamento entre pais e filhos nas diferentes fases do ciclo 
vital familiar teve como objetivo principal verificar a dinâmica e estrutura do 
relacionamento entre pais e filhos nas diferentes fases do ciclo vital. Trata-se de 
uma pesquisa ex-post-facto, tendo como instrumentos para a obtenção dos dados 
entrevistas semidirigidas e formulários”. Ao ler esta informação, o que você entendeu 
sobre a modalidade de pesquisa Ex-Post-Facto? 
A Ex-Post-Facto tem por objetivo investigar possíveis relações de causa e efeito 
entre determinado fato identificado pelo pesquisador e um fenômeno que ocorre 
posteriormente. A principal característica desta pesquisa é o fato dos dados serem 
coletados após a ocorrência dos eventos. É utilizada quando há impossibilidade de 
aplicação da pesquisa experimental pelo fato de nem sempre ser possível manipular 
as variáveis necessárias para o estudo da causa e do seu efeito.
Gressler (1989, p. 30) aponta como exemplo um estudo sobre a evasão escolar 
Ex-Post-Facto. É após a evasão escolar que se tenta analisar as causas. Num estudo 
experimental e de acordo com a autora, seria o inverso: tomava-se primeiramente 
um grupo de estudantes a quem seria dado determinado tratamento e observar-se-
ia depois o índice de evasão.
42 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
Pesquisa com Survey
Ao assistir a uma exibição, um apresentador menciona o seguinte: A pesquisa 
através do Método de Pesquisa Survey buscou levantar as características de qualidade 
ambiental no interior das duas indústrias metalmecânicas estudadas dentro do 
processo de utilização, controle, tratamento interno e destinação dos resíduos de 
fluidos de corte. Para a execução dessa etapa, em mais uma oportunidade, aplicou-
se um questionário aos funcionários responsáveis pelos departamentos de controle 
operacional dos fluidos de corte. 
A pesquisa com Survey pode ser referida como a obtenção de dados ou 
informações sobre as características, as ações ou as opiniões de determinado grupo 
de pessoas, indicado como representante de uma população-alvo, utilizando um 
instrumento de pesquisa, usualmente um questionário. É empregada em áreas como 
marketing, ciências sociais e política. De acordo com Matos e Vieira (2001, p. 45), 
“através de procedimentos estatísticos, busca conhecer atitudes, valores e crenças 
das pessoas pesquisadas”.
Estudo de caso
O estudo de caso é uma modalidade de pesquisa. O exemplo que vamos relatar 
sobre estudo de caso “procurou investigar, na prática, os métodos e as técnicas 
usadas na solução de problemas por uma empresa do ramo da mecânica, fabricante 
de produtos estampados e blanks (chapas de aço)”. 
Um estudo de caso pode ser caracterizado de acordo com o estudo de uma 
entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, 
uma pessoa ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o seu “como” e os 
seus “porquês”, evidenciando a sua unidade e identidade própria. É uma investigação 
caracterizada como particularística, isto é, debruça-se deliberadamente sobre uma 
situação específica que supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir 
o que há nela de mais essencial e característico. O fato de selecionarmos somente 
um objeto permite obter a seu respeito uma grande quantidade de informações. 
O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto, mas revelá-lo tal como 
ele o percebe. O estudo de caso apresenta, deste modo, uma forte tendência 
descritiva. Pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa que procura 
compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma 
perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma visão global, tanto 
quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do 
investigador.
43INTA EAD Metodologia do Trabalho CientíficoLevantamento
“O levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais (INEP), ligado ao Ministério da Educação, apontou 353 escolas sem 
eletricidade em Santa Catarina”. Por que o estudo realizado pelo INEP se chamou 
levantamento? Quais as suas características?
Particularmente utilizado em estudos exploratórios e descritivos, o levantamento 
pode ser de dois tipos: levantamento de uma amostra ou levantamento de uma 
população (também designado de Censo). O Censo populacional constitui a 
única fonte de informação sobre a situação de vida da população nos municípios 
e localidades. Os censos produzem informações imprescindíveis para a definição 
de políticas públicas estaduais e municipais e para a tomada de decisões de 
investimento, sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de qualquer nível de 
governo. A coleta de dados realiza-se usualmente pela utilização de questionários 
ou entrevistas. 
Entre as principais vantagens do levantamento estão o conhecimento direto da 
realidade, a economia e rapidez e a quantificação. As limitações do levantamento 
residem no fato de muitas vezes ocorrer uma diferença entre o que as pessoas 
fazem ou sentem e o que elas dizem. Por outro lado, o levantamento, apesar da 
possibilidade de elevado número de dados, mostra-se pouco adequado para a 
instigação de fenômenos sociais, pois estes são determinados essencialmente 
por fatores interpessoais e institucionais. O levantamento proporciona ainda uma 
“fotografia” do fenômeno num determinado momento, mas não proporciona 
conhecer suas tendências, nem possíveis mudanças estruturais. 
Vamos elencar dois exemplos de levantamentos: sendo recenseados todos os 
moradores em domicílios particulares (permanentes e improvisados) e coletivos 
numa data de referência, é possível através de pesquisas mensais do comércio, da 
indústria e da agricultura, recolher informações sobre o seu desempenho. Outro 
exemplo de levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais (Inep), ligado ao Ministério da Educação, apontou 353 escolas sem 
eletricidade em Santa Catarina.
44 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
Pesquisas em que a coleta de dados ocorre por 
meio de uma interação entre pesquisadores e 
sujeitos da pesquisa
A pesquisa-ação e a pesquisa-participante caracterizam-se pela interação entre 
pesquisadores e sujeitos da pesquisa, existindo autores que consideram as duas 
designações sinônimas. A interação entre pesquisadores e sujeitos da pesquisa é, 
por vezes, questionada em termos da sua “cientificidade”.
 A esse respeito Paulo Freire (1987, p. 50), em Pedagogia do Oprimido, 
comenta a necessidade de uma metodologia dialógica que proporcione “a tomada 
de consciência dos indivíduos em torno dos mesmos” e que investigue o seu 
pensamento-linguagem referido à realidade, aos níveis de sua percepção desta 
realidade e à sua visão do mundo. 
Segundo Freire (1987), os homens, sem uma compreensão de algo na sua 
totalidade, não podem conhecê-la por inteiro, a não ser que adquiram uma 
compreensão geral do contexto.
Para este mesmo educador, a proposta de mostrar a realidade aos indivíduos faz 
com que eles, através da análise, tenham uma postura crítica e percebam que não 
há uma divisão.
Paulo Freire defende que no fluxo da investigação os investigadores e os homens 
do povo se façam ambos sujeitos. O investigador estabelece relações comunicativas 
com as pessoas ou grupos da situação investigada no intuito de conseguir uma 
melhor aceitação. Busca participar do contexto investigado, identificando-se com 
valores e comportamentos. 
Na sua obra Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em Processo, 
Paulo Freire (1978, p.10), reforça a importância de trabalhar com educadores e 
educando “(...) e não sobre ou simplesmente para eles”. 
Paulo Freire (1986), alerta para o fato de os homens serem sujeitos de investigação 
e investigadores; essa relação pode ferir o objetivo da investigação, pois os dados 
coletados poderão sofrer diferentes interpretações dos mais interessados. Para 
esse teórico, o risco maior não está no fato dos investigados descobrirem-se 
investigadores e adulterarem os resultados, mas em mudar o foco da investigação. 
Mas ele mesmo ressalva essa possibilidade afirmando que isto demonstra uma 
consciência ingênua dos que pensam que a realidade a investigar existiria, segundo 
Freire (1987, p. 56), “em sua pureza objetiva e original, fora dos homens, como se 
fossem coisas.”. 
45INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
A proposta metodológica de Paulo Freire (1987, p. 57) “se faz, assim, um esforço 
comum de consciência da realidade e de autoconsciência que a inscreve como ponto 
de partida do processo... da ação cultural de caráter libertador”.
Moacir Gadotti, Freire e Guimarães (1995, p. 14), na obra Pedagogia: diálogo 
e conflito, menciona que os procedimentos metodológicos não devem ser 
recebidos prontos e transplantados mecanicamente. Eles devem ser reelaborados 
“historicamente em cada contexto”. A história de um método (= caminho) somente 
pode ser “contada ao finalizar a pesquisa. A direção tomada inicialmente é sempre 
provisória”. 
Pesquisa Participante
A pesquisa participante rompe com o paradigma de não envolvimento do 
pesquisador com o objeto de pesquisa, despertando fortes reações do positivismo. 
Teve a sua origem em Bronislaw Malinowski. A pesquisa participante, de acordo com 
Matos e Vieira (2001, p. 46), “caracteriza-se pelo envolvimento e identificação do 
pesquisador com as pessoas investigadas”.
Vamos citar um exemplo: caso você queira conhecer melhor 
os nativos de determinado lugar, é necessário tornar-se um 
deles, aprender a língua, costumes e observar o cotidiano. 
Assim a sua pesquisa caracteriza-se como participante.
Pesquisa-ação
A pesquisa-ação pressupõe uma participação planejada do pesquisador na 
situação-problema a ser investigada. Recorre a uma metodologia sistemática no 
sentido de transformar as realidades observadas a partir da sua compreensão, 
conhecimento e compromisso para a ação dos elementos envolvidos na pesquisa. 
Existem três aspectos a serem atingidos: resolução de problemas, tomada de 
consciência e a produção de conhecimento.
Segundo Thiollent in Minayo (1994), a pesquisa-ação é baseada no empirismo 
associada à solução de um problema coletivo, onde tanto os pesquisadores quanto 
os participantes assumem o problema de forma cooperativa. 
46 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
O processo de pesquisa-ação envolve o planejamento, o diagnóstico, a ação, 
a observação e a reflexão, num ciclo permanente. Portanto, podemos afirmar 
que enquanto na pesquisa-participante o pesquisador adota uma postura mais 
observadora, na pesquisa-ação ele assume uma postura de intervenção junto e em 
conjunto com os sujeitos da pesquisa. 
Vamos analisar um exemplo de pesquisa-ação: O projeto tem duplo propósito, a 
difusão e, concomitantemente, produção de conhecimento sobre a escola de primeiro 
grau. Tem como objetivos de pesquisa investigar professores, seu desenvolvimento 
profissional, o papel da educação continuada e da pesquisa na transformação da 
escola. Paralelamente, tem um objetivo de ação visando desenvolver e aprimorar 
técnicas de reflexão do trabalho docente, diagnosticar dificuldades, debater e 
explicitar o papel da escola e de cada componente curricular no perfil de cidadão 
a ser formado, promover revisão básica de conteúdos, buscar alternativas para 
enfrentar dilemas e reformular continuamente o trabalho pedagógico entre tantos 
outros. 
O projeto caracteriza-se como pesquisa-ação em que universidades e escolas 
de primeiro grau são parceiras para superar problemas escolares crônicos como a 
repetência e evasão, decorrentes de inúmeras dificuldades enfrentadas em sala de 
aula por professores de todas as áreas do saber.
Pesquisa Etnográfica
A pesquisa etnográfica pode ser entendida como o estudo de um grupo ou povo. 
Associava-seinicialmente ao isolamento por um longo tempo de antropólogos em 
contextos exóticos, adaptando-se à vida da comunidade, analisando e registrando 
detalhadamente o comportamento dos nativos.
Para Malinowski (s/d), a finalidade principal do trabalho de campo em pesquisa 
etnográfica é coletar dados usando uma variedade de metodologias, informação 
direta e verbal dos nativos que possibilite caracterizar e registrar a sua visão do 
mundo a partir da revisão teórica realizada. 
De acordo com Matos e Vieira (2001, p. 50), as características específicas da 
pesquisa etnográfica são a organização e análise de dados, e a interatividade entre 
o pesquisador e o objeto com possibilidades de alterar a pesquisa sem modificar o 
resultado.
A partir dos anos 70, o campo de ação da pesquisa etnográfica alarga-se. No que 
diz respeito à escola, o interesse dos pesquisadores centra-se mais nos processos 
47INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
educativos do que na descrição da cultura dos grupos estudados. Analisam 
pormenorizadamente as relações escola, professor, estudante e sociedade com o 
intuito de conhecer profundamente os diferentes problemas que a sua interação 
levanta. 
Vamos observar um exemplo de uma pesquisa etnográfica: O objetivo do 
desenvolvimento desta pesquisa foi mostrar que as práticas da medicina alternativa 
podem concorrer com as práticas da medicina oficial. A Casa do Padre Carlos pode ser 
encarada como uma opção terapêutica, realizando assistência e tratamento médico 
alternativo gratuito a quem a procura. Para a realização deste trabalho, foi feita 
uma pesquisa etnográfica desenvolvida por meio da observação participante junto 
aos médicos e a clientela da Casa do Padre Carlos, em Trancoso. Foram realizadas 
ainda entrevistas com os profissionais de saúde que trabalham no local e entrevistas 
individuais com os doentes em suas próprias residências. 
Pesquisa Etnometodológica
O termo etnometodológica refere-se, nas suas raízes gregas, às estratégias que 
as pessoas utilizam cotidianamente para viver. Tendo essa referência por norte, 
a pesquisa etnometodológica visa compreender como as pessoas constroem ou 
reconstroem a sua realidade social. Os pesquisadores recorrem aos seus métodos 
para tentar compreender o mundo; o ser humano utiliza modelos, manipula 
informação e tem percepções da realidade para viver o seu cotidiano. 
Para a pesquisa etnometodológica, fenômenos sociais não determinam de fora a 
conduta humana. Ela é o resultado da interação social que se produz continuamente 
através da sua prática cotidiana. Os seres humanos são capazes de, ativamente, definir 
e articular procedimentos, de acordo com as circunstâncias e as situações sociais em 
que estão implicados. A conduta humana analisa deste modo os procedimentos aos 
quais os indivíduos recorrem para concretizar as suas ações diárias. A família, por 
exemplo, é encarada como uma atividade social possível de descobrir e conhecer na 
ação e a partir das explicações dadas a seu respeito pelos membros que a compõem 
e a constroem.
A pesquisa etnometodológica baseia-se em uma multiplicidade de instrumentos 
para estudar as ações dos sujeitos em sua rotina. Citando Coulon Matos e Vieira, 
(2001, p. 51) referem-se aos procedimentos da pesquisa etnometodológica em 
educação comuns à etnografia através de observação e análise na busca de várias 
metodologias. 
 
48 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
História oral, história de vida e depoimento pessoal
A história oral é um dos mais tradicionais modos 
de transmissão cultural. Atacada pelos positivistas que 
encontram nela elementos subjetivos, tem sobrevivido ao 
longo dos séculos, o que reforça a razão da sua existência. 
A história oral recupera a subjetividade tantas vezes 
negada pelo positivismo por ser considerada incompatível 
com o conhecimento científico e pertencente à literatura. 
A história oral resulta da cumplicidade entre entrevistador 
e entrevistado numa produção conjunta.
Esta modalidade de pesquisa envolve, como outra qualquer, a elaboração de um 
projeto, a realização de uma investigação exploratória para definir quem entrevistar, 
a preparação de um roteiro de entrevista ajustado às características do entrevistado 
e aos objetivos da entrevista e uma revisão de literatura profunda. A história oral 
inclui a narrativa de vida (na qual o entrevistado relata a sua trajetória de vida), 
sendo que esta pode ser depoimento pessoal (quando o entrevistado direciona as 
respostas para fatos específicos).
Vamos a um exemplo de história oral, história de vida e depoimento pessoal: 
O estudo analisa a construção da identidade de professoras afrodescendentes. A 
pesquisadora analisou as histórias de duas professoras, nascidas na década de 30, 
apresentando trajetórias semelhantes e tendo enfrentado ao longo da vida situações 
graves de preconceito racial. A pesquisa utilizou a abordagem qualitativa, recorrendo 
à história de vida e entrevista aberta. Tentou-se captar memórias subterrâneas das 
professoras, que revelaram episódios significativos - alguns nunca antes revelados 
- sobre suas vidas.
Aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres 
vivos
No Brasil, todas as pesquisas que envolvem seres vivos são regulamentadas: as 
pesquisas com seres humanos seguem as orientações da CONEP e as pesquisas com 
animais seguem orientações do CONCEA.
As pesquisas envolvendo seres humanos devem atender às exigências éticas e 
científicas fundamentais. Para isso vale conhecer a legislação brasileira (acesse o site 
http://conselho.saude.gov.br).
49INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
 A proteção dos direitos dos sujeitos de pesquisa é uma das grandes preocupações 
do Conselho Nacional de Saúde, que através da Comissão Nacional de Ética em 
Pesquisa (CONEP) tem fortalecido a atuação nesta área. 
Os usuários desta ferramenta são: os pesquisadores; os Comitês de Ética em 
Pesquisas (CEPs); A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e a população 
em geral.
Conforme a Resolução 164/12, a eticidade da pesquisa implica em: 
• Respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia, 
reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade sob forma de 
manifestação expressa, livre e esclarecida de contribuir e permanecer ou não na 
pesquisa; 
• Ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais, 
individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o 
mínimo de danos e riscos; 
• Garantia de que danos previsíveis serão evitados; 
• Relevância social da pesquisa garantindo a igual consideração dos interesses 
envolvidos e não perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária. 
Todo procedimento de qualquer natureza envolvendo o ser humano, cuja 
aceitação não esteja ainda consagrada na literatura científica, será considerado 
como pesquisa e, portanto, deverá obedecer às diretrizes da presente Resolução. 
Dessa forma, as pesquisas em qualquer área do conhecimento envolvendo seres 
humanos deverão observar as seguintes exigências: 
• Ser adequada aos princípios científicos que a justifiquem; 
• Estar fundamentada em fatos científicos, experimentação prévia e/ou 
pressupostos adequados à área específica da pesquisa; 
• Ser realizada somente quando o conhecimento que se pretende obter não 
possa ser obtido por outro meio; 
• Prevalecer sempre as probabilidades dos benefícios esperados sobre os 
riscos e/ou desconfortos previsíveis; 
• Contar com o consentimento livre e esclarecido do participante da pesquisa e/
ou seu representante legal, considerando-se os casos das pesquisas que necessitam, 
por suas características, de coleta a posteriori, sempre que justificado;
50 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
• Contar com os recursos humanos e materiais necessários que garantam 
o bem-estar do participante da pesquisa, devendo o(s) pesquisador(es) possuir 
capacidade profissional adequada para desenvolver sua função no projeto proposto; 
• Prever procedimentosque assegurem a confidencialidade e a privacidade, 
a proteção da imagem e a não-estigmatização dos participantes da pesquisa, 
garantindo a não-utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das 
comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou de aspectos 
econômico-financeiros; 
• Ser desenvolvida, preferencialmente, em indivíduos com autonomia plena.
 Indivíduos ou grupos vulneráveis não devem ser participantes de pesquisa 
quando a informação desejada possa ser obtida por meio de participantes com 
plena autonomia, a menos que a investigação possa trazer benefícios diretos aos 
vulneráveis. Nestes casos, o direito dos indivíduos ou grupos que queiram participar 
da pesquisa deve ser assegurado, desde que seja garantida a proteção à sua 
vulnerabilidade e incapacidade civil ou legal.
 Um dos maiores cuidados é respeitar sempre os valores culturais, sociais, 
morais, religiosos e éticos, como também os hábitos e costumes, quando as pesquisas 
envolverem comunidades. Vale destacar que as pesquisas em comunidades, sempre 
que possível, deverão traduzir-se em benefícios cujos efeitos continuem a se fazer 
sentir após sua conclusão.
Quando, no interesse da comunidade, houver benefício real em incentivar 
mudanças de costumes ou comportamentos, o protocolo de pesquisa deve incluir:
• Sempre que possível, disposição para comunicar tal benefício às pessoas e às 
comunidades;
• Comunicar às autoridades competentes os resultados e/ou achados da 
pesquisa, sempre que os mesmos puderem contribuir para a melhoria das condições 
de vida, da coletividade, preservando, porém, a imagem e assegurando que os 
participantes da pesquisa não sejam estigmatizados ou atingidos em sua autoestima; 
• Assegurar aos participantes da pesquisa os benefícios resultantes do projeto, 
seja em termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes 
da pesquisa; 
• Garantir aos participantes da pesquisa as condições de acompanhamento, 
tratamento, assistência incondicional e orientação, conforme o caso, enquanto 
necessário, inclusive nas pesquisas de rastreamento.
51INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe 
tendo consentimento livre e esclarecido dos participantes, indivíduos ou grupos que, 
por si e/ou por seus representantes legais, manifestem a sua anuência à participação 
na pesquisa. 
Entende-se por Processo de Consentimento Livre e 
Esclarecido todas as etapas necessárias para que o 
convidado a participar de uma pesquisa possa 
manifestar-se, de forma autônoma, consciente, 
livre e esclarecida. 
Esse processo é regulamentado pela Comissão Nacional da Ética em Pesquisa 
- CONEP/CNS/MS do Conselho Nacional de Saúde e pelos Comitês de Ética em 
Pesquisa - CEP por ela registrados, compondo um sistema que utiliza mecanismos, 
ferramentas e instrumentos próprios de inter-relação num trabalho cooperativo 
a favor dos participantes de pesquisa do Brasil, de forma descentralizada. Toda 
pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um 
Comitê de Ética em Pesquisa.
As pesquisas que envolvam animais devem ser colocadas para análise de uma 
Comissão de Usos de Animais – CEUA, vinculada ao Conselho Nacional de Controle 
de Experimentação Animal (CONCEA). Este é o órgão integrante do Ministério da 
Ciência e Tecnologia. Entre as suas competências destacam-se a formulação de normas 
relativas à utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa 
científica, bem como estabelecer procedimentos para instalação e funcionamento 
de centros de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animal. 
O Conselho é responsável também pelo credenciamento das instituições que 
desenvolvem atividades nesta área, além de administrar o cadastro de protocolos 
experimentais ou pedagógicos aplicáveis aos procedimentos de ensino e projetos 
de pesquisa científica realizada ou em andamento no país.
O uso de animais em experimentação, no âmbito das atividades de ensino ou 
de pesquisa científica no país, encontra total respaldo nas disposições da Lei nº 
11.794, de 2008, regulamentada pelo Decreto nº 6.899, de 2009 e pelas Resoluções 
Normativas editadas pelo CONCEA.
As orientações sobre os procedimentos éticos estão normalizadas em: 
RESOLUÇÃO No - 1.000, DE 11 DE MAIO DE 2012; AVMA Guidelines on Euthanasia; 
Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais para fins Científicos e 
Didáticos (DBCA); Diretrizes da Prática de Eutanásia do CONCEA.
Para maiores informações, acesse: http://www.mct.gov.br/index.php/content/
view/310553.html
52 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
53INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
O PROJETO 
DE PESQUISA
3
Conhecimentos
Selecionar e compreender o tipo de pesquisa adequada ao objeto de pesquisa;
Compreender as pesquisas nas quais na coleta de dados ocorre através de uma 
interação entre pesquisadores e sujeitos da pesquisa.
Habilidades
Identificar os elementos fundamentais das diretrizes básicas que se baseiam 
em dados fornecidos por pessoas e desenvolver conhecimentos, habilidades e 
competências para a elaboração de um projeto de pesquisa.
Atitude
Desenvolver um projeto de pesquisa utilizando todas as etapas segundo a ABNT.
55INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
A elaboração de um trabalho de pesquisa envolve uma reflexão sobre alguns 
pormenores considerados fundamentais, assim como: título, definição do tema, 
escolha do problema, justificativa, definição dos objetivos e metodologia.
Vamos compreender cada um deles:
Título
O título deve ser cuidadosamente escolhido, mostrando com 
clareza onde, com quem, como e quando se realizará a pesquisa 
a que o projeto se refere. O leitor deve ser capaz de, através do 
título, reconhecer a área de estudo e o tema da pesquisa. Pode-
se distinguir entre o título geral que indica genericamente o teor 
do trabalho e o subtítulo que especifica a temática a abordar 
(GRESSLER, 1989).
Exemplo: 
Título: “O futebol como mecanismo liberatório de tensões”
Indica o que vai ser pesquisado.
Subtítulo: “Um estudo realizado com espectadores da classe operária do Mato 
Grosso do Sul”.
Indica as condições e/ou circunstâncias e local onde será desenvolvido o estudo. 
Definição do tema
O tema da pesquisa é um assunto que se deseja provar ou desenvolver em 
uma área de interesse a ser analisada. O tema necessita ser restrito para que o 
pesquisador possa ter tempo, habilidades pessoais e condições financeiras para 
realizar a pesquisa. Precisa, por outro lado, ser amplo e relevante não apenas para 
o pesquisador, como também para a comunidade e contribuir para o avanço do 
estudo científico.
56 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
Escolha do problema
A pesquisa científica tem início com a formulação de um problema e o objetivo 
de procurar a solução para o mesmo. O problema decorre de um aprofundamento do 
tema selecionado. É uma questão sem solução momentânea para a qual se procura 
uma resposta. O desenvolvimento da pesquisa será orientado com o objetivo de 
encontrar respostas para o problema. A relevância prática do problema encontra-se 
nos benefícios que possam decorrer da sua solução.
Exemplo: 
Tema: “Violência conjugal” 
Problema: “Quais os fatores que levam os maridos a espancarem suas esposas?”
O problema deve apresentar algumas características:
- Deve ser formulado como pergunta. Pode referir-se a: “O que acontece quando...”, 
“Qual a causa de...”, “Como deveria ser... para...”
- Deve ser claro e preciso;
- Deve ser delimitado a uma variável. 
. 
Definição da base teórica e conceitual
A definição da base teórica e conceitual da pesquisa constituirá o quadro de 
princípios, categorias e conceitos que sustentará o seu desenvolvimento, traçando 
as linhas de orientação para um processo que se deseja de reflexão permanente. A 
definição da base teórica e conceitual serve a amplos propósitos: 
• Apresenta ospressupostos teóricos subjacentes ao problema; 
• Demonstra que o pesquisador conhece suficientemente o tema da pesquisa 
e as tradições teóricas que apoiam e envolvem o estudo; 
• Mostra que o pesquisador identificou algumas lacunas no estudo realizado 
sobre a temática selecionada e se após detectar propõe preenchê-la;
• Obriga a redefinir o problema e as hipóteses, embasado no percurso da 
pesquisa.
57INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
A base teórica e conceitual deve na opinião de Severino (2001, p. 162), ser 
“consistente e coerente, ou seja, deve ser compatível com o tratamento do problema 
e com o raciocínio desenvolvido (...) formando uma unidade lógica”. Na definição da 
base teórica e conceitual, o pesquisador, de acordo com Minayo (2001, p. 40), deve 
ser sintético e objetivo, “estabelecendo, primordialmente, um diálogo entre a teoria 
e o problema a ser investigado”.
Formulação de hipóteses
Colocado o problema, o pesquisador formula as suas 
hipóteses. Mas o que é hipótese? 
É uma suposição realizada na tentativa de explicar o que se 
desconhece. De acordo com Rudio (1978, p. 78), “esta suposição 
tem por característica o fato de ser provisória, devendo, portanto, 
ser testada para se verificar sua validade”.
Uma pesquisa pode articular uma ou mais hipóteses, que devem apresentar:
• Conceitos claros;
• Especificidade;
• Não incluir valores morais;
• Serem sustentadas em uma teoria;
• O enunciado da hipótese é estabelecido de forma afirmativa e explicativa. 
Vamos conhecer agora vários tipos de hipóteses.
58 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
Tipos de hipóteses
Hipóteses descritivas - Não podem ser testadas enquanto relação ou associação 
entre variáveis. De acordo com Gressler (1989, p. 53), “este tipo de hipótese conduz a 
explanações essencialmente descritivas, não envolvendo a verificação experimental”. 
De acordo com a mesma autora, é comum encontrar pesquisas descritivas que se 
orientam.
Hipótese central - O índice de evasão escolar aumenta na medida em que diminui 
o grau de instrução do corpo docente e administrativo.
Hipóteses complementares – A evasão escolar na 1a série do 1o grau, quando 
atendida por especialista em alfabetização, é menor do que a evasão escolar da 
referida série quando atendida por professora normalista. A evasão escolar na 1a 
série do 1o grau, em escolas cujo diretor é habilitado, é menor do que em escolas 
onde o diretor é leigo. 
Hipótese de pesquisa ou alternativa - A hipótese de pesquisa é a que o pesquisador 
deseja comprovar. Costuma-se representar a hipótese de pesquisa com o símbolo 
H1. De acordo com Gressler (1989, p. 55), a hipótese de pesquisa “pode ser direcional, 
isto é, estabelecer a direção da hipótese: Vamos a um exemplo: estudantes de origem 
germânica têm aproveitamento superior em ciências se comparados a estudantes 
de origem italiana. Homens apresentam “maior índice de câncer do que mulheres”, 
ou então não direcional, quando estabelece simplesmente a existência da relação 
entre variáveis. Ex.: “Homens e mulheres diferem quanto ao índice de câncer.”
Hipótese nula - Para o estudo da hipótese nula partiremos de um exemplo. Vejamos 
a hipótese de pesquisa ou alternativa (H1): “Existe diferença favorável aos estudantes 
do ensino médio da zona rural em relação aos estudantes da zona urbana no domínio 
de estruturas gramaticais da língua francesa”.
A nossa intenção é comprovar esta hipótese. Contudo, existe a possibilidade 
de que a diferença observada resulte de um erro qualquer. Perante este dilema, foi 
proposta uma solução que se tem revelado eficaz. Tal solução consiste em afirmar o 
contrário do que afirma a hipótese de pesquisa ou alternativa (H1).
Hipótese nula (Ho) - “Não há diferença estatisticamente significativa entre 
estudantes do ensino médio da zona rural e da zona urbana no domínio de estruturas 
gramaticais de língua francesa”. Se pudermos rejeitar esta hipótese, então a hipótese 
de pesquisa será verdadeira. Esta hipótese que contradiz o que é afirmado pela 
hipótese de pesquisa é chamada de hipótese nula e é representada por Ho.
59INTA EAD Metodologia do Trabalho Científico
Exemplo I de hipótese nula
• Hipótese de pesquisa (H1) - “Jovens que se sujeitam a um treino intensivo de 
natação serão melhores nadadores do que aqueles que não receberam treino”.
• Hipótese nula (Ho) - “Não há diferença do desempenho em natação entre os 
jovens que receberam treino intensivo e aqueles que não receberam treino”.
Para demonstrar a hipótese de pesquisa, vamos tomar ao acaso uma amostra de 
jovens e distribuí-los em dois grupos. A um chamaremos experimental e receberá o 
treino e o outro que não receberá treinamento será chamado de controle. 
Exemplo II de hipótese nula
• Hipótese de pesquisa (H1) - “A aprendizagem das crianças está relacionada 
diretamente com a sua idade”.
• Hipótese nula (Ho) - “Não existe diferença entre a aprendizagem das crianças 
independentemente da sua idade”.
Definição de variáveis
Gressler (1989, p. 35) define variáveis como valores, fatos ou fenômenos que, 
numa hipótese, são considerados em sua dimensão de inter-relação causal, de modo 
que um ou mais são determinados como causa e outros como efeito. Refere também, 
a propósito, que as variáveis são sempre quantificáveis, mesmo ao nível primitivo 
da dicotomia. A autora afirma ainda que as variáveis possam ser classificadas de 
acordo a sua aplicabilidade nos desenhos de pesquisa e, consequentemente, na 
formulação de hipótese, de acordo com os seguintes aspectos:
Variável dependente e variável independente
Variável dependente: é o valor, ou fato, numa determinada hipótese, considerado 
como efeito. A variável dependente é a que sofre os efeitos do tratamento e os 
resultados são observados. 
60 Metodologia do Trabalho Científico INTA EAD
Variável independente: “é o fato ou valor que, numa relação inter-causal, é 
a causa ou o tratamento”. É possível que uma variável seja independente em um 
estudo e dependente em outro, de acordo com o propósito da investigação. O 
quociente de inteligência, em estudo sobre o efeito da inteligência na aprendizagem 
de matemática, será a variável independente. Em outro estudo sobre a influência da 
nutrição no desenvolvimento intelectual, o quociente de inteligência será a variável 
dependente.
Variável ativa e variável atributo (variável orgânica)
Esta classificação é feita com base na possibilidade de manipulação da variável. 
A variável ativa pode ser manipulada pelo pesquisador. Como exemplo, número de 
estudantes por classe, sementes por canteiro, duração da hora/aula. Já a variável 
atributo: por sua natureza, não pode ser manipulada pelo pesquisador. Exemplo: 
raça, sexo, idade, altura, etc.
Variável contínua e variável categórica
Esta classificação é feita para fins de análise de dados. A variável contínua permite 
um conjunto ordenado de valores de determinada amplitude (notas escolares, idade, 
altura, temperatura). A variável categórica assume valores descontínuos, integrando 
o tipo de medida denominada nominal. Exemplo: casados e solteiros, adeptos do 
flamengo e do fluminense, nacionalidade, naturalidade, profissão, etc.
Variável estranha ou interveniente
Apresenta-se como uma condição subjacente que se interpõe à variável 
dependente e independente numa determinada hipótese, modificando a relação 
causal entre elas. Um dos objetivos básicos da pesquisa é controlar as variáveis 
estranhas, minimizando, anulando ou isolando as mesmas. Exemplo: comparando 
o artesanato de duas tribos indígenas, um estudante do curso de história tenta 
determinar a influência de uma missão religiosa na continuação da arte.
Será que a continuação da arte resulta da influência da missão ou será o local 
onde habita o número de filhos por família, as visitas de investigadores, o estímulo 
recebido por autoridades municipais para exposição dos trabalhos artísticos? 
Constatamos que múltiplas variáveis estranhas poderão ter contribuído para a 
variável

Outros materiais