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408457261-SILVA-Iolanda-Metodologia-da-Pesquisa-letras-pdf

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Prévia do material em texto

Governo Federal
Dilma Vana Rousseff
Presidente
 
Ministério da Educação
Aluísio Mercadante
Ministro
 
CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Presidente
 
Diretor de Educação a Distância
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
 
 
Governo do Estado
Ricardo Vieira Coutinho
Governador
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
Marlene Alves Sousa Luna
Reitora
 
Aldo Bezerra Maciel
Vice-Reitor
 
Pró-Reitor de Ensino de Graduação 
Eli Brandão da Silva
 
Coordenação Institucional de Programas Especiais – CIPE
Secretaria de Educação a Distância – SEAD
Eliane de Moura Silva
 
Assessora de EAD
Coord. da Universidade Aberta do Brasil - UAB/UEPB
Cecília Queiroz
Metodologia da Pesquisa
Iolanda Barbosa da Silva
Campina Grande-PB
2012
Editora da Universidade 
 Estadual da Paraíba
Diretor
Cidoval Morais de Sousa
Coordenação de Editoração
Arão de Azevedo Souza
Conselho Editorial
Célia Marques Teles - UFBA
Dilma Maria Brito Melo Trovão - UEPB
Djane de Fátima Oliveira - UEPB
Gesinaldo Ataíde Cândido - UFCG
Joviana Quintes Avanci - FIOCRUZ
Rosilda Alves Bezerra - UEPB
Waleska Silveira Lira - UEPB
Universidade Estadual da Paraíba
Marlene Alves Sousa Luna
Reitora
Aldo Bezerra Maciel
Vice-Reitor
Pró-Reitora de Ensino de Graduação 
Eli Brandão
Coordenação Institucional de Programas Especiais-CIPE 
Secretaria de Educação a Distância – SEAD
Eliane de Moura Silva
Assessora de EAD
Cecília Queiroz
Coordenador de Tecnologia
Ítalo Brito Vilarim
Projeto Gráfico
Arão de Azevêdo Souza
Revisora de Linguagem em EAD
Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)
Revisão Linguística
Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)
Diagramação 
Arão de Azevêdo Souza
Gabriel Granja
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL - UEPB
EDITORA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
Rua Baraúnas, 351 - Bodocongó - Bairro Universitário - Campina Grande-PB - CEP 58429-500
Fone/Fax: (83) 3315-3381 - http://eduepb.uepb.edu.br - email: eduepb@uepb.edu.br
001.42
S586m Silva, Iolanda Barbosa da.
Metodologia da pesquisa./ Iolanda Barbosa da Silva; UEPB/ 
Coordenadoria Institucional de Programas Especiais, Secretaria de 
Educação à Distância._Campina Grande: EDUEPB, 2012. 
178 p.: Il. Color.
ISBN 978-85-7879-106-3 
1. Metodologia da Pesquisa. 2. Redação Acadêmica. 3. Normalização. I. Titulo. 
II.EDUEPB/ Coordenadoria Institucional de Programas Especiais.
21. ed.CDD
Sumário
I Unidade
O saber científico e suas explicações lógico-racionais.....................7
II Unidade
O método científico ...................................................................27
III Unidade
Os tipos de métodos e sua aplicação...........................................47
IV Unidade
A pesquisa e a iniciação científica na universidade 
e no cotidiano do educador.........................................................71
V Unidade
Normalização técnica para redação científica: citações, 
notas e referências......................................................................91
VI Unidade
A pesquisa bibliográfica: métodos, técnicas e instrumentos 
de coleta de dados ..................................................................125
VII Unidade
A pesquisa de campo: métodos, técnicas e instrumentos..............143
VIII Unidade
A construção do Projeto de Pesquisa..........................................155
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 7
O saber científico e suas 
explicações lógico-racionais
I UNIDADE
 8 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Apresentação
O homem é capaz de ordenar o seu mundo por meio de explica-
ções sobre as suas experiências, sensações e pensamentos. Essas ex-
plicações permitem ao homem criar sistemas lógico-explicativos orien-
tados por projeções e idéias de tempo, de espaço e de expectativas do 
futuro. 
A construção de saberes é simbólica e dotada de significados e sen-
tidos em torno do mundo que o rodeia, criando assim, o que se chama 
cultura humana. É essa capacidade de pensar e explicar o mundo com 
o qual ele interage que o homem criou o conhecimento que assume 
várias configurações, mas para fins dos nossos estudos o conhecimento 
que irá nos interessar é o saber científico.
Diante disso, criamos uma possibilidade para trabalhar essa disci-
plina na medida em que ela se coloca como um caminho para a ope-
racionalização do pensar científico e um modo de pesquisar e produzir 
o saber – dimensão metodológica da pesquisa.
Ao longo da unidade discutiremos as possibilidades de construção 
do saber científico, buscando criar espaços de debate e reflexão em 
torno deste Conhecimento, como uma produção humana, abordando 
o ordenamento lógico racional de conhecer e explicar as experiências 
do homem em sua interação com o meio, e com outros homens e 
com as suas representações de mundo. Algumas noções básicas serão 
apresentadas para desencadear o conhecimento científico, o debate e 
a reflexão em torno deste saber humano e da complexidade metódica 
que o envolve.
Sendo assim, é importante que você acompanhe o desenvolvimento 
do conteúdo, observando a forma da linguagem dos textos, pois eles se 
propõem a trabalhar o conteúdo da disciplina em sua elaboração didá-
tico-pedagógica. A redação, em alguns momentos, irá diferir de outros 
textos de disciplinas já cursadas, devido à especificidade do conteúdo 
de Metodologia da Pesquisa. A comunicação escrita será marcada pela 
impessoalidade, objetividade e uso de terminologias da linguagem 
científica. O material virá acompanhado de orientações e atividades 
que buscam levá-lo à reflexão e ao uso dessa linguagem. Desse modo: 
•	 oriente-se pelas indicações de linguagem e forma técnica do 
material;
•	 elabore as atividades, trabalhando o conhecimento da lingua-
gem científica que irá sendo apresentado na produção do ma-
terial didático ao longo das unidades;
•	 busque ampliar suas análises, tirando as dúvidas quando ocor-
rerem, em leituras que virão indicadas;
•	 realize sua autoavaliação da aula, utilizando-se do espaço dis-
ponibilizado.
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 9
O estudo sobre o saber científico, o processo histórico das trans-
formações que marcaram a consolidação do saber científico entre os 
séculos XV e XVIII. serão enfocados nesta primeira aula, bem como os 
resultados desse processo ao longo do século XIX, até os dias atuais. 
A unidade será construída com fundamentos teóricos e fragmentos 
de pesquisas científicas, tópicos de reflexão e atividades de verificação 
da aprendizagem que buscam levá-lo a compreender a lógica da Ci-
ência e de seu conhecimento. Desse modo: 
•	 exercite o raciocínio científico na elaboração das atividades;
•	 busque ampliar sua interpretação da ciência, aprofundando-se 
nas leituras indicadas;
•	 realize sua auto avaliação da unidade e contribua com a cons-
trução textual deste material pedagógico.
Objetivos
Pretendemos, ao final desta aula, que você tenha compreendido 
que: 
1. a ciência moderna é um saber datado historicamente e se utiliza 
de métodos cujos princípios operam com uma razão racionali-
zante que instaura uma cultura científica; 
2. o processo de elaboração do saber científico é racional, metó-
dico e sistemático sendo suscetível à verificação; e
3. as aplicações e implicações da ciência estão presentes no seu 
cotidiano.
 10 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
A ciência se torna o saber
autorizado e legítimo para...
Pense nisto!!!
Com a crise das explicações religiosas, a ciência destaca-se como 
conhecimento legítimo, se afirmando como verdade e progresso. As 
descobertas e os efeitos dos novos inventos, como o pára-raios e as va-
cinas, o desenvolvimento da mecânica, da química e da farmácia eram 
amplamente verificáveis, dando credibilidade às atividades científicas 
a partir do século XV, configurando o nascimento da ciência moderna.
Atividade I
Descreva e analise uma situação cotidiana, na qual os inventos da ciência 
estejam presentes. Na descrição procure identificar, também, as aplicações 
e implicações desse(s) invento(s),destacando na sua descrição o(s) tipos de 
linguagem (ns) que o definem como científico.
Reflita!!!
A situação narrada e analisada caracteriza a aplicabilida-
de do conhecimento científico no cotidiano; como também, 
apresenta elementos que se destacam na compreensão da 
funcionalidade e credibilidade desse saber para o homem.
O triunfo da ciência
No século XIX, a ciência alcança o status de discurso instaurador 
de verdades. Isso se deve ao domínio e o número crescente de desco-
bertas, o ritmo das mudanças e as aplicações práticas das ciências da 
natureza em vários campos da vida social. 
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 11
As aplicações práticas do conhecimento científico produzem novos 
olhares sobre o século XIX. Vários domínios da vida cotidiana são mo-
dificados com as descobertas e aplicações da ciência. 
Na agricultura, as técnicas e instrumentos para arar, os adubos e 
defensivos agrícolas permitem o aumento e o planejamento da produ-
ção de alimentos. Enquanto que, a descoberta e o uso de novas fontes 
de energia, como a eletricidade, que aplicada às manufaturas, vem 
acelerar o ritmo da produção, possibilitando a industrialização e o pro-
cesso de urbanização nos centros industriais. Já no campo da comu-
nicação, a invenção do telégrafo e do telefone quebra as barreiras es-
paciais e temporais, aproximando os homens e produzindo novos tipos 
de linguagens que irão possibilitar a comunicação e a interação social. 
Enquanto isso, a medicina moderna, com suas descobertas, formas de 
prevenção e de combate, desenvolve um controle sobre as epidemias 
no Ocidente. Vivemos então o domínio da razão e da experimentação.
Com o advento da industrialização, a ideia de progresso se solidifica 
na expansão de mercados que irão comercializar os produtos industria-
lizados e instituir novos domínios econômicos para o Capitalismo In-
dustrial, utilizando-se das ferrovias e da navegação a vapor, por vários 
continentes, entre eles a Ásia e a África. A construção de um projeto de 
sociedade fundado na razão racionalizante marcou a ciência moderna e 
instituiu o progresso como a razão de ser dessas sociedades e também 
institui com isto a distinção entre os saberes produzidos na dinâmica da 
oralidade e os saberes sistemáticos que serão registrados pela escrita.
Desde então, o conhecimento da ciência se afirma como verdade, 
ou como diria Trujillo (apud LAKATOS, 2000, p. 18) “aproximadamente 
exato”, e como afirma Karl Popper (apud BERVIAN; CERVO, 1996, p. 
30) “[...]. Assim, quando as premissas são verdadeiras, o melhor que se 
pode dizer é que a sua conclusão é, provavelmente, verdadeira.” Desse 
modo, ao buscarmos um outro olhar sobre a Verdade na ciência en-
contramos no fragmento de verso do Poema Lógica de Amélia Império 
Hamburger o seguinte:
[...] 
A verdade, na ciência
é fugidia como um relâmpago.
Revelação na noite escura,
verdade enquanto dura
A luz.
Sempre verdade, num quadro à luz do dia.
Imagem de David Bohn que, em prosa,
Já é poesia 
Fragmento extraído do Jornal on-line da USP. A autora é professora aposentada do Instituto de Física 
da USP. Disponível em <http:www.usp.br/jorusp/arquivo/2007/jusp799/pago809.htm> Acesso em: 
22.ago.2011.
 12 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Atividade II
Comente a suposta verdade científica, considerando o pensamento de Rubem 
Alves (1994, p.11) sobre os cientistas, em particular, os especialistas da 
Educação, considerados as autoridades na área.
[...]. Não precisamos pensar, por que acreditamos 
que há indivíduos especializados e competentes em 
pensar. Pagamos para que ele pense por nós. E 
depois ainda dizem por aí que vivemos numa civili-
zação científica [...]. O que eu disse [...], se aplica 
a tudo. [...] tomam decisões e temos de obedecer 
[...].
Reflita!!!
Sua compreensão e interpretação possibilitam o exercício do 
saber científico ao questionar um problema e buscar parâ-
metros para sua investigação e análise.
Pense nisto!!!
Nem todo conhecimento é científico, mas para que isto ocorra são 
necessários dois pré-requisitos: primeiro, que o campo do conhe-
cimento seja delimitado com objeto de estudo definido e segundo, 
que existam métodos apropriados às investigações desse objeto.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 13
Atividade III
Comente a citação a seguir, refletindo sobre o que é Ciência?
Conhecimento científico é conhecimento prova-
do. As teorias científicas são derivadas de manei-
ra rigorosa da obtenção e experimento. A ciência 
é baseada no que podemos ver, ouvir, tocar etc. 
Opiniões ou preferências pessoais e suposições 
especulativas não têm lugar na ciência. A ciência 
é objetiva. O conhecimento científico é conheci-
mento confiável porque é conhecimento provado 
objetivamente. (CHALMERS, 2000, p. 23)
Reflita!!!
Sua análise se aporta ao conhecimento comum da ciên-
cia, tanto que esse olhar focado no empírico, no observá-
vel, verificável pelos sentidos marcou a Ciência do século 
XVI e XVII com Galileu e Newton e popularizou-se após a 
Revolução Científica.
Como se constrói
o saber científico?
Podemos iniciar a construção de um discurso científico sobre essa ela-
boração do saber, considerando que ele registra fatos, observando-os e de-
monstrando-os, experimentando-os ou não pelas suas causas determinan-
tes. Nesse caso, o saber científico funda-se num trinômio, conforme Bervian; 
Cervo (1996, p.12) “verdade _ evidência _ certeza”. A lógica desse saber 
reside no exercício de realizá-lo pela observação racional e sistemática e no 
controle dos fatos, na sua experimentação e explicação metódica. Isso ocor-
re na atividade intelectual do cientista. Nesse sentido, o fazer ciência acontece 
na atitude científica do investigador diante dos fenômenos investigados.
A ciência cria uma rede discursiva na qual tudo o que não cai nela 
é irreal. O filósofo Hebert Marcuse (apud ALVES, 2000, p. 113) ao fa-
 14 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
lar sobre o homem unidimensional o caracteriza, como “[...] o homem 
que se especializou numa única linguagem e vê o mundo somente por 
meio dela [...]”. O pensador ao falar desse homem o situa no campo 
do sujeito que constrói o discurso instaurador de verdades.
Convidando Rubem Alves (op.cit, p.114) para o debate sobre Ciên-
cia criam-se inquietações para reflexão:
A ciência é um jogo. Um jogo com regras precisas. 
Como o xadrez. No jogo do xadrez, não se admite 
o uso das regras do jogo de damas. Nem do xadrez 
chinês. Ou truco. Uma vez escolhido um jogo e suas 
regras, todos os demais são excluídos. As regras do 
jogo da ciência definem uma linguagem. Elas defi-
nem, primeiro, as entidades que existem dentro dele. 
As entidades do jogo de xadrez são um tabuleiro qua-
driculado e as peças. As entidades que existem dentro 
do jogo lingüístico da ciência são, segundo Carnap, 
‘coisas físicas’, isso é , entidades que podem ser ditas 
por meio de números. Esses são os objetos do léxico 
da ciência. Mas a linguagem define também uma sin-
taxe, isso é, a forma como suas entidades se movem. 
Os movimentos das peças do xadrez são definidos 
com rigor. E assim também são definidos os movi-
mentos das coisas físicas do jogo da ciência.
Atividade IV
Exercite uma atitude científica diante dos problemas enfrentados pelo 
educador no Ensino do uso da Língua Portuguesa em sala de aula. Elabore um 
texto localizando o problema, levantando suas possíveis causas, demonstrando 
como ele ocorre e verificando-o em outros contextos e situações nas quais o 
uso da oralidade e da escrita se configuram como um processo de interação 
social mediado por códigos complexos de linguagem.
Sugestão de consulta e pesquisa para elaboração desta atividade: 
O Blog Língua Portuguesa na Escola traz textos que problematizam o 
Ensino da Língua, ver no http://linguaportuguesanaescola.blogspot.
com/.
dica. utilize o bloco 
de anotaçõespara 
responder as atividades!
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 15
Ciência e sociedade 
A ciência está presente no cotidiano das pessoas. Os estudos e 
os resultados das pesquisas científicas retornam para sociedade; no 
entanto, são as relações entre classes e fragmentos de grupos sociais 
que irão definir os canais de acesso às descobertas científicas e suas 
aplicações.
O conhecimento científico vem sendo organizado conforme Demo 
(1997, p. 62) “em dois sistemas conjugados [...], a partir do século XX 
(grifo nosso): o sistema de produção, com lugar apropriado nas univer-
sidades, e o sistema de socialização desse conhecimento, produzindo 
através, principalmente, da instituição eletrônica e da telemática”. As 
descobertas tecnológicas têm contribuído com a divulgação do conhe-
cimento científico, os meios de comunicação vêm desempenhando o 
papel de intermediadores entre a população e os pesquisadores e têm 
pautado o debate em torno das descobertas, aplicações e implicações 
do saber científico.
A aplicação do conhecimento científico no campo da educação 
pode ser identificado nas pesquisas realizadas nas Universidades, as 
quais buscam tanto desenvolver investigações em torna das tecnologias 
que possam vir a ser incorporados ao processo pedagógico tanto como 
instrumentos de aprendizagem quanto na análise das relações que são 
mediadas neste processo interacional, dinamizado em saberes técni-
cos, práticas sociais e educativas; como também, nas simbologias 
e códigos de linguagem que vão sendo apropriados no cotidiano dos 
sujeitos sociais na contemporaneidade, a exemplo da linguagem usa-
da nas interações mediadas pelas redes sociais em ambientes online. 
Nas redes podemos identificar uma complexa decodificação no uso e 
registro escrito das palavras que compõem o vocabulário da Língua 
Portuguesa. 
Neste sentido, os grupos de pesquisa nas Universidades buscam 
compreender e explicar os processos educativos, sua função e contri-
buições para o ensino-aprendizagem dos indivíduos no âmbito dos es-
tudos sobre a (des) construção da linguagem enquanto processo social. 
Podemos verificar isto, no Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Alfabe-
tização e Letramento da USP, em particular nos resumos das pesquisas 
das Professoras Martha Silene da Silva e Sandra Mutarelli. Vejamos:
 16 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
A formação de grupos e a mediação do 
professor na apropriação da língua escrita 
 
Martha Sirlene da Silva
 O objeto de análise deste estudo são as práticas de 
formação de grupos propostas em sala de aula e o pro-
cesso de intervenção do professor na aquisição da língua 
escrita. O trabalho visa identificar e discutir as concepções 
de ensino, de aprendizagem, de alfabetização e de letra-
mento. Em oposição ao típico reducionismo das práticas 
pedagógicas, parte-se do pressuposto de que a apropria-
ção da língua escrita se faz no estreito vínculo com a vida, 
no contexto das relações históricas, sociais e políticas. No 
confronto com as possibilidades do processo de ensino 
e aprendizagem em situações de mediação e interações 
mais plurais, o mapeamento da prática pedagógica tem a 
intenção de ampliar os subsídios para se repensar a prática 
escolar. Tomando como referencial teórico a concepção 
constitutiva e dialógica da linguagem (Bakhtin e Geraldi) 
e a construção sócio-cultural da linguagem (Vygotsky), a 
pesquisa será realizada com professoras do último estágio 
das classes de Educação Infantil e de primeira série do EFI 
em escolas da rede municipal de São Paulo.
O Ensino de Ciências e a 
Alfabetização de Jovens e Adultos
 
Sandra Mutarelli
 
O trabalho pretende investigar a relação pensamento-
-linguagem intermediada pelo raciocínio científico no pro-
cesso de alfabetização e letramento de jovens e adultos.
Um dos desafios dessa pesquisa é descobrir como articular 
o ensino de Ciência com o ensino da língua escrita. Nossa 
concepção de ensino-aprendizagem de ciência, presente 
no projeto “ABC na educação científica – Mão na Massa”, 
é aquela na qual o educando, diante de um problema, 
deve levantar hipóteses, testá-las experimentalmente, para, 
então, construir seu conceito por meio de um acordo co-
letivo intermediado pelo professor. Nossos estudos prelimi-
nares com adultos mostraram o significativo ganho desses 
educandos, quanto ao seu repertório cognitivo e lingüís-
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 17
tico, organização e expressão da língua escrita durante 
o ensino de Ciência. Nossa hipótese é de que a Ciência 
cumpre um papel fundamental no processo de aquisição 
da linguagem e leitura de mundo 
Analisando os resumos dos projetos de pesquisa das professoras de 
ensino superior da USP, compreendemos que existem estudos científicos 
que orientam a formulação de políticas educacionais conservadoras 
ancoradas em paradigmas positivistas e burocrático-legais focados 
numa aprendizagem do treinamento que consideram a linguagem es-
crita o único caminho capaz de tornar o sujeito portador da condição 
significante e do status social de letrado; mas também, existem ou-
tros estudos que constroem novos olhares sobre as práticas educativas, 
construindo um comprometimento do pesquisador com investigações 
que apresentem viabilidade social, cujos resultados possam vir a contri-
buir com os processos de ensino e aprendizagem na educação básica 
oportunizando um novo sentido para a pesquisa educacional. Desse 
modo, vemos o quanto o conhecimento científico está comprometido 
ou não com a sociedade de seu tempo. 
Enquanto isto, a pesquisa realizada pelas professoras de ensino mé-
dio Maria Lígia F. Santiago e Doris Siqueira Tavares (s.d., p. 54), sociali-
zada na Revista Discutindo Ciência, atesta “que a escassez d’água não 
é um problema exclusivo de regiões áridas, como o Sertão Nordestino”. 
A matéria traz um alerta dos cientistas acerca do cuidado com o aqüí-
fero Guarani, conforme segue:
Em 2004, os países do Mercosul fizeram um acor-
do sobre a exploração da maior reserva de água 
subterrânea do mundo, o aqüífero Guarani. Ele 
prevê medidas de controle de extração da água, 
prevenção da poluição e criação de um banco de 
dados para sua proteção. Esse imenso reservatório 
tem 1, 6 milhão de quilômetros quadrados e dois 
terços estão no Brasil. Os cientistas alertam que é 
preciso muito cuidado para não prejudicar essa 
imensa reserva de água doce. Começando por 
evitar a exploração exagerada, como a perfuração 
de poços artesianos sem controle sanitário, ou bar-
rando a poluição das águas da borda da bacia do 
Rio Paraná, local em que a água do aqüífero quase 
chega à superfície.
Percebemos que as pesquisadoras trouxeram dados importantes 
para discussão da relação entre ciência e sociedade, na medida em 
que os resultados da pesquisa, socializados, alentam para um dos pro-
blemas mais complexos da sociedade contemporânea – a escassez de 
recursos hídricos.
O sistema de socialização do saber científico pode ser visto nesse 
fragmento da reportagem sobre o Soro da Memória como estratégia de 
divulgação de descobertas científicas que podem vir a ratificar expe-
riências do conhecimento cotidiano, mas também problematizam as 
 18 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
aplicações dos resultados da ciência de forma racional, como exemplo 
o aproveitamento dos resíduos alimentares que podem funcionar nou-
tras aplicações e necessidades nutricionais. Vejamos
Rio de Janeiro, década de 20. A Cidade Maravi-
lhosa está nos arquivos da Cinemateca e nos livros 
de História. Imagens de um tempo inesquecível em 
branco e preto. Mas, nas memórias da escritora 
Maria Augusta Machado, de 93 anos, elas estão 
fresquinhas, cheias de cores e detalhes. “Eu lembro 
quando foi declarada a guerra”, conta ela. Neurô-
nios afiados. Quem não gostaria de chegar a essa 
idade como ela? “Conheci o Corcovado sem es-
tátua”, recorda. Grandes vultos do passado? Nas 
lembranças de dona Maria Augusta, parecem ve-
lhos conhecidos. “Ele tinha um chapéumeio incli-
nado. Era um homem baixinho, magrinho, esquisi-
tinho, que ficava vendo as crianças brincarem. Mas 
eu não sabia quem era porque nunca contavam 
às crianças. Era Santos Dumont. Cansei de vê-lo 
sentado”, afirma. Os avanços da medicina estão 
fazendo o homem viver mais e melhor. Mas, às ve-
zes, o cérebro não acompanha, falha, sofre com as 
chamadas enfermidades da velhice, como o Alzhei-
mer, a doença do esquecimento. Para vencer esse 
mal, a ciência está diante do seu maior desafio: 
decifrar o enigma do órgão que comanda nossa 
existência. Desde os primeiros passos, das primei-
ras palavras da infância, a uma vida repleta de re-
alizações, de experiências e memórias, tudo que se 
vive passa pelos misteriosos caminhos do cérebro. 
Segundo os cientistas, o amor, o ódio, o trabalho, 
até um simples movimento de dedo de mão ou um 
passo podem ser traduzidos em impulsos elétricos e 
químicos que acontecem dentro da nossa cabeça. 
São bilhões de neurônios formando um intrincado 
labirinto que a ciência tenta desvendar há cinco 
mil anos. O Globo Repórter percorreu uma parte 
desse extraordinário mapa da vida. Nosso cérebro 
é resultado da vida que levamos. A diferença entre 
a lucidez e a demência pode estar na nossa roti-
na – até mesmo no que comemos. Mas e o que 
bebemos? Nos laboratórios da Universidade do 
Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande 
do Sul, cientistas pesquisam o soro da memória, 
um líquido que pode fazer a cabeça funcionar 
melhor. Concentra componentes poderosos, uma 
espécie de banquete natural para os neurônios. 
“Tem proteínas e lipídios. Essas substâncias, cada 
uma de seu jeito, atuam ajudando os neurônios 
a fazer suas redes. Elas atuam em um momento 
importante, que é a formação de sinapses, justa-
mente quando catalisamos tudo aquilo que vimos 
durante o dia. Apreendemos o conteúdo durante o 
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 19
sono, basicamente”, explica a nutricionista Denize 
Ziegler, da Unisinos. Mas de onde vem a poção 
quase milagrosa? Do soro do leite. “O soro é a 
parte líquida do leite. As pessoas podem pergun-
tar: ‘Como, se o leite todo é líquido?’. Sim, ele 
é líquido, mas é a emulsão de várias substâncias 
dentro de um líquido. Separando a parte branca, 
fica a água do leite”, esclarece a nutricionista. Ci-
ência pura que dá para fazer em casa. Mas aten-
ção: não é qualquer leite que carrega o segredo 
do soro da memória. Leite de caixinha e em pó não 
funcionam. De acordo com os cientistas, o proces-
so industrial acaba com os preciosos ingredientes 
que agem no cérebro. A pesquisadora recomenda 
o leite em saquinho, tipo A ou B. Anote aí a receita 
do soro: - Para cada litro de leite, misture o suco de 
um limão inteiro. 
-Deixe descansar de quatro a doze horas até co-
agular. 
-Depois, separe a parte sólida da líquida com uma 
peneira bem fina. O que sobra é o soro da memó-
ria. “Ele é insípido, não tem gosto. Um gole não faz 
grande feito. O importante dos alimentos que ser-
vem como coadjuvantes da saúde é que eles sejam 
consumidos com o tempo. Estudos mostram que 
em três meses nota-se uma diferença na memória 
e no sono. Tomando meio copo antes de dormir 
durante três meses, há uma diferença interessante. 
Você vai conseguir descansar melhor, deixar o cé-
rebro mais tranqüilo. Em conseqüência disso, vai 
ter um melhor aprendizado das tarefas que você re-
aliza”, diz a nutricionista. Dura de três a cinco dias 
na geladeira. Também pode ser congelado. O pro-
cesso é bem parecido com o que acontece nas fá-
bricas de queijo. Mas qual é o destino dos milhões 
de litros de soro que o Brasil produz todos os dias? 
Na Europa, por exemplo, o soro do leite tem desti-
no nobre: ele é transformado em pó e adicionado 
a massas e biscoitos e também vendido nos mer-
cados como bebida para crianças e adultos. No 
Brasil, apesar de a ciência já conhecer os poderes 
do alimento, o soro da memória acaba na grande 
maioria das vezes jogado aos porcos. Só em uma 
fábrica de queijo 70 toneladas por mês vão para 
o carro-pipa da fazenda da suinocultora Karmen 
Scheuer, em Marques de Souza, Rio Grande do 
Sul. Todo dia tem carregamento. “Quatro mil litros 
custam R$ 20. É barato, mas é uma ajuda para 
laticínios. Se quiséssemos, poderíamos conseguir 
de graça, porque eles têm problemas com o meio 
ambiente. Eles têm que dar sumiço ao produto que 
sobra. É um lixo dos laticínios”, diz a suinocultora. 
Como registrar para sempre as lembranças mais 
importantes? Mas o soro, sozinho, não faz mila-
gre. Em um laboratório da PUC do Rio Grande do 
 20 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Sul, a equipe do professor Iván Izquierdo fez uma 
descoberta surpreendente: a diferença entre as 
lembranças que ficam e as que desaparecem para 
sempre pode depender do que acontece 12 ho-
ras depois. São as 12 horas mágicas da memória. 
Nossos cientistas descobriram que o hipocampo 
produz uma substância que consegue encontrar, 
12 horas depois, no meio da gigantesca teia de 
neurônios, as conexões exatas que formam cada 
lembrança. Se você reviver de alguma forma essa 
lembrança exatas 12 horas depois, a substância 
produzida pelo hipocampo faz as conexões se tor-
narem permanentes. “Primeira coisa: se você está 
interessado em algo que acaba de aprender, pense 
nisso durante o resto do dia e, entre outras coisas, 
12 horas depois. Automaticamente, o cérebro vai 
fazer isso. Se você não estiver mais interessado, 
não pense mais. Aprendeu, tudo bem. Esqueceu, 
tudo bem”, orienta o neurocientista da PUC do Rio 
Grande do Sul. 
Reportagem disponível em: < http://grep.globo.com/Globoreporter/0
,19125,VGC0-2703-20342-3-331559,00.html>. Acesso em 17. set. 
2011.
Atividade V
Comente a reportagem acima, estabelecendo uma relação entre as 
descobertas da ciência em pesquisa realizadas nas Universidades e o papel 
dos meios de comunicação na divulgação do saber científico e na construção e 
operacionalização de uma cultura científica na vida das pessoas.
Reflita!
A ciência como saber sistemático tem uma dimensão política 
e ética. Desse modo, o saber científico busca tanto encontrar 
respostas para problemas que comprometem a organização 
da vida social quanto as implicações desse saber sobre a vida 
das pessoas.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 21
Pense nisto!!!
O avanço da ciência está relacionado às renovações do saber, das 
tecnologias, das técnicas, ampliações de teorias, bem como à prá-
tica e à crítica persistente dos pesquisadores. Esse tipo de postura 
analítica e crítica diante da produção do saber científico é bem co-
mum no ambiente acadêmico e vem contribuindo na identificação 
de problemas na sociedade contemporânea.
Desafios contemporâneos 
da ciência
A ciência enfrenta desafios e paradoxos no mundo contemporâneo, 
século XXI, seus avanços e descobertas podem contribuir com mudan-
ças na ordem biológica e social dos seres; entretanto, esses imperativos 
da ciência causam conflitos éticos e morais na sociedade. Pergunta-se: 
como a sociedade pode participar na definição e no estabelecimento 
de critérios éticos para as pesquisas científicas? Poderíamos sugerir que 
isso possa ocorrer com a definição de prioridades por meio do levanta-
mento das necessidades humanas de seu tempo; como também, consi-
derando os aspectos culturais e sociais de cada povo.
Conforme Alves (2000, p.115) a “ciência é muito boa _ dentro de 
seus precisos limites. Quando transformada na única linguagem para 
conhecer o mundo, entretanto, ela pode produzir dogmatismo, ceguei-
ra e, eventualmente, emburrecimento.” O emburrecimento da ciência 
pode ser compreendido como um modo de pensar e agir que atinge 
e nega as liberdades de criação e expressão do ser homem e da vida 
humana em sua dimensão ética e moral.
Esse debate pode ser visto na entrevista de André Marcelo M So-
ares1 (s.d., p. 55) a Revista Discutindo Ciência, na qual ele discute as 
células – tronco nos limites do benefício,afirmando que:
[...] quando foi comunicado ao mundo o processo 
de clonagem da ovelha Dolly (1997), vários seto-
res da sociedade começaram a debater sobre a 
aplicação dessa técnica em seres humanos. Inicial-
mente, as discussões se davam em torno da pos-
sibilidade de produzir clones para a reposição de 
órgãos. Essa possibilidade, conhecida como clo-
nagem humana reprodutiva, embora se apresente 
1 André é Filósofo, Doutor em Teologia e 
Coordenador-Geral do Núcleo de Bioética 
Dom Hélder na PUC - Rio.
 22 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
com preocupações terapêuticas é, sem dúvida, ab-
solutamente repulsiva do ponto de vista ético. Em 
primeiro lugar, fere a estrutura ontológica do ser 
humano, que não se reduz a um meio terapêutico, 
e, segundo, a compreensão antropológica engloba 
muitas outras funções além da biológica. Diante 
dos problemas éticos impostos pela clonagem, o 
desenvolvimento de pesquisas com células-tronco, 
presentes no organismo já desenvolvidos, surge 
como uma possibilidade diante da utilização de 
embriões clonados. A técnica é, do ponto de vista 
bioético, plenamente admissível e não apresenta as 
interrogações existentes no processo de clonagem. 
Todavia, embora não se faça necessário o uso 
de embriões para a obtenção das células-tronco, 
para alguns especialistas, a eficiência terapêutica é 
maior quando essas células são extraídas durante o 
processo de embriogênesis. Os defensores do uso 
das células-tronco embrionárias entendem ser um 
desperdício o descarte dos embriões obtidos por 
meio da inseminação artificial. Para eles, a destrui-
ção dos embriões é inevitável, então por que não 
aproveitá-los para retirar o material que interessa? 
[...]
Atividade VI
Qual é o seu posicionamento a respeito do discurso que constrói argumentos 
de defesa para as pesquisas com células – tronco? Vale a pena lembrar que 
há pontos de vista discordantes e diversos a serem considerados neste debate 
sobre a importância desta pesquisa. Registre o seu ponto de vista sobre o 
debate.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 23
A produção do conhecimento científico nas universidades e o seu 
retorno para sociedade é um debate recorrente nos espaços de divul-
gação do saber científico. No entanto, alguns desafios emergem tanto 
de natureza ideológica quanto política sobre o papel das universidades, 
particularmente as públicas. Nesse contexto, as universidades buscam 
formalizar parcerias tanto para atender demandas específicas de exclu-
são quanto dar respostas a problemas ambientais e sociais.
Atividade VII
Analise e comente a charge, considerando os desafios da pesquisa científica 
aplicada às demandas contemporâneas da vida social e aos interesses 
políticos da nação. Observe o diálogo entre os personagens para fundamentar 
o seu comentário crítico.
Jornal da Ciência nº 688, 29/04/2011. Disponível em < http://www.jornaldaciencia.org.br/
charges.jsp>. Acesso em: 02. set. 2011.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
 24 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Concluindo a unidade
Ao término dessa unidade se deseja que você tenha adquirido co-
nhecimentos sobre o saber científico que possam orientá-lo na compre-
ensão das implicações desse saber no seu cotidiano.
Até a próxima unidade!!!!
Orientação de Leitura
Orientamos como leituras complementares às discussões apresentadas nesta 
unidade:
DIONNE, J.; LAVILLE, C. A Construção do Saber. Tradução de Heloísa 
Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1999.
Os autores apresentam no capítulo 1 – O Nascimento do Saber 
Científico uma discussão teórica sobre o saber racional e o triunfo 
da ciência. Nesse capítulo, há um aprofundamento em torno da 
construção do saber científico e de seus procedimentos metódicos 
de pesquisa, sistematização e divulgação dos resultados. Já no ca-
pítulo 3 – Ciências Humanas e Sociedade, os autores abordam as 
expectativas da sociedade em relação ao saber científico, à res-
ponsabilidade do pesquisador e as contribuições das pesquisas no 
campo das ciências humanas. 
 
CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Fiker. São 
Paulo: Brasiliense,1993.
O autor aborda no capítulo 1- Indutivismo: ciência como conheci-
mento derivado dos dados da experiência, um debate entre os mé-
todos indutivistas na ciência, aprofundando as discussões sobre os 
parâmetros de verificabilidade e credibilidade do saber científico.
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 25
Revisando as discussões
Nesta unidade aprofundamos as discussões em torno do saber 
científico, suas características e discursos instauradores de verdades. 
Ao debater-se a relação entre ciência e sociedade foram abordadas 
questões relativas à produção, socialização e aplicação do saber cien-
tífico; mas também, foram enfocados os desafios éticos nas pesquisas 
científicas contemporâneas. 
Autoavaliação
Nesta unidade, percorremos os caminhos da ciência. Agora, elabore um 
texto contendo uma síntese das discussões construídas ao longo da aula. Na 
elaboração atente para: o processo histórico; as características da ciência 
moderna, as bases de construção do saber científico, a relação entre ciência e 
sociedade e os desafios enfrentados pela ciência na atualidade.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
 26 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Referências
ALVES, R. Conversas com quem gosta de ensinar. 27. ed. São Paulo: 
Cortez, 1993.
______. Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. 
São Paulo: Brasiliense, 1994.
______. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 4. ed. São 
Paulo: Loyola, 2000.
BERVIAN, P. A.; CERVO, A.L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: 
MAKRON Books, 1996.
CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Fiker. São 
Paulo: Brasiliense, 1993.
DIONNE, J. ; LAVILLE, C. A Construção do Saber. Tradução de Heloísa 
Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev. 
ampl. São Paulo: Atlas, 2000.
SANTIAGO, M. L. F.; TAVARES, D. S. O que diz a conta d’água. 
Discutindo Ciência, São Paulo, ano 1, n. 2, p. 54-5, [entre 2005 e 
2007]. ISSN1808-1002
SOARES, A. M. M. Células-tronco: os limites do benefício. Discutindo 
Ciência, São Paulo, ano 1, n. 1, p. 55, [entre 2005 e 2007]. ISSN 
1808-1002
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 27
II UNIDADE
O método científico 
 28 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Apresentação
Na aula anterior estudamos o Conhecimento Científico 
que foi abordado na perspectiva de sua construção, desco-
bertas e implicações no cotidiano das pessoas e na socie-
dade como um todo. Nesta aula, vamos estudar o caminho 
percorrido pelo saber científico em seu processo de cons-
trução e as possibilidades epistemológicas de produção da 
Ciência. Nesse caso, buscaremos como se produz ciência 
com o uso do Método Científico.
O material desta unidade virá acompanhado de orienta-
ções e atividades que busca levá-lo ao conhecimento e re-
flexão em torno do caminho da ciência: o método científico. 
Desse modo: 
•	 elabore as atividades, sugeridas no material ao longo 
da unidade;
•	 busque ampliar seus estudos, consultando as leituras 
que virão indicadas;
•	 realize sua autoavaliação da aula, utilizando-se do 
espaço disponibilizado.
Nesse momento, vocês são convidados a percorrer os 
caminhos da ciência, conhecendo por meio da teoria o que 
é o Método Científico? 
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 29
Objetivos
Pretendemos, ao final desta aula, que você tenha conhecido e com-
preendido que:
1. não há produção de conhecimento científico sem o uso do mé-
todo científico; 
2. existem perspectivas diferentes na relação entre sujeito e objeto 
do conhecimento;
3. o método científico torna-se o caminho para produção do sa-
ber científico.
 30SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
O que significa pensar 
usando método?
Pense nisto!!!
O homem ao pensar sobre o(s) fenômeno(s)/fato(s) que os circunda 
constrói hipóteses e elabora conjecturas em torno deles, buscando 
encadear as respostas por meio de argumentos lógicos. Ao procurar 
conhecer a(s) verdade(s) sobre o(s) fenômeno(s)/fato(s) o homem cria 
uma sistematicidade no modo de pensar sobre si e a sua relação 
com eles.
Atividade I
Considerando sua experiência de professor, nesse momento, você é convidado 
a pensar sobre a organização dos conteúdos de LINGUA PORTUGUESA em um 
ano letivo no Ensino Fundamental I, II ou no Ensino Médio. Relate como se 
pensa e se ordena a distribuição desses conteúdos em sua escola.
Reflita!!!
O modo como você distribuiu o conteúdo está orienta-
do por etapas sistemáticas de apreensão do conhecimento 
ordenadas por uma lógica de produção do saber científico. 
Essa lógica orienta o modo de conhecer os fenômenos que 
são estudados e a busca de verdades em torno deles. O 
saber elaborado trata de objetos empíricos, de coisas e de 
processos.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 31
O que é o Método Científico? 
A origem da palavra método é grega e significa um conjunto de 
etapas e processos a serem seguidos na apreensão ordenada da re-
alidade na busca da verdade sobre os fenômenos/fatos investigados. 
Nesse caminho de conhecer há uma série de etapas (fases) para se 
tentar resolver um problema, tornado objeto de investigação. Quando 
falamos em método, buscamos explicitar quais são os motivos pelos 
quais o pesquisador escolheu determinados caminhos e não outros.
Diante disso, se compreende que o método, no sentido geral, é 
um conjunto de ações, procedimentos e atividades sistemáticas que 
permitem o ordenamento e alcance de um objetivo no processo de 
construção do conhecimento na ciência. E que a questão do método 
diz respeito a pressupostos que fundamentam o modo de pesquisar e 
são anteriores a coleta de dados na realidade.
Convidando Rubem Alves para discussão sobre o método científico, 
somos levados a um exercício de raciocínio. Observe:
O que eu desejo que você anote é isto: a inspira-
ção mais profunda da ciência não é um privilégio 
dos cientistas, porque a exigência da ordem se en-
contra presente mesmo nos níveis mais primitivos 
da vida. Se não necessitássemos de ordem para 
sobreviver não a procuraríamos. E é somente por-
que a procuramos que a encontramos. [...] Ordens 
distintas, regras diferentes, mundos diferentes. [...] 
Esta é a razão por que a ciência, desde os seus pri-
mórdios, tratou de inventar métodos para impedir 
que os desejos corrompessem o conhecimento ob-
jetivo da realidade. [...] cientistas que só trabalham 
com fatos, que só levam em consideração aquilo 
que pode ser visto, tocado e medido. [...]. (ALVES, 
1994, p. 37-9)
 32 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Atividade II
Usando o raciocínio metódico apresentado por Rubem Alves sobre “as ordens 
distintas, regras diferentes e mundos diferentes,” analise a poesia de cordel 
Aposentadoria do Mané do Riachão de Patativa do Assaré, fazendo correlações 
entre a narrativa dos fatos, por meio da linguagem do cordel, e a crítica ao 
discurso do homem letrado, em seguida registre sua interpretação.
Seu moço fique cliente 
De tudo que eu vou contar
Sou um pobre penitente
Nasci no dia do azar;
Por capricho eu vim no mundo
Perto de um riacho fundo
No mais feio grutião.
E como ali fui nascido,
Fiquei sendo conhecido
Por Mané do Riachão.
Passei a vida penando
No mais cruel padecê,
Como tratô trabalando
Pro felizardo comê.
A minha sorte é torcida,
Pra melhorá minha vida
Já rezei e fiz promessa,
Mas isto tudo é tolice.
Uma cigana me disse
Que eu nasci foi de travessa.
Sofrendo grande canseira
Virei bola de bilhá
Trabalhando na carreira
Daqui pra ali e pra acolá,
Fui um eterno criado
Sempre fazendo mandado.
Ajudando aos home rico.
Eu andei de grau em grau, 
Tal e qual o pica-pau
Caçando broca em angico.
Sempre entrando pelo cano 
E sem podê trabalhá,
Com sessenta e sete ano
Procurei me aposentá.
Fui batê lá no escritório depois eu fui no cartório,
Porém de nada valeu.
Veja o que foi, cidadão,
Que aquele tabelião achou de falá pra eu.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 33
Me disse aquele escrivão 
Franzindo o couro da texta:
_ Seu Mané do Riachão,
Estes seus papéis não presta.
Isto aqui não vale nada,
Quem fez esta papelada
Era um cara vagabundo.
Prá fazê seu aposento,
Tem que trazê documento
Lá do começo do mundo.
E me disse que só dava 
Pra fazê meu aposento
Com coisa que eu só achava
No Antigo testamento. 
Eu que tava prazenteiro
Mode recebê dinheiro,
Me disse aquele escrivão
Que precisava dos nome e também dos sobreno-
me
De Eva e seu marido Adão.
E além da identidade
De Eva e seu marido Adão,
Nome da universidade onde estudou Salomão.
Com outras coisa custosa,
Bem custosa e cabulosa
Que neste mundo revela
A Escritura Sagrada:
Quatro dente da queixada
Que Sansão brigou com ela.
Com manobra e mais manobra
Pra podê me aposentá,
Levá o nome da cobra
Que mandou Eva pecá
E além de tanto fuxico,
O registro e o currico 
De Nabucodonosô,
Dizê onde Le morreu,
Onde foi que ele nasceu
E onde se batizo.
Veja moço, que novela,
Veja que grande caipora
E a pio de todas ela
O sinhô vai vê agora.
Para que eu me aposentasse, 
Disse que també levasse
Terra de cada cratera
Dos vulcão
Do estrangeiro
E o nome do vaqueiro
Que amansou a Besta Fera.
 34 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Escutei achando ruim
Com a paciência fraca,
E ele oiando pra mim
Com os óio de jararaca.
Disse: _ A coisa aqui é braba
Precisa que você saiba
Que eu aqui sou o escrivão.
Ou essas coisa apresenta,
Ou você não se aposenta,
Seu Mané do Riachão.
Veja, moço, o grande horrô,
Sei que vou morrê depressa,
Bem a cigana falou
Que eu naci foi de trevessa.
Cheio de necessidade,
Vou viê da caridade.
Uma esmola, cidadão!
Lhe peço no Santo nome,
Não deixe morrê de fome
O Mané do Riachão.
Ver poesia com ANDRADE, C. H. S.; SILVA, N. J. da.( Orgs). Feira de 
Versos: poesia de cordel. São Paulo: Ática, 2004. 
Reflita!!!
O raciocínio metódico por você desenvolvido na análi-
se da poesia estabeleceu correlações entre fenômenos co-
tidianos e fatos narrados no debate histórico de sua época 
sobre os tipos de saberes. Esses fatos estão presentes na 
narrativa do discurso poético como espaço de informação 
e crítica social. Nesse caso, você atuou como um investi-
gador na busca de relações entre fatos e acontecimentos 
cotidianos de sua realidade..
Pense nisto!!!
A construção de verdades é o propósito da ciência, para isto ela se 
utiliza de métodos sistemáticos que concebem os seres e os fatos 
como estando interligados entre si por certas relações de sentido 
lógico-racional. Nesse caso, cabe ao método encontrar e repro-
duzir encadeamentos lógicos que desvendem essas relações por 
meio do conhecimento ordenado de leis e princípios científicos.
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 35
Podemos perceber que a busca da verdade na ciência moderna 
funda-se em pressupostos que valorizam a razão, experimentação e ob-
servação em torno da investigação de fenômenos/fatos que nos levam 
a exercícios de raciocínio diferenciados. 
A Modernidade trouxe a valorização da experimentação e da obser-
vação (FRANCIS BACON apud CHALMERS, 1993) aliada ao raciocínio 
racionalizante do pensar (RENÉ DESCARTES, 1956 apud CHALMERS, 
1993.) como caminhos legítimos para se fazer ciência. Esse pressu-
posto considerava que o homem seria capaz de descobrir as causas 
dos fenômenos da natureza, descrevendo em leis gerais o seu modo 
de funcionamento. Entretanto, antes desse momento histórico, o pres-
suposto dominante não considerava a observação humana como uma 
possibilidade de produzir saber, pois o único conhecimento possível era 
dado por Deus ao homem,por meio da revelação. 
Conforme Alves (1994), Kepler decifrou o enigma do universo, des-
cobrindo o segredo por meio de uma melodia poética; no entanto, 
foi Galileu que se tornou o especialista em decifrar metodicamente os 
códigos do universo afirmando “que o livro da natureza está escrito em 
caracteres matemáticos” (GALILEU apud idem, op.cit, p. 70). 
Veja-se o trecho de uma carta de Kleper (apud ALVES, op.cit, p. 73) 
falando sobre a melodia do universo:
Os movimentos celestes nada mais são que uma 
canção contínua para várias vozes, percebida pelo 
intelecto e não pelo ouvido; uma música que, por 
meio de tensões discordantes, síncopes e ‘caden-
zas’ [...] progride na direção de certas resoluções 
determinadas, estabelecendo assim certas marcas 
no fluxo imensurável do tempo. Não é de causar 
surpresa, portanto, que o homem, imitando o seu 
Criador, tenha, finalmente, descoberto a arte da 
notação musical, desconhecida dos antigos. O ho-
mem desejava reproduzir a continuidade do tempo 
cósmico dentro de uma breve hora, por meio de 
uma engenhosa harmonia de várias vozes, a fim de 
saborear uma amostra do prazer que o Criador Di-
vino tem em Suas obras, e participar de sua alegria 
fazendo música na imitação de Deus.
O pioneiro a tratar do método na ciência foi Galileu Galilei com o 
método experimental que consiste numa “indução experimental, che-
gando-se a uma lei geral por intermédio da observação de certo nú-
mero de casos particulares” (LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 47). Essa 
concepção de método vem contribuir com a consolidação da Ciência 
Moderna, conforme Alves (op.cit, p.81) “[...], freqüentemente se ouve 
dizer que, em oposição aos filósofos metafísicos da Idade Média, a 
ciência moderna se caracteriza por seu amor aos fatos [...]”.
Se o método, o caminho de conhecer da ciência, de Kepler tivesse 
 36 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
sobressaído é bem provável que o olhar da ciência estivesse voltado 
para contemplação mística, andando de mãos dadas com músicos, 
teólogos e artistas, ao invés das possibilidades criadas com os códigos 
matemáticos de Galileu em tecnologias e técnicas que promoveram 
revoluções trazendo também implicações sociais questionáveis em seus 
resultados. 
Atividade III
Outros gêneros textuais nos permitem conhecer os fatos da história da ciência, 
no caso vamos buscar na Literatura de Cordel fragmentos dessa história. Leia 
os fragmentos dos versos de Gonçalo Ferreira da Silva (2005, p. 33-4) sobre 
GALILEU GALILEI e registre sua interpretação, relacionando-a à discussão da 
unidade.
[...]
Pitágoras e Nicolau
Copérnico, por excelência
na vida de Galileu
tireram grande influência,
eram os três a dose tripla
da mais pura inteligência.
Galileu ao desprezar
a caduca teoria 
do princípio geocêntrico 
grande mergulho daria
nos mistérios insondáveis
do campo da Astronomia.
Porém a contestação 
da aristotélica lei
e o princípio heliocêntrico
de Galileu Galilei
de que a Terra é quem gira
em torno do Astro-Rei.
Provocaram tanto ódio,
tão feroz ira mortal
na cega Igreja Católica
que seus ministros do mal
conduziram Galileu
Galileu ao tribunal.
Diante do tribunal
Galileu foi obrigado
a dizer publicamente
que havia se enganado
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 37
contrariando o princípio
que tinha formulado.
Antes Galileu dissera
com pura e sã consciência
que a Igreja Católica
tão pobre de competência
não tinha elementos para
intrometer-se em ciência.
Reflita!!!
Galileu tornou-se uma referência para Ciência 
Moderna; no entanto, sua concepção de método 
contribuiu para o desenvolvimento de uma ciência 
cujos desdobramentos e implicações sociais foram 
vistos na aula anterior.
As bases epistemológicas 
do método científico
Pense nisto!!!
A Epistemologia como um campo da Filosofia se preocupa com a 
análise e crítica dos pressupostos metodológicos da Ciência Moder-
na. Nesse caso, torna-se importante o conhecimento dos fundamen-
tos que orientam o modo de pensar e de abordar os fenômenos/
fatos investigados pela ciência. 
Na discussão sobre os pólos que compõem o conhecimento cientí-
fico aparece de um lado o homem que se propõe a conhecer (sujeito) 
e do outro a realidade a ser conhecida (objeto). Esse debate inaugura 
na Ciência Moderna caminhos para o conhecimento cujo foco está no 
sujeito, no objeto ou em ambos. Esses caminhos metódicos irão identi-
ficar as bases de construção do saber científico e da pesquisa científica 
na modernidade. 
A Epistemologia traz três perspectivas à compreensão da relação 
 38 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
entre sujeito e objeto do conhecimento. São elas: O empirismo, o ra-
cionalismo e o interacionismo. Vejamos como se caracterizam esses 
tipos de métodos:
a) O empirismo
A compreensão em torno da verdade dos fatos nos encaminha para 
o conhecimento das causas e dos efeitos. David Hume (apud ALVES, 
1994, p. 128) dizia: “[...] todos os objetos com que a razão pode se 
ocupar se classificam em duas gavetas: relação de idéias, o que nos 
abre o campo da lógica e da matemática e matérias de fato, o que nos 
conduz aos eventos do mundo exterior e suas relações.” 
O empirista Hume acreditava que os pensamentos sobre os fatos 
derivam de relações causais fundamentando suas análises em bases 
psicológicas do sujeito humano. Para ele a causa de um fenômeno 
decorre da observação de repetições de sucessões de eventos. Logo, 
supõe nessa perspectiva a primazia do objeto em relação ao sujeito, 
isto é, o conhecimento deve ser produzido a partir da forma como a 
realidade se apresenta ao cientista.
 Nesse sentido, as relações causais poderiam ser descobertas pelo 
investigador/pesquisador tornando a verdade sobre os fatos uma reali-
dade possível de se ordenar na experiência de observação dos fenôme-
nos. No entanto, emerge nesse exercício metódico do saber científico 
um problema: por que tais relações ao serem percebidas e criadas pela 
experiência podem traçar caminhos diferentes? 
Considerando que as relações causais provocam estímulos e tendo 
os seus efeitos compreendidos como respostas, o investigador/pesqui-
sador poderia metodicamente ordenar comportamentos na busca de 
respostas desejáveis ao processo de ensino e aprendizagem na educa-
ção formal. Vejamos se a crítica de Alves (op.cit., p. 129) ao uso desse 
método:
Não se pode negar que o conhecimento de causas 
seja extremamente eficiente. Elas são usadas cons-
tantemente por pais, educadores, torturadores, psi-
cólogos e psiquiatras, vendedores, propagandistas, 
políticos, religiosos _ enfim, todas e quaisquer pes-
soas _ que desejam modificar (não importa que se 
alegue que a mudança é pra melhor!) o comporta-
mento dos outros.
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 39
Atividade IV
Exercitando a crítica ao método causal assista ao filme O Óleo de Lorenzo1 de 
George Miller (1992) observando e relacionando os estímulos causais e as 
respostas esperadas no uso do método dedutivo na busca de soluções para 
problemas humanos, por fim elabore uma sinopse do filme.
Reflita!!!
 A narrativa do filme possibilita ao educador a com-
preensão do método científico e sua aplicação na cons-
trução do saber científico, por meio do teste de hipóteses 
e na formulação de teorias sobre os fenômenos investi-
gados.
b) O racionalismo
Nessa perspectiva o homem enquanto sujeito do conhecimento ou 
a sua atividade de conhecer em relação ao objeto por meio da sua 
capacidade de pensar e avaliar tomando a razão como parâmetro de 
conhecimento torna-se a referência de onde provém o saber. 
Nesse caso, a razão é quem conhece e as experiências são conhe-
cidas. Em primeiro plano está o sujeito (pesquisador) que ordena a 
realidade; dito de outra forma, a realidade se constrói no pensamento 
para depois existir enquanto realidade vivida e experiência compreendi-
da. Nessa perspectiva, a idéia de causa estaria na razão e seria a partir 
desse plano mental de idéiasque a realidade poderia ser construída e 
conhecida como verdade pelo pesquisador.
As ideias racionalistas trazem o sujeito pensante para o espaço da 
produção e construção do conhecimento, Carvalho et. al. parafrasean-
do Descartes (2000, p. 24) diz:
Assim, penso, logo existo, ou seja, minha certe-
za de existência decorre do fato de que eu estou 
pensando. Esta é uma idéia clara e distinta, dirá 
Descartes, uma vez que dela posso duvidar. Todas 
as idéias claras e distintas que descrevem as pro-
priedades definidoras de um objeto são tomadas 
1 Disponível para Download seguindo as 
orientações em <http://www.baixalogofil-
mes.net/como-baixar-no-fileserve/>. Aces-
so em 15. set. 2011. O vídeo está disponível 
no ambiente on-line e no pólo, procure o seu 
tutor.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
 40 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
como verdadeiras e correspondem às coisas em si 
mesmas. Fecha-se, assim, o circuito da dúvida me-
tódica: existe uma correspondência entre a matéria 
e a idéia.
Na Crítica da razão pura (1999) Immanuel Kant considera que a 
ciência produz um conhecimento universal e que não se pode duvidar. 
A razão vem filtrar a realidade restringindo o acesso ao que ela per-
mite, não há conhecimento das coisas em si mesmas, mas como elas 
aparecem diante do sujeito sobre a forma de fenômenos. Nessa pers-
pectiva racionalista, o tempo, o lugar, a substância e a causalidade da 
razão são categorias anteriores à experiência humana. Sendo assim, é 
o sujeito que ordena metodicamente o conhecimento sobre si e sobre 
as coisas.
Com Hegel, a razão é histórica e se construiu na oposição das 
ideias constituintes das transformações e mudanças nos espaços de 
luta, nas revoluções do século XVIII. Ele busca compreender racional-
mente o movimento contraditório de negação (a tese, sua negação e 
a negação da negação) dos acontecimentos humanos, propondo uma 
dialética (método de abordar os acontecimentos humanos) no plano 
do espírito, das idéias de uma época histórica. Hegel (1999) afirmava 
“que o real era racional e o racional era real”. Logo, a verdade estava 
no plano da razão e não da experiência de uma vida material. 
A crítica de Chalmers (1993, p.138) ao pensamento racionalista 
pode contribuir com o debate dessa aula. Vejamos:
O racionalista extremado afirma que há um cri-
tério único, atemporal e universal com referência 
ao qual se podem avaliar os méritos relativos de 
teorias rivais [...]. São científicas apenas aquelas 
teorias capazes de ser claramente avaliadas em ter-
mos do critério universal e que sobrevivem ao teste. 
[...] A verdade, a racionalidade e a ciência, por-
tanto são vistas como sendo intrinsecamente boas.
A perspectiva racionalista limita a percepção do investigador pren-
dendo-o a categorias fechadas (teorias e conceitos) do pensamento, 
isto traz implicações no caminho do conhecimento, particularmente em 
concepções pré-estabelecidas sobre os fatos que não consideraram as 
particularidades e as singularidades dos fenômenos humanos buscan-
do generalizações e universalidade de verdades.
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 41
Atividade V
A análise sobre o método racionalista na prática do educador e no uso do 
material didático de Língua Portuguesa, disponibilizado pelas Secretarias 
de Educação (Ensino Fundamental I e II e Médio) leva-nos a perceber que 
alguns conceitos são trabalhados nos livros didáticos independentes das 
particularidades da oralidade e de sua complexidade cultural nos âmbitos 
regional e local. Descreva no espaço, a seguir, alguns conceitos trabalhados no 
Ensino da Língua Portuguesa nos quais você pode localizar um determinismo 
racionalista, na busca de generalizações e universalismos com o uso das 
palavras e na construção textual destes materiais didáticos.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
Disponível em: Jornal da Ciência, nº 698, 
23/09/11. Disponível em < http://www.
jornaldaciencia.org.br/charges.jsp. > 
Acesso em: 23. set. 2011.
 42 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Atividade VI
Observe a charge e estabeleça uma relação da iconografia com os desafios 
trazidos pela racionalização da vida contemporânea. Registre sua análise e 
interpretação no espaço indicado.
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
c) O Interacionismo
Essa perspectiva considera a produção do conhecimento numa in-
teração entre sujeito (o que conhece) e objeto (o que se dar ao co-
nhecimento) do conhecimento. Nesse sentido o método torna-se um 
caminho marcado por intersecções entre o pesquisador e os fatos inves-
tigados, configurando a realidade como uma possibilidade de verdade, 
mas também nos revela que nas Ciências Humanas sujeito e objeto se 
confundem no processo de pesquisa, já que o sujeito também se torna 
objeto do conhecimento.
O conhecimento por ser uma dimensão interpretativa do sujeito e 
do objetivo que é múltiplo e plural torna-se verdadeiro em circunstân-
cias específicas e pode ser desconstruído ou ressignificado pelo pesqui-
sador a partir do caminho que for traçado na investigação.
As teorias e os conceitos são relativos aos contextos, às ideologias, 
às configurações históricas e às particularidades culturais. As verdades 
da ciência são relativas e historicamente contextuais e, portanto nunca 
neutras. Nesse caso, as Ciências Humanas não precisam se angustiar, 
pois o seu objeto de estudo é de natureza interpretativa e não há ne-
cessidade de se buscar uma objetividade pautada em um dos pólos do 
conhecimento.
O cientista nessa perspectiva é um sujeito impregnado de valores 
e ideologias de sua época histórica e não um ser purificado das con-
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 43
dições plurais que determinam a sua existência como homem e pes-
quisador, quebrando assim com uma suposta neutralidade científica 
enfatizada na perspectiva empirista e racionalista.
Atividade VII
Como a perspectiva interacionista2 pode contribuir com uma análise da 
relação entre os sujeitos (professor e aluno) e o objeto (a aula de português) 
para superação de problemas de aprendizagem? Registre situações que 
caracterizem essa interação e como ela contribui com a aprendizagem no 
coletivo da sala de aula.
Reflita!!!
A descrição e análise dessas situações permitem a 
você desenvolver um raciocínio metódico cuja perspec-
tiva de caminho não está fundada na primazia do sujei-
to ou do objeto, mas numa possibilidade de interação 
entre eles na produção de um saber sobre a sua prática 
pedagógica.
Concluindo a unidade!
Esperamos que você tenha compreendido, nesta unidade, a im-
portância do Método Científico para a construção do saber científico 
e possa vir a exercitar o uso do método na produção de seus conheci-
mentos e de suas pesquisas em sua formação universitária.
2 Ver concepção de interação social na aula 
O1 de Leitura, Análise e Interpretação de 
Textos.
 44 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Orientação de Leitura
Orientamos como leituras complementares as discussões apresen-
tadas nesta unidade:
BERVIAN, P. A.; CERVO, A. L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: 
MAKRON Books, 1996.
Os autores apresentam no capítulo 2 – O Método Científico, uma 
discussão teórica sobre as noções e importância do estudo do mé-
todo, os tipos e os processos de aplicação do método científico. 
LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev.
ampl. São Paulo: Atlas, 2000.
As autoras apresentam uma discussão teórica e densa no capítu-
lo 2 – Métodos Científicos, dos conceitos clássicos sobre Método 
Científico estabelecendo um estudo comparativo entre os tipos de 
Métodos no processo histórico de construção da Ciência Moderna.
Revisando as discussões
Nesta unidade, trabalhamos as concepções de Método Científico, 
conceito e definições a partir de um debate com autores clássicos da 
Metodologia Científica. As definições tornaram-se possibilidades inter-
pretativas à construçãode uma discussão sobre a Ciência Moderna. 
Nesse debate, resgatou-se as bases epistemológicas do Método Cien-
tífico: o empirismo, o racionalismo e o interacionismo. O empirismo 
e o racionalismo partem do princípio de existência de uma realidade 
independente do ponto de vista do pesquisador e que deve ser por este 
alcançada, seja tomando como sua via principal de acesso à percep-
ção ou a razão. Nas duas perspectivas, o sujeito (pesquisador) participa 
do processo de construção do conhecimento. Já o interacionismo es-
tabelece como caminho para produção do conhecimento a interação 
entre sujeito e objeto do conhecimento. Nessa perspectiva, os pontos 
de vista se constroem na desconstrução de uma suposta ausência do 
pesquisador no campo de investigação. Essa possibilidade de caminho 
contribui com as pesquisas no campo das ciências humanas.
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 45
Autoavaliação
Comente o fragmento a seguir, refletindo após as discussões desta unidade 
sobre o que é método científico?
O método científico quer descobrir a realidade dos 
fatos e esses, ao serem descobertos, devem, por 
sua vez, guiar o uso do método. Entretanto, como 
já foi dito, o método é apenas um meio de acesso: 
só a inteligência e a reflexão descobrem o que os 
fatos realmente são. [...] O cientista, sempre que 
lhe falta a evidência como arrimo, precisa ques-
tionar e interrogar a realidade. (BERVIAN; CERVO, 
1996, p. 21)
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
 46 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Referências
ALMEIDA, C.; MASSARANI, L.; MOREIRA, I. de C. Cordel e ciência: a 
ciência em versos populares. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005.
ALVES, R. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. 
São Paulo: Brasiliense,1994.
ANDRADE, C. H. S.; SILVA, N. J. da.(Orgs). Feira de Versos: poesia de 
cordel. São Paulo: Ática, 2004
BERVIAN, P. A.; CERVO, A. L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: 
MAKRON Books, 1996.
CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Fiker. São 
Paulo: Brasiliense, 1993.
CARVALHO, A. M. et al. Aprendendo metodologia científica: uma 
orientação para os alunos de graduação. São Paulo: O Nome da 
Rosa, 2000.
DIONNE, J.; LAVILLE, C. A Construção do Saber. Tradução de Heloísa 
Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
HEGEL, F. W. Hegel. São Paulo: Nova Cultural, 1999. Coleção Os 
Pensadores.
KANT, I. Kant. São Paulo: Nova Cultural, 1999. Coleção Os 
Pensadores.
LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev. 
ampl. São Paulo: Atlas, 2000.
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 47
III UNIDADE
Os tipos de métodos 
e sua aplicação
 48 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Apresentação
Vimos que o método se constitui no caminho de constru-
ção do discurso científico que se utiliza de narrativas escritas 
para registro do saber produzido e como forma de divulgar 
as descobertas da ciência. Sendo assim, o método é a tra-
jetória que o pesquisador percorre para conhecer o objeto 
(fenômeno/fato investigado) em busca de construir um co-
nhecimento racional e sistemático, conforme estudamos na 
unidade anterior. 
O método enquanto construção, resultante de um pro-
cesso por meio do qual o homem procura conhecer a na-
tureza e a sociedade, deve ser compreendido e explicado 
como resultado de relações entre homens em contextos his-
tóricos particulares e singulares; neste caso, a compreensão 
do modo de se pensar e construir o objeto de estudo é fun-
damental para o desenvolvimento da ciência. 
Diante disso, o(s) método(s) se altera(m) refletindo o de-
senvolvimento e as rupturas nos diferentes momentos da his-
tória. Nesta unidade, vamos conhecer os tipos de métodos 
criados no processo de desenvolvimento do homem em bus-
ca do conhecimento científico, partimos então da relação 
que se estabelece entre sujeito e objeto do conhecimento.
Desse modo: 
•	 elabore as atividades sugeridas na unidade, traba-
lhando o conhecimento da linguagem dos métodos 
científicos que irão sendo desenvolvidos ao longo da 
unidade;
•	 busque ampliar seu conhecimento sobre os métodos, 
em leituras que estarão indicadas e comentadas no 
final da unidade;
•	 realize sua autoavaliação na unidade, utilizando-se 
do espaço disponibilizado.
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 49
 Nesse momento, vocês são convidados a percorrer os 
caminhos que possibilitaram a elaboração dos métodos 
científicos, conhecendo por meio da teoria os tipos de mé-
todos: Indutivo, Dedutivo, Hipotético-dedutivo e Dialético e 
suas aplicações.
Objetivos 
Pretendemos, ao final desta aula, que você tenha compreendido 
que:
1. o método é a trajetória percorrida pelo pesquisador na apreen-
são do objeto de análise; 
2. existem métodos diferentes para apreensão dos fenômenos na-
turais e sociais.
 50 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Percebendo o mundo, o 
homem constrói trajetórias 
para conhecer e explicar os 
fenômenos
Pense nisto!!!
O homem cria diversos caminhos para apreender, compreender e 
explicar o que o cerca. Esses caminhos podem ser percorridos por 
pontos diferentes, ora pela razão, ora pela percepção, ou então, 
pela convergência entre esses pontos.
Atividade I
Quando afirmamos que pelo uso da observação sistemática o professor com 
“muitos anos de sala de aula” tem experiência em trabalhar com os conteúdos, 
criamos uma “verdade” sobre a prática do educador, em particular o de 
Língua Portuguesa. Essa suposta “verdade” coloca o foco do conhecimento na 
observação de que o educador com muitos anos de experiência, em sala de aula, 
sabe trabalhar com o conteúdo que leciona junto aos alunos e não necessita de 
teorias para auxiliá-lo. Você concorda com esta afirmação? Por quê?1
Reflita!!!
A sua interpretação sobre a afirmativa já marca uma 
trajetória no seu modo de pensar sobre o fenômeno: práti-
ca do educador. O seu raciocínio seguiu observações par-
ticulares dos espaços educacionais que fizeram parte de 
sua experiência e que influem no seu modo de vê a prática 
educativa, tanto que você provavelmente fez generalizações 
sobre a experiência de “muitos anos de sala de aula”. 
dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
1 Na elaboração desta atividade su-
gerimos ao aluno que consulte o texto 
disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S0100-15742002000200002>
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 51
O Método Indutivo
Conforme vimos, em aulas passadas, Galileu foi o precursor da 
indução experimental; ou seja, do método indutivo. Esse método pre-
vê que pela indução experimental o pesquisador possa chegar a uma 
lei geral por meio da observação de certos casos particulares sobre o 
objeto (fenômeno/fato) observado. Nesse sentido, o pesquisador sai 
das constatações particulares sobre os fenômenos observados até as 
leis e teorias gerais. Podemos concluir que a trajetória do pensamento 
vai de casos particulares a leis gerais sobre os fenômenos investigados, 
possibilitando ao investigador a formulação de explicações generalizá-
veis a partir de casos particulares que foram observados no cotidiano, 
conforme vimos na atividade 1 que você acabou de elaborar. 
Nessa perspectiva, o exercício metódico do conhecer afirma uma 
posição indutiva do sujeito (pesquisador) em relação ao objeto (prática 
de sala de aula), na qual a investigação científica é uma questão de 
generalização provável, a partir dos resultados obtidos por meio das 
observações e das experiências. Francis Bacon foi o “sistematizador do 
Método Indutivo, pois a técnica de raciocínio da indução já existia des-
de Sócrates e Platão”, conforme (LAKATOS; MARCONI, 2000, p. 71).
O exercício do método indutivo requer alguns procedimentos por 
parte do pesquisador, quais:
•	 observação sistemática dos fenômenos;
•	 elaboração de classificações a partir da descoberta de relação 
entre os fenômenos observados;
•	 construçãode hipóteses (verdades provisórias) a partir das rela-
ções observadas;
•	 verificação das hipóteses por meios de experimentações e testes;
•	 construção de generalizações, a partir dos resultados experi-
mentados e testados, servindo como explicação para outros es-
tudos que apresentem casos similares;
•	 confirmação das hipóteses para se estabelecer as leis gerais 
sobre os fenômenos investigados.
Conforme Ferreira (1998), o método indutivo define suas regras e 
etapas a partir de dois pressupostos que se sustentam na idéia da exis-
tência de um determinismo nas leis observadas na natureza, são eles:
1. determinadas causas produzem sempre os mesmos efeitos, sob 
as mesmas circunstâncias e determinações;
2. a verdade observada em situações investigadas, torna-se verda-
de para todo situação universal correspondente. 
 52 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
Os argumentos indutivos criam um exercício para o pensar científico 
cujo caminho é feito de observações particulares (premissa), tomadas a 
priori como verdadeiras, a generalizações conceituais (conclusões) que 
podem ser verdadeiras que seriam verificadas. A verdade não está im-
plícita na conclusão. Veja-se o exemplo clássico de Lakatos; Marconi( 
2000, p. 63):
“Todos os cães que foram observados tinham um coração.
Logo, todos os cães têm um coração” 
Se a premissa “todos os cães que foram observados tinham um 
coração” é verdadeira, ela pode induzir à conclusão “logo, todos os 
cães têm um coração”. Esse determinismo torna-se um obstáculo ao 
uso do método nas Ciências Sociais e Humanas, na medida em que os 
fenômenos sociais variam não possuindo um determinismo intrínseco. 
Dificilmente, as mesmas circunstâncias podem ser verificadas na obser-
vação dos fenômenos de interação humana. Logo, as Ciências Sociais 
e Humanas sentem dificuldade de aplicar os procedimentos orientados 
ao pesquisador numa perspectiva indutiva do saber científico, já que 
o método indutivo procura ampliar o alcance dos seus conhecimentos 
por meio de generalizações conceituais.
Atividade II
Leia e comente se há no fragmento da poesia de cordel de Manoel Monteiro2: 
Salvem a Fauna! Salvem a Flora! Salvem as águas do Brasil!, um raciocínio 
indutivo sobre o fenômeno observado pelo poeta.
Os homens s’tá destruindo
O mar, a terra e os lagos,
Os rios sofrem os estragos
Das matas se consumindo
O ar vai se poluindo,
Não se renova, empobrece, 
A temperatura cresce
E ao mundo sufocará.
_ Em breve o homem terá 
O castigo que merece.
[...]dica. utilize o bloco 
de anotações para 
responder as atividades!
2 Cf. com ALMEIDA, Carla; MASSARANI, Lui-
sa; MOREIRA, Ildeu de Castro (Orgs). Cordel 
e Ciência: a ciência em versos populares. 
Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005. p. 203
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 53
O Método Dedutivo
O conhecimento científico procura conhecer, além do fenômeno 
observado, para isto utilizamos da razão como caminho para chegar à 
certeza sobre a verdade do fenômeno investigado. Essa prerrogativa de 
certeza dada pela razão enquanto princípio absoluto do conhecimento 
originou-se na obra O discurso do método de René Descartes, que 
instituiu a dedução como caminho para o conhecimento. 
O método dedutivo parte das teorias e leis consideradas gerais e 
universais buscando explicar a ocorrência de fenômenos particulares. 
O exercício metódico da dedução parte de enunciados gerais (leis uni-
versais) que supostos constituem as premissas do pensamento racional 
e deduzidas chegam a conclusões. O exercício do pensamento pela 
razão cria uma operação na qual são formuladas premissas e as regras 
de conclusão que se denominam demonstração.
Vejamos o exercício metódico da dedução, com o exemplo clássico 
(LAKATOS, MARCONI, op.cit, p. 63):
“Todo mamífero tem um coração. 
Ora, todos os cães são mamíferos. 
Logo, todos os cães têm um coração.” 
Neste argumento para que a conclusão seja considerada verda-
deira, estabelecemos como condição que todas as premissas sejam 
verdadeiras e que a verdade da conclusão já estava implícita nessas 
premissas. Nesse caso, a conclusão seria falsa se uma das premissas: 
“todo mamífero tem um coração” e “ora, todos os cães são mamíferos” 
fossem falsas. Nesse sentido, a função do método dedutivo é explicar o 
conteúdo de suas premissas, consideradas universais.
 Convidando Rubem Alves (1994, p. 121) para discussão sobre a 
universalidade das premissas dedutivas, ele diz:
[...] Você está enunciando relações pretensamen-
te válidas para todos os fatos, já ocorridas e por 
ocorrer. Seu enunciado tem a propriedade de uni-
versalidade [...] e necessidade [...]. Você enunciou 
uma relação causal. Mas o que o autorizou a pular 
dos enunciados relativos aos fatos passados, para 
o enunciado relativo a todos os fatos, inclusive os 
futuros? Como é que você pulou do alguns para o 
todo? Uma coisa é certa: a conclusão de que o fu-
turo será semelhante ao passado, que a totalidade 
dos casos será semelhante aos alguns que exami-
nei, não é lógica. Dizer que não é lógica é afirmar 
que o enunciado sobre todos não estava contido 
 54 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
no enunciado sobre alguns. Se eu digo: Todos os 
homens são mortais. Sócrates é homem. Sócrates 
é mortal. O raciocínio é lógico. A conclusão esta-
va contida nas duas premissas (as duas afirmações 
anteriores). A passagem do todos para o alguns 
é lógica, demonstrativa, analítica. Será possível o 
caminho inverso?
Atividade III
Reflita, comentando, a letra da música Bandeira Nordestina de Jessier Quirino 
buscando identificar se há um raciocínio dedutivo presente na narrativa 
musical:
Bandeira nordestina
A bandeira nordestina 
É uma planta iluminada
É qualquer raiz plantada 
Mostrando o caule maduro
E quando o sol varre o escuro 
Com luz e sombra no chão
É quando germina o grão
É quando esbarra o machado
É quando o tronco hasteado
É sombra pro polegar
É sombra pro fura-bolo
É sobra pro seu vizinho
É sombra para o mindinho
É sombra prum passarinho
É sombra prum meninote
É sombra prum rapazote
É sombra prum cidadão
É sombra para um terreiro
É sombra pro povo inteiro
Do litoral ao sertão
Essa bandeira que eu falo
Tem cores de poesia
Tem verde-folha-avoada
Amarelo-jaca-aberta
Metodologia da Pesquisa I SEAD/UEPB 55
Em tudo que é vegetal
Tem bandeira desfraldada
No duro da baraúna
No forte da aroeira
No bandejar buliçoso
Das folhas das bananeiras
Das bandeirolas dos coentros
E na marca sertaneja:
O rijo e forte umbuzeiro
Música disponível em: <http://letras.terra.com.br/jessier-
quirino/1219310.> Acesso em: 20 set. 2011.
Reflita!!!
A dedução lógica é um caminho percorrido pelo 
saber científico, no entanto ele apresenta alguns limites 
no campo das Ciências Sociais. Observe sua análise e 
reflita sobre os limites desse raciocínio. 
O Método Hipotético - 
Dedutivo
O método hipotético-dedutivo surge de uma crítica profunda ao 
indutivismo metodológico. Esse método pressupõe o uso de inferências 
dedutivas como teste de hipóteses. Karl Popper (apud FERREIRA, 1998) 
propõe como caminho para essa trajetória metodológica o cumprimen-
to das seguintes etapas:
•	 expectativas e teorias existentes;
•	 formulação de problemas em torno de questões teóricas e em-
píricas;
•	 solução proposta, consistindo numa conjectura; dedução das 
conseqüências na forma de proposições passíveis de teste sobre 
os fenômenos investigados;
•	 teste de falseamento: tentativas de refutação, entre outros meios, 
pela observação e experimentação das hipóteses criadas sobre 
o(s) problema(s) investigado(s).
 56 SEAD/UEPB I Metodologia da Pesquisa
A partir dessas etapas que envolvem a relação entre pesquisador e 
objeto do conhecimento, deduzimos os encaminhamentos metodológi-
cos da pesquisa.
Essas etapas de raciocínio metodológico orientam a discussão em 
torno de onde provém o conhecimento, do pesquisador que apreende 
o real ou do objeto que se impõe como realidade verificável? Nessa 
perspectiva metodológica do método

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