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Investigação em Psicologia Sistêmica

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UNIVERSIDADE DE COIMBRA
MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA
AVALIAÇÃO E TEMAS DE INVESTIGAÇÃO EM PSICOTERAPIA SISTÊMICA
Matheus Henrique Dos Santos
Análise metodológica de artigos: qualitativo, quantitativo e misto
	
COIMBRA
2
2020
Índice
1.	INTRODUÇÃO	3
2.	ANÁLISE DOS ARTIGOS	4
2.1	ARTIGO A1	4
2.2	ARTIGO B2	7
2.3	ARTIGO C2	10
3.	REFLEXÃO CRÍTICA	12
4.	REFERÊNCIAS	16
INTRODUÇÃO
	A presente escrita tem como objetivo a análise e refliexão crítica de três estudos em Psicologia, com foco na investigação de contextos familiares, apoiados em epistemologias sistêmicas. Trata-se de uma atividade avaliativa da unidade curricular “Avaliação e Temas de Investigação em Psicoterapia Sistêmica” do Mestrado Integrado em Psicologia da Universidade de Coimbra, proposta como forma de aproximação ao campo de investigação e aprendizagem das práticas do eixo de Psicologia Sistêmica do curso.
	Tem-se como proposta básica aqui a escolha de um artigo de cada tipo de metodologia científica: quantitativa, qualitativa e mista. Para isso foram disponibilizadas pelas professoras dois artigos de cada método, de modo que fossem escolhidos pelas estudantes um para cada categoria a serem analisados. 
	Após a análise metodológica dos três artigos, visa-se o desenvolvimento de uma reflexão crítica como forma de ampliar o debate das limitações e potencialidades das práticas contemporâneas de investigação científica. Diante disso, busca-se estabelecer uma reflexão crítica da história das ciências, que fortaleça a epistemologia sistêmica enquanto discurso e prática de responsabilidade para com as problemáticas oriundas não só do campo estrito ao conhecimento, mas dos desafios mais amplos da sociedade. 
	Assim, problematiza-se no presente trabalho algumas questões específicas direcionados à contribuição substancial dos estudos aqui analisados, visando refletir quais as redes que ainda dissolvem uma epistemologia pluralista nas estruturas de reprodutibilidade dos paradigmas racionalistas e objetivistas. Para auxílio narrativo, a reflexão contará, no decorrer da discussão, com três questões: Quais são os principais desafios epistemológicos e pedagógicos que o pensamento sistêmico pode se deparar como estancamento de sua potencialidade investigativa e transformadora? Quais são os atravessamentos éticos subjacentes nas estruturas de reprodutibilidade próprias das instituições de ensino? Qual os valores diretos e indiretos da ciência na vida das pessoas, tomando como base os estudos analisados?
	Não se pretende encerrar nenhuma problematização no decorrer do texto, mas apenas apresenta-las como pontos de vista, já que se trata necessariamente de uma epistemologia pluralista. Além disso, espera-se que a leitura e análise dos artigos possam aproximar ainda mais as estudantes de uma prática científica responsável e não reducionista, seja em relação à vida dos sujeitos participantes, seja em relação ao próprio território existencial no qual se vive.
ANÁLISE DOS ARTIGOS
ARTIGO A1
	The relationships between Family financial stress, mental health problems, child rearing practice, and school involvement among taiwanese parentes with school-aged children (Chen & Wei, 2014).
	O artigo apresenta como introdução a revisão bibliográfica acerca das associações entre as variáveis investigadas. Desenvolve brevemente o estado das problemáticas e fenômenos específicos do contexto de investigação - estresse financeiro, problemas de saúde mental, criação infantil e envolvimento na escola - e dá contorno às questões mais específicas do problema de pesquisa próprio do estudo. Trata-se, num primeiro momento, de um levantamento dos estudos acerca do estresse financeiro oriundo das condições de pobreza e das crises econômicas, e sua implicação no bem estar e na saúde mental das pessoas. Seguido a isso, os autores enfatizam - com base nos estudos já realizados - os paralelos entre as práticas de criação das crianças, o envolvimento escolar e os problemas de saúde mental dos pais, no qual apresentam correlações específicas em diferentes níveis. Elas podem ser entre problemas de saúde mental e criação, falta de envolvimento na escola e criação, problemas de saúde mental e envolvimento na escola, entre outros. Em todos os casos demonstram nessa primeira parte, como as condições socioeconômicas estão atravessadas sistematicamente na vida das pessoas, podendo potencialmente impactar as redes psicossociais entre a família, a escola e a comunidade envolvente. Entre as discussões exibidas, enfatizam que há poucos estudos que integram esses construtos como forma de diferenciar as inter-relações específicas entre eles. Além disso, também torna-se relevante pontuar a contextualização cultural específica de Taiwan, pois a criação familiar é mais incentivada, enquanto dever, se comparada ao ocidente.
	Diante disso, o estudo objetiva testar um modelo de mediação do estresse financeiro familiar, os problemas mentais de pais, as práticas de criação das crianças e o envolvimento dos pais na escola usando uma amostra de pais com filhos em idade escolar em uma escola de uma zona rural de Taiwan. Para isso, o modelo evoca três hipóteses: a) o estresse financeiro familiar é positivamente associado com os problemas de saúde mental dos pais; b) problemas de saúde mental dos pais e a criação das crianças tem uma relação negativa; c) problemas de saúde mental dos pais e o envolvimento na escola são negativamente associados. Ademais, também se enfatiza a possibilidade de relação direta entre estresse financeiro, criação e envolvimento na escola.
	Para o levantamento amostral do estudo, recrutou-se 431 participantes com filhos (ou netos e afilhados) na primeira à quarta série de uma escola primária em uma zona rural de Taiwan. Todos foram primeiramente orientados e postos em ciência do estudo por meio da escrita de um consentimento escrito.
	No que se refere à metodologia de coleta de dados, cada variável foi testada por meio de instrumentos específicos. No caso do estresse financeiro familiar, fez-se uso de uma bateria de avaliação de necessidades contendo três indicadores que deveriam ser respondidos em variáveis numéricas de 1 a 4, onde 1 representa “discordo totalmente” e 4 “concordo totalmente”. Os itens avaliados são: “Minha família é pobre e precisa de dinheiro”, “Espero pagar taxas médicas mais baixas para meus filhos quando estiverem doentes ou ferido” e “espero que as mensalidades dos meus filhos sejam reduzidas”. Já os problemas de saúde mental dos pais foram avaliados pela Escala de Classificação de Sintomas Breves (BSRS), dando enfoque para três subescalas específicas do teste. São elas as de sintomas somáticos, de depressão e de hostilidade. Logo após, para submissão da variável de práticas de criação dos filhos, submeteu-se aos participantes um questionário com três itens, sendo eles: “eu forneço a eles as despesas necessárias”, “eu faço tarefas domésticas” e “eu ouço seus pensamentos e angústia”. Por último, de uma forma similar, a variável de envolvimento parental na escola foi também avaliada com base em três itens de um questionário, sendo eles: “você entra em contato com os professores da escola para saber sobre o desempenho de seus filhos na escola”, “você participa de atividades e grupos escolares” e “vocês discute assuntos da escola com os país de outros alunos”. 
	Para análise utilizou-se o LISREL 8 como meio de testagem dos modelos, chegando ao exame de dois modelos estruturais: uma relação direta do estresse financeiro com problemas de saúde mental, que por sua vez deveria impactar as práticas de criação dos filhos e o envolvimento na escola. Já o segundo modelo, como adição já reportada e plausível de ser avaliada na pesquisa, a da relação direta do estresse financeiro com o envolvimento escolar dos pais. Diante disso, se tratando de instrumentos de coleta de dados mensuráveis e análise estatística, se trabalha neste artigo com uma metodologia quantitativa.
	Os resultados mostraram uma associação positiva entre estresse financeiro e os sintomasreferidos na testagem dos problemas de saúde mental dos pais. Também apresentaram uma correlação significativa entre estresse financeiro, criação das crianças e envolvimento escolar. Entretanto, a correlação entre os problemas de saúde mental dos pais, a criação e o envolvimento escolar, diferente do que a hipótese sugeriu, não apresentaram resultados significativos para ser validada. Por último, a criação dos filhos e envolvimento escolar se correlacionaram positivamente.
	Diante disso, a pesquisa traz a atenção para a diferença latente dos resultados já encontrados em estudos ocidentais usados na construção das hipóteses, que relatam a correlação significativa entre estresse financeiro e os problemas de saúde mental dos pais de uma forma que, nessa vetorização, impactassem as práticas de criação e o envolvimento escolar. Entretanto, ao se trabalhar com uma amostra específica de uma comunidade rural de Taiwan e tomando os estudos anteriores para construção hipotética, as alternativas b e c não se sustentam diante da avaliação e análise dos resultados. Isso sugere um olhar atento às diferenças culturais e seus atravessamentos no modo de vida das pessoas, levando em consideração que as práticas cotidianas de determinada comunidade enredam as variáveis estudadas para além das relações nas quais elas foram sistematizadas no estudo. Os autores apontam, nesse caso específico, a influência do pensamento confucionista, que fortalecem a relação de dever para com a criação dos filhos e de envolvimento no desenvolvimento deles, apesar dos aspectos negativos de sofrimento psíquico que os pais podem vir vivenciar. Apesar disso, leva-se em consideração que diante dessas circunstâncias culturais, outras problemáticas podem estar atravessadas, tais como a indisponibilidade para buscar ajuda para as dificuldades financeiras fora do núcleo familiar, ou até em situações mais radicais como os potenciais suicídios ou a ideação deles, visto que estão muito ligados à um dever marcado diretamente pela a ruptura do pertencimento social quando não se dá mais conta das dificuldades financeiras ou da criação do filhos.
	Em geral o estudo aborda a problemática a qual se propõe investigar sempre tomando a devida ciência das limitações possíveis. Se tratando de uma pesquisa que lida com uma objetividade própria de um estudo quantitativo, há um enfoque na avaliação da correlação das variáveis, o que por consequência pode acabar limitando as formas com que os dados levantados podem ser sustentados em termos práticos, visto que os fenômenos passam por diferentes instituições contraditórias muitas vezes, tal como os sujeitos singulares, a família, a escola e a própria cultura (comunidade e sociedade). Penso que, como forma de fortalecer essa abordagem causal do estudo, tornando-o mais integrativo, seria relevante levar em consideração uma revisão bibliográfica interdisciplinar, talvez sugerindo estudos no campo da antropologia e sociologia como estratégia para dar corpo às diferenças culturais já passíveis de serem consideradas e fortalecidas na construção hipotética. Essa afirmação não invalida as referências sinalizadas no trabalho acerca dessas diferenças, mas acrescenta a possibilidade de elas serem consideradas para além da aplicabilidade técnica, levando em consideração as práticas político-sociais dos agentes envolvidos (estado, famílias, comunidades, escola, trabalhadores da saúde e educação) como uma via de participação ativa nas suas demandas psicossociais. À grosso modo, questiono a implicação do estudo científico com os modos de vida nos quais todos nos imbricamos socialmente e não apenas com a construção metodológica em direção à apenas mais um tipo de regime de verdade. A justificativa do estudo pautada pura e simplesmente pela urgência de ampliar os dados já obtidos deixa a desejar, pois ignora a discussão sobre a potencialidade de transformação positiva que a ciência tem na vida das pessoas, não como aplicabilidade e utilidade técnica de manutenção de uma população, mas como compromisso com o sofrimento das pessoas e a vida. Acrescenta-se diante disso, a necessidade da presença de um teor crítico aos aspectos econômicos instituídos pelo contexto, pois não se trata de um fenômeno “fora” da esfera cultural, e nem passível de ser tomado enquanto universalidade através da simples diferença de mais ou menos pobre. O quanto se considera modos de vida que estão mais além dos mecanismos de gestão de populações resumidos em quem é mais pobre ou mais rico? Como as dinâmicas culturais próprias de uma comunidade em direção aos seus modos de vida podem contribuir para o enfrentamento das dificuldades vivenciadas? São algumas das questões sutilmente exploradas na argumentação acerca das limitações da pesquisa no que se refere aos potenciais fatores de proteção identificados, tais como resiliência frente as adversidades, capacidade de resolução de problemas, espiritualidade, flexibilidade, entre outros. Apesar disso, são fatores que poderiam ser mais desenvolvidos e explorados na construção das hipóteses por meio de pesquisas transversais, para além de um foco em dados psicológicos e, em sua maioria, quantitativos.
	Em todo caso, levando em consideração as críticas apresentadas, se sugere o enriquecimento que um estudo misto poderia proporcionar ao presente estudo, já que permitiria interrogar os aspectos narrativos dos sujeitos envolvidos, levando em consideração suas posições de agentes de transformação em nível coletivo diante das dificuldades.
ARTIGO B2
	Building on the hopes and dreams of latino families with young children: findings from Family member focus groups (Gregg, Rugg, Stoneman, 2012).
	Os principais aspectos introdutórios deste artigo têm como base o levantamento de algumas das problemáticas relevantes para abordar a temática das famílias latinas com crianças jovens e suas esperanças e sonhos. É de suma importância, nesse sentido, levar em consideração os preconceitos vivenciados pelas famílias mexicanas-americanas e as vicissitudes de suas experiências culturais. De forma geral, os aspectos culturais, as dificuldades de linguagem e as estruturas básicas pelas quais a educação opera, contribuem significativamente para fortalecer a incomunicabilidade entre as famílias e as escolas. Esses fatores, aliados aos estereótipos correntes dentro da sociedade estadunidense facilitam para que a escola seja mais um fator de exclusão. Diante disso, e como forma de dar sustentação para a proposta de grupos focais aos quais o estudo se dedica em construir, levanta-se um conjunto de referências que identificam as práticas que envolvem uma integração responsável e protetora para as crianças e as famílias latinas. Dentre as pesquisas trazidas na revisão bibliográfica, chama-se a atenção para as medidas de comunicabilidade tomadas pelo corpo escolar, as diferenças específicas entre famílias latinas que não pode se resumir à um rótulo pré-determinado, as dificuldades de linguagem e de interpretação das interações verbais, a importância de se aprender sobre a história e os modos de vida da criança e da família, a importância de reconhecer as crianças como participantes ativos e não apenas como meros receptores.
	Tendo isso em vista, o estudo busca revisar os achados das análises de grupos focais conduzidas com membros de famílias latinas com crianças matriculadas no Head Start Center. O recrutamento foi feito pelo coordenador local do grupo Míreme, compondo quatro grupos focais que variavam de 2 a 8 pessoas, contendo num total de 14 pessoas falantes de língua espanhola. Desses participantes, dez são mães, três pais e uma tia, contemplando um total de 19 crianças.
	A coleta de dados se baseia em dois eixos específicos, o uso de entrevistas e o compartilhamento das respostas nos grupos focais, levando em consideração o engajamento familiar e as descrições familiares, condições de comunicação entre famílias e professores e incentivo a participação e potencialidades das crianças. O espaço nos quais aconteceram os encontros e emergiramas condições narrativas para análise foram uma sala de aula no Head Start Center, prestando a devida atenção aos horários disponíveis para as famílias e com utilização de instrumentos de gravação de vídeo e áudio.
	A análise dos dados foi feita por meio de transcrição e tradução, dando a atenção especial para que a tradução pudesse dar conta da expressividade das famílias e do contexto em questão. No decorrer dos encontros, os conteúdos derivados foram submetidos ao programa de análise de dados qualitativos Atlas ti, baseando-se em uma estratégia dedutiva. A partir disso derivaram-se códigos respectivos às temáticas abordadas pelo questionário, os quais foram organizados em quatro categorias, contendo dois códigos cada. As categorias são 1) conhecimento gerado pela família, contendo os códigos descrições da família/filho e interesses e potencialidades; 2) esperanças e sonhos, com os códigos metas educacionais e “melhor que eu”; 3) reconhecimento de atividades de aprendizado em casa, contemplando os códigos aprendizado doméstico e continuar na escola/aprendizagem orientada por professor; 4) interações casa-escola, com os códigos barreiras e suportes.
	Em linhas gerais, as descrições relacionadas à primeira categoria enfatizaram a percepção dos pais acerca do engajamento dos filhos, seja em relação às atividades nas quais manifestam interesse e expressam potencialidades de desenvolvimento, ou relacionado à motivação com as quais se envolviam em tarefas construtivas ao frequentar o Head Start Center. Já nas questões relacionadas ao fortalecimento familiar, as descrições circulavam o compartilhamento das experiências em casa e as mudanças de atitudes diante das vivências nos grupos. 
Apesar disso, também foram explorados os atravessamentos que extrapolavam a simples relação familiar, tal como as condições socioeconômicas diante do desemprego, o que se mostra, na percepção dos pais, diretamente ligadas às dificuldades para dar conta do desenvolvimento dos filhos. Junto disso, é claramente visível o quanto a comunicação e a normalização das condições de cidadão que os documentos (que faltam a alguns) influenciam na relação das famílias latinas com as instituições, na educação e para além dela, e na construção de esperanças e sonhos potenciais. As implicações diretas com a lei nessa situação podem operar como mecanismos de risco para o bem-estar das famílias e crianças. 
Resumidamente, as categorias também exploraram o desejo de que os filhos pudessem ter uma vida melhor do que os pais, a forma como poderiam reconhecer a aprendizagem em coisas mais amplas da vida cotidiana dos filhos (brincadeiras, esportes, etc), a importância das atividades religiosas como forma de desenvolvimento espiritual e participação em espaços coletivos das famílias, a participação na proteção dos mais novos da família, o envolvimento dos pais nas atividades de casa, o reconhecimento das potencialidades e das fraquezas dos filhos. 
No que se refere aos últimos pontos, vale ressaltar as percepções dos pais acerca das relações que os filhos estabelecem com a escola, se recebem um olhar atento às suas capacidades e apoio para desenvolve-las. Nesse quesito, aparece como fator determinante, na percepção das famílias, as dificuldades de linguagem entre professores e crianças. Ao passo que reconheciam, ao mesmo tempo, o problema ligado à não falarem inglês, ao invés de os professores não falarem espanhol, vendo a si próprios como uma barreira, e não necessariamente a educação que recebiam como práticas carentes de formação em espanhol. Junto a isso, apesar de apresentarem vontade de aprender inglês, o tempo para isso era um problema diante das necessidades de vida cotidiana.
Apesar de se tratar de um número pequeno de participantes, o estudo abarca as condições e os territórios de existência específicos das famílias contempladas, o que o leva a ser considerado como uma reflexão dos desdobramentos culturais nos quais os sujeitos estão inseridos. Por outro lado, é interessante assinalar a importância de se empreender uma abordagem mais específica das dificuldades das famílias em narrar e descrever acerca das potencialidades e carências próprias. Isso poderia ser abordado no estudo ao abrir espaço para que o ambiente escolar fosse um lugar de desenvolvimento também para os pais, não necessariamente por ocuparem a posição similar às dos filhos, mas por intermédio de um reconhecimento dos grupos explorando a capacidade de autoanálise e autogestão dos pais acerca das medidas educativas, e assim direcionar os resultados para a emergência de práticas que fortaleçam esses pontos em paralelo.
No que diz respeito às limitações mais específicas, a abordagem dos autores assume responsavelmente os aspectos a serem ampliados, reforçados e melhorados, tal como empréstimos de etnografia e outras abordagens criativas. Outros aspectos relevantes dizem respeito ao encontro dos professores com as famílias em seus próprios territórios e um plano de acesso ao idioma.
ARTIGO C2
	Family functioning in first-episode psychosis: a systematic review of the literature (Koutra, Vgontzas, Lionis, Triliva, 2014).
	As informações apresentadas na introdução desse trabalho revisam alguns dos conceitos chave para o desenvolvimento investigativo, tal como a reabilitação psicossocial e a forma como interage com as dinâmicas familiares. Isso se mostra importante ao passo que o envolvimento da família se apresenta como fator de impacto no tratamento dos sujeitos em quadros psicóticos, seja negativa ou positivamente. Junto disso, com base no suporte bibliográfico, relata-se o funcionamento próprio dos sintomas de psicose em casos de primeiro episódio (first-episode psychosis - FEP) e os aspectos do desenvolvimento em caso de negligência de tratamentos.
	Dois construtos operam como analisadores básicos no decorrer da argumentação, são ele Emoção Expressa (EE) e Carga Familiar (FB), desenvolvidos durante os anos 60 e 70 para compreensão dos fenômenos – psicose e família – a partir de suas interações. O primeiro constructo diz respeito às críticas, hostilidade e exacerbação emocional entre a família e o paciente, expressando algum tipo de desaprovação dos comportamentos do paciente. Já o segundo trata, grosso modo, da vetorização inversa dos sujeitos em relação ao primeiro, aqui no caso, pela compreensão e análise do impacto do transtorno psicótico nas famílias.
	Tendo isso em vista, o estudo enfatiza o déficit das pesquisas envolvendo o primeiro episódio de psicose e seus intercruzamentos com a vida familiar. Não há, segundo os autores, estudos sistemáticos que dão contra de compreender os papeis que a dinâmica familiar exerce em quadros de crise, de recuperação, e outras formas de manifestação do primeiro episódio psicótico. Nesse sentido, o artigo tem como objetivo revisar estudos que investigam a ligação entre o funcionamento familiar e a psicose de primeiro episódio (FEP).
	Para o desenvolvimento metodológico da pesquisa foi primeiramente elaborada uma pesquisa nos bancos de dados MEDLINE e PsycINFO contemplando artigos de 1990 – 2013. Foram para isso, utilizados termos selecionados em direção à temática abordada, levando em consideração os seguintes critérios de seleção: publicado em um periódico em inglês, data de publicação conforme a seleção indicada, com amostras de paciente com FEP e seus cuidadores; consideração das respostas dos familiares ou contribuição para o membro com a doença, fundamentação em um modelo de família, conceitualizando aspectos de compreensão desses sistemas. Com isso, os levantamentos de artigos revelaram 27 estudos contemplados pelos critérios elegidos, em diferentes modos de seleção, dos quais apenas os trabalhos que avaliavam o funcionamento familiar de paciente com FEP foram organizados para a revisão sistemática deste estudo. 
	No que se refere ao corpo da análise sistemática, os estudos apresentaram variação acerca dos fenômenos, como por exemplo, treze apresentando EE como determinação primária, sete apontando para FB e outros sete em conjuntodos dois constructos. Após a apresentação geral do resultado, o artigo explora os fenômenos mais específicos de cada constructo identificados. Resumidamente, no caso da EE, os achados pontuam as diferenças estatísticas de prevalência das cidades contempladas pelos artigos estudados nessa revisão, cujos dados mostram índices de EE em torno de 30 – 40%. Outras questões também apresentam implicações nos dados, como as condições socioeconômicas, o desemprego, o gênero do cuidador, as crenças relativas à doença, entre outras; incluindo ainda as diferenças relacionadas especificamente com os subitens da Expressão Emocional, sendo cada uma variável na rede de fenômenos variáveis, não necessariamente na mesma proporção entre si. 
	Os achados sobre FB destacam que as responsabilidades de cuidado que as famílias assumiam em suas crenças é um preditor mais significativo do que os sintomas e o sofrimento oriundo da doença. Em geral, da mesma forma como na EE, os resultados aqui são variáveis na medida dos marcados sociais, econômicos, de gênero, faixa etária, crenças e pertencimento cultural, visto que as percepções dos cuidadores sobre a família e a pessoa com FEP acabavam retroalimentadas por essas dinâmicas. 
	Os resultados da revisão sistemática sugerem uma significativa contribuição da família para a recuperação dos pacientes com FEP, por outro lado, um alto índice de Expressão Emocional dos familiares apresenta impactos nas recaídas dos pacientes. Junto disso, ressalva a relevância dos estilos de cuidado que emergem dessas relações, caracterizados como: positivo, envolvido demais, crítico e hostil, que podem ser trabalhados pelos pesquisadores na proposição de otimização das práticas terapêuticas com os pacientes e as famílias. 
Já a Carga Familiar (FB) demonstra inconsistência, visto que primeiros episódios psicóticos dizem sobre manifestações ainda curtas na vivência familiar, sendo uma fator de ampliação das variáveis de FB mais relacionadas às crenças que a família estabelecem acerca do cuidado do sujeito com FEP do que pelo impacto direto da doença e os sintomas nas pessoas envolvidas. Da mesma forma, que EE, na FB os aspectos mais gerais como condição financeira, gênero, cultura, entre outras, podem estar implícitos quando encontrados níveis mais elevados de prevalência.
	As limitações possíveis de serem mediadas nesse caso podem estar no caráter metodológico do estudo e ao que o objetivo se propõe, visto que uma revisão sistemática demanda um levantamento amplo de estudos oriundos de territórios muito distintos, muitas das vezes. Dessa forma, podem não só sustentar junto com isso as incongruências dos estudos de origem, mas as que surgem da própria revisão. Nesse sentido, a emergência de um grande número de variáveis externas na análise e nos resultados podem vir a complexificar a escrita em uma proporção na qual poucas aplicações prático-teóricas podem ser construídas. Ademais, é um consenso geral no âmbito científico as inter-relações entre o contexto familiar, cultural, político, econômico e os graus de sofrimento humano, sendo assim a premissa de que quanto mais um ambiente é nocivo ao sujeito, sugere-se maior o grau de comorbidade que ele manifesta em sua doença precisaria ser abordada para além da revisão. Da mesma forma, quanto maior a comorbidade dos sujeitos, sugere-se que maior seria o impacto na carga familiar, apesar de que para os FEP essa vetorização não seja significativa. 
Caberia aqui também, levar em consideração conceitual os níveis de proteção e resiliência que cada contexto cultural pode manifestar, indo mais além do que a simples constatação de que os planos terapêuticos, em face dos resultados, devem considerar a família a as particularidades de proteção ao casos de psicose.
	Outra possibilidade seria analisar os dados por meio de categorias-sistemas biopsicossocial e abordar os constructos Expressão Emocional e Carga Familiar inseridos nesses níveis, ao invés de inserir os sistemas e subsistemas dos sujeitos e dos familiares dentro das categorias-constructos, como sugerem os subtítulos de análise. Dessa forma as variáveis dos constructos seriam analisadas, por exemplo, a nível singular, a nível familiar, a nível cultural, a nível socioeconômico, nas diferenças de gênero, entre outras. Isso poderia deixar o trabalho mais didático e expositivo para fundamentar as construções de estratégias terapêuticas que vão mais além do simples ato psicológico ou psiquiátrico. Apesar de ser uma afirmação sem conhecimento aprofundado dos artigos base, sugere-se isso como forma de criar uma apreciação mais integrativa dos dados, ao invés de muitos recortes soltos de números e interações dos índices de EE e FB.	
REFLEXÃO CRÍTICA
	O século XX foi um período de convulsões e embaralhamentos paradigmáticos em vastos campos de expressão cultural e política das sociedades ocidentalizadas. Faz parte de uma crise, que se expressa nas transformações tecnológicas, nas atrocidades das guerras mundiais, nas crises ecológicas instauradas pelo desenvolvimento desenfreado (Japiassu, 1988).
 Diante das problemáticas próprias da modernidade, as transformações passam por emergências teórico-práticas, com as inovações nos campos da física oriundas da teoria da relatividade de Einsten (Sommerman, 2005), com a psicanálise desestabilizando o sujeito iluminista e a consciência superior racional, pelos estudos da antropologia estruturalista questionando uma ideia totalitária de cultura na qual existiria um padrão de desenvolvimento onde a Europa seria mais desenvolvida (Chauí, 2000). Até mesmo pela crítica à ideologia - acrescentada pelos estudos materialista-dialéticos - que desestabilizou os paradigmas de um racionalismo otimista do conhecimento que postulavam um sujeito livre e uma ciência neutra e universal (Chauí, 2000). 
Certamente é importante questionarmos as epistemologias e práticas científicas contemporâneas entendendo-as como práxis social, de um ponto de vista mais amplo do que apenas a fórmula do desenvolvimento científico que encontrou limites e teve que reformular suas ideias acerca do que é verdade ou não (Chalmers, 1993). Isso não deixa de ser diferente com o pensamento complexo ou a teoria de sistemas e, a exemplo de Morin, reconhece-se que a visão positivista do conhecimento tem íntima relação com as problemáticas ético-políticas, ecológicas e técnicas que enfrentamos atualmente. Diante disso, impulsiona-se em vários países o reconhecimento das contradições do conhecimento humano e inauguram-se um conjunto de epistemes perspectivistas, relativistas, plurais, existencialistas, multiculturalistas, genealógicas, entre outras, visando novos pontos de referência para a construção artística, política, filosófica e científica. (Japiassu, 1988).
É com base nessas transformações que emergem questionamentos da ideia de verdade objetiva que nós enquanto seres humanos poderíamos acessar. Junto disso, questionam-se as demandas de que cada campo de saber busque ao máximo uma especificidade em relação ao seu objeto, diferenciando-se dos demais e fragmentando a vida em termos procedimentais e técnicos. Além disso, vale ressaltar o que Sommerman (2005) nos lembra da história da ciência ocidental ao apresentar os paradigmas vigentes desde o século XII e as rupturas epistemológicas pelas quais foram submetidos. Essa história contribui para a compreensão de uma certa inconstância das práticas científicas que a própria historiografia já explicita. Essa historicidade da ciência mostra que os sistemas que balizam um discurso de verdade estariam irremediavelmente submetidos às condições políticas, sociais e culturais de determinado território de agência humana. No caso específico aqui, da história do que chamamos “ciência” ou “conhecimento” (como se pudesse haver uma só história) referenciada à historicidade europeia.
Em detrimento disso, as práticas científicas foram com o passar do tempo se abrindo a pluralidade narrativa e criativa, de modo a dar um contorno metodológico à dimensão relativa que o conhecimento veioa assumir. Sendo assim, não se trata de desconsiderar a potencialidade de investigação que os métodos científicos nos legaram, mas dar espaço para a expressividade contextual e sócio-histórica da qual essas práticas emergem, caracterizadas pelo que Deleuze (2005) percebe nas obras de Foucault como estratos ou formações históricas do visível e do enunciável . Tais regimes de coisas e palavras são estipulados por um saber estratificado como agenciamento prático, onde os estratos passados se constituem no presente e se atualizam. Levando isso em consideração, o saber não se resume ao discurso científico, sendo este apenas um dos estratos nos quais o visível e o enunciável se atualizam. A arqueologia das palavras e das coisas, nesse sentido, é a compreensão de que cada enunciado, mesmo que seja suprimido, metaforizado, negado por uma formação história, reconstitui em si mesmo um plano de visibilidade, atualizando-o em direção à formalidade enunciativa configuradas pelas condições no espaço-tempo social que o determinam. Ele não está fora da compreensão, mas acortinado pelo regime enunciativo, a exemplo do nascimento do asilo sob gestão de Pinel, construído para dar um destino aos loucos que andavam à deriva pela sociedade europeia do século XVIII: “Foucault analisava o discurso do ‘filantropo’, que livrava os loucos de suas correntes, sem esconder o outro acorrentamento, mais eficaz, ao qual os destinava” (Deleuze, 2005, pág. 63).
Tomando as referências aqui trazidas, para além das limitações científicas dos artigos analisados, como já dialogadas no decorrer do texto, vale questionar a impessoalidade própria da argumentação científica e sua reprodutibilidade técnica. No caso específico da Psicologia, como Foucault (2008) nos lembra, em que momento se defende mais a gestão de determinações e problemáticas sociais em prol da governabilidade institucional dos corpos, visando torna-los dóceis e produtivos (pessoas postas e calculadas à medida do desenvolvimento individual e tecnológico) do uma ética que toma a vida e sofrimento enquanto balizadores da prática científica? Esse sentido implícito ao texto científico cai diretamente no problema da neutralidade que, por mais que as epistemologias apresentadas aqui tentam questionar, ainda assim se reproduzem no campo institucional acadêmico. Justamente, esse campo próprio, não se determina somente pelo debate esterilizado dos e das cientistas, mas pode estar submetido aos atravessamentos econômicos, às demandas estatais e aos interesses particulares de carreira de grande parte dos pesquisadores. Novamente o impasse aqui cai em uma prática que só reconhece seus limites dentro do que seriam os limites de erro e de verdade, e muito menos a partir das relações de poder que o papel do pesquisador agencia. 
Como esses fatores estão representados nos artigos estudados? Cabe levantar algumas pistas apenas, visto que não se pretende um estudo aprofundado de análise discursiva, mas apenas um espaço de reflexão tal como se propõe. Dentre os aspectos identificados estão, transversalmente, a limitação da formalidade científica: normas de instituições reguladoras da ciência, o reducionismo característico de um artigo, a invisibilização da rede social e cultural do pesquisador e da instituição à qual está vinculado, a validação ética procedimental dos estudos. São elementos de análise que vão de encontro a fundamentação mais coerente das epistemologias complexas, que levam em consideração a profunda cumplicidade entre o poder e o saber. Apesar de qualquer cuidado ético que os estudos científicos podem apresentar, aprovados por instituições, ficam inteiramente a dispor da grande nuvem de pesquisas. A exemplo da história e dos conflitos do século XX, utiliza-se, por meio disso, também a ciência como forma de manutenção populacional, de gestão de territórios de poder, da segurança protetiva do estado e da gestão de enriquecimento das nações, que por sua vez é tangente ao enriquecimento privado (Foucault, 2008). Isso não quer dizer que não haja pesquisas diretamente comprometidas com a vida, mas facilmente o papel de agente político do pesquisador e das pessoas participantes acabam sendo paralelamente usurpados e concedidos às dinâmicas de interesses da sociedade (Morin, 2005).
Existe possibilidade pragmática dos pesquisadores darem conta das transversalidades da prática e da argumentação teórico-prática acerca do campo investigado? É possível levar a autoanálise da posição de saber-poder para qualquer tipo de pesquisa? São essas questões que surgem tendo em vista que as possibilidades críticas nessa escrita precisam assumir o campo pragmático em direção às mudanças sugeridas para estudos singulares. Esse é o caso das pesquisas selecionadas aqui, pois com ou sem uma perspectiva crítica, as instituições ainda vão estar imbricadas nos planos de governo de populações, e isso não assume necessariamente uma moralidade negativa, mas é um fator presente implicitamente na valorização metodológica, e que é excluída das análises. 
Morin (2005) nos apresenta um caminho para o paradoxo entre determinismo e liberdade do pesquisador: um sistema. Segundo o filósofo, esse conceito parte primeiramente de uma ciência da organização, que não é novo, mas que a partir da cibernética assume uma novidade com o conceito de retroação. Tal conceito opera mais além de um sistema de causalidade linear e permite a percepção das causas e efeitos em um formato anelar: “um sistema que se anela em si mesmo cria sua própria causalidade e, por isso, sua própria autonomia” (Morin, 2005, p. 280). Acrescentando como reflexão a isso, o ato científico dessa forma não se trata do isolamento narrativo e experimental de um sistema, mas uma abertura do sistema do qual o saber científico emerge, como circularidade ciência-técnica-indústria-sociedade-ciência, para encontro dos sujeitos, das famílias, da cultura como sistemas, retroalimentados. Teoricamente, pode ser uma forma de embaralhar as cartas da dualidade sujeito-objeto herdada da epistemologia clássica racionalista, entretanto como as instituições (construtoras de procedimentos) se baseiam em manuais de aplicabilidade metodológica, geralmente as práticas ficam trancafiadas em modelos heterogêneos e mais ou menos protocolares. 
De todo modo, enfatiza-se a relevância de uma formação crítico-histórica das ciências como forma de aprimorar a abordagem dos pesquisadores em reconhecer e integrar aos estudos as limitações teórico-práticas, não apenas dos achados científicos, mas da própria posição de saber-poder que assumem diante do que seriam “objetos” de pesquisa. 
REFERÊNCIAS
Chalmers, A. F. (1993). O que é ciência afinal? São Paulo: Editora Brasiliense.
Chauí, M. (2000). Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática.
Chen, J.; Wei, H. (2014). The relationships between Family Financial Stress, Mental Health Problems, Child Rearing Practice, and School Involvement Among Taiwanese Parents with School-Aged Children. Journal of child and Family study. 23:1145-1154. doi 10.1007/s10826-013-9772-8.
Deleuze, G. (2005). Foucault. (1° ed., 5° reimp.). São Paulo: Editora Brasiliense.
Foucault, M. (2008). Segurança, Território, População. São Paulo: Martins Fontes.
Gregg, K.; Rugg, M.; Stoneman, Z. (2012). Building on the Hopes and Dreams of Latino Families with Young Children: Findings from Family Member Focus Groups. Early Childhood Education Journal, 40:87-96. doi 10.1007/s10643-011-0498-1.
Japiassu, H. P. (1988). Introdução ao pensamento epistemológico. (5° ed.). Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves.
Koutra, K.; Vgontzas, A. N.; Lionis, C.; Triliva, S. (2014). Family functioning in first-episode psychosis: a systematic review of the literature. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 49: 1023-1036. doi 10.1007/s00127-013-0816-6.
Morin, E. (2005). Ciência com consciência. (8° ed.). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
Sommerman, A. (2005). A inter e a transdisciplinaridade. X Seminário Internacional de Educação.

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