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/ jusbrasil.com.br 6 de Abril de 2020 O Constitucionalismo Exposição do movimento denominado Constitucionalismo do enfoque dado por diferentes autores. Introdução O trabalho seguinte foi elaborado com finalidade acadêmica para o curso de Teoria do Estado e da Constituição. Este trabalho apresentará uma breve exposição do movimento denominado Constitucionalismo do enfoque dado por diferentes autores: José Joaquim Gomes Canotilho, Kildare Gonçalves de Carvalho, Pedro Lenza e Manoel Gonçalves Ferreira Filho. O tema será divido em duas etapas sendo a primeira o conceito, que abordará o modelo historicista e o individualista expostos por José Joaquim Gomes Canotilho, seguido pela evolução histórica do mesmo, que tratará dos mais importantes pontos desde a antiguidade com o embrião deste movimento idealizado pelos hebreus, passando pela idade média, com a Magna Carta de 1215, a idade moderna com a Petition of Rights de 1628, o Habeas Corpus Act de 1679, o Bill of Rights de 1689 e o Act of Settlement de 1701, chegando, por fim, a idade contemporânea com as constituições liberais e o chamado totalitarismo constitucional, presente nas constituições atuais inclusive na constituição brasileira de 05 de Outubro de 1988. Conceito http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/182387658/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 / Segundo José Joaquim Gomes Canotilho, o constitucionalismo é uma teoria que ergue o principio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização política e social de uma comunidade. Neste sentido, o constitucionalismo transporta, assim, um claro juízo de valor, É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo. A partir do século XVIII, o constitucionalismo moderno considerado um movimento político, social e cultural questiona nos planos político, filosófico e jurídicos os esquemas tradicionais de domínio político, sugerindo, ao mesmo tempo uma nova forma de ordenação e fundamentação do poder político. O constitucionalismo moderno gerou a chamada constituição moderna, que no seu entendimento é uma ordenação sistemática e racional da comunidade política através de um documento escrito no qual se declaram as liberdades e os direitos e se determinam os limites do poder político. O conceito de constituição tem em seu conteúdo os direitos fundamentais, garantias e também as características para tornar o poder limitado e moderado. É indispensável um conceito histórico de constituição, que dar- se-á o conjunto de regras (escritas ou consuetudinárias) e de estruturas institucionais conformadoras de uma ordem jurídico-política num determinado sistema político-social. Então, a constituição pretende ordenar, fundar e limitar o poder político, e garantir os direitos e liberdades de cada indivíduo. O constitucionalismo tem dois temas centrais para serem abordados, a fundamentação e legitimação do poder e a constitucionalização das liberdades. José Joaquim Gomes Canotilho explica esses dois temas centrais através de modelos teóricos – o modelo historicista e o modelo individualista Modelo historicista As características do modelo historicista encontram-se no constitucionalismo inglês, entre elas, a Magna Carta, de 1215, à Petition of Rights, de 1628, do Habeas Corpus Act, de 1679, ao Bill of Rights, de 1689. Todos esses documentos da lei maior vão ser fundamentais para as dimensões estruturantes da “Constituição ocidental”. Dentre as características citadas, os elementos constitutivos são de suma importância. Em primeiro lugar a liberdade pessoal de todos os ingleses e a segurança da http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 / pessoa e dos bens de que se é proprietário (art. 39.º, da Magna Carta). Em segundo lugar, a garantia da liberdade e da segurança impôs a criação de um devido processo legal (Due Process of Law), onde se estabelecem as regras disciplinadoras da privação da liberdade e da propriedade. Em terceiro lugar, a partir da Glorious Revolution (1688-89), o estatuto constitucional ganhou a ideia de representação e soberania parlamentar indispensável à estruturação de um governo moderado. Modelo Individualista Em um primeiro momento, a Revoluçao Francesa procurava edificar uma nova ordem sobre os direitos naturais dos indivíduos, para proteger os cidadãos dos abusos estatais, os direitos individuais são pensados como escudos. Caracterizando o modelo individualista, a ruptura do “antigo regime” e a criaçao de um “novo regime” significa uma nova ordem social e não apenas uma adaptação político-social. No momento mais importante do constitucionalismo, repercute-se a legitimação/fundação do novo poder político. A ordem política é querida e conformada através de um contrato social assente nas vontades individuais. A arquitetura política precisava de um “plano escrito”, de uma constituição que, simultaneamente, garantisse direitos e conformasse o poder político. Torna-se indispensável uma constituição, surge uma das categorias mais modernas do constitucionalismo, o “poder constituinte”. Evolução histórica Antiguidade · Na antiguidade, foi percebido um pequeno embrião do constitucionalismo com o povo hebreu, estabelecendo-se Estado teocrático e limitações ao poder político para assegurar aos profetas a legitimidade para fiscalizar os atos governamentais que extrapolassem os limites bíblicos. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 / · Já no século V a. C, as cidades-estados gregas foram um marco para a democracia constitucional, onde vigorava a democracia direta, na qual o poder político era distribuído igualmente entre todos os cidadãos ativos Idade Média · Magna Carta de 1215 - limitou o poder dos monarcas da Inglaterra, especialmente o do Rei João, impedindo assim o exercício do poder absoluto. Art. 39 – Nenhum homem livre será capturado ou aprisionado, ou desapropriado dos seus bens, ou declarado fora da lei, ou exilado, ou de algum modo lesado, nem nós iremos contra ele, nem enviaremos ninguém contra ele, exceto pelo julgamento legitimo dos seus pares ou pela lei do país. Art. 40 – A ninguém venderemos, a ninguém negaremos ou retardaremos direito ou justiça. Idade Moderna · Destacam-se durante a Idade Moderna, o Petition of Rights, de 1628; o Habeas Corpus Atc, de 1679; o Bill of Rights, de 1689; e o Act of Settlement, de 1701. Além dos pactos, destacam-se as cartas de franquia, também voltados para a proteção dos direitos individuais, mas direitos direcionados a determinados homens, e não sob a perspectiva da universalidade. A diferença, os pactos admitiam a participação de súditos no governo local. Idade Contemporânea · Dada a ideia de constitucionalismo moderno, destacando- se as constituições escritas como instrumentos para conter qualquer arbítrio decorrente do poder. / · Dois marcos históricos importantes e formais do constitucionalismo moderno: a Constituição norte-americana de 1787 e a francesa de 1791 (que teve como preâmbulo a DeclaraçãoUniversal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789), ocorrido durante o Iluminismo e concretizado como uma divergência ao absolutismo, por meio do qual se elegeu o povo como titular legitimo do poder. · Na concepção do constitucionalismo liberal, marcado pelo liberalismo clássico, os seguintes valores: individualismo, afastamento estatal, valorização da propriedade privada e proteção do individuo. Essa perspectiva influenciou profundamente as Constituições brasileiras de 1824 e 1891. · A concepção liberal gerará a concentração de renda e exclusão social, fazendo com que o Estado passe a ser chamado para evitar abusos e limitar o poder econômico. A doutrina denomina essa concepção como segunda geração de direitos e como documento marcante a Constituição do México de 1917 e a de Weimar de 1919, influenciando a Constituição brasileira de 1934 (Estado social de direito). · O constitucionalismo contemporâneo está centrado no totalitarismo constitucional, como por exemplo a Constituição brasileira de 1988. O totalitarismo se pauta no conteúdo social que os textos apresentam, estabelecendo metas a serem atingidas pelo Estado, programas do governo. O surgimento da ideia de proteção aos direitos de fraternidade, conceituados pela doutrina como direitos de terceira dimensão. Conclusão Constitucionalismo é o movimento que tem por escopo, através de textos constitucionais, organizar a comunidade nas esferas políticas e sociais, ao mesmo passo que procura limitar e regular o Poder. É juízo de valor e, por tanto, uma teoria normativa da política. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 / A partir do século XVIII, os movimentos constitucionalistas questionam e enfrentam a ordem vigente até então, revendo estruturas políticas, jurídicas, sociais e filosóficas. O movimento concebe a Constituição Moderna, carta escrita (ou não em modelos onde há uma constituição consuetudinária que se dá através dos costumes e tradições de um povo, como ocorre na Inglaterra) que delimita o poder político, declara as liberdades individuais e guarnece os direitos fundamentais de cada cidadão. Garante e protege também a ordem política, social e jurídica de um determinado Estado. Canotilho é muito preciso e didático ao dividir os movimentos constitucionalistas em dois modelos: Histórico e Individualista. O modelo historicista é exemplificado no constitucionalismo inglês. Os textos de natureza constitucional ingleses repercutem em todos os movimentos ocidentais. Buscavam garantir os direitos individuais, salvaguardando a propriedade e a liberdade de um cidadão, forçando a criação de um devido processo da lei para impedir quaisquer ataques aos seus direitos. Com a Glorious Revolution surge a ideia de um parlamento soberano que representava os anseios da população, conceito fundamental para a organização de um governo civil moderado. O segundo modelo, o individualista, tem origem com a Revolução Francesa. A revolução enunciava uma ruptura com o antigo regime e não uma adaptação política como a inglesa. O movimento constitucionalista francês buscava legitimar a nova ordem política fundada e oferecer proteção contra abusos do Poder Estatal. As garantias individuais são, então, um escudo dado ao cidadão para se proteger dos excessos absolutistas. A nova ordem foi dada por um documento escrito, um contrato social que correspondia aos anseios pessoais dos cidadãos franceses e que deu origem ao conceito de Poder Constituinte. Com a constituição norte americana de 1787 e a constituição francesa de 1791, o constitucionalismo entra na idade contemporânea e adquire a alcunha de “Constitucionalismo Liberal” devido ao caráter liberal dos textos constitucionais produzidos nesse período. Características marcantes das http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 / constituições de essência liberal é o afastamento estatal, valorização da propriedade privada e proteção do individuo. No Brasil percebemos tais valores nas constituições de 1824 e 1891. Com o tempo, o liberalismo exacerbado gera a concentração de renda e a exclusão social das camadas mais baixas, desamparadas e em desvantagem em relação as classes burguesas. Surge um clamor pela intervenção estatal que dá origem as constituições sociais, como a do México em 1917 e a de Weimar em 1919, havendo a formação de uma segunda geração de direitos. Não ficou o Estado brasileiro para trás, redigindo a constituição de 1934 (Estado social de direito). Com a superação do modelo liberal por muitas sociedades, surge o Constitucionalismo Contemporâneo, fundado no conceito de Totalitarismo Constitucional. Os textos constitucionais agora apresentam forte conteúdo social, chegando até a propor metas a serem alcançadas pelo Estado no que tange o bem estar social. Exemplo marcante dessa modalidade constitucionalista é a constituição brasileira de 1988, a constituição “cidadã”. Surgem os direitos de terceira geração. Bibliografia · Direito Constitucional e Teoria da Constituição – José Joaquim Gomes Canotilho; 7.ª Edição; · Direito Constitucional Esquematizado – Pedro Lenza; 12.ª Edição; revista, atualizada e ampliada; Editora Saraiva · Direito Constitucional Didático – Kildare Gonçalves Carvalho; Editora Del Rey · Curso de Direito Constitucional – Manoel Gonçalves F. Filho; Editora Saraiva *Artigo elaborado por Paulo Henryque Correia da Silva. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92083/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-dos-estados-unidos-do-brasil-34 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 / Disponível em: https://paulohenryque77.jusbrasil.com.br/artigos/319950650/o-constitucionalismo
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