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DIREITO CONSTITUCIONAL I Conteúdo 01: Teoria da Constituição O estudo da teoria da Constituição, irá proporcionar a resposta das seguintes indagações: O que é Constituição? Como ela surgiu na historia? 2 Qual a sua função social? Qual a fonte de poder que a produz? A constituição é uma produção da cultura humana, esse produto é o que denominamos de constitucionalismo, ou seja, esse fenômeno de produção da Constituição. Nesse contexto, o estudo do constitucionalismo corrobora para a compreensão do que é Constituição, ou seja, sentimento constitucional. Sentimento constitucional: entendimento que uma determinada sociedade/grupo social tem do que seja a Constituição. Assim, embora não consiga definir expressamente o que é a Constituição, todos têm um sentimento comum da sua importância, hierarquia e dever dentro do Ordenamento Jurídico. - O que se entende por sentimento constitucional? É a maneira pela qual nós entendemos as Constituições. Luiz Roberto Barroso diz ser o resultado último do entranhamento da lei maior na vivência diária do cidadão criando uma consciência comunitária de respeito e preservação da constituição como um símbolo superior de valor afetivo e pragmático. O sentimento constitucional passa pela ideia de uma constituição escrita, de limitação de poderes, de direitos fundamentais. • Documento escrito; • Limitação do poder; • Organização do Estado; • Direitos fundamentais. 1. CONSTITUCIONALISMO Movimento inserido na história ocidental. A palavra Constitucionalismo é uma palavra plurívoca, o que significa dizer que possui vários significados possíveis. Para o professor André Tavares, a palavra constitucionalismo há pelo menos quatro sentidos, a saber: I. Movimento político-social historicamente remoto que tem o objetivo, principalmente, de limitar o poder arbitrário; relação ainda com os direitos fundamentais, posto que esses servem de limite para o Estado. - Há nítida vinculação entre o constitucionalismo e os direitos fundamentais. Os direitos fundamentais são limitações ao Poder Arbitrário. II. Movimento histórico de imposição de constituições escritas: nesse acepção, o constitucionalismo diz respeito 3 ao surgimento de uma Constituição Formal. III. Evolução histórico constitucional de um determinado Estado; movimento histórico que deu ensejo as oito constituições do Ordenamento Jurídico Brasileiro. IV. É aquele que designa os propósitos mais latentes e atuais a função e a posição da Constituição em cada Estado nas diversas sociedades. Nesse viés, o constitucionalismo brasileiro aponta para o papel preponderante da Constituição na formação do Estado Democrático de Direito. Segundo Canotilho, o constitucionalismo é no fundo uma teoria normativa da política, algo que se presta a tornar norma jurídica uma decisão política, se entrelaçando. Existiria uma zona cinzenta entre a política e o Direito Constitucional, isto porque a atuação constituinte que dará ensejo a Constituição, nada mais é do que uma transformação da decisão politica em uma norma jurídica. O que encontramos na Constituição Federal é uma decisão política transformada em jurídica. Constitucionalismo em síntese é o movimento histórico-cultural de natureza jurídica, política, filosófica e social, com vistas à limitação do poder e à garantia dos direitos, que levou à adoção de constituições formais pela maioria dos Estados, especialmente no que concerne à Constituição formal (escrita). O constitucionalismo deu ensejo ao surgimento do conceito de constituição no sentido moderno, que é a Constituição da maneira que conhecemos hoje. Durante o constitucionalismo, a Constituição histórica se transforma em uma constituição moderna, escrita, o que significa que em toda sociedade existe um conjunto de regras de organização desta sociedade e do Estado, mesmo que naquela época não existisse de modo formal. Constituição em sentido material se transforma na constituição em sentido moderno/formal, que é a base do sentimento constitucional que temos hoje no Ordenamento Jurídico. Para Canotilho, a noção do CONCEITO IDEAL DE CONSTITUIÇÃO possui três elementos: I. Documento escrito (formal); II. Garantia das liberdades (previsão de direitos fundamentais) e da participação política do povo (participação popular no parlamento); III. Documento que visa a limitação ao poder (separação de poderes) por meio de programas constitucionais. A doutrina costuma dividir o constitucionalismo em algumas fases. 4 Atenção! Já caiu: (Delegado | AL. 2012. CESPE). O Constitucionalismo moderno surgiu no século XVIII, trazendo novos conceitos e práticas constitucionais, com a separação de poderes, os direitos individuais e a supremacia constitucional. 2. FASES DO CONSTITUCIONALISMO – Constitucionalismo na ANTIGUIDADE CLÁSSICA: (Hebreu, Grego, Romano): nessa fase temos a semente do que vai acontecer na história. É uma fase embrionária; Obs.1. Nessa fase havia apenas ideias embrionárias, que séculos depois iria influenciar na formação da atual fase do constitucionalismo. a) constitucionalismo hebreu; b) constitucionalismo grego; e c) constitucionalismo romano. Todos esses constitucionais foram fundamental para a formação do sentimento constitucional moderno. No Constitucionalismo Hebreu, tínhamos um Estado teocrático, criou limites ao poder politico, limites esses que eram representados pela Lei do Senhor, que era superior a lei comum dos homens, portanto, havia uma ideia de hierarquia das leis. - Lei do Senhor como limite, nascendo à ideia de hierarquia entre as leis. Essa ideia de hierarquia hoje é fundamental, transcrevendo a denominada supremacia constitucional. Noutra banda, no Constitucionalismo Grego já averiguamos a ideia de democracia. Nas cidades EstadosGregas existia mecanismos de democracia direta, os cidadãos gregos pessoalmente exerciam a democracia. Inclusive, houve a realização de sorteio de determinadas funções públicas perante os cidadãos, os quais seriam “escolhidos/sorteados” para exercerem determinadas funções durante um período. Por fim, no Constitucionalismo Romano, encontramos uma fase embrionária da ideia de separação de poderes, especificadamente, no tocando a separação do poder entre os Cônsules, Senado e o Povo. 5 – Constitucionalismo ANTIGO (Séc. XIII ao Séc. XVIII); se firma com a fase do constitucionalismo moderno. Marcos: 1º Marco inicial – ocorre no séc. XIII com a Carta Magna de 1215; 2º Marco final – ocorre no séc. XVIII, com a Constituição Americana (1787) e Francesa (1791), que inauguram o constitucionalismo moderno: são as primeiras constituições escritas em sentido formal. Essas constituições formais é que inauguram a fase do constitucionalismo moderno. – Constitucionalismo moderno (a partir do Séc. XVIII): é aqui que surge a primeira constituição formal (escrita) que a Constituição norte-americana e francesa. Inaugurado com o final do constitucionalismo antigo, já com as Constituições escritas, a CONSTITUIÇÃO em seu conceito ideal/moderno, vai ganhar impulso fundamental. No constitucionalismo da idade média surgem os grandes movimentos constitucionais decisivos para formatar a ideia de constituição em sentido moderno: *Constitucionalismo inglês; *Constitucionalismo norte-americano; *Constitucionalismo francês. No CONSTITUCIONALISMO INGLÊS, também denominado de constitucionalismo historicista, os principais documentos históricos foram: – Magna Charta - 1215 (inspirada na primeira): foi o primeiro movimento escrito no qual o rei reconheceu limites ao poder real. Ela não foi uma constituição e sim um contrato de domínio firmado entre João sem Terra e os Barões. Este contrato ficou conhecido como osartigos dos Barões. Envolvia questões tributárias. (Carta magna de 1215). Obs.1. Foi o primeiro documento escrito, em que o Monarca reconhece limites ao seu poder. Cumpre salientar que a Magna Carta não foi uma constituição, foi uma espécie de contrato de domínio firmado entre João sem Terra e os Barões do Reino, pactuado em troca da renovação do juramento de fidelidade ao Rei. Obs.: Novidade da Margna Charta – Cláusula 61: admitia o direito dos barões do reino atacar o reino e sua propriedade, na eventual hipótese deste não cumprir as promessas que foram firmadas. Alguns dispositivos dessa carta ainda estão em vigor. “39. Nenhum homem livre será detido ou sujeito à prisão, ou privado dos seus bens, ou colocado fora da lei, ou 6 exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem mandaremos proceder contra ele senão mediante um julgamento regular pelos seus pares ou de harmonia com a lei do país.” Referido dispositivo encontra-se em vigor ainda hoje. Due processo of law: devido processo legal. Vincula-se a vários temas da atualidade, a questão do acesso ao Judiciário, da duração razoável do processo. “40. Não venderemos, nem recusaremos, nem protelaremos o direito de qualquer pessoa a obter a justiça”. No constitucionalismo inglês ocorre ainda a transição da soberania do Monarca para o Parlamento, ocorre com a Revolução Gloriosa. O Rei deixa de ser soberano. A soberania passa a ser do Parlamento. – Petition of Rights - 1628: (petição de direitos) – Habeas Corpus Act - 1679: – Bill of Rights – 1689: foi o primeiro documento parlamentar (parlamento impôs como condição para assumir o trono). É um documento que limita o Poder do Rei. Foi o primeiro documento de origem parlamentar a limitar o poder do monarca. Tornou-se o primeiro documento parlamentar a limitar o poder do Rei. Migração da monarquia para o parlamentarismo. CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO – Pacto do Mayflower; – Declaração da Virgínia de 12/06/1776; – Declaração de Independência dos Estados Unidos de 04/07/1776; – Constituição de 1787: Primeira Constituição Formal Moderna; – Bill of Rights (10 primeiras emendas) de 1791, veicula catalogo de direitos. Destaca-se que no constitucionalismo norte-americano foi adotada uma constituição escrita/ formal, pela primeira vez. E essa constituição é tida como uma decisão do povo. No Constitucionalismo norte-americano temos a ideia de Democracia Dualista. É dividida em dois grandes grupos, em espécies diferentes de decisões. – Decisões raras do povo – são as decisões políticas mais importantes (momentos constitucionais). 7 Essas decisões (decisões raras do povo) prevalecem quando em conflito com as decisões cotidianas dos governantes/representantes do povo. – Decisões cotidianas dos governantes – são decisões que se submente as decisões raras do povo. Democracia formatada em dois tipos de decisões, decisões raras do povo, que formam a constituição escrita, decisões que o próprio titular tomam, e, de outro lado, as decisões cotidiana. É por isso que podemos falar de supremacia da constituição, pois elas são derivadas de decisões raras do povo. É uma defesa do povo contra um abuso dos demais poderes, governantes. No constitucionalismo norte-americano a constituição possui princípios intocáveis que protegem o povo de uma eventual tirania da maioria, especialmente a maioria parlamentar. Nesse constitucionalismo temos a ideia que não há poder absoluto. Eles derivam da Constituição. Temos aqui os freios e contrapesos. A constituição tem objetivo garantir direitos e limitar poderes (Constituição Garantia). Ela não dirige para o futuro como a nossa (Constituição programática/dirigente). O federalismo moderno nasce no bojo do constitucionalismo norte-americano. O presidencialismo também nasce aqui. Federalismo e modelo presidencialista, prevista na Constituição de 1967. Ela privilegia também a liberdade e igualdade. A Constituição tona nula qualquer lei inferior que a contrarie, e nesse sentido, nasce o controle de constitucionalidade. CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS (individualista) Principais documentos históricos: – Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – 1789: aqui temos a 1ª geração dos direitos fundamentais; – Constituição Francesa de 1791; é a segunda Constituição escrita. – Constituição Francesa de 1793; – Constituição Francesa de 1799. Na França vigora o sistema medieval, em que era natural que determinadas pessoas tinham privilégios especiais em decorrência da sua posição social que ocupava. Assim, a sociedade era dividida em estamentos. 1º Clero; 2º Nobreza, e 3º todas as demais pessoas daquela sociedade. E conforme pertencente a cada estamento, cada individuo teria um tratamento legal diferenciado. Havia 8 uma desigualdade formal, conferindo privilégios para algumas pessoas. Essa distinção/desigualdade era visto como algo normal. Antes a constituição era dividida em estamento (não falar classe social). Eram 03 estamentos: – Clero; – Nobreza; – Burguesia. Privilégios – isenção de cursos da sociedade (IMPOSTOS): IMUNIDADE TRIBUTÁRIA Quem era da nobreza e do clero não pagavam impostos. Revolução Francesa: depois da Revolução Francesa é que surgiu a igualdade. Promoveu a igualdade, inclusive, quanto aos tributos. Documento de caráter universal. A noção de poder constituinte nasce aqui no Constitucionalismo francês. Surgimento de novas categorias de politica. A formatação histórica do poder constituinte derivou do constitucionalismo francês, no final do século XVIII. Formatação teórica do Poder Constituinte – “Qu’est-ce que le Tiers État?” (“O que é o Terceiro Estado” ou “A Constituinte Burguesa”) - Emmanuel Joseph Sieyès O Poder Constituinte é o poder originário que pertence à Nação, capaz de criar, de maneira autônoma e independente, a constituição escrita. Nesse contexto, realiza a distinção entre Poder Constituição e Poderes Constituídos. Constitucionalismo liberal Modelo de Estado liberal →O Estado nessa fase interfere o mínimo possível. Deixa a sociedade e o mercado livre, se preocupando com o mínimo, por exemplo, com questões relacionados A segurança pública. Dominou séc. 19, e é marcado pela garantia dos direitos de 1º geração. Para este, o modelo ideal da Constituição deve limitar o poder, assegurar os direitos de 1º geração: direitos civis e políticos, e será escrita. Faz uma distinção entre Poder Constituinte e Poderes Constituídos. Em sequência, o modelo liberal é substituído pelo constitucionalismo social. Elementos do conceito ideal de Constituição: 1) Documento escrito (formal); 2) Garantia das liberdades e da participação política do povo (participação popular no parlamento) – previsão de direitos civis e políticos (primeira geração de DFs); e 3) Limitação ao poder (separação dos poderes) por meio de programas constitucionais. O “conceito ideal” de Constituição já estava presente no art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Assembleia Francesa, de 1789. Nesse sentido, dispõe o dispositivo legal. “Toda sociedade na qual não está assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação de poderes, não tem constituição”. A Constituição escrita é um legado no constitucionalismo norteamericano e francês, e contempla as vantagens da: publicidade, clareza e segurança. Constitucionalismo social No início do século XX surge o constitucionalismo social/moderno, que trata da 2ª geração de direitos fundamentais: direitos sociais. O Estado de bem estar social é marcado por tarefas de fazer, essas obrigações compõe o que se chama de segunda geração de direitos fundamentais, os serviços prestacionais. O Estado não é mais apresentando pelo mínimo, mas o Estado providencia, que contemserviços prestacionais (obrigações positivas). Surge com a Constituição do México de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919. Essas duas constituições inauguram o constitucionalismo social. Constitucionalismo contemporâneo (neoconstitucionalismo) Nova fase do movimento constitucional no mundo inteiro. Fase contemporânea. Conceito aplicável apenas as constituições democráticas. A ideia de dignidade da pessoa humana passa a ter papel de destaque, atribuindo-se valor jurídico supremo a esta. O direito passa a ter como base de fundamento a dignidade da pessoa humana, sob pena de cair a sua base, caso não atenda a este fundamento – dignidade da pessoa humana. Tem como premissa fundamental a dignidade da pessoa humana. As normas jurídicas passam a ter uma carga axiológica. A interpretação da Constituição para a ter uma influência decisiva da moralidade crítica. Valorização dos princípios, devendo prezar pela sua compatibilidade Neoconstitucionalismo trata-se de um movimento teórico de revalorização do direito constitucional, de uma nova abordagem do papel da constituição no sistema jurídico, movimento este que surgiu a partir da segunda metade do século XX. O neoconstitucionalismo visa refundar o direito constitucional com base em novas premissas como a difusão e o desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais e a força normativa da constituição, objetivando a transformação de um estado legal em estado constitucional. Críticas ao neoconstitucionalismo. →Excesso de ativismo judicial; protagonismo judicial; → Descompromisso metodológico; →Implica uma insegurança jurídica, em virtude do subjetivismo judicial que pode ser gerado, conduzindo assim a insegurança jurídica. Constitucionalismo do Futuro Seria a fase subsequente ao neoconstitucionalismo, a qual buscaria um equilíbrio entre o constitucionalismo moderno e o neoconstitucionalismo. O constitucionalismo do futuro consiste numa perspectiva de direito constitucional a ser implementada após o neoconstitucionalismo. Prega a consolidação dos direitos humanos de terceira dimensão, fazendo prevalecer a noção de fraternidade e solidariedade. Trata-se da “constituição do porvir”, calcada na esperança de dias melhores, um verdadeiro constitucionalismo altruístico. Sobre o tema destacam-se as ideias de José Roberto Dromi que prega um equilíbrio entre os atributos do constitucionalismo moderno e os excessos do constitucionalismo contemporâneo. Segundo José Roberto Dromi, as constituições serão guiadas por determinados valores fundamentais: • Verdade; • Solidariedade; • Continuidade: aqui podemos inserir a ideia de vedação ao retrocesso da sociedade; • Participação; • Integração; • Universalização. Por verdade, “entende-se a preocupação com a necessidade de promessas factíveis pelo Constituinte (LAZARI, 2011, p. 99)”. Ou seja, o texto constitucional não irá veicular o que não for possível. As constituições não consagrarão promessas impossíveis ou mentiras. Deve-se ponderar o que o Estado realmente necessita e o que se pode constitucionalizar. Por solidariedade, deve-se entender a solidariedade entre os povos, a necessidade de implementação dessa dimensão fraternal explicitamente na constituição. Liga-se à noção de justiça social, cooperação e tolerância. Por continuidade devemos entender que as reformas constitucionais deverão levar em consideração os avanços já conquistados, ou seja, deverão ocorrer com ponderação e equilíbrio, sem subverter a lógica do sistema, mas adaptando-a as exigências do progresso. A participação refere-se “à efetiva participação dos corpos intermediários da sociedade, consagrando-se a ideias de democracia participativa e de Estado de Direito Democrático (LENZA, 2010, p. 54)”. “O povo será convocado a participar de forma ativa, integral equilibrada e responsável nos negócios do Estado (BULOS, 2010, p. 62)”. Pela integração, as constituições deverão integrar o plano interno e externo, mediante a previsão de órgãos supranacionais. Trata da integração espiritual, moral, ética e institucional entre os povos. Através da universalidade, a constituição do futuro dará primazia aos direitos fundamentais internacionais, confirmando o princípio da dignidade da pessoa humana e banindo todas as formas de desumanização. Constitucionalismo globalizado Atualmente, a despeito dos variados movimentos constitucionalistas nacionais, defende-se a existência de constitucionalismo global ou globalizado, cuja pretensão é unificar e consagrar juridicamente os ideais humanos conforme os seguintes objetivos: (a) o fortalecimento do sistema jurídico-político internacional embasado não somente nas relações horizontais entre Estados nacionais, mas também nas relações Estado/povo; (b) a primazia, em face do direito nacional, do direito internacional fundado em valores e normas universais; e (c) a elevação da dignidade da pessoa humana a pressuposto não-limitável de todos os constitucionalismos. E de fato, parece ser mesmo necessária uma nova modalidade de constitucionalismo supranacional a contrapartida viável para elidir a impotência dos Estados nacionais frente às relações assimétricas de poder e aos demais efeitos nocivos da “globalização”. Constitucionalismo e internacionalização Há várias nações e vários povos em um só Estado, ocorrendo um abalo da Soberania. Não é mais o Estado soberano típico, decide os problemas a luz dos compromissos assumidos no âmbito internacional. Obs.: Controle de convencionalidade Atualmente, quando da edição de uma lei ordinária, está estará obrigada não somente a atender aos ditames da Constituição, mas também ao previsto nos tratados e convenções; observância ao denominado DUPLO CONTROLE DE VERTICALIDADE. Assim, é analisada a compatibilidade do texto legal com a Constituição, bem como é valorada a compatibilidade do texto legal com os tratados, este último denominado de CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE. O controle de convencionalidade é defendido por Valério Mazzuoli, e tem caráter de controle difuso. Transconstitucionalismo O transconstitucionalismo não é propriamente sinônimo de constitucionalismo globalizado. Diz respeito ao entrelaçamentos de ordens jurídicas diversas internacionais. Há um dialogo entre ordens jurídicas constitucionais. Cross- Constitucionalismo / Constitucionalismo cruzado. Significa a utilização dos argumentos de determinado Estado no contexto de outro Estado, visa a troca de experiência
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