Buscar

cercando a prova 61 Direito Civil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Pessoal, separamos abaixo alguns resumos, dicas e observações sobre os pontos doutrinários da meta de hoje. É importante ressaltar, entretanto, que tais apontamentos não dispensam a leitura dos materiais que forem adotados por vocês. É apenas um direcionamento.
Vícios do negócio jurídico
Segundo Tartuce, o estudo dos defeitos do negócio jurídico, vícios que maculam o ato celebrado, é de vital importância para a civilística nacional. Tais vícios atingem a sua vontade ou geram uma repercussão social, tornando o negócio passível de ação anulatória ou declaratória de nulidade pelo prejudicado ou interessado. São vícios da vontade ou do consentimento: o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão. Os dois últimos constituem novidades, eis que não estavam tratados pelo Código Civil de 1916. O problema acomete a vontade, repercutindo na validade do negócio celebrado (segundo degrau da Escada Ponteana).
Erro
Erro é um engano fático, uma falsa noção, em relação a uma pessoa, ao objeto do negócio ou a um direito, que acomete a vontade de uma das partes que celebrou o negócio jurídico. De acordo com o art. 138 do atual Código Civil, os negócios jurídicos celebrados com erro são anuláveis, desde que o erro seja substancial, podendo ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias em que o negócio foi celebrado. Em síntese, mesmo percebendo a pessoa que está agindo sob o vício do erro, do engano, a anulabilidade do negócio continua sendo perfeitamente possível.
De acordo com esse mesmo art. 138 do CC/2002, não mais interessa se o erro é escusável (justificável) ou não. Isso porque foi adotado pelo comando legal o princípio da confiança. Na sistemática do atual Código, está valorizada a eticidade, motivo pelo qual, presente a falsa noção relevante, merecerá o negócio a anulabilidade. 
Teoricamente, o erro é um estado de espírito positivo, uma falsa percepção da realidade, uma atuação positiva em equívoco; já a ignorância traduz um estado de espírito negativo, ou seja, uma situação de desconhecimento. O erro é defeito invalidante do NJ nos termos dos art.s 138 e seguintes do CC.
A doutrina clássica, interpretando o art. 138 do CC, costumava afirmar, que o erro, para anular o negócio jurídico deveria ser:
1) Substancial (ESSENCIAL)
2) Escusável (PERDOÁVEL).
A doutrina MODERNA, conforme se lê no enunciado 12 da IJDC, à luz do princípio da confiança, não mais exige a escusabilidade do erro. 
CJF 12 – Art. 138: na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança.
Isso significa que no caso de erro, só precisa provar o prejuízo e que o erro foi essencial (substancial).
Com base no pensamento de Roberto de Ruggiero em sua obra “Instituições de Direito Civil”, fundamentalmente podemos reconhecer três espécies de erro:
1) Erro sobre OBJETO;
2) Erro sobre NEGÓCIO;
3) Erro sobre PESSOA.
Essas três modalidades estão no art. 139 do CC.
CC Art. 139. O erro é SUBSTANCIAL quando:
I - interessa à natureza do NEGÓCIO, ao OBJETO principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; (erro quanto ao negócio/objeto) 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da PESSOA a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; (erro quanto à pessoa)
III - sendo de DIREITO e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. (Erro de direito!?)
Erro sobre objeto: é a situação de erro que incide nas características ou identidade do objeto do negócio. Exemplo clássico: indivíduo compra relógio pensando ser de ouro, e era de cobre. 
Erro sobre negócio: erro incide na estrutura declaração negocial manifestada, uma parte imagina ter celebrado um negócio quando celebrou outro, pode alegar erro sobre objeto do negócio. Exemplo: pensa que é comodato e é locação.
Erro sobre pessoa: tem especial aplicação no direito de família (art. 1556 e 1557). Em outras palavras, existe especial aplicação do erro invalidante como causa de anulação do casamento. 
STJ – Erro no momento do registro de nascimento, acreditou que o filho era seu. Posteriormente, descobre que não é o pai biológico. Só poderá alegar erro quando, imediatamente após a descoberta, romper com o vínculo afetivo.
Erro x vício redibitório
Erro como já explicitado é uma equivocada representação da realidade, opinião não verdadeira a respeito do negócio/objeto/pessoa, vício na vontade. O vício redibitório não toca o psiquismo do agente, incidindo, portanto, na própria coisa objetivamente considerada. Se o adquirente por força de uma compra e venda, recebe coisa com defeito oculto que lhe desvalora ou prejudica sua utilização (vícios redibitórios), poderá rejeitá-la, redibindo o contrato ou, se quiser, exigir abatimento no preço. 
Como isso caiu em prova?
Banca: MPE-BA Órgão: MPE-BA Prova: MPE-BA - 2018 - MPE-BA - Promotor de Justiça Substituto
A respeito dos vícios de consentimento, observadas as disposições do Código Civil, é correto afirmar que
(A) o erro acidental ou secundário acarreta a anulabilidade de um ato ou negócio jurídico.
(B) o erro por desconhecimento ou falso conhecimento das circunstâncias é causa eficiente para a anulação do negócio jurídico.
(C) todo ato doloso, independentemente da natureza e intensidade do dolo, é anulável.
(D) a pressão psicológica ou ameaça exercida sobre uma pessoa, se atinge apenas seus bens, não vicia o ato jurídico.
(E) no estado de perigo, o ato jurídico é praticado independentemente do dolo de aproveitamento e do perigo de dano grave.
Gabarito[footnoteRef:1] [1: B] 
Dolo
Os artigos 145 a 150 do Código Civil disciplinam o dolo como o segundo dos defeitos do negócio jurídico. Consiste este na conduta positiva ou omissiva de alguém que, maliciosamente, induz outrem a praticar negócio jurídico que lhe é prejudicial e que certamente não seria praticado acaso o dolo inexistisse. As expressões induzimento ardiloso ou utilização de ardil costumam aparecer nas provas de Direito Civil para caracterizar situações de dolo.
Como se percebe, o dolo absorve o erro. A vítima incorre em erro, é induzida à prática do ato por força do dolo. E qual a distinção entre erro e dolo? Muito simples! o erro é praticado isoladamente. O agente, sozinho, incorre no aludido lapso, sem que outra pessoa interfira nessa situação jurídica. Havendo interferência, a hipótese será de dolo.
Em sendo uma interferência, o dolo há de ser comprovado pela parte que o alega. Essa máxima de natureza processual deve ser reforçada no instituto do dolo ante a disciplina constitucional da dignidade humana e da presunção da inocência.
Apesar disto, uma vez demonstrado nos autos do processo que a parte ré agiu com dolo, o princípio da eticidade repercutirá de tal maneira que sequer será necessária prova de dano ou prejuízo efetivo para se anular o negócio jurídico. Como a ninguém é dado se beneficiar da própria torpeza, a manutenção do negócio jurídico à vista da concreta prova do dolo seria verdadeiro prêmio àquele que dolosamente agiu, daí ser desnecessária a prova do prejuízo. 
Em sendo o dolo apenas secundário - também chamado de acidental ou incidental - a despeito do qual o negócio jurídico seria realizado, apenas será capaz de gerar perdas e danos (art. 146 do CC).
Classificação
Inicialmente, lembra o legislador que o dolo pode ser tanto positivo como negativo (art. 147, CC).
Assim, o dolo positivo é o decorrente de uma ação humana real; enquanto que no dolo negativo, omissivo ou reticência, infere-se o silêncio intencional, contrário à boa-fé objetiva e ao dever de informação, simbolizando nítida ofensa à confiança.
Portanto, desnecessária a conduta positiva para configuração do dolo. A omissão dolosa é bastante quando restar demonstrado que o negócio jurídico não teria sido celebrado se a parte não houvesse sido vítima da sua ocorrência.
Exemplifica-se o dolo negativo quando a parte celebra contrato de seguro pessoal de saúde e omite enfermidade grave à seguradora, não declarandoa existência de determinada doença. Estaria configurado o dolo por omissão.
Seguindo com a classificação, segundo o Código Civil, o dolo pode decorrer da conduta de um terceiro. O artigo 148 do Código Civil prescreve que:
 "Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou" do que se vê ser juridicamente possível a configuração de um dolo decorrente da conduta de terceiro ofensor.
Mas, para este dolo de terceiro anular o negócio jurídico será preciso que a parte a quem aproveite o negócio soubesse ou devesse saber de tal dolo. Acaso isso não ocorra, estaremos diante da figura do ato ilícito praticado por terceiro ofensor, a se resolver por perdas e danos. 
O fato é que, em qualquer hipótese, permanecerá a possibilidade de manejo de ação de perdas e danos em face do terceiro.
Dolo do representante.
Dispõe o artigo 149 do Código Civil que "O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos".
Como se percebe, o legislador distingue a responsabilidade civil para o caso de representação legal e a responsabilidade civil para o caso de representação convencional.
Não poderia ser diferente! Na representação legal, o representado não escolhe o seu representante, mas se submete à representação por força de lei e de decisão judicial. Neste caso, razoável que a responsabilidade civil do representado seja limitada à importância do proveito que houver experimentado. Contudo, na representação convencional, o representado escolheu livremente a pessoa do representante, daí porque a lei é mais rigorosa e prevê a solidariedade em termos de responsabilidade civil destes sujeitos de direito.
Encerrando a classificação do Código Civil, fala-se em um dolo bilateral ou recíproco. Segundo o artigo 150 do Código Civil, ninguém poderá se beneficiar da própria malícia, razão pela qual acaso ambos atuem com dolo, independente da modalidade, nenhum poderá pedir anulação, muito menos perdas e danos. O ato, por conseguinte, persiste válido.
Trata-se de dispositivo que bem prestigia o princípio da eticidade, desestimulando condutas contrárias à boa-fé objetiva, de modo a nutrir respeito para com os deveres anexos de lealdade, de colaboração mútua e de confiança.
Coação
Os artigos 151 a 155, do Código Civil, disciplinam a coação moral como o terceiro dos defeitos do negócio jurídico a acarretar sua anulabilidade.
Em uma análise mais ampla, a coação é toda ameaça ou pressão, física ou psicológica, exercida sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio, tornando o ato defeituoso.
Trata-se de um fator externo que atinge a vontade e se apresenta sob duas espécies:
a) Coação Absoluta ou física: Chamada "vis absoluta". Ocorre mediante força física que interfere na vontade da pessoa. Na coação absoluta, na verdade, não há manifestação da livre vontade do agente, daí porque a hipótese será de inexistência (e não de anulabilidade) do negócio jurídico, segundo a doutrina. Registre-se: o Código Civil não fala em coação física como causa de anulabilidade, mas sim na coação moral.
b) Coação Relativa ou Moral: Denominada de "vis compulsiva" ou psicológica. Nesta entende a doutrina subsistir ao coagido a possibilidade de escolha entre praticar, ou não, o ato, sob pena de sofrer consequências. Essa seria uma nota distintiva no entendimento doutrinário. Portanto, a coação relativa ou moral seria distinta da coação física porque nessa última a parte não teria opção alguma. Na coação moral, ou relativa, a hipótese será de anulabilidade do negócio jurídico, acaso presentes alguns requisitos, adiante analisados.
Destarte, a leitura dos artigos 151 a i55, do Código Civil, indica a existência de requisitos sem os quais a coação moral não estará configurada. São eles:
 a) causa do ato. Como se tem verificado, os vícios do consentimento devem ser essenciais (substanciais), de modo que fique caraderizada sempre, no caso concreto, a direta relação de causalidade entre a coação e o negócio jurídico. Deve ficar demonstrado que sem a coação o negócio jurídico não teria sido concretizado (nexo de causalidade). Sim, porque para a hipótese de se constatar que o ato teria se realizado independentemente da coação é porque não houve vício de consentimento a ponto de interierir no mundo jurídico.
b) Grave. A coação precisa acarretar no psicológico da vítima coagida um sério temor de dano grave. Acaso isto não aconteça, não se poderia estar falando, de rigor, em coação, pois a parte coagida não estaria a experimentar lesão ao seu livre consentimento apta a caracterizar o defeito do negócio jurídico.
c) Injusta. O terceiro requisito diz respeito à qualidade jurídica da coação, que deve ser ilícita, ou seja, contrária ao direito. O artigo i53 do Código Civil é claro ao afirmar que o exercício regular de um direito, bem como o temor reverencial, nem de longe, configurariam coação, por faltar do caráter injurídico da mesma.
d) Iminente ou Atual. Intuitivamente já se poderia reconhecer que a coação, para efetivamente viciar o negócio jurídico, deve dizer respeito a um fato atual, concreto, visível, próximo, provável, prestes a se consumar. É preciso que fique caracterizado que o negócio jurídico foi praticado com a finalidade de afastar a coação. Portanto, se a hipótese apresentar uma situação fora dos padrões da imediatidade, impossível falar-se em coação.
e) Deve constituir ameaça de prejuízo à pessoa da vítima ou a seus bens, ou à pessoas da sua família, ou a seus respedivos bens, como eventualmente em relação à terceiros, ou a seus respedivos bens. Não é necessário que o prejuízo aconteça. A simples ameaça já será suficiente. Essa ameaça, como bem esclarece a norma, pode ser ao próprio coagido, vitimado diretamente, ou à pessoa da família do coagido, ou à terceiro. Caso seja sobre terceiro, porém, o magistrado haverá de analisar as circunstâncias do caso, como pontua o art. 151 do Código Civil.
Como a situação envolve responsabilidade civil subjetiva a configurar uma anulabilidade, há de se considerar as específicas circunstâncias do caso concreto para identificar se efetivamente houve ou não a coação. O sexo, a idade, a formação intelectual e profissional são elementos que, apesar de não indicados pelo legislador para os casos de erro e dolo, estarão presentes para o caso de coação por força do artigo 152 do Código Civil. 
Registra-se que, assim como o dolo, a coação pode ser decorrente de conduta de terceiro. 
O artigo 154 do Código Civil esclarece que também "Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos". 
Lesão
A teor do artigo 157 do Código Civil "Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporciona/ ao valor da prestação oposta".
Infere-se que a configuração da lesão exige dois requisitos:
a) Objetivo: caracterizado pela desproporção entre a prestação e a contraprestação fixadas no negócio jurídico. Importante observar que o Código Civil não indica o nível de desproporção, o que é positivo, por prestigiar o princípio da operabilidade, através de conceitos abertos que serão preenchidos pelo Magistrado no caso concreto, de acordo com a boa-fé e os usos e costumes do lugar.
b) Subjetivo: Inexperiência ou premente necessidade a ser percebida de acordo com o caso concreto, onde as condições pessoais do lesado serão verificadas ao lado do elemento objetivo, ou seja, da desproporção entre as parcelas. É possível que essa premente necessidade transcenda o viés econômico, manifestando-se,por exemplo, para situações de cunho moral.
Importante questão gira em torno da não exigência do dolo de aproveitamento no caso concreto para configurar o instituto da lesão. Dois são os pensamentos sobre esse assunto:
Entendimento 1 (majoritário). É irrelevante o dolo de aproveitamento. Pouco importa se a parte sabia da inexperiência ou da necessidade da outra. O que importa é o equilíbrio da base contratual. O que se exige é o aproveitamento e não o dolo de aproveitamento. A lesão é objetiva. Basta haver desproporção, ainda que a outra parte esteja de boa fé, para, com isto, invalidar o negócio jurídico. Nesse sentido, o Enunciado 150 do Conselho da Justiça Federal.
Entendimento 2 (minoritário). É necessário estar presente o requisito do dolo de aproveitamento, ou seja, que a parte beneficiária saiba da situação de inexperiência ou de necessidade, se aproveitando da aludida circunstância. É o que pensam Humberto Theodoro Jr. e Caio Mário da Silva Pereira.
Consoante o art. 157 do Código Civil, os requisitos haverão de ser analisados no momento da formação do negócio jurídico, leia-se: na data de sua celebração. Se houver desproporção posterior, a hipótese não será de lesão, podendo configurar onerosidade excessiva ou imprevisão.
Lesão X Teoria da Imprevisão (rebus sic stantibus)
Tanto na lesão como na teoria da imprevisão existe desproporção. A lesão nasce com o próprio NJ (congênita), configurando-se causa de invalidade; diferentemente, na teoria da imprevisão, o contrato é válido na sua origem, desequilibrando-se por fato superveniente. Ademais, neste caso, não se invalida nada, revisa-se ou resolve-se o NJ.
A lesão é vício que surge concomitantemente com o NJ; já a teoria da imprevisão, por sua vez, pressupõe negócio válido (contrato comutativo de execução continuada ou diferida), que, tem seu equilíbrio rompido pela superveniência de circunstância imprevista e imprevisível e não imputável às partes, refletindo sobre a economia ou na execução do contrato, autorizando a sua resolução ou revisão para ajustá-lo às circunstâncias supervenientes.
Lesão consumerista
É causa de NULIDADE do contrato, e não de anulabilidade, e, portanto, pode ser declarada pelo juiz ex officio.
A necessidade e a inexperiência exigidas pelo CC decorrem dos princípios protecionistas do CDC, portanto, os requisitos subjetivos do CC são dispensados aqui.
O CDC declara nulas todas as cláusulas que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a boa-fé e com a equidade.
O CC permite que o contrato seja mantido se a parte que se favoreceu oferecer suplemento ou diminuir o proveito, o que não é possível no CDC, já que nele a cláusula é NULA. Assim, o juiz deverá declarar tal nulidade de ofício, restando às partes apenas realizar novo contrato. 
Como isso caiu em prova? ATENÇÃO LESÃO TEM SIDO MUITO COBRADO!!
Banca: CESPE Órgão: TJ-PR Prova: CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto
Para ajudar a custear o tratamento médico de seu filho, José resolveu vender seu próprio automóvel. Em razão da necessidade e da urgência, José estipulou, para venda, o montante de 35 mil reais, embora o valor real de mercado do veículo fosse de 65 mil reais. Ao ver o anúncio, Fernando ofereceu 32 mil reais pelo automóvel. José aceitou o valor oferecido por Fernando e formalizou o negócio jurídico de venda.
Conforme o Código Civil, essa situação configura hipótese de
(A) lesão, sendo o negócio jurídico anulável.
(B) dolo, podendo José pedir somente indenização por perdas e danos.
(C) lesão, podendo José pedir somente indenização por perdas e danos.
(D) dolo, sendo o negócio jurídico anulável.
Gabarito[footnoteRef:2] [2: A] 
Estado de perigo
O estado de perigo está disciplinado no artigo 156 do Código Civil. Em um conceito sistemático pode-se afirmar que se configura o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, a pessoa de sua família, ou a terceiro, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Aqui se tem outra novidade no atual Código Civil que, utilizando-se por empréstimo do instituto penal do estado de necessidade, previsto no artigo 23 do Código Penal, prevê a anulabilidade do negócio jurídico também em decorrência dessa situação.
É possível constatar a presença de um requisito:
a) Objetivo: concernente à assunção de uma prestação excessivamente onerosa.
b) Subjetivo: seria a um só tempo o desejo de alguém salvar a si, a pessoa de sua família ou a terceiro, por um lado, e o conhecimento em face daquele que se aproveita da situação, por outro.
No particular, caso o estado de perigo diga respeito a terceiro, assim como na coação o magistrado deve analisar a proximidade (nexo de afetividade), como informa o art. 156 do Código Civil.
DIFERENÇA ENTRE ESTADO DE PERIGO E LESÃO 
Fraude contra terceiro
A fraude contra credores, em última análise, nada mais é senão uma hipótese na qual os bens do devedor são ilicitamente alienados.
Assim, o artigo1i58 do Código Civil estabelece que "Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos".
Afirma a doutrina que a configuração da fraude contra credores depende da verificação de dois requisitos:
a) Objetivo (Eventus Damni): consiste na diminuição do patrimônio capaz de gerar a insolvência. Este é o prejuízo causado ao credor que não possui garantia específica (credor quirografários), e sem o qual não haverá razão para se anular o negócio jurídico. O prejuízo, portanto, haverá de dar causa a um estado de insolvência. Logo, a mera diminuição do patrimônio do devedor não seria apta, por si só, à configuração da fraude contra credores, afinal de contas, ainda seria possível o natural pagamento da dívida.
b) Subjetivo (Consilium Fraudis): o conluio fraudulento, ou seja: a má-fé evidenciada pela presença do dolo também haverá de estar presente. O terceiro de boa-fé adquirente é protegido, razão pela qual não seria possível anular o negócio jurídico senão com a prova de que esse também está adotando conduta dolosa. 
Este dolo será presumido em algumas situações. Isso acontece nos negócios gratuitos (artigo 158), como na doação, nos casos de remissão de dívidas (artigo 158), quando o devedor insolvente perdoa dívida de terceiro, nos contratos onerosos quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida da outra parte (artigo 159), nos casos de antecipação de pagamento a um dos credores quirografários em detrimento dos demais (artigo 162) e na hipótese de outorga de garantia de dívida dada a um dos credores em detrimento dos demais (artigo 163).
Questões especiais da Jurisprudência
1) Fraude contra credores: qual competência, justiça comum ou justiça do trabalho?
Conflito de competência 74528 de SP. Compete à justiça comum processar e julgar ação, mesmo que seja em detrimento de dívida de cunho trabalhista, por que a matéria é eminentemente civil.
Súmula 195 do STJ, estabelece que por embargos de terceiro não se anula ato jurídico por fraude contra credores. Não pode discutir na ação de embargos terceiro, visto que existe uma ação específica para fraude contra credores. Súmula 195 STJ.
STJ Súmula no 195 - Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores.
2) É possível que o reconhecimento da fraude à EXECUÇÃO ocorra no julgamento dos próprios embargos de terceiro? Resposta: SIM, é plenamente possível que se reconheça a fraude à execução em sede de embargos de terceiros. O reconhecimento leva à ineficácia da alienação operada, com manutenção da penhora sobre o bem.
3) Fraude contra credores x Fraude à execução
Não se pode confundir fraude contra credores e fraude à execução. Neste último caso, a gravidade é maior, pois já existe demanda proposta contra o devedor capaz de reduzi-lo à insolvência.
A ineficácia do ato é total em face do desrespeito à administração da justiça (REsp 684925/RS).Na fraude à execução, o devedor já está sendo demandado, se ele pratica esses atos de alienação patrimonial, impedindo a satisfação do credor, o juiz pode até mandar incidentalmente o bem retornar, visto que ela é gravíssima.
O ato praticado em fraude de execução é ineficaz em face da execução, desafiando simples pronunciamento judicial, por provocação do interessado ou de ofício, próprio curso do processo (o bem não tem a alienação declarada nula, mas apenas a alienação não produzirá efeitos em relação ao exequente, podendo-se penhorá-lo como se fosse do executado).
Simulação
A teor do artigo 167 do Código Civil, "É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância Há quem sustente ser a simulação um defeito do negócio jurídico, ou melhor, o único defeito do negócio jurídico previsto no Código Civil, a gerar nulidade absoluta, já que todos os demais ensejam a anulabilidade. Tal discussão já fora enfrentada neste trabalho. 
A simulação configura-se mediante uma declaração ardilosa, enganosa. Nela, a parte sabe exatamente o que deseja: ludibriar a vítima através do ardil, mediante uma declaração enganosa. Na simulação se acaba por obter um efeito diverso daquele declarado pela parte. Imagine a hipótese na qual alguém realiza certo negócio jurídico aparentemente normal pretendendo, na verdade, obter outro efeito jurídico. Eis a simulação.
A simulação necessariamente é bilateral, até porque, se fosse unilateral, a hipótese seria de dolo a prejudicar terceiro. Por configurar nulidade absoluta, a simulação pode ser reconhecida de ofício pelo Juiz e alegada, até mesmo por uma das partes, como já entendeu o Enunciado 294 do Conselho da Justiça Federal.
Para a doutrina, pouco importa se a simulação é inocente ou não. Como se trata de uma situação de nulidade absoluta, toda e qualquer modalidade a ensejará, inclusive a inocente, conforme o Enunciado 152 do Conselho da Justiça Federal.
Para se caracterizar a simulação no caso concreto é preciso que se tenha, em primeiro lugar, uma divergência intencional entre a manifestação da vontade exteriorizada pela parte e o seu verdadeiro desejo, a sua verdadeira vontade real. Além disso, há de existir um acordo, um ajuste, uma combinação simulatória entre as partes de assim agir. Há na doutrina quem também exija como requisito o objetivo de prejudicar terceiros 
Doutrinariamente é possível classificar a simulação em absoluta e relativa, senão veja-se:
a) Simulação Absoluta: ocorre quando as partes, de fato, não desejam produzir qualquer tipo de efeito no negócio jurídico. Celebra-se um negócio jurídico a não produzir efeito algum, com o único objetivo de prejudicar terceiro. Imagine uma pessoa casada, prestes a divorciar, que subscreve com um amigo uma confissão de dívida visando, com isto, retirar algum bem da partilha. Nessa situação, o negócio jurídico não produzirá efeito algum. Estaríamos diante da simulação absoluta, cujo único desejo será o de prejudicar terceiros.
b) Simulação Relativa (ou dissimulação): nesta situação, os contratantes elaboram um certo negócio jurídico (simulado), o qual serve para esconder um outro negócio jurídico dissimulado), cujos efeitos seriam vedados pela lei. Exemplo clássico é o da doação camuflada de confissão de dívida. Sob a camuflagem da confissão de dívida, uma pessoa doa bens para outra. 
Referências: Coleção Sinopses para concursos. Editora Juspodivum. 2017.

Outros materiais