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INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA dE REABILITAÇÃO BÁRBARA NOGUEIRA SILVA DA ROSA APS- ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA RIO DE JANEIRO 2019 insônia Com a popularização dos fármacos estimuladores do sono, dormir bem de forma natural tornou-se um luxo de uma pequena porção da população, segundo pesquisas realizadas pelo Instituto do sono, essa porção equivale a apenas 37% da amostra Brasileira. Mais da metade do contingente adulto brasileiro sofre de insônia, essa condição é um distúrbio que geralmente está em comorbidade com alguma doença grave, associada ao aumento do risco de morte ou em casos crônicos a acidentes (em geral automobilísticos ou de trabalho). Apesar do alarde que acompanha os dados estatísticos não é muito difícil enxergar esses números no contexto urbano do país. O dia a dia assumiu uma velocidade acelerada, assim como as preocupações, demandas e cobranças crescem em escala exponencial. Ao passo que a qualidade de vida e tempo de descanso não aumenta em equidade a essa ascensão, o indivíduo torna-se mais estressado e atormentado por esses fatores. É visto que de fato em um mundo que não se desliga e que funciona 24 horas por dia, o simples relaxar o suficiente para dormir bem, vai tornando-se uma realidade distante. A insônia, porém deve ser levada a sério, assim como a busca de seu tratamento, pois não é apenas um inconveniente, é um distúrbio. Está relacionado à produção inadequada de serotonina, o neurotransmissor responsável pela estimulação do sono, a junção disso com os níveis de estresse sofridos diariamente são uma das principais causas da baixa qualidade do sono da população. É verificada a condição de insônia quando um ou mais dos seguintes sintomas se apresentam pelo menos três vezes na semana pelo período mínimo de três meses. De acordo com ICSD-3: 1) dificuldade para iniciar o sono; 2) dificuldade para mantê-lo; 3) acordar mais cedo do que o desejado; 4) resistência para deitar num horário razoável; 5) dificuldade para dormir sem um parente ou um cuidador. Quando o período de apresentação dos sintomas for menor que o período mínimo de três meses é então classificado como insônia de curta duração. A baixa qualidade do sono alem de estar geralmente relacionada a outras condições de saúde mais graves, ela também se torna mais um agravante ao fator estresse que a pessoa sofre. Ao não conseguir descansar a produtividade da mesma sofre uma queda considerável, alem da sensação de fadiga pela falta do descanso corporal e mental. A falta de sono por si só se torna estressante para quem a experiencia, alem disso, suas consequências reverberam diretamente no dia seguinte, quando sua produtividade no trabalho acaba sofrendo uma queda ou afeta seu humor e suas relações interpessoais. Ocorrendo assim um acúmulo cíclico do estresse sobre o insone, alem das consequências cognitivas que essa dificuldade de conciliamento do sono causa em processos memoriais e atencionais. Foram desenvolvidos alguns tratamentos para o distúrbio da insônia, a chamada Higiene do sono é um conjunto de práticas promotoras de uma melhoria na qualidade do sono. Que de acordo com o ICSD-3 são: 1) não tomar café, bebidas alcoólicas, refrigerantes, ou energéticos, pelo menos seis horas antes de deitar; 2) não assistir à TV na cama; 3) não deitar com o estômago repleto; 4) em vez de rolar na cama, ler com a luz indireta de um abajur; 5) abandonar a vida sedentária. A aderência à higiene do sono é beneficiária ao indivíduo que sofre de insônia porque reúne uma série de atitudes, que muitas vezes fazem parte do cotidiano do referido, e são prejudiciais para a conciliação de um sono adequado. O doutor Carlos Carvalho dá algumas dicas a serem adotadas em prol de uma noite de sono mais saudável. O não ingerir café, energéticos e refrigerantes se dá porque essas bebidas possuem efeitos estimulantes que atrapalham na configuração do sono, e as alcoólicas alem de aumentar os efeitos diuréticos, que ocasionam interrompimento do sono para urinar, também irritam o tecido estomacal causando refluxo. Estabelecer uma rotina de horário para dormir é muito importante para que o metabolismo se acostume, por mais que demore alguns dias para que aconteça, fazendo assim com que o corpo passe a responder essa rotina. Em casos de dificuldade em pegar do sono a permanência na cama se mostra ainda mais estressora, é recomendado que seja realizada alguma atividade relaxante como leitura, ou música calma e depois voltar para a cama. Uma alimentação mais saudável algumas horas antes de dormir auxiliam na manutenção do sono, pois alimentos leves e facilmente digeríveis permitem que ao deitar-se não haja refluxo, uma vez que o metabolismo durante o sono desacelera. É percebida uma popularização do automedicamento para problemas de manejamento do sono, atenta-se, no entanto para o fato de essa pratica não ser recomendada sem o acompanhamento e avaliação de um profissional qualificado, podendo ter consequências graves pelo mau uso desses medicamentos. O tratamento fármaco então deve ser acompanhado de forma adequada e administrado de forma intermitente uma vez que todas as outras possibilidades de tratamento tenham sido esgotadas. A Terapia Cognitiva Comportamental é uma forma não farmacológica de tratamento que vem se provando cada vez mais adequada aos casos de insônia, tanto em sua eficácia quanto em sua durabilidade. O psicólogo utiliza-se de ferramentas como a higiene do sono, técnicas de relaxamento e práticas para controle de estímulos na vigília no tratamento do distúrbio. A terapia vem ganhando notoriedade em casos de tratamento da insônia, pois diversos estudos vêm mostrando como a mesma age e os resultados que apresentam em pessoas que sofrem dessa condição. Uma das ferramentas mais usadas segundo o Dr Dráuzio Varella é a privação do sono, onde o tempo de permanecer na cama é reduzido, a privação causa assim um aumento na necessidade de dormir no dia seguinte. Essa técnica em junção de outras ferramentas próprias da psicoterapia, em prol da mudança de pensamentos e comportamentos, promove o processo de transformação, juntamente com o psicólogo, aonde o indivíduo virá a se tornar agente transformador em sua postura frente ao manejamento de frustrações, estresses e demandas cotidianas assim como no aumento de sua qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS VARELLA, Drauzio et al . InsôniaCrônica. Out. 2009. Available from: <https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/insonia-cronica-artigo/ >. access on 03 Nov. 2019. MCMULLIN, R. 2005. Manual de Técnicas em Terapia Cognitiva. Porto Alegre, ARTMED, 335 p.
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