Buscar

TOXICOLOGIA NA PRÁTICA CLÍNICA 2 a Edição

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TOX I C O LO G I A 
N A PR ÁT I CA C L Í N I CA
2 a Ed i ç ã o
folium
 
Belo Horizonte, 2013
ADEBAL DE ANDRADE FILHO
Médico Especialista em Clínica Médica. Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII – 
FHEMIG (Belo Horizonte, Minas Gerais).
TOX I C O LO G I A 
N A PR ÁT I CA C L Í N I CA
2 a Ed i ç ã o
DÉLIO CAMPOLINA
Médico Especialista em Clínica Médica e Patologia Clínica. Farmacêutico-bioquímico. Mestre em Infec-
tologia e Medicina Tropical – FM/UFMG. Professor Convidado da Disciplina Estágios em Toxicologia 
Clínica da FM/UFMG. Coordenador do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. Presidente da 
Sociedade Brasileira de Toxicologia 2008/2009.
MARIANA BORGES DIAS
Médica Especialista em Clínica Médica. Ex-plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. 
Membro da Sociedade Brasileira de Toxicologia.
Direitos exclusivos
Copyright © 2013 by 
Folium Editorial
Av. Carandaí, 161 – sala 702
30130-060 – Belo Horizonte – MG
Tel. (31) 3287-1960
e-mail: folium@folium.com.br
www.folium.com.br
Todos os direitos autorais estão reservados e protegidos pela Lei nº 9.610 de 19 de
fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução desta obra, no todo ou em
parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação,
fotocópia ou outros), sem a permissão prévia, por escrito, da editora.
A553t Andrade Filho, Adebal de
Toxicologia na prática clínica / Adebal de Andrade Filho, 
Délio Campolina, Mariana Borges Dias. 2. ed. 
Belo Horizonte: Folium, 2013.
700p. 
ISBN: 978-85-88361-60-7
1. Toxicologia geral. I. Campolina, Délio. 
II. Dias, Mariana Borges. III. Título.
CDU 615.9
CDD 615.9
Ficha catalográfica
TOX I C O LO G I A 
N A PR ÁT I CA C L Í N I CA
ADEBAL DE ANDRADE FILHO
DÉLIO CAMPOLINA
MARIANA BORGES DIAS
2 a Ed i ç ã o
Desde cedo o homem, lutando por sua sobrevivência, teve que aprender a reconhecer 
as propriedades benéficas ou nocivas das plantas, animais e substâncias presentes em seu 
meio. Ademais, constitui requisito fundamental para o desenvolvimento pleno e racional 
de uma nação o conhecimento das características do ambiente e das interações entre os 
seres vivos em seu espaço peculiar. 
O Brasil distingue-se pela sua extensa biodiversidade, pela exuberância de sua fauna 
e flora. Seu rápido desenvolvimento, especialmente nas últimas décadas, tem trazido be-
nefícios à população, como aumento e melhoria na distribuição de renda, da expectativa 
de vida e dos índices de desenvolvimento humano, queda da mortalidade infantil e mais 
facilidade de acesso à escola, ao emprego e ao Sistema Único de Saúde. Por outro lado, o 
descontrole desse crescimento e do processo de urbanização e ocupação do espaço geo-
gráfico traz sérios problemas que demandam estudo e soluções. 
Define-se Toxicologia como ciência multidisciplinar que, além de estudar os efeitos 
adversos causados por agentes químicos no homem e no meio ambiente, investiga, tam-
bém, as propriedades físico-químicas de cada substância e avalia a segurança de seu uso. 
O estudo e o manejo das intoxicações devem obedecer às especificidades locais, des-
de que os agentes químicos aos quais as pessoas se expõem, as características biológicas da 
fauna e da flora e o comportamento cultural das pessoas variam amplamente, conforme 
a região e o país. No manejo das intoxicações, o conhecimento da nosologia prevalente é 
importante para a condução de casos nos quais a história é frequentemente pobre. Além 
disso, a avaliação das características específicas de nossos problemas de saúde autóctones 
e mais prevalentes permite-nos contribuir para o preenchimento de lacunas do saber e 
para o enriquecimento da ciência universal. 
O estudo sistemático das intoxicações no Brasil evoluiu bastante com a criação dos 
Centros de Informação Toxicológicas e implantação do Sistema de Informações Tóxico-
-Farmacológicas, em 1980. O Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII, da Funda-
ção Hospitalar do Estado de Minas Gerais, constitui um dos maiores centros de referên-
cia do país nessa área. Nele se destacam as atividades de atendimento diário a dezenas 
de pacientes, treinamento de médicos, acadêmicos de Medicina e pós-graduandos, sis-
tematização de condutas, referenciação e contrarreferenciação e pesquisa e divulgação 
Prefácio
regular de sua experiência clínica. Plenamente qualificados e experientes no manejo do 
paciente intoxicado, vários dos membros do Serviço de Toxicologia foram buscar, na pós-
-graduação senso strictu, o aperfeiçoamento em metodologia científica necessário para o 
desenvolvimento de suas linhas de pesquisa e mais contribuição à ciência nacional. 
Em consequência dessa relevante experiência, lança-se agora a segunda edição, re-
vista e atualizada, deste excelente compêndio que aborda, de forma clara e objetiva, os 
diversos aspectos conceituais, epidemiológicos, clínicos, terapêuticos e profiláticos das 
intoxicações em nosso meio. 
Esta obra reafirma e consagra a contribuição inestimável que vem sendo prestada 
pela equipe do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII ao conhecimento, ensino 
e pesquisa dos problemas toxicológicos que nos são próprios e certamente consolidar-se-á 
como guia referencial nessa área. 
Manoel Otávio da Costa Rocha 
Professor Titular. Departamento de Clínica Médica.
Programa de Pós-Graduação em Infectologia e Medicina Tropical
Faculdade de Medicina da UFMG 
Distinguido pela honra de poder conhe cer, em pri mei ra mão, os ori gi nais do livro 
Toxicologia na Prática Clínica, orga ni za do pelos Drs. Adebal de Andrade Filho, Délio 
Campolina e Mariana Borges Dias, senti-me sobre ma nei ra feliz e segu ro em aten der o 
con vi te dos cole gas orga ni za do res, de apre sen tar esta obra a todos os que terão, daqui para 
a fren te, o pri vi lé gio de ler este texto e de estu dá-lo.
Com efei to, os três orga ni za do res e os 36 cola bo ra do res foram extre ma men te feli zes 
nesta tra ba lho sa tare fa. Primeiro, pela opor tu ni da de, posto o gran de vazio que se sen tia 
em nosso meio, de ter um bom texto em Português, basea do na expe riên cia bra si lei ra 
acu mu la da, enfo can do pro ble mas bem nos sos, uti li zan do ins tru men tos semio ló gi cos e 
labo ra to riais tam bém nos sos e em gran de parte dis po ní veis, e com con du tas já ampla-
men te pos tas em prá ti ca, tam bém nas con di ções bra si lei ras, no que elas têm de dife ren te, 
para mais ou para menos.
Em segun do lugar, quero des ta car a auto ri da de dos orga ni za do res e cola bo ra do res, to-
dos com for ma ção sóli da em cen tros reco nhe ci dos, quer em Clínica Médica, em Terapia 
Intensiva, em espe cia li da des clí ni cas e cirúr gi cas, em Toxicologia Clínica, e em alguns 
casos, em Medicina do Trabalho e Toxicologia Ocupacional. Contudo, o ponto mais alto 
do livro Toxicologia na Prática Clínica é, em nossa opi nião, a expe riên cia acu mu la da no 
res pei ta do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, há muito 
tempo com pe ten te men te diri gi do pelo ilus tre cole ga Dr. Délio Campolina. É jus ta men te 
essa expe riên cia acu mu la da dos orga ni za do res e cola bo ra do res que asse gu ra o que cha-
ma mos de auto ri da de dos auto res.
Em ter cei ro lugar, gos ta ria de des ta car a lógi ca de orga ni za ção do livro como um todo, 
e de cada capí tu lo em seu inte rior. Os capí tu los estão dis pos tos em ordem alfa bé ti ca, o que 
cons ti tui um cri té rio prá ti co para o usuá rio. Por seu turno, a estru tu ra inter na de 39 dos 42 
capí tu los é feita numa lógi ca ade qua da para o racio cí nio médi co: con cei tua ção do pro ble ma 
e sua impor tân cia médi ca e epi de mio ló gi ca; des cri ção dos meca nis mos de ação; estu do das 
mani fes ta ções clí ni cas e dos exa mes uti li za dos nodiag nós ti co cor re to do pro ble ma; tra ta-
men to; prog nós ti co e noções de pre ven ção. A biblio gra fia de cada capí tu lo é boa, atua li za da 
e con tém, sem pre que pos sí vel, biblio gra fia bra si lei ra ou em Português, o que valo ri za o livro.
Prefácio 1a Edição
Como cor re ta men te con cei tuam os auto res em seu Capítulo 2, a Toxicologia é uma 
ciên cia mul ti dis ci pli nar que, além de estu dar os efei tos adver sos cau sa dos por agen tes 
quí mi cos no ser huma no e no meio ambien te, estu da tam bém as pro prie da des físi co-quí-
mi cas de cada subs tân cia e ava lia a segu ran ça de seu uso. Agora, com este exce len te livro 
ora publi ca do pela Folium Editora Ltda., a Toxicologia passa a se apro xi mar mais ainda 
da assim cha ma da prá ti ca clí ni ca, e de cada lei tor e estu dio so que tiver a sorte de estu dar 
esta obra e de a pôr em prá ti ca, no dia a dia. 
Por ser defi ni da como ciên cia mul ti dis ci pli nar, sinto-me incluí do, como médi co dedi-
ca do à Saúde Pública e à Medicina do Trabalho, entre os “usuá rios” da Toxicologia, da 
qual, aliás, nenhum médi co está dis pen sa do de ser. Certamente agora os médi cos de 
Minas Gerais e do Brasil intei ro pode rão ser “usuá rios” da Toxicologia – ainda que não 
neces sa ria men te “toxi co lo gis tas” – de modo subs tan cial men te melhor do que já o eram 
antes, quan do não exis tia esta boa idéia e útil fer ra men ta de tra ba lho cha ma da Toxicolo-
gia na Prática Clínica.
Parabéns, por tan to, aos cole gas orga ni za do res, aos edi to res, aos cole gas cola bo ra do res 
e, em espe cial, aos lei to res e estu dio sos deste livro.
Belo Horizonte, abril de 2001.
René Mendes
Professor Titular do Departamento de Medicina Preventiva e Social da 
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
Presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (2001-2004).
Às nossas famílias que nos apoiam presencial e 
espiritualmente e dão sentido ao nosso dia a dia.
Adebal de Andrade Filho
Délio Campolina
Mariana Borges Dias
Aos colegas colaboradores que com dedicação doaram uma parcela de seu tempo e 
conhecimento para a elaboração dos capítulos.
Nosso agradecimento também aos colegas que colaboraram com a primeira edição 
deste livro: Dr. Antônio Aurélio Fagundes Filho, Dra. Camila Romano, Dra. Cíntia de As-
sis Tavares, Dr. Filipe Maia Torres Alves, Dra. Hercília Anastasia Cardoso de Oliveira, Dr. 
Lourenço César Menezes Santos, Dr. Luciano Carvalho Campos, Dra. Luciene Moraes 
Vivone, Dr. Marcos Roberto de Souza, Dr. Quirino Pena Júnior, Dr. Rafael Rezende, Dra. 
Regina Maria Gasparini Pena, Dra. Renata Evelina Duarte, Dr. Rodrigo Laender Ambrosi 
Najar, Dr. Rogério de Oliveira Nascimento e Dra. Vânia Lúcia Correa Tannure Abreu. 
À farmacêutica Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso, que muito nos ajudou com os 
manuscritos e revisões.
Ao corpo clínico, equipe de enfermagem, equipe dos laboratórios de Patologia Clí-
nica e de Toxicologia, pessoal administrativo, biólogos e grupo de Psicologia do Hospital 
João XXIII – FHEMIG, que ao longo dos últimos anos vêm nos ajudando a construir as 
bases deste livro, com críticas, sugestões e troca de experiências.
Agradecemos pela oportunidade de trabalhar com a equipe da Folium Editorial, coorde-
nada pelo Dr. Gilberto Dornas. Aqui nos lembramos, ainda, do Dr. Antonio Carlos Toledo Jr., 
que representava a Folium na primeira edição do Toxicologia na Prática Clínica.
Nosso muito obrigado a todas as pessoas que participaram de alguma maneira para 
que este livro fosse escrito.
Adebal de Andrade Filho
Délio Campolina
Mariana Borges Dias
Agradecimentos
Colaboradores
Ana Carolina Garcia Tuyama 
Médica pela UFMG, Residência em Medici-
na Interna pelo Mount Sinai School of Medicine 
e fellowship em Gastroenterologia pelo Mount 
Sinai School of Medicine, New York, USA.
Ana Carolina Gomes Pereira
Médica Especialista em Infectologia – Hospi-
tal das Clínicas da UFMG.
André Felipe Zuccolo Barragat de Andrade 
Médico Especialista em Cirurgia Geral. Ex-
-plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospi-
tal João XXIII.
Andrés Martin de La Flor Lenti
Médico Especialista em Clínica Médica e 
em Medicina Intensiva. Coordenador da Clínica 
Médica do Hospital Mater Dei.
Anselmo Dornas Moura 
Médico Especialista em Medicina Intensi-
va. Coordenador Médico do CTI do Hospital 
Mater Dei.
Adebal de Andrade Filho
Médico Especialista em Clínica Médica. 
Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hos-
pital João XXIII – FHEMIG (Belo Horizonte, 
Minas Gerais).
Alberto Sissao Sato
Médico Especialista em Homeopatia pela 
AMHMG. Titulado em Acupuntura pela AMB e 
CMA. Ex-plantonista do Serviço de Toxicologia 
do Hospital Joao XXIII.
Amilton Cabral Junior
Médico, Pós-graduado em Perícias Médicas 
pela UGF e em Medicina do Trabalho pela Fu-
norte. Presidente da Sociedade Brasileira de Perí-
cias Médicas – Regional Distrito Federal. Mem-
bro da Sociedade Brasileira de Toxicologia e da 
Comissão Internacional de Saúde Internacional.
Anabelle Lotti do Carmo Fioravante
Médica Especialista em Clínica Médica pela 
FHEMIG – Hospital João XXIII e Medicina In-
tensiva pelo Hospital Luxemburgo – Fundação 
Mário Pena.
Carlos Augusto Mello da Silva
Professor de Farmacologia. Professor Titular 
de Toxicologia e Medicina de Emergência – Uni-
versidade de Caxias do Sul. Médico do Centro de 
Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul. 
Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicolo-
gia, 2010/2011.
Cecília Maria de Sousa Lagares Dabien Haddad
Médica Especialista em Cirurgia Geral e Oftal-
mologia. Professora Convidada da Disciplina Estágios 
em Toxicologia Clínica da FM/UFMG. Plantonista 
do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII.
Ceila Maria Sant’Ana Malaque 
Médica do Hospital Vital Brazil do Instituto Bu-
tantan, São Paulo e da Unidade de Terapia Intensiva 
do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, São Paulo.
Clara Rodrigues Alves de Oliveira
Médica Especialista em Clínica Médica. 
Mestre e Doutora em Infectologia e Medicina 
Tropical – FM/UFMG. Ex-Plantonista do Servi-
ço de Toxicologia do Hospital João XXIII.
Cláudia Luíza Pena Hatem 
Médica Pediatra Neonatologista da UTI Pedi-
átrica e Neonatal do Hospital Mater Dei, da Ma-
ternidade Odete Valadares – FHEMIG e do Hos-
pital Público Regional de Betim. Ex-estagiária do 
Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII.
Daiana Ferraz Braga de Oliveira 
Médica pela UFMG. Ex-monitora da Disci-
plina Toxicologia Clínica pela Universidade Fe-
deral de Minas Gerais.
Daniela Charnizon 
Médica Especialista em Clínica Médica e 
Acupuntura. Professora Convidada do Departa-
mento de Clínica Médica da UFMG e Precep-
tora do internato de Clínica Médica do Hospital 
Risoleta Tolentino Neves.
Daniela Scarpa da Silva Costa
Psicóloga Especialista em Saúde Mental 
e Psicologia Hospitalar. Mestre em Psicologia 
– PUC Minas. Professora da Faculdade de En-
genharia de Minas Gerais. Psicóloga clínica da 
Unimed-BH.
David Albanez Campos 
Médico pela UFMG. Ex-monitor da Discipli-
na Toxicologia Clínica da Universidade Federal 
de Minas Gerais.
Délio Campolina
Médico Especialista em Clínica Médica e 
Patologia Clínica. Farmacêutico-bioquímico. 
Mestre em Infectologia e Medicina Tropical – 
FM/UFMG. Professor Convidado da Disciplina 
Estágios em Toxicologia Clínica da FM/UFMG. 
Coordenador do Serviço de Toxicologia do Hos-
pital João XXIII. Presidente da Sociedade Brasi-
leira de Toxicologia 2008/2009.
Dinalva Aparecida Mendes
Médica Especialista em Cardiologia e Medi-
cina Intensiva. Coordenadora da UTI do Hospi-
tal Vera Cruz de Belo Horizonte. 
Éber Assis dos Santos Júnior
Médico Especialista em Clínica Médica e em 
Medicina do Trabalho pela Faculdade de Ciên-cias Médicas. Mestre em Saúde Pública (Área de 
Concentração Saúde e Trabalho) FM/UFMG. 
Plantonista da UPA Norte (Belo Horizonte).
Franciele Antonieta Bianchi Leidenz
Médica pela UFMG. Plantonista do Serviço 
de Toxicologia do Hospital João XXIII.
Frederico Figueiredo Amâncio 
Médico Especialista em Medicina Intensiva. 
Mestre em Infectologia e Medicina Tropical – 
FM/UFMG.
Frederico Bruzzi de Carvalho
Médico Especialista em Medicina Intensiva, 
Gerente do CTI do Hospital Eduardo de Mene-
zes – FHEMIG. Rotina do CTI e Supervisor da 
residência em Medicina Intensiva do Hospital 
Odilon Behrens. 
Gilberto Tadeu Nable
Médico Especialista em Medicina Interna. 
Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospi-
tal João XXIII.
Josemar de Almeida Moura
Médico Especialista em Clínica Médica. 
Professor Auxiliar do Departamento de Clínica 
Médica da Faculdade de Medicina da UFMG.
Juliana Fulgêncio Henriques
Médica Especialista em Infectologia – Hospi-
tal Eduardo de Menezes – FHEMIG.
Juliana Sartorelo Carneiro Bittencourt Almeida 
Médica Especialista em Clínica Médica. 
Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital 
João XXIII. Referência Técnica Médica da Unida-
de de Pronto Atendimento Leste- Belo Horizonte.
Karine Valeria Gonçalves de Oliveira
Médica pela UFMG. Ex-monitora da Disci-
plina Estágio em Toxicologia Clínica da UFMG.
Katia Cristina Barbaro Nogueira 
Médica, Mestre em Microbiologia e Imuno-
logia pela Escola Paulista de Medicina e Doutora 
em Ciências: Imunologia – USP.
Kênia de Castro Macedo 
Médica Especialista em Pediatria e Terapia 
Intensiva Pediátrica. Mestre em Saúde da Criança 
e do Adolescente pela UFMG. Plantonista da UTI 
Pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II.
Leidiane Miranda Sacramento
Médica pela UFMG. Ex-monitora do Estágio 
em Toxicologia Clínica do Serviço de Toxicolo-
gia do Hospital João XXIII.
Lucas Ferreira Sant´Ana
Médico pela UFMG. Ex-monitor do Estágio 
em Toxicologia Clínica do Serviço de Toxicolo-
gia do Hospital João XXIII.
Luciana Reis Silveira
Médica Clínica, Professora da Disciplina Es-
tágios em Toxicologia Clínica da FM/UFMG. 
Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital 
João XXIII.
Luís Fernando Andrade Carvalho 
Médico Especialista em Terapia Intensiva Pe-
diátrica do Hospital Infantil João Paulo II – FHE-
MIG. Mestre em Pediatria pela UFMG e Diretor 
Técnico do Hospital Unimed.
Marcelo Vinicius Pereira Veloso 
Médico Especialista em Clínica Médica e 
Medicina Intensiva. Plantonista do Serviço de 
Toxicologia do Hospital João XXIII.
Maria Aparecida Braga 
Médica Especialista em Medicina Intensiva. 
Mestre em Infectologia e Medicina Tropical – 
FM/UFMG. Coordenadora da Unidade de Te-
rapia Intensiva de Adultos do Hospital dia e Ma-
ternidade Unimed-BH. Coordenadora do Pronto 
Atendimento do Hospital Felício Rocho – BH.
Maria Apolonia da Costa Gadelha 
Médica. Mestre em Doenças Tropicais, Pro-
fessora da Disciplina de Doenças Infecciosas e 
Parasitárias da Universidade Federal do Pará e 
Coordenadora Geral do Centro de Informações 
Toxicológicas de Belém.
Maria Camilo Ribeiro de Senna 
Médica Especialista em Infectologia. Médica 
Assistente do Centro de Referência em Doenças 
Infecciosas e Parasitárias – CTR Orestes Diniz.
Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso
Farmacêutica do Serviço de Toxicologia do 
Hospital João XXIII. Membro da Sociedade Bra-
sileira de Toxicologia.
Mariana Borges Dias 
Médica Especialista em Clínica Médica. Ex-
-plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospi-
tal João XXIII. Membro da Sociedade Brasileira 
de Toxicologia.
Mariana Martins Lessa Machado
Médica Especialista em Clínica Médica. Ex-
-plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospi-
tal João XXIII.
Matheus Silva Gurgel do Amaral
Médico pela UFMG. Ex-monitor da Discipli-
na Toxicologia Clínica da Universidade Federal 
de Minas Gerais.
Marlene Entres
Médica Especialista em Pediatria e em Saú-
de Pública. Supervisora do Centro de Controle 
de Envenenamentos de Curitiba – Secretaria de 
Estado da Saúde do Paraná.
Marlene Zannin
Professora Associada da Disciplina de Toxi-
cologia, Departamento de Patologia, Centro de 
Ciências da Saúde – Universidade Federal de 
Santa Catarina e Supervisora do Centro de Infor-
mações Toxicológicas de Santa Catarina.
Pablo Alves Marinho
Farmacêutico/Bioquímico. Mestre em Toxi-
cologia pela UFMG, Perito Criminal do Estado 
de Minas Gerais, Professor de Toxicologia do 
Centro Universitário UNA e da Academia de Po-
lícia Civil de Minas Gerais.
Paula de Castro Gianasi
Médica Especialista em Clínica Médica, 
plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospi-
tal João XXIII.
Paula Rodrigues Silva Machado Costa
Médica pela UFMG. Ex-monitora da disci-
plina Toxicologia Clínica da Universidade Fede-
ral de Minas Gerais.
Paulo Roberto Gonçalves Amorim
Médico pela UFMG. Ex-monitor da Discipli-
na Toxicologia Clínica da Universidade Federal 
de Minas Gerais.
Patrícia Drumond Ciruffo 
Médica Clínica. Plantonista do Serviço de 
Toxicologia do Hospital João XXIII.
Pedro Henrique Lima Prata 
Médico pela UFMG. Ex-Monitor da Disci-
plina Toxicologia Clínica da Universidade Fede-
ral de Minas Gerais.
Pedro Pereira de Oliveira Pardal 
Médico, Mestre em Doenças Tropicais, 
Professor da Disciplina de Doenças Infecciosas 
e Parasitárias da Universidade Federal do Pará, 
Coordenador Clínico do Centro de Informações 
Toxicológicas de Belém.
Raquel Melânia de Jesus Tassini 
Médica Especialista em Clínica Médica e 
Medicina Intensiva. Plantonista no Hospital Bio-
cor, CTI Adulto da Santa Casa de Misericórdia 
de Belo Horizonte, CTI do Hospital Unimed BH 
e Samu-BH.
Roberta Chaves Araújo
Médica pela UFMG. Ex-monitora do Es-
tágio em Toxicologia Clínica. Especialista em 
Clínica Médica.
Roberto Henrique Pinto Morais 
Pesquisador Científico do Laboratório de Co-
leções Zoológicas do Instituto Butantan.
Samir de Oliveira Sauzen
Médico Especialista em Cirurgia Geral e 
Anestesiologia. Plantonista do Serviço de Toxico-
logia do Hospital João XXIII.
Saulo Peconick Ventura
Médico Especialista em Cardiologia. Plantonis-
ta do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII.
Sérgio Diniz Guerra
Médico Especialista em Terapia Intensiva 
Pediátrica. Mestre e Doutorando em Ciências da 
Saúde pela UFMG. Coordenador da UTI Pedi-
átrica do Hospital João XXIII. Coordenador da 
Pós-graduação em Emergências Pediátricas da 
Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
Simone de Paula Pessoa Lima 
Médica Especialista em Geriatria. Pós-gradu-
ação em Geriatria pelo Centro de Referência do 
Idoso do HC-UFMG. Ex-estagiária do Serviço 
de Toxicologia do Hospital João XXIII.
Solange de Lourdes Silva Magalhães
Médica Especialista em Clínica Médica. Planto-
nista do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII.
Soraya Diniz e Souza 
Médica Especialista em Cirurgia Geral, 
Plantonista do CTI do Hospital Unimed-Betim.
Stefania Villela Moreira Reis
Médica Especialista em Clinica Médica. 
Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hos-
pital João XXIII.
Unaí Tupinambás 
Professor Adjunto do Departamento de Clí-
nica Médica da FM-UFMG. Chefe do Serviço 
de Doenças Infecciosas e Parasitárias do HC-
-UFMG. Coordenador do Programa de Resi-
dência Médica de Infectologia do HC-UFMG. 
Médico Assessor do Departamento de DST-Aids 
e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
Valéria Bruno de Souza Costa
Farmacêutica-bioquímica do Serviço de Toxico-
logia do Hospital João XXIII. Mestre em Tecnologia 
de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa. 
Membro da Sociedade Brasileira de Toxicologia.
Vinícius Gonçalves Seabra
Médico Especialista em Clínica Médica e 
Gastroenterologia. Plantonista do Serviço de To-
xicologia do HospitalJoão XXIII.
Sumário
1. Abordagem Inicial do Paciente Intoxicado ................................................ 01
Adebal de Andrade Filho, Anselmo Dornas Moura, Délio Campolina
2. História, Conceitos e Epidemiologia ......................................................... 31
Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso, Délio Campolina, Adebal de Andrade Filho
3. Abelhas e Vespas – Himenópteros .......................................................... 43
Cláudia Luíza Pena Hatem, Kênia de Castro Macedo, Adebal de Andrade Filho
4. Considerações sobre o Ato Suicida ......................................................... 53
Daniela Scarpa da Silva Costa
5. Álcoois e Síndrome de Abstinência Alcoólica .......................................... 59
Éber Assis dos Santos Júnior, Josemar de Almeida Moura, Délio Campolina
6. Analgésico e Anti-inflamatórios ................................................................ 79
Luciana Reis Silveira
7. Anticolinesterásicos ................................................................................. 89
Adebal de Andrade Filho, Soraya Diniz e Souza
8. Anticonvulsivantes ................................................................................... 99
Clara Rodrigues Alves de Oliveira, Mariana Borges Dias, 
Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso, Adebal de Andrade Filho
9. Antidepressivos não Tricíclicos .............................................................. 113
Mariana Martins Lessa Machado, Roberta Chaves Araújo
10. Antidepressivos Tricíclicos ................................................................... 127
Adebal de Andrade Filho, Leidiane Miranda Sacramento
11. Anti-hipertensivos e outras Drogas Cardioativas .................................. 135
David Albanez Campos, Alberto Sissao Sato
12. Antipsicóticos ....................................................................................... 145
Andrés Martin De La Flor Lenti, Adebal de Andrade Filho
13. Araneísmo e Acidentes com Lacraias e Piolhos de Cobra ................... 155
Délio Campolina, Mariana Borges Dias, Alberto Sissao Sato, Adebal de Andrade Filho
14. Arsênio ................................................................................................. 169
Gilberto Tadeu Nable, Délio Campolina
15. Barbitúricos .......................................................................................... 177
Ana Carolina Garcia Tuyama, Adebal de Andrade Filho
16. Benzodiazepínicos ................................................................................ 183
Patrícia Drumond Ciruffo, Paula de Castro Gianasi
17. Beta-bloqueadores ............................................................................... 191
Adebal de Andrade Filho, Luís Fernando Andrade Carvalho
18. Botulismo ............................................................................................. 199
Josemar de Almeida Moura, Éber Assis dos Santos Júnior
19. Cáusticos ............................................................................................. 207
Cecília Maria de Souza Lagares Dabien Haddad
20. Chumbo ............................................................................................... 225
Gilberto Nable
21. Cianeto ................................................................................................. 235
Éber Assis dos Santos Júnior, Adebal de Andrade Filho
22. Cocaína e seus Derivados .................................................................... 247
Adebal de Andrade Filho, Saulo Peconick Ventura, Paula Rodrigues Silva Machado
23. Drogas de Abuso ................................................................................. 261
Délio Campolina, Luciana Reis da Silveira, Vinícius Gonçalves Seabra
24. Drogas Utilizadas em Doenças Neurodegenerativas ........................... 283
Mariana Martins Lessa Machado
25. Escorpionismo ..................................................................................... 295
Délio Campolina, Cláudia de Moura Nunes Guerra, 
Sérgio Diniz Guerra, Mariana Borges Dias, Adebal de Andrade Filho
26. Estricnina ............................................................................................. 321
Pedro Henrique de Lima Prata, Mariana Borges Dias, Alberto Sissao Sato
27. Ferro ..................................................................................................... 325
Sérgio Diniz Guerra, Karine Valéria Gonçalves de Oliveira, Adebal de Andrade Filho
28. Gases Tóxicos ......................................................................................339
Juliana Sartorelo Carneiro B. Almeida, Samir de Oliveira Sauzen
29. Herbicidas ............................................................................................353
Marcelo Vinícius Pereira Veloso, Stefania Villela Moreira Reis, 
David Albanez Campos, Lucas Ferreira Sant’Ana
30. Hidrocarbonetos ..................................................................................363
Délio Campolina, Pedro Henrique de Lima Prata
31. Hipoglicemiantes ..................................................................................375
Mariana Borges Dias, David Albanez Campos, Alberto Sissao Sato
32. Pederismo e Animais Aquáticos ..........................................................383
Pedro Pereira de Oliveira Pardal, Maria Apolonia da Costa Gadelha
33. Intoxicação Digitálica ...........................................................................395
Dinalva A. Mendes, Maria Aparecida Braga
34. Intoxicação por Antirretrovirais .............................................................403
Unaí Tupinambás, Solange de Lourdes Silva Magalhães, Maria Camilo Ribeiro de Senna, 
Juliana Fulgêncio Henriques, Daiana Ferraz Braga de Oliveira, Ana Carolina Gomes Pereira Anselmo
35. Acidentes por Lepidópteros .................................................................415
Marlene Zannin, Roberto Henrique Pinto Moraes
36. Intoxicação por Lítio .............................................................................429
Raquel Melânia de Jesus Tassini
37. Loxocelismo .........................................................................................437
Marlene Entres, Kátia Cristina Barbaro Nogueira, Ceila Maria Sant’Ana Malaque
38. Mercúrio e outros Metais ....................................................................451
Amilton Cabral Júnior, David Albanez Campos
39. Metemoglobinizantes ..........................................................................463
Mariana Borges Dias, Carlos Augusto Mello da Silva, Hoyama da Costa Pereira
40. Metilxantinas .......................................................................................469
Clara Rodrigues Alves de Oliveira, Paulo Roberto Gonçalves Amorim
41. Monóxido de Carbono ..........................................................................475
Éber Assis dos Santos Júnior
42. Naftaleno, Paradiclorobenzeno e Cânfora ............................................483
Mariana Borges Dias, Lucas Ferreira Sant’Ana, Alberto Sissao Sato
43. Ofidismo ..............................................................................................491
Adebal de Andrade Filho, Délio Campolina, Mariana Borges Dias
44. Opioides ..............................................................................................511
Adebal de Andrade Filho, Éber Assis dos Santos Júnior, Anabelle Lotti do Carmo Fioravante
45. Organoclorados, Piretrinas e Piretroides ..............................................519
Mariana Borges Dias, Pedro Henrique de Lima Prata, Alberto Sissao Sato
46. Paracetamol .........................................................................................527
Adebal de Andrade Filho, Franciele Antonieta Bianchi Leidenz, 
Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso, Valéria Bruno de Souza Costa
47. Intoxicaçãopor Paraquat ......................................................................533
Adebal de Andrade Filho, Daniela Charnizon, Matheus Silva Gurgel do Amaral
48. Plantas e Cogumelos Venenosos ........................................................543
Solange de Lourdes Silva Magalhães, Délio Campolina, 
Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso, Adebal de Andrade Filho
49. Profilaxia da Raiva Humana e Cuidados com Mordeduras de Animais ...595
Délio Campolina, Frederico Figueiredo Amâncio
50. Raticidas ..............................................................................................609
Délio Campolina, André F. Z. Barragat de Andrade, 
Simone de Paula Pessoa Lima, Adebal de Andrade Filho
51. Salicilatos .............................................................................................627
Frederico Bruzzi de Carvalho, Anabelle Lotti do Carmo Fioravante
52. Simpaticomiméticos ............................................................................635
Mariana Borges Dias, Lucas Ferreira Sant’Ana, Alberto Sissao Sato
53. O Laboratório e as Análises Toxicológicas de Urgência .......................643
Pablo Alves Marinho, Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso, 
Délio Campolina, Valéria Bruno de Souza Costa
Índice Remissivo ........................................................................................659
23
261D r o g a s d e A b u s o
Délio Campolina
Luciana Reis da Silveira
Vinícius Gonçalves Seabra
Drogas de Abuso
cia, influencia a capacidade individual de deci-
são, associando-se a comportamentos compulsi-
vos durante o uso, abuso e abstinência, podendo 
envolver questões socioeconômico-judiciais. 
Atualmente, inúmeras discussões nacionais 
e internacionais transdisciplinares ocorrem em 
relação ao tema e notória é a importância socio-
econômica e sua dimensão relacionada à saúde. 
São esperados políticas públicas de propostas al-
ternativas, debate e real implantação do controle 
de danos, já regulamentado. No Brasil, “cabem 
ao Ministério da Saúde as ações destinadas à re-
dução de danos sociais e à saúde decorrentes do 
uso de álcool e outras drogas”, visto que o comba-
te não se tem feito eficaz. 
Diversas classificações para drogas já foram pro-
postas, a adotada neste capítulo se reporta aos seus 
efeitos no sistema nervoso central, sendo essas rela-
tivas à depressão, estimulação e perturbação desse 
sistema. Além disso, é importante atentar para o 
potencial de abuso e importância clínica do uso das 
diversas substâncias disponíveis no mercado.
As drogas de abuso mais comuns são: ácido 
lisérgico, anabolizantes esteroidais, anfetaminas, 
bebidas alcoólicas, club drugs, cocaína/crack/oxy, 
ecstasy, fenciclidinas, heroína, hidrocarbonetos 
inalatórios, maconha, metanfetaminas, ketamina 
(cetamina), medicações prescritas e tabaco. Nes-
te capítulo serão abordadas com mais detalhes as 
informações relacionadas a ácido lisérgico, club 
drugs e maconha. 
A preocupação relativa ao consumo de subs-tância, sem valor nutricional ou médico 
comprovado, com intuito ”recreativo” é multidi-
mensional e evidente, remetendo aos primórdios 
da humanidade.
O conhecimento farmacológico das substân-
cias psicoativas e fisiopatológico das intoxicações 
agudas pelas conhecidas “drogas de abuso” faci-
lita a abordagem inicial aos usuários dessas, no 
atendimento de urgência e emergência. Contu-
do, o entendimento holístico do indivíduo é ne-
cessário, contextualizando os fatores determinan-
tes da sua situação.
Sabe-se que o uso de drogas é voluntário, 
inicial e majoritariamente o abuso se associa a 
alterações de expressões genéticas e do circuito 
neuronal, afetando o comportamento humano. 
Observam-se também discussões e divergências 
sobre estudos em grupos de pacientes com trans-
tornos psiquiátricos e toxicômanos. As comorbi-
dades psíquicas daqueles atendidos agudamente 
por exposição às drogas de abuso devem ser con-
sideradas no acompanhamento individual, tanto 
na urgência quanto ambulatorialmente.
A toxicomania é considerada uma afecção 
primária cerebral que possibilita danos sistêmi-
cos. O receio e a apresentação de sinais e sinto-
mas cardiovasculares, respiratórios e neurológi-
cos são os grandes motivadores de atendimentos 
emergenciais dos toxicômanos. As alterações no 
sistema nervoso central, já instalada a dependên-
262 To x i c o l o g i a n a P r á t i c a C l í n i c a
histórico
O uso de drogas está associado à história da 
humanidade. O padrão de utilização difere con-
forme o período histórico e cultura considerados. 
Finalidades religiosas, terapêuticas ou festivas po-
deriam justificar o emprego de substâncias psico-
ativas. Pode-se exemplificar isso a partir de docu-
mentos históricos, em que vemos, como no Papiro 
de Eber (cerca de 1500 a.C.), que o cânhamo era 
usado por egípicios para minimizar preocupações, 
fome e cansaço, enquanto nas comunidades assí-
rias se fazia uso com intuito religioso e anestésico. 
A conceituação platônica de phármak como 
algo entre benéfico e prejudicial e de Paracelso 
referindo-se à dose como diferenciador de veneno 
e remédio corroboram a visão de que a droga por 
si não poderia ser considerada boa ou ruim, mas 
depende do contexto em que se encontra seu uso. 
Assume-se como verdadeira a afirmação galênica 
e hipocrática de que a droga seria a substância que, 
não vencida pelo corpo, seria capaz de vencê-lo.
A preocupação com o consumo crescente das 
drogas até os séculos XVII e XVIII não se eviden-
ciava, visto que era “privilégio” de poucos consu-
midores. A partir do século XIX, especialmente 
com a síntese da cocaína em 1860, verificou-se 
a prescrição de tônicos e bebidas, verdadeiro mo-
dismo à ocasião. Segue-se o uso na classe econô-
mica mais favorecida financeiramente. Essa fase 
de aumento do uso de cocaína e ópio constituiu 
grande preocupação na Grã Bretanha, mesmo 
com selo real de aprovação terapêutico do uso 
do cânhamo, ao final do século XIX. O período 
das guerras foi auxiliador da difusão do consumo 
da morfina, por exemplo. O surgimento da he-
roína no mercado como uma droga cinco vezes 
mais potente que a morfina converteu a empresa 
sintetizadora, de produtora de corantes a potente 
indústria farmacêutica.
O século XX tem sua década de 30 destaca-
da como o início da comercialização das anfe-
taminas e a década de 40 marcada pela desco-
berta, inadvertida, dos efeitos do ácido lisérgico, 
por Hoffman. A década de 60 ficou conhecida 
pela endemia e generalização do uso de drogas 
indistintamente entre as classes sociais e concen-
trando-se na população jovem. A década de 80 
fica conhecida pela ampla produção de drogas 
sintéticas, especialmente por laboratórios ilegais, 
muitas vezes com substâncias não controladas e 
efeitos imprevisíveis.
O acesso de larga faixa etária, cada vez mais 
precoce, fácil e a baixo custo caracteriza o consumo 
nos anos 90, denotando inversão da elitizada forma 
de uso à disseminação na faixa proletária e nas ruas.
epidemiologia
Mais da metade da população das Américas e 
da Europa já experimentou álcool alguma vez na 
vida e em torno de um quarto é fumante. O con-
sumo de drogas ilícitas atinge 4,2% da população 
mundial. A maconha é a mais consumida (144 mi-
lhões de pessoas), seguida pelas anfetaminas (29 
milhões), cocaína (14 milhões) e os opioides (13,5 
milhões, sendo 9 milhões usuários de heroína). 
A subnotificação de atendimentos devidos aos 
efeitos agudos e crônicos do uso das club drugs, as-
sim como as demais intoxicações, é um agravante à 
dificuldade de desenharmos um cenário nacional 
do real impacto na saúde dos brasileiros. Deficitário 
se torna o planejamento de intervenções. A despei-
to de ser compulsória a notificação de todo atendi-
mento toxicológico médico no Brasil, há evidente 
falta desses comunicados.Estudos disponíveis se re-
metem às casuísticas dos Centros de Informação e 
Assistência Toxicológica nacionais e internacionais.
Estudos brasileiros demonstram crescimento 
do consumo de álcool entre os jovens. Eviden-
cia-se no “Levantamento sobre o Uso de Drogas 
com Estudantes de 1º e 2º Graus em 10 Capitais 
Brasileiras”, realizado pelo CEBRID, que o uso 
de drogas psicotrópicas entre estudantes da rede 
pública teve aumento no período estudado (1987 
a 1997). Estima-se, na última década, que isso se 
intensificou. O tipo de droga utilizado varia com 
a classe socioeconômica, sendo o uso de solven-
tes e maconha o mais detectado na faixa mais 
pobre da população. Tem-se verificado aumento 
no uso de ansiolíticos, anfetaminas e cocaína. 
Comparando-se o aumento do consumo dessas 
substâncias ao longo dos quatro levantamentos, 
na categoria de uso “seis vezes ou mais no mês”, 
apurou-se aumento no consumo de 100% para 
os ansiolíticos; 150% para as anfetaminas; 325% 
para a maconha; e 700% para a cocaína. 
A política do Ministério da Saúde para a 
Atenção Integral aos Usuários de Álcool e outras 
263D r o g a s d e A b u s o
Drogas concorda com os princípios da política 
de saúde mental atual adotada pelo Ministério 
da Saúde (MS), uma vez regulamentada e respal-
dada pela Lei Federal 10.216 (MS, 2002), sancio-
nada em 6/4/2001.
Estudo realizado pelo MS em parceria com 
o Movimento Nacional de Meninos e Meninas 
de Rua (MNMMR), no mês de junho de 2002, 
traçou perfil de crianças e adolescentes em si-
tuação de risco social. A pesquisa compreendeu 
632 crianças e adolescentes entre 10 e 23 anos. A 
distribuição vista foi de 53,5% do sexo masculino 
e 46,5% do sexo feminino; 85% dos entrevistados 
encontram-se na faixa etária de 13 a 17 anos; 
94,8% referem frequentar a escola regularmente; 
89,5% declaram morar na maioria dos dias da se-
mana com a família; apenas 0,1% mora nas ruas 
e 9,5% em instituições. 
Chama-nos a atenção a coleta de dados es-
tadunidenses, podendo-se citar o “Monitorando 
o futuro” (em inglês Monitoring the future), que 
se propõe a estudar o comportamento dos alunos 
do ensino médio, universitários e adultos jovens. 
Há mais de três décadas, a pesquisa envolve, anu-
almente, cerca de 50 mil estudantes, mostrando 
o perfil e as mudanças no padrão de uso dessas 
drogas nesse período. Os investigadores perten-
cem ao National Institute on Drug Abuse, de-
partamento do National Institute of Health, e é 
conduzido pela University of Michigan. Consór-
cios interinstitucionais como esse poderiam ser 
adaptados à nossa realidade, reforçando a impor-
tância governamental e da universidade na pro-
dução científica aplicada a estudos de utilidade 
pública. Na Unidade de Toxicologia do Hospital 
João XXIII (CIAT-BH), 74% dos atendimentos de 
intoxicações por drogas de abuso foram por co-
caína e crack, 5% por maconha e 21% por outros 
agentes. Esses números refletem uma ideia do 
quadro em todo o país, apresentando um viés por 
causa da gravidade da intoxicação por cocaína e 
seus derivados.
club drugs
Club drugs é um termo da língua inglesa para 
referir-se ao grupo de substâncias de variada far-
macologia e ação psicotrópica, geralmente utili-
zadas por adolescentes e adultos jovens em bares, 
danceterias e festas. Pertencem a esse grupo o 
gama hidroxibutirato (GHB), flunitrazepan (ro-
hypnol), cetamina (ketamina), MDMA (ecstasy) 
e anfetaminas. Importante salientar que a incer-
teza sobre a real composição das club drugs du-
rante o atendimento inicial na urgência, faz com 
que a identificação sindrômica seja norteadora 
da abordagem. Esse fato dificulta a determinação 
da toxicidade, implicações clínicas e do prognós-
tico. Sugere-se estudar de forma atenta o capítulo 
de síndromes toxicológicas.
gama hidroxibutirato (ghb)
GHB é um metabólito do neurotransmissor 
ácido gama-aminobutírico (GABA), encontrado 
em baixas concentrações naturais no cérebro. 
O nome comercial do produto produzido 
pela Jazz Farmacêutica é Xyrem®, cujo prin-
cípio ativo é o sal sódico do ácido 4-hidroxi-
butírico. Depressor do SNC foi aprovado nos 
Estados Unidos da América pela Food and 
Drug Administration (FDA), em 2002, para 
tratamento via oral apenas da narcolepsia, com 
diversas restrições e necessidade de registro de 
cada paciente em uso da droga, sob monitora-
mento pelo referido órgão. 
A apresentação farmacológica é um frasco 
de 180 mL em solução oral contendo 500 mg/
mL de oxibutirato de sódio. O 4-hidroxibutirato 
de sódio, um pó branco cristalino hidrossolú-
vel, de fórmula molecular C4H7NaO3, tem peso 
de 126,09 g/mol. Sua estrutura química é mos-
trada na Figura 23.2.
Figura 23.1 GHB pó e líquido.
264 To x i c o l o g i a n a P r á t i c a C l í n i c a
O mecanismo exato de ação do oxibato de só-
dio é ainda desconhecido, Sabe-se que atua viabi-
lizando as ondas de sono lentas (delta) e o tempo 
de sono noturno. 
A absorção do oxibato de sódio é rápida, mas 
incompletamente absorvido após a administração 
oral; a absorção é retardada e reduzida por refei-
ção hiperlipídica, a biodisponibilidade absoluta 
é de aproximadamente 25%. É eliminado prin-
cipalmente por metabolização, com tempo de 
meia-vida de 0,5 a uma hora. A farmacocinética 
é não linear e não é alterada com a repetição das 
doses. As concentrações plasmáticas máximas 
médias, após administração de uma dose diária 
de 9 g, dividida em duas doses equivalentes, ad-
ministradas com quatro horas de intervalo, foram 
de 78 e 142 μg/mL, respectivamente. O tempo 
médio para alcançar a concentração máxima va-
riou de 0,5 a duas horas em oito estudos farmaco-
cinéticos. Segundo a monografia do fármaco pu-
blicada pelo laboratório sintetizador, não foram 
estudadas doses únicas superiores a 4,5 g. 
No que concerne à distribuição, o oxibato de 
sódio é um composto hidrofílico com volume de 
distribuição médio de 190-384 mL/kg. Para con-
centrações de oxibato de sódio variando entre os 
3 e os 300 μg/mL, menos de 1% liga-se às prote-
ínas plasmáticas. Estudos em animais indicam 
que a metabolização é a principal via de elimi-
nação do oxibato de sódio, produzindo dióxido 
de carbono e água, via ciclo de ácido tricarbo-
xílico (pelo ciclo de Krebs) e, secundariamente, 
por β-oxidação. 
A eliminação do oxibato de sódio é quase to-
talmente assegurada por biotransformação a di-
óxido de carbono, o qual é então eliminado por 
expiração. Em média, menos de 5% de fármaco 
inalterado aparecem na urina humana, no espa-
ço de seis a oito horas após a administração. A 
excreção fecal é insignificante.
GHB e dois dos seus precursores gama-
-butirolactona (GBL) e 1,4 butanediol (BD) en-
contram-se envolvidos na intoxicação. Agem nos 
receptores GABA-B, em sítio de ligação cerebral 
em seu sítio específico. 
Depressor do SNC em altas doses resulta 
efeitos sedativos como sonolência, coma e morte. 
O uso repetido dessa droga pode levar a insônia, 
ansiedade, tremores e sudorese. Está disponível 
na forma em pó e líquida, via de contato geral-
mente oral. Por se tratar de formulação inodora, 
insípida e transparente, geralmente é combinada 
a bebidas alcoólicas com intuito criminoso (con-
siderada uma droga “de estupro”, “de roubo ou 
assalto”) por seu efeito sedativo e que viabiliza o 
malfeitor a abusar da vítima sem que essa ofereça 
resistência. Apresenta também efeitos anabólicos 
(estimulando a síntese proteica), sendo utilizado 
por fisiculturistas almejando redução de tecido 
adiposo e hipertrofia muscular.
Estudos em adultos saudáveis demonstram 
não haver interações farmacocinéticas com ou-
tras medicações usadas no tratamento de insônia 
e narcolepsia, com o oxibato de sódio, entre elas 
o hidrocloreto de protriptilina, tartarato de zolpi-
dem ou modafinil. Contudo, não se podem des-
cartar interações farmacodinâmicas.Mesmo sem estudo sistemático sobre o abu-
so do GHB, a notificação desse é reportada com 
ação hipnótico-sedativa, produzindo dependên-
cia no sistema nervoso central. O início de ação 
rápido estimula o uso como droga de abuso. Asso-
ciações com álcool e GHB também são descritas. 
O relato do departamento hospitalar ameri-
cano é de que houve aumento de 100 vezes en-
tre 1992 e 1999 (Substance Abuse Mental Health 
Services Administration, Drug Abuse Warning 
Network – DAWN). O perfil desses usuários fo-
ram 60% de relatos de atendimento hospitalar 
envolvendo indivíduos menores de 25 anos e vá-
rios óbitos foram informados com a combinação 
GHB e álcool. Cinco dessas mortes foram noti-
ficadas no sistema DAWN, em que o GHB foi a 
única droga identificada. As notificações de aten-
dimentos na urgência por GHB e análogos têm 
decaído próximo de 33% desde 2000 e a Ameri-
can Association of Poison Control Centers infor-
ma que as exposições ao GHB caíram de 1.916 
(com seis óbitos) em 2001 para 800 (sem relatos 
de morte) em 2003.
São descritos casos de dependência por uso 
ilícito de GHB, com frequência e repetidas doses 
(18 a 250 g/dia), com excesso do nível terapêuti-
HO
O
Na+
_
O
Figura 23.2 Estrutura do oxibutirato de sódio.
265D r o g a s d e A b u s o
co. Nesses casos, a semiologia da descontinuação 
inclui a síndrome de abstinência com insônia, 
cansaço, ansiedade, psicose, letargia, náuseas, 
tremores, sudorese, câimbras e taquicardia. Ge-
ralmente tal sintomatologia cessa entre três e 14 
dias com a suspensão do uso.
A tolerância ao GHB também não foi siste-
maticamente investigada em ensaios clínicos 
controlados, mas estudos open-label, de longa 
duração (seis meses), não demonstraram desen-
volvimento de tolerância. Existem alguns relatos 
referindo sintomas de tolerância após uso ilícito 
de doses de Xyrem® acima das recomendadas. 
Estudos clínicos com o GHB, no tratamento da 
abstinência alcoólica, sugerem potencial tolerân-
cia cruzada ao álcool.
A apresentação variável do paciente intoxi-
cado por GHB associa-se ao tempo decorrido 
da ingestão, dose, coingestão de outras drogas, 
alimentos e jejum. A variedade pode ocorrer en-
tre agitação, estado confusional, combatividade, 
ataxia e coma. Emese (mesmo com prostração), 
diaforese, cefaleia e habilidades psicomotoras 
prejudicadas podem ser observadas. Alterações tí-
picas pupilares não são descritas como auxiliares 
no diagnóstico. Fotorreatividade, turvação visu-
al, mioclonias e crises tônico-clônicas são cons-
tatadas. Coma é detectado em doses elevadas. A 
respiração pode ser afetada ou comprometida em 
frequência e profundidade respiratória, como a 
respiração de Cheyne-Stokes e apneia. Bradicar-
dia, hipotermia, inconsciência e hipotonia mus-
cular acontecem em certos casos, contudo, os 
reflexos tendinosos permanecem intactos.
tratamento
O suporte de vida deve ser prontamente ins-
tituído aos pacientes supostamente com intoxica-
ção aguda por GHB. A descontaminação do trato 
gastrintestinal, mediante a exclusão de contrain-
dicações, deve ser considerada na suspeita de 
ingestão concomitante de outras drogas com tal 
indicação (vide capítulo de abordagem inicial e 
descontaminação). 
A bradicardia reportada na intoxicação por 
GHB responde ao uso de atropina intravenosa 
nas doses recomendadas conforme cálculo ade-
quado pela idade e peso do paciente. 
Não se verifica benefício na administração de 
antídotos específicos para outras drogas como flu-
mazenil e naloxona na reversão da depressão do 
sistema nervoso central devido ao uso dessa droga. 
Hemodiálise e demais formas extracorpóreas 
de remoção de drogas não foram avaliadas para a 
intoxicação pelo GHB, no entanto, devido ao seu 
rápido metabolismo, tais medidas não são garan-
tidas para o óxido butirato.
Geralmente não há disponibilidade de testes 
para detecção de GHB nos serviços de emergên-
cia, pois normalmente são realizados por croma-
tografia com detecção de massa, de alto custo e 
metodologia especializada. O atendimento ini-
cial e o suporte clínico adequados, demonstrados 
nos relatos de casos publicados, mostram boa res-
posta dos intoxicados por GHB.
anFetaminas e metanFetaminas
“Senti-me feliz e com humor leve, mas com 
uma convicção subjacente de que algo significa-
tivo estava por vir. Ocorreram mudanças tanto 
Figura 23.3 Diversas anfetaminas.
Figura 23.4 Metanfetaminas e ecstasy (MDMA).
266 To x i c o l o g i a n a P r á t i c a C l í n i c a
na perspectiva visual do campo em proximidade 
quanto à distância. Minha visão habitualmente 
parca foi aguçada. Pude perceber detalhes à dis-
tância que antes não notaria. Após o término do 
efeito do ápice experimentado, meu estado foi de 
profundo relaxamento. Senti que era capaz de me 
comunicar mais profunda e pessoalmente com 
uma clareza especial e experimentei a sensação 
semelhante à de beber um segundo Martini...”
“Sinto-me absolutamente limpo por dentro e 
não há nada mais que pura euforia. Eu nunca 
havia me sentido tão bem ou acreditado que isto 
fosse possível. A pureza, a claridade e o maravi-
lhoso sentimento de força interior permanece-
ram durante o resto do dia e da noite, até o dia 
seguinte. Estou conquistado pela profundidade 
da experiência e foi ainda mais poderosa que na 
primeira experiência...” 
A tradução das descrições de Shulgin, em 
1965 (nos EUA), ao produzir e consumir 100 e 
120 mg, respectivamente, de MDMA (3,4-meti-
lenedioxi-metanfetamina) denota prazer e não 
explicita os riscos observados nas intoxicações 
por anfetaminas.
As anfetaminas foram sintetizadas provavel-
mente antes de 1914, quando a Merck assumiu 
sua patente. No século XX, na década de 30, fo-
ram usadas inicialmente para tratamento da hipe-
ratividade ou disfunção cerebral mínima, como 
era classificada à ocasião. Essa indicação médica 
era restrita, já há alguns anos, com controvérsias 
e discussões, ao tratamento de narcolepsia, obe-
sidade e no atualmente conhecido transtorno de 
déficit de atenção e hiperatividade. 
Descrito em 1978 como auxiliar psicotera-
pêutico, atingiu entre 1977 e 1984 a chamada 
época de ouro da pesquisa terapêutica com 
MDMA. Devido ao seu amplo uso recreativo, en-
tre os jovens americanos, em 1984, houve divul-
gação na mídia, atraindo mais adeptos. A suposta 
similaridade do ecstasy à chamada china white, 
também foi alvo de difusão informativa já em 
1985. Relatos de que a china white fora sintetiza-
da para substituir a heroína e ser causadora de 
graves danos centrais em usuários alertava para 
riscos de saúde pública, levando ao controle legal 
da disponibilidade dessa. Nessa mesma época, 
os EUA consideraram MDMA, em comissão de 
emergência, como categoria 1 pela Drug Enfor-
cement Administration (DEA). A classificação 
pode ser alterada caso estudos confirmem poten-
cial utilidade terapêutica, como no tratamento 
de pacientes com estresse pós-traumático, ainda 
em estudo, sob aprovação pela FDA. 
Peroutka, avaliando o uso de MDMA na co-
munidade da University of Stanford, nos EUA, 
evidenciou que até 39% dos alunos na graduação 
já haviam utilizado ecstasy. O surgimento euro-
peu, em Manchester, em 1987/1988, das raves, 
com referência a usuários de ecstasy, levou à sua 
proibição em 1990 no Reino Unido.
No Brasil, historicamente, a presença da dro-
ga foi enfatizada em 1994, em São Paulo, em cer-
to grupo frequentador de clubes noturnos, cujos 
componentes utilizavam comprimidos provenien-
tes de Amsterdã. Em 1995, houve a popularização 
nas raves brasileiras. Em agosto de 2000 divulgou-
-se o encontro por parte da polícia do primeiro 
laboratório de ecstasy em São Paulo. A proibição 
legal não reduziu o número de usuários.
Levantamento de 2002 do CEBRID coloca 
os alucinógenos como 1% das notificações, consi-
derado consumobaixo, porém preocupante.
O valor atualmente pago por um comprimido 
encontra-se entre 30 e 50 reais, mostrando, ain-
da, ser uma droga das classes sociais média e alta.
Segundo o artigo “Ecstasy (MDMA): Effects 
and patterns of use reported by users in São Paulo”, 
podemos traçar um perfil dos usuários dessa droga 
como indivíduos de 24 anos, solteiros, nível supe-
rior e classe média. Entre eles, 61,6% usam pelo 
menos uma vez/semana (50% até 1 comprimido 
e 46% mais de um comprimido). O padrão de uso 
de 63% é em companhia de várias pessoas, em am-
bientes de lazer noturno (raves em 78,8%, lugares 
para dançar em 69,2% e festas 53,8%), associado a 
outras drogas (maconha, tabaco e LSD) em 93,3%.
O ecstasy é um derivado de anfetamina, que 
combina propriedades estimulantes e alucinóge-
nas. Pode ser consumido em associação a outras 
substâncias (MDEA, anfetaminas, cetamina, ca-
feína, AAS, Ibuprofeno, entre outros).
O mecanismo de ação da MDMA é ainda in-
certo, bem como a interação medicamentosa com 
demais princípios ativos disponíveis nos fármacos 
do mercado. O motivo pelo qual há diversidade 
na apresentação clínica, idiossincrasia, consequ-
ências do consumo crônico são também desco-
nhecidos. Sabe-se que promove a liberação de se-
rotonina (5-HT) e dopamina, inibe a recaptação 
267D r o g a s d e A b u s o
da 5-HT, dopamina e noradrenalina e diminui a 
atividade da enzima triptofano hidroxilase (TPH). 
O “esgotamento intraneural de serotonina” é mar-
cante na farmacodinâmica. Estuda-se também a 
afinidade por receptores alfa-2-adrenérgico, M1 
colinérgico e H1 histaminérgico.
A redução duradora dos níveis de 5-HT e 
5-HIAA e da atividade da TPH até uma semana 
após sua administração com síntese de nova enzima 
sugere a formação de um metabólito neurotóxico. 
Os efeitos neurotóxicos parecem estar relacionados 
a dano nos terminais nervosos serotoninérgicos. 
Efeitos psicoestimulantes são observados 20 a 
60 minutos após a ingestão considerada modera-
da de doses entre 75 e 100 mg, com duração de 
ação por duas a quatro horas.
O pico de concentração plasmática ocorre 
duas horas após administração oral e os níveis 
residuais (0,005 mg/L) são encontrados 24 horas 
após a última dose.
A área sobre a curva do MDMA sugere far-
macocinética não linear, sendo o consumo de 
doses elevadas promotora de aumento despropor-
cional nos níveis plasmáticos.
Estudos mostram que o consumo de MDMA 
pode resultar em dano nos terminais nervosos se-
rotoninérgicos e dopaminérgicos, induz apoptose 
via estimulação do receptor 5-HT2A em neu-
rônios corticais e achados sugerem neuroadap-
tações pela hiperestimulação, levando a down-
-regulation dos receptores 5-HT2A.
O artigo “MDMA use and neurocognition: a 
meta-analytic review” incluiu 23 estudos na análi-
se e associou o uso de MDMA à piora no funcio-
namento neurocognitivo. 
O uso das anfetaminas com intuitos recreati-
vos e de controle do peso corporal, possivelmente, 
segundo a literatura disponível, pode justificar o 
abuso pela população feminina. A produção das 
anfetaminas sintéticas, ilegalmente, com intuitos 
não terapêuticos tem sido registrada e popularmen-
te elas são conhecidas como MDMA ou ecstasy. As-
sociam-se aos comportamentos da cultura clubber 
e uso frequente em eventos conhecidos como raves. 
O consumo no Brasil é pouco notificado e 
por tal razão desconhece-se seu real impacto na 
população nacional. Pesquisa com adultos mos-
trou prevalência de 1,3%, sendo que 80% desses 
usuários possuíam prescrição médica para consu-
mir essa substância. 
A notificação de uso de ecstasy no Brasil pode 
ainda ser baixo, mas é crescente e atinge popula-
ção cada vez mais jovem. A divulgação da apre-
ensão policial dessas drogas, em 2007, mostrou 
aumento de 725%, comparada ao ano anterior.
O ecstasy (MDMA) é consumido em cápsulas, 
comprimidos ou tabletes, com aproximadamente 
120 mg da substância. Efeitos primários “positivos” 
almejados são descritos como aumento da autoesti-
ma, simpatia e empatia, melhora da comunicação 
e relação com as pessoas, sentimento de euforia, 
aumento da energia emocional e física. Tido como 
entactógeno, é considerado droga com efeito de 
bem-estar e autoaceitação. O desenvolvimento de 
tolerância rápida limita o uso compulsivo e aditivo.
A despeito da via oral ser a mais usada no Bra-
sil, seu uso intravenoso pode ser responsável por 
referida agressividade, aumento da libido, delírios 
paranoides, euforia, excitabilidade, prazer inten-
so (rush ou flash) e sensação de poder. Compli-
cações relativas ao uso injetável como infecções 
locais ou sistêmicas e endocardite são relatadas.
Desconhece-se ainda o uso, no Brasil, de cristais 
de metanfetaminas, como o ice ou o crystal, fuma-
das em cachimbos de vidro, podendo também ser 
injetadas ou inaladas. O efeito é prolongado (duas a 
24 horas) e os sintomas euforizantes e estimulantes 
são intensos. Sintomas psicóticos podem aparecer. 
Há ocorrência de bruxismo, tiques e anorexia.
As anfetaminas são estimulantes do SNC, 
responsáveis por euforia, manutenção de vigília, 
anorexia e hiperatividade autonômica. Podem 
agir no sistema serotoninérgico, como promotor 
da liberação da serotonina e agonista direto. Os 
efeitos do ecstasy (MDMA) e similares se dão 
pela afinidade importante pelos receptores sero-
toninérgicos 5HT e 5HT2. 
As principais complicações ameaçadoras à 
vida no abuso de anfetaminas são hipertermia, 
hipertensão, convulsões, colapso cardiovascular 
e traumas. Edemas pulmonares cardiogênicos po-
dem ocorrer. Crises hipertensivas, precordialgias, 
arritmias cardíacas, hepatites tóxicas, hipertermia, 
convulsões, rabdomiólise e morte já foram relata-
das. Sintomas ansiosos e psicóticos agudos e crôni-
cos (em indivíduos predispostos) podem aparecer.
As complicações agudas, principalmente hi-
pertermia e encefalopatia hiponatrêmica, são gra-
ves e necessitam de reconhecimento pela equipe 
médica e intervenções imediatas e adequadas. 
268 To x i c o l o g i a n a P r á t i c a C l í n i c a
No atendimento agudo, os pacientes admi-
tidos com suspeita de intoxicação anfetamínica 
podem se apresentar com sinais de hiperestimu-
lação central, necessitando de tratamento medi-
camentoso em urgência médica. São evidentes o 
controle e a manutenção da vida adequados com 
benzodiazepinas e sintomáticos nos quadros de 
ansiedade, calafrios, cefaleia, inquietação, irrita-
bilidade, labilidade emocional, sudorese, tremo-
res, verborragia e vômitos. 
O tratamento para a remissão dos sintomas 
de abstinência das anfetaminas não se tem mos-
trado promissor. Antidepressivos e agonistas do-
paminérgicos foram investigados sem sucesso. 
Tratamento sintomático e suportivo com uso de 
benzodiazepínicos de ação curta denotam auxí-
lio na abordagem inicial.
Os efeitos crônicos indicam alterações neuro-
cognitivas, principalmente em relação à memó-
ria, em longo prazo. Como complicações por uso 
crônico, espera-se desde desnutrição até infarto 
agudo do miocárdio, cegueira cortical transitó-
ria, cardiopatias irreversíveis, vasoespasmos sistê-
micos e edema agudo de pulmão.
A chamada “fissura” e a tolerância asso-
ciam-se ao desejo de manutenção dos efeitos 
prazerosos e a compulsão por período prolon-
gado de seu uso. Segue-se a esse um momen-
to de extenuação e pausas prolongadas de re-
pouso. A considerada síndrome de abstinência 
pode afetar até 87% desses usuários. São ma-
nifestações frequentes a ansiedade, agitação, 
depressão, fadiga, “fissura” intensa, lentifica-
ção e pesadelos. A tolerância é associada a au-
mento de efeitos indesejáveis (trismo, náusea, 
mialgia, sudorese, taquicardia, fadiga, insônia) 
e diminuição dos efeitos “desejados”. Trans-
tornos psiquiátricos e impacto cognitivo como 
limitações de memória, paranoia, depressão e 
ataquesde pânico são referidos. 
Apesar de ser possível a dependência por uso 
de anfetaminas, os usuários não recebem, em 
geral, atendimento devido. Não há abordagens 
específicas e baseadas em evidências para esses 
pacientes. A motivação para busca de auxílio me-
lhora o prognóstico dos pacientes. 
Inúmeras são as apresentações clínicas na in-
toxicação e a gravidade se relaciona à dificuldade 
de controle dos quadros de instabilidade hemodi-
nâmica. São esperadas alterações:
 ∏ cardiovasculares: arritmias, colapso cardio-
vascular, dissecção de aorta, Infarto Aagudo do 
Miocárdio, hipertensão, hipotensão, taquicardia;
 ∏ gastrenterológicas: náuseas, vômitos e diar-
reia, hepatotoxicidade;
 ∏ geniturinárias: insuficiência renal aguda, 
mioglobinúria;
 ∏ metabólicas e hematológicas: acidose meta-
bólica (láctica), hipercalemia, desidratação, coa-
gulopatia (CIVD), rabdomiólise, hiponatremia, 
trombocitopenia e SIADH;
 ∏ neuropsicologicas e musculares: acinesia, agi-
tação, alucinações anorexia, ansiedade, comporta-
mento antissocial, convulsões, coma, delírio, diafo-
rese, edema cerebral, espasmos musculares, euforia, 
excitação, instabilidade emocional, hiper-reflexia, 
hipertermia, midríase, mioclonia, nistagmo, opistó-
tono, paranoia, piloereção, rigidez e tremores. 
Há relato de uso de anfetaminas cronicamen-
te em baixas doses (20-40 mg/dia) por indivíduos 
com desejo de melhora de desempenho profissio-
nal e pessoal, sendo tal uso socialmente imper-
ceptível. Contudo, são notórias a fadiga excessiva 
e a falta de crítica em relação à sua situação, pela 
exposição a esforços intensos. Durante a tentativa 
de descontinuidade de uso, a depressão e letargia 
surgem. O suicídio pode ocorrer tanto pela im-
pulsividade com o uso quanto na depressão nos 
períodos de exaustão. Sintomas psicóticos com 
sintomas de primeira ordem podem acontecer em 
qualquer modo de uso, geralmente são usuários 
crônicos, que utilizam anfetaminas em grande 
quantidade. As principais características são delí-
rios persecutórios e autorreferentes, além de aluci-
nações auditivas e visuais. O tratamento pode ser 
feito com neurolépticos ou benzodiazepínicos.
 ∏ respiratórias: taquipneia, edema agudo de 
pulmão não cardiogênico e SARA. 
Assim, pode ser necessária, conforme o qua-
dro clínico apresentado, a avaliação de exames 
complementares, entre estes: eletrólitos (sódio, 
potássio), CPK/ CK-MB/ troponina, gasometria 
arterial, função renal, função hepática, glicemia, 
coagulação (TAP, TTPa, plaquetas), urina rotina, 
ECG e TC de crânio.
Pode-se coletar amostra de urina para a con-
firmação da utilização de MDMA. Essa substân-
cia pode ser detectada na urina entre 24 e 72 ho-
269D r o g a s d e A b u s o
ras, pela triagem toxicológica habitual de drogas 
de abuso (metanfetamina) e análise confirmató-
ria em HPLC/ MS.
O tratamento de todos os pacientes deve 
manter a via aérea pérvia, respiração e ventilação 
adequadas, garantir adequado funcionamento do 
aparelho cardiovascular e sistema nervoso central 
(ABCD). A descontaminação deverá seguir os cri-
térios já discutidos no capítulo sobre o tema. Em 
uso exclusivo de anfetaminas, orienta-se adminis-
trar ao paciente, segundo o Up to date acessado em 
2011, dose única de carvão ativado caso a ingestão 
seja há menos de uma hora do atendimento.
O controle da agitação e da ansiedade pode ser 
realizado pela administração de diazepam ou ou-
tro benzodiazepínico disponível. Evita-se o uso de 
butirofenonas e fenotiazinas (mesmo ambas sendo 
capazes de antagonizar os efeitos farmacológicos 
das anfetaminas). Os simpaticomiméticos podem 
reduzir a eficácia dessas medicações. Não há des-
crição de mecanismo exato, mas poderia estar 
relacionado a efeitos opostos na atividade dopami-
nérgica. Os estimulantes centrais poderiam poten-
cializar a arritmogenicidade das fenotiazinas. 
A taquicardia e a hipertensão podem respon-
der ao uso de benzodiazepinas. Em casos não 
responsivos de hipertensão refratária, prescreve-
-se nitroprussiato de sódio (sendo o labetalol con-
troverso, evitando-se seu uso). Na persistência 
de taquicardia importante, segue-se protocolo 
ACLS. Evita-se uso de beta-bloqueadores. Insufi-
ciência coronariana deve ser abordada conforme 
protocolo específico, incluindo benzodiazepíni-
cos, ácido acetilsalicílico e nitroglicerina, salvo 
contraindicações. Em casos de síndrome seroto-
ninérgica, deve-se considerar o ciproheptadine.
A encefalopatia nessas intoxicações relaciona-
-se à intoxicação hídrica e à hiponatremia. Inges-
tão copiosa de água na intoxicação por MDMA é 
marcante, pode se associar à secreção inapropria-
da do hormônio antidiurético (ADH), mediada 
pela ação serotoninérgica. Nas festas, o estresse 
agudo e o excesso de estímulos visuais e auditivos 
podem contribuir para secreção do ADH. 
Estudo correlacionando o consumo de ecs-
tasy e a secreção inapropriada do ADH, em 2006, 
comparou usuários de ecstasy (considerados club-
bers) com não usuários, demonstrando aumento 
na secreção de ADH e ocitocina nos usuários. 
A média da concentração de ADH aumentou 
no grupo MDMA (1.28 ± 0.29 para 1.43 ± 0.41 
pmol/L), mas diminuiu nos outros participantes 
(1.23 ± 0.42 para 1.16 ± 0.0.34 pmol/L). 
A semiologia sugestiva de encefalopatia hipo-
natrêmica inclui alucinações, astenia, cefaleia, 
confusão mental, rebaixamento do nível consci-
ência, coma, convulsões, náuseas e vômitos.
É mandatória a avaliação do ionograma na 
suspeita de intoxicação por anfetaminas e seu 
acompanhamento. Encefalopatia hiponatremica 
cursa geralmente com a associação de dosagem de 
sódio sérico (usualmente < 120 mEq/l) e tomogra-
fia computadorizada revelando edema cerebral.
O tratamento da intoxicação hídrica consiste 
em restrição de água livre (água, soro glicosado), 
correção adequada de níveis séricos de sódio 
baixos, associado ao suporte ao quadro clínico 
crítico (sinais de edema cerebral, coma, convul-
sões). Sugere-se o início de infusão de NaCl a 3% 
a velocidade de 1 a 2 mEq/kg/hora, sendo que 
a reposição não deve ultrapassar 12 mEq/L nas 
primeiras 24 horas (pelo risco de síndrome da 
desmielinização osmótica). O uso de diurético de 
alça (furosemida) pode-se fazer necessário acom-
panhando o suporte clínico avançado.
A hipertermia é também característica de gra-
vidade dessas intoxicações. São descritas tempe-
raturas acima de 43ºC como complicação impor-
tante na intoxicação anfetamínica. A hipertermia 
geralmente induz a rabdomiólise, mioglobinúria, 
insuficiência renal aguda, dano hepático e coa-
gulação intravascular disseminada (CIVD). Con-
dições de uso favorecem a hipertermia e parece 
ser dose-dependente.
No Reino Unido há registro de óbito de 15 
pessoas/ano decorrente da ingestão de MDMA 
e a maioria dessas mortes é atribuída a conse-
quências da hipertermia. Estudo com título 
“Thermoregulatory effects of 3,4-methylenedio-
xymethamphetamine (MDMA) in humans” 
descreve casos clínicos de pacientes atendidos 
devido às elevações de temperatura. Sugere-se 
a correlação entre a hipertermia, o aumento 
na taxa metabólica (50 a 100%) e a diminuição 
da sudorese. Autores descrevem o caso de um 
jovem masculino, 19 anos, que sobreviveu à 
hipertermia devido à ingestão de MDMA (três 
comprimidos). Desenvolveu convulsões, acido-
se metabólica e falência respiratória. Foi ma-
nejado com assistência ventilatória, hidratação, 
270 To x i c o l o g i a n a P r á t i c a C l í n i c a
diazepam, medidas de resfriamento corporal e 
administração precoce de dantrolene.
O tratamento sintomático e suportivo em tal 
situação pode se fazer necessário com o uso de 
benzodiazepínicos. A minimização de esforço 
físico e agitação e viabilização da perda de calor 
são questionáveis, mas utilizadas (retirada de rou-
pas, banho de esponja, banhos deimersão e con-
trole de temperatura do ambiente). Hidratação 
venosa com cristaloide adequado é mandatória, 
obviamente em conformidade com correções hi-
droeletrolíticas adequadas. Dantrolene pode ser 
utilizado nos pacientes que não respondem aos 
benzodiazepínicos e às medidas físicas, questio-
náveis, de resfriamento corporal. Dose total rela-
tada de uso do dantrolene é de 1-10 mg/kg. 
***Fim da amostra***

Continue navegando