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avaliacao-institucional-patologias-e-doencas-dos-povos-indigenas-pdf 02

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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 
Após a análise do material disponibilizado sobre a Patologias e doenças dos povos 
indígenas, faça uma síntese MANUSCRITA contendo INTRODUÇÃO (1 lauda), 
DESENVOLVIMENTO (mínimo 2 laudas) e CONCLUSÃO (1 lauda). 
 
INTRODUÇÃO 
 
No Brasil, na década de 1970, o modelo teórico da saúde coletiva surgia, 
organizando-se, dessa forma, o Movimento Sanitário que propôs a estruturação da atenção 
através do histórico social e estudo epidemiológico, apontando novos métodos de análise 
que questionassem as ações de prevenção e controle das doenças, desconsiderando as 
relações sociais de exploração. 
Desse modo, o Sistema Unico de Saúde (SUS) foi criado em 1988 e nove anos após 
a sua criação, o Decreto nº 3.156 e a Lei nº 9.836 determinaram as condições de assistência 
à saúde dos povos indígenas e o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena no âmbito do 
SUS, respectivamente, tendo em vista as históricas desigualdades vividas por esses povos 
no Brasil. Posteriormente, essa legislação regulamentou a Política Nacional de Atenção à 
Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), integrante da Política Nacional de Saúde. 
Até então, ​os serviços para o índio não contavam com recursos adequados, com uma 
organização eficiente, ou com uma política clara que guiasse a relação 
profissional/comunidade no planejamento e atendimento. Haviam muitas necessidades que 
precisavam ser sanadas, tais como: a necessidade da implantação de um subsistema 
específico, mediante a criação de uma agência para esse fim, vinculada ao Ministério da 
Saúde, garantindo ao índio o direito universal à saúde e a inclusão das comunidades no 
planejamento, gestão, execução e avaliação dos serviços de saúde; a necessidade de um 
modelo de atenção diferenciada que respeite as especificidades culturais e práticas 
tradicionais de cada grupo. 
Atendendo à essas necessidades, posteriormente, em 1999, houve a criação dos 
Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DEISs) pela FUNASA, órgão responsável pela 
saúde indígena, foi o marco de um momento novo na atenção à saúde dos índios brasileiros. 
Antes da criação dos DSEIs, o atendimento de saúde ao índio nunca foi adequado, e 
tampouco uma prioridade, principalmente no tocante à saúde da mulher indígena. 
Assim, hoje a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas no Brasil se 
integra a política de saúde vigente por meio de um modelo complementar e diferenciado de 
organização dos serviços, voltados para proteção, promoção e recuperação da saúde desta 
população, inclusive garantindo o exercício da cidadania. 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
Antes de discorrer sobre as práticas de saúde, é necessário tocar em outro assunto 
que faz parte desse tema central, que é a percepção da doença. O conceito da doença como 
experiência vai além da idéia de que, havendo categorias diferentes de doença para 
pessoas de grupos diferentes, somente se faz necessário identificar essas categorias para 
se entender a visão de tais grupos sobre saúde. Segundo essa visão, a doença é mais bem 
entendida como um processo subjetivo construído através de contextos socioculturais e 
vivenciado pelos atores. A doença não é mais um conjunto de sintomas físicos universais 
observados numa realidade empírica, mas sim um processo subjetivo no qual a experiência 
corporal é mediada pela cultura. 
Com isso, ao aplicar essa percepção à assistência ao indígena, é preciso que o 
profissional de saúde tenha um olhar que transcenda o momento da relação interpessoal e 
se estenda ao contexto sociocultural em que ela se estabelece. 
Neste cenário, emerge a importância dos profissionais de saúde para o 
desenvolvimento de uma metodologia de trabalho que busque a promoção da saúde das 
comunidades indígenas, respeitando sua organização cultural e religiosa, procurando 
articular saberes técnicos com os saberes tradicionais da comunidade, desenvolvendo, 
nesse grupo, valores relacionados com a qualidade de vida. Esses constituem exemplos de 
valores à saúde, à equidade, o desenvolvimento, à participação e a parceria, ao fomentar um 
sistema de saúde comprometido com a promoção da saúde da comunidade indígena. 
Desse modo, é válido perceber o impacto da introdução das intervenções biomédicas 
nas populações indígenas e como essas mudanças tem sido demonstrado por pesquisas 
antropológicas que buscam auxiliar na melhora das práticas de saúde indígena. 
Nesse sentido, as pesquisas mais atuais objetivam ir além dos nomes ou categorias 
indígenas de doença, procurando acompanhar os itinerários terapêuticos dos casos 
específicos de doenças que acontecem durante o período da pesquisa do campo. O 
pesquisador acompanha todo o processo do episódio da doença, registrando os tratamentos 
utilizados e também os significados dados a esse processo através do discurso dos índios. 
Respondendo a perguntas simples (Quando começou? Quais são os sintomas? Quais são 
as causas? Como avalio o tratamento?), o doente ou sua família narram sua experiência, 
expondo sua percepção e sua lógica de pensamento – tornando claro o processo da 
construção sociocultural da doença. 
Essa metodologia capta a dinâmica do processo saúde/doença, mostrando a 
maleabilidade da ação humana nos esforços contínuos de curar e buscar sentido frente às 
inconstancias da vida humana. O premente é entender que essas pesquisas indicam que a 
escolha de uma terapia ou outra depende do andamento da doença e que esta escolha é 
guiada por várias considerações, entre elas a percepção de seu prognóstico e sua causa e 
as experiências individuais e grupais com as possíveis alternativas de tratamento, reiterando 
o fator da percepção individualizada da doença ser importante nesse contexto, geralmente 
influenciado pela cultura. Entram também fatores não estritamente de ordem cultural, tais 
como tempo ou distância do tratamento, custos econômicos e os conflitos e alianças nas 
redes sociais. Em geral, quando os serviços da saúde são acessíveis, eles também fazem 
parte do itinerário terapêutico e a rejeição plena da biomedicina é rara. 
Assim, a medicina é geralmente recebida positivamente e hoje a garantia de acesso 
aos serviços biomédicos é uma demanda das organizações indígenas, cujas lideranças 
estão exigindo o direito universal à saúde garantido na Constituição brasileira. Rejeição à 
medicina é um problema bem menor do que o desafio para os profissionais em oferecer uma 
atenção diferenciada, respeitando as culturas indígenas. 
Porém, a necessidade reconhecida dos serviços da biomedicina por parte dos índios 
não implica que sua percepção sobre doença/saúde se altere, nem que os índios incorporem 
a visão biológica da doença que fundamenta a ciência médica. 
As pesquisas sobre o contato com a biomedicina demonstram claramente que os 
índios procuram as terapias da biomedicina como uma alternativa entre outras e mantém 
suas próprias explicações e percepções do que significa a doença e sua cura. São atores no 
processo da doença, diagnosticando a natureza do sofrimento, escolhendo os tratamentos e 
avaliando a eficáciadas várias terapias empregadas num episódio de doença. 
 
CONCLUSÃO 
 
A busca pela conquista de melhoras nas práticas de saúde da população indígena é 
de suma importancia para essa comunidade. Um exemplo é a saúde da mulher indígena, 
principalmente o que diz respeito à saude gestacional. Atualmente, cada vez mais as 
mulheres têm participado, colocando suas dúvidas, trocando conhecimentos e apontando 
caminhos, o espaços de diálogo e construção coletiva de políticas e intervenções em saúde 
oferecido à essas indígenas trouxe a tona um inédito protagonismo feminino, o que é muito 
difícil de acontecer, pois as mulheres indígenas são, geralmente, ignoradas como atores 
importantes nos processos que envolvem a relação com a sociedade. 
O que se percebe até aqui, é que essas conquistas foram uma construção coletiva ao 
longo dos últimos anos, com erros e acertos, porém com uma característica fundamental: a 
busca constante, de indígenas e não indígenas, por um modelo de assistência capaz de 
impactar positivamente a realidade epidemiológica da sociedade indígena. 
Assim, após inegáveis conquistas na ótica jurídica legal em que se consolidaram a 
atenção à saúde dos povos indígenas, coloca-se como questão central a reformulação das 
organizações e estabelecimentos dos subsistemas na promoção à saúde indígena. Para que 
se possam criar as condições necessárias de forma permanente e sólida, é essencial que o 
sistema de saúde atual tenha alicerce nas ações de promoção da saúde, tornando-se mais 
humano, permanente, e, sobretudo, mais resolutivo. Deve ser garantido ainda, que princípios 
como territorialidade, vínculo, continuidade, planejamento local e promoção à saúde estejam 
cada vez mais presentes nas pautas das reuniões propostas por movimentos indígenas 
ligados aos setores de defesa e formulação de políticas públicas para a saúde indígena.

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