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Modulo 2
· Humanização da Saúde
O cuidado dos modos de ser do humano e as práticas de saúde
Ao estudar a Bioética, estuda-se também a biologia, a medicina, a filosofia, o direito, as ciências exatas, as ciências políticas e o meio ambiente, pois a Bioética é multidisciplinar e abrange diversas áreas além daquelas relacionadas diretamente com o SUS, buscando a melhor forma de resolver intercorrências causadas pelo avanço da tecnologia, da genética e pela própria evolução dos valores e direitos do ser humano, tal como a prestação de um cuidado humanizado, tornando-se tendência da Bioética, atualmente muito estudada e discutida na área da saúde.
 
 O Ministério da Saúde toma como sua a responsabilidade de promover a Humanização dentro do SUS, sendo este, um processo complexo que envolve diversas políticas públicas e diretrizes internas, sendo um diferencial na forma de atendimento direto entre usuários e profissionais da saúde. O termo Humanização é um dos termos mais difundidos e estudados atualmente, estando presente em diversas áreas do saber e segmentos da sociedade: no ambiente educacional, no mundo corporativo, no universo filosófico e religioso, principalmente na área da saúde.
 
  Ao pesquisar sobre a origem da Bioética, é possível encontrar diferentes opiniões quanto a sua criação e diferentes conceitos quanto ao seu objetivo. A etimologia da palavra “Bioética” surgiu da junção das palavras “bio”, a qual significa “vida” no idioma grego, com a palavra “ética”, sendo uma vertente da filosofia ética, a qual, tem por objetivo analisar práticas desenvolvidas nas ciências da vida, medicina e cuidados de saúde, não tendo nenhuma exclusividade com a área da Enfermagem, pois trata-se de uma ciência transdisciplinar relacionada com a Biologia, o Direito, a própria Ética, a Medicina e pode incluir questões religiosas.
 
  Ética e Moral estão relacionadas, porém são diferentes. A moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos. Já a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano, assim sendo, a Ética não se resume à Moral, que geralmente é entendida como costume ou hábito, mas busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver. Ética é, portanto, uma Doutrina Filosófica que tem por objeto a Moral no tempo e no espaço, sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana. Transdisciplinar é aquilo que diz respeito ao que está simultaneamente entre as disciplinas e além de toda disciplina. Tal como a Humanização, a qual não é uma expressão exclusiva da área da saúde, sendo um conceito bastante amplo, relativo e subjetivo, abrangendo diversas áreas do saber, tais como nas Ciências Exatas, nas Ciências Humanas, nas Ciências da Saúde, nas Ciências Sociais, dentre outras áreas do conhecimento. 
 
  A Humanização promove condições mais oportunas e mais humanas para os colaboradores de empresas prestadoras de determinado serviço, bem como para os usuários de seus serviços e produtos propriamente ao utilizarem os mesmos. No que diz respeito a origem da Bioética, a palavra “Bioética” foi utilizada pela primeira vez em 1927, quando o autor alemão Fritz Jahr fez uma publicação definindo este termo como “Reconhecimento de obrigações éticas, não apenas com relação ao Ser humano, mas para com todos os seres vivos. Outra origem paralela da Bioética é encontrada na língua inglesa, a qual pode ser atribuída a André Hellegers no ano de 1970, tal origem não possui nenhuma conexão com a anterior. Por este pesquisador, o termo “Bioética” foi utilizado para denominar os estudos que estavam sendo propostos na área de reprodução humana e genética. 
 
 
   No ano de 1998, o oncologista Van Rensselear Potter redefiniu a Bioética como sendo uma “nova ciência ética”, combinando humildade, responsabilidade e uma competência interdisciplinar, intercultural, a qual potencializa o senso de humanidade e é capaz de dar respostas à relação entre Homem e natureza, que possuía como objetivo principal, garantir a perpetuação da espécie humana. A Humanização é considerada uma vertente da Bioética, a qual surgiu gradativamente, não tendo uma data específica, nem um local ou pesquisador que apresentou a respectiva terminologia. Como processo, entende-se que ela foi surgindo aos poucos, ou seja, paulatinamente, como uma reflexão ou crítica. O princípio de “dignidade e respeito à vida humana” pode ser uma definição clássica de Humanização, enfatizando a dimensão ética na relação entre profissionais de saúde e pacientes.
 
 Além disso, alguns conceitos cunhados no cotidiano da atual sociedade que apresenta a Humanização como: Conduta axiológica (conduta ligada aos valores da sociedade); Gestão participativa na saúde (gestão na qual a comunidade pode participar de forma democrática); Cuidado na assistência à saúde (adoção de medidas de manutenção, recuperação e prevenção da saúde). O Ministério da Saúde, juntamente com a Política Nacional de Humanização, protagonizou a cartilha HumanizaSUS, a qual expõe que a Humanização ocorre por meio dos seguintes valores: autonomia; protagonismo; corresponsabilidade; estabelecimento solidário de vínculos; criação de redes de cooperação e participação coletiva na gestão, estes valores são destinados aos usuários, trabalhadores e gestores. Para Stigar et al., a Humanização surgiu como uma resposta a todo o “stress” da saúde, a tensão, a insatisfação e o sofrimento tanto dos profissionais da área quanto dos pacientes, diante de fatos sociais e fenômenos que configuram o que chamamos de violência institucional na Saúde. 
 
   Segundo Garrafa, a popularização da Bioética deu-se através do livro Bioethics: bridge to the future, escrito pelo cancerologista e bioquímico norte americano Van Rensselaer. Potter em 1971, o qual escreveu exclusivamente para o campo biomédico, tratando a Bioética como uma nova ciência de sobrevivência humana e ambiental. Outro filósofo que faz uma relação entre animais e seres humanos, aplicando um conceito de Estatuto Moral, é o filósofo Peter Singer, defendendo que ambos devem possuir respeito pela vida e pela liberdade, devido a sua capacidade física em sentir dor. No livro “Libertação Animal” o filósofo Peter Singer defende que todo Ser humano e animais têm Estatuto Moral (exceto embriões), mas não as plantas. Todos os seres humanos reagem à dor, mas isso não quer dizer que tenham a mesma escala de Estatuto Moral, pois Singer define que o Estatuto moral do animal é mais baixo do que o do Homem, pois os animais possuem menor complexidade e capacidade intelectual.
 
 Para Souza, refletir à respeito de Bioética significa “repensar as principais convenções e os atos que levaram a civilização a chegar aonde está” e que “a Bioética entra em cena para a defesa da vida”, o que é dito baseado em Hans Jonas , o qual propôs que devemos agir “de tal maneira que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica” e que não devemos pôr em perigo a continuidade indefinida da humanidade. No entender de Hans Jonas, as ações humanas deveriam ser realizadas pensando nas possíveis consequências que tais ações causariam as futuras gerações além de nossa existência, o autor Souza caracteriza isso como um pensamento de reciprocidade, afinal, “o futuro não nos dará nada em troca pelo nosso bem proceder responsável de hoje”. 
 
A obra de Hans Jonas foi publicada há mais de quatro décadas e até os dias atuais, seus pensamentos estão relacionados a estudos de Bioética e Humanização e ainda válidas, porque, apesar da temática de Humanização não ter sido um tema muito estudado naquela época, os princípios da Humanização e os conceitos de Jonas são semelhantes em vários aspectos, como a sua preocupação com o respeito e a continuidade da vida humana e com os avanços tecnológicos. 
 
   O princípio da beneficência se fundamenta em fazer o bem e evitar o mal, ou seja, aumentar os benefícios e diminuir riscos potenciais, para Vasconcelos et al. a beneficência faz parte daobrigação moral de promover o bem e agir em benefício do próximo. Autonomia é o poder que cada paciente possui de tomar decisões sobre si mesmo e qual tratamento cada paciente gostaria de escolher, cabendo aos profissionais da saúde apresentar a cada paciente, informações sobre as opções de tratamento que são adequadas, sem influenciar ou manipular sua escolha. De acordo com Silva, a autonomia substitui o conceito de “paternalista”, no qual as escolhas do paciente eram deixadas de lado e cabia ao médico tomar todas as decisões do tratamento. O princípio de justiça muitas vezes é complementado com o princípio da equidade, conforme descreve o autor Vasconcelos et al., pois trata da distribuição justa de benefícios sociais, visando os seres humanos como iguais, de acordo com suas necessidades e capacidades, respeitando de forma imparcial o direito de cada paciente.
  
  No ano de 2000, com a regulamentação da Política Nacional da Humanização, a Humanização expandiu-se para outros setores do ambiente hospitalar além daqueles relacionados com a obstetrícia e maternidade, devido aos objetivos desta política, como: difundir a cultura de Humanização no SUS; melhor a eficácia e qualidade no atendimento ao paciente usuário do SUS; promover capacitação para os colaboradores do SUS sobre um novo conceito de assistência que valorize a vida humana e a cidadania. Ao estudar a Política Nacional de Humanização, Stigar et al. apresentaram que novos Paradigmas são necessários para a área da saúde, sendo a Humanização um destes Paradigmas, a qual se estabeleceu no Brasil não apenas como um conceito, mas sim como um movimento que visa, de maneira geral, tornar digna a assistência à saúde para todos os cidadãos. Sabe-se que o termo “Humanização” é um termo universal e presente em diversos campos além da área da saúde, por isso, seu conceito é bastante amplo e pode ser compreendido e aplicado de diferentes formas dentro dos serviços de saúde.
 
     A concepção do que cada hospital ou serviço de saúde compreende por Humanização e qual sua aplicação na prática deveria ser explícita para todos os usuários daquele serviço. Na Humanização podem estar presentes sinais como a indiferença à dor apresentada e relatada pelo paciente, no relacionamento profissional de saúde-paciente ou profissional-família, ou seja, na atual realidade do SUS, sempre a relação humana e a prática da Humanização está presente, deixando claro nos pacientes a sua insatisfação e interferindo no processo de cura, em um ambiente que deveria ser destinado ao cuidado integral. O Brasil define-se como um país laico por não pertencer a nenhuma ordem religiosa e desta forma, seus serviços públicos, incluindo o SUS, não possuem em suas políticas e regulamentações, nenhum tipo de especificação e exigência ao se tratar de espiritualidade e religião, por isso, o ato de respeitar os desejos, crenças e ideologias relacionados a espiritualidade de cada paciente pode ser considerado um ato de Humanização, por ir além do simples ato de desempenhar as atividades profissionais de acordo com as regulamentações e exigências das instituições de saúde. Os quatro princípios fundamentais da Bioética, os quais já foram definidos anteriormente, pertencem a definição clássica de Bioética, porém, o autor Hossne, incluiu vários outros pontos pertinentes que devem ser estudados, chamando-os de “pontos de referência”, os quais incluem a: vulnerabilidade, solidariedade, prudência, altruísmo, alteridade, responsabilidade, confidencialidade, privacidade, dignidade, integridade, equidade, dentre outros. 
 
O processo de Humanização que envolve a educação dos profissionais da saúde pode ser encontrado no Paradigma das Virtudes, o qual foi criado com base na tradição grega aristotélica associada a estudos filosóficos, este Paradigma possui seu foco “nos profissionais da saúde, como agente, integrando com o paciente o seu processo decisório”. Sabe-se que a Bioética é um tema amplo e transdisciplinar, abrangendo diversas áreas do saber e como o foco deste trabalho é a Bioética Clínica e a Humanização, apresentamos os principais Paradigmas da Bioética, os quais fazem, de certa forma, alguma referência direta ou indireta para com a Humanização. Também sabe-se que a Humanização é uma vertente da Bioética e ambas estão interligadas, sendo impossível falar de Humanização sem citar a Bioética.
· O princípio da autonomia se refere à capacidade de autodeterminação de uma pessoa, pela qual ela pode gerenciar sua própria vontade.
· Pelo princípio da beneficência, sempre que o profissional propuser um tratamento a um paciente, ele deverá reconhecer a dignidade do paciente e
considerá-lo em sua totalidade. A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é
Exercicio
Os princípios básicos da bioética são:
I. Beneficência II. Não maleficência III. Autonomia IV. Justiça
O profissional de saúde, na prática assistencial, deve reconhecer a dignidade do paciente, contemplando as dimensões: física, psicológica, social e espiritual, com a finalidade de oferecer o melhor, tanto no que se refere à técnica quanto ao reconhecimento das necessidades do paciente, visando ao restabelecimento da saúde, à prevenção de agravos ou à promoção da saúde. Essa prática se fundamenta nos princípios da bioética de:
· Humanização e Beneficência
A dinâmica de implementação do SUS
O modelo de atenção à saúde no Brasil resultou, desde o seu início, de trocas e apropriações de experiências entre europeus, índios e africanos, particularmente no que tange à prática médica. Com o processo de expansão marítima europeia, iniciado nos séculos XV e XVI, ocorreu um significativo aumento na circulação de mercadorias e contatos entre os povos, mas também houve uma verdadeira “união microbiana” com um novo trânsito de doenças entre territórios distintos. Com a chegada dos portugueses à Terra de Santa Cruz, um mundo novo e desafiante se formava em relação às enfermidades. Aqui, juntaram-se à malária, doença tropical, até então desconhecida para os europeus, aquelas trazidas pelos colonizadores, como peste bubônica, cólera e varíola e, posteriormente, com a chegada dos africanos, a filariose e a febre amarela. Um cenário preocupante foi-se desenhando, pois era frágil o conhecimento acerca da transmissão e do controle ou tratamento dessas novas doenças. Diferentes intervenções ou visões sobre as moléstias surgiam a cada momento. A diversidade racial, presente no Brasil desde a sua colonização, possibilitava um leque de opções de tratamentos, pois os índios, os colonizadores e posteriormente os negros, eram detentores de conhecimentos próprios para lidar com as enfermidades. Essas culturas, a partir de suas cosmovisões, ofereciam procedimentos terapêuticos peculiares para as moléstias que ocasionalmente os acometiam. Também da Europa, os Jesuítas trouxeram a prática médica da disciplina e do isolamento, para o tratamento dos doentes. Os portugueses não demoraram a implantar o modelo das Santas Casas de Misericórdia. As primeiras apareceram na capitania hereditária de São Vicente, em 1543, por Braz Cubas e em Salvador, em 1549, por iniciativa de Tomé de Souza. Na medida em que avançava a colonização, foram criadas outras unidades semelhantes pelos Senhores chamados “homens bons”, associados às Irmandades da Misericórdia, sociedades civis constituídas por pessoas de posses, geralmente católicas, que se propunham a realizar determinadas obras sociais. 
 
No entanto, o cenário era de descaso para com a saúde. A mão de obra nesse início de colonização advinha da escravização indígena. Dessa forma, a assistência à saúde praticamente não apresentou mudanças com a chegada da nova mão de obra escrava, oriunda do continente africano. As pessoas adoeciam e morriam em suas casas, em instituições filantrópicas ou simplesmente ao léu, como morrem os animais.  A vinda da família Real e os primeiros incrementos na área da saúde O trópico atraía a atenção do colonialismo, mas os empreendimentos comerciais eram ameaçados pelasdoenças transmissíveis endêmicas e epidêmicas, sendo raros os médicos que atuavam junto à população. Em meados do século XVII uma profunda crise demográfica ocorreu no Brasil devido a uma epidemia de sarampo, abalando a incipiente economia colonial. Após esse fato, as epidemias passaram a receber a atenção governamental, sobretudo em razão dos prejuízos causados à política econômica, pois os navios estrangeiros passaram a evitar os nossos portos com medo do contágio. Dos primórdios ao surgimento do SUS Nesse sentido, as primeiras ações de saúde pública no Brasil colônia foram proteção e saneamento das cidades, principalmente as portuárias; controle e observação das doenças e doentes, promovendo uma prática mais eficaz no controle das moléstias.
 
  Essas ações denotavam a preocupação com a saúde da cidade e dos produtos que eram comercializados, pois a assistência ao trabalhador se resumia na prática da quarentena, para evitar a propagação das doenças. A transferência da família Real para o Brasil, em 1808, ocorreu em um período em que o mundo científico evoluía, inclusive a medicina. Nesta área, foram importantes os avanços no estudo da anatomia e a descoberta do microscópio, que precedeu a revolução pasteuriana. Nesse contexto, foram dados os primeiros passos da medicina tropical com a criação de Faculdades de Medicina em Salvador e no Rio de Janeiro, cidades portuárias que recebiam o maior número de navios e de escravos. As iniciativas na Saúde Pública com o advento da República A proclamação da República em 1889 marca o início de um novo ciclo na política de Estado, com o fortalecimento e a consolidação econômica da burguesia cafeeira. O aparecimento de uma nova organização social, a partir de fatores como, por exemplo, os primeiros sinais de industrialização em algumas cidades, a chegada de imigrantes europeus e o princípio da migração de pessoas do campo para as cidades, obrigou o governo a melhorar o atendimento da saúde. Nesse período, também ocorreu a chamada normatização médica, que regulamentou o ensino e a prática médica, em conformidade com o modelo europeu. Esta medida resultou em maior controle sobre as práticas populares de cura, na substituição gradual dos religiosos das direções dos hospitais gerais, e na construção de hospitais públicos para atender doenças consideradas nocivas à população, como as mentais, a tuberculose e a hanseníase. No governo de Rodrigues Alves (1902-1906), tendo Oswaldo Cruz à frente, as iniciativas de saneamento e urbanização foram seguidas de ações específicas na saúde, sobretudo no combate a algumas doenças epidêmicas. Foram tomadas medidas importantes, algumas drásticas, mas que representaram avanços no combate às epidemias, as quais se espalhavam facilmente pelas cidades. Nesse contexto, nasceu um Código Sanitário que previa a desinfecção inclusive domiciliar, o arrasamento de edificações consideradas nocivas à saúde pública, a notificação permanente dos casos de febre amarela, varíola e peste bubônica, e a atuação da polícia sanitária. As instituições de saúde se organizavam a partir do modelo campanhista, de inspiração bélica, para combater as epidemias. Por isso, não é de se estranhar o teor extremamente autoritário das práticas de saúde. Para desinfetar, percorriam ruas e visitavam casas, inclusive promovendo a queima de roupas e colchões. Exigiam limpeza, reformas, interditavam prédios, removiam doentes. 
 
Naturalmente, os alvos preferidos das visitas eram as áreas mais pobres e de maior densidade demográfica. Também constava, nessa estratégia sanitária, a campanha de vacinação obrigatória, que foi estopim de uma revolta popular, pelo caráter autoritário do processo. Este movimento ficou conhecido como a Revolta das Vacinas, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1904. Na segunda fase do movimento sanitarista de Oswaldo Cruz, entre 1910 e 1920, o foco foi a zona rural. As preocupações se resumiam no saneamento rural e no combate a três endemias rurais acintosas: ancilostomíase, malária e mal de Chagas.
 
  Esse programa levou às expedições de médicos sanitaristas pelo país e, proporcionou melhor conhecimento da situação de saúde no território nacional e da necessidade de se desenvolver uma política de Estado nessas áreas. Apesar do fim conflituoso, Oswaldo Cruz conseguiu êxito diante dos problemas epidemiológicos e colheu informações valiosas para seu sucessor, Carlos Chagas, o qual pôde estruturar uma campanha rotineira de educação e ação sanitária. Em 1923, foi realizada a reforma sanitária. Dos primórdios ao surgimento do SUS brasileira, com a criação do Departamento Nacional de Saúde, então ligado ao Ministério da Justiça. As revoltas populares e o surgimento das Caixas de Aposentadorias e das Pensões (CAPs) Em 1923, diante de revoltas populares, movimentos anarquistas e comunistas, o chefe de polícia, Eloy Chaves, propôs uma lei que regulamentava a formação de Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs). No entanto, eram restritas a algumas organizações trabalhistas mais atuantes política e financeiramente, como os ferroviários e os marinheiros, ligados à produção exportadora.
 
  Foi um marco na história da Previdência Social no Brasil, pois os funcionários poderiam ter direito à aposentadoria por invalidez ou por tempo de contribuição, bem como à pensão por morte e a assistência médica. O governo Getúlio Vargas e os primeiros Institutos de Aposentadoria e Pensão Nos anos 30, sob o governo de Getúlio Vargas, as CAPs foram transformadas nos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs). André Luiz de Oliveira Na década de quarenta, em plena guerra mundial, o governo brasileiro, em convênio com o americano, estruturou o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). A Saúde pública nos anos 50 teve acontecimentos significativos no âmbito da saúde no período, foi a criação do Ministério da Saúde (1953) e a reorganização dos serviços de controle das endemias rurais no Departamento Nacional de Endemias Rurais. Tratou-se de uma política de saúde pública com ênfase na prevenção de doenças transmissíveis, aliada a uma política de saúde previdenciária restrita aos contribuintes da previdência e seus dependentes. Essa nova configuração de atuação do Estado na saúde pública, resultou em um importante instrumento de controle do espaço de circulação dos produtos e do trabalho. O Estado passou a contar com: postos de trabalho, indústrias (de medicamentos, de equipamentos), ensino profissional, hospitais, ambulatórios e outros organismos. Há de se ressaltar também, nesse período, que o avanço da industrialização nacional gerou uma massa operária que deveria ser atendida pelo sistema de saúde. Tal fato exigiu uma expansão rápida e progressiva dos serviços de saúde, e dada a impossibilidade de o Estado suprir as demandas cada vez mais crescentes, abriu-se espaço para os convênios-empresas. A assistência tornou-se mais cara e o hospital passou a ser o principal ponto de referência para a busca de um atendimento em saúde – modelo hospitalocêntrico. Em 1966, ocorreu a unificação dos IAPs com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Esta medida unificou os benefícios para os trabalhadores em geral, independentemente de sua filiação profissional. Em 1974, foi criado o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS), que distribuiu recursos para investimento na expansão do setor hospitalar. Em 1977, criou-se o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), órgão que passou a coordenar todas as ações de saúde no nível médico-assistencial da Previdência Social. Outro fato importante foi a repercussão da Conferência Internacional de Assistência Primária à Saúde, realizada em 1978 na cidade de Alma-Ata (no atual Cazaquistão). Entre os temas tratados estavam: a participação comunitária, a cooperação entre os diferentes setores da sociedade e os cuidados primários de saúde, além de forte oposição à privatização e mercantilização da medicina sob o comando da Previdência Social. Os propositores de reformas no atendimento público de saúde,reivindicavam a universalização do direito à saúde. Com a influência vinda da experiência dos países socialistas, a Organização Mundial de Saúde, OMS, passou a enfatizar também as enormes desigualdades na situação da saúde entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos, baseando-se ainda nos seguintes pontos: as ações de saúde devem ser práticas, exequíveis e socialmente aceitáveis; a saúde deve estar ao alcance de todos, pessoas e famílias e em locais acessíveis à comunidade; a comunidade deve participar ativamente na implantação e na atuação do sistema de saúde; por último, o custo dos serviços deve ser compatível com a situação econômica da região e do país. 10 O processo de redemocratização da saúde pública no Brasil Assim a saúde passava a assumir um sentido mais abrangente, resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso a serviços de saúde, dentre outros fatores. Nesse contexto, foi realizada a VII Conferência Nacional de Saúde em 1980, que apresentou como propostas a reformulação da política de saúde e a formulação do Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (Prev-Saúde). Já em 1981, com a nomeação do Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (Conasp) e seu posterior diagnóstico, que apontava uma rede de saúde ineficiente, desintegrada e complexa, indutora de fraude e de desvio de recursos, foram então elaboradas algumas propostas operacionais básicas para a reestruturação do setor, dentre elas o Programa de Ações Integradas de Saúde (Pais).
 
  Posteriormente, em 1983, esse programa foi redefinido como Ações Integradas de Saúde (AIS), que revelou ser a estratégia mais importante para a universalização do direito à saúde e significou uma proposta de “integração” e “racionalização” dos serviços públicos de saúde e de articulação destes com a rede conveniada e contratada. Dos primórdios ao surgimento do SUS comporia um sistema unificado, regionalizado e hierarquizado para o atendimento. A segunda metade da década de 80 foi marcada por uma profunda crise de caráter político, social e econômico, tendo enormes repercussões sobre a saúde da população, agravando as condições de vida, aumentando o desemprego, a desnutrição e a mobilidade dos grupos sociais menos protegidos. No governo da Nova República (1985), com o crescimento do movimento social que defendia a democratização da saúde e difundia a proposta da reforma sanitária (PAIM, 2003), sendo que alguns dos reformistas passaram a ocupar cargos de expressão no âmbito político institucional do Estado (Ministério da Saúde, Inamps, Fiocruz), o Ministério da Saúde convocou gestores de saúde e, pela primeira vez, técnicos e usuários para a VIII Conferência Nacional de Saúde (1986).
 
  Considerado um marco histórico da política de saúde brasileira, esta conferência aprovou, por unanimidade de seus 4.000 participantes, as diretrizes da universalização da saúde e do controle social efetivo com relação às práticas estabelecidas, e assim ficaram delineados os princípios norteadores do que viria a ser o Sistema Único de Saúde – SUS. O relatório desta Conferência de Saúde também destacou o conceito ampliado de saúde, como direito de todos e dever do Estado.  A VIII Conferência Nacional de Saúde e o surgimento do SUS Não obstante a VIII Conferência Nacional de Saúde ter-se constituído em divisor de águas dentro do movimento de reforma sanitária no país, e tendo sido realizada em um momento propício com o advento da Nova República, com a eleição indireta de um presidente não militar e a perspectiva de uma nova constituição. No entanto, por iniciativa do MPAS/Inamps, foi constituído o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), ocorrido em 1987, o que representou a ponte para a construção do SUS. Avançou na política de descentralização da saúde e do orçamento, permitindo uma maior autonomia dos Estados na programação das atividades no setor. Além disso, prosseguiu-se nas estratégias de hierarquização, regionalização e universalização da rede de saúde, antes centralizadas no Inamps. Como este novo processo ocorria no período das discussões da Assembleia Nacional Constituinte (1987 e 1988), o relatório da VIII Conferência Nacional de Saúde foi tomado como base para a discussão da reforma do setor. As proposições mais importantes desse relatório foram assumidas pela “Constituição cidadã”, de 1988, dando origem ao SUS. Esse sistema pode ser definido como: o conjunto das ações e dos serviços de saúde, públicos e privados, contratados ou conveniados com o poder público. É o sistema de atenção à saúde de todos os brasileiros.
EXERCICIO
Antes da criação do SUS, o Ministério da Saúde (MS), apoiado por estados e municípios, desenvolvia basicamente quais tipos de ações?
· Ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças, merecendo destaque as campanhas de vacinação e controle de endemias
Quem poderia se beneficiar da assistência à saúde desenvolvida pelo INAMPS, antes da criação do SUS?
· Apenas os trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e seus dependentes, ou seja, não tinha o caráter universal
Em relação aos princípios doutrinários do SUS, assinale a alternativa CORRETA.
· São princípios doutrinários do SUS: Universalidade, Integralidade e Equidade
Humanização de Saúde: Enfoque na Atenção Primária
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde define a Atenção Primária como sendo um conjunto de intervenções de saúde no âmbito individual e coletivo que envolve: promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios (território processo) bem delimitadas, das quais assumem responsabilidade. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância das populações.  É o contato preferencial dos usuários com o sistema de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, acessibilidade (ao sistema), continuidade, integralidade, responsabilização, humanização, vínculo, equidade e participação social. A Atenção primária deve considerar o sujeito em sua singularidade, complexidade, integralidade e inserção sociocultural, e buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento das doenças e a redução dos danos ou sofrimentos que possam estar comprometendo suas possibilidades de viver de modo saudável. A Atenção Primária é aquele nível de um sistema de serviços de saúde que oferece a entrada no sistema para todas as novas necessidades e problemas, fornece atenção sobre a pessoa (não direcionada para a enfermidade) no decorrer do tempo, fornece atenção para todas   as condições, exceto as muito incomuns e raras, e coordena ou integra a atenção fornecida em outro lugar ou por terceiros. A Atenção Primária à Saúde deve cumprir três funções especiais: Resolução: visa resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população; Organização: visa organizar os fluxos e os contrafluxos dos usuários pelos diversos pontos de atenção à saúde, no sistema de serviços de saúde; Responsabilização: visa responsabilizar-se pela saúde dos usuários em quaisquer pontos de atenção à saúde em que estejam.
A Atenção Primária à Saúde (APS) deve ser orientada pelos seguintes princípios: primeiro contato; longitudinalidade; integralidade; coordenação; abordagem familiar; enfoque comunitário. A  APS deve ser a porta de entrada, ou seja, o ponto de entrada de fácil acesso ao usuário para  o sistema de serviços de saúde.
 
O acesso foi definido como “o uso oportuno de serviços de saúde para alcançar os melhores resultados possíveis em saúde”. A acessibilidade possibilita que os cidadãos cheguem aos serviços, ou seja, é o elemento estrutural necessário para  a primeira atenção. Portanto, o local de atendimento deve ser facilmente acessível e disponível para não postergar  e afetar adversamenteo diagnóstico e manejo do problema de saúde.
 
O acesso pode ser classificado em sócio-organizacional e geográfico. O primeiro diz respeito aos recursos que facilitam ou atrapalham (barreiras) os esforços dos cidadãos de chegarem ao atendimento. O segundo envolve as características relacionadas à distância e ao tempo necessário para alcançar e obter os serviços.
 
A acessibilidade pode ser analisada através da disponibilidade, comodidade e aceitabilidade do serviço pelos usuários: A disponibilidade diz respeito à obtenção da atenção necessária ao usuário e sua família, tanto nas situações de urgência/emergência quanto de eletividade. A comodidade está relacionada ao tempo de espera para o atendimento, a conveniência de horários, a forma   de agendamento, a facilidade de contato com os profissionais, o conforto dos ambientes para atendimento, entre outros. A aceitabilidade está relacionada à satisfação dos usuários quanto à localização e à aparência do serviço, a aceitação dos usuários quanto ao tipo de atendimento prestado e, também, a aceitação dos usuários quanto aos profissionais responsáveis pelo atendimento. O acesso à atenção é importante na redução da morbidade e mortalidade. Evidências demonstram que o primeiro contato, pelos profissionais da APS, leva a uma atenção mais apropriada e melhor resultados de saúde e custos totais mais baixos. A longitudinalidade deriva da palavra longitudinal e é definida como “lidar com o crescimento e as mudanças de indivíduos ou grupos no decorrer de um período de anos”. É uma relação pessoal de longa duração entre profissionais de saúde e usuários em suas unidades de saúde, independente do problema de saúde ou mesmo da existência de algum problema. Está associada a diversos benefícios: menor utilização dos serviços; melhor atenção preventiva; atenção mais oportuna e adequada; menos doenças preveníveis; melhor reconhecimento dos problemas dos usuários; menos hospitalizações; custos totais mais baixos.
 
Os maiores benefícios estão relacionados ao vínculo com o profissional ou equipe de saúde e ao manejo clínico adequado dos problemas de saúde, através da adoção dos instrumentos de gestão da clínica e diretrizes clínicas e gestão de patologias.
 
A integralidade exige que a APS reconheça as necessidades de saúde da população e os recursos para abordá-las.
 
A APS deve prestar, diretamente, todos os serviços para as necessidades comuns e agir como um agente para a prestação de serviços para as necessidades que devem ser atendidas em outros pontos de atenção.
 
A integralidade da atenção é um mecanismo importante porque assegura que os serviços sejam ajustados às necessidades de saúde da população. Para tanto, faz-se necessário:o diagnóstico adequado da situação de saúde da população adscrita; o atendimento pela unidade básica de saúde, prevenção de doenças e agravos, restauração e manutenção da saúde, para dar conta dos problemas mais comuns ou de maior relevância; A organização das redes de atenção à saúde, para prestar atendimento às demais necessidades: a identificação de outros pontos de atenção necessários, o sistema de apoio (diagnóstico e terapêutico), o sistema logístico (transporte sanitário, central de agendamento de consultas e internamentos, prontuário eletrônico, etc.).Coordenação é, portanto, um estado de estar em harmonia numa ação ou esforço comum.É um desafio para os profissionais e equipes de saúde da APS pois, nem sempre têm acesso às informações dos atendimentos de usuários realizados em outros pontos de atenção e, portanto, há dificuldade de viabilizar a continuidade do cuidado. A essência da coordenação é a disponibilidade de informação a respeito dos problemas de saúde e dos serviços prestados. Os prontuários clínicos eletrônicos e os sistemas informatizados podem contribuir para a coordenação da atenção, quando possibilitam o compartilhamento de informações referentes ao atendimento dos usuários nos diversos pontos de atenção, entre os profissionais da APS e especialistas.
 
Remete ao conhecimento, pela equipe de saúde, dos membros da família e dos seus problemas de saúde.
 
Na história da humanidade, as organizações familiares vêm se diferenciando por meio dos tempos (dependendo do contexto socioeconômico, dos valores, dos aspectos culturais e religiosos da sociedade, em que se encontram inseridos) fazendo com que haja mudanças no conceito, na estrutura e na composição das famílias.
 
No Brasil, atualmente, tem-se adotado um conceito ampliado, e a família é reconhecida como um grupo de pessoas que convivam sob o mesmo teto, que possuam entre elas uma relação de parentesco primordialmente pai e/ou mãe e filhos consanguíneos ou não, assim como as demais pessoas significativas que convivam na mesma residência, qualquer que seja ou não o grau de parentesco.
 
Para o Ministério da Saúde, a família é entendida como o conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, que residem na mesma unidade domiciliar. Inclui empregado (a) doméstico (a) que reside no domicílio, pensionistas e agregados.
 
No Brasil, a centralização na família é implementada com base na estratégia de Saúde da Família, desde 1994. Essa estratégia é entendida como uma reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde.
 
Essas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade.
 
A centralização na família requer mudança na prática das equipes de saúde, através da abordagem familiar. A equipe de saúde realiza várias intervenções personalizadas ao longo do tempo, partindo da compreensão da estrutura familiar.
 
A abordagem familiar deve ser empregada em vários momentos, por exemplo, na realização do cadastro das famílias, quando das mudanças de fase do ciclo de vida das famílias, do surgimento de doenças crônicas ou agudas de maior impacto. Essas situações permitem que a equipe estabeleça, de forma natural, um vínculo com o usuário e sua família, facilitando a aceitação da investigação e da intervenção, quando necessária.
 
A associação da equipe com o usuário e sua família é um requisito básico para a abordagem familiar e fundamenta- se no respeito à realidade e às crenças da família, por parte da equipe de saúde. A APS com orientação comunitária utiliza habilidades clínicas, epidemiológicas, ciências sociais e pesquisas avaliativas, de forma complementar para ajustar os programas para que atendam as necessidades específicas de saúde de uma população definida. Para tanto, faz-se necessário:definir e caracterizar a comunidade; identificar os problemas de saúde da comunidade; modificar programas para abordar esses problemas; monitorar a efetividade das modificações do programa.
 
No Brasil, os agentes comunitários de saúde reforçam a orientação comunitária e possibilitam maior vínculo entre  as equipes de saúde e as respectivas comunidades.
 
A orientação comunitária diz respeito também ao envolvimento da comunidade na tomada de decisão em todos os níveis de atenção. No país, este princípio tem se viabilizado através do controle social, com instituição de conselhos locais e municipais de saúde, além das conferências de saúde.
 
Um dos problemas centrais da crise dos modelos de atenção à saúde contemporâneos consiste no enfrentamento das condições crônicas na mesma lógica das condições agudas, ou seja, por meio de tecnologias destinadas a responder aos momentos agudos dos agravos – normalmente, momentos de agudização das condições crônicas, autopercebidos pelas pessoas – através da atenção à demanda espontânea, principalmente, em unidades de pronto atendimento ou de internações hospitalares de urgência ou emergência. E desconhecendo a necessidade imperiosa de uma atenção contínua nos momentos silenciososdos agravos quando as condições crônicas, insidiosamente, evoluem.
 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, um sistema de Atenção Primária incapaz de gerenciar, com eficácia, o HIV/Aids, o diabetes e a depressão, vai tornar-se obsoleto em pouco tempo. Hoje, as condições crônicas são responsáveis por 60% de todo o ônus decorrente de doenças no mundo. No ano 2020, será responsável por 80% da carga de doença dos países em desenvolvimento e, nesses países, a aderência aos tratamentos chega a ser apenas de 20%. Por esse motivo, no sistema integrado, a Atenção Primária deve estar orientada para a atenção às condições crônicas, com o objetivo de controlar as doenças/agravos de maior relevância, através da adoção de tecnologias de gestão da clínica, tais como as diretrizes clínicas e a gestão de patologias.
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma conquista do povo brasileiro e de várias lutadoras e lutadores da área da saúde. A conquista da regionalização como uma diretriz do SUS e eixo estruturante do Pacto de Gestão é de enorme importância para os desafios postos na atualidade para a eficiência do sistema e da prestação dos serviços. Infelizmente, hoje o atual modelo de gestão do SUS encontra-se esgotado  cada vez mais evidente a dificuldade em superar a intensa fragmentação das ações e serviços de saúde e qualificar a gestão do cuidado no contexto atual. Pensando em uma saída para essas problemáticas, principalmente da peregrinação muitas vezes ocorrida da dificuldade tanto dos usuários, como dos gestores e dos trabalhadores e trabalhadoras do SUS em se trabalhar de forma correta o pilar das referências e contra-referências, em 2010 foi pactuada na Comissão Intergestora Tripartite as “diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)” estabelecida pela Portaria Nº 4279, de 30 de dezembro de 2010. As redes de atenção à saúde (RAS) é definida como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado. A RAS tem como objetivo promover a integração sistêmica, de ações e serviços de saúde com provisão de atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada, bem como incrementar o desempenho do Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária; e eficiência econômica.
Exercício
No Brasil a Portaria 2.436, de 21 de setembro de 2017, aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Sobre a Portaria é correto afirmar:
· As equipes de saúde da família trabalham em um território adstrito, de forma a permitir o planejamento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específico, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele espaço e estão, portanto, adstritos a ele, sempre em consonância com o princípio da equidade
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde define a Atenção Primária como sendo um conjunto de intervenções de saúde no âmbito individual e coletivo que envolve: promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. A partir desta afirmação, contextualize sobre as funções da Atenção Primária a Saúde.
· A Atenção Primária apresenta o objetivo de desenvolver uma atenção integral que influencie de forma positiva no cenário de saúde da população. Ela é a principal porta de entrada do indivíduo no serviço de saúde e é considerada o centro de comunicação com toda a Rede de Atenção dos SUS. Os princípios que devem ser exercitados na atenção primária são: universalidade, da acessibilidade, continuidade do cuidado, integralidade da atenção, responsabilização, da humanização e da equidade.
Quais são os princípios ordenadores da Atenção primária de saúde? Contextualize.
· A APS tem como função ser a “porta de entrada” do usuário, no sistema de saúde e tem por função:
• Responsabilização: primeiro atendimento básico
• Resolutividade: encaminhamento para outros setores de atendimento quando necessário
• Centro de comunicação: interligação aos demais centros de tratamento do usuário.
Princípios e diretrizes da PNH
Em março de 2003, foi lançada pelo Ministério da Saúde, a Política Nacional de Humanização-PNH ou HumanizaSUS, durante o XXº Seminário Nacional dos Secretários Municipais de Saúde e I Congresso Brasileiro de Saúde e Cultura de Paz e Não Violência, realizado em Natal/RN (17 a 20 de março/ 2003). Divulgada para dentro do MS na Oficina Nacional “HumanizaSUS: Construindo a Política Nacional de Humanização, na Semana de Humanização, no MS, nos dias 19 e 20 de novembro de 2003. Para o SUS, na 12ª Conferência Nacional de Saúde, eventos que ocorreram em novembro deste mesmo ano. Pactuada na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que é composta de representantes do MS, do Conselho Nacional de Secretários Estaduais e do Conselho Nacional de Secretários Municipais, em 18.03.2004. Naquela época, a Política localizava-se na Secretaria Executiva (SE) do MS e posteriormente foi transferida para a Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), onde permanece até o presente momento. Para a PNH, no campo da Saúde, humanização diz respeito a uma aposta ético-estético-política:  ética, porque implica a atitude de usuários, gestores e trabalhadores de saúde comprometidos e corresponsáveis; estética, porque acarreta um processo criativo e sensível de produção da saúde e de subjetividades autônomas e protagonistas;  política, porque se refere à organização social e institucional das práticas de atenção e gestão na rede do SUS. O compromisso ético-estético-político da humanização do SUS se assenta nos valores de autonomia e protagonismo dos sujeitos, de corresponsabilidade entre eles, de solidariedade dos vínculos estabelecidos, dos direitos dos usuários e da participação coletiva no processo de gestão. A Política Nacional de Humanização (PNH) se estrutura a partir de: - Princípios; - Método; Política Nacional de Humanização  - Diretrizes; - Dispositivos. Princípio – entendido como o que causa ou força a ação, ou que dispara um determinado movimento no plano das políticas públicas. São 03, os princípios da PNH: Transversalidade - Aumento do grau de comunicação intra e intergrupos; - Transformação dos modos de relação e de comunicação entre os sujeitos implicados nos processos de produção de saúde, produzindo como efeito a desestabilização das fronteiras dos saberes, dos territórios de poder e dos modos instituídos na constituição das relações de trabalho.  Indissociabilidade entre atenção e gestão - Alteração dos modos de cuidar inseparável da alteração dos modos de gerir e se apropriar do trabalho; - Inseparabilidade entre clínica e política, entre produção de saúde e produção de sujeitos; - Integralidade do cuidado e integração dos processos de trabalho. - Protagonismo, co-responsabilidade e autonomia dos sujeitos e dos coletivos - Trabalhar implica na produção de si e na produção do mundo, das diferentes realidades sociais, ou seja, econômicas, políticas, institucionais e culturais; - As mudanças na gestão e na atenção ganham maior efetividade quando produzidas pela afirmação da autonomia dos sujeitos envolvidos, que contratam entre si responsabilidades compartilhadas nos processos de gerir e de cuidar. Método – Por método entende-se a condução de um processo ou o seu modo de caminhar (meta = fim; hodos = caminho). A PNH caminha no sentido da inclusão, nos processos de produção de saúde, dos diferentes agentes implicados nestes processos. Método proposto pela PNH: “método de tríplice inclusão”: a. Inclusão dos diferentes sujeitos (gestores, trabalhadores e usuários) no sentido da produção de autonomia, protagonismo e co-responsabilidade. Modo de fazer: rodas; Inclusão dos analisadores sociais ou, mais especificamente, inclusãodos fenômenos que desestabilizam os modelos tradicionais de atenção e de gestão, acolhendo e potencializando os processos de mudança. Modo de fazer: análise coletiva dos conflitos, entendida como potencialização da força crítica das crises.  Inclusão do coletivo seja como movimento social organizado, seja como experiência singular sensível (mudança das percepções e dos afetos) dos trabalhadores de saúde quando em trabalho grupal. Modo de fazer: fomento de redes. Diretrizes Orientações gerais de determinada política. No caso da PNH, suas diretrizes expressam o método do tríplice inclusão. Diretrizes da PNH: Acolhimento, Clínica ampliada, Cogestão, Defesa dos Direitos do usuário, Fomento de grupalidades, coletivos e redes, Valorização do trabalho e do trabalhador, Construção da memória do SUS que dá certo. Dispositivo Uma ação, um projeto, uma tecnologia a ser implementada, algo que dispare um movimento de mudança para transformar as práticas vigentes, tanto na atenção como na gestão em saúde. Atualização das diretrizes de uma política em arranjos de processos de trabalho. Dispositivos da PNH: Acolhimento e Classificação de Risco (ACR), Colegiado Gestor, Contrato de Gestão, Equipe Transdiciplinar de Referência e de Apoio Matricial, Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) e Câmara Técnica de Humanização (CTH), Programa de Formação em Saúde e Trabalho (PFST) e Comunidade Ampliada de Pesquisa (CAP), Projeto memória do SUS que dá certo, Projeto Terapêutico Singular (PTS) e Projeto de Saúde Coletiva, Projetos co-geridos de ambiência, Sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores da saúde: gerência de porta aberta, ouvidorias, grupos focais e pesquisas de satisfação, etc. e Visita aberta e Direito a acompanhante.
A PNH é uma política nacional que busca qualificar modo de atenção e gestão na rede do SUS, incluindo trabalhadores, usuários e gestores. Ela pode ser implantada em qualquer unidade/serviço ou secretaria de saúde. Atualmente existem experiências de implantação em todos os estados do Brasil de forma diversificada, pois a PNH pode atuar em todas as políticas do SUS, aumentando o grau de comunicação entre os grupos (de gestores, trabalhadores, usuários do serviço de saúde) e dentro desses grupos. Dependendo da região possui mais ou menos dispositivos da PNH já implantados ou em processo de implantação. Ela depende da decisão política e também da adesão dos trabalhadores, gestores e usuários do SUS para existir.
A PNH possui um grupo de consultores que apóia essa implantação de forma sistemática nos estados a partir da demanda, por meio de apresentação da política, participação em fóruns para debates, oficinas de formação sobre os dispositivos. Esse apoio institucional se dá em parceria com a instituição que apresentou a demanda à PNH, para construção coletiva da organização do serviço, a partir dos princípios, diretrizes e dispositivos da PNH. Há também a Rede HumanizaSUS, que agrega usuários, gestores, trabalhadores da saúde de todo o país, preocupados com as discussões em torno do sistema público de saúde.
Exercício
A Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS) tem a ambiência como uma das respectivas diretrizes. Com relação a essa diretriz, assinale a assertiva correta.
· É um termo derivado da junção das palavras ambiente e vivência e que enfatiza a relevância do processo de construção de espaços saudáveis e, de fato, produtores de saúde
Ao que se refere à Política Nacional de Humanização (PNH), é correto afirmar que
· tem como uma de suas diretrizes o acolhimento que se refere à escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às necessidades do usuário
Há conceitos centrais e importantes na Política Nacional de Humanização (PNH) que devem nortear a prática nos serviços de saúde pública. Desta forma, a prática que “implica prestar um atendimento com resolutividade e responsabilização, com uma postura de escuta e compromisso em dar respostas às necessidades de saúde trazidas pelo usuário que inclua sua cultura, saberes (rompimento com a lógica da exclusão) e capacidade de avaliar riscos" (PNH, 2011) é chamada de:
· Acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento, e na responsabilização pela resolução, com ativação de redes de compartilhamento de saberes. Acolher é um compromisso de resposta às necessidades dos cidadãos que procuram os serviços de saúde.
Contextualize sobre o acolhimento enfatizando seus objetivos ao que tange a Politica Nacional de Humanização.
· Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e sustentar a relação entre equipes/serviços e usuários/ populações. Como valor das práticas de saúde,
o acolhimento é construído de forma coletiva, a partir da análise dos processos de trabalho e tem como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso e vínculo entre asequipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário
com sua rede socioafetiva. Com uma escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às necessidades do usuário, é possível garantir o acesso oportuno desses usuários a tecnologias adequadas às suas necessidades,
ampliando a efetividade das práticas de saúde. Isso assegura, por exemplo, que todos sejam atendidos com prioridades a partir da avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco.
A comunicação pressupõe a informação e o domínio sobre o que queremos comunicar, a nossa intenção, emoção e o que pretendemos quando nos aproximamos do nosso paciente… Toda comunicação, portanto, tem duas partes: a primeira é o conteúdo, o fato, a informação que queremos transmitir; a segunda, o que estamos sentindo quando nos comunicamos com a pessoa". Fonte: Silva MJP. O papel da comunicação da humanização da atenção à saúde. Rev Bioética. 2002; 10(2):73-88. Acerca do texto mencionado, contextualize a importância da comunicação durante o processo de acolhimento.
· Um dos pilares que sustenta ou concede viabilidade à proposta do acolhimento é a maneira como se dão as relações entre os diversos atores envolvidos. “Essa proposta de acolhimento se apoia no reconhecimento das relações entre as pessoas no momento do atendimento como uma das questões chave, e em especial a relação trabalhador-usuário.
E de que tipo de comunicação estamos falando quando nos voltamos ao nosso interesse no contexto do acolhimento? Referimo-nos à capacidade de diálogo entre trabalhadores da saúde e destes com os usuários, na intenção de construir, de maneira co-responsável, um serviço resolutivo que atenda às necessidades de todos esses atores, bem como relações que produzam ou fortaleçam a autonomia dos usuários.
Gestão hospitalar e humanização
Por muitas décadas o hospital era considerado somente como um depósito de enfermos que não possuíam recursos financeiros para fazer um tratamento particular, ou seja, o hospital tinha como finalidade mais o social do que o terapêutico e não se falava em humanização hospitalar. Mas nos tempos atuais os pacientes/clientes estão percebendo a necessidade de se sentirem mais acolhidos e estar em um ambiente mais humanizado. As instituições de saúde tanto as públicas como as privadas estão se adaptando a essas novas exigências do mercado. 
O aspecto humano dentro das instituições hospitalares é considerado um diferencial, cuidados especiais com os pacientes/clientes vai melhorar seu bem estar, mas para que isso aconteça precisamos ter uma gestão hospitalar que esteja preocupada com esse processo de humanização. Hoje a gestão contemporânea está voltada para uma administração participativa. Com inovação nas relações humanas, confiando que o indivíduo é capaz de atuar como agente de mudança dentro de seu local de trabalho. Neste tipo de gestão os profissionaissão vistos  como atores principais da instituição e estas quando deixam de administrar pessoas e passam a administrar com as pessoas demonstram reconhecer a criatividade e habilidades mentais de sua equipe.
Para Santos, o administrador eficaz precisa penetrar na realidade das coisas, ter equilíbrio e habilidades pessoais, adquirir técnicas para decidir sabiamente, interpretando os sinais, as informações e as situações. Dessa forma, o processo de humanização implica basicamente na evolução do homem, já a humanização na saúde é uma mudança na gestão dos sistemas de saúde e de seus serviços. É através dessa mudança que será alterado o modo como os usuários e trabalhadores da área da saúde vão interagir entre si. Portanto a humanização na área da saúde tem como principal objetivo fornecer um melhor atendimento dos pacientes e melhores condições de trabalho para as equipes envolvidas. 
Segundo Elias “por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção da saúde: usuários, trabalhadores e gestores” (2015;p.02). Em 1990, a Lei 8.080, que regulamentou o SUS, determinou a criação de comissões intersetoriais subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde. No mesmo ano, a Lei 8.142 definiu duas instâncias colegiadas: as Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde. Os Conselhos de Saúde – constituídos em 50% por representantes dos usuários e em 50% por representantes do governo, prestadores de serviços e profissionais de saúde – são órgãos deliberativos encarregados de normatizar, recomendar, promover diligências, formular estratégias e controlar a execução da política de saúde. 
As decisões devem ser referendadas pelos níveis estadual e municipal de saúde e as suas principais estratégias de ação são a negociação política, a ação judicial e o acionamento do Ministério Público quando as resoluções não são cumpridas. Nos últimos tempos estamos vivendo um processo de redemocratização do país onde destacamos a forma definitiva na sociedade brasileira o ideal democrático e participativo de toda a população. Nesse modelo de sociedade surge o Sistema Único de Saúde que tem como objetivo principal de atender a demanda do povo que tanto carecia de uma assistência digna de saúde sob uma forma de gestão participativa onde os usuários, trabalhadores e gestores poderiam ter uma participação efetiva e direta no novo modelo de saúde pública global, ou seja, é um projeto que consagra os princípios da universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde de toda a população brasileira. Dessa forma, quando um gestor em saúde assume sua função no setor público deve estar informado referente a cultura organizacional que é pregada no âmbito de sua organização. 
A gestão em saúde pública é considerada muito complexa e exige habilidades e uma qualificação contínua para que se possa atender a legislação que consta do Direito Administrativo. Segundo a Lei 8.080/90 e a Lei 8.142/90 (Lei Orgânica da Saúde).  O  Sistema de saúde requer uma sensibilidade aguçada do gestor e técnico em saúde, devendo estar preparado para uma medicina preventiva e curativa e para um cliente que está inserido em um ambiente democrático e globalizado. Hoje os desafios para um gestor em saúde são diversos, este precisa ter em mente que estamos trabalhando com vidas, é necessário ser ético. Também precisa ser levado em conta todas as peculiaridades da região onde está inserida a organização de saúde e atender os aspectos legais, éticos e morais da gestão pública sem com isso prejudicar a qualidade dos produtos adquiridos e consequentemente dos serviços que são prestados na área da saúde. 
O nosso mercado hoje está sempre em busca da excelência na qualidade dos serviços prestados dentro da área da saúde e isso se deve porque o nosso cliente está a cada dia mais esclarecido e exigente. Uma vez o profissional de saúde bastava ser um técnico competente para obter o reconhecimento do paciente, da família do mesmo, da equipe de trabalho e da instituição, mas hoje estes especialistas estão cada vez mais sendo cobrados para serem gestores eficientes e eficazes e precisam trabalhar sempre com foco nos resultados. Portanto o sistema de saúde vive um momento transformador, onde requer uma sensibilidade aguçada do gestor técnico em saúde devendo estar preparado para uma medicina preventiva e curativa e para um cliente que está inserido em um ambiente democrático e globalizado, onde o avanço tecnológico permite o acesso à informação, tornando-o crítico na qualidade do serviço prestado pelo órgão responsável pela promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde da população. Sendo assim, a administração pública tem como interesse a coletividade e procura fazer a defesa do bem comum que são fundamentados nos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, indisponibilidade e igualdade conforme o Art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988, que norteiam a gestão pública. 
Podemos dizer que o governo é a atividade política e discricionária e com conduta independente, administração é atividade neutra normalmente vinculada à lei ou norma técnica, é conduta hierarquizada, quanto a gestão esta implica o atendimento aos seguintes parâmetros básicos: tradução de missão, realização do planejamento e controle; administração de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros; isenção de cada unidade organizacional no foco de organização; e tomada de decisão diante de conflitos internos e externos. Com isso, podemos dizer que a busca de competências dos gestores públicos na área da saúde é cada vez maior, hoje o gestor deve estar atento para suas relações comerciais, deve também observar os interesses que estão embutidos nas negociações para com isso poder preservar o patrimônio público e a segurança nacional brasileira.
O gestor em saúde também precisa levar em conta que uma unidade de saúde tem que atender às normas da vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental. E segundo a Biblioteca Virtual de Saúde (2008) “as políticas públicas de saúde correspondem a todas as ações de governo que regulam e organizam as funções públicas do estado para ordenamento setorial”. As atividades de gestão em saúde é muito importante para gerência dos recursos humanos dentro da instituição para que o gestor em saúde tenha a possibilidade de administrar o trabalho dos profissionais envolvidos com as atividades de assistência à saúde, planejamento e atividade administrativa. A gestão dos recursos humanos vem sendo considerada ao lado da descentralização, uma das questões mais complexas e que vem sofrendo maior processo de desregulamentação dentro da política de reforma do país e do estado. Muitas são as dificuldades nessa área, o que representa um desafio a ser superado pela gestão das três esferas do governo, uma vez que a produção de serviços de saúde depende não somente de materiais e estruturas física e tecnológica, mas também de profissionais qualificados e motivados para transformar insumos em resultados. O gestor em saúde é responsável pela busca constante de melhoria, articulando de maneira eficiente com recursos a serem utilizados, mantendo o equilíbrio e atendendo as necessidades básicas do paciente e de sua equipe de profissionais.
Através dessa percepção o gestor hospitalar vai obter um retorno de todos os investimentos feitos na instituição. Para que o gestor hospitalar possa exercer sua função é necessário saber coordenar as atividades para atingir objetivos, promover programas de capacitação dos profissionais para que os mesmos acompanhem as inovações nas áreas da saúde, administração hospitalar além de promove a motivação do pessoal de modo que os colaboradores exerçam suas funções com entusiasmo. O gestor hospitalar precisa conhecer os aspectos éticos e legais que envolvem a instituição onde trabalhamos com o seguinte princípio: que saúde é um direito de todos onde a dignidade da pessoa seja respeitada e que o atendimento seja garantido de forma eficientee humanizado. Portanto, a grande tarefa do gestor hospitalar é procurar aliar as funções com os recursos disponíveis dentro da instituição. O histórico do hospital serve como justificativa para a importância da humanização hoje, porque com o desenvolvimento da medicina o hospital vem assumindo novas características superando a distinção que existia entre atendimento curativo e preventivo. Hoje o hospital deve atuar em  todos os  serviços de saúde, ou seja, desde a prevenção até a reabilitação. Isso foi expresso por Campos (1995) quando fez referência ao conceito de hospital definido pelo Ministério da Saúde como: [ ] parte integrante de uma organização médica, social, cujo função básica consiste em proporcionar à população assistência médico-sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, e cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamentos de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente.
O hospital é considerado um prestador de serviços no campo assistencial, na prevenção e restauração da saúde, devendo proporcionar meios para pesquisas e ensino em todas as atividades que estão relacionadas à saúde e sua gestão. No terceiro milênio Mezzomo (2003) cita que a Organização Mundial de Saúde – OMS: “diz que o hospital é parte integrante de um sistema coordenado de saúde cuja função é dispensar à comunidade completa assistência médica, preventiva e curativa, incluindo serviços extensivos à família em seu domicílio e ainda um centro de formação dos que trabalham no campo da saúde e para as pesquisas biossociais”. Podemos dizer que o hospital é considerado o retrato da fragilidade física dos indivíduos, mas ao mesmo tempo é considerado um espaço de busca e luta contra os males e problemas. E aqui vemos claramente a fraqueza e a força do ser humano na luta para vencer a morte, com isso o lado da humanização pode fazer falta. Portanto, humanizar no hospital e muito mais que tornar humano é ação solidária que promove o cuidar. Com isso, o processo de humanização em saúde implica na evolução do homem e na forma de gestão dos sistemas de saúde e seus serviços, mudando a forma como os trabalhadores e usuários interagem entre si, ou seja o principal objetivo da humanização da saúde e fornecer um bom atendimento aos seus usuários e melhores condições de trabalhos para seus profissionais.
Dessa forma, o Ministério da Saúde através de seu Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar – PNHAH salienta que o desenvolvimento científico e tecnológico vem trazendo uma série de benefícios para a assistência hospitalar e diz que: “humanizar em saúde é resgatar o respeito à vida humana, levando-se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas, presente em todo o relacionamento humano” (Brasil. 2000). Esse programa nacional de humanização da assistência hospitalar procura englobar ações integradas para uma melhoria na qualidade dos serviços prestados e o aprimoramento das relações interpessoais dentro do ambiente hospitalar. O desenvolvimento das ações propostas pela Política de Humanização da Assistência à Saúde (PHAS) tem como princípios fundamentais o respeito às especificidades de cada instituição, estimula a cooperação entre as mesmas pela troca de experiências produzidas, que visam a qualificação do serviço público de saúde. Essa política de humanização da assistência à saúde nos oferece uma diretriz que contempla todos os projetos de caráter humanizador que são desenvolvidos nas instituições de saúde, onde estimula a criação e sustentação permanente de espaços de comunicação e divulgação que facilite e estimule o diálogo, o respeito, a livre expressão e a solidariedade. Sendo assim a humanização é um direito institucionalizado pela Constituição Brasileira em seu Artigo 196 (Brasil, 1988) onde afirma que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos ou acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Com isso a política de humanização se tornou mais intensa tendo como sua base os preceitos constitucionais. Este programa diz que não é suficiente apenas olhar para o paciente, mas também está preocupado com a humanização das condições de trabalho dos profissionais que atuam dentro dos hospitais, mas aponta diferentes parâmetros para a humanização da assistência hospitalar em três grandes áreas sendo elas: acolhimento e atendimento dos usuários; trabalho dos profissionais e lógicas de gestão e gerência. Segundo o Ministério da Saúde: “Os funcionários que se sentem respeitados pela instituição prestam atendimento mais eficiente” (BRASIL, 2000). O Plano Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar que foi dirigido aos hospitais da rede pública tem como objetivos: fortalecer e articular todas as iniciativas de humanização já existentes na rede hospitalar pública; melhorar a qualidade e a eficácia da atenção dispensada aos usuários da rede hospitalar brasileira credenciadas ao SUS; modernizar as relações do trabalho no âmbito dos hospitais públicos, tornando as instituições mais harmônicas e solidárias, de modo a recuperar sua imagem pública junto a comunidade; capacitar os profissionais dos hospitais para um novo conceito de atenção à saúde que valorize a vida humana e a cidadania; conceber e implantar novas iniciativas de humanização nos hospitais que venham a beneficiar os usuários e os profissionais de saúde; estimular a realização de parcerias e trocas de conhecimento e experiências nesta área; desenvolver um conjunto de indicadores e parâmetros de resultados e sistemas de incentivos ao tratamento humanizado e por fim difundir uma nova cultura de humanização na rede hospitalar credenciada ao SUS. O significado da proposta de humanização não inclui somente as atribuições técnicas das equipes profissionais, mas na capacidade de compreender o paciente enquanto ser humano com suas crenças, desejos, valores e suas perspectivas quanto ao tratamento. Dessa forma, a humanização e a valorização dos diferentes sujeitos implicados na produção da saúde sendo eles, os usuários (pacientes), trabalhadores (médicos, enfermeiros, técnicos) e seus gestores. 
Exercício
Para que haja uma eficiente administração na gestão dos recursos hospitalares, existem funções e responsabilidades daqueles que administram a complexa área da saúde. Essas funções e responsabilidades estão descritas corretamente em qual das alternativas a seguir?
· Responsabilidade com a clientela; Administrar um sistema; Formação de equipe; Mudança e inovação; Eficácia; Administração ativa; Empresa e administração: Crescimento vinculado; Normatização administrativa; Raciocínio estratégico (visão a longo prazo) para fazer a integração do hoje no futuro; Busca incessante de qualidade como fator de identidade; Definir a missão e formular estratégias
Dentro do processo da moderna gestão de pessoas, algumas ações do líder para com sua equipe se fazem necessárias para que os resultados eficazes sejam alcançados. Dentro dessa análise, quais são as ações básicas que o líder de pessoas necessita realizar para o alcance desses resultados?
· 1 - Delega tarefas e decisões (transfere aos funcionários a responsabilidade pelo resultado de seu empenho). 2 - Gerencia o contexto (providenciar sistemas, estruturas e métodos que possibilitem a delegação). 3 - Treina (ajuda)
Uma organização se torna mais forte quando ocorre a participação efetiva das pessoas. Com isso, o envolvimento e essa participação se tornam corriqueiros e a cultura organizacional sofre grande e positivo impacto, fortalecendo a instituição. Referente ao assunto, assinale a alternativa que apresenta uma definição para o redesenho do trabalho organizacional.
· O envolvimentono processo no qual pessoas de vários setores e níveis, entendem a vontade e as necessidades do cliente; entendem como o trabalho flui através da organização; identificam onde as coisas vão mal; identificam quem precisa trabalhar junto para atender o cliente e reduzir os problemas; e desenham uma nova organização com base nos critérios apresentados
Tendo em vista que as instituições hospitalares necessitam planejar antecipadamente suas ações, seus administradores necessitam conhecer a definição de administração da saúde. Considerando essa premissa, como podemos definir administração da saúde?
· Administração de saúde é planejar, organizar, dirigir, controlar, coordenar e avaliar os recursos e procedimentos pelos quais a demanda por cuidados médicos e de saúde e as necessidades de um ambiente saudável são atendidos, mediante a provisão de serviços a clientes individuais, organizações e comunidades.
O novo modelo de hospital requer dos gestores da saúde uma melhoria da performance para oferecer à comunidade, ao governo, aos prestadores de serviços de saúde e demais envolvidos no processo da instituição um serviço de qualidade. Diante desse cenário, quais as tarefas necessárias para essa melhoria na performance?
· Definir os objetivos críticos ou essenciais; reorganizar a estrutura, para permitir que as pessoas trabalhem de forma alternativa e que o fluxo dos pacientes seja, ao mesmo tempo, efetivo e eficiente. Estruturar os processos clínicos e administrativos, para medir e melhorar os resultados e a performance global.
PNH X cuidados de saúde
Muito se tem discutido a respeito da humanização no atendimento hospitalar devido, principalmente, à vulnerabilidade do paciente e ao confronto entre tecnologia e humanização. No entanto, os estudos têm dado pouca ênfase à relevância dessa temática nos atendimentos de atenção básica, onde o sujeito não é, muitas vezes, um cliente adoecido, mas que da mesma forma necessita e busca um atendimento de qualidade e humanizado. O estudo da temática humanização do atendimento em saúde é de essencial relevância, uma vez que a constituição de um atendimento calcado em princípios como a integralidade da assistência, a equidade, a participação social do usuário, dentre outros, demanda a revisão das práticas cotidianas, de modo a valorizar a dignidade do profissional e do usuário. 
Humanização é uma expressão de difícil conceituação, tendo em vista seu caráter subjetivo, complexo e multidimensional. Inserida no contexto da saúde, a humanização, muito mais que qualidade clínica dos profissionais, exige qualidade de comportamento. Dicionários da língua portuguesa definem a palavra humanizar como: tornar humano, civilizar, dar condição humana. Portanto, é possível dizer que humanização é um processo que se encontra em constante transformação e que sofre influências do contexto em que ocorre, só sendo promovida e submetida pelo próprio homem. O Sistema Único de Saúde (SUS) carrega em suas entranhas os princípios e diretrizes daquilo que poderia ser a grande política de humanização da assistência à saúde no país, garantindo acesso universal, gratuito e integral, retirando o caráter de mendicância e transformando a saúde em direito. Contudo, as filas enormes, inúmeras e cotidianas nas portas dos serviços de saúde mostram a distância da proposta humanizadora do SUS e a realidade de saúde no país.
Existem muitas falhas na organização do atendimento, a serem apontadas. Por exemplo, as longas esperas e adiamentos de consultas e exames, a deficiência de instalações e equipamentos, a despersonalização, a falta de privacidade, a aglomeração, a falta de preparo psicológico e de informação, bem como a falta de ética por parte de alguns profissionais. A humanização do atendimento implica em transformações políticas, administrativas e subjetivas, necessitando da transformação do próprio modo de ver o usuário de objeto passivo a sujeito; do necessitado de caridade àquele que exerce o direito de ser usuário de um serviço que garanta qualidade e segurança, prestado por trabalhadores responsáveis. No entanto, falar de humanização da assistência em saúde para os profissionais da área, quando sistematicamente têm sido retiradas e impedidas a humanidade desses trabalhadores, com uma sobrecarga de atividades e funções, jornada dupla ou tripla de trabalho, dificuldade da conciliação da vida familiar e profissional, baixos salários e precárias condições de trabalho, gerando desgaste físico e emocional, pode soar irônico. As instituições não oferecem um ambiente adequado, recursos humanos e materiais quantitativos e qualitativos suficientes, o que desmotiva o profissional para uma mudança de atuação. 
Deve-se ressaltar que a humanização implica também investir no trabalhador para que ele tenha condições de prestar atendimento humanizado. Além disso, a arquitetura, o acabamento, as dimensões, as salas de estar das unidades de serviço são alguns itens importantes no que diz respeito à parte física, muito influente no preparo de um ambiente humano. E o que se vê na maioria das Unidades de Saúde são espaços físicos improvisados, inadequados e em péssimo estado de conservação, afetando negativamente a recepção dos usuários, bem como interferindo na qualidade dos atendimentos, impedindo ou até mesmo impossibilitando, a privacidade dos procedimentos. Por sua vez, a padronização é um fato constatado no cotidiano das práticas de saúde, o que pode levar à rigidez e impessoalidade da relação. Ademais, o modelo utilizado predominantemente no atendimento à saúde ainda estabelece que o profissional possui autoridade, pois é detentor de conhecimento e habilidades. Nesse contexto, o profissional assume a responsabilidade pela tomada das decisões, as pessoas deixam de ser o centro das atenções com facilidade, sendo transformadas em “objeto” do cuidado e fonte de lucro, ficando dependentes e passivas à espera do “poder científico” que os profissionais de saúde julgam ter. 
O “comércio” da doença acaba se sobrepondo à dignidade das pessoas. Falar em humanização da assistência em saúde coletiva implica pensar em tornar os serviços resolutivos e de qualidade, tornando as necessidades de saúde dos usuários responsabilidade de todos os atores sociais envolvidos no processo de trabalho. A equipe de saúde deve refletir e discutir como tem sido a sua prática em todos os momentos da relação com o usuário. Da portaria ao consultório, da copa à sala de procedimentos, do jardim à visita domiciliar. Porém, para que se alcance esses objetivos são necessários recursos humanos e materiais suficientes. Sabe-se que na avaliação do público, há maior valorização da forma do atendimento, da capacidade demonstrada pelos profissionais de saúde para compreender suas demandas e suas expectativas, o que chega a ser mais valorizado que a falta de médicos, a falta de espaço nos hospitais, a falta de medicamentos. Nota-se, dessa forma, a insatisfação dos usuários no que diz respeito, sobretudo, aos aspectos de relacionamento com os profissionais de saúde. Diante da necessidade de mudanças no atendimento do SUS, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Humanização (PNH) ou Política de Humanização da Atenção da Gestão em Saúde no SUS (HumanizaSUS). 
A partir dessa proposta, a Humanização passa a ser definida como uma política, e não mais como programa, norteando princípios e modos de operar no conjunto das relações dos diferentes atores da rede SUS. Com a implementação da PNH, o Ministério da Saúde espera consolidar quatro marcas específicas: redução das filas e tempo de espera; conhecimento por parte dos usuários dos profissionais que cuidam de sua saúde; garantia de informações ao usuário por parte das unidades de saúde e garantia de gestão participativa das unidades de saúde aos seus trabalhadores e usuários, assim como educação permanente aos trabalhadores. Atualmente, muitos estudos têm sido realizados com o intuito de abordar aspectos da humanização no contexto das hospitalizações, porém, sabe-se que essa problemática, ou

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