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Jornalismo popular e o sensacionalismo

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UNIVERSIDADE SALVADOR 
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, DESIGN E EDUCAÇÃO 
BACHARELADO EM JORNALISMO 
 
 
 
 
MARIANA BAMBERG VERAS MARQUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O RÓTULO DO SENSACIONALIMO: UMA ANÁLISE SOBRE O USO DAS 
ESTRATÉGIAS POPULARES NO BAHIA MEIO DIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
2019 
MARIANA BAMBERG VERAS MARQUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O RÓTULO DO SENSACIONALIMO: UMA ANÁLISE SOBRE O USO DAS 
ESTRATÉGIAS POPULARES NO BAHIA MEIO DIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anteprojeto apresentado ao Curso de Bacharelado 
em Jornalismo da Universidade Salvador, como 
requisito parcial para a conclusão das disciplinas 
Pesquisa Aplicada em Jornalismo e Metodologia de 
Projetos em Jornalismo, ministradas pelas 
professoras Ma. Mariana Alcântara e Dra. Amanda 
Aouad respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente projeto diz respeito a um trabalho de conclusão de curso cujo objetivo é 
analisar a relação existente entre o formato de telejornalismo popular e o 
sensacionalismo. Embora estejam em um processo de crescimento em mercado de 
trabalho e audiência, os telejornais populares ainda são pouco explorados e, muitas 
vezes, condenados ao rótulo do sensacionalismo e às características de valores 
negativos que se agregam a esse conceito. Dessa forma, esse trabalho busca 
contribuir para uma melhor compreensão de ambos os segmentos jornalísticos. Para 
tanto, os procedimentos metodológicos da monografia serão uma pesquisa 
bibliográfica, realizada para determinar o estado da arte da pesquisa nesse campo, e 
um estudo de caso acerca das mudanças que conduziram o telejornal Bahia Meio Dia 
a um formato popular. A escolha do objeto de estudo justifica-se pela sua trajetória 
ainda discreta e paulatina dentro do telejornalismo popular baiano, o que permite uma 
investigação mais detalhada e aprofundada. O estudo de caso será feito através de 
uma análise de conteúdo de 15 edições veiculadas entre os anos de 2013 e 2019 e 
selecionadas a partir de procedimentos de amostragem não-probabilísticas que levam 
em consideração as características de um telejornal popular e as fases de evolução 
da trajetória que conduziu o telejornal a um formato popular. A análise será realizada 
em torno de três categorias, que representam as áreas da produção audiovisual onde 
é possível fazer o uso de estratégias populares e/ou sensacionalistas. Elas são: 
Pautas e Quadros, Figura do âncora e Cenário. 
 
Palavras-chave: Telejornalismo Popular, Sensacionalismo, Bahia Meio Dia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................5 
2. PROBLEMA......................................................................................................6 
3. OBJETIVOS......................................................................................................7 
4. JUSTIFICATIVA................................................................................................7 
5. HIPÓTESE.......................................................................................................10 
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................10 
6.1 Telejornalismo...............................................................................................10 
6.2 O sensacionalismo na imprensa.................................................................13 
6.3 O Jornalismo Popular...................................................................................15 
6.3 O Ethos do Bahia Meio Dia...........................................................................21 
7. METODOLOGIA..............................................................................................24 
8. CRONOGRAMA..............................................................................................31 
9. REFERÊNCIAS...............................................................................................22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A motivação que deu origem ao tema desta monografia surgiu a partir de um 
exercício avaliativo para a disciplina de Jornalismo Teoria e Prática. O trabalho girou 
em torno do estudo de caso da contratação da jornalista Jéssica Senra pela Rede 
Bahia. Essa mudança representava o reconhecimento do apelo e das qualidades do 
formato popular, já que a apresentadora era um dos grandes símbolos desse modelo 
de telejornalismo no estado e na emissora concorrente. 
 
À primeira vista, o jornalismo popular era sinônimo de jornalismo 
sensacionalista. Os dois modelos, não entanto, não devem ser confundidos. Para a 
pesquisadora e professora Márcia Franz Amaral, “o ‘popular’ identifica apenas um tipo 
de imprensa que se define pela sua proximidade e empatia com o público-alvo, por 
intermédio de algumas mudanças de ponto de vista, pelo tipo de serviço que presta e 
pela sua conexão com o local e o imediato” (AMARAL, 2006, p.16). 
 
O público-alvo ao qual Amaral se refere são as classes populares, aquelas que 
têm baixo poder aquisitivo. Em busca da empatia e da proximidade com essa 
população, o jornalismo popular lança mão de diversas estratégias de identificação: 
como a abordagem de temas da comunidade, o uso de uma linguagem mais popular 
e o apelo emocional. 
 
A generalização da incorporação de características ligadas a essa última 
estratégia foi justamente o que condenou o jornalismo popular ao rótulo de 
sensacionalista. Uma vez que, inicialmente o conceito de sensacionalismo estava 
ligado a tudo aquilo que causa sensação e emoções em seu público, seja comovendo 
ou escandalizando-o. 
 
Com o desenvolvimento da imprensa, no entanto, o conceito de 
sensacionalismo e, por consequência, o de jornalismo popular foram sendo atrelados 
a valores negativos, como uma produção superficial, grosseira, vulgar e de mau gosto. 
Para o também pesquisador e professor Danilo Angrimani (1995), o preconceito é 
6 
 
tamanho que sempre que se deseja acusar ou condenar a qualidade de um produto 
jornalístico, usa-se, muitas vezes de forma errônea, a qualificação de sensacionalista. 
 
Quando se enclausura um veículo nessa denominação, se faz também uma 
tentativa de colocá-lo à margem, de afastá-lo dos mídias “sérios”. [...] Na 
abrangência de seu emprego, sensacionalista é confundido não só com 
qualificativos editoriais como audácia, irreverência, questionamento, mas 
também com imprecisão, erro na apuração, distorção, deturpação, editorial 
agressivo – que são acontecimentos isolados e que podem ocorrer dentro de 
um jornal informativo comum. (ANGRIMANI, 1995, p.13) 
 
A presente monografia surgiu então do desejo de lançar olhares mais justos 
sobre ambos os conceitos. E a importância disso está não só na necessidade de 
entender e desmistificar um mercado editorial que cresce cada dia mais em audiência, 
mas está relacionada também à urgência de uma mudança na visão que o jornalista 
tem sobre a função social de sua atividade. 
 
Por isso, a proposta desta monografia é entender, despindo-se de quaisquer 
preconceitos, ambos os conceitos e suas práticas. Desta forma, o projeto é dividido 
três capítulos. No primeiro capítulo, é abordado o sensacionalismo, sua história, 
estratégia e os valores atribuídos a ele. O segundo aborda o gênero do jornalismo 
popular, do ponto de vista conceitual e histórico. Nessa parte, será explicado o que 
define os acontecimentos que se tornarão notícia nesse telejornal, as estratégias 
utilizadas na construção dele, sua função e seu público-alvo. Já a intenção de terceiro 
capítulo é ir além de referenciais teóricos e entender o objeto do estudo de caso que 
o trabalho de conclusãode curso pretende fazer. Desta forma, este capítulo se propõe 
a descrever a história e o ethos do telejornal Bahia Meio Dia. 
 
2. PROBLEMA 
 
É possível produzir um telejornal popular sem fazer uso de estratégias 
sensacionalistas? 
 
 
 
 
7 
 
3. OBJETIVOS 
3.1 OBJETIVO GERAL 
 
Analisar a relação existente entre o modelo de jornalismo popular e o 
sensacionalismo no Bahia Meio Dia 
 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
o Definir o que caracteriza um telejornal popular 
o Compreender os conceitos atribuídos ao sensacionalismo 
o Identificar as mudanças que conduziram o Bahia Meio Dia a um formato de 
jornalismo popular 
o Descrever como estratégias sensacionalistas se apresentam no Bahia Meio Dia 
 
 
4. JUSTIFICATIVA 
 
O presente projeto se justifica através de dois desejos pessoais da autora. O 
primeiro dele é o de seguir carreira acadêmica, por isso a escolha de fazer do Trabalho 
de Conclusão de Curso uma monografia e estudar com profundidade um tema dentro 
do campo jornalístico. 
 
O segundo desejo é desmistificar e trazer uma visão mais justa sobre o 
jornalismo popular. Essa vontade surgiu durante a trajetória da autora dentro do curso 
de jornalismo, quando participou do desenvolvimento de um artigo acadêmico, como 
avaliação da disciplina de Jornalismo Teoria e Prática. O objetivo do trabalho 
desenvolvido era analisar o significado da então recente contratação da jornalista 
Jéssica Senra pela Rede Bahia. O artigo acabou mudando a imagem que a autora do 
projeto e seus então colegas de grupo tinham a respeito do formato jornalístico 
popular. À primeira vista, a equipe o enxergava como um produto grosseiro e de 
qualidade duvidável. Poucos gostariam de trabalhar em um veículo desse formato, 
alguns consideravam isso até sinônimo de fracasso profissional. Após a disciplina, foi 
possível entender e reconhecer o importante papel social que esse formato 
desempenha na sociedade: representar uma população que se enxerga desassistida 
8 
 
pelo Poder Público e marginalizada pela mídia tradicional. A parcela da população 
com baixo poder aquisitivo – o público de um veículo popular – é a imensa maioria da 
sociedade brasileira. Ignorar o que ela vive é ignorar a realidade da sociedade 
brasileira, portanto, é deixar de fazer jornalismo. 
 
A imagem que a turma tinha do jornalismo popular é também compartilhada 
pela academia, no geral. Grande parte dos estudiosos e pesquisadores do campo da 
comunicação ainda considera o formato como algo degradante e sem valor, o que 
explica a sua pouca frequência em trabalhos e pesquisas acadêmicas. A baixa 
representatividade desse tema em estudos dentro das universidades torna a 
discussão que esse projeto se propõe fazer ainda mais urgente e necessária. 
 
[...] percebi o aumento do mercado de trabalho no segmento popular da 
grande imprensa, mas nas universidades era evidente a falta de profundidade 
das considerações sobre programas e jornais populares, pois os comentários 
sobre o tema nunca ultrapassavam a mera condenação. Expressões como 
“degradação cultural”, “lixo”, “antijornalismo” sempre foram usadas para 
desqualificar os produtos informativos populares, o que também os exclui do 
rol de objetos dignos de serem estudados e pesquisados (AMARAL, 2006, 
p.11). 
 
Outro fator que justifica a importância do tema deste projeto é o crescimento do 
jornalismo popular em audiência e em mercado de trabalho. O que por si só já seria 
motivo para esse estudo, mas que, quando aliada à sua pouca frequência em 
trabalhos acadêmicos, torna ainda mais urgente a discussão que esse trabalho se 
propõe a fazer. 
 
Na Bahia, em especial, os telejornais populares crescem cada vez mais em 
quantidade e em audiência. Atualmente das quatro emissoras privadas da rede 
aberta, pelo menos três possuem em sua grade programas de jornalismo popular. 
Esses se destacam em audiência. Na TV Aratu, afiliada do SBT, por exemplo, o 
programa Que Venha o Povo, apresentado por Casemiro Neto, é um típico telejornal 
popular. Exibido das 10h45 às 12h, o programa concorre com Encontro com Fátima 
Bernardes, da Globo, e Hoje em Dia, da Record, e, de acordo com dados do Kantar 
IBOPE Media, é líder em audiência desde dezembro de 2016. Já na TV Itapoan, os 
representantes do jornalismo popular são: Bahia no Ar, exibido entre 7h20 e 8h30 e o 
Balanço Geral, das 11h50 às 15h, com o apresentador José Eduardo, e das 6h15 às 
9 
 
07h20, com Raimundo Varela. O Bahia no Ar era apresentado por Jéssica Senra até 
12 de março de 2018 e era líder mensal em audiência desde janeiro de 2016 (único 
programa fora da Globo com este resultado), com médias entre 12 e 15 pontos no 
IBOPE. O Balanço Geral de José Eduardo, por sua vez, enfrenta uma disputa mais 
apertada com o Bahia Meio Dia, da Rede Bahia. Especula-se inclusive que esse seja 
um dos motivos para a contratação de Jéssica Senra e outras mudanças populares 
no telejornal da afiliada da Globo. Com mais de três horas de duração, o Balanço 
Geral é concorrente também do Globo Esporte e o Jornal Hoje e, de acordo com o 
Kantar Ibope, os superou na média parcial e 2019 (entre os meses de janeiro e maio), 
somando 15,4 pontos, contra 10 pontos dos concorrentes. 
 
A boa aceitação do público e a consequente vantagem na audiência fez com 
que, em 2004, o Balanço Geral ganhasse versões locais em diversas cidades do Brasil 
e posteriormente uma versão nacional, apresentada por nomes como Geraldo Luís e 
Luiz Bacci. Nas capitais dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, as atrações 
também conseguiram conquistar a liderança ao longo do final do último semestre de 
2019. Resultado que mostra que a Bahia é protagonista no telejornalismo popular 
brasileiro e que esse formato uma tendência não só no estado, mas em todo o país. 
 
É, então, evidente o forte apelo que o formato popular tem perante a população 
e o crescente mercado que esse gênero vem representando para os jornalistas. A 
temática merece, portanto, estudos mais críticos para que esse mercado e os 
profissionais que estão se formando possam se qualificar e de fato cumprir com o 
papel de sua profissão junto à população. 
 
A abordagem desse projeto pretende então prestar uma contribuição ao campo 
jornalístico. Não apenas no sentido de trazer o tema para discussões acadêmica, mas 
fazer isso de forma mais crítica e justa, sem preconceitos, auxiliando para o despertar 
de uma urgente mudança na prática jornalística, que proporcione qualidade, respeito 
ao público e o fim da visão elitista que o jornalismo e a academia têm sobre a 
sociedade e o papel da imprensa. 
 
A escolha do objeto do estudo de caso deve-se à sua importância no cenário 
telejornalístico baiano, já que se trata do principal telejornal da maior emissora local, 
10 
 
e à sua trajetória ainda recente e paulatina no modelo de jornalismo popular, o que 
permitirá um estudo mais detalhado. O telejornal faz parte da programação da Rede 
Bahia, afiliada da Rede Globo, por isso, existem algumas limitações a esse modelo 
de jornalismo, impostas pelo padrão determinado pela emissora. O modelo popular 
tem, portanto, que estar em equilíbrio com a credibilidade global, isso justifica a 
trajetória popular mais suave, frente a seus concorrentes na televisão baiana. 
 
5. HIPÓTESE 
 
Sendo um dos pilares do jornalismo popular causar identificação em seu 
público e levando em consideração o sentido literal do sensacionalismo – tudo aquilo 
que causa sensação e emoção -, a hipótese levantada por esse projeto é que: 
 
o Não é possível produzir um telejornal popular sem fazer uso de 
estratégias sensacionalistas, já que um de seus objetivos (a identificação) é 
justamente uma sensação. 
 
Por isso, muitas das estratégias desse formato jornalístico acabam coincidindo 
com estratégias sensacionalistas, impossibilitando a total desagregação de ambos. 
 
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA6.1 TELEJORNALISMO 
 
Não se pode precisar exatamente quem inventou a televisão. O equipamento é 
fruto de pesquisas de inúmeros cientistas, desde o século XIX. Foi entre o final dos 
anos 40 e o início dos anos 50, que o equipamento se firmou como meio de informação 
e comunicação de massa em praticamente todos os países do mundo. E ainda hoje a 
televisão não para de evoluir, o desenvolvimento das tecnologias da área da 
comunicação é ininterrupto. O que torna constante também as transformações no 
telejornalismo. 
 
No Brasil, há controvérsias sobre a primeira transmissão de televisão. Mas 
emissora de TV pioneira foi inaugurada no dia 18 de setembro de 1950, pelo jornalista 
e empresário Assis Chateaubriand, que já era proprietário do primeiro império de 
11 
 
comunicação do país. Era o grupo Diários e Emissoras Associados, que contava com 
vários jornais, revistas e emissoras de rádio, e foi responsável por trazer técnicos e 
equipamentos dos Estados Unidos para retransmitir imagens que eram gravadas em 
seus estúdios. Segundo Paternostro (1999), como naquela época ainda existiam 
poucos aparelhos de televisão no país, o empresário instalou 200 TVs em pontos 
específicos da cidade do Rio de Janeiro, "como a Praça da República, para que o 
povo pudesse assistir ao acontecimento e comprovar a existência da televisão!" 
(PATERNOSTRO, 1999, p.29). 
 
Quatro meses depois da estreia da emissora de Chateaubriand, já estava no ar 
a segunda emissora do país, a TV Tupi do Rio. E até o final da década de 1950, já 
funcionavam seis emissoras no país. Ainda assim, em 1954, o equipamento ainda era 
artigo de luxo e poucos tinham em sua casa. A programação das emissoras seguia, 
então, uma linha de elite e os profissionais e programas eram trazidos do rádio. Ainda 
não existiam, portanto, técnicas específicas ou adaptadas para a televisão, elas eram 
apenas remanejadas do rádio para a TV. 
 
Com o tempo e o crescimento a produção, o preço dos televisores foi se 
tornando mais acessível e as emissoras foram se instalando em outros 
estados: a TV ampliava a sua penetração e começava a atrair as agências 
de propaganda e os anunciantes (PATERNOSTRO, 1999, p.30) 
 
 
A então televisão se tornou atrativa para os anunciantes e assumiu 
definitivamente seu papel comercial. Na disputa pelas verbas, começa a ser 
desenhado a briga pela audiência, que hoje interfere de modo direto nas 
programações das emissoras. Mas foram as propagandas que permitiram 
investimento para a sua consolidação, que aconteceu durante a década de 60. 
 
Embora o primeiro telejornal brasileiro tenha sido o Imagens do Dia, da TV Tupi, 
em 1950, o primeiro grande sucesso do telejornalismo no país foi o Repórter Esso, 
que estreou na mesma emissora, em 1953. Já o Jornal Nacional da Rede Globo foi o 
primeiro programa exibido em rede nacional e é o telejornal que está há mais tempo 
no ar. 
 
12 
 
Além dessas três produções, outros telejornais de destaque na história da 
televisão brasileira foram: Edição Extra (Tupi), Jornal de Vanguarda (Tupi, Globo e 
Continental), Show de Notícias (Excelsior), Bom Dia São Paulo (Globo), TV Mulher 
(Globo), Bom Dia Brasil (Globo), TJ Brasil (SBT), Aqui e Agora (SBT) e Jornal da Band 
(TV Bandeirantes). 
 
A televisão combina simultaneamente o uso de dois sentidos humanos: a 
audição e a visão. Ela traz a mensagem sonora atrelada à mensagem visual. Explorar 
a emoção que uma imagem em movimento é capaz de revelar se tornou pressuposto 
básico no telejornalismo - e foi o desvinculando das técnicas do rádio. Porque 
“dependendo da intensidade, da força, uma imagem que aparece no ar por escassos 
15 segundos pode permanecer na mente do telespectador por muito tempo” 
(PATERNOSTRO, 1991, 63). 
 
 O maior desafio de um repórter de TV é então, segundo Paternostro (1999), 
deixar a imagem comandar o texto. "É com a imagem que a TV exerce seu fascínio e 
prende a atenção das pessoas. É preciso respeitar a força da informação visual e 
descobrir como associá-la à palavra, porque a informação na TV funciona a partir da 
relação texto/imagem" (PATERNOSTRO, 1999, p.61). É nesse momento que se 
percebe que a televisão não é apenas um eletrodoméstico de entretenimento. Mas é 
uma ferramenta que influencia atitudes e estimula sensações. 
 
[...] é muito mais quando percebemos que influencia atitudes, determina 
valores, muda comportamentos, redireciona caminhos, questiona posturas, 
revela avanços, denuncia atrocidades, discute, analisa, comenta, explica, 
informa, ensina, entretém e deseduca. E também emociona, choca, revolta, 
entristece e alegra... Por tudo isso, o poder de quem está trabalhando nesse 
veículo é assustador, e é preciso que valores muito sólidos estejam presentes 
em quem o exerce, qualquer que seja a função (PATERNOSTRO, 1999, 
p.3). 
 
A imagem é o signo mais acessível da compreensão humana. O que confere 
precisão à informação visual. Ela é capaz é de transmitir mensagens e, 
independentemente do idioma ou da escrita, fazer com que o telespectador receba a 
notícia e amplie seu conhecimento. Isso garante um grande alcance ao meio. Ele não 
faz não distinção de classes sociais ou econômicas. Atinge a todos. E isso exige do 
13 
 
jornalista um tratamento especial da notícia, já que vai ser vista de várias formas e por 
uma infinidade de pessoas diferentes. 
 
Por isso, na exploração da audição, o desafio de um telejornalista, segundo 
Paternostro (1999), está no texto, que deve ser compreendido por todos. Uma 
linguagem coloquial, clara, precisa, objetiva, direta, informativa, simples e pausada é 
também característica básica do telejornalismo. Além disso, a forma de contar a 
notícia nos telejornais também é responsável pelo fascínio sobre os telespectadores, 
por conseguir causar emoções e transportá-los para dentro das histórias. Por isso, 
uma outra característica da narrativa no telejornalismo é a forma pessoal de contar os 
fatos e a sensação de familiaridade com repórteres e âncoras. 
 
6.2 O SENSACIONALISMO NA IMPRENSA 
 
O conceito literal de sensacionalismo está relacionado ao estímulo de 
sensações. Dentro do jornalismo, isso é feito através de estratégias que buscam trazer 
acontecimentos sensacionais ou tornar extraordinário aqueles que naturalmente não 
são e não merecem ser tratados como. Por isso, muitas vezes, o sensacionalismo 
superdimensiona o acontecimento real. Em casos mais específicos, inexiste a relação 
com o próprio fato e “a notícia é elaborada como mero exercício ficcional” 
(ANGRIMANI, 1995, p.16). Esse é o motivo que acabou agregando ao termo 
sensacionalismo um caráter pejorativo, conferindo ao meio condenado a esse formato 
um valor negativo e uma credibilidade discutível. 
 
É na exploração das perversões, fantasias, na descarga de recalques e 
instintos sádicos que o sensacionalismo se instala e mexe com as pessoas. 
É no tratamento antianódino da notícia, quase sempre embalada em um 
caleidoscópio perverso, que o sensacionalismo se destaca dos informativos 
comuns (ANGRIMANI, 1995, p.17). 
 
Para estimular o envolvimento emocional do leitor ou telespectador, o 
jornalismo sensacionalista, de acordo com Angrimani (1995), não permite em sua 
linguagem distanciamento ou neutralidade. Por isso faz uso de uma linguagem 
coloquial exagerada, com excesso de gírias e até palavrões, e um tom espalhafatoso 
e escandalosos, para dessa forma também potencializar o caráter extraordinário dado 
ao acontecimento. 
14 
 
 
A história do sensacionalismo está relacionada aos primórdios da própria 
imprensa. Nos primeiros jornais franceses, Nouvelles Ordinaires e Gazette de France, 
entre 1560 e 1631, por exemplo, já existiam traços sensacionalistas. Até mesmo antes 
disso, nos chamados “occasionnels”, tipo de publicações encadernadas em 
brochuras, já predominava esse tipo de abordagem. De acordo com Angrimani (1995), 
o foco desses produtos eramacontecimentos de gêneros diversos e caráter insólito, 
extraordinário ou surpreendente, os fait divers, componentes indissociáveis do 
jornalismo sensacionalista. Escândalos, crimes sádicos, aventuras divertidas, casos 
de sonambulismo, fenômenos naturais estranhos e acontecimentos misteriosos eram 
comuns nessas publicações, conferindo a eles a característica que hoje denominamos 
sensacionalismo. 
 
No século XIX, na França, os “canards”, jornais populares de apenas uma 
página, tinham uma grande demanda. E, segundo Agrimani (1995) os que faziam mais 
sucesso eram justamente os que relatavam fait divers criminais: crianças martirizadas 
ou violadas, parricídios, cadáveres cortados em pedaços, queimados, enterrados. 
Assim como eclipses, cometas, grandes catástrofes, tremores de terra, inundações, 
desastres de trem, naufrágios. Em sua grande maioria, eram fatos extraordinários, 
prova disso é que o tanto o nome “canard” significava, além de “pato”, conto absurdo 
ou não-veridíco. 
 
Alguns exemplos de manchetes dos “canards” e dos “occasionnels”: “Um 
crime abominável!!! Um homem de 60 anos cortado em pedaços” com o 
subtítulo: “Enfiado em uma lata e jogado como ração aos porcos”. Outra 
manchete: “Um crime pavoroso: seis crianças assassinadas por sua mãe”. 
Mais uma: “Um crime sem precedentes!!! Uma mulher queimada viva por 
seus filhos” (ANGRIMANI, 1995, p.20). 
 
Nos Estados Unidos, que, assim como a França, é referência do início da 
prática jornalística, também já era possível encontrar traços sensacionalistas desde 
seu primeiro jornal, o Publick Occurrences. A seguinte passagem do livro de Danilo 
Angrimani (1995) mostra como a publicação optava por acontecimentos típicos de 
produtos sensacionalistas, como: fofocas, escândalos, acontecimentos 
extraordinários. E tudo isso com uma linguagem espalhafatosa e um posicionamento 
definido. 
15 
 
 
Editado pelo gráfico inglês Benjamin Harris, “Publick Occurrences” teve 
apenas uma edição, publicada em 25 de setembro de 1690, onde informava 
aos seus leitores sobre uma epidemia de sarampo que atingia Boston, 
chamava os índios de “selvagens miseráveis” e relatava uma cascata (história 
inventada para preencher espaço no jornal), onde dizia que o rei francês tinha 
tomado “liberdades imorais” com a mulher do príncipe e que, por isso, “o 
príncipe tinha se ofendido” (ANGRIMANI, 1995, p.20). 
 
Só no final do século XIX, que surgiram os jornais World e Journal, que, de 
acordo Angrimani, moldaram o sensacionalismo, através de características que foram 
se firmando e permanecem até os dias de hoje, como: linguagem coloquial ou até 
chula, humor popular, pautas voltadas para violência e escândalos, caráter de 
indignação por parte do próprio veículo e elementos visuais (ou audiovisuais, no caso 
do telejornalismo) que estimulem sensações no público. Foi Joseph Pulitzer, então 
editor do World, que percebeu o quão lucrativo era o apelo popular presente em 
reportagens com características sensacionalista. Em 1890, ele chegou a comentar 
que nenhum jornal no mundo havia conseguido metade do lucro de seu jornal, que 
prezava por amplas ilustrações e manchetes de tom sensacionalista. 
 
6.3 O JORNALISMO POPULAR 
 
Na chamada Era da Cartelização do jornalismo, no final do século XIX, quando 
ele passa a adquirir características e estratégias mercantis, os veículos passam a ser 
visto como empresas capitalistas que, cada vez mais, necessitam conquistar e 
fidelizar seus públicos. É nesse cenário e a partir da demanda de um mercado para 
uma população com baixo poder aquisitivo, que começa a ser desenhado o que hoje 
é chamado de jornalismo popular. 
 
O primeiro jornal americano, o PublickOccurrences, já trazia também, em 1960, 
algumas características do jornalismo popular. Mas foi o New York World o grande 
marco inicial desse formato jornalístico, em 1883. A publicação era voltada para 
operários e imigrantes e prezava por escândalos, combate à corrupção e dramas 
policiais. Na Europa, o jornalismo popular foi inaugurado pelo franceses La Presse e 
o Le Siécl. Mas somente no final do século XIX, quando os avanços tecnológicos 
tornaram possível a produção jornalística em massa, que esse gênero se efetivou no 
mercado. Refere-se, inclusive, a esse momento o conceito de pennypress, que está 
16 
 
relacionado ao barateamento dos tabloides. Nesse período então “muitos jornais, 
limitados à política, passaram a tratar de temas ‘de interesse humano’, como o relato 
detalhado de feitos reais, crimes e dramas de família. Deixaram os artigos opinativos 
de lado e buscaram retratar o cotidiano da população” (AMARAL, 2006, p.17). 
 
No Brasil, o formato, assim com a imprensa em si, chegou mais tarde. O 
primeiro impresso a trazer características populares foi o Folha da Noite (São Paulo. 
1921-1960). O O Dia (Rio de Janeiro, 1951 até hoje), Última Hora (Rio e Janeiro, 1951-
1964), Luta Democrática (Rio de Janeiro, 1954-1979) e Notícias Populares (São 
Paulo, 1963-2001) foram os próximos a apostarem no formato. As principais 
características populares desses jornais – e que marcam até hoje as produções 
jornalísticas desse formato - eram: uma abordagem que sugere a tentativa de ser o 
intermediário entre a população e o poder público e o uso de uma retórica mais 
popular. 
 
Apesar da presença desde antes, só foi a partir da metade da década de 90 
que grandes empresas do setor perceberam o potencial desse tipo de comunicação e 
passaram a investir em produções voltadas para classe populares. Foi isso que 
permitiu que o crescimento do formato no país. 
 
Na Bahia, no entanto, o jornalismo popular já tinha um representante na 
televisão desde 1985. Era o programa Balanço Geral, oriundo de seu homônimo 
radiofônico. O programa apresentava para seus telespectadores, todas as manhã, um 
panorama do que tinha acontecido no dia anterior, era a tentativa de fazer um 
“balanço” das notícias. Em geral, eram noticiados e comentados (característica do 
rádio) acontecimentos que afetavam a vida da população. O programa começou 
sendo apresentado pelo radialista Fernando José e o repórter era Guilherme Santos. 
O objetivo de representar a população deu tão certo que ambos acabaram sendo 
eleitos prefeito e vereado de Salvador. Quem assumiu o programa foi Raimundo 
Varela, no ar até hoje em uma das edições do programa. O apresentador ficou 
conhecido por suas batidas na bancada e seus cartões de aprovação ou reprovação 
para acontecimentos e personagens. O programa ficou conhecido por especialistas 
e pelo público como a “ouvidoria do povo” e em 2004, diante do sucesso e do apelo 
que o formato começou a ganhar, a marca Balanço Geral foi exportada para outras 
17 
 
afiliadas locais da RecordTV. Cada versão local possui um foco, jornalismo local ou 
comunitário, que varia de acordo com a demanda local, mas todas possuem um forte 
apelo popular. 
 
Apesar da permanência de algumas estratégias, o telejornalismo popular vem 
mudando de forma acelerada. A grande marca desse gênero tem sido agora a busca 
pela identificação. 
 
Nos últimos anos, os jornais destinados a um segmento de público mais 
popular reconfiguraram-se de outra forma. Nem se dirigiram prioritariamente 
pelos interesses políticos, como era o caso do Última Hora, nem apelam de 
forma tão incisiva ao recurso de sensacionalismo, como o Notícias Populares. 
Há uma maior aproximação com o leitor por intermédio de outras estratégias, 
como a prestação de serviço e o entretenimento. (AMARAL, 2006, p.31) 
 
O grande objetivo dos telejornais populares é aproximar, por isso o formato é 
tão comum em produções locais. O sucesso do jornalismo popular está no fato das 
pessoas não assistem um telejornal apenas para consumir informação, mas também 
“pelo senso de pertencimento, pela necessidade de se sentirem partícipes da história 
cotidiana e poderem falar das mesmas coisas que ‘todo mundo fala’” (AMARAL,2006, 
p.59), esse ato faz parte da reafirmação cotidiana daquela pessoa com a sua 
sociedade. 
 
Para aproximar e causa identificação no telespectador, as produções lançam 
mão de algumas estratégias, entre elas: assuntos de entretenimento; forte apelo 
emocional; personalização do apresentador, reforçada principalmente por opiniões; 
linguagem simples e de fácil compreensão; coberturas voltadas para assuntos que 
façam parte da vida do cidadão, ou seja, temas que sejam próximos – cultural ou 
geograficamente – a ele; matérias que são úteis à população, por isso é muito comum 
reportagens que prestam um serviço ao cidadão; denúncias de infrações a regras e 
leis. 
 
Essas características acabam definindo o que tem noticiabilidade para um 
veículo popular, é o que vai determinar se aquele acontecimento pode ou não se tronar 
notícia. 
 
18 
 
Podemos definir o conceito de noticiabilidade como o conjunto de critérios e 
operações que fornecem a aptidão de merecer um tratamento jornalístico, 
isto é, possuir valor como notícia. Assim, os critérios de noticiabilidade são o 
conjunto de valores-notícia que determinam se um acontecimento, ou 
assunto, é susceptível de se tornar notícia, isto é, de ser julgado como 
merecedor de ser transformado em matéria noticiável e, por isso, possuindo 
valor-notícia (TRAQUINA, 2005, p.63). 
 
Os valores-notícia não são fixos, eles variam e podem se misturar 
constantemente. Mas no jornalismo popular, determinados valores-notícias estão tão 
intimamente ligados aos objetivos, características e estratégias do formato. Esses 
valores podem, portanto, acabar auxiliando a definir os veículos que se encaixam 
nesse tipo de jornalismo, não só no que diz respeito às notícias, mas também nos 
quadros e comportamento de âncoras e repórteres. Alguns desses valores-notícia 
são: entretenimento; dramatização; personalização; simplificação; proximidade; 
relevância; infração. 
 
Tudo que prende, atrai olhar e distrai tem critérios para ser notícia no telejornal 
popular, por isso o valor notícia de entretenimento é tão forte nesse jornalismo. Os 
limites que dividem entretenimento e jornalismo parecem bem rígidos, mas, para 
Amaral (2008), na prática, os assuntos se fundem, o jornalismo “sério” pode acabar 
se tornando mais “divertido” a depender da construção. Um bom exemplo de matérias 
que possuem valor-notícia de entretenimento são as de futebol, que apenas pelo 
assunto já entretêm, mas, muitas vezes, potencializam ainda mais o seu valor de 
entretenimento através de uma narração divertida e interessante. 
 
O apelo emocional é outra estratégia. São comuns narrativas carregadas de 
dramatização, que fazem o telespectador se emocionar, se questionar ou até mesmo 
se revoltar. Essa estratégia diz respeito ao valor-notícia de dramatização. “Por 
dramatização entendemos o reforço dos aspectos mais críticos, o reforço do lado 
emocional, a natureza conflitual” (TRAQUINA, 2005, p.92). Esse valor-notícia é o 
responsável pela comum utilização de recursos visuais e sonoros, quase cênicos e 
pela abordagem de temas como problemas na vizinhança, briga entre familiares, 
assaltos, entre outros. Em alguns casos extremos do jornalismo popular, sorteios, 
brinde e ações assistencialistas também são usados como formas de criar uma 
narrativa emocional sobre o beneficiário. Essa é a principal estratégia responsável 
pela confusão entre os conceitos de jornalismo popular e jornalismo sensacionalista. 
19 
 
 
O valor-notícia de personalização também é muito frequente no jornalismo 
popular. Segundo Traquina (2005), personalizar é dar caráter pessoal e isso se faz 
útil porque as pessoas têm interesse em outras pessoas. No telejornalismo popular, a 
personalização está principalmente na forte figura do âncora, que dá suas opiniões e 
compartilha experiências de sua vida particular. A empatia com o apresentador é 
tamanha que o telespectador não tem a intenção de assistir ao Bahia Meio Dia, por 
exemplo, mas sim à sua apresentadora, Jéssica Senra. Ele se identifica e vê no 
profissional um amigo com legitimidade para narrar os acontecimentos do dia e que o 
defenderá e ajudará a cobrar por seus direito. Alguém, portanto, que ele pode ouvir e 
confiar. 
 
Já o valor notícia de proximidade diz respeito ao privilégio que as matérias de 
conteúdo local possuem. Elas fazem o telespectador se sentir representado e 
participante daquela sociedade, pois está vendo na televisão fatos próximos ao seu 
dia-a-dia, seja próximo geograficamente –no seu bairro, por exemplo- ou 
culturalmente – como uma festa típica da sua cidade. 
 
Para Traquina (2005), os jornalistas têm a obrigação de se comunicar de uma 
forma fácil de compreender. No jornalismo popular, voltado para classes com menor 
poder aquisitivo - com poder econômico, social e cultural do público é deficitário -, isso 
se faz ainda mais necessário. Por isso, outra importante estratégia nesse 
telejornalismo é a linguagem simples e coloquial, para facilitar a compreensão. A 
simplificação, portanto, é outro valor notícia comum no jornalismo popular. Expressões 
populares são muito comuns nesses telejornais, pois além de contribuírem para a 
compreensão, fazem transparecer para o telespectador que os âncoras e repórteres 
são seus similares, já que possuem o mesmo vocabulário que ele. 
 
Grande parte das matérias de um telejornal popular faz parte da editoria de 
Cidades e está relacionada às demandas locais que afetam imediatamente a vida da 
população. A produção visa, portanto, ser útil a seu público. Esse tipo de cobertura 
está relacionado ao valor-notícia de relevância, que “responde à preocupação de 
informar o público dos acontecimentos que são importantes porque tem um impacto 
sobre a vida das pessoas” (TRAQUINA, 2005, p.80). É por causa desse valor-notícia 
20 
 
que é tão comum matérias de serviço social, que vão desde a cobertura de problemas 
no atendimento do sistema público de saúde e a greve dos rodoviários municipais até 
oportunidades no mercado de trabalho e a negligencia do Poder Público com relação 
a um buraco em uma determinada rua. Esse tipo de abordagem contribui para que o 
telespectador enxergue no telejornal, personificado pelo âncora e os repórteres, um 
cúmplice, que conhece os dramas cotidianos enfrentados por ele. Assim, a cobertura 
da greve, por exemplo, será feita do ponto de vista do passageiro, e o buraco na rua, 
do ponto de vista do morador, que tem sua ida ao trabalho prejudicada pela falta de 
infraestrutura. 
 
Outro valor-notícia comum é o de infração. Todo fato que envolva a violação ou 
transgressão de regras e leis têm grande chance de torna-se notícia em um telejornal 
popular. Esse critério de noticiabilidade, para esse formato jornalístico, faz parte de 
uma estratégia para aproximar o público. Ao fiscalizar e denunciar os crimes, o veículo 
coloca-se como o agente de policiamento da sociedade, alguém que está a todo 
tempo defendendo os direitos dos cidadãos ao vigiar a gestão, as autoridades e os 
funcionários públicos. Essa função da imprensa pode ser explicada pelo Modelo 
Panóptico. A teoria, desenvolvida por George Orwell e Michel Foucault, defende que 
é possível impor determinados comportamentos em toda a população a partir da ideia 
de que todos estão sendo observados. A sociedade pode ser comparada a uma 
arquitetura constituída por celas que formam um anel ao redor de uma torre, onde fica 
um sentinela vigiando os presos. Os prisioneiros não conseguem fugir da visão do 
guarda que exerce seu poder através da vigia. Nesse caso, o sentinela é a imprensa 
e os presos são a população e principalmente os políticos. A imprensa está sempre 
vigiando, fiscalizando e denunciando as infrações. 
 
Atrelado a figura do âncora, que busca sempre a identificação e a aproximação 
do telespectador, está o cenário. Mudanças e estratégias utilizada no espaço físico do 
telejornal sãocapazes de permitir ainda mais a personificação do apresentador e de 
aproximar o telespectador do telejornal. Uma mudança, por exemplo, na bancada 
aproxima do apresentado da câmera (aqui entendido como o telespectador) e permite 
que ele tenha mais liberdade de movimentos e expressões corporais, humanizando e 
tirando-o do papel apenas de profissional. A inserção de painéis interativos também 
fazem do âncora um agente que ouve e se comunica com seu telespectador, cortes 
21 
 
de câmera que permitem a visualização de parte dos bastidores do programa, passa 
a sensação de familiaridade entre o público e a produção. Portanto, assim como o 
âncora e as notícias têm papel fundamental na aproximação e identificação prometida 
pelo telejornal popular, o cenário também tem. 
 
6.4 O ETHOS DO BAHIA MEIO DIA 
 
O Bahia Meio Dia é o telejornal exibido na faixa horária de 12 horas pela Rede 
Bahia de Televisão, uma emissora afiliada à Rede Globo, com sede em Salvador, mas 
que se estende pela Região Metropolitana e mais 221 munícipios baianos. A TV Bahia 
foi inaugurada em 10 de março de 1985, como afiliada da Rede Manchete, dois anos 
depois se afiliou à Rede Globo, que já tinha uma afiliada na região, a TV Aratu. 
Inicialmente ambas retransmitiam a programação da Globo, mas, ainda em 1987, a 
TV Bahia conseguiu ser a única afiliada da Rede Globo no estado. 
 
Ele é o telejornal de maior destaque da emissora, vai ao ar de segunda a 
sábado e é dividido em quatro blocos. Nos dois primeiros, são exibidas matérias 
relacionadas à violência, como mortes, acidentes, assaltos e agressões. No terceiro 
bloco, vão ao ar notícias envolvendo bem-estar, saúde, cotidiano e alimentação. Já 
no último bloco, as matérias são das editorias de entretenimento, esporte e cultura. 
 
Assim como os demais telejornais das afiliadas globais, o Bahia Meio Dia é 
submetido a uma padronização, mas, justamente por ser local, se esforça para 
transparecer mais proximidade ao público. Há, portanto, uma busca pelo equilíbrio 
entre o respeito à linha editorial da Globo e a necessidade de passar uma identidade 
local e se aproximar do público. A partir de 2002, essa necessidade passou a pesar 
mais e várias mudanças ocorreram no telejornal: quadros foram criados, o cenário 
sofreu grandes mudanças e o vocabulário, a linguagem e a postura dos jornalistas se 
adaptaram na busca por mais informalidade. Em 2017, um novo diretor de jornalismo 
da TV Bahia assumiu o cargo, Eurico Meira da Costa, e as orientações por 
informalidade ganharam mais força. Costa falou sobre isso em uma entrevista ao 
jornal Correio em março de 2018: 
 
22 
 
O objetivo disso é mostrar o conteúdo de uma maneira que se aproxime mais 
da maneira como as pessoas falam. É ser informal, da mesma forma que as 
pessoas conversam. Pela minha experiência, noto que, assim, as pessoas se 
identificam mais com o conteúdo apresentado. O público sinalizou que queria 
essa mudança. O público de TV aberta ficou mais popular e esse ajuste foi 
necessário. Se não fizermos isso, não vamos ser entendidos e isso seria o 
fim. Se não somos entendidos pelo nosso público, rompemos um elo. 
(COSTA, 2018) 
 
Com essa busca pela aproximação com o público, em 2002, surgiu, no Bahia 
Meio Dia, um dos primeiros quadros da produção de prestação de serviço social, o 
Desaparecidos. Atualmente é exibido ao vivo, do centro de Salvador, às quartas-
feiras. O quadro se propõe, em parceria com a Polícia Interestadual (Polinter), a 
divulgar casos de desaparecimentos, através dos apelos de amigos e familiares das 
pessoas procuradas. O quadro ajudava a passar uma imagem do telejornal como um 
participante e defensor da sociedade. 
 
Com o mesmo teor de prestação de serviço social, surgiu posteriormente o 
quadro Repórter Cidadão. As pautas, muitas vezes sugeridas pelo público, eram, 
quase sempre, relacionadas a situações de extrema falta de infraestrutura na cidade. 
Eram comuns matérias sobre falta de água encanada há mais de um ano em um 
determinado bairro, um buraco que é negligenciado pelo governo há cinco anos, ou 
até mesmo, um bueiro entupido que causa prejuízo aos moradores em dias de chuva. 
Inicialmente o quadro era noticiado com o cidadão no papel de repórter. A inversão 
da função do denunciante na matéria, aliada ao destaque dado a bairros ou regiões 
carentes da cidade aproximava o telejornal a população, que via no veículo, não só 
um protetor, mas um amigo a quem recorrer nas dificuldades e um lugar onde ele teria 
sua voz ouvida. 
 
Em 2017, a campanha Sou Mulher, Quero Respeito, desenvolvida e veiculada 
em todos os telejornais da TV Bahia, também foi uma forma do Bahia Meio Dia se 
posicionar como um agente social e um defensor da população. A campanha era 
divulgada sempre após uma matéria sobre violência contra a mulher e foi tão bem-
sucedida que escolas do estado a usaram em projetos educativos. 
 
Outro quadro do telejornal, cujo um dos objetivos é aumentar a interação e a 
proximidade com o telespectador, é o Panela de Bairro. A produção audiovisual era 
23 
 
gravada em locações externas e exibida geralmente aos sábados. O repórter ia ao 
restaurante, boteco ou até mesmo à casa do concorrente para acompanhar como era 
feito um determinado prato que fazia sucesso no bairro. Era exibido um participante 
por edição e cada um representava seu bairro, que disputaria com os outros 
concorrentes a votação do público pelo melhor cardápio. A maioria dos participantes 
era de bairros periféricos ou menos favorecidos financeira e estruturalmente. Assim, 
o quadro também fazia com que essas pessoas sentissem que o telejornal era feito 
para e com elas. 
 
É possível também caracterizar o ethos de conteúdo do Bahia Meio Dia, através 
da Análise de Discurso. Os telejornais de emissoras abertas prezam por um 
vocabulário simples e acessível. Ao se aproximar do jornalismo popular, o Bahia Meio 
Dia começa a fazer uso dessa linguagem e vai além, abusa também do uso de 
expressões corriqueiras e de pouca formalidade, que se pressupõe fazer parte do 
vocabulário da maior parte de seu público. Esse modo de se comunicar acaba 
operando como uma estratégia de aproximação entre o telejornal (personificado nos 
âncoras e nos repórteres) e o telespectador, que vai se identificando com a produção, 
tanto pela facilidade de compreensão, quanto pelo sentimento de similaridade. 
 
Outra estratégia de vocabulário utilizada pelo telejornal é uso de interpelações 
ao público. Frequentemente o âncora ou o repórter se dirige ao telespectador, fazendo 
indagações, que, em geral, são respondida pelos próprios enunciadores. Os 
questionamentos dirigidos diretamente ao telespectador objetivam aproxima-lo ao 
telejornal, tanto por fazer transparecer que a produção conhece e se preocupa com 
as questões que o angustiam quanto pelo caráter didático nas dicas, receitas, 
informes e alternativas apresentadas para solucionar aquilo que inquieta o 
telespectador. O frequente uso do pronome de tratamento “você”, por exemplo, já 
pressupõe a existência de certa relação e pessoalidade. 
 
No telejornal é comum também a posição dos âncoras e repórteres como 
sujeitos comuns, mostrando seu lado pessoal, compartilhando preferências, 
testemunhos, emoções e fatos da sua vida privada que corroboram a pauta. Assim, 
além de especialista em passar as notícias, eles mostram-se também como pessoas 
que vivenciam o que noticiam, assim como o telespectador. Criando, portanto, uma 
24 
 
proximidade e uma identificação, já que o telespectador e o jornalista compartilham 
de posições sociais (pais, cidadão, pacientes), valores e desejos (uma cidade mais 
limpa). Esse duplo posicionamento dos jornalistas também confere mais credibilidade 
ao telejornal. Os fatos noticiáveis tornam-se mais credíveis, pois quem está 
enunciando-os não é só um profissional alheio a eles, mas também uma pessoa que 
os vivencia,assim como o telespectador. 
 
 É justamente a partir dessa estratégia que surgem os traços opinativos do 
Bahia Meio Dia. Os âncoras, após matérias que mostram situações em que o cidadão 
tem seus direitos negados, mostram-se defensores da população, tecendo 
comentários, muitas vezes, curtos e de conteúdo raso. Esse tipo de comentário é uma 
estratégia recente no telejornal. 
 
Além disso, a figura do âncora (ou repórter) sempre sorridente, com gestos e 
expressões corporais leves também são formas de aproximar o telespectador, 
diferindo daquele modelo de jornalismo que preza pela distância, através da frieza e 
da formalidade. 
 
7. METODOLOGIA 
 
Para atingir os objetivos propostos, o trabalho lançará mão de dois 
procedimentos técnicos: pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Com relação aos 
dois primeiros objetivos específicos – definir o que caracteriza um telejornal popular e 
compreender os conceitos atribuídos ao sensacionalismo -, a pesquisa bibliográfica 
será realizada para determinar o estado da arte da pesquisa nesse campo. De acordo 
com Gil (2008), essa técnica é desenvolvida a partir de um material já elaborado, 
geralmente livros e artigos científicos, e tem como principal vantagem o fato de permitir 
a cobertura de uma gama de fenômenos muito ampla, que seria impossível cobrir 
diretamente. Compreender as características de um telejornal popular e os conceitos 
atribuídos ao sensacionalismo são investigações que precisam recorrer à estudos 
históricos, o que só é possível através de dados secundários. Dessa forma, a pesquisa 
bibliográfica é o procedimento ideal para se atingir esses objetivos. 
 
25 
 
Para esse procedimento, serão estudadas fontes como livros, artigos, 
resenhas, trabalhos acadêmicos e afins, que abordam ideias e pressupostos de 
significativa importância na construção dos conceitos aqui discutidos: jornalismo, 
telejornalismo, sensacionalismo e jornalismo popular. Os principais autores 
contribuintes serão: Amaral (2006), Agrimani (1995), Paternostro (1999), Traquina 
(2012). Desta forma, o trabalho transcorrerá a partir do método conceitual-analítico, já 
que serão utilizados conceitos e ideias de outros autores. 
 
Quanto a esse procedimento e os objetivos relacionados a ele, a pesquisa terá 
a intenção é buscar informações disponíveis que permitam conhecer com mais 
detalhadamente e criar maior familiaridade com o tema. A pesquisa terá, portanto, um 
caráter exploratório. Classificação que, de acordo com Gil (2008), é a ideal justamente 
para situações em que o pesquisador pretende conhecer mais profundamente um 
tema ainda pouco estudado. 
 
Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar 
visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de 
pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco 
explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e 
operacionalizáveis (GIL, 2008, p.87). 
 
Já os outros objetivos – identificar as mudanças que conduziram o Bahia Meio 
Dia a um formato de jornalismo popular e descrever como as estratégias 
sensacionalistas se apresentam no telejornal – serão atingidos através de um estudo 
de caso, procedimento caracterizado, segundo Gil (2008), pelo estudo exaustivo e 
profundo de poucos objetos, que permite o conhecimento amplo e detalhado deles. 
Para o autor, esse tipo de procedimento é indicado para investigadores que 
pretendem explorar situações cujos limites não são claramente definidos. Como esse 
trabalho busca estudar o fenômeno da evolução do Bahia Meio Dia em direção ao 
formato popular, situação em que não existe marcos definidores, o estudo de caso é 
o procedimento ideal para atingir os objetivos propostos. 
 
Ambos os procedimentos - tanto o estudo de caso quanto a pesquisa 
bibliográfica - serão de abordagem qualitativa, que, de acordo com Minayo (2001), 
trabalha com o universo de significados, motivos e valores, correspondendo a um 
espaço mais profundo dos processos que não podem ser reduzidos à 
26 
 
operacionalização de variáveis. Os procedimentos não irão, portanto, se preocupar 
com a representatividade numérica do objeto e do tema. A intenção é, na verdade, 
buscar dados descritivos que permitam o aprofundamento da compreensão sobre 
eles. 
 
O objeto do estudo de caso é o Bahia Meio Dia. Desta maneira, a monografia 
em questão propõe-se a estudar as mudanças que ocorreram no telejornal e o 
conduziram a um formato popular. Para isso, o trabalho vai seguir uma metodologia 
que definirá e guiará análises de edições específicas do programa. O recorte temporal 
dessas produções diárias se estende de 2013 – ano da retirada da bancada em exigia 
que os âncora apresentassem que os apresentassem o telejornal sentados, essa foi 
a mudança mais visível até a estreia de Jéssica Senra – a 2019 – um ano após a 
chegada da apresentadora, período, portanto, em que é possível perceber o 
desenvolvimento das transformações impostas pela estreia. 
 
Dentro desse recorte temporal, existirão 3.738 edições do telejornal. Um 
universo muito grande para ser analisado no decorrer do período disponível para o 
desenvolvimento do trabalho. Por essa razão, trabalharemos com uma amostra, “uma 
pequena parte dos elementos que compõem o universo” (Gil, 2008, p. 89). 
 
Para delimitar a amostra, o objeto será submetido a três etapas de tratamento. 
Todas elas de caráter não-probabilístico. Isso significa que a seleção das edições que 
irão compor as amostras das etapas vai depender unicamente de critérios definidos 
pela pesquisadora do trabalho. Esses serão chamados de filtros. Os procedimentos 
de amostragem obedecerão, portanto, classificação denominada Por Cotas, cuja 
etapa primordial, de acordo com Gil (2008), é a seleção em função de propriedades 
tidas como relevantes para o fenômeno estudado. 
 
Na primeira etapa, o procedimento de amostragem levará em consideração 
características presentes em cada elemento (edição) que são representativas nas 
transformações envolvidas na evolução do telejornal em direção a um formato 
popular. Os filtros definidos, portanto, serão: estreia de âncoras, inserção de novos 
quadros, mudanças no cenário, coberturas especiais e situações que aconteceram na 
edição e ganharam repercussão na mídia. Eles serão responsáveis por selecionar 70 
27 
 
edições - divididas igualmente para cada um dos sete anos do recorte temporal 
definido -, que serão estudadas de forma exploratória para ganhar maior familiaridade 
com o objeto de estudo. Esse número foi definido pela viabilidade de serem assistidas 
seguindo o cronograma de desenvolvimento do trabalho. Nessa etapa, as fases do 
objeto vão coincidir com os anos do recorte temporal. 
 
Estreia de âncoras, inserção de novos quadros, mudanças no cenário, 
coberturas especiais e temas que ganharam repercussão na mídia servirão de filtro 
na primeira etapa porque correspondem às categorias onde podem ser desenvolvidas 
ou melhor visualizadas as estratégias populares de um telejornal (melhor 
discriminadas nas páginas 15, 16, 17 e 18 do projeto). 
 
A segunda etapa será responsável por selecionar 15 edições. Para a 
operacionalização desse processo, foram definidas cinco fases de transição do 
jornalismo no Bahia Meio Dia, através de um estudo exploratório prévio, onde diversas 
edições foram visualizadas para outro trabalho realizado no âmbito do curso, na 
disciplina de Jornalismo: Teoria e Prática. As fases definidas são: Modelo Tradicional, 
quando não há traços de jornalismo popular; Modelo de Transição, onde já é possível 
perceber a presença de poucos traços populares; Modelo Híbrido, que apresenta uma 
mistura entre traços de jornalismo popular e de jornalismo tradicional; Modelo Popular 
Predominantemente, onde já é possível perceber que o popular se sobrepõe ao 
tradicional; e Modelo Popular de Fato, quando não há traços de jornalismotradicional, 
somente traços populares. As referidas fases não são, no entanto, padrões 
engessados, são propostas iniciais, que podem sofrer mudanças a partir de novas 
descobertas. 
 
Para a amostragem da segunda etapa, serão selecionados elementos que 
coincidem com as cinco fases discriminadas. Aliado a isso, também será utilizado o 
processo de filtragem da etapa anterior. Dessa segunda amostra farão parte três 
edições de cada fase, que na etapa seguinte passarão por uma análise de conteúdo. 
Novamente, a escolha do número de elementos da amostra foi feita a partir da 
viabilidade de um estudo mais aprofundado dentro do cronograma definido. 
 
28 
 
Na terceira etapa, a análise de conteúdo será feita levando em consideração 
as características populares e sensacionalistas que o telejornal foi adquirindo. Para 
tanto, vão ser definidas categorias de análise, que, mais uma vez, correspondem aos 
setores do telejornal onde podem ser desenvolvidas ou melhor visualizadas as 
estratégias do jornalismo popular ou sensacionalista. As categorias de análise são: 
Pautas e Quadros, Figura do Âncora e Cenário. 
 
A categoria Pautas e Quadros está relacionada à escolha dos fatos que são 
noticiados em um telejornal popular. Sendo assim, ela vai submeter as edições a uma 
análise a partir do valores-notícia que fazem parte da classificação determinada por 
Traquina (2012) e são predominantes nesse tipo de jornalismo. Como já foi melhor 
abordado no embasamento teórico deste projeto, de acordo com Amaral (2006), 
telejornais populares são voltados para um público de baixo poder aquisitivo, por isso 
utilizam como estratégias pautas de serviço, com proximidade geográfica ou cultural, 
de entretenimento e uma linguagem simples e coloquial. Sendo assim, na análise de 
conteúdo referente a esta categoria, será levado em consideração os tipos de pautas 
abordadas na edição, a linguagem utilizada pelos repórteres e no lettering da 
reportagem, a interatividade, o objetivo e o público dos quadros. 
 
A segunda e a terceira categoria estão relacionadas à narrativa dos fatos 
noticiados no telejornal, ou seja, à forma como esses fatos são contados. Na categoria 
Figura do Âncora, serão analisadas todas as mudanças que permitiram uma maior 
personificação do apresentador e mais interatividade e aproximação dele com o 
público. Tais como: a exploração de opiniões, a conversação dele com repórteres, o 
uso de indagações dele ao telespectador, sua linguagem mais coloquial, suas 
colocações como cidadão e pessoa comum como seu público e expressões corporais 
menos engessadas. Essas estratégias, melhor discriminadas nas páginas 20 e 21, 
também são formas, dessa vez através do âncora, de causa a sensação de 
identificação e aproximação do telespectador com o telejornal, o que é o objetivo do 
telejornalismo popular. 
 
Na categoria Cenário, a análise será feita a partir das estratégias utilizadas no 
espaço físico do telejornal que permitiram maior dinamismo ao programa, a sensação 
de maior interatividade e aproximação entre o âncora/telejornal e o telespectador. As 
29 
 
mudanças nas bancadas são as principais transformações dessa categoria, pois 
permitem uma aproximação literal entre âncora e a câmera (aqui entendido como o 
telespectador) e uma distinção, cada vez maior, do jornalismo tradicional. Outra 
mudança que diz respeito a essa categoria são os cenários maiores e mais limpos 
(com menos elementos), isso permite ao âncora maior movimento, o personificando 
ainda mais e dando mais dinamismo ao programa. Os telões interativos também são 
ser estratégias que permitem uma maior aproximação entre o público e o jornal. Essas 
são características que, segundo Amaral (2006), conferem ao telejornal traços 
populares. 
 
Ainda na terceira etapa de tratamento do objeto, a pesquisa se debruçará 
sobre e último objetivo específico do trabalho – descrever como estratégias 
sensacionalistas são utilizadas no Bahia Meio Dia. Essa etapa terá também um 
caráter de pesquisa descritiva, que, segundo Gil (2008), tem como objetivo primordial 
a descrição das características de um determinado fenômeno. O processo aqui 
adotado será a descrição das estratégias sensacionalistas utilizadas nas edições. 
Como já abordado nas páginas 11 e 12, elas podem ser: exploração de fatos 
absurdos, catástrofes, violência, escândalos, reportagens que trazem um apelo 
emocional, opiniões que expressam a indignação do âncora, a utilização de linguagem 
muito coloquial - muitas vezes até chula -, o uso de trilha sonora e tantas outras formas 
de buscar causar sensações e emoções no telespectador. 
 
Após a determinação da evolução do telejornal dentro do formato popular e a 
descrição da trajetória do uso das estratégias sensacionalistas pelo mesmo, será 
possível enfim entender a relação existente entre o formato de telejornalismo popular 
e o sensacionalismo, objetivo geral deste trabalho. 
 
Segue abaixo, para melhor compreensão dos processos da metodologia 
utilizada no a monografia proposta por esse projeto, uma tabela sobre as etapas de 
tratamento do objeto de estudo. 
 
 
 
30 
 
Etapas de tratamento do objeto 
Etapas Universo Fases Filtros Amostra 
1 3.738 o 2013 
o 2014 
o 2015 
o 2016 
o 2017 
o 2018 
o 2019 
o Estreia de âncoras 
o Inserção de quadros 
o Mudanças no cenário 
o Coberturas especiais 
o Repercussão na mídia 
70 
2 70 o Modelo Tradicional 
o Modelo de Transição 
o Modelo Híbrido 
o Modelo 
Predominantemente 
Popular 
o Modelo Popular de 
fato 
o Filtros da etapa 1 
o Características que 
condizem com as 
fases dessa etapa 
15 
3 15 o Modelo Tradicional 
o Modelo de Transição 
o Modelo Híbrido 
o Modelo Popular 
Predominantemente 
o Modelo Popular de 
fato 
 
Categorias de análise: 
o Pautas e Quadros 
o Figura do âncora 
o Cenário 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
8. CRONOGRAMA 
 
Atividades Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul 
Pesquisa bibliográfica X X X 
Assistir às 70 edições X X X 
Analisar as 15 edições X X X X 
Descrição das estratégias 
sensacionalistas 
 X X X X 
Processo de escrita do trabalho X X X X X 
Preparação para a apresentação X 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
9. REFERÊNCIAS 
 
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