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UNIVERSIDADE SALVADOR ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, DESIGN E EDUCAÇÃO BACHARELADO EM JORNALISMO MARIANA BAMBERG VERAS MARQUES O RÓTULO DO SENSACIONALIMO: UMA ANÁLISE SOBRE O USO DAS ESTRATÉGIAS POPULARES NO BAHIA MEIO DIA SALVADOR 2019 MARIANA BAMBERG VERAS MARQUES O RÓTULO DO SENSACIONALIMO: UMA ANÁLISE SOBRE O USO DAS ESTRATÉGIAS POPULARES NO BAHIA MEIO DIA Anteprojeto apresentado ao Curso de Bacharelado em Jornalismo da Universidade Salvador, como requisito parcial para a conclusão das disciplinas Pesquisa Aplicada em Jornalismo e Metodologia de Projetos em Jornalismo, ministradas pelas professoras Ma. Mariana Alcântara e Dra. Amanda Aouad respectivamente. SALVADOR 2019 RESUMO O presente projeto diz respeito a um trabalho de conclusão de curso cujo objetivo é analisar a relação existente entre o formato de telejornalismo popular e o sensacionalismo. Embora estejam em um processo de crescimento em mercado de trabalho e audiência, os telejornais populares ainda são pouco explorados e, muitas vezes, condenados ao rótulo do sensacionalismo e às características de valores negativos que se agregam a esse conceito. Dessa forma, esse trabalho busca contribuir para uma melhor compreensão de ambos os segmentos jornalísticos. Para tanto, os procedimentos metodológicos da monografia serão uma pesquisa bibliográfica, realizada para determinar o estado da arte da pesquisa nesse campo, e um estudo de caso acerca das mudanças que conduziram o telejornal Bahia Meio Dia a um formato popular. A escolha do objeto de estudo justifica-se pela sua trajetória ainda discreta e paulatina dentro do telejornalismo popular baiano, o que permite uma investigação mais detalhada e aprofundada. O estudo de caso será feito através de uma análise de conteúdo de 15 edições veiculadas entre os anos de 2013 e 2019 e selecionadas a partir de procedimentos de amostragem não-probabilísticas que levam em consideração as características de um telejornal popular e as fases de evolução da trajetória que conduziu o telejornal a um formato popular. A análise será realizada em torno de três categorias, que representam as áreas da produção audiovisual onde é possível fazer o uso de estratégias populares e/ou sensacionalistas. Elas são: Pautas e Quadros, Figura do âncora e Cenário. Palavras-chave: Telejornalismo Popular, Sensacionalismo, Bahia Meio Dia SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................5 2. PROBLEMA......................................................................................................6 3. OBJETIVOS......................................................................................................7 4. JUSTIFICATIVA................................................................................................7 5. HIPÓTESE.......................................................................................................10 6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................10 6.1 Telejornalismo...............................................................................................10 6.2 O sensacionalismo na imprensa.................................................................13 6.3 O Jornalismo Popular...................................................................................15 6.3 O Ethos do Bahia Meio Dia...........................................................................21 7. METODOLOGIA..............................................................................................24 8. CRONOGRAMA..............................................................................................31 9. REFERÊNCIAS...............................................................................................22 5 1. INTRODUÇÃO A motivação que deu origem ao tema desta monografia surgiu a partir de um exercício avaliativo para a disciplina de Jornalismo Teoria e Prática. O trabalho girou em torno do estudo de caso da contratação da jornalista Jéssica Senra pela Rede Bahia. Essa mudança representava o reconhecimento do apelo e das qualidades do formato popular, já que a apresentadora era um dos grandes símbolos desse modelo de telejornalismo no estado e na emissora concorrente. À primeira vista, o jornalismo popular era sinônimo de jornalismo sensacionalista. Os dois modelos, não entanto, não devem ser confundidos. Para a pesquisadora e professora Márcia Franz Amaral, “o ‘popular’ identifica apenas um tipo de imprensa que se define pela sua proximidade e empatia com o público-alvo, por intermédio de algumas mudanças de ponto de vista, pelo tipo de serviço que presta e pela sua conexão com o local e o imediato” (AMARAL, 2006, p.16). O público-alvo ao qual Amaral se refere são as classes populares, aquelas que têm baixo poder aquisitivo. Em busca da empatia e da proximidade com essa população, o jornalismo popular lança mão de diversas estratégias de identificação: como a abordagem de temas da comunidade, o uso de uma linguagem mais popular e o apelo emocional. A generalização da incorporação de características ligadas a essa última estratégia foi justamente o que condenou o jornalismo popular ao rótulo de sensacionalista. Uma vez que, inicialmente o conceito de sensacionalismo estava ligado a tudo aquilo que causa sensação e emoções em seu público, seja comovendo ou escandalizando-o. Com o desenvolvimento da imprensa, no entanto, o conceito de sensacionalismo e, por consequência, o de jornalismo popular foram sendo atrelados a valores negativos, como uma produção superficial, grosseira, vulgar e de mau gosto. Para o também pesquisador e professor Danilo Angrimani (1995), o preconceito é 6 tamanho que sempre que se deseja acusar ou condenar a qualidade de um produto jornalístico, usa-se, muitas vezes de forma errônea, a qualificação de sensacionalista. Quando se enclausura um veículo nessa denominação, se faz também uma tentativa de colocá-lo à margem, de afastá-lo dos mídias “sérios”. [...] Na abrangência de seu emprego, sensacionalista é confundido não só com qualificativos editoriais como audácia, irreverência, questionamento, mas também com imprecisão, erro na apuração, distorção, deturpação, editorial agressivo – que são acontecimentos isolados e que podem ocorrer dentro de um jornal informativo comum. (ANGRIMANI, 1995, p.13) A presente monografia surgiu então do desejo de lançar olhares mais justos sobre ambos os conceitos. E a importância disso está não só na necessidade de entender e desmistificar um mercado editorial que cresce cada dia mais em audiência, mas está relacionada também à urgência de uma mudança na visão que o jornalista tem sobre a função social de sua atividade. Por isso, a proposta desta monografia é entender, despindo-se de quaisquer preconceitos, ambos os conceitos e suas práticas. Desta forma, o projeto é dividido três capítulos. No primeiro capítulo, é abordado o sensacionalismo, sua história, estratégia e os valores atribuídos a ele. O segundo aborda o gênero do jornalismo popular, do ponto de vista conceitual e histórico. Nessa parte, será explicado o que define os acontecimentos que se tornarão notícia nesse telejornal, as estratégias utilizadas na construção dele, sua função e seu público-alvo. Já a intenção de terceiro capítulo é ir além de referenciais teóricos e entender o objeto do estudo de caso que o trabalho de conclusãode curso pretende fazer. Desta forma, este capítulo se propõe a descrever a história e o ethos do telejornal Bahia Meio Dia. 2. PROBLEMA É possível produzir um telejornal popular sem fazer uso de estratégias sensacionalistas? 7 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Analisar a relação existente entre o modelo de jornalismo popular e o sensacionalismo no Bahia Meio Dia 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS o Definir o que caracteriza um telejornal popular o Compreender os conceitos atribuídos ao sensacionalismo o Identificar as mudanças que conduziram o Bahia Meio Dia a um formato de jornalismo popular o Descrever como estratégias sensacionalistas se apresentam no Bahia Meio Dia 4. JUSTIFICATIVA O presente projeto se justifica através de dois desejos pessoais da autora. O primeiro dele é o de seguir carreira acadêmica, por isso a escolha de fazer do Trabalho de Conclusão de Curso uma monografia e estudar com profundidade um tema dentro do campo jornalístico. O segundo desejo é desmistificar e trazer uma visão mais justa sobre o jornalismo popular. Essa vontade surgiu durante a trajetória da autora dentro do curso de jornalismo, quando participou do desenvolvimento de um artigo acadêmico, como avaliação da disciplina de Jornalismo Teoria e Prática. O objetivo do trabalho desenvolvido era analisar o significado da então recente contratação da jornalista Jéssica Senra pela Rede Bahia. O artigo acabou mudando a imagem que a autora do projeto e seus então colegas de grupo tinham a respeito do formato jornalístico popular. À primeira vista, a equipe o enxergava como um produto grosseiro e de qualidade duvidável. Poucos gostariam de trabalhar em um veículo desse formato, alguns consideravam isso até sinônimo de fracasso profissional. Após a disciplina, foi possível entender e reconhecer o importante papel social que esse formato desempenha na sociedade: representar uma população que se enxerga desassistida 8 pelo Poder Público e marginalizada pela mídia tradicional. A parcela da população com baixo poder aquisitivo – o público de um veículo popular – é a imensa maioria da sociedade brasileira. Ignorar o que ela vive é ignorar a realidade da sociedade brasileira, portanto, é deixar de fazer jornalismo. A imagem que a turma tinha do jornalismo popular é também compartilhada pela academia, no geral. Grande parte dos estudiosos e pesquisadores do campo da comunicação ainda considera o formato como algo degradante e sem valor, o que explica a sua pouca frequência em trabalhos e pesquisas acadêmicas. A baixa representatividade desse tema em estudos dentro das universidades torna a discussão que esse projeto se propõe fazer ainda mais urgente e necessária. [...] percebi o aumento do mercado de trabalho no segmento popular da grande imprensa, mas nas universidades era evidente a falta de profundidade das considerações sobre programas e jornais populares, pois os comentários sobre o tema nunca ultrapassavam a mera condenação. Expressões como “degradação cultural”, “lixo”, “antijornalismo” sempre foram usadas para desqualificar os produtos informativos populares, o que também os exclui do rol de objetos dignos de serem estudados e pesquisados (AMARAL, 2006, p.11). Outro fator que justifica a importância do tema deste projeto é o crescimento do jornalismo popular em audiência e em mercado de trabalho. O que por si só já seria motivo para esse estudo, mas que, quando aliada à sua pouca frequência em trabalhos acadêmicos, torna ainda mais urgente a discussão que esse trabalho se propõe a fazer. Na Bahia, em especial, os telejornais populares crescem cada vez mais em quantidade e em audiência. Atualmente das quatro emissoras privadas da rede aberta, pelo menos três possuem em sua grade programas de jornalismo popular. Esses se destacam em audiência. Na TV Aratu, afiliada do SBT, por exemplo, o programa Que Venha o Povo, apresentado por Casemiro Neto, é um típico telejornal popular. Exibido das 10h45 às 12h, o programa concorre com Encontro com Fátima Bernardes, da Globo, e Hoje em Dia, da Record, e, de acordo com dados do Kantar IBOPE Media, é líder em audiência desde dezembro de 2016. Já na TV Itapoan, os representantes do jornalismo popular são: Bahia no Ar, exibido entre 7h20 e 8h30 e o Balanço Geral, das 11h50 às 15h, com o apresentador José Eduardo, e das 6h15 às 9 07h20, com Raimundo Varela. O Bahia no Ar era apresentado por Jéssica Senra até 12 de março de 2018 e era líder mensal em audiência desde janeiro de 2016 (único programa fora da Globo com este resultado), com médias entre 12 e 15 pontos no IBOPE. O Balanço Geral de José Eduardo, por sua vez, enfrenta uma disputa mais apertada com o Bahia Meio Dia, da Rede Bahia. Especula-se inclusive que esse seja um dos motivos para a contratação de Jéssica Senra e outras mudanças populares no telejornal da afiliada da Globo. Com mais de três horas de duração, o Balanço Geral é concorrente também do Globo Esporte e o Jornal Hoje e, de acordo com o Kantar Ibope, os superou na média parcial e 2019 (entre os meses de janeiro e maio), somando 15,4 pontos, contra 10 pontos dos concorrentes. A boa aceitação do público e a consequente vantagem na audiência fez com que, em 2004, o Balanço Geral ganhasse versões locais em diversas cidades do Brasil e posteriormente uma versão nacional, apresentada por nomes como Geraldo Luís e Luiz Bacci. Nas capitais dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, as atrações também conseguiram conquistar a liderança ao longo do final do último semestre de 2019. Resultado que mostra que a Bahia é protagonista no telejornalismo popular brasileiro e que esse formato uma tendência não só no estado, mas em todo o país. É, então, evidente o forte apelo que o formato popular tem perante a população e o crescente mercado que esse gênero vem representando para os jornalistas. A temática merece, portanto, estudos mais críticos para que esse mercado e os profissionais que estão se formando possam se qualificar e de fato cumprir com o papel de sua profissão junto à população. A abordagem desse projeto pretende então prestar uma contribuição ao campo jornalístico. Não apenas no sentido de trazer o tema para discussões acadêmica, mas fazer isso de forma mais crítica e justa, sem preconceitos, auxiliando para o despertar de uma urgente mudança na prática jornalística, que proporcione qualidade, respeito ao público e o fim da visão elitista que o jornalismo e a academia têm sobre a sociedade e o papel da imprensa. A escolha do objeto do estudo de caso deve-se à sua importância no cenário telejornalístico baiano, já que se trata do principal telejornal da maior emissora local, 10 e à sua trajetória ainda recente e paulatina no modelo de jornalismo popular, o que permitirá um estudo mais detalhado. O telejornal faz parte da programação da Rede Bahia, afiliada da Rede Globo, por isso, existem algumas limitações a esse modelo de jornalismo, impostas pelo padrão determinado pela emissora. O modelo popular tem, portanto, que estar em equilíbrio com a credibilidade global, isso justifica a trajetória popular mais suave, frente a seus concorrentes na televisão baiana. 5. HIPÓTESE Sendo um dos pilares do jornalismo popular causar identificação em seu público e levando em consideração o sentido literal do sensacionalismo – tudo aquilo que causa sensação e emoção -, a hipótese levantada por esse projeto é que: o Não é possível produzir um telejornal popular sem fazer uso de estratégias sensacionalistas, já que um de seus objetivos (a identificação) é justamente uma sensação. Por isso, muitas das estratégias desse formato jornalístico acabam coincidindo com estratégias sensacionalistas, impossibilitando a total desagregação de ambos. 6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA6.1 TELEJORNALISMO Não se pode precisar exatamente quem inventou a televisão. O equipamento é fruto de pesquisas de inúmeros cientistas, desde o século XIX. Foi entre o final dos anos 40 e o início dos anos 50, que o equipamento se firmou como meio de informação e comunicação de massa em praticamente todos os países do mundo. E ainda hoje a televisão não para de evoluir, o desenvolvimento das tecnologias da área da comunicação é ininterrupto. O que torna constante também as transformações no telejornalismo. No Brasil, há controvérsias sobre a primeira transmissão de televisão. Mas emissora de TV pioneira foi inaugurada no dia 18 de setembro de 1950, pelo jornalista e empresário Assis Chateaubriand, que já era proprietário do primeiro império de 11 comunicação do país. Era o grupo Diários e Emissoras Associados, que contava com vários jornais, revistas e emissoras de rádio, e foi responsável por trazer técnicos e equipamentos dos Estados Unidos para retransmitir imagens que eram gravadas em seus estúdios. Segundo Paternostro (1999), como naquela época ainda existiam poucos aparelhos de televisão no país, o empresário instalou 200 TVs em pontos específicos da cidade do Rio de Janeiro, "como a Praça da República, para que o povo pudesse assistir ao acontecimento e comprovar a existência da televisão!" (PATERNOSTRO, 1999, p.29). Quatro meses depois da estreia da emissora de Chateaubriand, já estava no ar a segunda emissora do país, a TV Tupi do Rio. E até o final da década de 1950, já funcionavam seis emissoras no país. Ainda assim, em 1954, o equipamento ainda era artigo de luxo e poucos tinham em sua casa. A programação das emissoras seguia, então, uma linha de elite e os profissionais e programas eram trazidos do rádio. Ainda não existiam, portanto, técnicas específicas ou adaptadas para a televisão, elas eram apenas remanejadas do rádio para a TV. Com o tempo e o crescimento a produção, o preço dos televisores foi se tornando mais acessível e as emissoras foram se instalando em outros estados: a TV ampliava a sua penetração e começava a atrair as agências de propaganda e os anunciantes (PATERNOSTRO, 1999, p.30) A então televisão se tornou atrativa para os anunciantes e assumiu definitivamente seu papel comercial. Na disputa pelas verbas, começa a ser desenhado a briga pela audiência, que hoje interfere de modo direto nas programações das emissoras. Mas foram as propagandas que permitiram investimento para a sua consolidação, que aconteceu durante a década de 60. Embora o primeiro telejornal brasileiro tenha sido o Imagens do Dia, da TV Tupi, em 1950, o primeiro grande sucesso do telejornalismo no país foi o Repórter Esso, que estreou na mesma emissora, em 1953. Já o Jornal Nacional da Rede Globo foi o primeiro programa exibido em rede nacional e é o telejornal que está há mais tempo no ar. 12 Além dessas três produções, outros telejornais de destaque na história da televisão brasileira foram: Edição Extra (Tupi), Jornal de Vanguarda (Tupi, Globo e Continental), Show de Notícias (Excelsior), Bom Dia São Paulo (Globo), TV Mulher (Globo), Bom Dia Brasil (Globo), TJ Brasil (SBT), Aqui e Agora (SBT) e Jornal da Band (TV Bandeirantes). A televisão combina simultaneamente o uso de dois sentidos humanos: a audição e a visão. Ela traz a mensagem sonora atrelada à mensagem visual. Explorar a emoção que uma imagem em movimento é capaz de revelar se tornou pressuposto básico no telejornalismo - e foi o desvinculando das técnicas do rádio. Porque “dependendo da intensidade, da força, uma imagem que aparece no ar por escassos 15 segundos pode permanecer na mente do telespectador por muito tempo” (PATERNOSTRO, 1991, 63). O maior desafio de um repórter de TV é então, segundo Paternostro (1999), deixar a imagem comandar o texto. "É com a imagem que a TV exerce seu fascínio e prende a atenção das pessoas. É preciso respeitar a força da informação visual e descobrir como associá-la à palavra, porque a informação na TV funciona a partir da relação texto/imagem" (PATERNOSTRO, 1999, p.61). É nesse momento que se percebe que a televisão não é apenas um eletrodoméstico de entretenimento. Mas é uma ferramenta que influencia atitudes e estimula sensações. [...] é muito mais quando percebemos que influencia atitudes, determina valores, muda comportamentos, redireciona caminhos, questiona posturas, revela avanços, denuncia atrocidades, discute, analisa, comenta, explica, informa, ensina, entretém e deseduca. E também emociona, choca, revolta, entristece e alegra... Por tudo isso, o poder de quem está trabalhando nesse veículo é assustador, e é preciso que valores muito sólidos estejam presentes em quem o exerce, qualquer que seja a função (PATERNOSTRO, 1999, p.3). A imagem é o signo mais acessível da compreensão humana. O que confere precisão à informação visual. Ela é capaz é de transmitir mensagens e, independentemente do idioma ou da escrita, fazer com que o telespectador receba a notícia e amplie seu conhecimento. Isso garante um grande alcance ao meio. Ele não faz não distinção de classes sociais ou econômicas. Atinge a todos. E isso exige do 13 jornalista um tratamento especial da notícia, já que vai ser vista de várias formas e por uma infinidade de pessoas diferentes. Por isso, na exploração da audição, o desafio de um telejornalista, segundo Paternostro (1999), está no texto, que deve ser compreendido por todos. Uma linguagem coloquial, clara, precisa, objetiva, direta, informativa, simples e pausada é também característica básica do telejornalismo. Além disso, a forma de contar a notícia nos telejornais também é responsável pelo fascínio sobre os telespectadores, por conseguir causar emoções e transportá-los para dentro das histórias. Por isso, uma outra característica da narrativa no telejornalismo é a forma pessoal de contar os fatos e a sensação de familiaridade com repórteres e âncoras. 6.2 O SENSACIONALISMO NA IMPRENSA O conceito literal de sensacionalismo está relacionado ao estímulo de sensações. Dentro do jornalismo, isso é feito através de estratégias que buscam trazer acontecimentos sensacionais ou tornar extraordinário aqueles que naturalmente não são e não merecem ser tratados como. Por isso, muitas vezes, o sensacionalismo superdimensiona o acontecimento real. Em casos mais específicos, inexiste a relação com o próprio fato e “a notícia é elaborada como mero exercício ficcional” (ANGRIMANI, 1995, p.16). Esse é o motivo que acabou agregando ao termo sensacionalismo um caráter pejorativo, conferindo ao meio condenado a esse formato um valor negativo e uma credibilidade discutível. É na exploração das perversões, fantasias, na descarga de recalques e instintos sádicos que o sensacionalismo se instala e mexe com as pessoas. É no tratamento antianódino da notícia, quase sempre embalada em um caleidoscópio perverso, que o sensacionalismo se destaca dos informativos comuns (ANGRIMANI, 1995, p.17). Para estimular o envolvimento emocional do leitor ou telespectador, o jornalismo sensacionalista, de acordo com Angrimani (1995), não permite em sua linguagem distanciamento ou neutralidade. Por isso faz uso de uma linguagem coloquial exagerada, com excesso de gírias e até palavrões, e um tom espalhafatoso e escandalosos, para dessa forma também potencializar o caráter extraordinário dado ao acontecimento. 14 A história do sensacionalismo está relacionada aos primórdios da própria imprensa. Nos primeiros jornais franceses, Nouvelles Ordinaires e Gazette de France, entre 1560 e 1631, por exemplo, já existiam traços sensacionalistas. Até mesmo antes disso, nos chamados “occasionnels”, tipo de publicações encadernadas em brochuras, já predominava esse tipo de abordagem. De acordo com Angrimani (1995), o foco desses produtos eramacontecimentos de gêneros diversos e caráter insólito, extraordinário ou surpreendente, os fait divers, componentes indissociáveis do jornalismo sensacionalista. Escândalos, crimes sádicos, aventuras divertidas, casos de sonambulismo, fenômenos naturais estranhos e acontecimentos misteriosos eram comuns nessas publicações, conferindo a eles a característica que hoje denominamos sensacionalismo. No século XIX, na França, os “canards”, jornais populares de apenas uma página, tinham uma grande demanda. E, segundo Agrimani (1995) os que faziam mais sucesso eram justamente os que relatavam fait divers criminais: crianças martirizadas ou violadas, parricídios, cadáveres cortados em pedaços, queimados, enterrados. Assim como eclipses, cometas, grandes catástrofes, tremores de terra, inundações, desastres de trem, naufrágios. Em sua grande maioria, eram fatos extraordinários, prova disso é que o tanto o nome “canard” significava, além de “pato”, conto absurdo ou não-veridíco. Alguns exemplos de manchetes dos “canards” e dos “occasionnels”: “Um crime abominável!!! Um homem de 60 anos cortado em pedaços” com o subtítulo: “Enfiado em uma lata e jogado como ração aos porcos”. Outra manchete: “Um crime pavoroso: seis crianças assassinadas por sua mãe”. Mais uma: “Um crime sem precedentes!!! Uma mulher queimada viva por seus filhos” (ANGRIMANI, 1995, p.20). Nos Estados Unidos, que, assim como a França, é referência do início da prática jornalística, também já era possível encontrar traços sensacionalistas desde seu primeiro jornal, o Publick Occurrences. A seguinte passagem do livro de Danilo Angrimani (1995) mostra como a publicação optava por acontecimentos típicos de produtos sensacionalistas, como: fofocas, escândalos, acontecimentos extraordinários. E tudo isso com uma linguagem espalhafatosa e um posicionamento definido. 15 Editado pelo gráfico inglês Benjamin Harris, “Publick Occurrences” teve apenas uma edição, publicada em 25 de setembro de 1690, onde informava aos seus leitores sobre uma epidemia de sarampo que atingia Boston, chamava os índios de “selvagens miseráveis” e relatava uma cascata (história inventada para preencher espaço no jornal), onde dizia que o rei francês tinha tomado “liberdades imorais” com a mulher do príncipe e que, por isso, “o príncipe tinha se ofendido” (ANGRIMANI, 1995, p.20). Só no final do século XIX, que surgiram os jornais World e Journal, que, de acordo Angrimani, moldaram o sensacionalismo, através de características que foram se firmando e permanecem até os dias de hoje, como: linguagem coloquial ou até chula, humor popular, pautas voltadas para violência e escândalos, caráter de indignação por parte do próprio veículo e elementos visuais (ou audiovisuais, no caso do telejornalismo) que estimulem sensações no público. Foi Joseph Pulitzer, então editor do World, que percebeu o quão lucrativo era o apelo popular presente em reportagens com características sensacionalista. Em 1890, ele chegou a comentar que nenhum jornal no mundo havia conseguido metade do lucro de seu jornal, que prezava por amplas ilustrações e manchetes de tom sensacionalista. 6.3 O JORNALISMO POPULAR Na chamada Era da Cartelização do jornalismo, no final do século XIX, quando ele passa a adquirir características e estratégias mercantis, os veículos passam a ser visto como empresas capitalistas que, cada vez mais, necessitam conquistar e fidelizar seus públicos. É nesse cenário e a partir da demanda de um mercado para uma população com baixo poder aquisitivo, que começa a ser desenhado o que hoje é chamado de jornalismo popular. O primeiro jornal americano, o PublickOccurrences, já trazia também, em 1960, algumas características do jornalismo popular. Mas foi o New York World o grande marco inicial desse formato jornalístico, em 1883. A publicação era voltada para operários e imigrantes e prezava por escândalos, combate à corrupção e dramas policiais. Na Europa, o jornalismo popular foi inaugurado pelo franceses La Presse e o Le Siécl. Mas somente no final do século XIX, quando os avanços tecnológicos tornaram possível a produção jornalística em massa, que esse gênero se efetivou no mercado. Refere-se, inclusive, a esse momento o conceito de pennypress, que está 16 relacionado ao barateamento dos tabloides. Nesse período então “muitos jornais, limitados à política, passaram a tratar de temas ‘de interesse humano’, como o relato detalhado de feitos reais, crimes e dramas de família. Deixaram os artigos opinativos de lado e buscaram retratar o cotidiano da população” (AMARAL, 2006, p.17). No Brasil, o formato, assim com a imprensa em si, chegou mais tarde. O primeiro impresso a trazer características populares foi o Folha da Noite (São Paulo. 1921-1960). O O Dia (Rio de Janeiro, 1951 até hoje), Última Hora (Rio e Janeiro, 1951- 1964), Luta Democrática (Rio de Janeiro, 1954-1979) e Notícias Populares (São Paulo, 1963-2001) foram os próximos a apostarem no formato. As principais características populares desses jornais – e que marcam até hoje as produções jornalísticas desse formato - eram: uma abordagem que sugere a tentativa de ser o intermediário entre a população e o poder público e o uso de uma retórica mais popular. Apesar da presença desde antes, só foi a partir da metade da década de 90 que grandes empresas do setor perceberam o potencial desse tipo de comunicação e passaram a investir em produções voltadas para classe populares. Foi isso que permitiu que o crescimento do formato no país. Na Bahia, no entanto, o jornalismo popular já tinha um representante na televisão desde 1985. Era o programa Balanço Geral, oriundo de seu homônimo radiofônico. O programa apresentava para seus telespectadores, todas as manhã, um panorama do que tinha acontecido no dia anterior, era a tentativa de fazer um “balanço” das notícias. Em geral, eram noticiados e comentados (característica do rádio) acontecimentos que afetavam a vida da população. O programa começou sendo apresentado pelo radialista Fernando José e o repórter era Guilherme Santos. O objetivo de representar a população deu tão certo que ambos acabaram sendo eleitos prefeito e vereado de Salvador. Quem assumiu o programa foi Raimundo Varela, no ar até hoje em uma das edições do programa. O apresentador ficou conhecido por suas batidas na bancada e seus cartões de aprovação ou reprovação para acontecimentos e personagens. O programa ficou conhecido por especialistas e pelo público como a “ouvidoria do povo” e em 2004, diante do sucesso e do apelo que o formato começou a ganhar, a marca Balanço Geral foi exportada para outras 17 afiliadas locais da RecordTV. Cada versão local possui um foco, jornalismo local ou comunitário, que varia de acordo com a demanda local, mas todas possuem um forte apelo popular. Apesar da permanência de algumas estratégias, o telejornalismo popular vem mudando de forma acelerada. A grande marca desse gênero tem sido agora a busca pela identificação. Nos últimos anos, os jornais destinados a um segmento de público mais popular reconfiguraram-se de outra forma. Nem se dirigiram prioritariamente pelos interesses políticos, como era o caso do Última Hora, nem apelam de forma tão incisiva ao recurso de sensacionalismo, como o Notícias Populares. Há uma maior aproximação com o leitor por intermédio de outras estratégias, como a prestação de serviço e o entretenimento. (AMARAL, 2006, p.31) O grande objetivo dos telejornais populares é aproximar, por isso o formato é tão comum em produções locais. O sucesso do jornalismo popular está no fato das pessoas não assistem um telejornal apenas para consumir informação, mas também “pelo senso de pertencimento, pela necessidade de se sentirem partícipes da história cotidiana e poderem falar das mesmas coisas que ‘todo mundo fala’” (AMARAL,2006, p.59), esse ato faz parte da reafirmação cotidiana daquela pessoa com a sua sociedade. Para aproximar e causa identificação no telespectador, as produções lançam mão de algumas estratégias, entre elas: assuntos de entretenimento; forte apelo emocional; personalização do apresentador, reforçada principalmente por opiniões; linguagem simples e de fácil compreensão; coberturas voltadas para assuntos que façam parte da vida do cidadão, ou seja, temas que sejam próximos – cultural ou geograficamente – a ele; matérias que são úteis à população, por isso é muito comum reportagens que prestam um serviço ao cidadão; denúncias de infrações a regras e leis. Essas características acabam definindo o que tem noticiabilidade para um veículo popular, é o que vai determinar se aquele acontecimento pode ou não se tronar notícia. 18 Podemos definir o conceito de noticiabilidade como o conjunto de critérios e operações que fornecem a aptidão de merecer um tratamento jornalístico, isto é, possuir valor como notícia. Assim, os critérios de noticiabilidade são o conjunto de valores-notícia que determinam se um acontecimento, ou assunto, é susceptível de se tornar notícia, isto é, de ser julgado como merecedor de ser transformado em matéria noticiável e, por isso, possuindo valor-notícia (TRAQUINA, 2005, p.63). Os valores-notícia não são fixos, eles variam e podem se misturar constantemente. Mas no jornalismo popular, determinados valores-notícias estão tão intimamente ligados aos objetivos, características e estratégias do formato. Esses valores podem, portanto, acabar auxiliando a definir os veículos que se encaixam nesse tipo de jornalismo, não só no que diz respeito às notícias, mas também nos quadros e comportamento de âncoras e repórteres. Alguns desses valores-notícia são: entretenimento; dramatização; personalização; simplificação; proximidade; relevância; infração. Tudo que prende, atrai olhar e distrai tem critérios para ser notícia no telejornal popular, por isso o valor notícia de entretenimento é tão forte nesse jornalismo. Os limites que dividem entretenimento e jornalismo parecem bem rígidos, mas, para Amaral (2008), na prática, os assuntos se fundem, o jornalismo “sério” pode acabar se tornando mais “divertido” a depender da construção. Um bom exemplo de matérias que possuem valor-notícia de entretenimento são as de futebol, que apenas pelo assunto já entretêm, mas, muitas vezes, potencializam ainda mais o seu valor de entretenimento através de uma narração divertida e interessante. O apelo emocional é outra estratégia. São comuns narrativas carregadas de dramatização, que fazem o telespectador se emocionar, se questionar ou até mesmo se revoltar. Essa estratégia diz respeito ao valor-notícia de dramatização. “Por dramatização entendemos o reforço dos aspectos mais críticos, o reforço do lado emocional, a natureza conflitual” (TRAQUINA, 2005, p.92). Esse valor-notícia é o responsável pela comum utilização de recursos visuais e sonoros, quase cênicos e pela abordagem de temas como problemas na vizinhança, briga entre familiares, assaltos, entre outros. Em alguns casos extremos do jornalismo popular, sorteios, brinde e ações assistencialistas também são usados como formas de criar uma narrativa emocional sobre o beneficiário. Essa é a principal estratégia responsável pela confusão entre os conceitos de jornalismo popular e jornalismo sensacionalista. 19 O valor-notícia de personalização também é muito frequente no jornalismo popular. Segundo Traquina (2005), personalizar é dar caráter pessoal e isso se faz útil porque as pessoas têm interesse em outras pessoas. No telejornalismo popular, a personalização está principalmente na forte figura do âncora, que dá suas opiniões e compartilha experiências de sua vida particular. A empatia com o apresentador é tamanha que o telespectador não tem a intenção de assistir ao Bahia Meio Dia, por exemplo, mas sim à sua apresentadora, Jéssica Senra. Ele se identifica e vê no profissional um amigo com legitimidade para narrar os acontecimentos do dia e que o defenderá e ajudará a cobrar por seus direito. Alguém, portanto, que ele pode ouvir e confiar. Já o valor notícia de proximidade diz respeito ao privilégio que as matérias de conteúdo local possuem. Elas fazem o telespectador se sentir representado e participante daquela sociedade, pois está vendo na televisão fatos próximos ao seu dia-a-dia, seja próximo geograficamente –no seu bairro, por exemplo- ou culturalmente – como uma festa típica da sua cidade. Para Traquina (2005), os jornalistas têm a obrigação de se comunicar de uma forma fácil de compreender. No jornalismo popular, voltado para classes com menor poder aquisitivo - com poder econômico, social e cultural do público é deficitário -, isso se faz ainda mais necessário. Por isso, outra importante estratégia nesse telejornalismo é a linguagem simples e coloquial, para facilitar a compreensão. A simplificação, portanto, é outro valor notícia comum no jornalismo popular. Expressões populares são muito comuns nesses telejornais, pois além de contribuírem para a compreensão, fazem transparecer para o telespectador que os âncoras e repórteres são seus similares, já que possuem o mesmo vocabulário que ele. Grande parte das matérias de um telejornal popular faz parte da editoria de Cidades e está relacionada às demandas locais que afetam imediatamente a vida da população. A produção visa, portanto, ser útil a seu público. Esse tipo de cobertura está relacionado ao valor-notícia de relevância, que “responde à preocupação de informar o público dos acontecimentos que são importantes porque tem um impacto sobre a vida das pessoas” (TRAQUINA, 2005, p.80). É por causa desse valor-notícia 20 que é tão comum matérias de serviço social, que vão desde a cobertura de problemas no atendimento do sistema público de saúde e a greve dos rodoviários municipais até oportunidades no mercado de trabalho e a negligencia do Poder Público com relação a um buraco em uma determinada rua. Esse tipo de abordagem contribui para que o telespectador enxergue no telejornal, personificado pelo âncora e os repórteres, um cúmplice, que conhece os dramas cotidianos enfrentados por ele. Assim, a cobertura da greve, por exemplo, será feita do ponto de vista do passageiro, e o buraco na rua, do ponto de vista do morador, que tem sua ida ao trabalho prejudicada pela falta de infraestrutura. Outro valor-notícia comum é o de infração. Todo fato que envolva a violação ou transgressão de regras e leis têm grande chance de torna-se notícia em um telejornal popular. Esse critério de noticiabilidade, para esse formato jornalístico, faz parte de uma estratégia para aproximar o público. Ao fiscalizar e denunciar os crimes, o veículo coloca-se como o agente de policiamento da sociedade, alguém que está a todo tempo defendendo os direitos dos cidadãos ao vigiar a gestão, as autoridades e os funcionários públicos. Essa função da imprensa pode ser explicada pelo Modelo Panóptico. A teoria, desenvolvida por George Orwell e Michel Foucault, defende que é possível impor determinados comportamentos em toda a população a partir da ideia de que todos estão sendo observados. A sociedade pode ser comparada a uma arquitetura constituída por celas que formam um anel ao redor de uma torre, onde fica um sentinela vigiando os presos. Os prisioneiros não conseguem fugir da visão do guarda que exerce seu poder através da vigia. Nesse caso, o sentinela é a imprensa e os presos são a população e principalmente os políticos. A imprensa está sempre vigiando, fiscalizando e denunciando as infrações. Atrelado a figura do âncora, que busca sempre a identificação e a aproximação do telespectador, está o cenário. Mudanças e estratégias utilizada no espaço físico do telejornal sãocapazes de permitir ainda mais a personificação do apresentador e de aproximar o telespectador do telejornal. Uma mudança, por exemplo, na bancada aproxima do apresentado da câmera (aqui entendido como o telespectador) e permite que ele tenha mais liberdade de movimentos e expressões corporais, humanizando e tirando-o do papel apenas de profissional. A inserção de painéis interativos também fazem do âncora um agente que ouve e se comunica com seu telespectador, cortes 21 de câmera que permitem a visualização de parte dos bastidores do programa, passa a sensação de familiaridade entre o público e a produção. Portanto, assim como o âncora e as notícias têm papel fundamental na aproximação e identificação prometida pelo telejornal popular, o cenário também tem. 6.4 O ETHOS DO BAHIA MEIO DIA O Bahia Meio Dia é o telejornal exibido na faixa horária de 12 horas pela Rede Bahia de Televisão, uma emissora afiliada à Rede Globo, com sede em Salvador, mas que se estende pela Região Metropolitana e mais 221 munícipios baianos. A TV Bahia foi inaugurada em 10 de março de 1985, como afiliada da Rede Manchete, dois anos depois se afiliou à Rede Globo, que já tinha uma afiliada na região, a TV Aratu. Inicialmente ambas retransmitiam a programação da Globo, mas, ainda em 1987, a TV Bahia conseguiu ser a única afiliada da Rede Globo no estado. Ele é o telejornal de maior destaque da emissora, vai ao ar de segunda a sábado e é dividido em quatro blocos. Nos dois primeiros, são exibidas matérias relacionadas à violência, como mortes, acidentes, assaltos e agressões. No terceiro bloco, vão ao ar notícias envolvendo bem-estar, saúde, cotidiano e alimentação. Já no último bloco, as matérias são das editorias de entretenimento, esporte e cultura. Assim como os demais telejornais das afiliadas globais, o Bahia Meio Dia é submetido a uma padronização, mas, justamente por ser local, se esforça para transparecer mais proximidade ao público. Há, portanto, uma busca pelo equilíbrio entre o respeito à linha editorial da Globo e a necessidade de passar uma identidade local e se aproximar do público. A partir de 2002, essa necessidade passou a pesar mais e várias mudanças ocorreram no telejornal: quadros foram criados, o cenário sofreu grandes mudanças e o vocabulário, a linguagem e a postura dos jornalistas se adaptaram na busca por mais informalidade. Em 2017, um novo diretor de jornalismo da TV Bahia assumiu o cargo, Eurico Meira da Costa, e as orientações por informalidade ganharam mais força. Costa falou sobre isso em uma entrevista ao jornal Correio em março de 2018: 22 O objetivo disso é mostrar o conteúdo de uma maneira que se aproxime mais da maneira como as pessoas falam. É ser informal, da mesma forma que as pessoas conversam. Pela minha experiência, noto que, assim, as pessoas se identificam mais com o conteúdo apresentado. O público sinalizou que queria essa mudança. O público de TV aberta ficou mais popular e esse ajuste foi necessário. Se não fizermos isso, não vamos ser entendidos e isso seria o fim. Se não somos entendidos pelo nosso público, rompemos um elo. (COSTA, 2018) Com essa busca pela aproximação com o público, em 2002, surgiu, no Bahia Meio Dia, um dos primeiros quadros da produção de prestação de serviço social, o Desaparecidos. Atualmente é exibido ao vivo, do centro de Salvador, às quartas- feiras. O quadro se propõe, em parceria com a Polícia Interestadual (Polinter), a divulgar casos de desaparecimentos, através dos apelos de amigos e familiares das pessoas procuradas. O quadro ajudava a passar uma imagem do telejornal como um participante e defensor da sociedade. Com o mesmo teor de prestação de serviço social, surgiu posteriormente o quadro Repórter Cidadão. As pautas, muitas vezes sugeridas pelo público, eram, quase sempre, relacionadas a situações de extrema falta de infraestrutura na cidade. Eram comuns matérias sobre falta de água encanada há mais de um ano em um determinado bairro, um buraco que é negligenciado pelo governo há cinco anos, ou até mesmo, um bueiro entupido que causa prejuízo aos moradores em dias de chuva. Inicialmente o quadro era noticiado com o cidadão no papel de repórter. A inversão da função do denunciante na matéria, aliada ao destaque dado a bairros ou regiões carentes da cidade aproximava o telejornal a população, que via no veículo, não só um protetor, mas um amigo a quem recorrer nas dificuldades e um lugar onde ele teria sua voz ouvida. Em 2017, a campanha Sou Mulher, Quero Respeito, desenvolvida e veiculada em todos os telejornais da TV Bahia, também foi uma forma do Bahia Meio Dia se posicionar como um agente social e um defensor da população. A campanha era divulgada sempre após uma matéria sobre violência contra a mulher e foi tão bem- sucedida que escolas do estado a usaram em projetos educativos. Outro quadro do telejornal, cujo um dos objetivos é aumentar a interação e a proximidade com o telespectador, é o Panela de Bairro. A produção audiovisual era 23 gravada em locações externas e exibida geralmente aos sábados. O repórter ia ao restaurante, boteco ou até mesmo à casa do concorrente para acompanhar como era feito um determinado prato que fazia sucesso no bairro. Era exibido um participante por edição e cada um representava seu bairro, que disputaria com os outros concorrentes a votação do público pelo melhor cardápio. A maioria dos participantes era de bairros periféricos ou menos favorecidos financeira e estruturalmente. Assim, o quadro também fazia com que essas pessoas sentissem que o telejornal era feito para e com elas. É possível também caracterizar o ethos de conteúdo do Bahia Meio Dia, através da Análise de Discurso. Os telejornais de emissoras abertas prezam por um vocabulário simples e acessível. Ao se aproximar do jornalismo popular, o Bahia Meio Dia começa a fazer uso dessa linguagem e vai além, abusa também do uso de expressões corriqueiras e de pouca formalidade, que se pressupõe fazer parte do vocabulário da maior parte de seu público. Esse modo de se comunicar acaba operando como uma estratégia de aproximação entre o telejornal (personificado nos âncoras e nos repórteres) e o telespectador, que vai se identificando com a produção, tanto pela facilidade de compreensão, quanto pelo sentimento de similaridade. Outra estratégia de vocabulário utilizada pelo telejornal é uso de interpelações ao público. Frequentemente o âncora ou o repórter se dirige ao telespectador, fazendo indagações, que, em geral, são respondida pelos próprios enunciadores. Os questionamentos dirigidos diretamente ao telespectador objetivam aproxima-lo ao telejornal, tanto por fazer transparecer que a produção conhece e se preocupa com as questões que o angustiam quanto pelo caráter didático nas dicas, receitas, informes e alternativas apresentadas para solucionar aquilo que inquieta o telespectador. O frequente uso do pronome de tratamento “você”, por exemplo, já pressupõe a existência de certa relação e pessoalidade. No telejornal é comum também a posição dos âncoras e repórteres como sujeitos comuns, mostrando seu lado pessoal, compartilhando preferências, testemunhos, emoções e fatos da sua vida privada que corroboram a pauta. Assim, além de especialista em passar as notícias, eles mostram-se também como pessoas que vivenciam o que noticiam, assim como o telespectador. Criando, portanto, uma 24 proximidade e uma identificação, já que o telespectador e o jornalista compartilham de posições sociais (pais, cidadão, pacientes), valores e desejos (uma cidade mais limpa). Esse duplo posicionamento dos jornalistas também confere mais credibilidade ao telejornal. Os fatos noticiáveis tornam-se mais credíveis, pois quem está enunciando-os não é só um profissional alheio a eles, mas também uma pessoa que os vivencia,assim como o telespectador. É justamente a partir dessa estratégia que surgem os traços opinativos do Bahia Meio Dia. Os âncoras, após matérias que mostram situações em que o cidadão tem seus direitos negados, mostram-se defensores da população, tecendo comentários, muitas vezes, curtos e de conteúdo raso. Esse tipo de comentário é uma estratégia recente no telejornal. Além disso, a figura do âncora (ou repórter) sempre sorridente, com gestos e expressões corporais leves também são formas de aproximar o telespectador, diferindo daquele modelo de jornalismo que preza pela distância, através da frieza e da formalidade. 7. METODOLOGIA Para atingir os objetivos propostos, o trabalho lançará mão de dois procedimentos técnicos: pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Com relação aos dois primeiros objetivos específicos – definir o que caracteriza um telejornal popular e compreender os conceitos atribuídos ao sensacionalismo -, a pesquisa bibliográfica será realizada para determinar o estado da arte da pesquisa nesse campo. De acordo com Gil (2008), essa técnica é desenvolvida a partir de um material já elaborado, geralmente livros e artigos científicos, e tem como principal vantagem o fato de permitir a cobertura de uma gama de fenômenos muito ampla, que seria impossível cobrir diretamente. Compreender as características de um telejornal popular e os conceitos atribuídos ao sensacionalismo são investigações que precisam recorrer à estudos históricos, o que só é possível através de dados secundários. Dessa forma, a pesquisa bibliográfica é o procedimento ideal para se atingir esses objetivos. 25 Para esse procedimento, serão estudadas fontes como livros, artigos, resenhas, trabalhos acadêmicos e afins, que abordam ideias e pressupostos de significativa importância na construção dos conceitos aqui discutidos: jornalismo, telejornalismo, sensacionalismo e jornalismo popular. Os principais autores contribuintes serão: Amaral (2006), Agrimani (1995), Paternostro (1999), Traquina (2012). Desta forma, o trabalho transcorrerá a partir do método conceitual-analítico, já que serão utilizados conceitos e ideias de outros autores. Quanto a esse procedimento e os objetivos relacionados a ele, a pesquisa terá a intenção é buscar informações disponíveis que permitam conhecer com mais detalhadamente e criar maior familiaridade com o tema. A pesquisa terá, portanto, um caráter exploratório. Classificação que, de acordo com Gil (2008), é a ideal justamente para situações em que o pesquisador pretende conhecer mais profundamente um tema ainda pouco estudado. Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis (GIL, 2008, p.87). Já os outros objetivos – identificar as mudanças que conduziram o Bahia Meio Dia a um formato de jornalismo popular e descrever como as estratégias sensacionalistas se apresentam no telejornal – serão atingidos através de um estudo de caso, procedimento caracterizado, segundo Gil (2008), pelo estudo exaustivo e profundo de poucos objetos, que permite o conhecimento amplo e detalhado deles. Para o autor, esse tipo de procedimento é indicado para investigadores que pretendem explorar situações cujos limites não são claramente definidos. Como esse trabalho busca estudar o fenômeno da evolução do Bahia Meio Dia em direção ao formato popular, situação em que não existe marcos definidores, o estudo de caso é o procedimento ideal para atingir os objetivos propostos. Ambos os procedimentos - tanto o estudo de caso quanto a pesquisa bibliográfica - serão de abordagem qualitativa, que, de acordo com Minayo (2001), trabalha com o universo de significados, motivos e valores, correspondendo a um espaço mais profundo dos processos que não podem ser reduzidos à 26 operacionalização de variáveis. Os procedimentos não irão, portanto, se preocupar com a representatividade numérica do objeto e do tema. A intenção é, na verdade, buscar dados descritivos que permitam o aprofundamento da compreensão sobre eles. O objeto do estudo de caso é o Bahia Meio Dia. Desta maneira, a monografia em questão propõe-se a estudar as mudanças que ocorreram no telejornal e o conduziram a um formato popular. Para isso, o trabalho vai seguir uma metodologia que definirá e guiará análises de edições específicas do programa. O recorte temporal dessas produções diárias se estende de 2013 – ano da retirada da bancada em exigia que os âncora apresentassem que os apresentassem o telejornal sentados, essa foi a mudança mais visível até a estreia de Jéssica Senra – a 2019 – um ano após a chegada da apresentadora, período, portanto, em que é possível perceber o desenvolvimento das transformações impostas pela estreia. Dentro desse recorte temporal, existirão 3.738 edições do telejornal. Um universo muito grande para ser analisado no decorrer do período disponível para o desenvolvimento do trabalho. Por essa razão, trabalharemos com uma amostra, “uma pequena parte dos elementos que compõem o universo” (Gil, 2008, p. 89). Para delimitar a amostra, o objeto será submetido a três etapas de tratamento. Todas elas de caráter não-probabilístico. Isso significa que a seleção das edições que irão compor as amostras das etapas vai depender unicamente de critérios definidos pela pesquisadora do trabalho. Esses serão chamados de filtros. Os procedimentos de amostragem obedecerão, portanto, classificação denominada Por Cotas, cuja etapa primordial, de acordo com Gil (2008), é a seleção em função de propriedades tidas como relevantes para o fenômeno estudado. Na primeira etapa, o procedimento de amostragem levará em consideração características presentes em cada elemento (edição) que são representativas nas transformações envolvidas na evolução do telejornal em direção a um formato popular. Os filtros definidos, portanto, serão: estreia de âncoras, inserção de novos quadros, mudanças no cenário, coberturas especiais e situações que aconteceram na edição e ganharam repercussão na mídia. Eles serão responsáveis por selecionar 70 27 edições - divididas igualmente para cada um dos sete anos do recorte temporal definido -, que serão estudadas de forma exploratória para ganhar maior familiaridade com o objeto de estudo. Esse número foi definido pela viabilidade de serem assistidas seguindo o cronograma de desenvolvimento do trabalho. Nessa etapa, as fases do objeto vão coincidir com os anos do recorte temporal. Estreia de âncoras, inserção de novos quadros, mudanças no cenário, coberturas especiais e temas que ganharam repercussão na mídia servirão de filtro na primeira etapa porque correspondem às categorias onde podem ser desenvolvidas ou melhor visualizadas as estratégias populares de um telejornal (melhor discriminadas nas páginas 15, 16, 17 e 18 do projeto). A segunda etapa será responsável por selecionar 15 edições. Para a operacionalização desse processo, foram definidas cinco fases de transição do jornalismo no Bahia Meio Dia, através de um estudo exploratório prévio, onde diversas edições foram visualizadas para outro trabalho realizado no âmbito do curso, na disciplina de Jornalismo: Teoria e Prática. As fases definidas são: Modelo Tradicional, quando não há traços de jornalismo popular; Modelo de Transição, onde já é possível perceber a presença de poucos traços populares; Modelo Híbrido, que apresenta uma mistura entre traços de jornalismo popular e de jornalismo tradicional; Modelo Popular Predominantemente, onde já é possível perceber que o popular se sobrepõe ao tradicional; e Modelo Popular de Fato, quando não há traços de jornalismotradicional, somente traços populares. As referidas fases não são, no entanto, padrões engessados, são propostas iniciais, que podem sofrer mudanças a partir de novas descobertas. Para a amostragem da segunda etapa, serão selecionados elementos que coincidem com as cinco fases discriminadas. Aliado a isso, também será utilizado o processo de filtragem da etapa anterior. Dessa segunda amostra farão parte três edições de cada fase, que na etapa seguinte passarão por uma análise de conteúdo. Novamente, a escolha do número de elementos da amostra foi feita a partir da viabilidade de um estudo mais aprofundado dentro do cronograma definido. 28 Na terceira etapa, a análise de conteúdo será feita levando em consideração as características populares e sensacionalistas que o telejornal foi adquirindo. Para tanto, vão ser definidas categorias de análise, que, mais uma vez, correspondem aos setores do telejornal onde podem ser desenvolvidas ou melhor visualizadas as estratégias do jornalismo popular ou sensacionalista. As categorias de análise são: Pautas e Quadros, Figura do Âncora e Cenário. A categoria Pautas e Quadros está relacionada à escolha dos fatos que são noticiados em um telejornal popular. Sendo assim, ela vai submeter as edições a uma análise a partir do valores-notícia que fazem parte da classificação determinada por Traquina (2012) e são predominantes nesse tipo de jornalismo. Como já foi melhor abordado no embasamento teórico deste projeto, de acordo com Amaral (2006), telejornais populares são voltados para um público de baixo poder aquisitivo, por isso utilizam como estratégias pautas de serviço, com proximidade geográfica ou cultural, de entretenimento e uma linguagem simples e coloquial. Sendo assim, na análise de conteúdo referente a esta categoria, será levado em consideração os tipos de pautas abordadas na edição, a linguagem utilizada pelos repórteres e no lettering da reportagem, a interatividade, o objetivo e o público dos quadros. A segunda e a terceira categoria estão relacionadas à narrativa dos fatos noticiados no telejornal, ou seja, à forma como esses fatos são contados. Na categoria Figura do Âncora, serão analisadas todas as mudanças que permitiram uma maior personificação do apresentador e mais interatividade e aproximação dele com o público. Tais como: a exploração de opiniões, a conversação dele com repórteres, o uso de indagações dele ao telespectador, sua linguagem mais coloquial, suas colocações como cidadão e pessoa comum como seu público e expressões corporais menos engessadas. Essas estratégias, melhor discriminadas nas páginas 20 e 21, também são formas, dessa vez através do âncora, de causa a sensação de identificação e aproximação do telespectador com o telejornal, o que é o objetivo do telejornalismo popular. Na categoria Cenário, a análise será feita a partir das estratégias utilizadas no espaço físico do telejornal que permitiram maior dinamismo ao programa, a sensação de maior interatividade e aproximação entre o âncora/telejornal e o telespectador. As 29 mudanças nas bancadas são as principais transformações dessa categoria, pois permitem uma aproximação literal entre âncora e a câmera (aqui entendido como o telespectador) e uma distinção, cada vez maior, do jornalismo tradicional. Outra mudança que diz respeito a essa categoria são os cenários maiores e mais limpos (com menos elementos), isso permite ao âncora maior movimento, o personificando ainda mais e dando mais dinamismo ao programa. Os telões interativos também são ser estratégias que permitem uma maior aproximação entre o público e o jornal. Essas são características que, segundo Amaral (2006), conferem ao telejornal traços populares. Ainda na terceira etapa de tratamento do objeto, a pesquisa se debruçará sobre e último objetivo específico do trabalho – descrever como estratégias sensacionalistas são utilizadas no Bahia Meio Dia. Essa etapa terá também um caráter de pesquisa descritiva, que, segundo Gil (2008), tem como objetivo primordial a descrição das características de um determinado fenômeno. O processo aqui adotado será a descrição das estratégias sensacionalistas utilizadas nas edições. Como já abordado nas páginas 11 e 12, elas podem ser: exploração de fatos absurdos, catástrofes, violência, escândalos, reportagens que trazem um apelo emocional, opiniões que expressam a indignação do âncora, a utilização de linguagem muito coloquial - muitas vezes até chula -, o uso de trilha sonora e tantas outras formas de buscar causar sensações e emoções no telespectador. Após a determinação da evolução do telejornal dentro do formato popular e a descrição da trajetória do uso das estratégias sensacionalistas pelo mesmo, será possível enfim entender a relação existente entre o formato de telejornalismo popular e o sensacionalismo, objetivo geral deste trabalho. Segue abaixo, para melhor compreensão dos processos da metodologia utilizada no a monografia proposta por esse projeto, uma tabela sobre as etapas de tratamento do objeto de estudo. 30 Etapas de tratamento do objeto Etapas Universo Fases Filtros Amostra 1 3.738 o 2013 o 2014 o 2015 o 2016 o 2017 o 2018 o 2019 o Estreia de âncoras o Inserção de quadros o Mudanças no cenário o Coberturas especiais o Repercussão na mídia 70 2 70 o Modelo Tradicional o Modelo de Transição o Modelo Híbrido o Modelo Predominantemente Popular o Modelo Popular de fato o Filtros da etapa 1 o Características que condizem com as fases dessa etapa 15 3 15 o Modelo Tradicional o Modelo de Transição o Modelo Híbrido o Modelo Popular Predominantemente o Modelo Popular de fato Categorias de análise: o Pautas e Quadros o Figura do âncora o Cenário 15 31 8. CRONOGRAMA Atividades Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Pesquisa bibliográfica X X X Assistir às 70 edições X X X Analisar as 15 edições X X X X Descrição das estratégias sensacionalistas X X X X Processo de escrita do trabalho X X X X X Preparação para a apresentação X 32 9. REFERÊNCIAS AMARAL, Márcia Franz. Jornalismo Popular. São Paulo: Contexto, 2006. AMARAL, M. F. Imprensa popular: sinônimo de jornalismo popular? Disponível em <http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/6355788970695581939071823729372675 3880.pdf>. Acessado em 21 ago 2019. ANGRIMANI, Danilo. Espreme que Sai Sangue: Um estudo do sensacionalismo na imprensa. São Paulo: Summus, 1995. BERTHIER, C. A; SILVA, P. Jornalismo Popular: Não necessariamente sensacionalista. Disponível em<https://assets.itpac.br/arquivos/Revista/52/1.pdf>. Acessado em 21 ago 2019. BENETTI, M; GADRET, D. L. O ethos do repórter de TV da Rede Globo. Disponível em <http://seer.ufrgs.br/index.php/intexto/article/view/65749/0>. Acessado em 29 ago 2019. 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