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3 Consultoria e Assessoria_em_Serviço_Social (2)

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Curso de Pós-Graduação Lato Sensu a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO EM 
SERVIÇO SOCIAL 
 
Consultoria e Assessoria 
em Serviço Social 
 
 
 
 
 
 
Autor: Ana Lúcia Américo Antonio 
 
 
EAD – Educação a Distância 
Parceria Universidade Católica Dom Bosco e Portal Educação 
 
 
 
 
2 
www.eunapos.com.br 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – ASSESSORIA E CONSULTORIA EM SERVIÇO SOCIAL ............. 03 
1.1 O que é Assessoria/Consultoria ........................................................................ 03 
1.2 Breve histórico do contexto social e produtivo, originando novas frentes de 
trabalho para o Serviço Social ................................................................................. 06 
1.3 Serviço Social e a Ditadura Militar ..................................................................... 14 
1.4 O surgimento de Assessoria/Consultoria no Serviço Social .............................. 17 
 
UNIDADE 2 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SERVIÇO 
SOCIAL ................................................................................................................... 32 
2.1 Assessoria/Consultoria nas diferentes áreas de atuação da iniciativa pública e 
privada .................................................................................................................... 32 
 
UNIDADE 3 - O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA ASSESSORIA/CONSULTORIA 
NO SERVIÇO SOCIAL ........................................................................................... 36 
3.1 Atuação da Universidade frente à Assessoria/Consultoria no Serviço Social ... 36 
3.2 Assessoria não é sinônimo de ação extensionista ............................................ 38 
3.3 Assessoria não é sinônimo de supervisão ........................................................ 38 
 
UNIDADE 4 – ADMINISTRAÇÃO E EMPREENDEDORISMO ............................... 43 
4.1 O Profissional de Serviço Social frente à administração e empreendedorismo 
nas suas práticas de intervenção social .................................................................. 43 
4.2 O Empreendedorismo Corporativo .................................................................... 47 
4.3 O perfil do Intraempreendedor .......................................................................... 49 
 
UNIDADE 5 – CÓDIGO DE ÉTICA E A REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO 
NO PROJETO POLÍTICO ....................................................................................... 53 
5.1 A inserção do Código de Ética Profissional do Assistente Social no Projeto 
Político da Profissão ................................................................................................ 53 
5.2 A inserção da Regulamentação da Profissão no Projeto Político da Profissão . 54 
 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 58 
 
 
 
 
3 
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UNIDADE 1 - ASSESSORIA E CONSULTORIA EM SERVIÇO SOCIAL 
 
1.1 O que é Assessoria/Consultoria 
 
Nos dias atuais, as práticas de assessoria/consultoria não são exclusivas da 
área da administração, muito pelo contrário, assessoria/consultoria são prestadas 
por vários profissionais em sua área de conhecimento/ação para o cumprimento de 
atividades mais eficientes e que atendam às necessidades em seus projetos e 
ações. 
Para Ferreira (1999), pode-se conceituar assessoria como órgão ou conjunto 
de pessoas que assessoram um chefe ou uma instituição especializada na coleta de 
dados técnicos, estatísticos ou científicos sobre uma matéria. 
O ato de assessorar presume-se numa ação de auxiliar outras pessoas ou 
instituição sobre uma temática específica. Sob este viés, pode-se definir assessor 
como um assistente, auxiliar, que aprende e detém os conhecimentos necessários 
para auxiliar a quem assessora. A assessoria prestada pode ser realizada apenas 
por uma pessoa ou por uma equipe. 
A consultoria é tida como a ação de instrução, opinião, que também 
apresenta parecer sobre algum assunto, sendo entendido como consultor aquele 
que dá parecer sobre assunto de sua especialidade, subsidiando na tomada de 
decisão do assessorado. 
Assim, pode-se definir o trabalho de assessoria/consultoria como ação que é 
realizada por um profissional com conhecimento na área, que toma o fato como 
objeto de estudo e detém uma intenção de auxiliar ou subsidiar na alteração da 
realidade estudada. O assessor não é aquele 
que interfere e sim aquele que propõe 
alternativas e estratégias ao profissional ou à 
equipe que assessora e estes têm a liberdade 
de acatar ou não as suas teorias, portanto, o 
assessor deve ser alguém estudioso, 
permanentemente atualizado e com 
capacidade de apresentar claramente as suas 
teorias. 
Fonte: http://migre.me/hYtJo 
 
 
 
 
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Observa-se que a diferença entre assessoria e consultoria consiste na 
pequena diferença em que o assessor é identificado como aquele que assessora ou 
como assistente, auxiliar, etc., e o consultor se revela como aquele que dá 
conselhos ou pareceres sobre os assuntos de sua especialidade. Pode-se então 
definir que o trabalho de consultoria é mais exato que o de assessoria, em que a 
equipe ou o profissional que recebe a consultoria já tem, supostamente, algum 
conhecimento no assunto a ser tratado, enquanto a assessoria é um processo que 
necessita de tempo maior devido à complicação de argumentos e atos a serem 
executados. 
Não está estabelecida na definição de assessoria uma vinculação a uma ou a 
outra concepção teórico-metodológica do trabalho a ser executado, pois o trabalho 
de assessoria não pressupõe uma indiferença, ao contrário, a assessoria a ser 
desenvolvida pelos assistentes sociais vai expressar uma compreensão de profissão 
e de mundo. 
Percebe-se que na relação entre assessores, consultores e profissionais, 
longe de se repetir o modelo tradicional pautado em uma relação hierarquizada e de 
subordinação, comum não só à docência, mas também na prestação de serviços 
assistenciais, requer uma participação efetiva de todos os envolvidos, o 
conhecimento aqui não é só o objeto de apreensão, mas, fundamentalmente, é 
instrumento para captar o movimento da realidade social. 
Para Vasconcellos (1998), “é nessa direção que esses processos requerem, 
antes de tudo, explicitação dos objetivos, expectativas, avaliações das 
possibilidades e limites, por parte dos envolvidos.” (VASCONCELLOS, 1998, p. 125-
126). 
Os termos de assessoria e consultoria são frequentemente utilizados por 
profissionais que no dia a dia de suas atividades recorrem a essas práticas, e em 
razão da necessidade de se realizar uma prática sempre crítica da realidade social 
sobre a qual se pretende intervir, decidiu-se discutir o uso e a recorrência dessas 
ações para o conjunto da profissão, tendo em vista a utilização cada vez mais 
habitual no âmbito do Serviço Social. 
O trabalho de assessoria/consultoria para o profissional de Serviço Social é 
um acréscimo do seu campo de trabalho, pois segundo Fonseca (2005): 
 
 
 
 
 
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a população usuária cresce, torna-se complexa e se organiza através 
de serviços, fazendo com que o profissional procure estar sempre 
atualizado, se qualificando profissionalmente para atender as novas 
demandas. (FONSECA, 2005, p.24) 
 
 
Sendo assim, o profissional assistente social, 
torna-se capaz de realizar atividades de assessoria e 
consultoria nos diversos campos relacionados à 
implantação e orientação de conselhos gestores de 
políticas públicas, elaboração de planos, 
acompanhamento e avaliação de projetos, dentre 
outros. 
Fonte: http://migre.me/hYu1M 
 
 
O amadurecimento da profissão contribuiu significativamente para o 
crescimento da prática de assessoria/consultoria no campo do Serviço Social. 
Ressalta-se que as referidas práticas, geralmente são consideradas como 
prestaçãode serviço de forma indireta, uma vez que geralmente não há vínculo 
empregatício, atuando somente como prestador de serviço em instituições 
governamentais, não governamentais ou privadas. Com exceção nos casos de 
contratações em órgãos públicos, em que os profissionais de Serviço Social são 
contratados para assessorarem secretários municipais, superintendentes, entre 
outros, na elaboração e/ou execução de planos, programas, projetos e ações 
concernentes às políticas públicas. 
Essencialmente na gestão das políticas sociais, fica evidenciada a 
importância da capacidade profissional dos assistentes sociais no domínio da 
temática, uma vez que os serviços de assessoria/consultoria têm sido requisitados 
por distintos sujeitos tais como: representantes dos poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário; conselheiros de direitos e de política; gestores empresariais; profissionais 
que operam nos setores públicos e privados; conselheiros tutelares, etc. 
Vieira (1981), ressalta que a assessoria não é utilizada para impor as suas 
opiniões e objetivos, mas possui o intuito de despertar no assessorado uma reflexão, 
para que o mesmo possa ter subsídios necessários para possíveis alternativas, que 
resultem na tomada de decisões diante das propostas apresentadas, já que o papel 
 
 
 
 
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a ser desempenhado pelo assessor é de um agente de mudança, cujo objetivo é 
fortalecer o assessorado em um dos seus papéis profissionais; suas funções são de 
fornecer informações especializadas, levar o assessorado a refletir nos vários 
aspectos do seu problema, formular hipóteses e visualizar sequências operacionais. 
(VIEIRA, 1981, p.19) 
 
1.2 Breve histórico do contexto social e produtivo, originando 
novas frentes de trabalho para o Serviço Social 
 
Ao iniciar a temática sobre assessoria/consultoria em Serviço Social, se faz 
necessário conhecer um pouco da trajetória histórica relativa ao contexto social e 
produtivo que gerou as novas demandas de trabalho para o Serviço Social. Como 
observado nas leituras contidas no tópico anterior, a Assessoria e Consultoria são 
uma demanda atual para os profissionais, portanto busca-se entender as 
transformações que levaram aos novos campos de atuação. 
Faz-se mister entender a articulação histórica entre o processo de trabalho e 
as políticas sociais e empresariais, que buscaram resgatar as transformações 
bruscas do “mundo de trabalho” nos anos de 1980. Após o período chamado “pós-
guerra”, o capitalismo sofreu grandes alterações que se apresentaram nos novos 
modelos de gestão do trabalho, hábitos de consumo, novas configurações 
geopolíticas, e principalmente, mudanças no trato do Estado com a questão social. 
Nesse período aconteceu o crescimento da indústria manufatureira, que 
resultou no enfraquecimento da produção agrícola. A economia brasileira passou por 
transformações estruturais, gerando a redução da população economicamente ativa 
na agricultura, a insuficiência tecnológica nas indústrias, o aumento da dívida 
externa, o aumento das desigualdades sociais, tais como os baixos reajustes 
salariais e o enfraquecimento da estabilidade de emprego. 
Segundo Ribeiro (1995): 
 
Para tal fim foram construídas estratégias que nortearam as 
maneiras de administrar o processo de trabalho e produzir bens e 
mercadorias que serviram para “domesticar” o trabalhador. Estas 
foram o Taylorismo e o Fordismo, ambos foram fortalecidos 
politicamente pelo Estado Keynesiano no inicio do século XX. 
(RIBEIRO 1995 apud SILVA, 2008 p.181) 
 
 
 
 
 
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Com as tensões geradas entre as classes no século XIX, a principal 
consequência foi o aumento das organizações do proletariado. Este grupo foi 
formado com a intenção de suprir as necessidades geradas pelo sistema, que cada 
vez mais criava novos produtos e novas necessidades, gerando assim, novos 
valores de troca. Foi necessário criar uma classe proletária despolitizada, que não 
tivesse envolvimento com sindicatos e representações do gênero. 
Com a base artesanal de produção, os modelos de exploração Fordismo e 
Taylorismo foram gestados durante a Segunda Revolução Industrial, como forma de 
intensificar a produção, constituindo padrões econômicos seguidos mundialmente, 
tornando-se de certa forma hegemônicos, pois cada país alterava de acordo com 
seus padrões e estes modelos de exploração surgem na tentativa de solucionar as 
contradições históricas do capitalismo. 
A base destes modelos partiu de três princípios: a base técnica da Segunda 
Revolução Industrial, os processos de gestão do trabalho tayloristas e por fim, a 
utilização da esteira automatizada na linha de produção que favorecia a produção 
em larga escala. O resultado da conjugação desses princípios gerou a redução dos 
custos unitários de produção e a necessidade de um grande contingente de força de 
trabalho, tendo em vista o aumento da produtividade. (PERUZZO, 2002, p. 3). 
Neste período havia uma concentração de muitos trabalhadores presos às 
linhas de montagem, que compartilhavam todos os dias da monotonia de execução 
repetitiva e acelerada sem nenhum sentido, isso fez com que surgisse uma nova 
configuração de hegemonia no proletariado. 
A classe trabalhadora, devido às vantagens da integração à sociedade de 
consumo e à rede de seguridade social garantida pelo Estado do bem-estar social, 
foi submetida à disciplina do capital. Essa característica advém do modelo fordista, 
sendo um processo contraditório da massificação que acabou por desembocar, no 
fim dos anos 1960, em novas lutas de proletários, que passaram a exigir e reaver o 
controle sobre o procedimento de trabalho. 
Para Silva (2008), diante desta crise instalada, o capital buscou rever suas 
estratégias e desenvolver formas de produzir mercadorias, deixando de lado a 
produção em massa e lançando expedientes como a “flexibilização” da produção, 
das relações trabalhistas e da economia. 
 
 
 
 
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Neste período, pode-se citar como alternativa contra o modelo fordista, o 
sistema Just in time criado nos anos de 1970 como uma alternativa à falta de espaço 
no armazenamento de estoques. Este sistema detecta a demanda e a produção 
conforme a necessidade específica, ou seja, a produção só é feita após confirmar a 
sua venda. 
Com todas estas transformações acontecendo e o novo ordenamento do 
capital, surge uma nova camada na população, ou seja: os excluídos ou sobrantes, 
que, para Silva (2008), são: 
 
Pessoas que não têm lugar na sociedade, que não são integrados, 
que não estão numa relação de utilidade social, numa relação de 
interdependência com o conjunto da sociedade. Portanto, foram 
invalidadas pela conjuntura econômica atual e se encontram 
rejeitadas. Vivem em meio a um mercado do qual dependem, porém 
o mercado já não mais precisa delas. (SILVA, 2008, p.185) 
 
 
Ao proceder a uma análise do contexto do mercado de trabalho, os sobrantes 
denominados acima não são necessários à produção e muito menos no mercado 
consumidor, pois o processo de industrialização acabou por desvalorizar o trabalho 
humano, sendo que à época muitos trabalhadores se encontravam na miséria, sem 
identidade, cidadania, pois deixaram de ser úteis à produção e exploração 
capitalista. (SILVA, 2008, p.185). 
Entender a ideologia do neoliberalismo é entender o mercado como 
mecanismo mais eficaz na regulação da economia tendo a função de promover a 
satisfação das necessidades básicas dos indivíduos, pois o neoliberalismo levou a 
uma maior intervenção do Estado, aumentando assim a democracia representativa, 
eleitoral e também a sindical, fazendo com que os pensadores neoliberais, nesse 
momento, também fossem contra a organização dos trabalhadores. 
No momento da reestruturação e acumulação produtiva, o neoliberalismo 
acarretou o aumento do desemprego e a precarização dos serviços do trabalho, 
assim comoa degradação destes trabalhadores e isso ocorreu principalmente na 
relação homem e natureza, como afirma Antunes (2003, p.15), esta prática se 
conduziu voltada prioritariamente pela lógica societária, para a produção de 
mercadorias. 
 
 
 
 
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Nessa perspectiva do neoliberalismo, surge o Estado de Bem-Estar Social, 
que de forma geral foi pensado nos princípios de emprego pleno e igualdade, pois o 
Estado interferia na economia e nas políticas sociais, o que resultou no aumento do 
emprego público criando-se aparelhos coletivos de consumo nas áreas da 
educação, habitação, entre outras. 
Com o nascimento do “novo” liberalismo, entendia-se que com o aumento dos 
gastos do Estado acontecia um desequilíbrio no orçamento e déficit públicos e estes 
acabavam sendo nocivos à produção, acarretando o aumento do desemprego e da 
inflação. 
Vários são os fatores nocivos. Pode-se citar o fato das contribuições dos 
trabalhadores provocarem a elevação dos salários, culminando na perda da 
competitividade externa. Outro fator importante são os empregadores públicos se 
tornarem não produtivos e nessa perspectiva, podemos entender a função dos 
programas sociais que surgiram sob este viés e que buscavam eliminar riscos e 
promover uma igualdade que iria interferir na ética do trabalho e comprometer o 
mecanismo de mercado. (DRAIBE E HENRIQUE, 1988 apud SILVA, 2008, p.187) 
 
Com todas essas mudanças, pode-se perceber que ocorreu um grande 
desestímulo ao trabalho, havendo também a diminuição da competição da mão de 
obra e, principalmente, a redução na produtividade econômica. 
De acordo com Iamamoto (2009), o capitalismo passou a avançar no sentido 
de intencionalizar a produção e também os mercados de trabalho, fazendo com que 
se aprofundasse o acréscimo desigual e concordado entre as nações e no seu 
interior entre classes e grupos no âmbito das relações dialéticas entre o imperialismo 
e a dependência, fazendo com que o cenário atual apresente algumas mudanças 
em relação ao que foi tratado anteriormente. Especialmente por descaracterizar a 
cidadania ao associá-la ao consumo, e principalmente por ligar a ideia de dinheiro à 
posse de mercadorias. 
A sociedade oferece um terreno repleto de oposições e lutas aceitadas no dia 
a dia de uma conjuntura contrária para os trabalhadores, as quais carecem de maior 
organicidade para ter força na cena pública e nesse sentido pode-se citar como 
exemplo a luta dos sem-terra, as mulheres lutando pelo seu espaço, dentre outras 
lutas dessa nova conjuntura. 
 
 
 
 
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Segundo Iamamoto (2009): 
 
Essa multiplicidade de sujeitos e de formas de luta tem uma trama 
comum, oculta na diversidade de suas expressões: a trama dos 
destituídos de todas as formas de propriedade afora a sua força de 
trabalho – o conjunto de membros das classes trabalhadores forjados 
na sociabilidade sob comando do capital. A sua sobrevivência 
depende da produção direta dos meios de vida ou da oferta de 
emprego pelo capital – para obtenção do equivalente necessário à 
sua sobrevivência e preservação de patrimônio (IAMAMOTO, 2009, 
p.15) 
 
 
Mister se faz dentro da sociedade capitalista, associar a questão social que foi 
constituída em torno das transformações econômicas, políticas e sociais, à 
expressão das desigualdades e lutas sociais em suas múltiplas manifestações e em 
todos os seus segmentos, questão social que, para Iamamoto (2004), é: 
 
[...] apreendida enquanto conjunto das expressões das 
desigualdades da sociedade capitalista, que tem uma raiz comum: a 
produção social é cada vez mais social, enquanto a apropriação dos 
seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da 
sociedade. (IAMAMOTO, 2004, p.16) 
 
 
Na atualidade, observa-se a questão social conectada ao conjunto das 
expressões das desigualdades sociais presentes na sociedade capitalista, e 
impensáveis sem a intermediação do Estado. 
 
A “questão social” expressa desigualdades econômicas, políticas e 
culturais das classes sociais, mediadas por disparidades nas 
relações de gênero, características étnico-raciais e formação 
regionais, colocando em causa amplos segmentos da sociedade civil 
no acesso aos bens da civilização. (IAMAMOTO, 2004, p.17). 
 
 
Para discorrer sobre a “questão social” sob a ótica brasileira, é necessário 
reconhecer que exploração foi presidida pela burguesia, com grande orientação 
democrática e nacionalista. Mesmo com as diferentes visões do mundo do trabalho 
atual, o capitalismo ainda preserva algumas de suas características fundamentais. 
 
Com a transformação das últimas décadas, têm-se como aspectos 
perturbadores as reações coletivas e organizadas, frente à contínua e brutal 
 
 
 
 
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deteriorização das condições de vida e de trabalho. E aqui é necessário citar a 
facilidade com que o capital tem conseguido eliminar direitos conquistados após 
séculos de lutas e estabelecer condições difíceis a milhares de trabalhadores que 
vivem da sua força de trabalho. 
Fazendo essa imposição de condições difíceis aos trabalhadores, vivenciou-
se um período que ocasiona imensos rebaixamentos de salários, a prorrogação da 
jornada de trabalho, o ritmo acelerado e alucinado para cumprir metas impostas 
pelos empregadores, o não pagamento de horas extras e férias, ou ainda vínculos 
com falsas cooperativas. 
Salientando que parte da população não possuía qualquer forma de acesso 
ao mercado de trabalho, reduzidos à degradação de sua condição humana. 
(GRAZIA, 2008, p.47). 
Distintamente do modelo fordista, as tecnologias atuais, permitem a 
centralidade do comando sem a necessidade de se manter muitos trabalhadores e 
equipamentos no mesmo espaço, o que garante o controle da produção em larga 
escala. 
As benfeitorias destes novos desenhos do mercado de trabalho são 
numerosas, dentre elas: o melhor enfrentamento da concorrência, ajustamento da 
produção às obrigações flutuantes e diferenças do mercado, separação dos 
trabalhadores, invalidando a força acumulada no período fordista, etc. 
O regresso da hegemonia dos ideais liberais vem colaborar na legitimação da 
nova ordem, segundo Grazia (2008, p.50), “restituindo fatores considerados 
essenciais para o progresso da civilização desde o advento do liberalismo clássico”. 
 
Exercício 1 
 
1. Geralmente as terminologias assessoria e consultoria ainda são muito 
confundidas. De acordo com as colocações explicitadas nesta unidade, 
assinale a alternativa que menciona mais adequadamente a diferença entre 
assessoria e consultoria: 
A assessoria é uma ação realizada em órgãos públicos sem vínculo empregatício. A 
consultoria é uma atribuição mais abrangente podendo ocorrer tanto na esfera 
pública como na esfera privada. 
A assessoria não é uma ação que vise impor suas ideias aos assessorados. A 
consultoria tem o objetivo único de fornecer um parecer definitivo sobre a situação. 
O assessor é aquele que assessora, ou como assistente, auxiliar, etc., e o consultor 
 
 
 
 
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é quem dá conselhos ou pareceres sobre os assuntos de sua especialidade. 
Ao assessor compete auxiliar; ao consultor compete decidir sobre as medidas a 
serem adotadas pelo contratante. 
Ao assessor cabe dar pareceres e laudos, e ao consultor cabe uma ação mais 
pontual e de conhecimento específico. 
 
2. Vieira (1981) ressalta que o papel do assessor é o de um agente de 
mudança, que possibilite ao assessorado subsídios necessários para 
possíveis alternativas. De acordo com o autor, quais os objetivos/ funções do 
assessor para com o assessorado? 
Visualizar sequências operacionais, fornecer informações especializadas, auxiliar 
na formulação de hipóteses. 
Auxiliar para que não ocorram transformações, pois a situação apresentada não 
tem como ser modificada; permanecer ao lado do assessorado durante as 
negociações de greve dos funcionários.Levar o assessorado a refletir sobre os vários aspectos do seu problema, emitir um 
laudo com o parecer da situação. 
Dar subsídios para possíveis alternativas, tomar as decisões necessárias à 
resolução do problema. 
Fornecer informações especializadas, auxiliar na formulação de hipóteses, na 
condição de responsável pelas decisões, optar por uma decisão assertiva na 
situação apresentada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Saiba mais: 
 
Algumas definições: 
Assessor (latim assessor, oris, ajudante, auxiliar). 
1. Que ou quem assiste ou assessora. 
2. Adjunto, ajudante, assistente, auxiliar. 
3. Pessoa que tem como função profissional auxiliar um cargo superior nas 
suas funções. 
Consultor (latim consultor, oris, conselheiro). 
1. Aquele a quem se consulta ou o que dá conselhos. 
2. Pessoa qualificada que, junto de uma empresa, dá pareceres e trata de 
assuntos técnicos da sua especialidade. 
 
 
 
 
 
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Evidencia-se que na atualidade se percebe a redução dos trabalhadores 
produtivos e a diversificação da classe em diversos segmentos com diferentes 
interesses, e nessa perspectiva ganham importância as disputas entre os segmentos 
da antiga classe em luta pela sua sobrevivência, os operários qualificados tendem a 
assumir uma posição conservadora, resultante da necessidade de preservar seus 
privilégios básicos. (GRAZIA, 2008, p. 55) 
Para Grazia (2008), além da incerteza, da rapidez do ritmo e intensidade do 
trabalho, do medo da demissão, do estresse, que tem alcançado todas as partes do 
mercado de trabalho, existem outros denominadores comuns, como por exemplo, a 
desregulamentação e perda crescente dos direitos, colocando em situações de 
igualdade uma abundância de grupos com características diferentes dentro da 
heterogênea e fragmentada classe trabalhadora. 
De acordo com Iamamoto (2009), o conceito de trabalho é a força em ação, é 
algo temporal, que existe no sujeito vivo, é um desperdício vital cujo movimento cria 
o sujeito, que carregado para a totalidade de seu ser, adquire capacidades, 
emoções, ritmos do corpo, pensamentos e valores. 
 
Assim, o trabalho como elemento subjetivo do processo de 
trabalho é componente da humanidade dos sujeitos, em 
processo de realização: é objetivação do sujeito e, 
simultaneamente, subjetivação da realidade do sujeito. 
(IAMAMOTO, 2009, p.34). 
 
Dica de Aprofundamento 
 
 
- Para saber mais a respeito do tema desta unidade, sugiro a leitura do 
seguinte artigo de Araújo: “Privatividade das atividades de consultoria, 
assessoria e direção jurídicas”. Disponível em: 
<jus.com.br/revista/texto/8369/privatividade-das-atividades-de-consultoria-
assessoria-e-direcao-juridicas>. Acesso em: 02 fev. 2014. 
 
- Assista ao vídeo: Tv Consultoria - Os Quatro Tipos de Profissional. 
Disponível em: <http://www.caputconsultoria.com.br/video/35-tv-consultoria-
-os-quatro-tipos-de-profissional>. Acesso em: 20 fev. 2014. 
Neste vídeo, o consultor empresarial Wellington Moreira fala sobre os 
quatro tipos de profissionais. 
 
 
 
 
 
14 
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Nos anos de 1990, ocorreu um período de grandes transformações no 
mercado de trabalho, se intensificando a flexibilização, terceirização e a 
precarização dos postos de trabalho. Fenômenos considerados de amplitude 
nacional e inéditos no país, podendo-se afirmar que problemas históricos do 
mercado de trabalho se agravaram durante este período. 
Como observados nesta breve retrospectiva que permeia o contexto social e 
produtivo do país, as diligências originadas fizeram com que se formassem novas 
frentes de trabalho para atender as demandas do Serviço Social. 
 
 
1.3 Serviço Social e Ditadura Militar 
 
No Brasil o regime Militar pode 
ser comparado ao regime totalitário 
acontecido na Alemanha, este período 
vai de 1964 a 1985 e foi marcado pela 
falta de democracia, suspensão dos 
direitos constitucionais, censura, 
concentração de renda, pensamentos 
capitalistas, perseguição política e 
repressão a todos os que eram contra 
tal regime. 
 Fonte: http://migre.me/hYCZ5 
O entendimento será mais esclarecedor se retrocedermos um pouco na 
história, exatamente ao ano de 1964, quando o Presidente João Goulart apresentou 
um projeto de reformas econômicas e sociais, o que afligiu os conservadores 
capitalistas, pois os mesmos tinham receio de que a nação vivenciasse um regime 
socialista e assim organizaram um embuste que resultou na queda de João Goulart 
por meio de um golpe militar; daí, então, as eleições para os cargos mais 
importantes, como presidente, foram suspensas, assim como a liberdade individual, 
dando início a um longo período da ditadura militar que é considerado como um dos 
fatos mais marcantes da história recente do Brasil. 
Neste contexto, muitas pessoas foram presas, torturadas e assassinadas, 
casas invadidas, entre muitas outras violações dos direitos humanos. Hoje ainda, 
 
 
 
 
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existem muitos brasileiros que não sabem qual foi o destino de seus filhos, filhas, 
maridos, esposas, pais, que desapareceram nessa época por ousarem se opor aos 
pensamentos egoístas que geraram a Ditadura Militar. 
O país neste período foi governado por militares como os generais Castelo 
Branco, Arthur da Costa e Silva, Emilio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João 
Baptista Figueiredo. 
No governo Médici, conhecido como “Anos de Chumbo” devido ao acréscimo 
da repressão e censura, o país também passou por um “Milagre Econômico”, com 
isso, de 1968 a 1973 a economia brasileira cresceu a uma média de 12% ao ano, os 
fatores que contribuíram para isso foram os empréstimos externos e investimentos 
estrangeiros, a expansão industrial (automóveis e eletrodomésticos), aumento das 
exportações industriais e produtos agrícolas (soja, laranja). 
Os salários ficaram baixos, a mortalidade infantil aumentou, cresceu a miséria 
da população e também foi a época das grandes obras entre elas, a ponte Rio-
Niterói e a estrada Transamazônica. Foi também nesta época que o Brasil 
consagrou-se tricampeão mundial de futebol no México, em 1970, fazendo que 
todos esses “fatores positivos” fossem usados pelo governo militar como 
propaganda a seu favor. 
No último ano do governo Médici, em 1973, por motivos internos e externos, o 
conhecido “Milagre Econômico” começou a dar sinais de exaustão, uma vez que 
internamente, as classes média e alta já não conseguiam comprar a enorme 
quantidade de mercadorias produzidas pela indústria, e as classes populares devido 
aos seus baixos salários, continuavam com o poder aquisitivo reduzido. 
Externamente, o preço do barril de petróleo aumentou quatro vezes, o que 
gerou um forte abalo na economia brasileira, pois cerca de 80% do combustível que 
o país consumia era importado, e para este petróleo, o Brasil gastava quase a 
metade do que conseguia com as exportações. 
Durante o governo Médici, a dívida externa brasileira saltou de quatro para 
treze bilhões de dólares e ao mesmo tempo em que o Brasil passava à condição de 
décima potência capitalista do mundo, ocupava os últimos lugares quando se tratava 
de concentração de renda, mortalidade infantil e de acesso à saúde, à educação e 
ao lazer. 
 
 
 
 
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Após o governo Médici, o Brasil teve como presidente o general Ernesto 
Geisel que deu início à abertura política; e, depois dele, o general João Baptista 
Figueiredo decretou a lei da Anistia e consolidou esta abertura política com a 
redemocratização. 
Neste mesmo período iniciou-se a articulação do Movimento de 
Reconceituação do Serviço Social na América Latina, exibindo fundamentalmente a 
longa insatisfação dos profissionais que se conscientizavam de suas limitações 
teóricas, instrumentais e político-ideológicas e instituiu-se uma perspectiva de 
mudança social, devido à conscientizaçãoda exploração, opressão e dominação. 
Este histórico do regime militar foi pautado na Doutrina de Segurança Nacional e 
Desenvolvimento, no antimarxismo e no pensamento católico conservador. 
Os resultados são os reflexos na desmobilização e mudança dos movimentos 
políticos que se fortaleciam no período populista, tais como o MEB (Movimento de 
Educação de Base), sindicalismo rural e movimentos de alguns segmentos da 
categoria dos assistentes sociais que atuavam buscando os interesses dos setores 
populares. 
Após o Golpe Militar de 64, o espaço de atuação profissional dos assistentes 
sociais se limitou à execução das políticas sociais em expansão dos programas de 
Desenvolvimento da Comunidade, à eliminação da resistência cultural que 
representasse obstáculos ao crescimento econômico e integração aos programas de 
desenvolvimento do Estado. 
Neste contexto, a política social torna-se uma estratégia para diminuir os 
resultados do capitalismo monopolista marcado pelo abuso da força do trabalho e 
pela grande centralização de renda, a situação da sociedade brasileira neste período 
de regime militar e apresentação da política social remetem o Serviço Social a 
adotar uma prática com tendências modernizadoras, apontando ações profissionais 
modernas. 
Essa mudança na postura da prática do Serviço Social foi característica do 
momento inicial do Movimento de Reconceituação do Serviço Social no Brasil e 
depois a Renovação do Serviço Social. 
Este processo de renovação assume três pontos: Perspectiva modernizadora, 
Perspectiva de reatualização do conservadorismo e Perspectiva da ruptura. Com 
isso os assistentes sociais começam a desenvolver um intenso processo de 
 
 
 
 
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discussão interna na busca de um novo perfil profissional e de uma identidade com 
as classes trabalhadoras. Já que a formação profissional do assistente social é 
pautada pela eficiência e modernização da profissão, considerando-se fundamental 
o planejamento, a coordenação, a administração, a capacitação profissional para 
atuação em nível de micro, macro e participação em equipes interprofissionais. 
Esses conceitos fundamentais para a formação do assistente social foram 
imprescindíveis nas realizações dos Seminários que trataram da Teorização do 
Serviço Social: Araxá - Teorização do Serviço Social; Teresópolis – Metodologia do 
Serviço Social; Sumaré e Alto da Boa Vista – Cientificidade do Serviço Social. 
Durante o período de Ditadura Militar, o Brasil passou por um momento de 
grande opressão e censura: os cidadãos brasileiros não tinham liberdade alguma 
para expressar seus sentimentos em relação ao governo. 
 
 
1.4 O surgimento de Assessoria/Consultoria no Serviço Social 
 
Na atualidade a prática de assessoria/consultoria, ainda é utilizada e 
vivenciada com parcimônia pelo Serviço Social, pois é marcada por produções 
literárias recentes e devido ao caráter relativamente novo da maturidade intelectual 
da profissão, que data dos anos 1980. 
O Serviço Social passa a enxergar-se como uma profissão que necessita de 
constantes atualizações, na área técnica, teórica, e também precisa ser identificada 
como uma profissão que, mesmo não sendo ciência, produz conhecimentos e detém 
respeitável domínio no campo das políticas sociais. Sendo assim, o Serviço Social 
pode valorizar os processos de assessoria/consultoria nos setores da profissão e 
também ser identificado como aquele que detém a capacidade para prestar serviços 
em outras áreas de intervenção ou de conhecimento. 
Ante o exposto, pode-se entender como se deram as transformações no 
mercado de trabalho durante o século XX, e o surgimento das novas demandas 
sociais, buscando-se a compreensão melhor do trabalho do assistente social frente a 
estas mudanças. Assim como os demais trabalhadores, os profissionais do Serviço 
Social também sofreram com as novas formas de monopólio. 
Pode-se dizer, de acordo com Iamamoto (2004), 
 
 
 
 
 
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que a profissão é entendida como uma expressão das 
necessidades sociais que emergem da prática histórica das 
classes sociais no processo de produção e reprodução de seus 
meios de vida e de trabalho de forma socialmente determinada. 
(IAMAMOTO, 2004, apud SILVA, 2008, p.177). 
 
O Serviço Social pode ser entendido como uma especificação do trabalho, 
sua prática é histórica, e esta foi gerada nas relações de poder presentes na 
sociedade capitalista, ou seja, é permeada por meio das contradições advindas dos 
interesses das classes. Na perspectiva brasileira, o Serviço Social é uma profissão 
regulamentada como liberal, entretanto não possui essa tradição. 
Pode-se afirmar que o trabalhador especializado do Serviço Social é quem 
vende sua produção para entidades empregadoras, e constitui-se como parte da 
produção do trabalho social em conjunto com a sociedade, partindo da criação e 
prestação de serviços que atendam as necessidades básicas da sociedade. Em 
contrapartida, a produção de serviços que adquirem valoração está inserida nas 
relações de poder, podendo servir tanto ao capital como ao trabalhador. 
Todo esse cenário de mudanças sociais colabora para o surgimento de novos 
campos de atuação da profissão, fazendo-se presente junto à população que 
vivenciam as consequências dessas mudanças, principalmente na questão social no 
trabalho, na família, na saúde e no acesso a serviços sociais e públicos. 
Para Iamamoto (2004), as primeiras instituições assistenciais se 
apresentavam como um projeto incipiente de intervenção social, sua prática estava 
ligada ao pensamento católico, quase sempre voltado para obras assistenciais 
criadas pela burguesia, na maioria das vezes por movimentos femininos, num 
projeto de “recristalização” da sociedade. 
Com o reconhecimento do Estado às classes dominantes, a profissão abdica 
de seu caráter missionário e passa a ser solicitado pela classe dominante, pois a 
intenção do Estado e da classe burguesa era manipular os trabalhadores com o 
objetivo de integrá-los à nova ordem burguesa. 
Nos anos 1950 são apropriadas as novas bases teóricas, as novas correntes 
surgidas como o funcionalismo e o estruturalismo e se apoiam na ideia do 
desenvolvimento de comunidade, com uma visão harmônica, de equilíbrio social, 
negação de conflito e contradições. 
 
 
 
 
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Para Silva (2009), o projeto de ruptura da profissão com a visão conservadora 
se consolida nos anos de 1980, nesse movimento de superação e continuidade dos 
pressupostos básicos do tradicionalismo, a categoria profissional identifica novos 
impasses teóricos, práticos e valorativos, desencadeando-se nesse período e até 
hoje, novos e diversos processos de revisão e de reconstrução do projeto ético 
político, na intenção de avançar na direção social estratégica, que define o 
compromisso com os valores humanos e genéricos. 
O Serviço Social, a partir dos anos de 1980, passou a ser uma forma de 
especialização do trabalho da sociedade, inscrita na divisão social e técnica do 
trabalho social, como afirma Iamamoto & Carvalho (1982, apud IAMAMOTO, 2009, 
p.10). Sendo assim, afirma-se o primado do trabalho na constituição dos indivíduos 
sociais. 
A inserção da categoria, para Araujo (2008), busca trazer esclarecimentos 
quanto à utilidade social da profissão, a sua natureza, de forma geral entrega-se o 
poder de demonstrar determinação histórico-social, ressaltando suas formas de 
participação na produção e reprodução da vida social. 
E neste momento, o profissional do Serviço Social rompeu com sua condição 
tradicional e buscou se afirmar como especialização do trabalho coletivo, inscrito na 
divisão sociotécnica do trabalho, com as alterações dos fundamentos teórico-
metodológicos e ideopolíticos não significando a conclusão do projeto de ruptura. 
Durante os anos de 1990, essas transformações vieram a auxiliar nas 
alteraçõesda ética tradicional, e foram acompanhadas pela reafirmação de valores e 
princípios políticos, já conhecidos nos anos de 1980; transformações que resultaram 
na superação de equívocos de natureza teórica e ética, enfatizando a continuidade e 
aprofundamento da defesa de valores e das estratégias políticas já obtidas. 
Nos anos 1980 e 1990, aconteceu a construção do projeto profissional, que 
passou a ser entendido em conjunto com a dinâmica da sociedade. Já nos anos de 
1980 os movimentos sociais e grupos políticos desempenharam o papel de auxiliar 
na redemocratização do país e nas alterações legais do Estado, passando a ter 
responsabilidade social. 
Para Silva (2009), estes movimentos e grupos passaram a ser foco das ações 
e são combatidos pelo novo ciclo do capital, que busca legitimar o neoliberalismo e 
 
 
 
 
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as novas formas de gestão do trabalho, principalmente e essencialmente 
“antidemocráticos”. 
Segundo Silva (2009), a partir do progresso do neoliberalismo e do retorno 
dos movimentos sociais e democráticos, os assistentes sociais passaram a ser mais 
contundentes na defesa do processo de democratização da vida social e do Estado. 
Os desafios políticos provocados pelas mudanças na economia e política 
demandavam a continuidade e aprofundamento da luta pela democracia na vida 
social. 
O assistente social inseriu-se no mercado de trabalho como parte de um 
grupo de trabalhadores que pratica as ações institucionais e empresariais, e que tem 
como resultado final o fruto de um trabalho acertado ou cooperativo, que admite 
perfis diferenciados nos diversos espaços sócio ocupacionais. 
 
Importantes investimentos acadêmico-profissionais foram realizados 
no sentido de se construir uma nova forma de pensar e fazer o 
Serviço Social, orientados por uma perspectiva teórico-metodológica 
apoiada na teoria social crítica e em princípios éticos de um 
humanismo radicalmente histórico, norteadores do projeto de 
profissão no Brasil. (IAMAMOTO, 2004, p. 6). 
 
 
Durante este período, originou-se o projeto ético-político-profissional do 
Serviço Social, contestando as tendências da ordem social vigente, e se vinculou a 
uma nova projeção da sociedade: 
 
Aquela em que se propicie aos trabalhadores um pleno 
desenvolvimento para a invenção e vivência de novos valores, o que, 
evidentemente, supõe a erradicação de todos os processos de 
exploração, opressão e alienação. (CFESS, 1993, p.45) 
 
 
O projeto ético-político-profissional consiste, para Silva (2009), primeiramente 
em explicitar os fundamentos do termo ético-político, que também foram originados 
nos anos de 1990, tornando-se legítimo para a categoria profissional com as 
reflexões contidas sobre a ética da profissão. 
Para Netto (1999), o projeto ético-político-profissional sempre irá requerer 
uma fundamentação sobre valores, principalmente no campo da ética, isso só ocorre 
quando se adquire efetividade histórica e concreta, quando é mesclada com uma 
 
 
 
 
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direção político-profissional, tornando-se necessário a dimensão e opção política 
que seja explícita e clara no projeto profissional. 
A adesão de valores humanos genéricos e na capacidade de torná-los 
concretos pode ser citada como uma das particularidades do compromisso 
profissional, atualmente, fazendo com que isso implique na visão do homem, como 
um ser social, como também na redefinição da competência profissional, ou seja, as 
alterações realizadas no projeto profissional foram resultantes do avanço teórico e 
prático da profissão. 
O Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais em 1993 foi produzido 
após o projeto ético-político-profissional, que expressa os valores com os quais se 
compromete o Serviço Social, e que de modo geral são: liberdade, democracia, 
justiça e igualdade. Para Silva (2009), estes valores possuem um vínculo dialético 
entre si, não havendo possibilidade de realizar um dos valores sem que este acabe 
por realizar os demais. 
A consolidação desses valores sugere a constituição de uma forma particular 
de relação social, sendo necessário ao Serviço Social avaliar criticamente a 
composição e dinâmica da sociedade. 
A direção social dos valores éticos busca a constituição de um ordenamento 
societário e democrático, justo e igualitário, cujo objetivo principal deve ser o 
desenvolvimento do ser social, e para isso é indispensável romper com os processos 
de exploração. 
Como afirma Iamamoto (2009), o processo de reprodução das relações 
sociais não se reduz apenas à reprodução da força de trabalho e dos meios 
materiais de produção, ainda que os envolva. De um modo geral, a reprodução de 
um modo de vida e de trabalho envolve o cotidiano da vida social, sendo que por um 
lado temos a igualdade jurídica que prega que todos os cidadãos são livres, estes 
são angustiados pela diferença econômica que é derivada do caráter social da 
produção. 
O significado sócio-histórico e ideopolítico do Serviço Social inscrevem-se no 
conjunto das práticas sociais acionadas pelas classes e mediadas pelo Estado em face das 
sequelas da questão social. [...] a particularidade do Serviço Social no âmbito da divisão 
social e técnica do trabalho coletivo se encontra organicamente vinculado às configurações 
estruturais da questão social e às formas históricas de seu enfrentamento, que são 
 
 
 
 
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permeadas pela ação dos trabalhadores, do capital e do Estado. (ABESS/CEDEPSS 1996 
apud IAMAMOTO, 2009, p.12). 
 
 
O assistente social deve expressar o seu trabalho na dinâmica das relações 
sociais vigentes na sociedade, é concentrado pela trama de suas relações e 
interesses sociais, que, segundo Iamamoto (2009), participa dos mecanismos de 
exploração e de dominação, ao mesmo tempo que dá resposta às necessidades de 
sobrevivência das classes trabalhadoras e da reprodução das diferenças nos 
interesses sociais. Adverte que o exercício profissional compartilha de um processo 
que tanto dá prosseguimento à estrutura social de modo geral, como cria a 
possibilidade de mudança. 
A classe profissional procura a defesa das políticas sociais gestadas sob a 
aparência da universalidade e são estabelecidas de acordo com a democracia, a 
sua obrigação deve ter um vínculo com a satisfação das necessidades sociais. 
Como afirma Paiva e Sales (1998): 
 
Selou seu compromisso ético-político, referenciando-se nos ideais 
igualitários e libertários pertencentes ao horizonte das lutas sociais 
dos trabalhadores. O sonho da democracia, a ser consolidado, 
sobretudo pelo enfrentamento real da desigualdade, mantém-se 
atento à agenda de proposições que os movimentos sociais vêm 
construindo. (PAIVA e SALES, 1998, p.198). 
 
Essa classe profissional deve ter conhecimento dos direitos, pois esta é a 
base para se buscar a manutenção, efetivação e ampliação do objetivo profissional. 
O conhecimento de leis que regulamentam direitos sociais é fundamental no 
enfrentamento das políticas neoliberais. Como afirma Silva (2008), com este 
conhecimento, é possível informar o usuário a respeito dos direitos que possuem e 
como acessá-los, proporcionando uma participação efetiva e ativa em termos de 
reivindicações, fiscalização, entre outros avanços. 
A competência é imprescindível para que o assistente social possa sugerir, 
ajustar seus projetos, proteger seu campo de atuação, suas qualificações e 
atribuições, fazendo-se necessário também irem além dos costumes institucionais 
para assim buscar abranger as tendências do movimento da realidade e as 
probabilidades passíveis de serem adequadas por ele. 
Para Souza (2001), 
 
 
 
 
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A prática do profissional do Serviço Social retoma a questão da 
teoria/prática que é a transformação do conhecimento em ação. Não 
sendo uma construção individual, mas sim coletiva, e está presente 
na reciprocidadeentre o assistente social e o usuário, e a partir desta 
relação emerge a práxis (SOUZA, 2001, p.120). 
 
A teoria não se põe em movimento isoladamente, ela alimenta a prática. 
Mesmo rompendo com a base formal do conservadorismo, a profissão 
implantada na totalidade da sociedade capitalista, não pode estar desatenta às suas 
reformas, deve estar presente como categoria e como profissional que atua junto à 
classe trabalhadora e desprotegida. Não desconsiderando seu projeto coletivo de 
profissão na viabilização de direitos sociais, e também responder propositivamente 
às necessidades dos usuários. 
Entendendo o processo histórico que desencadeou as modificações no 
processo de trabalho, e principalmente as transformações ocorridas no âmbito do 
Serviço Social, pode-se perceber o quanto é interessante e desafiador o campo de 
atuação do profissional, a assessoria/consultoria. 
Para Matos (2010), é evidente a escassa produção a respeito do tema 
Assessoria e Consultoria no Serviço Social, as principais publicações são datadas a 
partir dos anos de 1998. Segundo Matos (2009), destacam-se dois principais 
motivos: o primeiro seria pelo fato do tema estar presente na fala dos profissionais 
que passam a atuar após o momento de ruptura, ou seja, trabalhando com as novas 
demandas do Serviço Social e o segundo motivo é a recente inclusão da palavra 
Assessoria no campo do Serviço Social, estando presente principalmente nos relatos 
de experiências voltadas aos movimentos sociais e trabalhos educativos, sendo 
experiências ricas, porém, com pouco referencial teórico e na grande maioria 
relacionadas às atividades de extensão universitária. 
Nos anos de 1980, a demanda era inexistente ou inexpressiva, no campo de 
Assessoria e Consultoria, porém, atualmente é uma necessidade premente, fazendo 
parte da nova conjuntura de transformações, podendo se destacar, segundo Matos 
(2009), como uma demanda explícita para o trabalho do assistente social, 
evidenciando a capacidade intelectual do profissional. 
Ao empreender um resgate histórico sobre o tema, identificaram-se dois 
importantes motes sobre Assessoria e Consultoria, o primeiro refere-se a um artigo 
 
 
 
 
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sobre Assessoria escrito por Balbina Ottoni Vieira, o qual trata da importância da 
Assessoria com pressupostos do estrutural-funcionalismo, e o segundo mote é a 
experiência de criação de campos de estágio junto aos movimentos sociais. 
Já nos anos de 1990, ocorreu um avanço na discussão sobre o tema 
Assessoria e Consultoria, desencadeados pela conjuntura da reestruturação 
produtiva e pelas mudanças ocorridas no Estado. A partir desse contexto o Serviço 
Social passou a trabalhar na garantia dos direitos da população usuária, fazendo 
com que alguns profissionais iniciassem no campo da Assessoria, em ações 
voltadas principalmente às políticas sociais. 
É importante resgatar as experiências ocorridas, durante os anos 1991 e 
1994, alcançadas nos estágios supervisionados nas escolas públicas de Serviço 
Social do Rio de Janeiro, surgindo dessa forma as demandas nessa direção, como 
colocado por Vasconcelos (1998), houve o aumento da solicitação de elaboração de 
projetos sociais de prática e/ou acompanhamento e avaliação de sua 
operacionalização, voltados especialmente para a esfera pública. 
Por iniciativa de alguns profissionais, o tema Assessoria/Consultoria auferiu 
mais destaque nos anos de 2000, entretanto, ainda não havia materiais 
esclarecedores sobre esse tema, e sim breves relatos de experiências. 
Ainda percebe-se a insuficiência de fontes literárias e documentos que 
retratem o tema Assessoria e a Consultoria, dentro de um contexto objetivo e situado 
na atuação profissional do assistente social, pois as escassas bibliografias 
existentes não possuem um alicerce teórico sobre o tema. 
Cumpre ressaltar que o presente tema possui um debate na sua 
compreensão inicial, que ora era entendida como supervisão profissional e ora no 
trabalho interventivo junto às comunidades ou movimentos sociais. É ainda vista 
como militância política. Para a profissão é importante entender o conceito de 
Assessoria e Consultoria dentro do Serviço Social, visto que parte das interpretações 
são retiradas de outras áreas do conhecimento, como da administração. 
 
Assim, definimos Assessoria/Consultoria como aquela ação que é 
desenvolvida por um profissional com conhecimentos na área, que 
toma a realidade como objeto de estudo e detém uma intenção de 
alteração da realidade. (MATOS, 2006, p.31) 
 
 
 
 
 
 
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O profissional de Serviço Social que irá trabalhar como Assessor/Consultor 
deve deter conhecimentos específicos, ser estudioso, manter-se atualizado, e 
principalmente saber expressar claramente suas proposições, pois todas estas 
características serão instrumentos importantes para o entendimento do movimento 
da realidade social no qual está inserido. 
Segundo Vasconcelos (1998), é necessário que os interesses e objetivos, do 
assessor e assessorado, sejam mútuos, e estes devem ser especificados com 
nitidez, para que assim se sustente em um contato sistemático, contínuo e de longa 
duração com determinada equipe, no processo de edificação, operacionalização e 
crítica de um projeto de aprendizado. 
 
Exercício 2 
 
1. O Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais em 1993 foi 
produzido após o projeto ético-político-profissional, que expressa os valores 
com os quais o Serviço Social se compromete. Assinale de modo geral quais 
seriam estes valores: 
Direitos humanos, direitos difusos, justiça e democracia. 
Liberdade, democracia, justiça e igualdade. 
Igualdade, fraternidade e liberdade. 
Justiça, democracia e fraternidade. 
Liberdade, democracia e direitos humanos. 
 
2. Para Matos (2010), é evidente a escassa produção do tema Assessoria e 
Consultoria no Serviço Social, a autora destaca dois motivos principais, que 
levam a esta dificuldade. Assinale a alternativa que resumidamente elenca 
estes dois motivos: 
Dificuldade em retratar a prática em textos e publicá-los. 
O tema assessoria está presente na fala dos profissionais que atuam no momento 
da ruptura e a recente inclusão da palavra assessoria no campo do Serviço Social. 
O tema está voltado aos campos de estágios e às supervisões de estágio 
supervisionado. 
O profissional de serviço social sempre está absorvido com a prática, não dispondo 
de tempo e nem preparo para elaborar textos literários da sua prática. 
Ausência total de referencial teórico e inexistência da demanda de assessoria na 
área do serviço social. 
 
 
 
 
 
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Assessores e Consultores necessitam conhecer minimamente as seguintes 
etapas de atuação e intervenção: o estágio da equipe quanto à projeção do espaço 
profissional, os registros da prática, o tipo de relação com a academia, as 
expectativas da equipe em relação ao processo, o tempo disponível para as 
atividades que envolvem o planejamento, o número de profissionais existentes e 
interessados, a inserção quantitativa e qualitativa e os recursos institucionais. 
E a partir da conclusão das etapas é que poderão iniciar as condições de 
trabalho que preencham as perspectivas e especifiquem um projeto de Assessoria e 
Consultoria frente às condições institucionais e principalmente profissionais. 
Segundo Vasconcelos (1998, p.127), “é função do assessor propor 
instrumentos que possibilitem o desvelamento do movimento da realidade social, 
ocultado pelo movimento cotidiano das relações sociais”. 
Também para Vasconcelos (1998), os profissionais do Serviço Social devem 
pensar em seu projeto de prática, um projeto de qualidade, de acordo com a 
realidade que é objeto de ação profissional, detendo-se nas intenções que são a 
base para a edificação de propostas de trabalho fecundas e articuladas aos 
interesses e necessidadesexigidos pela ação profissional. 
 
Produzir uma prática de qualidade, numa perspectiva de 
ruptura com práticas conservadoras, exige o resgate da 
unidade entre espaços de formação e espaços de prática. Mas, 
diante do quadro que nos encontramos, sem uma postura 
concreta por parte dos assistentes sociais que pressione as 
unidades formadoras a aceitar, também como seus, os 
desafios postos pela realidade [...] tão cedo não teremos uma 
aproximação de qualidade. (VASCONCELOS, 1995, p.131) 
 
Dica de Aprofundamento 
 
Leia o artigo “Assessoria e Consultoria em Serviço Social“. 
Disponível em: 
<http://www.egem.org.br/arquivosbd/basico/0.923308001253287651_
modelo___relato_de_experiencia___modelo.pdf>. Acesso em: 13 
mar. 2014. 
 
 
 
 
 
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Desta forma, toda essa situação contribui para que a demanda de Assessoria 
e Consultoria seja pouco cogitada pelas instituições de ensino, tanto públicas como 
particulares. 
Para Oliveira (2010), a Assessoria no Serviço Social está vinculada ao projeto 
de formação profissional e à função social da universidade, “ao articular e 
potencializar o tripé: ensino, pesquisa e extensão”, contribuem na formação e no 
fazer profissional qualificado e comprometido com a realidade. 
 
Assim, compreendemos que a atividade de Assessoria pode e deve 
ser valorizada, principalmente no âmbito da universidade pública, 
onde se efetiva na articulação entre ensino, pesquisa e extensão e 
enquanto campo de estágio, [...] possibilitando, assim, a formação de 
um profissional que, para além de consciente e comprometido ética e 
politicamente, é capaz de realizar seu potencial crítico, criativo e 
propositivo. (OLIVEIRA, 2010, p.123) 
 
O trabalho de Assessoria encontra na universidade campo privilegiado, no 
cumprimento da função social, através da indissociabilidade entre ensino, pesquisa 
e extensão, na efetivação do projeto ético-político, segundo Oliveira (2010), “que a 
atividade de Assessoria tem se concretizado e adquirido expressão enquanto 
estratégia profissional”. 
Para Vasconcelos (1995), a Assessoria e Consultoria são recursos para a 
prática dos assistentes sociais junto a diferentes grupos de usuários, essa prática 
tem o objetivo de contrapor a realidade dos espaços profissionais ocupados, com a 
análise, estratégias e ações realizadas no seu enfrentamento. 
 
Assim, Assessoria/Consultoria estão voltadas para a busca de 
totalização no processo de prática, no sentido de apontar, resgatar e 
trabalhar as deficiências, os limites, recursos e possibilidades da 
equipe, socializando conteúdos, instrumentos de indagação e análise 
e também produzindo estudos e análises que a equipe não está 
preparada e nem é seu papel realizar, tendo em vista as respostas 
concretas e imediatas que precisa dar às demandas que a realidade 
põe a sua ação. (VASCONCELOS, 1995, p.132-133) 
 
 
A Assessoria deve ser entendida e repassada como um dos conteúdos a 
serem ministrados no curso de Serviço Social, portanto deve ser realizada por um 
profissional graduado, e compromissado com a profissão e com a qualidade de seus 
serviços. 
 
 
 
 
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Pode-se proceder à distinção entre Assessoria/Consultoria como: o assessor 
é identificado como aquele que assessora ou como o assistente, adjunto, auxiliar, já 
o consultor é definido como aquele que dá conselhos ou pareceres sobre o assunto 
de sua especialidade, o seu trabalho é mais pontual, pois na Consultoria 
subentende-se que a equipe já possui alguma informação no assunto a ser 
estudado, e na Assessoria o processo precisa de mais tempo para ampliar a ação 
devido a sua complexidade. 
Para Ferreira (1999), a definição etimologicamente da palavra Assessoria é 
um órgão ou conjunto de pessoas que assessoram um chefe ou uma instituição 
especializada, que pode ocorrer por meio da coleta de dados técnicos, dados 
estatísticos e também científicos sobre determinada matéria, podendo-se sintetizar 
que Assessoria seria a ação que auxilia tecnicamente outras pessoas ou as 
instituições, com base nos conhecimentos especializados em determinado assunto, 
pois o assessor detém o conhecimento que auxilia quem assessora. 
No dicionário PRIBERAM, consultoria, é definida como o ato de consultar ou 
ação de pedir conselho, ajuda, instrução, opinião e ainda parecer, assim como a 
ação de dar ou oferecer parecer sobre algum tema, então se pode dizer que o 
Consultor é entendido como aquele que desenvolve as ações descritas antes, 
resumidamente como o que dá conselho sobre o assunto de sua particularidade. 
O assessor deve ser alguém com conhecimento da sua especificidade, 
permanentemente atualizado e com capacidade de apresentar objetivamente 
suposições e possíveis proposituras, espera-se que o assessor no seu exercício 
proporcione caminhos e estratégias ao profissional ou à equipe que assessora e 
estes buscam ter autonomia em atender ou não suas proposições. 
Avaliando a conflitante sociedade capitalista, segundo Vasconcelos (1998), é 
necessário descobrir os caminhos da prática do Serviço Social, que por um lado 
pode beneficiar a organização social vigente, ou por outro lado, beneficiar os 
diferentes segmentos sociais, e a partir desta lógica que podemos abrir a discussão 
sobre a prática de Assessoria e Consultoria. 
A Consultoria, para Suzin e Almeida (1999), surge como probabilidade de 
espaço profissional no qual o Assistente Social possa desenvolver um trabalho de 
valorização da vida, podendo ser percebida como um serviço prestado por uma 
 
 
 
 
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pessoa para identificação e investigação de problemas, procurando orientar a ação 
ajustada e adequar o auxílio na prática desses conselhos. 
Podem-se citar as duas formas de Consultoria, sendo a primeira interna, no 
qual o consultor possui vínculo com a organização e a segunda, externa, a qual é 
legal e administrativa independente do cliente. 
No trabalho de consultor é necessário transmitir segurança, responsabilidade 
e saber divulgar suas próprias necessidades, podendo se distinguir dois graus de 
influência na Consultoria, o grau tarefa que é a ação direta sobre as mudanças 
estruturais, políticas e de metodologia e o grau de método que atua diretamente 
sobre a forma que a tarefa impelida àcoordenação. 
Em relação á Assessoria, Matos (2010), inicia como uma metodologia diária 
construída com os sujeitos fundamentais, os clientes, e estes possuem autonomia 
em consentir ou não as hipóteses, essa ação deve ser sincera entre os dois lados, 
pois o assessor ouve e acolhe as sugestões de quem o contratou e depois busca 
persuadir a quem assessora, suas ações. P assessor deve ser um sujeito propositivo 
e deve aceitar estratégias de trabalho participativo. 
Segundo Suzin e Almeida (1999), a Assessoria é todo trabalho que um 
profissional realiza, sendo de acompanhamento ou monitoramento de determinado 
grupo ou ação em execução, o profissional é requisitado para interferir na 
organização ou na dinâmica das instituições e também para identificar a solução de 
conflitos. 
O Assessor é aquele que tem a capacidade de analisar teoricamente as 
tendências sociais, identifica as inter-relações e contradições em uma dada 
realidade, estabelece a relação entre as demandas, planeja ações que produzam 
mudanças, elabora respostas qualificadas e legitimadas às expressões da questão 
social, emprega conhecimentos e habilidades acumuladas e por fim estabelece 
diálogo pluralista em equipes interdisciplinares. (SUZIN e ALMEIDA, 1999). 
O profissional, para atuar como assessor, deve ter a habilidade de 
negociação, inserir-se em equipes interdisciplinares, tratar com novas tecnologias, 
produzir e introduzir mudanças e implantar projetos e programas. 
 
A qualificação profissional exige inovação, criatividade, criticidade, 
informação, relacionamento interpessoal e de equipe, qualificação – 
formação generalistae especializada – conhecimento de novas 
 
 
 
 
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técnicas e discursos gerenciais, decisão, determinação, 
posicionamento. (SUZIN e ALMEIDA, 1999, p.67). 
 
Na atualidade, observa-se que profissionais do Serviço Social vêm sendo 
solicitados para assessorar na formulação de políticas sociais públicas e privadas, 
dos movimentos sociais, ONGs e empresas privadas. 
A Assessoria praticada pelo Serviço Social visa em primeiro lugar à 
qualificação do seu trabalho, tendo como referência o projeto da profissão, que é 
interventiva, com posicionamento na defesa dos usuários, é elaboradora de 
conhecimentos e coloca o diálogo com matrizes das ciências humanas e sociais. 
Conforme Matos (2010), a Assessoria pode ser desenvolvida em diferentes campos 
de atuação do assistente social, podendo ser na organização política dos usuários, a 
movimentos sociais, dentre outros. 
Em virtude dos profissionais do Serviço Social possuírem um conhecimento 
abrangente sobre as políticas sociais públicas voltadas à execução de políticas 
sociais, atuantes na sua dimensão de formulação e gestão, a Assessoria também 
pode ser desenvolvida frente à gestão das políticas sociais. 
Segundo Matos (2010), a atividade de Assessoria prevê uma constante 
habilitação do assessor, uma leitura permanente da conjuntura e a capacidade de 
apresentar claramente as suas suposições. 
Diante de todas as contribuições descritas pelos autores no decorrer deste 
trabalho, conclui-se que o assessor deve buscar reunir seu aprendizado, na 
edificação de textos que auxiliem quem assessora assim como, descrever suas 
experiências, seus desafios e suas conquistas. 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 2 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE 
SERVIÇO SOCIAL 
 
 
2.1 Assessoria/Consultoria nas diferentes áreas de atuação - 
iniciativa pública e privada 
 
Ao adentrar nas diferentes áreas de atuação do profissional de Serviço Social, 
deve-se caracterizar quais são as funções específicas da política social, que são: 
social, econômica e política, assim especificadas: 
Funções específicas da política social: 
Social - garantir direitos conquistados pela classe trabalhadora, prestação de 
serviços previdenciários, de assistência, saúde. 
Econômica - formação da força de trabalho; diminuição dos custos da força 
de trabalho para o capital (saúde, educação); ampliação da capacidade de consumo 
da força de trabalho. 
Política - pulveriza o trato da questão social, trata a aparência da questão 
social e não sua gênese, desloca a gênese da questão social do âmbito da produção 
para a esfera do Estado, institucionaliza as ações e lutas sociais e contribui para a 
legitimação da ordem social. 
Entende-se que as funções da política social constituem-se em garantia das 
conquistas sociais e trabalhistas por parte da classe trabalhadora, por meio de suas 
lutas, movimentos sociais e de submissão ao capital mediante ao desenvolvimento e 
desenho da mão de obra. 
Portanto, suas características exclusivas revelam que a política social é um 
espaço conflitante, pois, ao mesmo tempo em que serve ao capital, incorpora as 
exigências da classe trabalhadora. 
O Serviço Social se fixa neste espaço conflitante, agrupando todas as 
funcionalidades da política social. Portanto, ele não é uma benesse, ao contrário, 
como já se sabe, é o aparelho da Política Social. 
Embora o alicerce de interferência do Serviço Social seja a Política Social, o 
assistente social tem papel garantido na Política Social, originando no currículo da 
profissão a qualificação dos profissionais pela Pós-Graduação, existindo um intenso 
 
 
 
 
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debate ético-político que defende uma Política Social universal, de qualidade, além 
de discutir o papel do Estado, entre tantas outras questões. 
O Serviço Social é instrumento da Política Social, e a Política Social é 
instrumento de intervenção do Estado, contudo, os assistentes sociais são a 
intercessão entre o Estado e o seu público-alvo, procedendo certa autonomia de 
trabalho. 
Conforme Matos (2010), as práticas de assessoria/consultoria, nas diferentes 
áreas da política social e por diferentes sujeitos, têm sido cada vez mais 
requisitadas, denotando, o reconhecimento da capacidade profissional dos 
assistentes sociais nesta temática. 
 
A assessoria à gestão das políticas sociais tem sido demandada por 
diferentes sujeitos (representantes dos poderes Executivo, 
Legislativo e Judiciário; conselheiros de direitos e de política; 
gestores empresariais; profissionais que atuam nos setores públicos 
e privados; conselheiros tutelares, etc.) que atuam nesta esfera. 
Expressam um reconhecimento da capacidade profissional dos 
assistentes sociais no domínio da temática. É resultado do trânsito, 
como afirma Netto (1992), da atuação profissional exclusivamente 
pautada na execução terminal das políticas sociais para uma atuação 
profissional competente na gestão da totalidade do processo da 
política social, incluindo as duas dimensões de formulação, de 
gestão e de sua operacionalização”. (MATOS, 2010, p.113) 
 
Pode-se inferir que a assessoria/consultoria no Serviço Social, não se justifica 
apenas por amadurecimento intelectual, mas também por questões conjunturais que 
permeiam a sociedade brasileira. 
Compete ao assessor uma produção literária sobre a experiência de 
assessoria, que pode ocorrer por meio da sistematização da prática de assessoria 
ou na elaboração de textos que qualifiquem a quem assessora, e esta atividade 
deve permear todo o processo de assessoria. 
Deste modo, a produção do conhecimento deverá ser socializada com os 
sujeitos envolvidos no processo, pois o assessor deve compreender que não cabe a 
ele decidir sobre determinada situação, mas ao mesmo tempo não pode ser um 
sujeito neutro, mas sim estabelecer a crítica construtiva, baseada na troca de ideias. 
Constituir o princípio da crítica em ambos os lados é uma premissa da democracia 
que deve ser utilizada pelo assessor (MATOS, 2010). 
 
 
 
 
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Algumas reflexões precisam ser feitas na iniciativa privada: No desempenho 
cotidiano de suas funções, como é possível servir ao trabalhador e ao empregador 
ao mesmo tempo? Como dotar de autoconsciência o assistente social para que ele 
rompa com uma rotina burocratizada e deixe de ser um mero executor para tornar-se 
propositor de uma política de garantia de direitos dentro da empresa? São 
indagações a serem debatidas por meio de referenciais e vivências cotidianas. 
 
O Serviço Social sempre foi chamado pelas empresas para eliminar 
focos de tensões sociais, criar um comportamento produtivo da força 
de trabalho, contribuindo para reduzir o absenteísmo, viabilizar 
benefícios sociais, atuar em relações humanas na esfera do trabalho. 
Embora essas demandas fundamentais se mantenham, elas ocorrem 
hoje sob novas condições sociais e, portanto, com novas mediações. 
Assim, os chamamentos à participação, o discurso da qualidade, da 
parceria, da cooperação são acompanhados pelo discurso de 
valorização do trabalhador. Para assegurar a qualidade do produto é 
necessária a adesão do trabalhador às metas empresariais da 
produtividade, da competitividade (IAMAMOTO, 2005, p.49) 
 
 
As atividades do profissional do Serviço Social dentro de empresa privada 
não é uma tarefa fácil, pois é um exercício de relacionamento entre a teoria e a 
prática, é o enfrentamento dos ideais de uma profissão com uma realidade 
subalternizada na relação de trabalho. 
Assim, se faz necessário, que o profissional seja qualificado, competente ao 
colocar em prática sua capacidade crítica, além de possuir aptidão de expandir e 
reforçar sua competência relacional, sendo assim, um profissional que reflita, avalie, 
examine e compreenda a realidade institucional, a fim de instituir novas estratégias 
de trabalho que protejam os direitos dos trabalhadores,permitindo também ao 
trabalhador que ele também reflita, se organize e compartilhe das decisões que 
digam respeito a seus interesses enquanto classe. 
Evidencia-se que o papel da Assessoria/Consultoria do Serviço Social nas 
empresas é de fundamental importância e acentua a necessidade de uma 
capacitação constante por parte dos profissionais da área em que almejam atuar, 
também é necessário considerar que o papel da Assessoria/Consultoria nas 
empresas não é menos importante do que nas diversas áreas da Política Social. 
Quem sabe a grande alteração seja a ação mais direta com o processo de produção 
no qual o trabalhador é componente, e o esclarecimento de que o assistente social, 
 
 
 
 
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de forma involuntária, trabalha como controlador tensionado por essa relação social 
de classe. 
O profissional do Serviço Social, nas execuções das políticas sociais por parte 
do Estado é aquele que contribui para a promoção da cidadania, acesso aos direitos 
sociais, devolvendo um mínimo de dignidade aos usuários sob a forma de 
atendimento. 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 3 - O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA 
ASSESSORIA/CONSULTORIA NO SERVIÇO SOCIAL 
 
3.1 Atuação da Universidade frente à Assessoria/Consultoria no 
Serviço Social 
 
No âmbito do Serviço Social e da universidade, a discussão da assessoria se 
relaciona diretamente com determinada concepção de formação profissional, assim 
como da universidade, que tem como um de seus pilares a indissociabilidade entre 
ensino, pesquisa e extensão. 
Para discutir o tema Assessoria e Consultoria no Serviço Social, deve-se 
chegar à compreensão sobre o significado social da profissão, enquanto profissão 
implantada na divisão sociotécnica do trabalho, contendo o debate sobre os desafios 
atuais postos ao trabalho profissional dos assistentes sociais para a consolidação do 
projeto ético-político. 
A reforma universitária de 1968 no Brasil permitiu marcas intensas na cultura 
e na estrutura da universidade, estando estreitamente atreladas com um projeto 
ideológico centrado na “ideologia da escola, da competência e da meritocracia” 
(CARDOSO, 2001, p.6). Cumpre observar a prática social dos grupos dominadores à 
época, assim como uma política de desresponsabilidade do Estado e 
mercantilização das políticas sociais. 
A aprendizagem e a construção do saber são decorrentes do esforço do 
pensar, de abrir espaços para a reflexão, do aprender a aprender, do aprender a 
estudar, do estímulo à curiosidade intelectual e ao questionamento à dúvida, e não à 
chamada “decoreba” de conteúdo ministrado pelo professor. 
Muito embora a universidade tenha como objetivo desenvolver conhecimentos 
e levar à construção de processos mentais, atualmente seu cotidiano pedagógico 
em muitas ocasiões tem se restringido a procedimentos que trabalham com a 
transmissão da informação. 
Considerando as várias possibilidades de interpretação, no contexto da 
modernidade, referente a estilo, costume de vida ou organização social, observa-se 
que as práticas sociais são constantemente analisadas e transformadas, tendo em 
 
 
 
 
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vista as informações renovadas sobre estas próprias práticas, alterando assim 
constitutivamente seu contexto. 
O conhecimento não é algo pronto, inalterado, é construído e reconstruído 
continuamente. As Instituições que trabalham com o ensino superior têm a 
responsabilidade de construir o saber junto com o aluno, de prepará-lo para pensar 
crítica e criativamente. 
O papel da Universidade, além de construir o conhecimento, também é de 
despertar e instruir o discente a pensar, questionar, criar, recriar, prepará-lo para 
aprender a selecionar, interpretar e processar a informação que se produz, 
relacionando-a criticamente com outras fontes. 
Aprender a pensar criticamente significa dar sentido à informação, analisá-la, 
sintetizá-la, planejar ações que resultem na propositura de problemas, na criação de 
novos materiais, métodos ou ideias. 
Um dos grandes desafios é a ruptura da prática pedagógica universal, 
reforçada por anos de didática prescritiva, concebendo o professor como um 
repassador de informações, inclusive com boas habilidades de informações; 
enquanto espera-se do aluno a memorização e a reprodução fidedigna do que foi 
repassado em sala de aula. 
A universidade, tida como o “lócus” do conhecimento, precisa aflorar a cultura 
da renovação com naturalidade, pois o saber é reflexivo, exige mudanças 
constantes. A universidade é considerada um espaço fértil de transformação, 
abrangendo experiências da gestão, administrativas, propostas alternativas de 
ensino, pesquisa e extensão. 
Espera-se que a aprendizagem se traduza em um processo individual de 
modificação de conduta, valores, caracterizando a possibilidade de educar o homem 
via consciência e via modificação de comportamento. 
As transformações ocorrem a partir da realidade desvendada. Assim, a 
pesquisa é considerada um dos pilares do conhecimento. Pesquisa significa diálogo 
crítico e criativo com a realidade na elaboração própria e na capacidade de 
intervenção. 
É a atitude do aprender a aprender e como tal, faz parte de todo o processo 
educativo e emancipatório, cabendo desde a pré-escola até a pós-graduação. 
 
 
 
 
 
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3.2 Assessoria não é sinônimo de ação extensionista 
 
Em algumas universidades brasileiras ocorre uma ampla gama de concepção 
de extensão universitária: desde a ideia de promoção de cursos à comunidade até a 
prestação de serviços de saúde. 
Muitas das ações extensionistas são realizadas mediante a prestação de 
serviços, porém, é na universidade que a assessoria encontra um espaço 
privilegiado para se constituir, já que por meio do saber que envolve os seus 
integrantes (alunos, professores e servidores técnico-administrativos), pode construir 
novos conhecimentos e se retroalimentar, tendo em vista o contato dinâmico com as 
demandas da sociedade. 
 
3.3 Assessoria não é sinônimo de supervisão 
 
De acordo com Vieira, o que distingue assessoria da supervisão é sua 
natureza temporária, eventual (o supervisado procura o assessor quando precisa) e 
ampla liberdade do assessorado em aceitar ou não, em seguir ou não as indicações 
do assessor. Mais do que supervisor, o assessor tem uma autoridade de ‘ideias’, ou 
de ‘competência’ e não ‘de mando’ (VIEIRA, 1981, p. 108). 
Conclui-se que a construção do saber no ensino superior se dá, no 
autoestudo, na pesquisa, leituras adicionais; no estímulo às práticas de pesquisa, 
leituras e de que o aluno não seja visto apenas como um memorizador, mas uma 
pessoa que pensa, que tenha gosto pelo aprender, interpretar informações, e que 
enxergue nos problemas e nas dúvidas mais uma oportunidade de aprendizagem. 
No ensino superior precisa haver uma estreita correlação entre teoria e 
prática, pois toda teoria começou com uma prática, toda teoria é uma tentativa de 
explicar uma prática e uma não existe sem a outra. 
A universidade precisa ser reconhecida como uma instituição que 
desempenha importante papel para o desenvolvimento humano, regional e 
sustentável na sociedade contemporânea. 
Além de possibilitar aos alunos a obtenção de um diploma, inserção no 
mercado de trabalho e remuneração, a Universidade deve ser capaz de produzir 
novos conhecimentos e aplicá-los à realidade social, considerando a necessidade de 
 
 
 
 
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ser acessível a toda a sociedade, colaborando para a inclusão social, exercendo 
tanto uma função social quanto política. 
O espaço acadêmico é terreno fértil para a produção do conhecimento, da 
pesquisa, das transformações como um todo, também é terreno fecundo para novas 
proposituras na área da assessoria e consultoria inerentes ao fazer profissional do 
assistente social. 
Observa-se, o aspecto referente à assessoria enquanto

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