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ADOÇÃO POR HOMOAFETIVOS

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TCC ADOÇÃO POR CASAL HOMOAFETIVO 
 
Sumário 
 
4 A FAMÍLIA ........................................................................................................................................ 5 
4.1 A evolução histórica da família ..................................................................................................... 8 
4.2 A família constitucionalizada ....................................................................................................... 11 
5 PRINCÍPIOS PECULIARES DO DIREITO DE FAMÍLIA ........................................................................ 16 
5.1 Princípio da dignidade da pessoa humana ................................................................................. 16 
5.2 Princípio da Igualdade ................................................................................................................ 17 
5.3 Princípio da solidariedade familiar .............................................................................................. 20 
5.4 Princípio da afetividade ............................................................................................................... 21 
6 A ADOÇÃO ..................................................................................................................................... 24 
7 UNIÃO HOMOAFETIVA .................................................................................................................. 28 
8 ADOÇÃO POR CASAL HOMOAFETIVO ........................................................................................... 30 
9 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 33 
10 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Adotar é acreditar que a história é mais forte 
que a hereditariedade, que o amor é mais 
forte que o destino." Lídia Weber 
RESUMO 
O presente trabalho versa sobre Adoção por casais Homoafetivos no atual 
cenário social. O trabalho tem como supedâneo, Doutrinas, Jurisprudências e 
algumas Leis vigentes referentes a união estável e casamentos. A ideia é trazer à 
baila, as dificuldades reais encontradas por casais Homoafetivos no momento em 
que se propõem a adotar uma criança ou um adolescente a falta de um 
ordenamento jurídico já pacificado. Além disso, será mencionado o pré-conceito que 
muitas pessoas têm em pensarem que um casal do mesmo sexo traria influências 
quanto à opção sexual dos adotandos. Devidos as constantes mudanças nas formas 
de constituição da estrutura familiar, foi possível através das uniões homoafetivas 
aumentar a possibilidade de esperança para as crianças e adolescentes de 
realizarem o tão almejado desejo de formarem uma família repletos de afeto, e 
principalmente respeito. 
 
Palavras-chave: Adoção; homoafetividade, família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O presente trabalho tem o escopo de mostrar que existe uma forma de 
constituir família através da adoção realizada por casais homoafetivos. Isto porque, 
alguns dos pré-requisitos para se constituir uma família é o afeto e o amor, e em 
nenhum lugar em nosso ordenamento vigente está escrito que é proibido constituir 
família por pessoas do mesmo sexo. 
 Sendo assim nota-se que a homoafetividade é apenas mais uma das variadas 
formas de constituição familiar. 
 Embora a adoção seja um ato jurídico, ela é primeiramente um ato de amor. É 
através deste ato de amor que uma pessoa cria um vínculo de filiação com outra, 
sem laços de sangue, e este por sua vez passa a ter condição de filho. Constituindo 
assim um vínculo de parentesco de 1º grau em linha reta. 
 Antigamente a família era constituída apenas através do casamento que se 
dava pela união entre um homem e uma mulher. Já nos dias atuais isso mudou. A 
estrutura familiar passou a se dar de diversas formas e dentro deste contexto os 
casais homoafetivos encontraram respaldo para lutarem por seus direitos. 
Por meio deste trabalho será analisada a legislação brasileira, quanto à 
adoção, seu cabimento, requisitos exigidos do adotante, e se há legislação que trate 
da adoção por homossexuais. Também serão mencionados dados para se constatar 
se há ou não prejuízos psicológicos às crianças e aos adolescentes submetidos ao 
tipo de adoção em questão. 
Iniciaremos discorrendo sobre família, sua evolução histórica e a família 
constitucionalizada. Na sequência serão abordados os principais princípios 
peculiares que alicerçam o Direito de Família. 
No capítulo intitulado como A Adoção, será mencionado como a adoção era 
vista no revogado Código Civil de 1916, e com o advento do Novo Código Civil de 
2002 quais as mudanças que surgiram. Dentro ainda deste capítulo, serão 
mencionados os principais artigos tanto do Código Civil de 2002 quanto do Estatuto 
da Criança e do Adolescente – ECA- Lei de nº 8.069 de 13 de julho de 1990 que 
balizam o assunto. Será mostrada a importância do estágio de convivência, vista 
para alguns como um namoro entre a criança e ou adolescente e a família que 
pretende adotar. 
Necessário se fez escrevermos em um capítulo sobre a união homoafetiva 
para que os leigos no assunto pudessem ter o mínimo de informação para 
compreender as seguintes considerações. 
E finalmente falaremos da adoção por casal homoafetivo, suas possibilidades, 
dificuldades e um julgado histórico que abriu precedente para esta tão nobre causa. 
 
 
 
 
 
4 A FAMÍLIA 
 
 
A família recebeu especial proteção do Estado, merecendo tratamento 
diferenciado no texto da Constituição Federal de 1988 que em seu artigo 226 caput 
prescreve ―A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado‖. 
 
A seu turno, o Direito de família, no ordenamento jurídico brasileiro, está 
regulamentado na legislação infraconstitucional Código Civil, entre seus artigos 1511 
e 1783 e nas leis especiais como Lei n. 6.515/77 Lei do Divórcio, Lei n. 5478/68 Lei 
de Alimentos, Lei de Adoção nº 12012/209, dentre outras. 
 
A palavra "família" deriva do verbete latino "famulus" que tem como 
significado "domésticos, servidores, escravos, séquito, comitiva, cortejo, casa, 
família". Na Roma antiga, a entidade familiar era composta por todos aqueles que 
pertenciam e serviam para a subsistência da família, estando subordinados ao “pater 
familias” 
. 
Atualmente, a família não é mais formada pelos indivíduos ligados pela 
consangüinidade, a família atual abrange o casal e seus filhos legítimos, legitimados 
e adotivos, a família monoparental, a família homoafetiva, dentre outras, ficando a 
cargo da doutrina e da jurisprudência a conceituação dessa entidade essencial ao 
ordenamento jurídico. 
 
 O conceito de família trás consigo uma significação psicológica, jurídica e 
social, impondo-nos uma obrigação de tratarmos o assunto com extremo cuidado, a 
fim de não corrermos o risco de cair no lugar comum da retórica vazia sem 
aplicabilidade prática, como salienta Pablo Stolze, pag 1119. ( Manual de Direito 
Civil, volume único, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, Ed. Saraiva, 
2017) 
 
A família é, sem sombra de dúvida, o elemento propulsor de nossas 
maiores felicidades e, ao mesmo tempo, é na sua ambiência em que 
vivenciamos as nossas maiores angústias, frustrações, traumas e medos. 
(STOLZE, 2010, p 47) 
 
 
Vários autores demonstram em suas obras a constante e inegável 
preocupação em relatar um conceito sobre família. Isso porque, por mais que se 
tende agradar a todos, essa se torna uma missão quase que impossível, pois o ser 
humano tem suas particularidades, entendendo um assunto de várias formas, issose dá a peculiaridade de cada indivíduo. 
 
 
 Se procurarmos em um dicionário como o Dicionário Houaiss, teremos os 
seguintes conceitos:(Pablo Stolze, p. 55, 2012) neste caso eu acho que é apud, mas 
não sei como colocar 
―família s. f. (sXIII cf. FichIVPM) 1 grupo de 
pessoas vivendo sob o mesmo teto (esp. O pai, a mãe e os filhos) 2 grupo 
de pessoas que têm uma ancestralidade comum ou que provêm de um 
mesmo tronco 3 pessoas ligadas entre si pelo casamento e pela filiação ou, 
excepcionalmente, pela adoção 3.1 fig. grupo de pessoas unidas por 
mesmas convicções ou interesses ou que provêm de um mesmo lugar (uma 
f. espiritual) (a f. mineira) 3.2 grupo de coisas que apresentam propriedades 
ou características comuns (porcelana chinesa da f. verde) 4 BIO categoria 
que compreende um ou mais gêneros ou tribos com origem filogenética, 
comum e distintos de outros gêneros ou tribos por características marcantes 
[Na hierarquia de uma classificação taxonômica, está situada abaixo da 
ordem e acima da tribo ou do gênero.] 5 GRÁF conjunto de tipos que 
apresentam em seu desenho as mesmas características básicas 6 MAT 
conjunto de curvas ou superfícies indexadas por um ou mais parâmetros 7 
QUÍM m. q. GRUPO • cf. tabela periódica • f. de instrumentos MÚS conjunto 
de instrumentos semelhantes que se distinguem pelo tamanho e pela 
afinação (‗nota‘) • f. de palavras LEX LING grupo de palavras que se 
associam por meio de um elemento comum, a raiz • f. linguística LING 
grupo de línguas geneticamente aparentadas (derivadas de uma mesma 
protolíngua), cuja origem comum, inferida por estudos comparativos de 
gramática, filologia e linguística histórica, é atestada por grande número de 
cognatos e de correspondências sistemáticas e regulares de ordem 
fonológica e/ou gramatical (f. linguística indo-europeia, fino- 55/1024 úgrica, 
sino-tibetano etc.) → cf. grupo, tronco, filo, ramo • f. natural DIR. CIV família 
formada pelos pais, ou apenas um deles, e seus descendentes • f. nuclear o 
grupo de família composto de pai, mãe e filhos naturais ou adotados 
residentes na mesma casa, considerado como unidade básica ou núcleo da 
sociedade • f. radiativa FÍS. NUC m. q. SÉRIE RADIATIVA • f. substituta 
DIR. CIV família estabelecida por adoção, guarda ou tutela • Sagrada ou 
Santa F. quadro ou outra representação artística figurando José, a Virgem e 
o Menino Jesus • ser f. ser honesto, recatado (nada de abusos, aquela 
garota é f.) • ETIM lat. Família, ae ‗domésticos, servidores, escravos, 
séquito, comitiva, cortejo, casa, família‘; ver famili- • SIN/VAR ver sinonímia 
de linhagem‖ 15 Antônio Houaiss e Mauro de Salles Villar, Dicionário 
Houaiss da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 1304. 
 
 
 4.1 A evolução histórica da família 
 
A família brasileira sofreu as influências da família romana, da família 
canônica e da família germânica e até hoje se encontra em constantes 
readaptações, tendo em vista a mutável situação do ser humano. 
 
No direito romano o conceito de família independia da consangüinidade, 
pois entendia-se como família o conjunto de pessoas que estavam sob a “patria 
potestas” do ascendente comum vivo mais velho. O chamado pai de família exercia 
sua autoridade sobre todos aqueles que eram seus descendentes ainda não 
emancipados, sobre aquela que era sua esposa, bem como sobre as mulheres 
casadas com “manus” com os seus descendentes. 
 
Na primeira fase do direito romano, a família também era interpretada 
como uma unidade política, uma vez que o Senado era constituído pela reunião dos 
chefes de família, chamada de “paters conscript”. A mulher ao contrair matrimônio 
podia continuar pertencendo à família de seu ascendente, quando a união acontecia 
sem “manus”, ou ainda, ela poderia adentrar a família de seu esposo, ocorrendo 
então a união com “manus”. O que não poderia acontecer era uma mesma pessoa 
pertencendo a duas famílias. 
 
Progressivamente a família romana foi se restringindo a autoridade do pai 
de família, dando-se mais autonomia para as mulheres e seus filhos, bem como 
ocorre na substituição dos vínculos agnatícios, quando o parentesco tem 
sanguinidade masculina e pelos cognatícios, quando o parentesco tem sanguinidade 
feminina. 
 
O Estado limitou a autoridade do “pater”, perdendo a família a sua unidade 
jurisdicional, pois se passa a admitir que o “alieni juris” possa recorrer ao magistrado 
no caso de abuso do “pater”. Desaparece a venda dos filhos pelo pai, e a este só se 
permite aplicar a “modica castigatio” (pena moderada). A mãe, em virtude de 
disposições de direito pretoriano, é autorizada a substituir o pai, ficando com a 
guarda dos filhos. A mãe também passa a ter direitos sucessórios na herança do 
filho, tornando-se herdeira legal na ausência de descendentes e de irmãos 
consangüíneos do falecido. E os filhos, por sua vez, passam a ser sucessores 
maternos. O parentesco que dominante na época passou a ser aquele 
fundamentado no vínculo de sangue. 
 
 Em Roma, a família era entendida como uma unidade patrimonial, onde quem 
tinha o total poder era o pater famílias, figura esta que detinha em suas mãos o 
poder da vida e da morte de todos os membros de sua família. Era sempre o ancião, 
apenas o falecimento deste o destituía do poder, liberando assim a sua prole, que se 
desmembrava e tornava cada um de seus descendentes masculinos um novo pater 
de suas respectivas famílias. 
 
 Para os romanos, o casamento era um estado de fato, que produzia efeitos 
jurídicos. Paralelo a ele, existia também a figura do concubinatus, que consistia em 
toda união livre entre homem e mulher na qual não ocorresse a affectio maritalis, 
efeito subjetivo do casamento, que representava o desejo de viver com o parceiro 
para sempre. Registre-se que, nesse momento, esse antecedente histórico do 
instituto do concubinato não tinha conotação pejorativa moral o Cristianismo 
condenou as uniões livres e instituiu o casamento como sacramento, pondo em 
relevo a comunhão espiritual entre os nubentes, cercando-a de solenidades perante 
a autoridade religiosa – (Pablo Stolze, p. 60. 2012) 
 
Na Idade Média, as relações familiares regiam-se exclusivamente pelo 
Direito Canônico, sendo que durante os séculos X ao XV era reconhecido apenas o 
casamento religioso. No direito canônico o casamento não era apenas um contrato, 
demonstrando a vontade entre as partes, mas também um sacramento que fora a 
união daquelas pessoas por Deus, o que não poderia ser dissolvido: “quos Deus 
conjunxit homo non separet” (o que Deus uniu o homem não separa). 
 
O casamento era considerado indissolúvel. Coube ao direito canônico, 
destacar a importância das relações sexuais no casamento, de forma que, era 
considerado o casamento perfeito, não apenas pela manifestação da vontade das 
partes na presença do sacerdote e muitas vezes em público, mas também pela 
cópula carnal, onde se entendia que o casamento havia sido consumado. 
 Só após o século XIV que fora admitido o divórcio fundado no mútuo 
consentimento das partes. O divórcio, como é atualmente, gerou na relação dos 
cônjuges a extinção dos deveres coabitação, subsistindo, todavia, entre os 
separados, os deveres de fornecer alimentos e da fidelidade recíproca. 
 
Adveio o Concílio de Trento que durou entre os anos 1545 a 1563 o 
fortalecimento da autoridade do rei e a volta do direito romano ao domínio que 
exercia no mundo, na época do Renascimento o Estado reivindicou a competência 
para julgar as questões referentes ao direito de família. Um acordo entre a Igreja e o 
Estado, regulamentou-se a necessidade da presença de testemunhas no ato do 
casamento, bem como a sua publicidade, requisitos estes que eram indispensáveis 
para validação do matrimônio, e que incorporaram o direito moderno, estando 
presentes até os dias atuais no nosso ordenamento. 
 
A família vista como célula básica da igreja e da sociedade, passou por uma 
mudançaque só tendia a crescer. No século XVIII, com a Revolução Industrial, 
houve um marco, iniciando uma alteração neste conceito. A até então visão 
paternalista, onde o pai era o provedor do lar, o líder espiritual, aquele que tinha todo 
o poder de decisão, passou a ficar abalado, porque, com a Revolução Industrial, as 
famílias saíram dos campos e começaram a migrar para as cidades, em busca de 
melhores salários, novas oportunidades, e com isso, as mulheres que antes serviam 
apenas nos préstimos do lar, começaram a entrar no mercado de trabalho, podendo 
assim, ajudar no sustento do lar. Com toda essa mudança, o tamanho da prole 
também passou a ser repensado, pois a vida na cidade era mais cara, e os filhos 
menores não podiam ajudar como ajudavam antes no campo com os afazeres da 
agricultura e pecuária. Outrora, a única forma de família que era reconhecida, era a 
constituída por um homem e uma mulher. Com o advento da Constituição Federal 
de 1998, em seu atual artigo 226, ocorreu um avanço significativo, reconhecendo 
outras formas de entidade familiar, pois antes, qualquer outra forma de união que 
não fosse de casamento entre um homem e uma mulher, era considerada uma 
união marginalizada. 
 
Em meados do século XIX surgiu no Brasil uma legislação especial no que 
se refere ao casamento. A Lei n.º 1.144, de 11/09/1861 atribuía efeitos civis aos 
casamentos religiosos realizados por aqueles que não seguiam a religião católica, 
desde que fossem devidamente registrados tais casamentos, bem como não 
contrariasse os bons costumes e a ordem pública, criando-se assim o registro 
estatal. Os casamentos eram comprovados única e exclusivamente pelas certidões 
do ministro celebrante da cerimônia. 
 
4.2 A família constitucionalizada 
 
Com a proclamação da República, desvinculou-se a Igreja do Estado. A 
primeira Constituição da República estabeleceu que seriam reconhecidos apenas o 
casamento civil, cuja celebração deveria ser realizada gratuitamente. A 
regulamentação do casamento civil foi feita pelo Decreto n.º 181, datado de 24-01-
1890, que aboliu a jurisdição eclesiástica, ficando como única forma de casamento 
aqueles realizados perante autoridade civil. Permitiu ainda a separação de corpos 
com justa causa ou havendo consentimento mútuo, mas manteve a indissolubilidade 
do vínculo e utilizando a técnica canônica de impedimentos. 
 
Manteve-se o processo canônico quanto à habilitação para o casamento, 
os impedimentos, as nulidade e anulabilidades, mantendo-se o entendimento de ser 
o vínculo conjugal indissolúvel. No tocante a mulher casada, esta foi inserida no rol 
dos relativamente incapazes, sendo dependente do marido para poder exercer uma 
profissão. 
 
A partir de 1930, com intuito de proteger a família, novas leis surgiram 
dispondo sobre a guarda dos filhos menores no caso do desquite judicial dos 
genitores, bem como sobre a prova de casamento para fins de previdência. A 
Constituição de 1937 beneficiou os filhos naturais, e uma lei posterior a ela, permitiu 
o reconhecimento e a investigação de paternidade do filho adulterino depois de 
dissolvida a sociedade conjugal e, por alteração posterior, o reconhecimento do filho 
tido fora do casamento quando separado de fato há mais de 05 (cinco) anos 
contínuos. 
 
Outra importante alteração se deu em 1962, pela Lei n.º 4.121, foi a 
emancipação da mulher casada, reconhecendo-lhe direitos iguais aos do marido 
dentro do seio familiar, e situação jurídica analógica, restaurando o pátrio poder da 
mulher bínuba, ou seja, aquela mulher, que tornou-se mãe e enviuvou. Surgiram 
também alguns tratamentos especiais quanto à concubina e efeitos restritos à união 
estável, como, por exemplo, o direito da concubina à herança. 
 
A seu turno a Lei n.º 6.515, de 26/12/1977, (lei do divórcio) regulou os 
casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e 
respectivo processo, sendo, sem dúvidas, a mais importante alteração no campo do 
direito de família, e o regime de comunhão parcial passou a ser o legal. 
 
A Constituição Federal de 1988 manteve a gratuidade do casamento civil 
e os efeitos civis do casamento religioso. A grande inovação da Constituição de 
1988 foi o reconhecimento da união estável como entidade familiar, devendo a lei 
facilitar a sua conversão em casamento. 
 
Estabeleceu-se a igualdade entre homem e mulher no exercício dos 
direitos e deveres referentes à sociedade conjugal, sendo atribuído os mesmos 
direitos aos filhos concebidos ou não no casamento, bem como àqueles adotados, 
sendo proibida qualquer discriminação relativa à filiação, e aos filhos maiores foi 
imposto o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade, 
consoante previsão legal do artigo 226, in verbis: 
 
C.F. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre 
o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua 
conversão em casamento. 
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada 
por qualquer dos pais e seus descendentes. 
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos 
igualmente pelo homem e pela mulher. 
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia 
separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou 
comprovada separação de fato por mais de dois anos. 
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o 
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de 
instituições oficiais ou privadas. 
§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos 
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de 
suas relações. 
 
O texto constitucional garantiu a impenhorabilidade do bem de família. 
Com isso, deu uma segurança maior para os integrantes da família. Seguindo a 
orientação constitucional, o legislador processual disciplinou a impenhorabilidade 
absoluta e relativa de determinados bens nos artigos 648 e 649 do Código de 
Processo Civil. 
Antes, era obrigatório que o casal estivesse separado judicialmente há 
um ano ou que comprovasse estar separado de verdade há dois anos para que a 
separação fosse convertida em divórcio. 
Em 13/06/2010, a Constituição Federal foi alterada e o instituto da 
separação deixou de existir. Hoje não é mais necessário comprovar qualquer 
período de separação. 
Essa alteração foi proposta pelo IBDEFAM ( Intituto Brasileiro de Direito de 
Família), com o objetivo de abolir o debate da culpa quando do fim do casamento, 
admitindo-se que este termina pelo fim do afeto. 
O atual Código Civil abandonou a visão patriarcalista do Código de 1916 
equiparou os cônjuges e estabeleceu a não-interferência das pessoas jurídicas de 
direito público na comunhão de vida instituída pelo casamento. 
 
No Livro de Família fora inserido um título referente à união estável, de 
forma que, além de sua previsão constitucional, a união estável foi equiparada ao 
casamento, pela Constituição Federal de 1988, até mesmo quanto ao regime de 
bens, o da comunhão parcial. Restou garantido a companheira ou companheiro o 
direito a participar da sucessão do outro, quando na vigência da união estável, 
concorrendo com os filhos comuns. 
 
Assim, Com o amparo da Constituição Federal de 1988, o Direito de 
Família ganhou status constitucional e, quanto a sua eficácia, seus princípios 
tornaram-se mais eficazes e seguros. 
 
Nesse sentido são os ensinamentos de Paulo Luiz Netto Lôbo. 
 
―O Estado social retomouo processo intervencionístico do Estado Absolutista, 
agora fundamentando-se não mais na vontade do príncipe, mas no ideário 
democrático do liberalismo matizado com as achegas do interesse social, 
variando da democracia social ao socialismo, independentemente da forma 
do exercício do poder político (democrático ou auticrático).‖O direito de família 
não ficou imune a essas vicissitudes: as Constituições liberais não tratavam 
da família e as Constituições do Estado social tratam-na como base da 
sociedade, traçando-lhe balizas. Assim, na nova Constituição brasileira. 
―É tão notável a influência do Estado na família que já se fala em substituição 
da autoridade paterna pela estatal. O Estado providência, do estar social, 
patrão, assume também a função de pai. Há um certo exagero nessa 
perspectiva. O sentido de intervenção que o Estado social vem assumindo é 
antes de proteção do espaço familiar, de sua garantia, do que de substituição. 
Até porque a afetividade não é subsumível à impessoalidade da res publica. 
―As experiências no mundo inteiro se orientam na linha do fortalecimento dos 
laços familiares, mesmo quando estes desaparecem na família de origem, ou 
de menores em situação irregular. São exemplares as soluções legais do 
affidamento faliliare na Itália, da Pflegekindschaft na Alemanha, das foster 
families na Inglaterra, das ‗famílias de substituição‘ na Polônia, onde são 
estimulados meios diversos de adoção ou guarda, em famílias, com o apoio 
do Estado. Não se trata aí de substituição de autoridade paternal por 
autoridade estatal, mas de reconstituição de laços familiares, com a proteção 
do Estado.‖ (LÔBO apud FACHIN, 2001,p.60). 
 
 
 A família passou a ser vista não mais como meio de reprodução apenas, e 
nem mesmo para a continuidade de patrimônio, e sim, para que fosse evidenciado o 
afeto. 
 
 Por mais que se tente conceituar família, não seria possível desenvolver um 
conceito de forma plena que venha a agradar toda a sociedade, porque cada 
indivíduo entende família de um modo subjetivo, tornando-se assim diferente dos 
demais. Contudo, é importante salientar que família tem o escopo de contribuir para 
a tessitura emocional de cada indivíduo. 
 
 Juntamente a inovação supramencionada, podemos acrescentar o movimento 
feminista, a disseminação do divórcio que através do seu reconhecimento acabou 
com a indissolubilidade do casamento, eliminando a ideia da família como instituição 
sacralizada, a mudança dos papéis nos lares, o Estatuto da Mulher Casada que 
devolveu a capacidade à mulher casada e deferiu-lhe a propriedade exclusiva de 
bens adquiridos com o fruto do seu trabalho ,entre outros, o reconhecimento do 
amor e afeto como princípio para a constituição familiar. 
 
5 PRINCÍPIOS PECULIARES DO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
 
5.1 Princípio da dignidade da pessoa humana 
 
 Aparentemente, quando se fala em dignidade da pessoa humana nem 
sempre é conotado a dimensão do que realmente significa. Entre os estudiosos e 
grandes nomes do direito, encontramos as mais variadas formas de conceituar 
dignidade da pessoa humana. Para algumas pessoas, a dignidade é aquilo que 
não possui um preço, ou seja, é algo acima da coisificação, não está a venda. 
Para outros, a dignidade é representada quando as necessidades básicas do ser 
humano são atendidas, como, saúde, lazer, educação. Mais do que garantir a 
simples sobrevivência, esse princípio assegura o direito de se viver plenamente, 
sem quaisquer intervenções estatais ou particulares. 
 Um caso que se tornou muito conhecido foi o ―arremesso de anões‖, ocorrido 
na França. (Pablo Stolze, p 97, 2012) 
 
 No início da década de 1990, determinada boate nos arredores de Paris 
apresentava aos seus clientes, como uma das opções de entretenimento, o 
arremesso de anões. O cliente interessado divertia-se arremessando à 
distância uma pessoa portadora dessa deficiência. A Prefeitura de Paris, por 
entender que tal prática, em franco desrespeito à dignidade humana, violava 
a Declaração Europeia de Direitos Humanos, afigurando-se ilícita, 
embargou a atividade. A boate se defendeu argumentando que teria o 
direito de exercer aquela atividade econômica. E o mais surpreendente: o 
anão figurou no processo, ao lado da boate, sustentando que aquela era a 
sua atividade econômica, o seu meio de sustento de vida. O Tribunal de 
Versalhes, então, cassou o embargo administrativo, autorizando a prática 
combatida. Coube ao Conselho de Estado da França reformar a decisão do 
Tribunal, para proibir em definitivo a modalidade, deixando claro que a 
dignidade de um homem não interessa apenas a ele, mas a toda a 
sociedade. Seria o caso de inseri-lo em algum programa assistencial do 
governo, mas não permitir a continuação de uma atividade profissional 
degradante. 
 
 Por ser tão complexo o exemplo narrado, pode-se ter noção de que a 
dignidade da pessoa humana está no cerne do ser humano. Se para aquele anão 
que trabalhava com isso e estava ganhando o seu dinheiro honestamente o 
arremesso não soava pejorativo, para outros parecia mais uma afronta. E no caso 
em tela, coube ao Conselho de Estado da França reformar a decisão do Tribunal, 
para proibir em definitivo a modalidade, deixando claro que a dignidade de um 
homem não interessa apenas a ele, mas a toda a sociedade. 
 
 Resumindo de uma maneira simplista, a dignidade da pessoa humana só será 
observada quando o indivíduo se respeitar, for respeitado e também conseguir 
respeitar seus pares dentro do âmbito familiar, que como se sabe, é a base da 
sociedade. 
 
5.2 Princípio da Igualdade 
 
 O princípio da igualdade veio para exaltar que todos devem ser tratados da 
mesma forma, desde que sejam iguais, ou seja, deve ser seguido em suma a frase 
do ilustre Ruy Barbosa, qual seja, tratar a iguais com desigualdade ou a desiguais 
com igualdade não é igualdade real, mas flagrante desigualdade. Isso porque, nada 
mais justo do que os desiguais serem tratados na medida de suas desigualdades. 
 A nossa Constituição foi enfática em dizer que ―todos são iguais‖, tanto 
homem quanto mulher e foi mais adiante ainda falando sobre os filhos havidos ou 
não dentro do casamento. (Maria Berenice, p 47,) 
 A mulher desde os primórdios era subjugada, não trabalhava fora do lar, já 
nascia com o intuito de procriar, satisfazer o marido, ser uma excelente dona de 
casa. Com o advento da revolução industrial as coisas mudaram, a informação 
começou a se propagar pelo mundo a fora através da globalização e facilidade do 
acesso à internet, e as mulheres por sua vez, começaram uma luta pela liberdade e 
a busca da igualdade. Cada vez mais as mulheres estão conquistando os lugares 
que antes somente os homens poderiam ocupar. A mulher hoje tem poder de 
escolha, pode escolher se quer casar, se que ter filhos, se quer trabalhar. 
 Como versa nosso vigente Código Civil de 2002, essa igualdade conquistada 
entre homens e mulheres também alcançou os filhos, vejamos : 
 
―Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por 
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 
designações discriminatórias relativas à filiação‖ 
―Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por 
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 
designações discriminatórias relativas à filiação‖ 
 
Na própria guarda compartilhada é notado o arranjo em que pai e mãe, sem 
cunho de uniteralidade ou prevalência, exercem simultaneamente os direitos e 
deveres decorrentes e inerentes ao poder familiar, com responsabilidades 
simultâneas pelo filho. 
Em se tratando de criança e adolescente, é atribuído primeiro à família, 
depois à sociedade e finalmente ao Estado o dever de garantir os direitos aos 
cidadãos, conforme versam os artigos 227, 229 e 230 todos da Constituição Federal 
de 1988. 
 Quanto à união homoafetiva, grande mobilização está ocorrendopara tutelar 
os direitos aqui no Brasil desse núcleo familiar, como é possível observar através do 
Recurso Especial a seguir: 
 ―RECURSO ESPECIAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR 
MORTE. RELACIONAMENTO HOMOAFETIVO. POSSIBILIDADE DE 
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. MINISTÉRIO PÚBLICO. PARTE LEGÍTIMA. 
1 — A teor do disposto no art. 127 da Constituição Federal, ‗O Ministério 
Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático de 
direito e dos interesses sociais e individuais indisponíveis‘. In casu, ocorre 
reivindicação de pessoa, em prol de tratamento igualitário quanto a direitos 
fundamentais, o que induz à legitimidade do Ministério Público, para intervir 
no processo, como o fez. 2 — No tocante à violação ao artigo 535 do 
Código de Processo Civil, uma vez admitida a intervenção ministerial, 
quadra assinalar que o acórdão embargado não possui vício algum a ser 
sanado por meio de embargos de declaração; os embargos interpostos, em 
verdade, sutilmente se aprestam a rediscutir questões apreciadas no v. 
acórdão; não cabendo, todavia, redecidir, nessa trilha, quando é da índole 
do recurso apenas reexprimir, no dizer peculiar de PONTES DE MIRANDA, 
que a jurisprudência consagra, arredando, sistematicamente, embargos 
declaratórios, com feição, mesmo dissimulada, de infringentes. 3 — A 
pensão por morte é: ‗o benefício previdenciário devido ao conjunto dos 
dependentes do segurado falecido — a chamada família previdenciária — 
no exercício de sua atividade ou não (neste caso, desde que mantida a 
qualidade de segurado), ou, ainda, quando ele já se encontrava em 
percepção de aposentadoria. O benefício é uma prestação previdenciária 
continuada, de caráter substitutivo, destinado a suprir, ou pelo menos, a 
minimizar a falta 106/1024 daqueles que proviam as necessidades 
econômicas dos dependentes‘. (Rocha, Daniel Machado da, Comentários à 
lei de benefícios da previdência social/Daniel Machado da Rocha, José 
Paulo Baltazar Júnior. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora: 
Esmafe, 2004. p. 251). 4 — Em que pesem as alegações do recorrente 
quanto à violação do art. 226, § 3.º, da Constituição Federal, convém 
mencionar que a ofensa a artigo da Constituição Federal não pode ser 
analisada por este Sodalício, na medida em que tal mister é atribuição 
exclusiva do Pretório Excelso. Somente por amor ao debate, porém, de tal 
preceito não depende, obrigatoriamente, o desate da lide, eis que não diz 
respeito ao âmbito previdenciário, inserindo-se no capítulo ‗Da Família‘. 
Face a essa visualização, a aplicação do direito à espécie se fará à luz de 
diversos preceitos constitucionais, não apenas do art. 226, § 3.º da 
Constituição Federal, levando a que, em seguida, se possa aplicar o direito 
ao caso em análise. 5 — Diante do § 3.º do art. 16 da Lei n. 8.213/91, 
verifica-se que o que o legislador pretendeu foi, em verdade, ali gizar o 
conceito de entidade familiar, a partir do modelo da união estável, com vista 
ao direito previdenciário, sem exclusão, porém, da relação homoafetiva. 6 
— Por ser a pensão por morte um benefício previdenciário, que visa suprir 
as necessidades básicas dos dependentes do segurado, no sentido de lhes 
assegurar a subsistência, há que interpretar os respectivos preceitos 
partindo da própria Carta Política de 1988 que, assim estabeleceu, em 
comando específico: ‗Art. 201. Os planos de previdência social, mediante 
contribuição, atenderão, nos termos da lei, a: (...) V — pensão por morte de 
segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, 
obedecido o disposto no § 2.º‘. 7 — Não houve, pois, de parte do 
constituinte, exclusão dos relacionamentos homoafetivos, com vista à 
produção de efeitos no campo do direito previdenciário, configurando-se 
mera lacuna, que deverá ser preenchida a partir de outras fontes do direito. 
8 — Outrossim, o próprio INSS, tratando da matéria, regulou, através da 
Instrução Normativa n. 25 de 7-6-2000, os procedimentos com vista à 
concessão de benefício ao companheiro ou companheira homossexual, 
para atender a determinação judicial expedida pela juíza Simone Barbasin 
Fortes, da Terceira Vara 107/1024 Previdenciária de Porto Alegre, ao deferir 
medida liminar na Ação Civil Pública 2000.71.00.009347-0, com eficácia 
erga omnes. Mais do que razoável, pois, estender-se tal orientação, para 
alcançar situações idênticas, merecedoras do mesmo tratamento. 9 — 
Recurso Especial não provido (REsp 395.904/RS, rel. Min. Hélio Quaglia 
Barbosa, data do julgamento 13-12-2005, 6.ª Turma)‖. Está no livro do 
Pablo Stolze, p. 106, 2012 
 
 
 Como é possível notar, o princípio à igualdade está em constante avanço, 
conquistando o seu espaço e mostrando para a sociedade as diversas formas de 
família, diversas maneiras de se viver, entre tantas outras inovações no mundo 
contemporâneo. 
 
5.3 Princípio da solidariedade familiar 
 
Esse princípio além de traduzir a afetividade necessária que une os membros 
da família, também concretiza uma especial forma de responsabilidade social 
aplicada à relação familiar. 
Essa solidariedade, visa determinar o amparo, a assistência material e moral 
recíproca entre todos os familiares presando sempre a dignidade da pessoa 
humana. 
Solidariedade é o que cada um deve ao outro. Esse princípio, que tem origem 
nos vínculos afetivos, dispõe de acentuado conteúdo ético, pois contém em suas 
entranhas o próprio significado da expressão solidariedade, que compreende a 
fraternidade e a reciprocidade. A pessoa só existe enquanto coexiste. O princípio da 
solidariedade tem assento constitucional, tanto que seu preâmbulo assegura uma 
sociedade fraterna. 
 Embora a ideia de solidariedade remonte aos mais puros e nobres 
sentimentos humanos, a repercussão patrimonial, no sistema normativo brasileiro, 
parece evidente. É o comentário crítico de PAULO LÔBO: 
 
―O Código Civil de 2002, apesar da apregoada mudança de paradigma, do 
individualismo para a solidariedade social, manteve forte presença dos 
interesses patrimoniais sobre os pessoais, em variados institutos do Livro 
IV, no Título I destinado ao ‗direito pessoal‘. Assim, as causas suspensivas 
do casamento, referidas no art. 1.523, são quase todas voltadas aos 
interesses patrimoniais (principalmente, em relação à partilha de bens). Da 
forma como permanece no Código, a autorização do pai, tutor ou curador 
para que se casem os que lhe estão sujeitos não se volta à tutela da 
pessoa, mas ao patrimônio dos que desejam casar; a razão de a viúva estar 
impedida de casar antes de dez meses depois da gravidez não é a proteção 
da pessoa humana do nascitura, ou a da certeza da paternidade, mas a 
proteção de seus eventuais direitos sucessórios; o tutor, o curador, o juiz, o 
escrivão estão impedidos de casar com as pessoas sujeitas a sua 
autoridade, porque aqueles, segundo a presunção da lei, seriam movidos 
por interesses econômicos. No capítulo destinado à dissolução da 
sociedade conjugal e do casamento ressaltam os interesses patrimoniais, 
sublimados nos processos judiciais, agravados com o fortalecimento do 
papel da culpa na separação judicial, na contramão da evolução do direito 
de família. Contrariando a orientação jurisprudencial dominante, o art. 1.575 
enuncia que a sentença de separação importa partilha dos bens. A confusa 
redação dos preceitos relativos à filiação (principalmente a 
imprescritibilidade prevista no art. 1.601) estimula que a impugnação ou o 
reconhecimento judicial da paternidade tenham como móvel interesse 
econômico (principalmente herança), ainda que ao custo da negação da 
história de vida construída na convivência familiar. Quando cuida dos 
regimes de bens entre os cônjuges, o Código (art. 1.641) impõe, com 
natureza de sanção, o regime de separação de bens aos que contraírem 
casamento com 120/1024 inobservância das causas suspensivas e ao 
maior de 60 anos, regra esta de discutívelconstitucionalidade, pois 
agressiva da dignidade da pessoa humana, cuja afetividade é 
desconsiderada em favor de interesses de futuros herdeiros. As normas 
destinadas à tutela e à curatela estão muito mais voltadas ao patrimônio do 
que às pessoas dos tutelados e curatelados. Na curatela do pródigo, a 
proteção patrimonial chega ao clímax, pois a prodigalidade é negada e a 
avareza premiada. Pablo Stolze, p. 1128, 2017 – Apud - Paulo Lôbo, 
Famílias, 2. ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 9. O autor se refere ao texto 
original do art. 1.641, anterior à Lei n. 12.344, de 9 de dezembro de 2010, 
que aumentou para 70 (setenta) anos a idade a partir da qual se torna 
obrigatório o regime da separação de bens no casamento. 
 
 
5.4 Princípio da afetividade 
 
 Maria Berenice pontua que: (p. 52) 
O termo affectio societatis, muito utilizado no Direito Empresarial, também 
pode ser utilizado no Direito das Famílias, como forma de expor a ideia da 
afeição entre duas pessoas para formar urna nova sociedade, a família. O 
afeto não é somente um laço que envolve os integrantes de uma família. 
Também tem um viés externo, entre as famílias, pondo humanidade em 
cada família, compondo, a família humana universal, cujo lar é a aldeia 
global, cuja base é o globo terrestre, mas cuja origem sempre será, corno 
sempre foi, a família. 
 
 Hodiernamente, ao se falar em família, logo nos vem à ideia de afetividade, 
isto porque a família deixou de ser vista como um meio para conseguir melhores 
condições de sustento, onde quanto mais filhos se tinham, mais mão de obra era 
colocada na lavoura, proporcionando assim uma condição mais confortável para o 
pater, pois a família maior produzia mais. Hoje, o que tem se buscado é a satisfação 
pessoal, o companheirismo, a convivência, o afeto, o amor e cuidado um pelo outro. 
 
 O afeto tem a sua origem da palavra latina affectus, que significa disposição, 
estar inclinado a. A raiz vem de afficere, que corresponde a afetar e significa fazer 
algo a alguém, influir sobre. 
 
 É a partir da construção do afeto que se é possível a demonstração do 
sentimento, do carinho, entre outras formas de demonstração de afeto. 
 
 O Direito Constitucional Brasileiro reconhece além de casamento, união 
estável e núcleo monoparental, outras formas de arranjos familiares, a exemplo da 
união entre pessoas do mesmo sexo ou mesmo a união poliafetiva. 
 Os autores optam pela expressão de união homoafetiva e não mais a 
expressão homossexual, pois acreditam que é união é alicerçada em afeto e não 
apenas pela sexualidade. 
 Compactuando com esse entendimento, MARIA BERENICE DIAS defende: 
―Indispensável que se reconheça que os vínculos homoafetivos – muito 
mais do que relações homessexuais – configuram uma categoria social que 
não pode mais ser discriminada ou marginalizada pelo preconceito. Está na 
hora de o Estado, que consagra como princípio maior o respeito à dignidade 
da pessoa humana, reconhecer que todos os cidadãos dispõem do direito 
individual à liberdade, do direito social de escolha e do direito humano à 
felicidade. (Maria Berenice Dias, união homossexual – O Preconceito e a 
Justiça. 2. Ed., p. 102-3). 
 
 O afeto é tomado como base para a orientação comportamental dos pais ou 
representantes, inclusive no que tange à inserção em família substituta como é 
possível verificar através dos considerandos da Convenção de Cooperação 
Internacional e Proteção de Crianças e Adolescentes em Matéria de Adoção 
Internacional. 
 Para que a criança e adolescente tenha um desenvolvimento harmonioso de 
sua personalidade, eles deverão crescer em um ambiente saudável, onde exista 
padrões, afeto, limites, com isso, tanto a criança quanto o adolescente 
desenvolverão um senso crítico, desenvolverão a empatia, porque serão tratados 
com amor. E a grande consequência de amor é mais amor e cuidado. 
 O princípio jurídico da afetividade faz despontar a igualdade entre irmãos 
biológicos e adotivos e o respeito a seus direitos fundamentais. O sentimento de 
solidariedade recíproca não pode ser perturbado pela preponderância de interesses 
patrimoniais. 
 
 
5.5 Princípio do melhor interesse da criança 
 
 
Durante longo período, a criança e ou adolescente não eram considerados 
sujeitos de direitos, tão pouco merecedores de proteção seja do Estado, da 
sociedade ou da própria família. Não havia reconhecimento de qualquer direito seu. 
A família estruturava-se por elos patrimoniais, tendo o pai poder absoluto sobre sua 
prole. 
 Contudo, houve um grande avanço neste sentido. Hoje existe o princípio do 
melhor interesse da criança e incluindo o adolescente, significa que estes devem ter 
seus interesses tratados com prioridade, tanto pelo Estado, pela sociedade e 
também pela família. O pátrio poder existia em função do pai; já o poder familiar 
existe em função e no interesse do filho. Nas separações dos pais o interesse do 
filho era secundário ou irrelevante; hoje, qualquer decisão deve ser tomada 
considerando seu melhor interesse. 
 Como bem pontua Paulo Lobo, em seu livro Direito civil – Famílias, paginas 
75 e 76, 2011, quando se refere ao princípio em comento ele diz: 
Nele se reconhece o valor intrínseco e prospectivo das futuras gerações, 
como exigência ética de realização de vida digna para todos. Sua origem é 
encontrada no instituto inglês do parens patriae como prerrogativa do rei em 
proteger aqueles que não poderiam fazê-lo em causa própria. Foi 
recepcionado pela jurisprudência norte-americana em 1813, no caso 
Commonwealth v. Addicks, no qual a Corte da Pensilvânia afirmou a 
prioridade do interesse de uma criança em detrimento dos interesses dos 
pais. No caso, a guarda da criança foi atribuída à mãe, acusada de 
adultério, já que este era o resultado que contemplava o melhor interesse 
daquela criança, dadas as circunstâncias. 
 
 
 
6 A ADOÇÃO 
 
 No Código Civil de 1916, só eram reconhecido como filhos legítimos, àqueles 
havidos dentro do matrimônio, e leia-se matrimônio como a união entre um homem e 
uma mulher. Os demais filhos recebiam diversos nomes e até alguns pejorativos 
como ―bastardinhos‖. Após a Constituição Federal, essa matéria ficou pacificada, na 
qual filhos são filhos, independe se gerados dentro ou fora do matrimônio ou se 
adotados. Tendo garantido os mesmos direitos, inclusive sucessórios, valorizando 
mais uma vez o vínculo afetivo e não apenas o sanguíneo. 
 Em um passado recente, a adoção era balizada através do Código Civil 
conjuntamente com o Estatuto da Criança e do Adolescente, pois haviam dois tipos 
de adoção, quais sejam, a adoção da criança e ou a do adolescente que era 
regulada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e a do maior de dezoito anos de 
idade que era regulada pelo Código Civil. Gerando assim uma instabilidade. 
 Com o advento da Lei 12.010 / 2009, esta matéria passou a ser regulada pelo 
ECA (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – LEI 8069 / 1990) e de 
forma subsidiária para tratar da matéria quando a adoção for para maiores de 18 
anos, subsidiando assim o Código Civil. 
―Art. 1.618. A adoção de crianças e adolescentes será deferida na forma 
prevista pela Lei n. 8069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do 
Adolescente. (Redação dada pela Lei n. 12.010, de 2009.) 
Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá de 
assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-
se, no que couber, as regras gerais da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 - 
Estatuto da Criança e do Adolescente. (Redação dada pela Lei n. 12.010, 
de 2009.) 
 
 O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, em seu artigo 39 assevera 
que a adoção é uma medida excepcional e irrevogável, a qual se deve recorrer 
apenas quando já estiverem esgotados os recursos para a manutenção da criança 
ou adolescente no seio familiar natural ou extensa. 
 Na sequência, no artigo 40 do mesmo Estatuto, salienta que―o adotando 
deverá contar com no máximo dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob 
a guarda ou tutela dos adotantes‖. 
 Uma pergunta frequente é: Quem pode adotar? 
 Primeiramente é importante mencionar que o artigo 50 do ECA descreve que 
a autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um registro de 
crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas 
interessadas na adoção. 
 Após esse primeiro passo de se inscrever nesse programa manifestando 
assim o seu desejo de adotar, existe um rol que deverá ser observado com suas 
possibilidades e seus impedimentos. Após observados, poderão adotar os maiores 
de dezoito anos, independente do estado civil, como versa o artigo 42 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente. Ainda no artigo 42, é descrito os que estão impedidos de 
adotar, quais sejam, os ascendentes e os irmãos do adotando, para estes é 
assegurado direito à guarda e à tutela. Um ponto importantíssimo a ser ressaltado é 
que deverá haver uma diferença de pelo menos dezesseis anos entre o adotante e o 
adotado, ou seja, o adotante deverá ser mais velho pelo menos dezesseis anos que 
o adotado. Existe a previsão sobre a adoção conjunta, a qual é indispensável que os 
adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a 
estabilidade da família (§ 2º, art. 42). “A estabilidade da família, a ambiência onde o 
adotando será criado — elementos que podem ser colhidos, não apenas mediante 
depoimentos testemunhais, mas também por meio de relatório ou estudo social — 
são fundamentais para que o juiz possa, com segurança, deferir a adoção, na 
perspectiva da proteção integral da criança e do adolescente‖. 16 Segundo o pensamento 
do ilustrado amigo Adauto Tomaszewski, o problema do efeito das estimulações ou das influências 
do meio no desenvolvimento do indivíduo constitui um dos principais temas da psicologia da criança 
(Adauto Tomaszewski, Separação, Violência e Danos Morais — A Tutela da Personalidade dos Filhos, 
São Paulo: Paulistanajur, 2004, p. 87). 
 
 Existe ainda a adoção ”post mortem” ou adoção póstuma (§6º, art.42), é 
aquela que foi concedida após o falecimento daquele que anteriormente manifestou 
sua vontade de forma inequívoca de adotar. Esta modalidade vem para celebrar 
esta manifestação de vontade e fazer justiça de certa forma. 
 
 Quanto ao estágio de convivência, o artigo 46 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente versa como deve proceder: 
―Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança 
ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as 
peculiaridades do caso. § 1.º O estágio de convivência poderá ser 
dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do 
adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a 
conveniência da constituição do vínculo. [Redação dada pela Lei n. 12.010, 
de 2009.] § 2.º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa 
da realização do estágio de convivência. [Redação dada pela Lei n. 12.010, 
de 2009.] § 3.º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou 
domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território 
nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias. [Incluído pela Lei n. 12.010, 
de 2009.] § 4.º O estágio de convivência será acompanhado pela equipe 
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, 
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da 
política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão 
relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. 
[Incluído pela Lei n. 12.010, de 2009.] 
 
 Este estágio de convivência é de suma importância para que se tenha a 
certeza do ato que está prestes a se concretizar, pois a adoção é irrevogável. É 
neste estágio que os adotantes terão contato com o adotado, sentindo se serão 
capazes de dar o amor necessário para esta criança e ou adolescente. Muitos 
adotantes geram uma expectativa exacerbada para a chegada da criança e nem 
sempre essas expectativas são atendidas. Alguns acham que a adoção será capaz 
de curar a dor da perda de um filho que se foi de forma prematura ou simplesmente 
será capaz de curar o trauma pela incapacidade de engravidar. A maioria das vezes 
costuma acontecer principalmente quando o casal não pode gerar os próprios filhos. 
É uma possível consequência da infertilidade. Ao mesmo tempo que a criança 
oferece a oportunidade de completar a família, ela será a eterna lembrança de que o 
casal não pôde ter filhos. Por isso, técnicos do Judiciário e psicólogos recomendam 
a esses casais que haja uma espécie de luto pela criança que não foi concebida 
antes de procurarem a adoção. Por tantas razões, especialistas acreditam que o 
estágio de convivência é essencial para a adoção chegar a bom termo. É o chamado 
‗namoro‘ entre a criança e os pais. Os candidatos a pais visitam a criança no abrigo 
com a frequência possível e durante o tempo que a Justiça achar necessário. É um 
período de troca, quando se formam os laços afetivos e se obtêm informações de 
parte a parte. Quanto mais informados são os pais sobre a adoção, maiores as 
chances de ela dar certo. 
 Quanto ao consentimento, o artigo 45 do ECA descreve que a adoção 
dependerá do consentimento dos pais ou representante legal do adotando. Este 
consentimento somente será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos 
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar. Ainda versa 
que em casos de adotando maior de doze anos de idade, também deverá contar 
com o consentimento deste. 
 A adoção gera direitos pessoais e patrimoniais, inclusive sucessórios, o 
adotando passa para a condição de filho e desligando-se assim dos pais naturais, 
mantida apenas a restrição quanto ao impedimento matrimonial. 
ECA- ―Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os 
mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer 
vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. § 1.º Se 
um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os 
vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e 
os respectivos parentes. § 2.º É recíproco o direito sucessório entre o 
adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes 
e colaterais até o 4.º grau, observada a ordem de vocação hereditária‖. 
 
 O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial e produzirá seus efeitos 
após o trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 
6º do art. 42 do ECA. 
 Mesmo com a sentença transitada em julgado, é assegurado ao adotando o 
direito de conhecer sua origem biológica, deixando claro que esse permissivo será 
apenas para a investigação da origem biológica, não sendo possível a sua 
reinserção na família de origem. 
ECA - ―Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, 
bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi 
aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. 
[Redação dada pela Lei n. 12.010, de 2009.] 
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser também 
deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada 
orientação e assistência jurídica e psicológica. [Incluído pela Lei n. 12.010, 
de 2009.] 
 
 Quanto a adoção internacional, o ECA nos seus artigos 51 e 52 procurou ser 
minuciosa devido a necessidade de resguardar a vida do adotando e o melhor para 
interesse do adotando. Por se tratar em levar o adotando para outro país, 
primeiramente deverão ser esgotadas as possibilidades de a criança ou adolescente 
ser colocada em uma família substituta aqui no Brasil, somente depois de exaurida 
essa possibilidade é que será aberto o procedimento para a adoção internacional. 
Neste caso, os adotantes mesmo estrangeiros deverãoser inscritos em cadastro 
distinto conforme artigo 50, § 6º, ECA. 
 
7 UNIÃO HOMOAFETIVA 
 
 Para que o tema do trabalho possa ter um amplo entendimento, se faz 
necessário que seja esclarecido o que vem a ser uma união homoafetiva, para isso, 
é imprescindível que deixemos de lado prévias concepções morais e religiosas, 
achismos e pré-conceitos ressaltando que de forma alguma esse trabalho tem a 
intenção de obrigar aos leitores e a quem interessar possa, a forçar a aceitação 
desta modalidade de união. 
 A premissa envolvente neste trabalho é a busca da felicidade, ―o caráter 
socioafetivo e eudemonista do conceito de família, seria um indesejável 
contrassenso, agora, negarmos o reconhecimento do núcleo formado por pessoas 
do mesmo sexo.‖ (STOLZE, p 629, 2012) 
 Sendo a família um núcleo formado com o intuito de prestigiar a afetividade, e 
buscando a satisfação e realização de todos sem deixar de lado a felicidade em 
conviver, seria ilógica não dar crédito a união de pessoas do mesmo sexo, na qual 
estejam buscando conviver para perpetuarem a felicidade na qual acreditam. 
 Importante e necessário se faz uma melhor explanação do assunto 
para que se torne de fácil entendimento dos mais leigos no assunto, estaremos 
explicando a terminologia, não devendo ser confundido transexualismo 
(transexualidade) com homossexualismo. Isto porque o transexualismo ―é uma 
patologia, consistente em um transtorno de identidade psicossexual, catalogada pela 
organização Mundial de Saúde e também observada pelo Conselho Federal de 
Medicina (CFM)‖. Segundo o professor LUIZ SALVADOR: 
―O Conselho Federal de Medicina adota a mesma definição da Organização 
Mundial de Saúde (OMS). A transexualidade está na classificação 
internacional de doenças e é um transtorno de identidade psicossexual. O 
indivíduo não só deseja pertencer ao outro sexo como existe uma 
incoerência profunda entre mente e corpo. A identidade do transexual é 
diferente de seu sexo. No caso do travesti, ele deseja ser diferente, mas a 
contradição entre mente e corpo não é tão acentuada. Portanto, 
transexualismo é um quadro totalmente distinto de travestismo. Na teoria 
das contradições, tão cara aos dialéticos, a contradição antagônica é a mais 
extrema das contradições. Aí, antagonismo pouco acentuado se revela um 
dislate a ser evitado. (...) O transexual rejeita tudo o que diz respeito ao seu 
sexo, o que inclui uma aversão pelo órgão genital. Os casos descritos na 
literatura científica, assim como a minha experiência profissional, mostram 
que todo transexual deseja uma mudança corporal o mais completa 
possível para se adequar ao gênero com o qual ele se identifica. Quando o 
indivíduo demonstra não desejar uma mudança completa, provavelmente, 
ele não é transexual, mas sim travesti. Do ponto de vista médico, para um 
transexual, a mudança corporal completa significa se adequar a sua 
identidade. Para um travesti, essa mudança é uma mutilação irreversível. 
Alguns travestis se submetem à cirurgia de transgenitalização no exterior e 
depois, sobretudo quando chegam à meia-idade, se arrependem, só que 
então é tarde demais, porque a operação é irreversível‖1 
 (Stolze, p 630, 2012). 
 . 
 
 Sendo assim, deve-se evitar a palavra homossexualismo porque ficou 
evidenciado que o sufixo ismo conota-se em patologia e a homossexualidade é o 
inverso disso. A homossexualidade busca a gênese da palavra eudemonismo, ou 
seja, a busca da felicidade. Neste caso, pessoas do mesmo sexo se completam e se 
sentem felizes quando dividem uma vida. 
 Para o ilustre doutrinador Pablo Stolze, p 635.2012 ―A homossexualidade não 
é doença, não é perversão, e, qualquer tentativa de enquadramento jurídico nesse 
sentido afrontaria escancaradamente o princípio da dignidade da pessoa humana. 
Trata-se, em nosso sentir, de um modo de ser, de interagir, mediante afeto e/ou 
contato sexual com um parceiro do mesmo sexo, não decorrente de uma mera 
orientação ou opção, mas, sim, derivado de um determinismo cuja causa não se 
poderia apontar. Com isso, evitamos a expressão ―opção sexual‖, pois, da mesma 
forma que o heterossexual não ―escolhe‖ este modo de vida, o homossexual 
também não‖. 
 Embora seja um assunto que vive em constante debate, a verdade é que não 
existe nada que comprove o que gera a homossexualidade. Se a pessoa nasce 
assim com essa pré-disposição ou se adquire com o tempo. Mas o que é sabido e 
que deve ser exercido é o respeito pelas diferenças. Independente se é correto ou 
não, a vida alheia deve ser respeitada, a condição sexual do próximo deve ser 
respeitada. 
 Atualmente uma relação entre pessoas do mesmo sexo é denominada de 
união homoafetiva, porque as pessoas não estão unidas pelo sexo em si, mas sim 
pela busca do afeto, busca da felicidade e com o intuito de constituir uma família. 
 Como o legislador ainda não cuidou de pacificar um lugar exclusivo na 
legislação vigente para as uniões homoafetivas, estas são equiparadas às uniões 
estáveis. Sendo assim, os deveres basilares que regem os casamentos também são 
exigidos nas uniões homoafetivas, como, dever de lealdade; dever de respeito; dever 
de assistência; dever de guarda, sustento e educação dos filhos. 
 
8 ADOÇÃO POR CASAL HOMOAFETIVO 
 
Sempre que o assunto for adoção o que deverá ser relevado é o melhor 
interesse da criança e ou do adolescente. 
O pré-conceito fala tão alto em nossa sociedade que quando ouvimos que um 
casal homoafetivo deseja adotar uma criança ou um adolescente, a primeira frase 
que ouvimos é que isso não deve acontecer, pois a criança ou o adolescente irá 
virar um homossexual, como se casais heterossexuais não possuíssem filhos 
homossexuais. Surgem, também, considerações sobre os possíveis prejuízos vindos 
da falta dos referenciais materno e paterno na educação do menor. Reconhece-se a 
ausência de fundamentação cientifica e de comprovação fática para os argumentos 
mais utilizados. 
Uma pesquisa foi realizada Com propriedade, lembram MARCELO MOREIRA e 
AMANDA MACHADO: ―A Associação Americana de Psicologia, em 1995, terminou 
profunda pesquisa sobre a questão da homoparentalidade, constituída de uma 
amostragem muito densa e de observação regular, concluindo que ‗as evidências 
sugerem que o ambiente doméstico promovido por pais homossexuais é tão 
favorável quanto os promovidos por pais heterossexuais para apoiar e habilitar o 
crescimento ‗psicológico das crianças‘. A maioria das crianças, em todos os estudos, 
funcionou bem intelectualmente e não demonstraram comportamentos 
egodestrutivos prejudiciais à comunidade. Os estudos também revelam isso nos 
termos que dizem respeito às relações com os pais, autoestima, habilidade de 
liderança, egoconfiança, flexibilidade interpessoal, como também o geral bem-estar 
emocional das crianças que vivem com pais homossexuais não demonstrava 
diferenças daqueles encontrado com seus pais heterossexuais‖. Convém ressaltar, 
embora seja óbvio, que a analisada unidade familiar homoafetiva que representa 
âmbito familiar ideal para a criação e a educação da prole é aquela social, afetiva e 
psicologicamente bem-estruturada, cujos laços se dão em decorrência do 
sentimento de afeto lastreada na confiança, no respeito mútuo, na durabilidade e na 
publicidade, umbrais sólidos e seguros para as relações microssociais familiares. 
663/1024 Diante de todo o exposto, verifica-se que a paternidade/maternidade 
independe da orientação sexual dos pais, sendo esta última completamente 
irrelevante para a boa educação e criação da prole. (Pablo Stolze – p 663, 2012) 
apud - Marcelo Alves Henrique Pinto Moreira e Amanda Franco Machado, “Adoção conjunta por 
casais homoafetivos”. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2.170, 10 jun. 2009. Disponível em: . Acesso 
em: 2 set. 2010.)***** não sei se neste caso teremos que colocar em arial 10 
A doutrinadora Marianna Chaves em seu livro HOMOAFETIVIDADE E 
DIREITO- ProteçãoConstitucional, Uniões, Casamentos e Parentalidade, 3ª Edição, 
Editora Juruá, 2015, página 304, traz que em outubro de 2000, a tese de um jovem 
psiquiatra infantil (tese de Doutoramento em Medicina, na Universidade de Bordeaux 
de, NAUDAU) mostrou que o desenvolvimento psicológico de crianças criadas pelos 
pais homossexuais é semelhante à dos infantes criados por duas pessoas de sexos 
diferentes e que a Academia Americana de Pediatria já se manifestou publicamente 
em prol da adoção por indivíduo ou par homossexual. 
 
O STJ de forma brilhante o deferiu este julgado e encorpando assim a voz 
daqueles que outrora viviam marginalizados: 
―Direito Civil. Família. Adoção de menores por casal homossexual. 
Situação já consolidada. Estabilidade da família. Presença de fortes 
vínculos afetivos entre os menores e a requerente. Imprescindibilidade da 
prevalência dos interesses dos menores. Relatório da assistente social 
favorável ao pedido. Reais vantagens para os adotandos. Artigos 1.º da Lei 
n. 12.010/09 e 43 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Deferimento da 
medida. 1. A questão diz respeito à possibilidade de adoção de crianças por 
parte de requerente que vive em união homoafetiva com companheira que 
antes já adotara os mesmos filhos, circunstância a particularizar o caso em 
julgamento. 2. Em um mundo pós-moderno de velocidade instantânea da 
informação, sem fronteiras ou barreiras, sobretudo as culturais e as relativas 
aos costumes, onde a sociedade transforma-se velozmente, a interpretação 
da lei deve levar em conta, sempre que possível, os postulados maiores do 
direito universal. 3. O artigo 1.º da Lei n. 12.010/09 prevê a ‗garantia do 
direito à convivência familiar a todas e crianças e adolescentes‘. Por sua 
vez, o artigo 43 do ECA estabelece que ‗a adoção será deferida quando 
apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos 
legítimos‘. 4. Mister observar a imprescindibilidade da prevalência dos 
interesses dos menores sobre quaisquer outros, até porque está em jogo o 
próprio direito de filiação, do qual decorrem as mais diversas consequências 
que refletem por toda a vida de qualquer indivíduo. 5. A matéria relativa à 
possibilidade de adoção de menores por casais homossexuais vincula-se 
obrigatoriamente à necessidade de 665/1024 verificar qual é a melhor 
solução a ser dada para a proteção dos direitos das crianças, pois são 
questões indissociáveis entre si. 6. Os diversos e respeitados estudos 
especializados sobre o tema, fundados em fortes bases científicas 
(realizados na Universidade de Virgínia, na Universidade de Valência, na 
Academia Americana de Pediatria), ‗não indicam qualquer inconveniente em 
que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a 
qualidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que serão 
inseridas e que as liga a seus cuidadores‘. 7. Existência de consistente 
relatório social elaborado por assistente social favorável ao pedido da 
requerente, ante a constatação da estabilidade da família. Acórdão que se 
posiciona a favor do pedido, bem como parecer do Ministério Público 
Federal pelo acolhimento da tese autoral. 8. É incontroverso que existem 
fortes vínculos afetivos entre a recorrida e os menores — sendo a 
afetividade o aspecto preponderante a ser sopesado numa situação como a 
que ora se coloca em julgamento. 9. Se os estudos científicos não sinalizam 
qualquer prejuízo de qualquer natureza para as crianças, se elas vêm sendo 
criadas com amor e se cabe ao Estado, ao mesmo tempo, assegurar seus 
direitos, o deferimento da adoção é medida que se impõe. 10. O Judiciário 
não pode fechar os olhos para a realidade fenomênica. Vale dizer, no plano 
da ‗realidade‘, são ambas, a requerente e sua companheira, responsáveis 
pela criação e educação dos dois infantes, de modo que a elas, 
solidariamente, compete a responsabilidade. 11. Não se pode olvidar que se 
trata de situação fática consolidada, pois as crianças já chamam as duas 
mulheres de mães e são cuidadas por ambas como filhos. Existe dupla 
maternidade desde o nascimento das crianças, e não houve qualquer 
prejuízo em suas criações. 12. Com o deferimento da adoção, fica 
preservado o direito de convívio dos filhos com a requerente no caso de 
separação ou falecimento de sua companheira. Asseguram-se os direitos 
relativos a alimentos e sucessão, viabilizando-se, ainda, a inclusão dos 
adotandos em convênios de saúde da requerente e no ensino básico e 
superior, por ela ser professora universitária. 666/1024 13. A adoção, antes 
de mais nada, representa um ato de amor, desprendimento. Quando 
efetivada com o objetivo de atender aos interesses do menor, é um gesto de 
humanidade. Hipótese em que ainda se foi além, pretendendo-se a adoção 
de dois menores, irmãos biológicos, quando, segundo dados do Conselho 
Nacional de Justiça, que criou, em 29 de abril de 2008, o Cadastro Nacional 
de Adoção, 86% das pessoas que desejavam adotar limitavam sua intenção 
a apenas uma criança. 14. Por qualquer ângulo que se analise a questão, 
seja em relação à situação fática consolidada, seja no tocante à expressa 
previsão legal de primazia à proteção integral das crianças, chega-se à 
conclusão de que, no caso dos autos, há mais do que reais vantagens para 
os adotandos, conforme preceitua o artigo 43 do ECA. Na verdade, ocorrerá 
verdadeiro prejuízo aos menores caso não deferida a medida. 15. Recurso 
especial improvido‖ (REsp 889.852/RS, rel. Min. Luis Felipe Salomão, 
julgado em 27-4-2010, DJe 10-8-2010, 4.ª Turma). 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/16839762/recurso-especial-resp-889852-rs-2006-
0209137-4/inteiro-teor-16839763 
 Certamente, esta decisão do STJ abriu as portas para que os casais 
homoafetivos, pudessem buscar a consolidação de suas famílias, agora com o 
direito de adoção mais palpável. Pois até pouco tempo, apenas um dos parceiros 
ingressava no processo de adoção, realizando a modalidade unilateral. 
 
 
9 CONCLUSÃO 
 
Para falar de um tema tão complexo como a adoção por casal homoafetivo foi 
realmente um desafio, visto que, apesar de estarmos em um mundo onde a 
modernidade se mostra de forma escancarada nas vitrines da vida, quando falamos 
em modos diferentes de constituir famílias, notamos que a sociedade se mostra 
retrógrada, pelo menos grande parte dela. Quando falamos em adoção por casal 
homoafetivo então isso piora, vem sempre alguém falando que isso não é certo 
porque influenciará a cabeça da criança ou do adolescente, como já vimos que isso 
não procede. 
 Hoje, infelizmente algumas pessoas mesmo com tantas informações 
preferem continuar paradas no tempo, não evoluírem, preferem não dar lugar ao 
novo. O legislador prefere se calar ao invés de pacificar os direitos dos casais 
homoafetivos incluindo neste silêncio a ausência de normas para a adoção por 
casais homoafetivos. 
 
Cabe a nós, pensadores e admiradores do Direito, lutarmos pela equidade, 
como já dizia Rui Barbosa, ―A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar 
desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta 
desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a 
verdadeira lei da igualdade... Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com 
igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real‖. 
https://www.pensador.com/frase/MTIwMzQ3/ 
 
Diante do exposto, e considerando que é inerente ao ser humano a 
necessidade da construção de laços afetivos com outras pessoas, para que assim 
possam conviver em sociedade e constituírem laços mais estreitos de afetividade no 
intuito de constituir família, o direito de adoção por casais homoafetivos configura-se 
em importante instrumento na consolidação desta nova estrutura familiar. 
A prática da adoção é, antes de mais nada, uma forma de oportunizar àqueles 
que por diversas razões foram privados de um lar um novo começo, ensinando 
assim os princípios norteadores da sociedade.Se não fosse por este ato de amor, 
essas crianças e adolescentes estariam fadados à solidão, cresceriam sem amor e 
sem uma perspectiva de um futuro melhor. 
É importante que frisemos que a adoção por casais homoafetivos nada difere 
da adoção realizada por casais heterossexuais, visto que todos tem a capacidade de 
amar e ensinar valores a outras pessoas, sem falar que o que realmente importa na 
adoção é amor dispensado ao novo integrante da família e o amor que será recebido 
pelos familiares de uma maneira recíproca e natural. 
 
10 REFERÊNCIAS 
 
MARIANNA CHAVES – HOMOAFETIVIDADE E DIREITO –Proteção Constitucional, 
Uniões, Casamento e Parentalidade, 3ª Edição, Revista e Atualizada – Editora Juruá 
– Curitiba 2015 
 PABLO STOLZE GAGLIANO – RODOLFO PAMPLONA FILHO, MANUAL DE 
DIREITO CIVIL Volume único - Editora Saraiva Jur, 2017 
ROLF MADALENO - CURSO DE DIREITO DE FAMÍLIA –– 5ª Edição, revista, 
atualizada e ampliada, Editora Foresnse, 2013 
PABLO STOLZE GAGLIANO – RODOLFO PAMPLONA FILHO - NOVO CURSO 
DE DIREITO CIVIL –DIREITO DE FAMÍLIA – AS FAMÍLIAS EM PERSPECTIVA 
CONSTITUCIONAL 6 – 2ª Edição, revista, atualizada e ampliada, Editora Saraiva, 
2012 
MARIA BERENICE DIAS – MANUAL DE DIREITO DAS FAMÍLIAS – 10ª Edição, 
revista, atualizada e ampliada, Editora THOMSON REUTERS – REVISTA DOS 
TRIBUNAIS – Barra Funda, 2015 
PAULO LÔBO - DIREITO CIVIL – FAMÍLIAS – 4ª Edição, Editora Saraiva – 2011. 
VADE MECUM – SARAIVA- 2017. 23ª Edição – Editora Saraiva Jur 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/16839762/recurso-especial-resp-889852-rs-2006-
0209137-4/inteiro-teor-16839763 
https://www.pensador.com/frase/MTIwMzQ3/ 
 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/16839762/recurso-especial-resp-889852-rs-2006-0209137-4/inteiro-teor-16839763
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/16839762/recurso-especial-resp-889852-rs-2006-0209137-4/inteiro-teor-16839763
https://www.pensador.com/frase/MTIwMzQ3/

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