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Financiamento Inicialmente, o MERCOSUL – Mercado Comum do Sul –, surge como uma forma de integrar os países periféricos na economia internacional, sendo uma das primeiras formas de globalização monetária. Entretanto, apesar de teoricamente ser uma boa medida para solução dos graves problemas financeiros, a globalização financeira não sanou os impasses internos desses países subdesenvolvidos. 1 Porém, ainda que não se possa falar em uma visão liberal de regionalismo superada, os países integrantes do grupo econômico passaram a considerá-lo como uma forma de alcançar equilíbrio entre eles, os países integrantes do grupo, e não apenas como uma forma de comercialização externa.2 É de suma importância ressaltar que os países que integram o bloco possuem diversidade em suas aberturas comerciais internacionais, não podendo, portanto, haver uma limitação no que se refere a essa heterogenia. Contudo, visando diminuir as diferenças internas, os países optaram por diminuir as restrições para os mercados externos, com o objetivo de diminuir as diferenças internas entre eles, ocorre, que o propósito supramencionado obteve efeito revés e agravou a diferença econômica preexistente.3 1 AMADO, A. M.; SILVA, A. S. da. Considerações sobre o processo de integração monetário-financeira do Mercosul. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 30, n. 4, out./dez. 2000. p. 571-596 2 DEOS, Simone S. de; MENDONÇA, Ana Rosa Ribeiro de; WEGNER, Rubia C. Cooperação financeira no Mercosul e o financiamento do investimento. Nova Economia, v. 23, n. 1, 2013. p. 155-184 3 Ibid. 2013. 1 Partindo para o âmbito nacional, o Brasil se favoreceu do sistema adotado pelo bloco, conforme preconiza Deos, Mendonça e Wegner: O sistema financeiro brasileiro passou por mudanças importantes nos anos 1990. Entre essas transformações, destacam-se: (i) o processo de liberalização financeira, que possibilitou a entrada de capitais estrangeiros no sistema; (ii) a perda do importante lucro inflacionário após o Plano Real, que impactou fortemente as instituições financeiras; (iii) um amplo movimento de fusões e aquisições, associado a processos de intervenção e liquidação de bancos privados e extinção ou privatização de grande parte dos bancos públicos estaduais, o que implicou uma importante diminuição do segmento público no sistema financeiro, concomitante a um aumento da participação estrangeira no referido setor; (iv) reestruturação das instituições financeiras públicas federais. (Deos, Mendonça e Wegner, 2013). Partindo do anteposto, percebe-se que ocorreram profundas mudanças no mercado econômico nacional, trazendo, desse modo, inúmeros benefícios ao país. No que se refere ao financiamento do bloco como um todo, inúmeros foram os programas com esse escopo, a seguir citaremos alguns deles. O FOCEM – Fundo de Convergência Estrutural do MERCOSUL –, criado em 2004, surge como uma foram de equilibrar as diferenças estruturais entre a Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, seu principal objetivo fora a integração de menores regiões, fortalecimento do processo de integração e o funcionamento da estrutura institucional.4 4 SOUZA, André de Mello; OLIVEIRA, Ivan Tiago Machado; GONÇALVES, Samo Sérgio. O Fundo de convergência estrutural do Mercosul: agendas e propostas. 2011. 2 Outro fundo que passou a vigorar no Brasil em 2011, foi o Fundo de Financiamento do Setor Educacional do MERCOSUL – FEM–, seu principal objetivo é favorecer o deslocamento de professores e estudantes dentro dos países do bloco, e, além dos países-membros (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), os países associados também poderão participar, a estimativa é de que a contribuição inicial seja orçada em US$ 1 milhão.5 Por fim, percebe-se que o financiamento do bloco dá-se por meio da integração entre os países-membros para criação de recursos com propósito específico para as necessidades surgidas, sendo os dois fundos supracitados um exemplo das formas que o grupo encontrou para solucionar suas demandas. Principais tratados celebrados O presente tópico tem por objetivo tratar acerca dos principais tratados, acordos e protocolos celebrados pelo bloco econômico do MERCOSUL, bem como a sua importância no contexto econômico-social dos países-membros. Um dos tratados de maior importância para o bloco foi o de Assunção, assinado no ano de 1991, que tinha por objetivo a circulação de mercadorias, fomento do comércio de maneira 5 BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. 2011. Fundo de Financiamento do Setor Educacional do Mercosul (FEM). Disponivel em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/notas-a-imprensa/2624-fundo-de- financiamento-do-setor-educacional-do-mercosul-fem > Acesso em 21 abril. 2020. 3 interna entre os países que o assinaram, e busca de melhora na qualidade e no preço das mercadorias comercializadas.6 Merece atenção o tratado anteposto por conta de seu conteúdo: o MERCOSUL tem como principal objetivo as relações financeiras, portanto, um tratado que versa acerca do fomento comercial é de presença indispensável. Versando acerca de tratados, falar-se-á, neste momento sobre o Protocolo de Medidas Cautelares, salienta-se que a principal diferença entre os protocolos, acordos e os tratados são acerca de sua natureza gradativa, entretanto, possuem a mesma essência. O Protocolo de Medidas Cautelares, datado no ano de 1994, surge como uma forma de garantir a efetividade das relações examinadas pelo bloco, ou seja, caso um ato arbitral ou judicial fosse pacificado, teria ele juridicidade interna, devendo, portanto, ser acatado por todos os países-membros.7 Pode-se citar como sendo um dos seus principais benefícios o surgimento de uma espécie de jurisdição unificada, ou seja, ainda que a decisão tenha sido tomada por uma autoridade no exterior, por ser integrante do bloco, a aplicabilidade seria efetivada sem maiores burocracias. Por fim, um dos mais recentes, o Acordo de Facilitação do Comércio, assinado no ano de 2019, confere uma grande vitória a Organização Mundial do Comércio, pois desde a sua 6 HAGE, José Alexandre Altahyde et al. As relações entre Argentina e Brasil no Mercosul: principios de hegemonia, dependencia e interesse nacional no Tratado de Assunção. 2001. p. 5, 7 GASPAR, Renata Alvares. O protocolo mercosurenho sobre medidas cautelares e o sistema jurídico brasileiro: uma pequena apreciação. Revista Brasileira de Direito Constitucional, v. 15, n. 1, 2010. p. 4 4 criação, em 1995, não houve nenhum acordo com assinaturas multilaterais.8 Em consonância com Juárez o objetivo do acordo: [...]agilizar os desembaraços aduaneiros e o fluxo internacional de mercadorias, além de garantir a transparência e a divulgação dos procedimentos aduaneiros, a cooperação de todos os órgãos nacionais envolvidos nos processos de importação e exportação de bens, e fornecer orientações sobre assistência técnica e capacitação. (JUARÉZ 2016). No acordo aludido, a sua importância se dá no âmbito das relações exteriores, com a facilitação do comércio de mercadorias, consequentemente há a diminuição da burocracia nos trânsitos aduaneiros e um melhor faturamento econômico. Conclui-se portanto, que as celebrações diplomáticas envolvendo os países do MERCOSUL sempre possuíram objetivos comerciais e econômicos, trazendo, com isso, benefícios nas mais diversas áreas do bloco. Casos recentes envolvendo o MERCOSUL Recentemente, um dos casos de maior rumor no bloco envolveu o Brasil e a Argentina. A decisão do presidente estadunidense Donald Trump de aumentar as tarifas de importação do aço e do alumínio 8 NEVES, Murilo Corbetta. A contribuição do acordo defacilitação de comércio para a evolução do comércio exterior de países em desenvolvimento. 2017. p.2. 5 acirrou ainda mais a briga entre os países, que já possuía viés político-ideológico e somou-se ao econômico, com a nova decisão. Ocorre, que o estopim da contenda surge com o apoio de Jair Bolsonaro a Macri, opositor direto do atual presidente argentino Alberto Fernandéz, ademais, a posição irredutível do presidente brasileiro no que se refere as relações econômicas levou a um debate acalorado e de poucos acordos entre os países. A discussão é tão séria que de acordo com Jorge Castro, presidente do Instituto de Planejamento Estratégico, caso não haja acordo entre aceitação da Argentina em relação a abertura econômica irreversível feita pelo Brasil, há risco de ruptura do bloco como unidade política.9 Outro caso relevante foi o acordo proposto recentemente entre os blocos da União Europeia e do MERCOSUL, nele há a proposta de redução das tarifas de importação entre os países pertencentes aos blocos, devendo e alguns casos serem reduzidas a zero. Entretanto, vale ressaltar que os produtos que contarão com o benefício supramencionado estão preestabelecidos em acordo e pertencem ao ramo da agroindústria e de produtos industrializados. Um dos maiores objetivos do acordo, além do econômico, é a melhora na eficiência e na produtividade. 9 BENITES, Afonso. MOLINA, Federico Rivas. EL PAIS. 2019. Tensão entre Brasil e Argentina contamina cúpula do MERCOSUL Disponível em: <https:// brasil.elpais.com/brasil/2019/12/03/internacional/1575383871_787701.html > Acesso em 21 de abril. 2020. 6 Ressalta-se que alguns capítulos estão em fase de negociação como os que tratam acerca de assuntos políticos e negociações internacionais, mas é sem dúvidas um dos maiores acordos de livre comércio da história.10 Bibliografia AMADO, A. M.; SILVA, A. S. da. Considerações sobre o processo de integração monetário-financeira do Mercosul. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 30, n. 4, out./dez. 2000. DEOS, Simone S. de; MENDONÇA, Ana Rosa Ribeiro de; WEGNER, Rubia C. Cooperação financeira no Mercosul e o financiamento do investimento. Nova Economia, v. 23, n. 1, 2013. SOUZA, André de Mello; OLIVEIRA, Ivan Tiago Machado; GONÇALVES, Samo Sérgio. O Fundo de convergência estrutural do Mercosul: agendas e propostas. 2011. BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. 2011. Fundo de Financiamento do Setor Educacional do Mercosul (FEM). 10 BRASIIL. AGENCIA SENADO. 2019. Acordo Mercosul-UE deve baratear produtos, mas forçar eficiência e produtividade. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2019/08/acordo- mercosul-ue-deve-baratear-produtos-mas-forcar-eficiencia-e-produtividade > Acesso em 21 abril. 2020. 7 Disponivel em: <http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/notas-a- imprensa/2624-fundo-de-financiamento-do-setor-educacional- do-mercosul-fem > Acesso em 21 abril. 2020. HAGE, José Alexandre Altahyde et al. As relações entre Argentina e Brasil no Mercosul: principios de hegemonia, dependencia e interesse nacional no Tratado de Assunção. 2001. GASPAR, Renata Alvares. O protocolo mercosurenho sobre medidas cautelares e o sistema jurídico brasileiro: uma pequena apreciação. Revista Brasileira de Direito Constitucional, v. 15, n. 1, 2010. NEVES, Murilo Corbetta. A contribuição do acordo de facilitação de comércio para a evolução do comércio exterior de países em desenvolvimento. 2017. BENITES, Afonso. MOLINA, Federico Rivas. EL PAIS. 2019. Tensão entre Brasil e Argentina contamina cúpula do MERCOSUL Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/12/03/internacional/15753 83871_787701.html > Acesso em 21 de abril. 2020. BRASIIL. AGENCIA SENADO. 2019. Acordo Mercosul-UE deve baratear produtos, mas forçar eficiência e produtividade. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2019/08/ac ordo-mercosul-ue-deve-baratear-produtos-mas-forcar- eficiencia-e-produtividade > Acesso em 21 abril. 2020.
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