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Universidade Federal do Ceará Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia Elétrica GTD – Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica Profa Ruth P. S. Leão 2017 http://elis.npd.ufc.br/portal/main/index.html Profa Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br APRESENTAÇÃO Esta apostila sobre aspectos da geração, transmissão e distribuição de energia elétrica é o resultado de uma coletânea de notas de aula em atendimento à disciplina de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica – GTD, do curso de graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará. A preparação deste compêndio tem por objetivo contribuir na formação de estudantes de Engenharia Elétrica abordando assuntos relacionados aos sistemas de potência. A apostila agrega conhecimento dos diversos segmentos dos sistemas elétricos de potência desde a geração até utilização da energia elétrica. Os assuntos abordados foram pesquisados em diversos livros e revistas técnicas, não tendo a pretensão de esgotar todo o conhecimento dos assuntos aqui tratados. Aos alunos, a iniciativa pretende contribuir de forma efetiva no processo ensino-aprendizagem não prescindindo da leitura de outras fontes literárias especializadas. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-2 Capítulo 1 Introdução aos Sistemas Elétricos de Potência 1.1 Introdução 1.2 Objetivos da Disciplina 1.3 História de Eletricidade 1.4 Estrutura Organizacional do Setor Elétrico Brasileiro 1.5 Fundamentos de um Sistema Elétrico de Potência 1.6 Sistema Elétrico Brasileiro 1.6.1 Geração de Energia Elétrica 1.6.2 Sistema de Transmissão 1.6.2.1 Sistema Interligado Nacional 1.6.2.2 Sistema de Suprimento no Ceará 1.6.3 Sistemas de Distribuição 1.7 Representação Esquemática de Sistemas de Potência 1.7.1 Características dos Sistemas Elétricos de Potência 1.7.2 Representação do Sistema Elétrico 1.8 Tendências para o Setor de Energia Elétrica Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-3 1.1 Introdução Na história da sociedade, a energia elétrica, desde a sua descoberta (final do século XVII), sempre ocupou lugar de destaque, tendo em vista sua importância na melhoria da qualidade de vida, na produção de bens e serviços e no progresso econômico. Tais benefícios dependem de como os sistemas elétricos de potência são projetados, operados e mantidos. A energia elétrica proporciona à sociedade trabalho e desenvolvimento, e aos seus cidadãos conforto, comodidade, bem-estar e praticidade, o que torna a sociedade moderna cada vez mais dependente de seu fornecimento e mais intolerante às falhas nos sistemas elétricos. Em contrapartida, esta dependência dos usuários vem se traduzindo em exigências por melhor qualidade de serviço e do produto energia elétrica. Figura 1.1 Importância da eletricidade para a sociedade. A energia elétrica é uma das mais nobres formas de energia secundária. A possibilidade de geração e de transporte para utilização em ponto distinto ao de geração, e as transformações possíveis em outras formas de energia, conferem à eletricidade um carácter de universalidade, Energia Elétrica Qualidade de Serviço e Produto Qualidade de Vida Desenvolvimento Econômico Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-4 disseminando o seu uso pela humanidade. No mundo de hoje, eletricidade, como alimento e moradia, é um direito humano fundamental, tendo como propósito assegurar a promoção de condições dignas de vida humana e de seu desenvolvimento. Eletricidade é a dominante forma de energia moderna usada para comunicação, tecnologia da informação, saúde, lazer, produção de bens e serviços e transporte. Figura 1.2 Usos da eletricidade. O crescimento da população mundial e da economia, em particular nos países em desenvolvimento, implica, necessariamente, no aumento do consumo de energia. Entretanto, a produção de energia elétrica deve seguir os conceitos de desenvolvimento sustentável e de responsabilidade ambiental. O gráfico da Figura 1.3 apresenta o crescimento da geração líquida de eletricidade por combustível no mundo. Figura 1.3 Geração mundial de energia elétrica por fonte, 2012-2040 (Bilhões de kWh). Fonte: International Energy Outlook 2016. Carvão atualmente fornece a maior parte da energia para geração de eletricidade do mundo, mas tendem a declinar ao longo dos anos. As grandes reservas de carvão, em especial na China, Índia e EUA, ainda 40% 29% 22% 28% 22% 29% 12% 11% Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-5 mantêm a geração a carvão mais atrativa economicamente. Geração renovável (incluindo usinas hidrelétricas) é a fonte de crescimento mais rápida de energia elétrica, subindo em uma média de 2,9%/ano, em comparação com a média anual de crescimento do gás natural (2,7%/ano), energia nuclear (2,4%/ano) e carvão (0,8%/ano). Por volta de 2040, as renováveis, gás natural e carvão terão quota similar. Segundo resultados do Balanço Energético Nacional – BEN1 2016, ano base 2015, o consumo final energético por fonte no Brasil está mostrado na Figura 1.4, em que a eletricidade representa 17,2% do consumo final ficando atrás apenas do óleo diesel – 18,4%, sendo, portanto, a segunda forma de energia mais consumida no país. Figura 1.4 Consumo final energético por fonte no Brasil. Fonte: Balanço Energético Nacional – BEN 2016. No Brasil, dentre as fontes primárias e secundárias de energia, a fonte hidráulica é a que mais contribui para produção de energia elétrica (65,2%), visto na Figura 1.5. A geração hidroelétrica é localizada em regiões quase sempre distantes dos centros consumidores. Com isso são necessárias grandes extensões de linhas de transmissão e instalações para distribuir a energia elétrica nos centros de consumo. 1 O BEN apresenta a contabilidade relativa à oferta e ao consumo de todas as formas energia no Brasil, contemplando as atividades de extração de recursos energéticos primários, sua conversão em formas secundárias, a importação e a exportação, a distribuição e o uso final da energia. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-6 Figura 1.5 Matriz elétrica brasileira. Fonte: Balanço Energético Nacional – BEN 2016. O Brasil está interessado em aumentar o uso de outras fontes renováveis não hidráulicas, notadamente eólicas e solar fotovoltaica na produção de eletricidade. A energia eólica ainda é uma componente modesta na matriz de energia elétrica (6,32% em Ago/2016) do país quando comparada à geração hidroelétrica. Espera-se um crescimento da geração eólica de 3,7% em 2014 para 11,6% em 2024 e da solar- fotovoltaica para 3,3% em 2024. A geração hidráulica e térmica é esperada dominar o setor de energia elétrica (Figura 1.6). Figura 1.6 Capacidade instalada de eletricidade por fonte no Brasil. Fonte: Plano Decenal de Expansão de Energia 2024 - EPE. A Figura 1.7 mostra o crescimento significativo da capacidade instalada de geração eólio-elétrica com atuais 11GW (2016). Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-7 Figura 1.7 Evolução da capacidade instalada de geração eólica no Brasil. Fonte: Boletim de Dados. Abeeólica, agosto 2016. A eletricidade apresenta uma combinação de atributos que a torna distinta de outras comodities, como: Dificuldade de armazenamento de forma econômica; Variação na demanda Variação na produção em tempo real, em caso de fontes renováveis variáveis; Falhas randômicas na geração, transmissão e distribuição; e Necessidade de atender restrições físicas contratuaispara operação confiável, segura e econômica da rede elétrica. As condições de não armazenamento e de não violação das restrições operativas impõem à eletricidade sua produção no momento exato em que é requerida ou consumida fazendo com que o dimensionamento do sistema elétrico seja determinado pelo nível máximo de energia demandada, resultando em ociosidade dessas instalações durante o período de menor demanda. O atendimento dos aspectos de simultaneidade de produção e consumo, exigindo instalações dimensionadas para a ponta de carga, e as longas distâncias entre os locais de geração e os centros consumidores pode ser traduzido pela necessária existência de um sistema de transmissão e Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-8 de distribuição longos e complexos, apoiados por uma estrutura de instalações e equipamentos que, além de representar importantes investimentos, exigem ações permanentes de planejamento, operação e manutenção, e estão como qualquer produto tecnológico sujeito a falhas. A cadeia da energia elétrica é tipicamente dividida em segmentos como: geração, transmissão, distribuição, utilização e comercialização. A oferta da energia elétrica aos seus usuários é realizada através da prestação de serviço público concedido pelo poder público para exploração à entidade privada ou governamental. A disciplina de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica apresenta uma visão panorâmica da estrutura organizacional do setor elétrico nacional. Cada um dos segmentos dos sistemas de potência é estudado nos aspectos de seus componentes e da operação. 1.2 Objetivos da Disciplina a) Apresentar a estrutura organizacional do setor elétrico brasileiro, seus agentes e funções. b) Apresentar os principais componentes de um sistema elétrico de potência, suas funções e o princípio de operação dos elementos. c) Apresentar modelos de representação do sistema elétrico e de seus componentes: circuito equivalente, representação unifilar, sistema por unidade. d) Apresentar modelos típicos de: Usinas de Geração: tipos, componentes, operação. Subestações: equipamentos, arranjos. Sistemas de Transmissão: parâmetros elétricos, modelos de linha, capacidade de transporte. Sistemas de Distribuição: equipamentos de rede, característica da carga, medição, tarifa. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-9 d) Apresentar a automação dos sistemas elétricos de potência: hierarquia organizacional dos sistemas elétricos, arquitetura do sistema de automação, funções de supervisão e controle. 1.3 História da Eletricidade Muito da tecnologia hoje em uso deve-se a grandes pioneiros, inventores e empreendedores da eletricidade. Seus nomes e feitos são aqui registrados como tributo de reconhecimento pela grande contribuição. 1736 – 1819 (Escocês)James Watt Engenheiro mecânico, introduziu melhorias à máquina a vapor, que fomentou a revolução industrial. A unidade de potência útil (watt) foi dada em sua homenagem. 1745 - 1827 (Italiano) Alessandro Volta Em 1800 anunciou a invenção da bateria. A unidade de força eletromotriz foi criada em sua homenagem (volt). 1775 - 1836 (Francês) André Marie Ampère Iniciou pesquisa em 1820 sobre campos elétricos e magnéticos a partir do anunciado de Oersted (Oe – intensidade de campo magnético). Descobriu que as correntes agiam sobre outras correntes. Elaborou completa teoria experimental e matemática lançando as bases do eletromagnetismo. A unidade de corrente elétrica foi escolhida em sua homenagem (ampère). 1789-1854 (Alemão) Georg Simon Ohm Em 1827 enunciou a lei de Ohm. Seu trabalho só foi reconhecido pelo mundo científico em 1927. As unidades de resistência, reatância e impedância elétrica foram escolhidas em sua homenagem (ohm). http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.katharinen.ingolstadt.de/physiker/watt.gif&imgrefurl=http://www.katharinen.ingolstadt.de/physiker/watt.htm&h=323&w=293&sz=31&hl=en&start=10&tbnid=PAqw4bMjR1p7kM:&tbnh=118&tbnw=107&prev=/images?q=james+watt&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.nndb.com/people/741/000091468/alessandro-volta-1-sized.jpg&imgrefurl=http://www.nndb.com/people/741/000091468/&h=314&w=255&sz=21&hl=en&start=1&tbnid=gHcU5DmTz0NhQM:&tbnh=117&tbnw=95&prev=/images?q=alessandro+volta&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://br.geocities.com/saladefisica3/fotos/ampere.gif&imgrefurl=http://br.geocities.com/saladefisica3/&h=262&w=264&sz=51&hl=en&start=1&tbnid=9MIHdeY22xbNlM:&tbnh=111&tbnw=112&prev=/images?q=Andr%C3%A9+Marie+Amp%C3%A8re&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.microwaves101.com/encyclopedia/images/history/georg_simon_ohm.jpg&imgrefurl=http://www.microwaves101.com/encyclopedia/halloffame1.cfm&h=290&w=231&sz=25&hl=en&start=1&tbnid=o5qvMYbLt8M-oM:&tbnh=115&tbnw=92&prev=/images?q=Georg+Simon+Ohm&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.katharinen.ingolstadt.de/physiker/watt.gif&imgrefurl=http://www.katharinen.ingolstadt.de/physiker/watt.htm&h=323&w=293&sz=31&hl=en&start=10&tbnid=PAqw4bMjR1p7kM:&tbnh=118&tbnw=107&prev=/images?q=james+watt&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.nndb.com/people/741/000091468/alessandro-volta-1-sized.jpg&imgrefurl=http://www.nndb.com/people/741/000091468/&h=314&w=255&sz=21&hl=en&start=1&tbnid=gHcU5DmTz0NhQM:&tbnh=117&tbnw=95&prev=/images?q=alessandro+volta&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://br.geocities.com/saladefisica3/fotos/ampere.gif&imgrefurl=http://br.geocities.com/saladefisica3/&h=262&w=264&sz=51&hl=en&start=1&tbnid=9MIHdeY22xbNlM:&tbnh=111&tbnw=112&prev=/images?q=Andr%C3%A9+Marie+Amp%C3%A8re&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.microwaves101.com/encyclopedia/images/history/georg_simon_ohm.jpg&imgrefurl=http://www.microwaves101.com/encyclopedia/halloffame1.cfm&h=290&w=231&sz=25&hl=en&start=1&tbnid=o5qvMYbLt8M-oM:&tbnh=115&tbnw=92&prev=/images?q=Georg+Simon+Ohm&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.katharinen.ingolstadt.de/physiker/watt.gif&imgrefurl=http://www.katharinen.ingolstadt.de/physiker/watt.htm&h=323&w=293&sz=31&hl=en&start=10&tbnid=PAqw4bMjR1p7kM:&tbnh=118&tbnw=107&prev=/images?q=james+watt&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.nndb.com/people/741/000091468/alessandro-volta-1-sized.jpg&imgrefurl=http://www.nndb.com/people/741/000091468/&h=314&w=255&sz=21&hl=en&start=1&tbnid=gHcU5DmTz0NhQM:&tbnh=117&tbnw=95&prev=/images?q=alessandro+volta&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://br.geocities.com/saladefisica3/fotos/ampere.gif&imgrefurl=http://br.geocities.com/saladefisica3/&h=262&w=264&sz=51&hl=en&start=1&tbnid=9MIHdeY22xbNlM:&tbnh=111&tbnw=112&prev=/images?q=Andr%C3%A9+Marie+Amp%C3%A8re&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.microwaves101.com/encyclopedia/images/history/georg_simon_ohm.jpg&imgrefurl=http://www.microwaves101.com/encyclopedia/halloffame1.cfm&h=290&w=231&sz=25&hl=en&start=1&tbnid=o5qvMYbLt8M-oM:&tbnh=115&tbnw=92&prev=/images?q=Georg+Simon+Ohm&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.katharinen.ingolstadt.de/physiker/watt.gif&imgrefurl=http://www.katharinen.ingolstadt.de/physiker/watt.htm&h=323&w=293&sz=31&hl=en&start=10&tbnid=PAqw4bMjR1p7kM:&tbnh=118&tbnw=107&prev=/images?q=james+watt&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.nndb.com/people/741/000091468/alessandro-volta-1-sized.jpg&imgrefurl=http://www.nndb.com/people/741/000091468/&h=314&w=255&sz=21&hl=en&start=1&tbnid=gHcU5DmTz0NhQM:&tbnh=117&tbnw=95&prev=/images?q=alessandro+volta&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=Ghttp://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://br.geocities.com/saladefisica3/fotos/ampere.gif&imgrefurl=http://br.geocities.com/saladefisica3/&h=262&w=264&sz=51&hl=en&start=1&tbnid=9MIHdeY22xbNlM:&tbnh=111&tbnw=112&prev=/images?q=Andr%C3%A9+Marie+Amp%C3%A8re&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.microwaves101.com/encyclopedia/images/history/georg_simon_ohm.jpg&imgrefurl=http://www.microwaves101.com/encyclopedia/halloffame1.cfm&h=290&w=231&sz=25&hl=en&start=1&tbnid=o5qvMYbLt8M-oM:&tbnh=115&tbnw=92&prev=/images?q=Georg+Simon+Ohm&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-10 1791-1867 (Inglês) Michael Faraday Físico e químico, em 1831 descobriu a indução eletromagnética. Constatou que o movimento de um imã através de uma bobina de fio de cobre causava fluxo de corrente no condutor. Estabeleceu o princípio do motor elétrico. Considerado um dos maiores experimentalistas de todos os tempos. A unidade de capacitância é em sua homenagem (F). 1797-1878 (Americano) Joseph Henry Descobriu a indutância de uma bobina. Em sua homenagem seu nome foi dado à unidade de indutância (henry). 1824–1887 (Alemão) Gustav Robert Kirchhoff Em 1847 anunciou as leis de Kirchhoff para correntes e tensões. 1847-1931 (Americano) Thomas Alva Edison Em 1879 inventou a lâmpada elétrica. Patenteou 1100 invenções: cinema, gerador elétrico, máquina de escrever, etc. Criou a empresa Edison General Electric Company. Foi sócio da ‘General Electric Company’. Instalou em 1882 a primeira usina de geração de energia elétrica do mundo com fins comerciais, na área de Wall Street, Distrito Financeiro da cidade de New York. A Central gerava em corrente contínua, com seis unidades geradoras com potência total de 700 kW, para alimentar 7200 lâmpadas em 110 V. O primeiro projeto de êxito de central elétrica havia sido instalado no mesmo ano em Londres, com capacidade de http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.ieee-virtual-museum.org/media/dQPkU1Un5SQd.jpg&imgrefurl=http://ieee-virtual-museum.org/collection/people.php?id=1234573&lid=1&h=329&w=225&sz=5&hl=en&start=24&tbnid=1hbOqRgStPO3XM:&tbnh=119&tbnw=81&prev=/images?q=Michael+Faraday&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.eham.net/data/articles/8277/index0.jpg&imgrefurl=http://www.eham.net/articles/8277&h=416&w=345&sz=20&hl=en&start=16&tbnid=F7KxcAI_LUSKuM:&tbnh=125&tbnw=104&prev=/images?q=Joseph+Henry&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.chemie-master.de/pse/Rb_kirchhoff.jpg&imgrefurl=http://www.chemie-master.de/pse/pse.php?modul=Rb&h=252&w=200&sz=15&hl=en&start=20&tbnid=tV65BZfTJ7K_OM:&tbnh=111&tbnw=88&prev=/images?q=Gustav+Robert+Kirchhoff&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.americaslibrary.gov/assets/jb/recon/jb_recon_phongrph_2_e.jpg&imgrefurl=http://www.americaslibrary.gov/jb/recon/jb_recon_phongrph_2_e.html&h=367&w=259&sz=25&hl=en&start=2&tbnid=pcHnF1G-CQkZYM:&tbnh=122&tbnw=86&prev=/images?q=Thomas+A.+Edison&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.ieee-virtual-museum.org/media/dQPkU1Un5SQd.jpg&imgrefurl=http://ieee-virtual-museum.org/collection/people.php?id=1234573&lid=1&h=329&w=225&sz=5&hl=en&start=24&tbnid=1hbOqRgStPO3XM:&tbnh=119&tbnw=81&prev=/images?q=Michael+Faraday&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.eham.net/data/articles/8277/index0.jpg&imgrefurl=http://www.eham.net/articles/8277&h=416&w=345&sz=20&hl=en&start=16&tbnid=F7KxcAI_LUSKuM:&tbnh=125&tbnw=104&prev=/images?q=Joseph+Henry&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.chemie-master.de/pse/Rb_kirchhoff.jpg&imgrefurl=http://www.chemie-master.de/pse/pse.php?modul=Rb&h=252&w=200&sz=15&hl=en&start=20&tbnid=tV65BZfTJ7K_OM:&tbnh=111&tbnw=88&prev=/images?q=Gustav+Robert+Kirchhoff&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.americaslibrary.gov/assets/jb/recon/jb_recon_phongrph_2_e.jpg&imgrefurl=http://www.americaslibrary.gov/jb/recon/jb_recon_phongrph_2_e.html&h=367&w=259&sz=25&hl=en&start=2&tbnid=pcHnF1G-CQkZYM:&tbnh=122&tbnw=86&prev=/images?q=Thomas+A.+Edison&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.ieee-virtual-museum.org/media/dQPkU1Un5SQd.jpg&imgrefurl=http://ieee-virtual-museum.org/collection/people.php?id=1234573&lid=1&h=329&w=225&sz=5&hl=en&start=24&tbnid=1hbOqRgStPO3XM:&tbnh=119&tbnw=81&prev=/images?q=Michael+Faraday&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.eham.net/data/articles/8277/index0.jpg&imgrefurl=http://www.eham.net/articles/8277&h=416&w=345&sz=20&hl=en&start=16&tbnid=F7KxcAI_LUSKuM:&tbnh=125&tbnw=104&prev=/images?q=Joseph+Henry&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.chemie-master.de/pse/Rb_kirchhoff.jpg&imgrefurl=http://www.chemie-master.de/pse/pse.php?modul=Rb&h=252&w=200&sz=15&hl=en&start=20&tbnid=tV65BZfTJ7K_OM:&tbnh=111&tbnw=88&prev=/images?q=Gustav+Robert+Kirchhoff&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.americaslibrary.gov/assets/jb/recon/jb_recon_phongrph_2_e.jpg&imgrefurl=http://www.americaslibrary.gov/jb/recon/jb_recon_phongrph_2_e.html&h=367&w=259&sz=25&hl=en&start=2&tbnid=pcHnF1G-CQkZYM:&tbnh=122&tbnw=86&prev=/images?q=Thomas+A.+Edison&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.ieee-virtual-museum.org/media/dQPkU1Un5SQd.jpg&imgrefurl=http://ieee-virtual-museum.org/collection/people.php?id=1234573&lid=1&h=329&w=225&sz=5&hl=en&start=24&tbnid=1hbOqRgStPO3XM:&tbnh=119&tbnw=81&prev=/images?q=Michael+Faraday&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.eham.net/data/articles/8277/index0.jpg&imgrefurl=http://www.eham.net/articles/8277&h=416&w=345&sz=20&hl=en&start=16&tbnid=F7KxcAI_LUSKuM:&tbnh=125&tbnw=104&prev=/images?q=Joseph+Henry&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.chemie-master.de/pse/Rb_kirchhoff.jpg&imgrefurl=http://www.chemie-master.de/pse/pse.php?modul=Rb&h=252&w=200&sz=15&hl=en&start=20&tbnid=tV65BZfTJ7K_OM:&tbnh=111&tbnw=88&prev=/images?q=Gustav+Robert+Kirchhoff&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.americaslibrary.gov/assets/jb/recon/jb_recon_phongrph_2_e.jpg&imgrefurl=http://www.americaslibrary.gov/jb/recon/jb_recon_phongrph_2_e.html&h=367&w=259&sz=25&hl=en&start=2&tbnid=pcHnF1G-CQkZYM:&tbnh=122&tbnw=86&prev=/images?q=Thomas+A.+Edison&gbv=2&svnum=10&hl=en&sa=G Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-11 geração para 1000 lâmpadas2. 1858-1968William Stanley (Americano) – Em 1885/6 desenvolveu comercialmente o transformador. 1856-1943 (Croata-Americano) Nikola Tesla Em 1888 inventou dos motores de indução e síncrono. Inventor do sistema polifásico. Responsável pela definição de 60 Hz como frequência padrão nos EUA. A unidade para densidade de fluxo magnético é em sua homenagem (T). 1846-1914 (Americano) George Westinghouse Inventor do disjuntor a ar. Comprou a patente do recém inventado transformador dos ingleses Lucien Gaulard e John D. Gibbs. Comprou a patente do motor elétrico de Tesla. Em 1886 organizou a Westinghouse Electric Company. Venceu a batalha das correntes contra Edison. 1.4 Estrutura Organizacional do Setor Elétrico Brasileiro O setor elétrico mundial tem passado por amplo processo de reestruturação organizacional. No modelo atual, a estrutura organizacional do setor elétrico é tipicamente desverticalizada, dividida em setores de geração, transmissão, distribuição, e comercialização. Na décadade 1990, o setor elétrico brasileiro passou por uma modificação estrutural em seu arcabouço jurídico. O processo de reestruturação foi desencadeado com a criação de um novo marco regulatório, a desestatização das empresas do setor elétrico, e a abertura do mercado de energia elétrica ao capital privado. 2 War of Currents (http://en.wikipedia.org/wiki/War_of_Currents) http://en.wikipedia.org/wiki/War_of_Currents http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://tardis.union.edu/community/project95/HOH/hall/gif100bpi/v2p30-t1.gif&imgrefurl=http://tardis.union.edu/community/project95/HOH/B.html&h=302&w=224&sz=55&hl=en&start=13&tbnid=uuXmiZ9rrHJsdM:&tbnh=116&tbnw=86&prev=/images?q=William+Stanley&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://kudntesla.s5.com/tesla2.jpg&imgrefurl=http://kudntesla.s5.com/eng_home.html&h=446&w=290&sz=35&hl=en&start=25&tbnid=SZaaAUtcmLsDcM:&tbnh=127&tbnw=83&prev=/images?q=Nikola+Tesla&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.teslasociety.ch/info/CHICAGO_1893/79.gif&imgrefurl=http://www.teslasociety.ch/info/CHICAGO_1893/index.htm&h=356&w=345&sz=73&hl=en&start=10&tbnid=aLxDy-9TwlEFdM:&tbnh=121&tbnw=117&prev=/images?q=George+Westinghouse&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://tardis.union.edu/community/project95/HOH/hall/gif100bpi/v2p30-t1.gif&imgrefurl=http://tardis.union.edu/community/project95/HOH/B.html&h=302&w=224&sz=55&hl=en&start=13&tbnid=uuXmiZ9rrHJsdM:&tbnh=116&tbnw=86&prev=/images?q=William+Stanley&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://kudntesla.s5.com/tesla2.jpg&imgrefurl=http://kudntesla.s5.com/eng_home.html&h=446&w=290&sz=35&hl=en&start=25&tbnid=SZaaAUtcmLsDcM:&tbnh=127&tbnw=83&prev=/images?q=Nikola+Tesla&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.teslasociety.ch/info/CHICAGO_1893/79.gif&imgrefurl=http://www.teslasociety.ch/info/CHICAGO_1893/index.htm&h=356&w=345&sz=73&hl=en&start=10&tbnid=aLxDy-9TwlEFdM:&tbnh=121&tbnw=117&prev=/images?q=George+Westinghouse&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://tardis.union.edu/community/project95/HOH/hall/gif100bpi/v2p30-t1.gif&imgrefurl=http://tardis.union.edu/community/project95/HOH/B.html&h=302&w=224&sz=55&hl=en&start=13&tbnid=uuXmiZ9rrHJsdM:&tbnh=116&tbnw=86&prev=/images?q=William+Stanley&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://kudntesla.s5.com/tesla2.jpg&imgrefurl=http://kudntesla.s5.com/eng_home.html&h=446&w=290&sz=35&hl=en&start=25&tbnid=SZaaAUtcmLsDcM:&tbnh=127&tbnw=83&prev=/images?q=Nikola+Tesla&start=18&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N http://images.google.co.uk/imgres?imgurl=http://www.teslasociety.ch/info/CHICAGO_1893/79.gif&imgrefurl=http://www.teslasociety.ch/info/CHICAGO_1893/index.htm&h=356&w=345&sz=73&hl=en&start=10&tbnid=aLxDy-9TwlEFdM:&tbnh=121&tbnw=117&prev=/images?q=George+Westinghouse&gbv=2&ndsp=18&svnum=10&hl=en&sa=N Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-12 Figura 1.8 Estrutura institucional e os agentes do setor elétrico brasileiro. Fonte: http://www.ons.org.br/institucional_linguas/relacionamentos.aspx Na esfera de Políticas e Planejamento Energético estão CNPE, MME, CMSE e EPE. A ANEEL, juntamente com as agências ANA e ANP, é responsável pela Regulação e Fiscalização do setor elétrico. O CCEE é responsável pela Comercialização e o ONS pela Operação Técnica do Sistema Interligado Nacional (SIN). Para gerenciar este novo modelo do setor elétrico, o Governo Federal criou uma estrutura organizacional como apresentada na Figura 1.8. a) Conselho Nacional de Política Energética – CNPE Órgão de assessoramento da Presidente da República para formulação de políticas nacionais e diretrizes de energia, visando, dentre outros, o aproveitamento dos recursos energéticos do país, a revisão periódica da matriz energética e a definição de diretrizes para programas específicos. É presidido pelo Ministro de Minas e Energia. b) Ministério de Minas e Energia – MME Encarregado de formulação, planejamento e implementação de ações do Governo Federal no âmbito da política energética nacional. O MME detém poder concedente. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-13 c) Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE Constituído no âmbito do MME e sob sua coordenação direta, com a função precípua de acompanhar e avaliar permanentemente a continuidade e a segurança do suprimento eletro energético em todo o território. d) Empresa de Pesquisa Energética - EPE Empresa pública federal vinculada ao MME tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinados a subsidiar o planejamento do setor energético. e) Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL Autarquia vinculada ao MME, com finalidade de regular a fiscalização, a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia, em conformidade com as políticas e diretrizes do Governo Federal. A ANEEL detém poder regulador e fiscalizador. Nos estados brasileiros foram criadas as Agências Reguladoras Estaduais com a finalidade de descentralizar as atividades da ANEEL. A Figura 1.9 apresenta as agências reguladoras estaduais. Figura 1.9 Agências reguladoras nacionais. Fonte: Aneel (http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=3) Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-14 f) Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS Pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, sob regulação e fiscalização da ANEEL, tem por objetivo executar as atividades de coordenação e controle da operação de geração e transmissão, no âmbito do SIN (Sistema Interligado Nacional). O ONS é responsável pela operação física do sistema e pelo despacho energético centralizado. As unidades de operação da empresa estão sediadas no Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Florianópolis. g) Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE Pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, sob regulação e fiscalização da ANEEL, com finalidade de viabilizar a comercialização de energia elétrica no Brasil. Administra os contratos de compra e venda de energia elétrica, sua contabilização e liquidação. A CCEE é responsável pela operação comercial do sistema e reúne empresas de geração de serviço público, produtores independentes, autoprodutores, distribuidoras, comercializadoras, importadoras e exportadoras de energia, além de consumidores livres e especiais de todo o país. A comercialização de energia elétrica é atualmente realizada em três ambientes diferentes com atuação da CCEE: - Ambiente de Contratação Regulada (ACR): destinado ao atendimento de consumidores cativos por meio das distribuidoras, sendo estas supridas por geradores estatais ou independentes que vendem energia em leilões públicos realizados pela CCEE. - Ambiente de Contratação Livre (ACL): destinado ao atendimento de consumidores livres3 por meio de contratos bilaterais firmados com produtores independentes de energia, autoprodutores, importadores e exportadores de energia, agentes comercializadores e geradoras. Estes últimos, se estatais, só podem fazer suas ofertas por meio de processos licitatório. As empresas distribuidoras de energia elétrica que atuam no ACR não podem participar deste ambiente. - Mercado de Curto Prazo (Spot): mercado livre de energia elétrica. Fazem parte desse mercado: Autoprodutor, Comercializadores de energia elétrica, Consumidor Especial, Consumidor Livre, 3 Consumidor livre: consumidor que pode optar pela compra de energia elétrica junto a qualquer fornecedor; é atendido em qualquer tensão e com demanda contratada mínima de 3MW. (Resolução ANEEL No. 264 e 456).Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-15 Distribuidor, Exportador, Gerador, Importador, e produtor independente. A Tabela 1.1 apresenta as diferentes associações formadas pelos agentes do setor de energia elétrica. Tabela 1.1 Associações Setoriais de Energia Elétrica. ABRAGE Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica. Empresas associadas: AES TIETÊ, CDSA, CEMIG, CESP, CEEE, DUKE-GP, CHESF, COPEL, ELETRONORTE, EMAE, FURNAS, LIGHT, TRACTEBEL ENERGIA ABRATE Associação Brasileira de Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica. Empresas associadas: CEMIG, CTEEP, CHESF, COPEL Transmissão S.A, ELETRONORTE, Furnas Centrais Elétricas AS, Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica - CEEE GT, ELETROSUL Centrais Elétricas S.A. ABRADEE Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica. Empresas associadas (48 dentre as 67 concessionárias de distribuição): AES SUL DISTRIBUIDORA GAÚCHA DE ENERGIA S.A.; AMPLA - COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO RIO DE JANEIRO; BANDEIRANTE ENERGIA S.A.; BOA VISTA ENERGIA S.A.; COMPANHIA DE ELETRICIDADE DA BORBOREMA; EMPRESA ELÉTRICA BRAGANTINA; CAIUA SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S.A.; COMPANHIA FORÇA E LUZ CATAGUAZES LEOPOLDINA; CEAL - COMPANHIA ENERGÉTICA DE ALAGOAS; CEAM - COMPANHIA ENERGÉTICA DO AMAZONAS (incorporada pela Manaus Energia S.A. (MASA); CEB - COMPANHIA ENERGÉTICA DE BRASÍLIA; CEEE - COMPANHIA ESTADUAL DE ENERGIA ELÉTRICA; CELESC - CENTRAIS ELÉTRICAS DE SANTA CATARINA S.A.; CELG - COMPANHIA ENERGÉTICA DE GOIÁS; CELPA - CENTRAIS ELÉTRICAS DO PARÁ S.A.; CELPE - COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO; CELTINS - COMPANHIA DE ENERGIA ELÉTRICA DO ESTADO DO TOCANTINS; CEMAR - COMPANHIA ENERGÉTICA DO MARANHÃO; CEMAT - CENTRAIS ELÉTRICAS MATOGROSSENSES S.A.; CEMIG - COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS; CENF - COMPANHIA DE ELETRICIDADE DE NOVA FRIBURGO; CEPISA - COMPANHIA ENERGÉTICA DO PIAUÍ; CERON - CENTRAIS ELÉTRICAS DE RONDÔNIA S.A; CFLO - COMPANHIA FORÇA E LUZ DO OESTE; CHESP - COMPANHIA HIDROELÉTRICA SÃO PATRÍCIO; COELBA - COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA; COELCE - COMPANHIA ENERGÉTICA DO CEARÁ; COPEL - COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA; COSERN - COMPANHIA ENERGÉTICA DO RIO GRANDE DO NORTE; CPEE - COMPANHIA PAULISTA DE ENERGIA ELÉTRICA; CPFL - COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ; DEM – P.CALDAS - DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE ELETRICIDADE DE POÇOS DE CALDAS; ELEKTRO - ELEKTRO ELETRICIDADE E SERVIÇOS S.A; ELETROACRE - COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ACRE; ELETROCAR - CENTRAIS http://www.abrage.com.br/aes.htm http://www.abrage.com.br/cdsa.htm http://www.abrage.com.br/cemig.htm http://www.abrage.com.br/cesp.htm http://www.abrage.com.br/cee.htm http://www.abrage.com.br/duke.htm http://www.abrage.com.br/chesf.htm http://www.abrage.com.br/copel.htm http://www.abrage.com.br/eletronorte.htm http://www.abrage.com.br/emae.htm http://www.abrage.com.br/furnas.htm http://www.abrage.com.br/light.htm http://www.abrage.com.br/tractebel.htm Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-16 ELÉTRICAS DE CARAZINHO S.A.; ELETROPAULO - ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SÃO PAULO S.A.; ENERGIPE - EMPRESA ENERGÉTICA DE SERGIPE S.A.; ENERSUL - EMPRESA ENERGÉTICA DE MATO GROSSO DO SUL S.A.; ESCELSA - ESPÍRITO SANTO CENTRAIS ELÉTRICAS S.A.; IGUAÇU DISTRIBUIDORA DE ENERGIA ELÉTRICA LTDA.; LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S.A.; MANAUS ENERGIA S.A.; COMPANHIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA; HIDROELÉTRICA PANAMBI S. A.; EMPRESA DE ELETRICIDADE VALE PARANAPANEMA S.A.; COMPANHIA PIRATININGA DE FORÇA E LUZ; RGE - RIO GRANDE ENERGIA S.A.; SAELPA - SOCIEDADE ANÔNIMA DE ELETRIFICAÇÃO DA PARAÍBA; EMPRESA LUZ E FORÇA SANTA MARIA S.A.; SULGIPE - COMPANHIA SUL SERGIPANA DE ELETRICIDADE. ABEER Associação Brasileira das Empresas de Energia Renovável ABEEÓLICA Associação Brasileira de Energia Eólica ABRACEEL Associação Brasileira dos Agentes Comercializadores de Energia Elétrica ABRACEE Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres APINE Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica - Os produtores independentes (PIEs) são empresas ou grupo de empresas reunidas em consórcio, com autorização ou concessão para produzir energia destinada ao comércio de toda ou parte da produção por sua conta e risco. Os PIs têm como garantia o livre acesso aos sistemas elétricos, além disso, têm autonomia para fechar contratos bilaterais de compra e venda de energia elétrica. ABDAN Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares ABSOLAR Associação Brasileira de Energia Solar Agente Comercializador da Energia de Itaipu: Itaipu é uma entidade binacional, pertencente ao Brasil e ao Paraguai. O relacionamento entre os dois países segue tratados internacionais específicos. A energia de Itaipu recebida pelo Brasil representa cerca de 30% do mercado de energia da região sul/sudeste/centro-oeste. A comercialização dessa energia no Brasil é coordenada pela Eletrobras. A Eletrobrás é uma empresa holding do governo federal, dividida em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Empresas subsidiárias: Eletrobras Chesf, Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Eletrosul, Eletrobras Furnas, Eletrobras CGTEE (Companhia de Geração Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-17 Térmica de Energia Elétrica) e Eletrobras Eletronuclear; pelas distribuidoras Eletrobras Amazonas Energia, Eletrobras Distribuição Acre, Eletrobras Distribuição Alagoas, Eletrobras Distribuição Piauí, Eletrobras Distribuição Rondônia e Eletrobras Distribuição Roraima, Eletrobras Eletropar; e pelo centro de pesquisas Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica). A Eletrobras detém metade do capital de Itaipu Binacional e dá suporte a programas estratégicos do governo federal, como o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Energia Elétrica (Luz para Todos) e o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). 1.5 Fundamentos de um Sistema Elétrico de Potência O objetivo de um sistema elétrico de potência (SEP) é gerar, transmitir e distribuir energia elétrica atendendo a determinados padrões de confiabilidade, disponibilidade, qualidade, segurança a custos módicos, com o mínimo impacto ambiental e o máximo de segurança pessoal. – Confiabilidade e disponibilidade são duas importantes e distintas características que os SEP devem apresentar. Ambos são expressos em %. o Confiabilidade representa a probabilidade de componentes, partes, processo e sistemas realizarem suas funções requeridas por um dado período de tempo sem falhar. Confiabilidade pode ser mensurada pelo tempo que o componente, parte ou sistema levará para falhar (MTBF-Medium Time Between Failure). A confiabilidade não reflete o tempo necessário para a unidade em reparo retornar à condição de trabalho. o Disponibilidade é definida como a probabilidade que o sistema esteja operando adequadamente quando requisitado para uso. Em outras palavras, é o percentual de tempo que o sistema está pronto para uso se requisitado, ou a probabilidade de um sistema não estar com falha ou em reparo quando requisitado para uso. A expressão abaixo quantifica a disponibilidade: Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-18 MTBF A MTBF MTTR (1) A – availability (disponibilidade) MTBF – tempo médio entre falhas MTTR – tempo médio para reparo (Medium Time To Repair) - inclui desde a detecção até a retificação da falha. A disponibilidade é função da confiabilidade e da manutenabilidade – exercício da manutenção. Se um sistema tem uma alta disponibilidade não necessariamente terá uma alta confiabilidade. Tabela 1.2 Relação entre confiabilidade, manutenabilidade e disponibilidade. ConfiabilidadeManutenabilidade Disponibilidade Constante Diminuir (MTTR ) Diminuir Constante Aumentar (MTTR ) Aumentar Aumentar (MTBF) Constante Aumentar Diminuir (MTBF) Constante Diminuir Fonte: http://www.weibull.com/hotwire/issue26/relbasics26.htm Como pode ser visto na Tabela 1.2, se a confiabilidade é mantida constante, mesmo em um valor alto, isto não implica diretamente uma alta disponibilidade. Quando o tempo para reparo aumenta, a disponibilidade diminui. Mesmo um sistema com uma baixa confiabilidade poderia ter uma alta disponibilidade se o tempo para reparo é curto. – Qualidade da energia elétrica é a condição de compatibilidade entre sistema supridor e carga atendendo critérios de conformidade senoidal. – Segurança está relacionado com a habilidade do sistema de responder a distúrbios que possam ocorrer no sistema. Em geral os sistemas elétricos são construídos para continuar operando após ser submetido a uma contingência (N-1). Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-19 A estrutura do sistema elétrico de potência compreende os sistemas de geração, transmissão, distribuição e subestações de energia elétrica, em geral cobrindo uma grande área geográfica. Figura 1.10 Estrutura básica convencional de um sistema elétrico. Fonte: US-Canada Power System Outage Task Force, 2004, p.1-30. O sistema tradicional de energia elétrica é baseado em grandes usinas de geração que transmitem energia através de sistemas de transmissão de alta tensão, que é então distribuída para sistemas de distribuição de média e baixa tensão. Em geral o fluxo de energia é unidirecional com consumidores ‘passivos’ e a energia é despachada e controlada por centro(s) de despacho com base em requisitos pré-definidos. Enquanto o setor de geração e de transmissão apresenta certa competitividade em um sistema desverticalizado, normalmente os sistemas de distribuição são gerenciados por monopólios empresariais. Mudanças nos SEP direcionam para a coexistência de grandes usinas de geração e geração distribuída. A Figura 1.11 mostra arranjos do SEP típico e futuro. A instalação de plantas de geração, de grande, médio e pequeno porte, baseadas em recursos renováveis intermitentes, a exemplo da geração eólio-elétrica e solar fotovoltaica, têm crescido em resposta à necessidade de desenvolvimento sócio econômico com responsabilidade ambiental e segurança energética. Figura 1.11 Sistema elétrico (a) tradicional e (b) moderno. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-20 (a) (b) A geração distribuída, em geral localizada na rede de distribuição, faz uso preferencialmente de recursos energéticos renováveis e provoca mudanças importantes no SEP. A rede de distribuição de alta, média e baixa tensão passa a incluir fontes, consumidores podem gerar energia elétrica tornando-se ‘ativos’ e o fluxo de energia pode fluir em um ou outro sentido tornando-se bidirecional. O uso da energia elétrica adentra importante segmento de serviço, o de transporte. O veículo elétrico tem a propriedade de consumir energia da rede para carregar suas baterias e de fornecer energia à rede. No novo paradigma de SEP com fontes não despacháveis sob demanda e sistemas de armazenamento devem ser alocados para dar suporte ao balanço de energia da rede. Uma rede elétrica que incorpora tecnologia de informação e comunicação nos segmentos de geração, transporte e consumo tento em vista minimizar impacto ambiental, melhorar confiabilidade e serviço, ampliar mercado, reduzir custos e aumentar eficiência é denominada de Rede Elétrica Inteligente (REI), no inglês smart grid (http://smartgrid.epri.com/). 1.6 Características do Sistema Elétrico Brasileiro 1.6.1 Geração de Energia Elétrica Na geração de energia elétrica, uma tensão de conformidade senoidal é produzida, cujo valor rms está na faixa de 660 V a 24 kV. A onda senoidal gerada propaga-se pelo sistema elétrico mantendo a frequência constante e modificando a amplitude à medida que trafegue por transformadores, com amplitude que varia conforme a modalidade do Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-21 atendimento em baixa, média ou alta tensão. No entanto, em cada modalidade de atendimento, a frequência e o valor eficaz da tensão deve manter-se dentro de faixas pré-estabelecidas. Os consumidores conectam-se ao sistema elétrico e recebem o produto e o serviço de energia elétrica. No Brasil, o sistema de produção de energia elétrica pode ser classificado como um sistema hidrotérmico de grande porte, com predominância de usinas hidrelétricas, e com múltiplos proprietários. A capacidade instalada de geração do Brasil é cerca de 147 GW de potência com um total de total 4.562 empreendimentos em operação (Aneel, Ago2016). Figura 1.12 Participação de fontes de geração no Brasil4. Fonte: Aneel (http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm) Figura 1.13 Integração eletroenergética no Brasil. Fonte: ONS (http://www.ons.com.br/conheca_sistema/mapas_sin.aspx) 4 Legenda: CGH Central Geradora Hidrelétrica (até 1MW); EOL Central Geradora Eolielétrica; PCH Pequena Central Hidrelétrica (de 1MW a 30MW); SOL Central Geradora Solar Fotovoltaica; UHE Usina Hidrelétrica de Energia; UTE Usina Termelétrica de Energia; UTN Usina Termonuclear. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-22 As grandes usinas hidrelétricas se distribuem em 15 diferentes bacias hidrográficas nas diferentes regiões do país, a saber, as bacias dos rios Tocantins, Madeira, Parnaíba, São Francisco, Paraguai, Paranaíba, Grande, Paraná, Tietê, Paraíba do Sul, Paranapanema, Iguaçu, Uruguai e Jacuí. Grandes empreendimentos estão em andamento nas bacias do rio Xingu (usina de Belo Monte) e rio Tapajós (usina São Luiz do Tapajós). Os reservatórios nacionais situados em diferentes bacias hidrográficas não têm ligação física entre si, sendo interligados por linhas de transmissão que funcionam como vasos comunicantes entre as bacias hidrográficas. Os dez agentes de geração de maior capacidade instalada no país são apresentados na Tabela 1.4. Tabela 1.4 Maiores agentes de capacidade instalada no Brasil (Usinas em Operação). Nº Agentes do Setor Potência Instalada (kW) 1º Companhia Hidro Elétrica do São Francisco CHESF 10.613.131,00 2º Furnas Centrais Elétricas S/A. FURNAS 9.411.200,00 3º Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A. ELETRONORTE 9.222.104,10 4º Tractebel Energia S/ATRACTEBEL 7.323.817,7 5º Itaipu Binacional ITAIPU 7.000.000,00 6º Petróleo Brasileiro S/A PETROBRÁS 6.239.224,60 7º CEMIG Geração e Transmissão S/A CEMIG-GT 5.310.278,40 8º Rio Paraná Energia S.A. 4.995.200,00 9º Copel Geração e Transmissão S.A. COPEL-GT 4.921.216,00 10º Energia Sustentável do Brasil S.A.UHE Jirau 3.225.000,00 Fonte: http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/AgenteGeracao/GraficoDezMaioresPotencia.asp 1.6.2 Sistema de Transmissão A rede de transmissão liga as grandes usinas de geração às áreas de grande consumo através de linhas aéreas em corrente ca e cc. Em geral, apenas poucos consumidores com um alto consumo de energia elétrica são conectados às redes de transmissão. O nível de tensão das redes de transmissão está entre 138 kV e 765 kV em ca e 600 kV e 800 kV em cc. Figura 1.14 Sistema de transmissão brasileiro. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-23 Fonte: http://www.ons.com.br/conheca_sistema/pop/pop_sistema_transmissao.aspx. A rede de transmissão do sistema elétrico brasileiro liga as diferentes regiões do país como pode ser visto no mapa da Figura 1.14. As linhas de transmissão costumam ser extensas, porque as grandes usinas hidrelétricas geralmente estão situadas a distâncias consideráveis dos centros consumidores de energia elétrica. Asegurança é um aspecto fundamental para as redes de transmissão. Qualquer falta neste nível pode levar a descontinuidade de suprimento para um grande número de consumidores. Os estados do Acre (Rio Branco), Amapá (Macapá), Amazonas (Manaus), Rondônia (Porto Velho) e Tocantins (Tocantins) estão integrados ao Sistema Interligado Nacional (SIN), permanecendo isolado apenas o estado de Roraima (Boa Vista). No entanto, neste estado o abastecimento é feito, na grande parte, por usinas termelétricas a diesel e importação de energia elétrica da Venezuela. Para atender às políticas externa e energética, o Brasil está interligado aos países vizinhos como Venezuela (para fornecimento a Boa Vista (Roraima)), Argentina, Uruguai e Paraguai. O sistema de transmissão da usina binacional de Itaipu é composto por cinco linhas de transmissão com extensão de 900 km, sendo três linhas em corrente alternada em 750 kV e duas em corrente contínua de ± 600 Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-24 kV. Através das linhas em cc, o Brasil importa do Paraguai a energia gerada em 50 Hz em Itaipu. Com as usinas do rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, linhas de transmissão em 230 kV atendem os estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso, além de dois circuitos paralelos de 2.375 km de extensão em ±600 kV e 3150 MW cada, que ligam as regiões Norte (de Porto Velho) e Sudeste (a Araraquara – SP) do país. Linhas em 500 kV interligam a usina de Tucuruí situada no Pará ao sudeste e nordeste do país. A fim de vislumbrar a dimensão do sistema de transmissão brasileiro, a Figura 1.15 apresenta-o sobreposto ao mapa da Europa. Figura 1.15 Sistema de transmissão brasileiro sobre o mapa europeu. Fonte: J.M. Samek. Perspectivas do Barsil como polo de inovação sustentável. III Fórum Internacional de Administração. 2010. São mais de 100 agentes de transmissão operando no Brasil. As principais empresas investidoras em linhas de transmissão no país estão relacionadas na Tabela 1.5. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-25 Tabela 1.5 Maiores transmissores do país – Extensão de linhas (km) No. Agentes do Setor km de linhas 1º Furnas 23 mil 2º Chesf 20,2 mil 3º CTEEP 18,4 mil 4º Eletrosul 10,8 mil 5º Cemig 15,6 mil 6º Eletronorte 9,9 mil 7º CEEE GT 6,0 mil 8º State Grid Brasil 5,8 mil 9º EBTE TRA 3,1 mil 9º Copel Transmissão 2,5 mil Fonte: http://www.ons.org.br/institucional/agentes_transmissao.aspx A Figura 1.16 mostra um diagrama com a representação dos vários segmentos de um sistema de potência com seus respectivos níveis de tensão. Figura 1.16 Faixas de tensão de sistemas elétricos. Classificação: Acima de 765 kV (UAT) 230kV<V765kV (EAT) 35 kV <V 230kV (AT) 1 kV<V 35 kV (MT) V 1000 V (BT) Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-26 Os níveis de tensões praticados no Brasil são: 800kV, 765 kV, 600 kV, 525 kV, 500 kV, 440 kV, 345 kV, 300 kV, 230 kV, 161 kV, 138 kV, 132 kV, 115 kV, 88 kV, 69 kV, 34,5 kV, 23 kV, 13,8 kV, 440 V, 380 V, 220 V, 110 V. 1.6.2.1 Sistema Interligado Nacional Até 1999, o Brasil possuía vários sistemas elétricos desconectados, o que impossibilitava uma operação eficiente das bacias hidrográficas regionais e da transmissão de energia elétrica entre as principais usinas geradoras. Com o objetivo de aumentar a confiabilidade, otimizar o uso dos recursos energéticos e homogeneizar mercados foi criado o Sistema Interligado Nacional - SIN, o qual é responsável por mais de 98,3% do fornecimento nacional. Sua operação é coordenada e controlada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS. A Rede de Operação do Sistema Interligado Nacional é constituída pela Rede Básica, Rede Complementar, Rede de Operação, Rede de Supervisão e Rede de Simulação. Rede Básica é definida de acordo com os critérios estabelecidos pela Aneel. Rede Complementar é o conjunto de instalações não integrantes da Rede Básica, porém com influência significativa na operação daquela rede. A composição da rede complementar será periodicamente atualizada, em função da evolução dos sistema elétrico. Rede de Operação é a união da Rede Básica, Rede Complementar e usinas submetidas ao despacho centralizado. Rede de Supervisão é a rede supervisionada pelos Centros de Operação do ONS e compreende a Rede de Operação e outras instalações cuja monitoração via sistema de supervisão é necessária para a tomada de decisões em tempo real, pelo ONS, relativas à Rede de Operação. Rede de Simulação é a rede utilizada pelas áreas de planejamento do ONS, composta pelas instalações integrantes da Rede de Supervisão, acrescida de outras instalações que devam ser modeladas para estudos do ONS, porque sua representação por modelos equivalentes levaria a imprecisões significativas de Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-27 resultados ou porque a operação dessas instalações deva ser coordenada com a de instalações da Rede de Operação. Figura 1.17 Redes de operação do sistema interligado nacional. Fonte: ONS (Sub-módulo 23.2 Critérios para definição das redes do Sistema Interligado Nacional). O sistema interligado de eletrificação permite que as diferentes regiões permutem energia entre si, quando uma delas apresenta queda no nível dos reservatórios. Como o regime de chuvas é diferente nas regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste, os grandes troncos (linhas de transmissão da mais alta tensão: 500 kV ou 750 kV) possibilitam que os pontos com produção insuficiente de energia sejam abastecidos por centros de geração em situação favorável. Figura 1.18 Exemplo de sistema elétrico interligado. Sistema A Sistema B Sistema C Sistema D Sistema E Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-28 Vantagens dos sistemas interligados: Aumento da estabilidade – sistema torna-se mais robusto podendo absorver, sem perda de sincronismo, maiores impactos elétricos. Aumento da confiabilidade – permite a continuidade do suprimento em decorrência da falha ou manutenção de equipamento, ou ainda devido às alternativas de rotas para fluxo da energia. Aumento da disponibilidade do sistema – a operação integrada acresce a disponibilidade de energia do parque gerador em relação ao que se teria se cada empresa operasse suas usinas isoladamente. Mais econômico – permite a troca de reservas que pode resultar em economia na capacidade de reservas dos sistemas. O intercâmbio de energia está baseado no pressuposto de que a demanda máxima dos sistemas envolvidos acontece em horários diferentes. O intercâmbio pode também ser motivado pela importação de energia de baixo custo de uma fonte geradora, como por exemplo, a energia hidroelétrica para outro sistema cuja fonte geradora apresenta custo mais elevado. Desvantagens dos sistemas interligados: Distúrbio em um sistema, afeta os demais sistemas interligados. A operação e proteção tornam-se mais complexas. 1.6.2.2 Sistema de Suprimento no Ceará O Estado do Ceará é suprido por linhas de transmissão da rede básica do SIN em 500 kV e 230 kV, e plantas usinas de geração como ilustrado nos diagramas nas Figuras 1.18 e 1.19. Inaugurada ao final de 2013, a subestação de transmissão da Chesf, SE Cauipe, em 230 kV interliga a SE Sobral II (230 kV) à SE Fortaleza (230 kV) e as usinas termelétricas. A SE Cauipe deverá suprir a refinaria da Petrobrás, a companhia siderúrgica e todo complexo industrial do Pecém. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-29 Figura 1.19. Sistema de Transmissão que alimenta o estado do Ceará. Figura 1.20. Sistema de transmissão que alimenta o estado do Ceará. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-30 Fonte: (http://www.ons.org.br/download/mapas_rede_operacao/n_ne/DU-CT.NNE.01A_r129.pdf)A capacidade de geração no Ceará é de 3,3 GW, sendo cerca de 59% de UTE e 41% de EOL. Figura 1.21. Capacidade de geração do Ceará. Fonte: (http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/ResumoEstadual/CapacidadeEstado.cfm?cmbEstados=CE:CEAR %C1) Tabela 1.6 Matriz de eletricidade do Ceará. Empreendimentos em Operação Tipo Quantidade Potência (kW) % CGH 2 1.263 0,04 EOL 49 1.353.234 40,84 PCH 1 4.000 0,12 UFV 1 1.000 0,03 UTE 34 1.953.816 58,97 Total 87 3.313.313 100 Fonte: (http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/ResumoEstadual/CapacidadeEstado.cfm?cmbEstados=CE:CEAR %C1) As cinco maiores usinas termelétricas do estado são: UTE Porto do Pecém I (antiga MPX) com 720 MW a carvão mineral; UTE Porto do Pecém II com 365 MW a carvão mineral; UTE Fortaleza com 346,6 MW a gás natural; UTE Termoceará com 219 MW a gás natural UTE Maracanaú I com 168 MW a óleo combustível. As seis maiores usinas eólicas do estado são: EOL Praia Formosa de 105,8 MW em Camocim - CE; EOL Canoa Quebrada de 57 MW em Aracati – CE; EOL Icaraizinho de 54,6 ME em Amontada – CE; http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/ResumoEstadual/GeracaoTipoFase.asp?tipo=10&fase=3&UF=CE:CEAR%C1 http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/ResumoEstadual/GeracaoTipoFase.asp?tipo=7&fase=3&UF=CE:CEAR%C1 http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/ResumoEstadual/GeracaoTipoFase.asp?tipo=5&fase=3&UF=CE:CEAR%C1 http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/ResumoEstadual/GeracaoTipoFase.asp?tipo=12&fase=3&UF=CE:CEAR%C1 http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/ResumoEstadual/GeracaoTipoFase.asp?tipo=2&fase=3&UF=CE:CEAR%C1 http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/ResumoEstadual/GeracaoTipoFase.asp?tipo=0&fase=3&UF=CE:CEAR%C1 Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-31 EOL Bons Ventos de 50 MW em Aracati- CE; EOL Volta do Rio de 42 MW em Acaraú – CE; EOL Dunas de Paracuru de 42 MW em Paracuru – CE. As linhas de transmissão em 500 kV e 230 kV que suprem o estado são: (i) Um circuito em 500 kV derivado da Usina Hidroelétrica de Luiz Gonzaga - CHESF, passando pelas subestações de Milagres, Quixadá e Fortaleza II; (ii) Dois circuitos em 500 kV derivada da Subestação Presidente Dutra (MA) transmitindo energia da Usina de Tucuruí (Eletronorte), passando pelas subestações de Teresina II, Sobral III, Pecém II e Fortaleza II; (iii) Três circuitos em 230 kV derivadas do complexo das Usinas de Paulo Afonso - Chesf, passando pelas subestações de Bom Nome, chegando à subestação Milagres, Banabuiu e Fortaleza; (iv) Um circuito de 230 kV derivado da Usina Hidroelétrica de Boa Esperança (PI) - Chesf, passando pelas subestações Teresina I, Piripiri, Sobral II e Cauipe. São 15 subestações (SE) pertencentes à rede básica em 500 kV e 230 kV que atendem ao estado do Ceará: 1) SE Milagres (abaixadora 1 x 600 MVA – 500/230 kV e 2 x 100MVA – 230/69 kV); 2) SE Quixadá (seccionadora 500 kV); 3) SE Fortaleza II (abaixadora 2 x 600 MVA 500/230 kV); 4) SE Sobral III (seccionadora 500 kV); 5) SE Pecém II (3 x 1200 MVA – 500/230 kV); 6) SE Icó (abaixadora 1 x 100 MVA – 230/69 kV); 7) SE Banabuiú (abaixadora 2 x 33 MVA – 230/69 kV); 8) SE Russas (abaixadora 2x16,6+1x100 MVA – 230/69 kV); 9) SE Delmiro Gouveia (abaixadora 4x100 MVA – 230/69 kV); 10) SE Fortaleza (abaixadora 4 x 100 MVA – 230/69 kV); 11) SE Pici II (abaixadora 230/69 kV); 12) SE Aquiraz II (450 MVA – 230/69 kV); 13) SE Tauá (abaixadora 230/69 kV); 14) SE Cauípe (abaixadora 1 x 100 MVA – 230/69 kV); 15) SE Sobral II (abaixadora 3 x 100 MVA – 230/69 kV). Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-32 A subestação Fortaleza II, suprida em 500 kV, se interliga em 230 kV com as subestações Fortaleza, Delmiro Gouveia e Pici II. Figura 1.22 Mapa de linhas de transmissão no Ceará. Fonte? 1.6.3 Sistema de Distribuição Os sistemas de distribuição de energia elétrica no Brasil incluem todas as redes e linhas de distribuição de energia elétrica em tensão inferior a 230 kV, seja em alta tensão (AT), média tensão (MT) ou baixa tensão (BT). A classificação das empresas distribuidoras segundo a Abradee por número de consumidores e por consumo de energia elétrica (ref. 2014) distribuidoras está relacionada na Tabela 1.7. Tabela 1.7 Classificação de distribuidoras por número de consumidores e consumo de energia elétrica. No. Agente % No. Consumidores No. Agente % Consumo 1º Cemig 10,26 1º AES Eletropaulo 10,69 2º AES Eletropaulo 8,58 2º Cemig 7,81 3º Coelba 7,25 3º Copel 7,09 4º Copel 5,59 4º CPFL Paulista 6,47 Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-33 5º Light 5,45 5º Light 6,30 6º CPFL Paulista 5,27 6º Coelba 4,97 7º Celpe 4,46 7º Celesc 4,66 8º Coelce 4,28 8º Elektro 3,73 9º Celg 3,55 9º Celg 3,55 10º Celesc 3,51 10º Celpe 3,36 Fonte: (http://www.abradee.com.br/graficos-dados-de-mercado/distribuidoras-associadas-abradee-por- numero-de-consumidores), (http://www.abradee.com.br/graficos-dados-de-mercado/distribuidoras- associadas-abradee-por-consumo) As redes de distribuição alimentam consumidores industriais de médio e pequeno porte, consumidores comerciais e de serviços e consumidores residenciais. Os níveis de tensões praticados no Brasil para o sistema de distribuição segundo o PRODIST (Módulo 3): Distribuição em alta tensão (AT): tensão entre fases cujo valor eficaz é igual ou superior a 69 kV e inferior a 230 kV (69 kV V < 230 kV). Distribuição em média tensão (MT): tensão entre fases cujo valor eficaz é superior a 2,3 kV e inferior a 69 kV (2,3 kV < V < 69 kV). Distribuição em baixa tensão (BT): tensão entre fases cujo valor eficaz é igual ou inferior a 2,3 kV (V 2,3 kV). As tensões de conexão padronizadas para AT e MT são: 138 kV (AT), 69 kV (AT), 34,5 kV (MT) e 13,8 kV (MT). O setor terciário, tais como hospitais, edifícios administrativos, pequenas indústrias, etc., são os principais usuários da rede MT. A rede BT representa o nível final na estrutura de um sistema de potência. Um grande número de consumidores, setor residencial, é atendido pelas redes em BT. Tais redes são em geral operadas manualmente. Tabela 1.8 Tensões Nominais Padronizadas de Baixa Tensão – Prodist Módulo 3. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-34 De acordo com a Resolução No456/2000 da ANEEL e o módulo 3 do Prodist, a tensão de fornecimento para a unidade consumidora se dará de acordo com a potência instalada: Tensão secundária de distribuição inferior a 2,3 kV (BT): quando a carga instalada na unidade consumidora for igual ou inferior a 75 kW; o Ligação monofásica através de condutor fase-neutro - carga instalada até o limite de 10 kW em rede aérea e carga instalada até o limite de 15 kW em rede subterrânea; o Ligação bifásica através de 2 condutores fases e 1 neutro - carga instalada até o limite de 20 kW em rede aérea e carga instalada até o limite de 30 kW em rede subterrânea; o Ligação trifásica através de 3 condutores fases e 1 neutro - carga instalada até o limite de 75 kW em rede aérea e carga instalada até o limite de 100 kW em rede subterrânea; Tensão primária de distribuição inferior a 69 kV (MT): quando a carga instalada na unidade consumidora for superior a 75 kW e o Montante de Uso do Sistema de Distribuição (MUSD) contratado ou estimado pelo interessado, para o fornecimento, for igual ou inferior a 2.500 kW; Tensão primária de distribuição igual ou superior a 69 kV (AT): quando o MUSD contratado ou estimado pelo interessado, para o fornecimento, for superior a 2.500 kW. 1.6.3.1 Rede de Subtransmissão Do ponto de vista da Aneel, os níveis de tensão da subtransmissão são considerados como distribuição em média e alta tensão. A rede de subtransmissão recebe energia da rede de transmissão e tem como objetivo transportar energia elétrica a cidades de médio e pequeno porte, setores de grandes cidades, ou importantesconsumidores industriais. O nível de tensão está entre 35 kV e 230 kV. Em geral, o arranjo das redes de subtransmissão é em anel para aumentar a segurança do sistema. A estrutura dessas redes é em geral em linhas aéreas, por vezes cabos subterrâneos próximos a centros urbanos fazem parte da rede. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-35 A permissão para construção de novas linhas aéreas está cada vez mais demorada devido ao grande número de estudos de impacto ambiental e oposição social. Como resultado, é cada vez mais difícil e caro para as redes de subtransmissão alcançar áreas de alta densidade populacional. Os sistemas de proteção são do mesmo tipo daqueles usados para as redes de transmissão e o controle é regional. As linhas que abastecem as subestações de distribuição da Coelce (69/13,8 kV) e consumidores classe A-3 (tensão de fornecimento de 69 kV) têm origem a partir das subestações de transmissão 230/69kV. O subsistema elétrico suprido através de cada uma destas subestações de 230/69 kV define uma região elétrica de operação, também denominada de ponto de entrega ou ponto de suprimento em 69kV. O suprimento de energia ao estado do Ceará é realizado através de 11 pontos de entrega em 69 kV (AQZ, BNB, CPE, DMG, FTZ, ICO, MLG, PCD, RSD, SBD, TAD), que são as SE de fronteiras entre a rede básica e a rede de sub transmissão, ou fronteira entre as empresas Chesf e Coelce. Atualmente há três pontos de suprimento em 69 kV em operação na Cidade de Fortaleza (Fortaleza-FTZ, Delmiro Gouveia-DMG e Pici II- PCD), dois na Região Metropolitana de Fortaleza (Aquiraz II-AQZ e Cauipe-CPE), um na região Norte do Estado (Sobral II-SBD) e cinco nas regiões Centro, Centro-Oeste, Centro-Sul e Sul do Estado (Banabuiú- BNB, Tauá II-TAD, Russas II-RSD, Icó-ICO, Milagres-MLG). 1.7 Representação Esquemática dos Sistemas de Potência Os símbolos para representação dos componentes elétricos são apresentados na Figura 1.23. Figura 1.23 Símbolos de componentes elétricos. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-36 Máquina Girante Fusível Barra Transformador de 2 enrolamentos Girante Chave Fusível Disjuntor Transformador de Corrente Transformador de 3 enrolamentos Girante Conexão Delta Conexão Estrela Linha de Transmissão Chave Carga Terra Transformador de Potencial Capacitor Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-37 1.7.1 Características dos Sistemas Elétricos de Potência Os Sistemas Elétricos de Potência (SEP) apresentam as seguintes características: Normalmente são trifásicos; Apresentam um grande número de componentes; Transformador de Potência Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-38 Possuem transformadores que particionam o sistema em seções de diferentes níveis de tensão. 1.7.2 Representação do Sistema Elétrico Os sistemas elétricos podem ser representados graficamente através de: - Diagramas Unifilares - Diagramas Multifilares - Diagrama Equivalente por Fase a) Diagrama Unifilar - Representa os principais componentes por símbolos e suas interconexões com a máxima simplificação e omissão do condutor neutro. - Representa apenas uma fase do sistema. - Representam sistemas monofásicos ou trifásicos. Na Figura 1.24 é apresentado um diagrama unifilar simplificado de um sistema elétrico de potência. Figura 1.24 Diagrama unifilar simplificado de um SEP. Cada elemento de um sistema elétrico deve ser protegido através de um sistema de proteção. A Figura 1.25 representa de modo simplificado a LEGENDA: G – Geração D – Equipamento de Disjunção SE 1 – Subestação Elevadora SE 2 – Subestação Distribuidora LT – Linha de Transmissão C – Carga ou Consumidor Sistema de Transmissão LT SE 2 SE 1 Sistema de Geração Sistema de Distribuição G ~ D D D D Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-39 proteção de sobrecorrente (50/51) de um alimentador e proteção diferencial (87) de barra. Figura 1.25 Proteção de um alimentador de subestação. b) Diagrama Multifilar Os diagramas multifilares podem ser bifásicos ou trifásicos. As Figuras 1.25 e 1.26 ilustram um diagrama trifilar, representando um circuito de saída de linha e uma linha de transmissão interligando subestações, respectivamente. Figura 1.26 Saída de um circuito de uma subestação de sub-transmissão. Figura 1.27 Diagrama trifilar de uma linha de transmissão (LT) interligando subestações com proteção sobrecorrente direcional função 67. Transformador de Corrente Códigos: 50 Relé de sobrecorrente instantânea 51 Relé de sobre corrente temporizada 52 Disjuntor ac Barra Principal S aí d a d e L in h a d e T ra n sm is sã o D is ju n to r Relés de sobrecorrente de fase e neutro Chave do Disjuntor Proteção Diferencial de Barra Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-40 c) Diagrama Equivalente por Fase Representa as grandezas normalizadas. Simplifica a análise numérica. Elimina o efeito particionador dos transformadores. Usado para mostrar os dados de impedância de geradores, linhas, transformadores, capacitores, cabos, etc. Figura 1.28 Diagrama unifilar de sistema elétrico de potência. Figura 1.29 Diagrama de impedâncias. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-41 As impedâncias são usadas para cálculos de queda-de-tensão, curto- circuito, carregamento de circuitos, etc. Figura 1.30 Diagrama unifilar, trifilar e de impedância. Aplicação: Um sistema trifásico é alimentado em 60 Hz por uma fonte ca em 2400 V tensão de linha, que supre duas cargas trifásicas operando em paralelo: Carga 1: 300 kVA FPD= 0.8 atrasado Carga 2: 240 kVA FPD= 0.6 adiantado Construa diagrama unifilar do sistema. Qual o valor rms da corrente suprida pela fonte às cargas? a) 129,9 A b) 225 A c) 92,42 A Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-42 1.8 Tendências para o Setor de Energia Elétrica5 O atual modelo dos sistemas elétricos de potência tem se caracterizado por fluxo unidirecional de energia e, possivelmente, por razões tecnológicas, em alguns casos, e razões econômicas, em muitos outros, o mercado está baseado em tarifas fixas e limitações de informações em tempo real sobre gerenciamento da rede elétrica e carga. A segurança energética e a sustentabilidade ambiental tem sido os principais pilares para o crescimento de usinas geração eólio-elétrica e solar fotovoltaica. Para lidar com a variabilidade da geração por fonte renovável eólica e solar, sistemas de armazenamento deverão atuar na regulação do sistema elétrico. O setor de distribuição de energia elétrica está caracterizado por monopólios naturais dentro de áreas geográficas. A ausência de competição faz com que as tarifas sejam controladas por agentes reguladores. A nova tendência internacional é de liberalização do mercado de energia elétrica com o estabelecimento de comércio de energia on-line, e de consumidores com o direito de escolher seu supridor de energia elétrica. Atualmente a maioria dos usuários da rede de energia elétrica são receptores passivos sem nenhuma participação no gerenciamento da operação da rede. Cada consumidor é simplesmente um absorvedor de eletricidade. As redes de energia elétrica deverão em um futuro não longínquo permitir que seus usuários exerçam um papel ativo na cadeia de suprimento de energia elétrica. Com a consolidação da geração distribuída em um mercado liberalizado de energia elétrica, está em crescimento um novo modelo de geração, em que coexistirão geração centralizada e geração descentralizada. Um grande número de pequenos e médios produtores de energia elétrica com tecnologia baseadaem fontes renováveis de energia deverá ser integrado à rede elétrica. Milhares de usuários terão geração própria tornando-se ambos, produtores e consumidores de energia elétrica, denominados de prosumer. O mercado de energia elétrica deverá fazer 5 M.S. Jimenez. Smart Electricity Network based on Large Integration of Renewable Sources and Distributed Generation. PhD Thesis presented at Kassel University. June of 2006. 158 pages. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-43 uso pleno de ambos, grandes produtores centralizados e pequenos produtores distribuídos. Geradores quando conectados à rede de média tensão são classificados como mini-geração (100 kW a 1 MW) e quando conectados à rede de baixa tensão são classificados de micro-geração (< 100 kW). No Brasil, clientes de média e baixa tensão com instalação de pequenos geradores de fontes incentivadas de energia (hídrica, solar, biomassa, eólica e cogeração qualificada) quando cadastradas na distribuidora local podem fazer uso do sistema de compensação [Resolução nº 482/2012 de 17 de abril de 2012, e Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST]. O sistema de compensação gera créditos de energia ativa não consumida e injetada na rede da concessionária. Quando a geração for maior que o consumo, o saldo positivo de energia poderá ser utilizado para abater o consumo na fatura do mês subsequente ou em outras unidades da escolha do cliente, desde que elas estejam na mesma área de concessão e sejam do mesmo titular. Os créditos de energia ativa gerados e não compensados no consumo de energia elétrica expirarão em 36 meses após a data do faturamento, não fazendo jus o cliente a qualquer forma de compensação após o seu vencimento. Um cluster de instalações de geração distribuída, cargas controláveis e sistemas de armazenamento quando agregados e coletivamente gerenciados por uma entidade central de controle por meio de modernas tecnologias de informação e comunicação é denominado de microrrede ou planta virtual de geração (VPP, do inglês Virtual Power Plant). Os termos microrrede e VPP, na maioria das vezes, são usados indistintamente. As VPP assumem o porte de uma planta convencional podendo operar no mercado de energia elétrica. As microrredes podem operar como parte da rede principal de energia elétrica ou em modo autônomo. Na verdade, onde a confiabilidade do sistema não é uma preocupação, o termo planta virtual é mais usado. Do contrário, em locais onde a falta de energia é mais provável, o termo microrrede é mais conhecido. Contudo, o objetivo de uma planta virtual é ter acesso ao mercado de energia. Em geral, uma única microrrede é muito pequena para participar do mercado de eletricidade. Um conjunto de microrrede ou uma planta virtual pode permitir o acesso ao mercado de eletricidade. Prof a Ruth P.S. Leão Email: rleao@dee.ufc.br 1-44 Para alcançar essa nova realidade, as tecnologias de informação e comunicação (TIC), até então empregadas para dar suporte à infraestrutura elétrica, passarão a ser essenciais, dando suporte à utilização em larga escala de medidores eletrônicos, sensores e componentes de rede (religadores), operação e gerenciamento da rede elétrica. Essa nova infraestrutura tecnológica permitirá a melhor administração do sistema elétrico - ativos, energia e serviços ao consumidor - resultando em uma maior eficiência técnica, econômica, social e ambiental. Figura 1.31. Microrrede. Fonte: http://zeitgeistlab.ca/doc/Unveiling_the_Hidden_Connections_between_E-mobility_and_Smart_Microgrid.html
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