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IED ( Processo Legislativo)

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Processo Legislativo 
 
 
 O veto é o ato pelo qual o chefe do Executivo manifesta sua discordância para com 
o projeto. Pode o veto ser total ou parcial. Deve ser sempre expresso, pois não há veto 
tácito. O veto pode ser derrubado pelo Congresso, em sessão conjunta, pelo voto da 
maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto (art. 66, parágrafo 
4º da CF). 
 A promulgação decorre da sanção e tem o significado de proclamação. Sanção e 
promulgação se dão ao mesmo tempo, com a assinatura do Presidente da República. 
 A publicação no "Diário Oficial" é a última fase. Com a publicação a lei se presume 
conhecida de todos, tornando - se obrigatório na data indicada para sua vigência. Se for 
omitida a data da vigência, a lei se torna obrigatória em 45 dias após a publicação, 
dentro do território nacional, ou em 3 meses, fora dele (art. 1º, parágrafo 1º , da Lei de 
Introdução as Normas do Direito Brasileiro). 
Fases de Elaboração da Lei Ordinária: INICIATIVA, APROVAÇÃO, SANÇÃO/ VETO, 
PROMULGAÇÃO, PUBLICAÇÃO. 
 Leis delegadas são leis equiparadas às leis ordinárias. Diferem destas apenas na 
forma de elaboração. O congresso Nacional, em certos casos, pode encarregar o 
Presidente da República, a pedido deste, de elaborar uma lei que receberá então a 
designação de lei delegada (CF, arts. 59, IV, e 68). Algumas matérias, arroladas no art. 
68, não podem ser objetos de delegação, como, por exemplo, direitos individuais, 
políticos, eleitorais, nacionalidade e cidadania. 
 Decretos legislativos são normas promulgadas das pelo Poder Legislativo sobre 
assuntos de sua competência, como a autorização de referendo ou a convocação de 
plebiscito (art. 49, XV, da CF). 
Resoluções são normas expedidas pelo Poder Legislativo, destinadas a regular matéria 
de sua competência, de caráter administrativo ou político. A delegação ao Presidente 
da República, para a elaboração de uma lei, por exemplo, terá a forma de resolução 
(art.68, 2 º, da CF). 
Medidas provisórias são normas com força de lei baixadas pelo Presidente da 
República em caso de relevância e urgência (art.62 da CF, na redação da EC 32, de 
11.9.2001). Devem ser submetidas de imediato ao Congresso Nacional. Valem por 60 
dias e se nesse período não tivessem sua votação encerrada no Congresso são 
prorrogadas por mais de 60 dias, uma única vez (total de 120 dias). 
 Se apesar da prorrogação, não forem convergidas em lei perdem sua eficácia, desde 
a edição, devendo o Congresso disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas 
delas decorrentes. 
Há três exceções, porém (no que se refere à perda de eficácia): 
a) medida provisória rejeitada, ou com prazo vencido, continua válida para os atos 
praticados na sua vigência se o Congresso não editar o competente decreto legislativo 
em 60 dias da rejeição ou do vencimento (art. 62, parágrafo 11); 
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b) medida provisória que no projeto de conversão em lei tenha seu texto original 
alterado continua em vigor até a sanção ou o veto (art. 62, parágrafo 12); 
c) as medidas provisórias editadas até 12.9.2001 continuam indefinidamente em vigor, 
até serem revogadas ou convertidas em lei (art. 2º da EC 32). 
Certas matérias não podem ser objeto de medida provisória. 
Medidas provisórias não podem ser reeditadas na mesma sessão legislativa, ou seja, 
no mesmo ano. 
 A apreciação das mesmas inicia-se na Câmara dos Deputados, com tramitação de 
45 dias, a partir de publicação findos os quais entram em regime de urgência, 
sobrestadas todas as demais deliberações. Havendo medidas provisórias vigor na data 
de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente 
incluídas na pauta de convocação (art.57 parágrafo 8º, da CF). 
 Se a medida provisória é convertida em lei ordinária, mantém - se a sua eficácia 
desde a edição. Suspende mas não revoga a lei anterior, salvo se convertida em lei.A 
medida provisória pode também ser adotada por Estados e Municípios, desde que 
prevista e inserida nos Estatutos Básicos locais. 
A medida provisória constitui sucedâneo do antigo decreto-lei. 
 
ATOS ADMINISTRATIVOS NORMAIS 
 Como ensina o mestre Hely Lopes Meirelles, atos administrativos normativos 
são aqueles que contém um comando geral do Executivo, visando à correta 
aplicação da Lei. (Direito Administrativo Brasileiro, 37 ed., 2011, p.183). 
 Entre esses atos, regulamentação ou de aplicação da lei, estão os decretos, os 
regulamentos, os regimentos, as resoluções administrativas e as deliberações. E numa 
função ainda mais detalhada temos as instruções, as circulares, as portarias, as ordens 
de serviço etc. Nenhum ato administrativo pode contrariar a lei, sob pena de ser 
considerado ilegal. 
 Decretos são atos administrativos da alçada dos chefes do Executivo. Regulamentos 
são regras disciplinadoras de certos assuntos, baixados por decreto. Regimentos são 
normas de organização interna. Resoluções, na área da administração, são comandos 
da alçada de autoridades superiores. Deliberações são determinações de órgãos 
colegiados, Instruções, circulares portarias e ordens de serviço são determinações 
administrativas semelhantes, que visam à ordenação dos serviços. 
Hierarquia das leis 
Pela ordem de importância, classificam - se as normas da seguinte forma: 
1. Constituição 
2. Emendas à Constituição 
3. Leis complementares 
4. Leis ordinárias 
5. Medidas provisórias 
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6. Decretos regulamentares 
7. Outras normas de hierarquia inferior 
 Quanto às leis ordinárias em geral (federais, estaduais, municipais), não Mantêm 
elas propriamente uma hierarquia entre si. Porque cada esfera legislativa tem seu 
campo de atuação. À União compete privativamente legislar sobre as matérias do art. 
22 da Constituição Federal, assim como ao Município competem os assuntos de 
interesse local (art.30, I, da CF). Aos Estados federados fica a competência exclusiva 
remanescente, sobre as matérias não privativas da União ou do Município (art. 25, 
parágrafo 1º, da CF). 
 Há uma faixa comum, de competência legislativa concorrente, da União, dos 
Estados e do Distrito Federal, nas matérias arroladas no art. 24 da Constituição Federal. 
Mas aí também não existe colidência, vez que, neste caso cabe a União apenas o 
estabelecimento de normas gerais (art. 24, parágrafos 1 º a 4º, da CF). 
Leis Atos Administratios normativos 
Constituição Federal Decretos 
Constituição Estaduais Regulamentos 
Emendas Constituições Regimentos 
Leis Complementares Resoluções administrativas 
Leis ordinárias Deliberações 
Leis delegadas Atos 
Medidas provisórias Instruções 
Decretos legislativos Circulares 
Resoluções do Legislativo Portarias 
Ordens de serviço etc. 
 
Vigência da lei 
 
 A lei é levada ao conhecimento de todos por meio de sua publicação no Diário 
Oficial. Publicada a lei, ninguém se escusa de cumpri-la, alegando que não conhece 
(art.3º da Lei de Introdução de Normas do Direito Brasileiro). Sua força obrigatória, 
todavia, está condicionado à sua vigência, ou seja, ao dia em que começa a vigorar. 
 As próprias leis costumam indicar a data em que entrarão em vigor. Mas se uma 
lei nada dispuser a respeito, entrará ela em vigor, no território nacional, 45 dias após a 
publicação. Fora do País, o prazo é de 3 meses (art. 1º da Lei de Introdução às Normas 
do Direito Brasileiro). 
 O espaço de tempo compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em 
vigor denomina-se vacatio legis (a " vacância da lei "). Serve para que todos se adaptem 
à nova lei, sendo que esse período varia de acordo com a vontade do legislador, tendo 
em consideraçãoa complexidade da lei expedida. 
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 No prazo da vacatio legis inclui-se a data da publicação e o último dia do prazo, 
entrando a norma em vigor somente no dia subsequente à consumação integral do lapso 
(LC 95 - 1999, art. 8º parágrafo 1º). 
Tratados e convenções internacionais 
Nesta altura, faz - se necessária uma referência aos tratados e convenções 
internacionais. Tratado é o termo genérico, que abrange expressões variantes, como 
ajuste, convenção, declaração, pacto etc. Celso D. de Albuquerque Mello ensina que a 
palavra tratado é utilizada para acordos solenes, ao passo que convenção seria o 
tratado que cria normas gerais (Curso de Direito Internacional Público, vol. I, p.133). 
Exemplos de tratados ou convenções internacionais são a Convenção Universal sobre 
o Direito de Autor, a Convenção sobre Consentimento para Casamento, a Lei Uniforme 
do Cheque, a Lei Uniforme das Letras e Promissórias etc. 
 Como mostram os exemplos, existem muitos tratados que trazem em seu bojo regras 
de direito comum, a serem aplicadas em todos os países signatários, regras, essas, que 
podem ser de direito civil, comercial empresarial, penal, administrativo, ou qualquer 
outro ramo do Direito. O ponto que interessa ao nosso estudo é saber que forma as 
referidas regras se inserem no contexto nacional e qual o lugar que ocupam na 
hierarquia das leis. 
 Geralmente, como vamos verificar, as regras de direito comum, trazidas pelos 
tratados, ingressam no direito nacional sob a forma de decretos legislativos e, nessa 
qualidade, passam a ocupar posição idêntica à das leis ordinárias federais. Essa é a 
conclusão, e o que segue é apenas o desenvolvimento afirmativo dessa proposição. 
 Em primeiro lugar, devemos distinguir entre o tratado em si e as normas de direito 
comum nele contidas. O tratado envolve relações de coordenação entre Estados 
soberanos; pertence ao direito público externo; e contém sanções de caráter 
internacional para o eventual Estado infrator; e possui um mecanismo próprio de 
revogação, como a denúncia, a caducidade, a ocorrência do termo, a ruptura de 
relações diplomáticas, a guerra etc. 
 Ao contrário, as normas de direito comum, contidas no tratado, envolvem relações 
de subordinação entre um Estado e os que habitam seu território; destinam - se ao 
direito interno, público ou privado, conforme o caso contém sanções de direito nacional 
interno, dentro do previsto pela regra incorporada; e sua revogação sujeita - se à 
sistemática constitucional comum do país. 
 Pelo exposto, vê - se o tratado por índole, não pode ser incorporado às leis 
internas do pais. O que se incorpora são apenas as leis comuns, por ele transportadas. 
Uma norma de direito privado não se transformará nunca numa norma de direito público 
externo só por ter o Congresso Nacional aprovado o tratado que a trouxe no seu bojo. 
É, portanto, apenas um modo de dizer, ou uma força de expressão, que não 
corresponde à realidade, quando se diz que um tratado foi incorporado ao direito interno. 
 Em segundo lugar, devemos distinguir entre normas programáticas e normas 
autoaplicáveis. As normas programáticas não se incorporam automaticamente, pois 
constituem apenas uma declaração de intenções, necessitando que se crie lei posterior 
própria, para a sua concretização, em cumprimento ao tratado. 
 Ao contrário, a norma autoaplicável (self - executing) é capaz de produzir efeitos no 
plano interno, sem que haja necessidade de lei complementar, podendo ser aplicada 
diretamente pelo juiz (cf. Celso D. de Albuquerque Mello, ob. cit., vol. I, p.144). Na lição 
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de José Afonso da Silva, autoaplicável pertence à classe das normas completas ou de 
eficácia plena (Aplicabilidade das Normas Constitucionais, 7 ed., p. 102). 
Exemplo de normas programática: " Os Estados Contratantes adotarão as medidas 
legislativas necessárias para determinar a idade mínima para contrair casamento'' (art. 
II, primeira parte, da Convenção sobre Consentimento para Casamento, promulgada 
pelo D 66.605, de 20.5.1970). Neste caso nada há para se incorporar à lei interna. Cada 
Estado signatário deve ter ou editar uma lei para cumprir o que foi programado no 
tratado. 
 Exemplo de norma autoaplicável: "Não poderão contrair casamento legalmente as 
pessoas que não tiverem atingido essa idade, salvo dispensa da autoridade competente 
ao requisito da idade por causas justificadas e em interesses dos futuros cônjuges 
(art.2º, segunda parte da mesma convenção acima citada). Neste caso a norma é 
autoaplicável. 
 Em terceiro, lugar, devemos examinar o significado da aprovação do tratado pelo 
Congresso Nacional e a consequente promulgação e publicação. O tratado segue 
geralmente os seguintes tramites: 1º negociações entre os países; adesão dos 
concordantes ao texto final; aprovação pelos respectivos parlamentos;4º ratificação 
perante a comunidade internacional; 5º promulgação pelos respectivos executivos; 6º 
registro em órgãos internacionais e publicação no âmbito interno de cada país. 
 Vemos, assim, que aprovação do tratado pelo Congresso Nacional, através de 
decreto legislativo, produz efeito duplo: de um lado, surgem direitos e obrigações 
internacionais; de outro lado, incorporam -se direito interno as eventuais normas de 
direito comum, autoaplicáveis, trazidas no bojo do tratado. 
 Em quarto lugar, finalmente, cumpre examinar a posição da norma incorporada, em 
relação às outras leis internas. Como já foi estabelecido na premissa inicial, a lei 
incorporada, como decreto legislativo que é, segue a sistemática das leis ordinárias 
federais. 
 A Constituição Federal, confirmando a teoria exposta, coloca no mesmo nível as leis 
ordinárias e os tratados internacionais. No art.102, III, “b”, consigna –se que compete 
ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas 
decididas em única ou última instância por outros tribunais, quando a decisão recorrida 
declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. 
Do exposto seguem-se as seguintes conclusões: 
1º . Não se confunde o tratado internacional em si, com a norma de direito comum, por 
ele transportada. 
2º. As normas incorporadas por decreto legislativo ao direito interno equivalem a leis 
ordinárias federais. Em outras palavras, a norma incorporada vale como direito local e 
não como direito internacional (cf. Irineu Strenger, Curso de Direito Internacional 
Privado, p. 110). Excetuam-se os tratados sobre direitos humanos. Neste caso 
específico, equivalem a emendas constitucionais quando aprovados pelo Congresso 
Nacional, na forma prevista no § 3 º, do art. 5° da CF. 
3º. A norma incorporada tem de submeter – se às regras da Constituição Federal (cf. D. 
de Albuquerque Mello, Curso de Direito Internacional Privado, p. 107). 
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4 . A norma incorporada submete – se as regras internas de hierarquia e de conflitos de 
leis no tempo e no espaço. 
5 . A revogação da norma incorporada não implica a revogação do tratado, pois este só 
pode ser revogado por mecanismos internacionais próprios. 
 Enfim, como já decidiu, “os tratados e convenções internacionais, uma vez 
referendados pelo Poder Legislativo e promulgados, incorporam – se ao direito interno, 
com a mesma força das demais leis” (RT 450/241; RTJ 58/70). 
Cessação da obrigatoriedade da lei 
 Não se destinando a vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique 
ou revogue (art.2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro) (não há 
revogação pelo simples desuso da lei). A revogação total denomina – se ab – rogação 
(abrogatio). A revogação parcial denomina–se derrogação (derogatio). A revogação é 
expressa quando a lei nova diz incompatível com a lei anterior, ou quando regula 
inteiramente a matéria de que ratava de lei anterior.Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei 
revogadora perdido a vigência (art.2º, § 3º, da Lei d Introdução ás Normas do Direito 
Brasileiro). Não há, portanto, a repristinação, ou seja, a ressureição da lei abolida pela 
revogação da lei que a revogou. 
 Observe-se, finalmente, que a renovação de uma lei só é possível através de outra 
lei de igual superior hierarquia. Assim, uma lei ordinária, só se revoga por outra lei 
ordinária ou de hierarquia superior. 
 Como vimos, a medida provisória, se não convertida em lei ordinária, suspende 
mas não revoga a lei anterior. 
 
Revogação da Lei; 
 
Uma lei só se revoga por outra lei de nível igual ao superior. 
Não há revogação pelo desuso. 
A revogação pode ser expressa ou tácita. 
Não há repristinação. 
A revogação total chama-se ab-rogação. 
A revogação parcial chama-se derrogação. 
Medida provisória suspende mas não revoga lei anterior.

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