Buscar

Turismo Sexual no Brasil - Causas e Efeitos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

44
CENTRO TECNOLÓGICO UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
7ª mOSTRA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA
Giulia hammes campos
nicole peyrot da silva
rayssa dutra do amarante
Turismo sexual no brasil: causas e efeitos
CAXIAS DO SUL/rs
AGOSTO
2019
	DEDICAMOS ESTA PESQUISA ao CENTRO TECNOLÓGICO UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL - CETEC, que nos proporcionou a experiência de conhecer o método científico e aplicá-lo, para que cada um adquira o máximo de conhecimento possível, também para todas as mulheres, mas especialmente para aquelas que já passaram por algum constrangimento ou situação que envolveu homens estrangeiros e seus constantes abusos.
O grupo agradece a orientadora Liliane Maria Viero Costa, por todo o engajamento com esta pesquisa, por estar sempre disposta a esclarecer dúvidas e ajudar-nos a finalizar mais esta etapa com sucesso. 
“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo.”
Albert Einstein
giulia hammes campos
nicole peyrot da silva
rayssa dutra do amarante
Turma o1
Turismo sexual no brasil: causas e efeitos
Trabalho apresentado como requisito parcial para avaliação do Projeto Integrado EU SOU CIÊNCIA e participação na 7ª Mostra Científica e Tecnológica do Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul.
__________________________________________________
Orientador (a) 1: Liliane Maria Viero Costa
FOLHA DE APROVAÇÃO
resumo
	Considerando a realidade do turismo sexual estar presente em nosso país, e ainda parecer silenciado, nota-se ausência de estudos e pesquisas acerca deste problema. Partindo deste princípio, esta pesquisa tem como objetivo, através de uma análise bibliográfica e exploratória, o entendimento acerca do turismo sexual e os fatores que contribuíram com a disseminação do mesmo no país, ao longo dos anos, sendo finalizada com sugestões de possíveis ações de interação e minimização do problema turismo sexual.
Palavras-chave: turismo, turismo sexual, imagem brasileira, causas, efeitos. 
ABSTRACT
	Considering the fact that sex tourism is present in our country, and still seem silenced, we notice the lack of studies and researches about this problem. From this perspective, this search has as a goal, through a bibliographic and exploratory review, the understanding about sex tourism and the facts that contributed to the dissemination of it in the country throughout the years, it finishes with suggestions of possible interactions in this subject and minimizing the problem of sex tourism.
Keywords: tourism, sex tourism, brazilian image, causes, effects.
Lista de figuras
Figura 1 - Carnaval e Turismo Sexual. Fonte: Miranda, 2004 (s/p).	25
Figura 2 - O risco de se tornar carioca - divulgada em 1975 pela revista Rio: Samba e Carnaval. Fonte: Alfonso, 2006, p.88 	26
Figura 3: Figura da mulher brasileira - divulgada em 1984. Fonte: Alfonso, 2006, p. 97	27
Figura 4: Campanha Uma Nova Imagem. Fonte: Alfonso, 2006, p. 105	27
Figura 5: Este é um dos pontos turísticos mais visitados do Brasil. Fonte: Mendes, 2007, s/p. 	29
Figura 6: Campanha contra turismo sexual no Estado do Espírito Santo. Fonte: Sindibares-Abrasel – ES, 2006, s/p. 	35
Figura 7: Campanha combate ao turismo sexual no Estado de Alagoas. Fonte: Favre, 2008, s/p. 	36
Figura 8: Campanha contra o tráfico internacional de mulheres. Fonte: Rocha, 2007, s/p. 	36
Figura 9: Campanha Italiana contra o turismo sexual no Brasil. Fonte: Paes, 2008, s/p. 	36
Figura 10: "Eu não sou atração turística". Fonte: FRAGA, 2009, s/p.	37
Figura 11: Campanha da EMBRATUR – “Brasil. Vire Fã”- voltada para o público espanhol. Fonte: Brasil, Ministério do Turismo, 2005, s/p. 	39
Figura 12: Campanha da EMBRATUR no atual governo – 2019 Fonte: EMBRATUR	39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	a.C.
	Antes de Cristo
	KM
	Quilômetros
	OMT
	Organização Mundial do Turismo
	P.
	Página
	SP
	São Paulo
	RS
	Rio Grande do Sul
	MG
	Minas Gerais
	ABAV
	Associação Brasileira dos Agentes de Viagens
	EMBRATUR
	Instituto Brasileiro de Turismo
	CNN
	Cable News Network
	ART. 
	Artigo
	TSI
	Turismo Sustentável e Infância
	UNODC
	Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime
	OMT
	Organização Mundial do Turismo
	ABAV
	Associação Brasileira de Agências de Viagens
	TV
	Televisão
	ONG
	Organização Não-Governamental
	EUA
	Estados Unidos da América
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Sumário
1. INTRODUÇÃO	12
2. REFERENCIAL TEÓRICO	16
2.1. Entendendo o Turismo - histórico	16
2.2. Conceitos	17
2.3. Tipologias do turismo	18
2.4. Descobrimentos do Brasil	19
2.5. O turismo no Brasil	21
2.5.1. Primórdios – da Colônia ao Império (Séculos XVIII e XIX)	22
2.5.2. Primeiras manifestações: 1900 – 1950	23
2.5.3. Desafios: 1950 a 1970	24
2.6. Campanhas oficiais da EMBRATUR	25
2.7. O turismo sexual no Brasil	28
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS	30
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO	32
5. CONCLUSÃO	35
6. REFERÊNCIAS	42
INTRODUÇÃO
O turismo sexual no Brasil foi pauta de discussão recentemente devido às declarações do presidente Jair Bolsonaro. Entendemos a importância de buscar esclarecimentos sobre essa questão, o turismo sexual no Brasil, uma vez que sempre foi alvo de reflexões e estimulou o desenvolvimento de políticas públicas que dirimissem esse cartão postal vergonhoso de nosso país. Assim esta pesquisa exploratória sobre as causas e efeitos do turismo sexual ao turismo brasileiro. Essa declaração despertou a nossa curiosidade de pesquisar, investigar a fim de que possamos entender melhor o chamado turismo sexual, algo bastante complexo e cheio de estigmas.
Percebemos que a questão do turismo sexual tem sido discutida no Brasil por envolver múltiplos fatores (culturais, políticos, econômicos, psicossociais e étnicos). Encontramos discussões sobre este tema em diversas reportagens em jornais e televisão. Entretanto, esta realidade presente em nosso país, parece silenciada, merecendo maior atenção dos setores competentes e dos membros que compõem o turismo. O Brasil, por ser um país com diversas riquezas naturais e diversidades regionais, reúne muitos atrativos turísticos de beleza e sedução incomparáveis, como praias paradisíacas, imponentes serras e montes, biodiversidade no pantanal sul mato-grossense e na Amazônia, acrescido ainda de todo seu processo de construção histórico-cultural que conta com a hospitalidade, simpatia e beleza de seu povo.
Historicamente, a imagem do Brasil foi construída em torno dos imaginários de paraíso natural e hipersexualidade das mulheres (GOMES, 2009). Essa construção iniciou-se com os viajantes e colonizadores do século XVI e seus imaginários de paraíso e pecado original. Nas narrativas coloniais, o Brasil é construído como o Jardim do Éden, e as mulheres nativas como as Evas (mulheres pecadoras) a viver nesse paraíso natural. A construção da mulher brasileira como pecadora, representa uma reconstrução da moral cristã ocidental, patriarcal e racista, que divide as mulheres em ‘Marias’ e ‘Evas’ (VASCONCELOS, 2005) ou ‘eurodescendentes virgens, mães, esposas’ e ‘indígenas e africanas e/ou afrodescendentes escravizadas pecadoras, disponíveis sexualmente’ (STOLKE, 2006). Com a independência do Brasil, em 1822, inicia-se a construção de uma identidade particular do país. Segundo Ortiz (1994), a mestiçagem da população colocava-se como dilema central para os intelectuais (literatos, jornalistas, historiadores) do século XIX até meados do século XX. Alguns passaram a reconstruir os imaginários coloniais de paraíso ao enfatizar as belezas naturais e a mistura de ‘raças’ como características da nação brasileira. Outros condenavam o Brasil à barbárie em função dessa mestiçagem e propunham o branqueamento da população através do incentivo à imigração europeia (SKIDMORE, 1989). 
Na perspectiva de gênero percebe-se que é a figura da mulata que se concretiza como símbolodessa mistura de ‘raças’ e síntese do povo brasileiro, carregando uma marca de permissividade sexual, que se transforma em preconceito, discriminação e assédios contra as mulheres negras no Brasil (CORREA, 1996; GOMES, 2009; NASCIMENTO, 2003). Esse mesmo imaginário de imensa erotização vitima as mulheres brasileiras em geral, quando imigram para diferentes países do mundo, sobretudo em Portugal (PADILLA, 2007).
Neste cenário histórico de análise do brasileiro em especial da mulher brasileira houve, a partir da década de 1990, movimentos sociais passam a criticar essa imagem do País associada a imaginários coloniais e a erotização das mulheres, sobretudo das mulheres negras (GOMES, 2009). As organizações não governamentais (ONGs) principalmente as de proteção aos menores de idade se empenharam em denunciar a exploração sexual infantil no turismo, e a erotização da mulher para publicidade que acaba incentivando ainda mais o turismo sexual no Brasil. Movimentos Feministas criticaram a comercialização da imagem da mulher na mídia e conseguem aprovar, em 2005, a Lei Estadual do Rio de Janeiro número 4.642, a qual proíbe a utilização de imagens de mulheres seminuas em cartões postais no Rio de Janeiro.
Além dos discursos dos movimentos sociais que buscaram e ainda se empenham em desconstruir a imagem do Brasil em torno dos imaginários de paraíso e de mulheres hipersexualizadas, uma reorientação na política externa brasileira fez emergir um discurso que objetiva também mudar o imaginário associado ao País, buscando mostrá-lo como uma a potência emergente que é de fato. O governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva Lula (2003-2010), propôs uma reorientação na política externa brasileira, buscando estabelecer um novo posicionamento para o Brasil no exterior (REIS, 2010). Conforme Guimarães (2007), o Brasil adotou uma nova postura no cenário internacional, fortalecendo suas relações na América Latina e construindo relações com África do Sul, China, Índia e outros emergentes, buscando uma atuação mais independente dos países historicamente hegemônicos.
Mas devemos estar atentos ao fato de que imagem de um país é considerada uma das variáveis que influenciam os fluxos turísticos em direção a um destino. Uma imagem turística positiva de um destino pode despertar o desejo dos turistas de conhecê-lo, além de interferir diretamente na autoestima da população, que terá orgulho de seu país e se sentirá mais motivada a preservar a cultura e os atrativos naturais do mesmo. Por outro lado, a divulgação mal planejada da imagem pode trazer sérias consequências para o turismo, atraindo turistas indesejáveis, como, por exemplo, aqueles que buscam o turismo sexual, além de afastar outros tipos de turistas, por falta de informações de outros atrativos que o país tem a oferecer. Devido a esses fatores, é extremamente importante que se tenha conhecimento das causas e sobre tudo que levou a disseminação do turismo sexual no Brasil.
Ainda, em alguns discursos produzidos por órgãos do governo brasileiro sobre o fenômeno, é comum observar o uso do conceito de turismo sexual como se fosse somente sinônimo de abuso de menores e intimamente vinculado à extradição de mulheres para trabalhos forçados, como nos casos de prostituição. Todavia, o turismo sexual parece ser definido no campo legal-jurídico brasileiro de forma diferente, mais específico à violação, por estrangeiros, das leis brasileiras que regulam o comportamento sexual, pornografia, sedução, estupro, corrupção de menores, atentado violento ao pudor e tráfico de mulheres, sendo associado a aspectos de natureza ilícita (SILVA; BLANCHETTE apud DUTRA et al, 2008, p. 67).
Infelizmente, no dia 25 de Abril, o presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, fez uma declaração extremamente misógina e homofóbica [...] quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro [...] que acabou oferecendo as mulheres como mercadoria e atrativo turístico do Brasil quando, na verdade, estamos tentando combater a prática do turismo sexual há anos, gerando um total desconforto ao povo brasileiro em especial as mulheres.
	Alguns dados nos permitem perceber a importância de estarmos alertas a essa questão na ideia de que as políticas públicas não devem deixar de existir, pois não podemos deixar vulneráveis as mulheres, jovens e adolescentes novamente.
Segundo relatório do Disque 100, de 2012 a 2016, o Brasil registrou 175 mil denúncias de exploração sexual envolvendo crianças e adolescentes. Foram quatro denúncias por hora no período em um intervalo de quatro anos. Os números de vítimas do tráfico internacional de crianças e mulheres para fins de exploração sexual também só aumentam. Segundo o Escritório das Nações Unidas para o Combate às Drogas e ao Crime (UNODC), elas representam 82% das vítimas de tráfico de pessoas no mundo, e o Brasil é o país com maior incidência na América do Sul.
	Considerando a realidade de o turismo sexual seguir presente em nosso país, e ainda parecer silenciado, nota-se ausência de estudos e pesquisas acerca deste problema. Partindo deste princípio, esta pesquisa tem como objetivo, através de uma análise bibliográfica e exploratória, o entendimento acerca do turismo sexual e os fatores que contribuíram com a disseminação do mesmo no país, ao longo dos anos, sendo finalizada com sugestões de possíveis ações de interação e minimização do problema turismo sexual.
	A orientação teórica e metodológica fundamenta-se na análise de práticas discursivas, na qual imagens, textos e falas são entendidos como componentes de uma ordem discursiva (FOUCAULT, 1986, 2004, 2008) que tem um efeito prático. Esta análise de práticas discursivas é também tratada por Foucault como arque-genealogia, por propor o resgate dos percursos de construção dos saberes (saberes sociais, entendidos como discursos partilhados e naturalizados), assim como a análise de como esses compõe estratégias de poder. A emergência de saberes é perceptível através de diversos vestígios discursivos (textos e imagens de diferentes fontes) de maneira não necessariamente organizada e programada (por isso a analogia com o método arqueológico), buscando compreender como esse imaginário social foi construído e naturalizado, em quais relações de poder está imerso e quais as consequências em nível de preconceito e discriminação que pode gerar.
REFERENCIAL TEÓRICO
Entendendo o Turismo - histórico
O fenômeno turístico está relacionado com as viagens, com a visita a um local diverso do da residência das pessoas (IGNARRA, 2002). 
De acordo com Zardo (2003), relatos da História Antiga mostram que os babilônios, ao inventarem o dinheiro, deram origem ao turismo, em 4.000 a.C.
Assim, o turismo em termos históricos se iniciou quando o homem deixou de ser sedentário e passou a viajar principalmente motivado pela necessidade de comércio com outros povos (ZARDO, 2003). 
Já durante o império romano, as viagens eram estimuladas por um grandioso sistema de rodovias administrado pelo Estado e protegido pelo exército, originando assim, os registros das primeiras viagens de lazer. Os nobres romanos viajavam longas distâncias exclusivamente para visitar grandes templos. Chegavam a viajar cerca de 150 km por dia através de troca periódica dos cavalos que puxavam suas carroças (IGNARRA, 2002).
Conforme Barreto (2003), no período entre - guerras, as férias remuneradas passaram a ser uma realidade para uma grande parte da população européia, permitindo que outras classes sociais menos favorecidas economicamente também começassem a viajar, e que todas as classes começassem a ter acesso a uma viagem de férias.
Após a Segunda Guerra Mundial (1945-1990) inicia-se o turismo contemporâneo e o advento da aviação é o grande responsável pelo desenvolvimento do turismo. A aviação, em menos de um século, evoluiu muito rapidamente, tornando as viagens cada vez mais rápidas e baratas, possibilitando assim o impulso definitivo para o turismo.
O número de agências de viagensaumentou em conseqüência do crescimento das companhias aéreas, nos anos 50 e 60. Estas vendiam 75% de passagens aéreas em virtude do declínio do cruzeiro e da ferrovia, assim como a hotelaria que passou por modificações como a construção de hotéis com estacionamento, a princípio na beira de estradas, os chamados motéis (BARRETO, 2003).
Em 1970 são criados os órgãos de turismo, encarregados de dar a superestrutura organizacional, legislativa e administrativa para o fenômeno turístico. A partir da década de 1980 começa o período de transição atual que pode ser chamado de pós-turismo.
Para Rejowski (2002), a partir do boom do turismo, que ocasionou o seu desenvolvimento desenfreado e até irresponsável perante o meio ambiente, passou- se paulatinamente a uma postura crítica com a “experiência turística” e os interesses de todos os agentes do processo. O turismo passou de uma prática elitizada a um direito de todo e qualquer cidadão.
Num período relativamente curto de cerca de três décadas, se alternaram profundamente as características da demanda, dos equipamentos e serviços turísticos, tornando o mercado muito mais competitivo, as facilidades e a rapidez na comunicação, obtidas com o avanço da tecnologia da informação, dentre outros fatores, transformaram a inacessibilidade em acessibilidade e possibilidade (REJOWSKI, 2002).
Portanto, o hábito de viagens para outras localidades, por inúmeros motivos, é um fenômeno antigo na história da humanidade que está em desenvolvimento e em constante mudança até os dias de hoje.
Conceitos
Podemos estudar o turismo a partir de diversas perspectivas e disciplinas, já que são muitos os elementos que o formam e se inter relacionam. Desde que o turismo se tornou interessante em nível de estudo universitário (no período entre as duas grandes guerras mundiais, de 1919 a 1939), até os dias atuais, ainda existe um debate aberto para um conceito padrão do termo Turismo, para que tenha uma definição universal (BALANZÁ e NADAL, 2003).
A OMT – Organização Mundial do Turismo define turismo como “o deslocamento para fora do local de residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias, motivado por razões não-econômicas” (OMT - Organização Mundial do Turismo apud IGNARRA, 2002, p.23).
Conforme Balanzá e Nadal (2003) foi na Escola Berlinense, que economistas alemães entre outros refletiram sobre as primeiras definições de turismo. E em 1942, os professores Hunziker e Krapf, da Universidade de Berna, considerados como “pais” da ciência turística moderna, definiram o turismo como:
	Conjunto dos fenômenos e das relações produzidos pelas viagens (deslocamentos) e pelas estadas (fora do local de residência) dos não-residentes, desde que não estejam ligados a uma estadia permanente nem a uma atividade remunerada (HUNZIKER e KRAPF apud BALANZÁ; NADAL, 2003, p.04).
Esta definição é a mais completa, embora excessivamente ampla, pois abrange todos os fenômenos que se produzem por ocasião da atividade turística. O turista ou o turismo pode ser classificado em turismo individualizado ou em turismo de massa. Esta divisão está relacionada com o volume de turistas em cada um. Porém, os termos têm sido utilizados também para classificar o padrão de gastos dos turistas. Considera-se turismo individualizado, o praticado por aqueles que consomem mais e de forma mais seletiva. Tem-se por turismo de massa o mais econômico e mais coletivo, tendo assim relação direta com as tipologias do turismo.
Tipologias do turismo
● Recreação ou lazer: é o turismo praticado por pessoas que apenas desejam viajar pelo prazer, para passear e conhecer novos lugares, para descansar, visitar parentes, sair em férias com a família;
● Negócios: é o turismo praticado por executivos que viajam para participar de reuniões, visitarem fornecedores e fechar negócios;
●	Saúde: é o turismo praticado por pessoas que desejam ou necessitam de tratamentos médicos e terapêuticos e que procuram lugares onde existam clínicas e estâncias hidrominerais;
● Eventos: é o turismo praticado por pessoas que desejam participar de reuniões e encontros científicos ou técnicos para discutir assuntos de interesse comum;
● Compras: é o turismo praticado por pessoas que viajam com um único objetivo: comprar produtos de qualidade, com variedade e preço convidativos, normalmente não encontrados em sua cidade;
● Social: é o turismo praticado por pessoas de baixa renda e que geralmente dura um fim-de-semana.
● Cultural: é o turismo praticado por pessoas, normalmente professores, técnicos, estudantes e pesquisadores, em busca de novos conhecimentos e de contato com outros povos para enriquecimento cultural;
● Religioso: é o turismo praticado por pessoas com interesse em locais e cidades sagradas ou que tenham uma conotação religiosa;
● Ecoturismo: é o turismo praticado por pessoas que apreciam a natureza, a beleza do meio ambiente e sua conservação;
● Aventura: é o turismo praticado em lugares geralmente inóspitos e por pessoas que desejam emoções radicais;
● Esportivo: é o turismo motivado pela prática de determinados esportes;
● Gastronômico: é aquele turismo praticado por pessoas que apreciam a boa mesa dirigindo-se a cidades ou locais onde a gastronomia é conhecida e atraente;
● Náutico: é o turismo praticado por pessoas que aproveitam as vias navegáveis, lagos, represas, etc.;
● Pesca: é o turismo praticado por amantes da pescaria, tanto amadores como profissionais (CÂNDIDO e VIEIRA, 2003, p.20).
Descobrimentos do Brasil
Para entender os momentos iniciais da história do Brasil, da qual todo brasileiro faz parte, deve-se retroceder mais de 500 anos.
Na praia, de armas em punho, cerca de vinte guerreiros tupiniquins observavam aproximar-se um pequeno bote de madeira, que vencia as ondas furiosas do mar de uma ampla baía. Em seu interior, três marinheiros portugueses, agitados, faziam sinal para que abaixassem arcos e tacapes. Sem motivo para temer os poucos homens no bote, os índios se revelaram amistosos. (OLIVIERI; VILLA, 1999, p.05). 
Era uma ensolarada manhã no dia 22 de abril de 1500. De pé, sobre a areia clara que uma forte brisa varria, índios e brancos se encontravam frente a frente pela primeira vez. O contato foi simples e amigável: apesar do barulho da arrebentação e do desconhecimento das respectivas línguas, tupis e portugueses conseguiram se entender trocando presentes. (OLIVIERI; VILLA, 1999, p.05).
Os índios ficaram com um barrete vermelho, uma carapuça de linho e um sombreiro preto. Aos marinheiros coube um cocar de penas de arara e um colar de contas brancas e miúdas. Desta forma se estabeleceu um novo relacionamento entre duas civilizações. Ao longo dos 500 anos seguintes, uma nação foi construída: o Brasil (OLIVIERI; VILLA, 1999).
Segundo Olivieri e Villa (1999), é necessário conhecer muitos outros acontecimentos históricos, que se desenrolaram muito longe do litoral da Bahia, onde se passou o descobrimento do Brasil. Devido ao modo como se sucedeu os fatos para os outros povos, desde os tempos mais antigos, o descobrimento é um episódio da história onde uma civilização se impôs aos índios que aqui nasceram. 
Portanto, a chegada de Pedro Álvares Cabral tratou de incluir o Brasil na história global das civilizações, ou seja, na História Universal em si.
Isso aconteceu em um momento específico da história, que ficou conhecido como As Grandes Navegações. 
As aventuras no Mar Tenebroso (Atlântico) iniciaram na África em 1415 com a conquista de Ceuta e, a cada viagem, os portugueses conheciam uma porção maior do litoral africano. Já em 1443 Portugal havia se tornado uma potência, com colônias não somente no território africano, mas também em ilhas do Atlântico, como os arquipélagos da Madeira e dos Açores, sempre em constante concorrência espanhola (OLIVIERI; VILLA, 1999).
Já em 1498, o reino português obteve ainda maiores sucessos. Vasco da Gama descobriu a rota marinha para Índia, China e Japão. Portugal havia dominado a exploração dos metais africanos e as rotas do lucrativo comércio com os reinos do Oriente.
Antes disso,em 1492, sob o comando de Cristóvão Colombo, a Coroa espanhola tomou posse de territórios descobertos na região que hoje corresponde à América Central. Sendo que, entre 1492 e 1500, nem Colombo nem os reis da Espanha sabiam exatamente o que haviam descoberto, supondo que se tratava das fronteiras dos reinos orientais, chamados genericamente de Índias. O conhecimento geográfico da época era limitado e impreciso (OLIVIERI; VILLA, 1999).
Ainda conforme Olivieri; Villa (1999), essas navegações portuguesas para o Ocidente eram sigilosas, impediam o acesso dos espanhóis ao conhecimento de seus planos, sem descuidar da concorrência.
Em 1498, o navegador Duarte Pacheco Pereira recebe a ordem de fazer uma expedição ao Atlântico ocidental, foi então que as caravelas atingiram o litoral brasileiro, à altura dos atuais estados do Amazonas e do Maranhão. Esta primeira chegada dos povos portugueses foi mantida em sigilo, pois as terras descobertas por Pereira encontravam-se além dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas para a zona portuguesa (OLIVIERI; VILLA, 1999).
O mês seguinte decorreu no ritmo monótono de uma longa travessia marítima. Em 21 de abril, porém, avistaram-se os primeiros sinais de que a invariável paisagem formada por mar e céu se transformaria, uma grande quantidade de ervas flutuando nas águas indicava proximidade de terra. 
No dia seguinte, viu-se afinal o monte que Cabral batizou de Monte Pascoal, na terra que chamou de Vera Cruz. Era o magnífico cenário do litoral sul do atual estado da Bahia. Somente três dias depois os navios conseguiram encontrar um local para ancorar com segurança, nomeado Porto Seguro, na baía que batizaram de Cabrália (OLIVIERI; VILLA, 1999).
Conforme Olivieri; Villa (1999), ao chegar ao Brasil, os portugueses encontraram um território habitado. O povoamento da região teve início por volta de 20 mil a.C., segundo a maioria dos pesquisadores. Existem indícios de seres humanos datados de 16 mil a.C., de 14200 a.C. e de 12770 a.C.. Encontrados nos sítios arqueológicos de Lagoa Santa (MG), Rio Claro (SP) e Ibicuí (RS).
Em todas as regiões do país, as condições de existência do índio ainda são precárias. Na região da Amazônia, o território de suas reservas é invadido por caçadores, madeireiros e garimpeiros.
Para Olivieri; Villa (1999), a nação brasileira deve muito aos índios, porque foram eles os responsáveis pela formação do povo brasileiro e com muitos traços de sua cultura. Em termos de linguagem, o tupi acrescentou ao português do Brasil milhares de palavras que designam a fauna e a flora do país, além de regiões, cidades e acidentes geográficos. Desde a metade do século XIX, o índio também foi tema de livros, quadros e músicas que formam base da cultura brasileira.
Em contato, com Portugal, o escrivão descreve sobre detalhes físicos de mulheres indígenas com comentários que ressaltavam muitos detalhes sobre seus físicos e frisava muito para o lado sexualista, enaltecendo as qualidades da Índia brasileira e falando que reparavam muito nos detalhes corporais que lhes chamava atenção.
A escravidão é com certeza o traço mais marcante na história do Brasil. Durante quase quatrocentos anos, índios brasileiros eram considerados propriedades do homem branco e eram comercializados como mercadoria viva. 
Ela ocorreu ao longo de toda a colonização. As mulheres indígenas eram obrigadas a uma “dupla exploração”: eram forçadas a trabalharem igualmente os homens e também sofriam abusos sexuais por parte de seus proprietários. Neste momento nasce um panorama sexual sobre as mulheres do Brasil, marcas na história que são visíveis até os dias de hoje.
Encerra-se o capítulo, onde resumidamente descreveu-se o processo de descobrimento do Brasil e algumas curiosidades presentes em seu histórico. A partir deste, continua-se o estudo com o objetivo de um melhor entendimento sobre o surgimento do Turismo Sexual no país.
O turismo no Brasil
O desenvolvimento do turismo no Brasil não é um fenômeno recente. Assim como em países do Ocidente, a atividade tem evoluído, com maior ou menor intensidade, sendo que para a maior parte dos acontecimentos ocorridos na área, não existe registro. Talvez isso possa explicar a sensação comum de que os projetos e as ideias são totalmente inovadores, e que, por se desconhecer a evolução histórica do fenômeno no país, muitas vezes se cometem os mesmo erros do passado (SOLHA apud REJOWSKI, 2002, p.123).
O resgate e entendimento sobre o processo de evolução da atividade turística brasileira podem contribuir para a melhor compreensão das características do turismo brasileiro e subsidiar uma reflexão sobre os resultados obtidos até então. Trata-se de uma tarefa árdua, afinal, levantar, identificar e analisar esta evolução significa deparar-se continuamente com diferentes dificuldades.
Apesar das dificuldades identificadas, Solha (apud REJOWSKI, 2002, p.124), realizou um levantamento, com uma visão ampla, sobre a evolução do turismo no Brasil. As informações foram selecionadas e organizadas, considerando a importância e a quantidade de fatos ocorridos nestes momentos, configurando os seguintes períodos da evolução do turismo no Brasil:
Primórdios – da Colônia ao Império (Séculos XVIII e XIX)
O Brasil, antes da chegada da corte portuguesa, era terra de desbravadores, ou seja, os bandeirantes que, a princípio, se infiltraram pelo sertão em busca de ouro e pedras preciosas. Não se pode afirmar que essas viagens, apesar de aventureiras, significassem o embrião das viagens de turismo, pois ficar à mercê de doenças, da fome e dos índios não era algo desejado por estes viajantes.
Os viajantes, de modo geral, podiam hospedar-se nas residências e nas fazendas, um costume comum típico da hospitalidade portuguesa. Independente de quem era ou de onde vinham, eram recebidos como membros da família (costume que o povo brasileiro “aprendeu” com os portugueses, tanto que até hoje uma das características do povo brasileiro, principalmente para os turistas, é de um povo cordial e generoso que os recebe bem).
Neste período, as viagens pelo país só ocorriam em função da necessidade de expansão para novos territórios, da busca de riquezas e dos gêneros de primeira necessidade (SOLHA apud REJOWSKI, 2002, p.125).
A corte portuguesa, ao chegar ao Brasil em 1808, encontrou a seguinte situação: rústicas instalações para moradia e inexistência de qualquer estrutura para hospedar toda a quantidade de pessoas que a acompanhou. Isso, ao longo do tempo, provocou uma série de profundas transformações no cotidiano, no comportamento, na economia e na infraestrutura da capital do país naquela época, cidade do Rio de Janeiro (SOLHA apud REJOWSKI, 2002, p.125).
De acordo com Solha (apud REJOWSKI, 2002, p.126), uma destas transformações referia-se ao uso de propriedades terapêuticas da água do mar, que consistia em um tratamento de saúde realizado à base de banhos de mar. Isso não significava nadar e mergulhar, como se a relação com o mar fosse algo natural e cotidiano na vida das pessoas. Existia todo um ritual e procedimentos médicos para orientar o tratamento, afinal, o importante não era o sol, mas o sal da água. A relação do homem com a natureza ainda não era de troca, mas sim de temor.
A construção das primeiras linhas de estrada de ferro proporcionou ao Rio de Janeiro destaque como local de veraneio, principalmente a partir de 1860, quando foi construída a estrada de ferro Rio-Petrópolis. O desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro e o fato de ser esta a capital federal contribuíram para que se tornasse a cidade mais conhecida do Brasil e um dos primeiros destinos turísticos, assim como receptor das expedições científicas do século XIX. Neste período, foram vários os viajantes que passaram por aqui, visitantes das mais diversas profissões e com os mais diferentes motivos que contribuíram para registrar a história do país e realizar os primeiros estudos.
Solha (apud REJOWSKI, 2002, p.128) destaca:
A elite brasileira só começou a desenvolver o hábito de viajar a partir de meadosdo século XIX, quando se consolidaram algumas pré-condições, como: “europeização” decorrente do conhecimento dos hábitos e costumes mais sofisticados trazidos pela nobreza e o acesso à tecnologia e à cultura de outros países; e também a construção de estradas de ferro, interligando as zonas cafeeiras à capital do Império, ao lado do desenvolvimento da cidade de São Paulo (SOLHA apud REJOWSKI, 2002, p.128).
Com a tendência da “europeização” da elite, as viagens anuais à Europa tornaram-se obrigatórias e a frequência destas viagens aumentou consideravelmente no final do século, em decorrência de muitos membros da aristocracia possuírem seu próprio apartamento em Paris (SOLHA apud REJOWSKI, 2002, p.129).
Primeiras manifestações: 1900 – 1950
	No início do século XX, o Brasil passou por uma transformação difícil. A elite brasileira, ansiosa por implantar as novas descobertas e tecnologias na área da saúde, das comunicações e dos transportes, impôs mudanças de maneira abrupta, sob o lema de maior desenvolvimento.
	Logo, em 1922, se destacou a construção do Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, exageradamente luxuoso e sofisticado, diferente do que era usual na hotelaria nesta época. Em São Paulo, no ano de 1935, foi inaugurado o Grande Hotel São Pedro, que tinha como principal público a alta elite paulistana (SOLHA apud REJOWSKI, 2002, p.130).
Solha (apud REJOWSKI, 2002, p.132) também comenta o grande desenvolvimento de cassinos no período entre 1936 e 1946, quando foram construídos imensos hotéis-cassino. Este impulso estimulou alguns empresários a implantar complexos turísticos. Os cassinos não ofereciam somente um local para jogos, também costumavam trazer atrações internacionais e serviam como ponto de encontro da elite da época. Porém, a expansão da atividade turística com base nos jogos de azar teve vida curta, visto que, em 1946, o Presidente Dutra assinou um decreto proibindo qualquer jogo de azar no país. Todos os investimentos em construções de hotéis e cassinos resultaram em prejuízos.
Desafios: 1950 a 1970
A classe média se fortaleceu, e, particularmente, o Rio de Janeiro adquiriu visibilidade internacional com a realização da Copa do Mundo de 1950. A indústria automobilística instalou-se definitivamente e, com ela, observou-se o empenho governamental em ampliar a malha rodoviária por todo o território nacional. 
As agências de viagens brasileiras iniciaram sua organização, criando associações regionais e participando de eventos internacionais. Em 1953, um grupo de 14 agências fundou a ABAV (Associação Brasileira dos Agentes de Viagens), buscando consolidação e incentivo do turismo nacional. Já as companhias aéreas aumentaram suas frotas, expandindo as linhas regulares e atendendo, em 1958, a cerca de 333 localidades (SOLHA apud REJOWSKI, 2002, p.137).
Para Solha (apud REJOWSKI, 2002, p.135), a comunicação modificou o cotidiano, com a inauguração do primeiro canal de televisão (a TV Tupi) e o turismo já era assunto de interesse dos principais jornais no final da década. No mesmo período foi lançada uma revista dirigida aos empresários do setor hoteleiro, a Hotelnews que, em 1963, promoveu em Salvador, junto com o XII Congresso Nacional de Turismo, a Exposição dos Fornecedores da Hotelaria.
Considerando que o próximo subcapítulo refere-se às principais campanhas publicitárias do turismo no Brasil, e maior parte delas é de autoria da EMBRATUR, segue-se a pesquisa sobre turismo no Brasil, enfocando, no entanto, a proposta inicial do trabalho, o qual se busca verificar se as campanhas publicitárias, a partir das que estão associadas ao turismo sexual.
Campanhas oficiais da EMBRATUR
Segundo Carvalho (apud TRIGO, 2005, p.20), uma demonstração inequívoca de que o turismo era então uma atividade desprovida de qualquer significado maior infere-se ao fato de que, somente em 1970, a EMBRATUR (criada em 18 de novembro de 1966 como Empresa Brasileira de Turismo, tinha o objetivo de fomentar a atividade turística ao viabilizar condições para a geração de emprego, renda e desenvolvimento em todo o país) começou a realizar trabalhos, que lhe eram de missão, sobre a atividade turística.
Logo, criou-se o primeiro material promocional do Brasil, lançando, no mercado internacional, o “Carnaval do Brasil” e os “festejos carnavalescos” das capitais, além da promoção do Rio de Janeiro (em especial o Cristo Redentor) e o aproveitamento da vitória do Brasil na Copa do Mundo de futebol associada à imagem do jogador Pelé. Assim, as primeiras tentativas de criação de uma imagem turística do país foram formadas e estabelecidas: Rio de Janeiro, futebol e carnaval.
Alfonso (2006) e Bignami (2002) destacam que o carnaval, sendo representado simbolicamente pela “mulata” (nua) e o “samba”, fixam, desta forma, a imagem óbvia do país, na tentativa de atrair turistas ao Brasil por intermédio de imagens de belas mulheres e com referências ao apelo sexual (Figura 1).
Figura 1: Carnaval e Turismo Sexual
Quanto ao povo brasileiro, os entrevistados o consideraram um povo amigável, feliz, sem grandes preocupações, musical, prestativo e falante. Identificaram desigualdade social e cultural como também a má distribuição de renda. Finalizaram destacando a pele bronzeada, da cor do café, e as mulheres bonitas e sensuais (ALFONSO, 2006).
É possível que essa visão dos norte-americanos tenha relação à opinião de Bignami (2002), no momento em que diz:
	Tem quem pergunte: “O que é o Brasil?”, e responde, com outra pergunta: “São as praias, as florestas, as favelas ou as formas arredondadas posteriores das garotas de Ipanema e Copacabana?” (BIGNAMI, 2002, p. 115).
Neste mesmo período, não foi somente a EMBRATUR que utilizou da imagem da mulher brasileira como principal atrativo turístico do Rio de Janeiro. A Revista Rio Samba e Carnaval também divulgava o Rio de Janeiro, através de imagens de mulheres (Figura 2).
Bignami (2002) comenta que o carnaval é classificado como a ocasião para dançar, cantar e fazer amor. O Rio de Janeiro é a cidade do pecado. Diz ainda, que a própria EMBRATUR enfatizou esse aspecto para atrair turistas do mercado estrangeiro, com fotos de garotas usando biquínis “asa delta”.
Figura 2: O risco de se tornar carioca - divulgada em 1975 pela revista Rio, Samba e Carnaval.
Em 1983 foi desenvolvida a campanha promocional “Você está pronto para o Rio?”, promovendo as novas tarifas aéreas entre os EUA e o Brasil. Dentre as campanhas estavam: “Nordeste Sempre Verão” (apresentando sol, praias e mulheres); Mato Grosso – “O paraíso Natural a Sua Espera” (campanha que iniciou a divulgação do Pantanal mato-grossense, mostrando aves e paisagens), entre outras. Desta forma, foram agregados novos elementos para a formação da imagem turística brasileira. 
Mesmo assim, a mulher continuava vinculada à imagem do Brasil (através do Rio de Janeiro), como um país sensual e de garotas de biquíni (Figura 3).
Figura 3: Figura da mulher brasileira - divulgada em 1984
Alfonso (2006) diz que, depois de variadas tentativas da EMBRATUR em criar diferentes campanhas publicitárias e mudar a imagem do Brasil, em 1987 lançaram a campanha “Uma Nova Imagem” (Figura 4), com a ideia de exibir um país decores, sabores, paisagens, um país continental, tropical, exótico, hospitaleiro, unido, formado por várias raças e cultura, e é claro, repleto de mulheres sensuais.
Figura 4: Campanha Uma Nova Imagem
E como resultado destas campanhas, o chamado turismo sexual passou a ser apontado como grande problema a ser resolvido pela EMBRATUR. 
Conforme Alfonso (2006), pesquisas começaram a mostrar que, cada vez mais, jovens e crianças passaram a ser exploradas sexualmente por turistas.
Chega-se neste momento, ao objeto de estudo desta pesquisa, “o turismo sexual”, o qual será explorado, no próximo sub-capítulo, dando continuidade ao trabalho.
O turismo sexual no Brasil
Dando segmento e buscando um melhor entendimento de como ocorreu à evolução do turismo brasileiro após a criação e as ações empreendidas pela EMBRATUR, será tratado neste subcapítulo (O turismosexual no Brasil), abordando-se algumas definições do chamado turismo sexual, que está sendo investigado neste trabalho.
Percebe-se que possivelmente, as divulgações iniciais do turismo brasileiro (conforme evidenciado no subcapítulo anterior, focadas no carnaval e a sexualidade da mulher brasileira) contribuíram com a associação do Brasil a um destino de turismo sexual, objeto de estudo que será explorado a partir de agora.
Sem muitos estudos científicos acerca do turismo sexual, serão estudados aqui os mais consideráveis.
Em alguns discursos produzidos por órgãos do governo brasileiro sobre o fenômeno, é comum observar o uso do conceito de turismo sexual como se fosse só sinônimo de abusos de menores e vinculados à extradição de mulheres para trabalhos forçados, como na prostituição. 	Todavia, o turismo sexual parece ser definido no campo legal-jurídico brasileiro de forma diferente, mais específico à violação, por estrangeiros, das leis brasileiras que regulam o comportamento sexual, pornografia, sedução, estupro, corrupção de menores, atentado violento ao pudor e tráfico de mulheres, sendo associado a aspectos de natureza ilícita (SILVA; BLANCHETTE apud DUTRA et al, 2008, p. 67).
A OMT (Organização Mundial do Turismo, 1995, s/p.) define o turismo sexual como:
Viagens organizadas dentro do seio do setor turístico ou fora dele, utilizando, no entanto, as suas estruturas e redes, com a intenção primária de estabelecer contatos sexuais com os residentes do destino (OMT – Organização Mundial do Turismo apud WIKIPÉDIA, 1995, s/p)
Cabe ainda ressaltar, que no plano do censo comum, o turismo sexual é sinônimo do comportamento normativo dos turistas estrangeiros que frequentam as metrópoles costeiras brasileiras. Sendo considerado turista sexual aquele estrangeiro que busca parceiras nas praias do Brasil, no popular, estrangeiros que alugam serviços de prostitutas (SILVA; BLANCHETTE apud DUTRA, 2008).
Leite (2007, s/p) em seu artigo “A exploração das mulheres na dinâmica do turismo sexual”, diz o seguinte sobre turismo sexual:
(...) está baseado em relações desiguais entre países, reproduzindo ideologias e práticas racistas e sexistas, fundadas em relações de desigualdade social, econômica, política e cultural. Suas características incluem o deslocamento de homens e mulheres para outros lugares
(cidades, estados e países), em busca, exclusivamente, de aventuras eróticas. Em geral, desenvolve-se no sentido dos países ricos ou centrais para os mais pobres, tendo por uma base uma falsa imagem da mulher do “Terceiro Mundo” (mulata, negra ou asiática), ser mais sensual, além de dócil e mais submissa aos caprichos masculinos que as mulheres brancas européias.
A figura 5 exemplifica a citação de Leite (2007), em uma matéria, a revista Marie Claire mostra uma imagem com o corpo de uma mulher e afirma que infelizmente este é um dos pontos turísticos mais visitados no Brasil.
Figura 5: Este é um dos pontos turísticos mais visitados do Brasil.
Em decorrência de todo o processo de crescimento do turismo no Rio de Janeiro e Nordeste (principais pólos turísticos), e como se refere Bem (2005) somado à ausência de um planejamento turístico adequado, o turismo sexual é o resultado de armadilhas (fatores) construídas lentamente ao longo da história.
No entanto, ainda que exista como possível “motivação para viagem”, Bem (2005) menciona que o turismo sexual não pode ser considerado simplesmente um segmento a mais da atividade turística, mas sim uma de suas perniciosas deformações.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
	Para a realização deste trabalho e entendimento dos objetivos estabelecidos entre o grupo, Trabalhamos com o método de pesquisa bibliográfico. Optamos por este tipo de investigação por ser este, segundo Dencker (1998), um meio que permite um grau de amplitude maior, economia de tempo e que possibilita o levantamento de dados históricos e interpretações.
	Fundamenta-se na análise de práticas discursivas, na qual imagens, textos e falas são entendidos como componentes de uma ordem discursiva (FOUCAULT, 1986, 2004, 2008) que tem um efeito prático. Esta análise de práticas discursivas é também tratada por Foucault como arque-genealogia, por propor o resgate dos percursos de construção dos saberes (saberes sociais, entendidos como discursos partilhados e naturalizados). A emergência de saberes é perceptível através de diversos vestígios discursivos (textos e imagens de diferentes fontes) de maneira não necessariamente organizada e programada (por isso a analogia com o método arqueológico).
	Para o levantamento de material bibliográfico, foram utilizados livros, artigos, reportagens, matérias, entrevistas e pesquisas acadêmicas; buscando assim, aplicar uma pesquisa do tipo exploratória. Segundo Gil (2002), o período exploratório é a imersão no problema que permite uma visão geral do mesmo.
		Diante disso, o ponto principal de identificação: Quais as causas do turismo sexual no Brasil e que efeitos podem provocar ao turismo brasileiro?
A partir dos objetivos definidos para podermos entender o turismo sexual, resgatar o histórico do Brasil (aspectos do descobrimento); Definir turismo sexual, conforme autores e estudiosos do turismo; Identificar o princípio da prática de turismo sexual no país e Apresentar fatores que contribuíram com a disseminação do turismo sexual no Brasil. Estabelecemos uma trajetória para suas respostas.
	Estruturamos e organizamos as informações de forma direta e de fácil entendimento. Nos dois meses de investigação, resgatamos e nos apropriamos do material que entendemos necessário para realizar a pesquisa e ter o completo entendimento dos objetivos estabelecidos, fazendo com que as integrantes do grupo também obtivessem uma evolução pessoal sobre o assunto abordado.
	As fontes de informação estão no referencial teórico onde reunimos o histórico, conceitos e tipologias do mercado turístico (produto, oferta e demanda). E também abordamos a proposta inicial de nosso trabalho organizado através de um histórico onde criamos uma trajetória desde o descobrimento do Brasil, início do turismo no país, passando pelas principais campanhas publicitárias do turismo até o silencioso turismo sexual, buscando suas definições e consequências que pode ocasionar ao turismo brasileiro.
	Enfim finalizamos e os resultados foram construídos pela análise cuidadosa do material bibliográfico coletado e então, sendo concluído com medidas que são tomadas para o combate do turismo sexual presente no país até os dias atuais. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estatísticas de 2001 indicam que 5,5 milhões de crianças e adolescentes entre cinco e dezessete anos, principalmente aquelas em situação de pobreza, trabalham retratando a realidade da exclusão social (DUTRA et al TENORIO; BARBOSA, 2008, p. 75).
	Na reportagem “Estrutura para o Turismo Sexual”, transmitida na televisão pelo Jornal da Globo (CARVALHO, 2006, s/p.), Flor (educadora da ONG Curumins) relata a aproximação da criança ou adolescente ao turista:
A criança se aproxima de uma mesa, primeiramente, no intuito de pedir comida ou algum recurso (dinheiro). Aí o turista faz o convite: Ah, você só quer isto? E se eu te der tanto para outra coisa?
	Para o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR, s/d), o turismo com motivação sexual infanto-juvenil pode ser definido como o deslocamento de pessoas com o objetivo de explorar sexualmente crianças e adolescentes.
	Alguns lugares dão a noção exata da força do turismo sexual no Brasil. A praia de Iracema, em Fortaleza, é um deles. São dezenas de casas noturnas dedicadas ao encontro de turistas e garotas de programa (CARVALHO, 2006).
	Mesmo a prostituição e o abuso sexual de crianças e adolescentes estarem associados ao cruel turismo sexual, a antropóloga Adriana Piscitelli (em entrevista sobre sua pesquisa “Circuitos do Desejo”) ressalta:
	No Brasil, há uma tendência a considerar o turismo sexual o mesmo que prostituição e abuso sexual de crianças, pedofilia. É uma maneira muito simplista de se referir ao tema. Na verdade, o turismosexual não pode ser vinculado exclusivamente à prostituição. As práticas se cruzam em certo ponto, mas o turismo sexual a extrapola (PISCITELLI apud STACHUK, 2005, p.01).
		Indo de encontro à conclusão de Piscitelli, em que o turismo sexual não está associado somente à prostituição, Leite (2007) diz que são muitos os fatores que contribuem com a proliferação do turismo sexual, a conivência das autoridades nacionais é um deles, ainda a imagem de sensualidade, erotismo e liberdade sexual (já vistas aqui) veiculadas tanto em propagandas turísticas, quanto na literatura. Há ainda o processo de erotização do cotidiano e a banalização do sexo por meio da mídia, tão presente na sociedade de mercado e na cultura brasileira.
		Leite (2007) ainda destaca que além dos aspectos culturais, há fatores do próprio mercado de trabalho informal devido à situação econômica e social do país, como escassez de especialização na atividade turística, formando redes de agenciadores e facilitadores que passam a trabalhar diretamente com o turista. Por este motivo é importante entender toda a estrutura existente para o turismo sexual.
		Para Leite (2007), o turismo sexual estrutura-se em duas modalidades: os pacotes vendidos por agências de turismo no Brasil e no exterior oferecem a companhia de uma mulher jovem ou adulta (que pode ser escolhida com antecedência por meio de foto ou vídeo), sendo a mulher um item a mais entre os custos do pacote. A outra modalidade é a informal, quando não ocorre a escolha antecipada da acompanhante, utilizam-se de informações do próprio hotel (agenciamento de turismo sexual mais comum nos estados brasileiros), bares, lanchonetes, restaurantes, barracas de praias, taxistas, casas de massagem ou nas ruas.
		Percebeu-se que possivelmente, as divulgações iniciais do turismo brasileiro (conforme evidenciado, focadas no carnaval e a sexualidade da mulher brasileira) podem ter contribuído com o decréscimo do déficit da Conta Turismo no Brasil, mas, ao mesmo tempo, contribuiu com a associação do Brasil a um destino de turismo sexual, objeto de estudo do trabalho que foi utilizado neste trabalho.
		Sem muitos estudos científicos acerca do turismo sexual, foram estudados aqui os mais consideráveis. Em alguns discursos produzidos por órgãos do governo brasileiro sobre o fenômeno, foi possível observar o uso do conceito de turismo sexual como se fosse somente sinônimo de abuso de menores e intimamente vinculado à extradição de mulheres para trabalhos forçados, como na área da prostituição. Todavia, o turismo sexual parece ser definido no campo legal-jurídico brasileiro de forma diferente, mais específico à violação, por estrangeiros, das leis brasileiras que regulam o comportamento sexual, pornografia, sedução, estupro, corrupção de menores, atentado violento ao pudor e tráfico de mulheres, sendo associado a aspectos de natureza ilícita (SILVA; BLANCHETTE apud DUTRA et al, 2008, p. 67).
		O turismo sexual, não sendo objeto do planejamento, e, portanto, não devendo estar inscrito no espaço sociocultural como prática, foge completamente à gestão tecnocentrada dos planejadores que não olham para o movimento da sociedade e não questionam o modelo no qual estão operando.
		Por esta razão, pensa-se que o planejamento turístico contribui também para que o turismo sexual se reproduza e se utilize da mesma infraestrutura por ele criada. Portanto, fica evidente que a disseminação do turismo sexual no Brasil deu-se através de todos os fatores mencionados. Complexo e de difícil solução, atualmente tenta-se combater o turismo sexual através de campanhas, conforme será apresentado na conclusão do trabalho.
CONCLUSÃO
	O turismo sexual não é crime previsto em lei, portanto, somente nos anos 90 surgem iniciativas de combate ao mesmo.
	Conforme Araújo (2003), em 1995 foi realizada uma análise para o preparo de estratégias para uma nova abordagem do marketing de destinações brasileiras. Todavia, no decorrer do processo de análise e preparo das estratégias foram identificados dois obstáculos para o desenvolvimento mais vigoroso da atividade turística no Brasil: deficiência na área da segurança pública e o estigma, associado ao Brasil, de destino vocacionado para o turismo sexual. 
	Neste mesmo período observou-se que nos foros internacionais (especialmente nos debates realizados pela OMT- Organização Mundial do Turismo) ocorriam discussões intensas, condenando o pornoturismo. O Brasil era colocado no mesmo patamar de países como Filipinas, Cuba, Tailândia, entre outros identificados como paraísos desse tipo de turismo (ARAÚJO, 2003).
De acordo com Araújo (2003), em 1997 foi deflagrada a primeira campanha oficial de combate ao turismo sexual no Brasil, privilegiando imagens da Amazônia e do Cristo Redentor. A EMBRATUR negociou a veiculação na rede CNN (importante rede de televisão internacional de notícias) de uma campanha com oito filmes publicitários, enfatizando a riqueza da fauna e flora brasileiras, a beleza dos centros históricos e das diferentes manifestações culturais e artísticas. 
A partir de então, tem-se início as campanhas na tentativa de ações contra o turismo sexual e a exploração de crianças e adolescentes no Brasil, conforme imagens expostas a seguir: 
Figura 6: Campanha contra turismo sexual no Estado do Espírito Santo
Figura 7: Campanha combate ao turismo sexual no Estado de Alagoas
Figura 8: Campanha contra o tráfico internacional de mulheres
Percebeu-se nas diferentes campanhas, o objetivo de combater a exploração sexual associada ao turismo: o combate ao turismo sexual, tráfico de mulheres e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Figura 9: Campanha Italiana contra o turismo sexual no Brasil
Figura 10: "Eu não sou atração turística"
Nota-se que a maior parte das campanhas é direcionada para a exploração sexual de crianças e adolescentes, que já é considerado crime de acordo com os arts. 28 e 34 da Convenção Universal e dos Direitos da Crianças e o art. 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente que foi criado em 1990. (PARENTE et al TENORIO; BARBOSA, 2008, p.21).
Art. 28. 1. Os Estados Partes reconhecem o direito da criança à educação e tendo, nomeadamente, em vista assegurar progressivamente o exercício desse direito na base da igualdade de oportunidades: 
a) Tornam o ensino primário obrigatório e gratuito para todos;
b) Encorajam a organização de diferentes sistemas de ensino secundário, geral e profissional, tornam estes públicos e acessíveis a todas as crianças e tomam medidas adequadas, tais como a introdução da gratuidade do ensino e a oferta de auxílio financeiro em caso de necessidade;
c) Tornam o ensino superior acessível a todos, em função das capacidades de cada um, por todos os meios adequados;
d) Tornam a informação e a orientação escolar e profissional públicas e acessíveis a todas as crianças;
e) Tomam medidas para encorajar a freqüência escolar regular e a redução das taxas de abandono escolar.
2. Os Estados Partes tomam as medidas adequadas para velar por que a disciplina escolar seja assegurada de forma compatível com a dignidade humana da criança e nos termos da presente Convenção.
3. Os Estados Partes promovem e encorajam a cooperação internacional no domínio da educação, nomeadamente de forma a contribuir para a eliminação da ignorância e do analfabetismo no mundo e a facilitar o acesso aos conhecimentos científicos e técnicos e aos modernos métodos de ensino. A este respeito atender-se-á de forma particular às necessidades dos países em desenvolvimento.
Art. 34. Os Estados Partes comprometem-se a proteger a criança contra todas as formas de exploração e de violência sexuais. Para esse efeito, os Estados Partes devem, nomeadamente, tomar todas as medidas adequadas, nos planos nacional, bilateral e multilateral para impedir:
a) Que a criança seja incitada ou coagida a dedicar-se a uma atividade sexual ilícita;
b) Que a criança seja explorada para fins de prostituição ou de outras práticas sexuais ilícitas;
c) Que a criança seja explorada na produção de espetáculosou de material de natureza pornográfica.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Alguns dos artigos do Estatuto são explicitamente direcionados ao turismo, como o art. 82, que proíbe a hospedagem de crianças ou adolescentes em hotéis, motéis, pensões ou estabelecimentos semelhantes, sem autorização ou acompanhamento dos pais ou responsáveis. (BRASIL, TURISMO SUSTENTÁVEL & INFÂNCIA – TSI, s/d).
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
Foram identificadas campanhas de enfrentamento ao turismo sexual e exploração sexual infanto-juvenil e ações de secretarias de alguns estados (Figuras 6 e 7)
Mais tarde, entre 2005 e 2007, o Ministério do Turismo lança a campanha “Brasil. Vire fã”, com objetivo de promover a diversidade turística brasileira para fixar uma nova marca do Brasil no imaginário dos estrangeiros (BRASIL, Ministério do Turismo, s/d).
Figura 11: Campanha da EMBRATUR – “Brasil. Vire Fã”- voltada para o público espanhol
	Infelizmente, se voltarmos para o atual ano de 2019, uma nova campanha (Figura 12) da EMBRATUR foi divulgada onde o órgão escreve Brasil com z e pede para que os estrangeiros venham ‘nos amar’
Figura 12: Campanha da EMBRATUR no atual governo - 2019
Os secretários consideram que o slogan da campanha – “Brazil – Visit and Love Us“, anunciado neste mês pela EMBRATUR, não representa o turismo do Brasil. “O Brasil vem há anos trabalhando para apagar a imagem de destino de “turismo sexual”, porém, a tradução dúbia do slogan pode colocar todo esse trabalho em risco”, diz a nota.
Foi solicitado ao presidente da EMBRATUR, Gilson Machado Neto, a retirada da campanha para que sua revisão seja debatida com o Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo.
O slogan como foi apresentado sugere conotação sexual já que, na língua inglesa, o verbo amar pode significar um ato sexual se vier junto com o pronome errado, como no caso desse material de divulgação.
Este trabalho procurou mostrar um melhor entendimento do chamado turismo sexual ou turismo com motivação sexual (conforme denominação utilizada pelo Turismo Sustentável e Infância-TSI). Capítulos e subcapítulos foram estruturados e divididos, na busca de verificar as principais causas e efeitos do turismo sexual ao turismo brasileiro.
Após retroceder 500 anos para relembrar o Descobrimento do Brasil e a formação da identidade nacional através da certidão de nascimento do país, ficou claro que a prática do turismo sexual iniciou-se no Descobrimento do Brasil.
Os viajantes que aqui chegaram, tiveram suas primeiras percepções e as expuseram a outros povos, definindo o Brasil como paraíso, como uma terra onde todos andavam nus sem preocupação em mostrar suas vergonhas, enraizando esta imagem estereotipada e abrindo caminho a deslocamentos em busca de sexo.
Logo, fez-se um levantamento das principais campanhas publicitárias de turismo no Brasil. Estas campanhas, muito raras de serem encontradas, estão presentes neste trabalho graças a Dissertação de Louise Alfonso que salvou todo o acervo que retrata a publicidade da EMBRATUR em seus primeiros anos e que seria descartada.
Campanhas publicitárias que comprovam que, por muito tempo, o Brasil promoveu a associação de mulher sensual com carnaval e praia, como seus maiores e únicos atrativos. Essa promoção influenciou turistas estrangeiros a usufruírem do país sensual que era divulgado nestas campanhas.
As campanhas publicitárias de turismo do EMBRATUR e Ministério do Turismo, mesmo que tenham passado por mudanças e que trabalhem na tentativa de alteração da imagem do Brasil, auxiliam, mas não é a solução para desestereotipar a imagem turística do país, pois é fortíssima a imagem no exterior, fixada ao longo dos anos, de que o Brasil é uma festa e lugar de sexo fácil, consequências estas nada fáceis de alterar e também e então, com a divulgação do atual material que conta com uma conotação sexual, o avanço no combate ao turismo sexual fica cada vez mais difícil
Constatou-se, através deste trabalho, que o turismo sexual está também diretamente associado a deficiências de diferentes fatores (culturais, políticos, econômicos, psicossociais e éticos), dificultando, portanto seu extermínio, mas não os tornando impossíveis. Não se pode pensar numa solução imediata e milagrosa ao turismo sexual. Obviamente, que para minimização do problema, seriam mais fáceis ações e melhoramentos de políticas econômicas, sociais e públicas, mas estas não são nada simples.
Certamente, é importante admitir que esta pesquisa não se esgota aqui. O tema é vasto e de longa caminhada. O entendimento e maior curiosidade referente a algumas questões ao longo da realização deste estudo permitem a visualização de uma possível continuidade do trabalho.
Enfim, após analisarmos o polêmico e silencioso turismo sexual, entendemos que esta motivação de turismo, infelizmente, acompanha este país desde seu “nascimento”. Por isso, é imprescindível a recriação contínua da imagem do Brasil como um destino turístico (na tentativa de desestereotipar a imagem fixada no passado), o trabalho em conjunto entre poderes público e privado, associado à educação do povo brasileiro para o turismo.
REFERÊNCIAS 
ALFONSO, Louise Prado. EMBRATUR: Formadora de imagens da nação brasileira.
2006. 150 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.
ARAÚJO, Cíntia Möller. Ética e qualidade no turismo do Brasil. São Paulo: Atlas, 2003.
BALANZÁ, Isabel Milio; NADAL, Mónica Cabo. Marketing e comercialização de produtos turísticos. São Paulo: Thomson, 2003.
BARRETTO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas: Papirus, 2003.
BEM, Arim Soares do. A dialética do turismo sexual. Campinas: Papirus, 2005.
BIGNAMI, Rosana. A imagem do Brasil no turismo: construção, desafios e vantagem competitiva. São Paulo: Aleph, 2002.
BRASIL, Ministério do Turismo. Brasília: EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo, s/d. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/ o_ministerio/embratur>. Acesso em: 20 mai. 2019.
CANDIDO, Índio; VIEIRA, Elenara Vieira. Gestão de hotéis: técnicas, operações e serviços. Caxias do Sul: Educs, 2003.
CORREA, M. Sobre a invenção da mulata. In: Cadernos Pagu, 6-7, 1996, p. 33-50.
CARVALHO, Patrícia. Estrutura para o Turismo Sexual. Jornal da Globo, mai. 2006. Disponível em: <http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,VTJ0-2742-20060308-154489,00.html/>. Acesso em: 22 mai. 2019.
DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Pesquisa em turismo: planejamento, métodos e técnicas. São Paulo: Futura, 1998.
DUTRA, José Luis Abreu. O estado-da-arte: situação, ações, distorções e omissões na relação entre turismo e combate à exploração sexual comercial de crianças e adolescentes na cidade do Rio de Janeiro. In: TENÓRIO, Fernando G.; BARBOSA, Luiz Gustavo Medeiros. O setor turístico versus a exploração sexual na infância e na adolescência. Rio de Janeiro: FGV, 2008.
FERREIRA, Liciane Rossetto. DISCURSO, ESTEREÓTIPO E IMAGINÁRIO: A Comunicação e o Turismo Sexual na Convergência das Mídias. Rosa dos Ventos: Revista do Programa de Pós-Graduação em Turismo, Caxias do Sul - RS, v. 3, p.324-336, Dezembro, 2011. Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/rosadosventos/article/view/1198>. Acesso em: 01 maio 2019.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1986. 
FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
 FOUCAULT, M. A Ordem do Discurso. São Paulo: Loyola, 2008.
GIL. Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
GOMES, M. Marketing Turístico e Violência contra as Mulheres: (des) (re) construções do Brasil como um Paraíso de Mulatas, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Sociologiada Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil, 2009.
GUIMARÃES, S. O mundo multipolar e a integração Sul-Americana. In: Fundación Centro de Estudos Brasileiros, Argentina, 2007. Disponível: <http://www.funceb.org.ar/pensamiento/mundomultipolar.pdf> Acesso em 15 jun. 2019.
IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. São Paulo: Thomson, 2002.
LEITE, Maria Jaqueline de Souza. Turismo sexual: a exploração das mulheres na dinâmica do turismo sexual. Chame – Centro Humanitário de Apoio à Mulher. Salvador, BA, 2007. Disponível em: <http://www.chame.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=39&Itemid=9/>. Acesso em: 17 mai. 2019.
MENDES, Karla. Brasil: terra do sexo fácil e barato. Blog – Comunicação de Interesse Público, 2007. Disponível em: <http://cip5.blig.ig.com.br>. Acesso em: 10 ago. 2019.
NASCIMENTO, E. O sortilégio da cor: identidade, raça e gênero no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2003.
OLIVIERI, Antonio Carlos; VILLA, Marco Antonio. Carta do Achamento do Brasil. São Paulo: Callis, 1999.
ORTIZ, R. Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 1994.
PADILLA, B. A imigrante brasileira em Portugal: considerando o gênero na análise. In: MALHEIROS, J. (coord). A Imigração Brasileira em Portugal. Lisboa: ACIDI, 2007
REIS DA SILVA, A. As transformações matriciais da Política Externa Brasileira recente (2000-2010). Boletim Meridiano 47, vol. 11, 2010. Disponível: <http://seer.bce.unb.br/index.php/MED/article/view/637/752>. Acesso em 30 jun. 2019.
SKIDMORE, T. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
STOLKE, V. O enigma das intersecções: classe, “raça”, sexo, sexualidade. A formação dos impérios transatlânticos do século XVI ao XIX. In: Revista Estudos Feministas, vol. 14, 2006, nº1, p.15-42.
REJOWSKI, Mirian e SOLHA, Karina Toledo. Turismo em um cenário de mudanças. In: REJOWSKI, Mirian (org). Turismo no percurso do tempo. São Paulo: Aleph, 2002. 
TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. Análises regionais e globais do turismo brasileiro. São Paulo: Roca, 2005. 
VASCONCELOS, V. Visões sobre as Mulheres na Sociedade Ocidental. In: Revista Ártemis, n.3, 2005. Disponível em: <www.prodema.ufpb.br/ revistaartemis/numero3/numero3.html> Acesso em: 10 jul. 2019.
ZARDO, Eduardo Flávio. Marketing aplicado ao turismo: ferramentas de marketing para empresas do turismo e destinos turísticos. São Paulo: Roca, 2003.

Continue navegando