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História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade História e Patrimônio Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Christiane Alves Faria História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Introdução Hoje, atuar na área de turismo, engloba uma gama de conhecimentos que o profissional deve ter e se especializar como por exemplo: ser bilíngue. Conhecimento sobre a área que atua é importante, e também devemos ampliar esse conhecimentos para os conceitos do que usamos para exercermos o nosso trabalho. Deve-se conhecer outras culturas, entendê-las, e para tanto, não basta apenas ir no local e voltar com um relatório. É necessário ter-se a compreensão do que é uma outra cultura, como ela se relaciona, conhecer os patrimônios do local e entender o que são esses patrimônios, sua importância, sua história, para compreender suas restrições identificando os cuidados necessários para a devida preservação do patrimônio. Com esses conhecimentos, é possível desenvolver um trabalho com excelência. Nesta unidade iremos compreender os conceitos de Turismo, Globalização, Proteção e Hospitalidade. Para cada item existe uma história que será necessário o aprofundamento do aluno para que compreenda a complexidade que é, hoje, tratarmos de turismo. Portanto, leiam o E-book com atenção, leiam o material complementar, façam os exercícios e anotem as dúvidas que surgirão ao longo do curso sempre buscando seus tutores para auxiliá-los Bom Estudo! 1. A turistificação do patrimônio(cont.). Conforme as unidades anteriores, a definição de turismo é baseada no deslocamento de pessoas que desejam conhecer e usufruir os atrativos e serviços de lugares diferentes de onde moram. Deve-se levar em conta o tempo de permanência, as atratividades e atividades locais entre outro fatores, mas costuma-se dizer que o turismo moderno iniciou a partir da Revolução industrial pois com a produção de máquinas a vapor o transporte propiciou rapidez a viagem. A revolução industrial não apenas gerou os meios para o História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade desenvolvimento do turismo mas também os motivos uma vez que as viagens em máquinas mais rapidez levavam as pessoas a desejarem essa experiência. Depois da criação de animais, descoberta da agricultura, a humanidade repensa sobre o trabalho, o que faz com que reorganizem a vida inteira, que refletem consequentemente na estrutura de poder, sociedade e por sequência a necessidade de viagens. Segundo Silveira e Madaglia (2015), em comparação com o século XVII o turismo, que hoje conhecemos, é resultado de evolução na tecnologia e nos transportes, que favoreceram as classes mais baixas a conseguir viajar seja com enfoque cultural ou para tirar férias. Conforme sua escrita..”o turismo com enfoque cultural, permaneceu restrito a uma pequena parcela da sociedade até os de 1970 e 1980, de acordo com Kohler e Durand(2007), quando deixou de ser atividade exclusiva de uma elite rica e educada, no século XIX…[ ]. As evoluções tecnológicas e a transformação do trabalho propiciam paulatinamente o acesso da recém-estabelecida classe média ao mundo das viagens. Iniciou-se, assim, a atuação de pessoas "normais", ou da grande massa da população, no cenário do turismo, e esse cenário vem se reinventando e se configurando em um novo mosaico resultante das novas estruturas sociais”. Desta forma podemos dizer que não somente através da revolução industrial, mas também com a mudança na economia, houve uma maior abertura para que o povo comum tivesse a oportunidade de viajar. Silveira e Medaglia (2010, p.161) explicam que o “período de incremento nas possibilidades de viagens coincide com a evolução do capitalismo industrial e, dessa forma, "o turismo aconteceu seguindo o fluxo natural das civilizações, acompanhado de evolução econômica e industrial". Você quer ler? Saiba mais sobre a influência da Segunda Guerra no Turismo. Acesse o artigo disponível aqui. Devido a Primeira Guerra Mundial, as viagens pela Europa diminuíram, pois em consequência da guerra houve mudanças no mapa do velho continente, http://www.eca.usp.br/turismocultural/8.02_Mariana_e_MJPires.pdf História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade porém nem todos os países foram prejudicados. Com o exploração do automóvel entre 1920 e 1940, o transporte terrestre viabilizou muito as viagens de turismo, no período entre guerras, a Alemanha e a Itália promoveram o turismo social, que segundo citações de Secall (1983,p.82) destacaram as iniciativas: a adoção de medidas sociais, favorecendo o turismo nacional, restringiu-se liberdade dos turistas nacionais para viajar ao exterior(o que limitou o turismo internacional) o que levou os governos a repensarem sobre os efeitos econômicos do turismo. Se o turista é visto como um visitante, geralmente estrangeiro, que viaja a determinado local por lazer, é possível que sua imagem seja associada à de um indivíduo adventício que gasta dinheiro nos lugares que frequenta, e esse acaba sendo o fator que mais estimula os destinos a fomentar a atividade turística. (SILVEIRA; MADAGLIA, 2015, p.48). Imagem 1 - Motivações turísticas Fonte: (SILVEIRA; MEDAGLIA, 2015) Além do fator econômico, um dos pontos que se justifica o investimento em turismo, defendido inclusive por órgãos como o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) é que o turismo é um grande aliado a conservação dos bens. Porém o que mais se destaca hoje na atividade turísticas são os atrativos e as motivações para a visitá-los. Vamos analisar o que são atrativos: “Atrativos são recursos naturais ou culturais que, como o próprio nome sugere, atraem a atenção de turistas e levam pessoas a visitá-los. Entre esses recursos incluem-se desde manifestações climáticas e de História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade natureza intocada até parques e paisagens naturais e culturais, atrações artificiais como parques temáticos, museus e construções, manifestações folclóricas, artísticas e culturais, costumes, personalidades e uma infinidade de itens que podem motivar uma viagem. Esses atrativos que compõem a oferta turística original (Beni, 2001) e serão classificados em naturais ou culturais de acordo com a intervenção que tenham sofrido pelas mãos humanas” … (SILVEIRA; MADAGLIA, 2015, p.48). Ou seja, pode-se afirmar que através da exploração responsável de um patrimônio como recurso turístico e a utilização de suas localizadas para visitação turística é que determina que tipo de turismo será realizado. Habitualmente, o vínculo do turismo com o patrimônio se dá por meio do turismo cultural, do ecoturismo ou, ainda, pela combinação destes, dependendo do sítio visitado e dos interesses da demanda. Segundo Barreto (2000, p.29): "Na língua inglesa existe a possibilidade de ampliar o conceito de turismo histórico para a expressão heritage based tourism, que deve ser traduzida como "turismo com base no legado cultural", mas que pode ser simplificada para "turismo de tradição", embora tradição e herança cultural não sejam exatamente a mesma coisa. o turismo com base no legado cultural é aquele que tem como principal atrativo o patrimônio cultural". (Barreto, 2000, p.29) Na literatura ainda não existe a afirmação que o ecoturismo seja considerado patrimônio, mas, pode-se considerar o patrimônio natural representante de um legado, assim como o cultural. Seja pela natureza ou pela cultura, os motivos para o turismo são vários e as necessidades ou desejos que impelem pessoas a viajar são o ingrediente para que se faça bom uso dos bens culturais e dos patrimônios para o desenvolvimento turístico e, dentro do contexto do patrimônio, há especialdestaque às motivações culturais, em virtude da própria classificação do patrimônio e sua relação com determinado grupo, local ou cultura. 1.1 Globalização e Cultura O fenômeno da globalização foi pensado por muitos como o fim da produção das diversidades. Esse termo, sempre associado à ideia de modernização - ou, ainda, "americanização"-, trouxe consigo a perspectiva de um mundo que estaria rumando a um processo de homogeneização cultural: as diversidades seriam História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade solapadas por essa nova ordem colocada em escala mundial. Desde o final da Segunda Guerra Mundial e, em especial, após a Queda do Muro de Berlim, um mundo "sem fronteiras" e interligado difundiu o imaginário de uma "aldeia global”. (SALAINI; SANTOS; ROMERO, 2012, p.15). A dinâmica cultural ganha mais velocidade com a globalização e a diferença é a multiplicação de identidades, o que criou desafios para interpretar e tratar os fenômenos culturais contemporâneos do ponto de vista antropológico. “Segundo a socióloga Maria Cecília Londres Fonseca (2001), a recente ampliação da noção de patrimônio cultural pode ser considerada mais um dos efeitos da globalização, na medida em que aspectos de sua cultura, tais como arquitetura e as manifestações artísticas - muitas vezes considerados por olhares externos como toscas, primitivas ou exóticas, porém, reconhecidas como patrimônio mundial - contribuem para inserir um país ou grupo social na comunidade internacional, com benefícios políticos e econômicos”. (SALAINI; SANTOS; ROMERO, 2012, p.130). De acordo com a citação acima, o antropólogo indiano Arjun Appadurai (1990), explica que o principal problema das interações globais atuais é a tensão entre a homogeneização e a heterogeneização cultural. O autor explica em seus estudos que a americanização e – ainda– a mercantilização dão respaldo às forças homogeneizantes provenientes de várias metrópoles, criando, assim, novas associações. Como exemplo, podemos citar o Brasil; temos um povo que aparentemente teria uma cultura homogeneizada (país de uma cultura), porém, como mostra nossa própria história, através da heterogeneização, pequenas comunidades ainda lutam para impor seus costumes e valores locais, como os índios por exemplo. É possível perceber que o acúmulo de conhecimento sobre a vivência na cultura popular e tradicional, foi o responsável pela aplicação do conceito de patrimônio cultural em escala mundial. Os estudos sobre o tema renderam frutos e permitiu que a preservação do patrimônio se tornasse uma prática de proporções planetárias, mesmo sendo diferente de uma país para outro. Foram adotadas medidas para a salvaguarda de patrimônio como o inventário de referências culturais, no Brasil, por exemplo, essa é uma prática que garante salvaguardar o patrimônio imaterial ou intangível . 1.2 Diversidades Culturais História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade O povo brasileiro tem origem principalmente nos índios, europeus e africanos, e, além disso, também é uma civilização que ultrapassa a chamada "descoberta" portuguesa, já que podemos encontrar vestígios de presença humana datadas de 100 mil anos. Há ainda sinais de ocupação civilizatória em territórios de norte a sul do país passando por ruínas encontradas no Amazonas até sambaquis no litoral do Estado de São Paulo. Desse modo, podemos perceber uma conexão clara entre patrimônio cultural e natural brasileiro e o papel das comunidades locais. Darcy Ribeiro, quando analisa a formação do povo brasileiro e o cotidiano do qual esse povo é formado destaca: "Surgimos da confluência do entrechoque e do caldeamento do invasor portugueses, com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros aliciados como escravos. Nessa confluência, que se dá sob a regência dos portugueses, matrizes raciais díspares, tradições culturais distintas, formações sociais defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo num novo modelo de estruturação societária. (Ribeiro, 1995, p 19)".(FINAZZI PORTO, 2015, p.174). O primeiro recenseamento no Brasil foi em 1873. Existiam nessa data 10 milhões de habitantes. Hoje, 142 anos depois, temos uma população 20 vezes maior. Mesmo assim devemos considerar que esse aumento não foi baseado em um único tipo de habitante e sim de vários imigrantes que fazem parte da história e da formação de um povo novo. Conforme E-book da unidade 2, o povo brasileiro é realmente novo, tanto numérica quanto socialmente, traços das etnias que o formam são recentes devido ao sincretismo e a miscigenação que ocorreram no século XIX, formando em pleno século XX um povo novo: "Novo porque surge como uma etnia nacional, diferenciada culturalmente de suas matrizes formadoras, fortemente mestiçada, dinamizada por uma cultura sincrética e singularizada pela redefinição de traços culturais oriundos. Também novo porque se vê a si mesmo e é visto como uma gente nova, um novo gênero humano diferentes de quanto existem. Povo novo, porque é um novo modelo de estruturação societária, que inaugura uma forma singular de organização socioeconômica, fundada num tipo renovado de escravismo e numa servidão continuada ao mercado mundial. Novo, inclusive, pela inverossímil alegria e espantosa História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade vontade de felicidade, num povo tão sacrificado, que alenta e comove a todos os brasileiros." (FINAZZI PORTO, 2015, p.176). Conforme explicado na unidade anterior, a miscigenação, apesar de criar uma nova etnia, não desfaz o homem de sua diversidade nacional. Essa nova etnia se dá por três fatores: o ecológico, pois para se adaptar a terra em que vive a pessoa muda não somente a aparência mas também os hábitos; o econômico, que criou formas diferentes de modos de produção, e o migratório, que ajudou a completar essa miscigenação, especialmente com a presença de europeus, japoneses e árabes. Podemos dizer que houve grande resiliência do povo brasileiro. Seu cotidiano, costumes, cultura, foram adaptados com a miscigenação a ponto de se tornar parte única de uma nova cultura. As comunidades desenvolveram em seu crescimento modos de vida gerando um patrimônio imaterial de acordo com a sua vivência. Desse ponto de partida, vemos que há uma variedade imensa de comunidades nos entornos do que chamamos de patrimônio da humanidade, que se adaptaram e moldaram uma forma de vida na qual matérias-primas, ferramentas equipamentos e meios de tração fazem parte do cotidiano...[ ] Por ter sido um fenômeno que se estabeleceu principalmente no campo, com ocupações agrícolas de regiões interioranas - assim ocorreu com os italianos em São Paulo e no Rio Grande do Sul e com os alemães em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, estejam presentes até hoje nos mais diversos rincões brasileiros. O fato de a imigração ter ocorrido no interior aumenta o pesa dela na ocupação do país. (FINAZZI PORTO, 2015, p.178). Se usarmos somente o Brasil, para centralizarmos a ideia de turismo, baseando nas diversidades culturais, podemos dizer que temos um país rico justamente devido a sua formação. Cada Estado, cidade ou comunidade tem a miscigenação como origem, e com isso muito a oferecer ao turismo, seja ele ecológico, cultural, gastronômico, entre outros. Em se tratando de diversidade cultural, temos outros países como exemplos que podem ser avaliados do ponto de vista cultural. Segundo Silveira; Madaglia (2015), vamos pensar como exemplo a China, mesmo sendo menos procurada pelos turistas ocidentais, o mundo asiático vem se desenvolvendo exponencialmente no mundo do turismo e se torna um grande receptores de turistas hoje. Já o Japão é um grande emissor no ramo do turismo. História e Patrimônio - Unidade3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Imagem 2 - A Grande Muralha da China Fonte: (BORDIGNON, 2016) A Ásia, possui os dois países mais populosos do mundo (Índia e China). A China equilibra o turismo entre atrativos naturais e culturais, com predominância destes últimos, resultantes da riqueza histórica do Império Chinês e a cultural milenar da China – mesmo sendo pouco difundida e com algumas restrições no país. Segundo Silveira e Madaglia (2015) mesmo assim atraí muitos turistas para cidades, como Shangai, Xian e a própria Pequim. Já o Japão é possuidor de atrativos únicos e uma riqueza cultural magnífica, sendo um dos países com a gastronomia mais difundida internacionalmente por ser mais concentrada na alimentação provinda do mar, segundo Silveira; Madaglia (2015). Imagem 3 – Pontos Turísticos do Japão História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Fonte: (KAWANAMI, 2013) Um país que também é destaque é a Índia. País com uma grande população, conta com mais de 20 idiomas oficiais e centenas de religiões – entre as mais importantes estão o hinduísmo e o budismo, sendo o budismo o responsável pelo vínculo entre muitos países da Ásia, além de adeptos espalhados por todos os continentes segundo os autores SILVEIRA e MADAGLIA (2015). Imagem 4 - Taj Mahal História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Fonte: (TAJ..., 2016) 2. Turismo Globalização e Proteção. Com a globalização houve o aumento do turismo devido às facilidades de conexão e deslocamento, e também fomentou a curiosidade e o interesse pelos "outros" graças ao fluxo de informações e conhecimento. Com a globalização também os passageiros mudariam pois antes os que não poderiam viajar como os emergentes e os mais jovens, agora com as facilidades à disposição existia essa possibilidade. A exemplo, antigamente viajavam para fora do país apenas as pessoas consideradas maduras e ou com dinheiro ou profissão garantida. Idoso e crianças ficavam em casa, porém o turismo mudou e hoje todos viajam, “dos bebês à "terceira idade", dos intelectuais às novas classes médias e aos empresários, muitas vezes em excursões temáticas especialmente desenhadas para acomodar distintos ritmos e expectativas” conforme explica Nogueira (2011). Há pacotes turísticos para todos os gostos e interesses: gastronomia, artes, compras, parques infantis, futebol, cinema, moda, decoração, ciência. Todo grande evento internacional inclui uma invariável "agenda social", com a qual arrasta acompanhantes não diretamente envolvidos nas pautas principais. (NOGUEIRA, 2011, p. 1). Vejamos a seguinte ideia: ao viajarmos para a praia não estamos apenas em busca de sol, água e descanso. Existe todo um contexto por trás desse aparente motivo que levam as pessoas a praia. Funari e Pinsky (2015) explicam História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade que o turismo ainda é visto de forma estreita no campo de estudos. O motivo de irem para a praia é na verdade a busca por um todo que a cerca: a água de coco, os quitutes feitos a mão, o bate papo com os nativos, a casa de praia e sua arquitetura rústica, a paisagem e a história do lugar. Essa visão já é entendida nos países de língua inglesa pois já consta como pauta e motivos de estudos para o segmento do turismo. Pode-se dizer que o turismo é cultural. Do ponto de vista teórico parece simples, mas é justamente por parecer óbvio que não damos certa atenção a amplitude do que é o turismo cultural. O turismo em massa é um dos exemplos em que a pessoa pode fazer visitas sem sair do lugar, a questão não é o que se vê, mas como se vê o turismo cultural. A exemplo temos o seguinte trecho da análise realizada por Funari e Pinsky (2015). “Será que um grupo que propõe a ver a Europa toda em duas semanas, às pressas, em ônibus nos quais fala-se apenas o português, as paisagens vistas apenas através dos vidros (que funcionam quase como escudo contra os cheiros, gostos e cores das ruas), faz algum tipo de turismo cultural? Nas rápidas paradas, as pessoas são avisadas que daquele cartão-postal deve-se tirar fotos, seja ele a torre Eiffel, a torre de Londres, a muralha da China ou a sereiazinha de Hans Christian Andersen, em Copenhague. Dispara-se o obturador, perpetua-se a imagem e prova-se aos amigos e familiares que lá se esteve, o que, de resto, é testemunhado pelas lembranças made in Taiwan dos mesmo estereótipos fotografados (oh, quantas miniaturas de torre Eiffel adornam geladeiras ao lado de pinguins) e generosamente dados de presente a quem ficou”.(FUNARI; PINSKY, 2015, p.7). Justamente por conta das formas de turismo, se faz necessário, é claro, que se tenha um comprometimento com o local, enquanto as instituições precisam cuidar dos patrimônios, pois são deles que o turismo “mais prolongado” pode gerar mais renda e consequente mais cuidados com o patrimônio. 2.1. A proteção do Patrimônio e o mundo contemporâneo. A prática da preservação histórica contribuiu para a representação simbólica da "identidade" e da " memória" da nação, reforçando o sentimento de nacionalidade por meio de uma narrativa histórica, bem como a valorização de determinada produção artística. (SALAINI; SANTOS; ROMERO, 2012, p.124). Ainda segundo Salaini, Santos e Romero (2012), a ideia de combinar a conservação dos sítios culturais com os sítios naturais foram dos Estados Unidos. História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Foi criado em 1965, a Fundação do Patrimônio Mundial, através de uma conferência na Casa Branca, onde seus representantes pediram essa medida para estimular a cooperação internacional e proteger áreas paisagísticas e sítios históricos. Os museus mais imponentes precisam de preparar e se adaptar para um público cada vez maior e muitas vezes não conhecem a etiqueta de visita padrão do local e da mesma forma os restaurantes, bares, lojas ajustam seus preços para atender o novo público muitas vezes curioso em conhecer algo novo. São essas mudanças, associadas com a rotina do local que podem passar por adaptações, mas nunca mudanças para serem compartilhadas com os estrangeiros. Como exemplo, temos uma explicação de Nogueira (2011), sobre esse fato: “Nenhum romano deixa de beber seu cappuccino, nenhum parisiense deixa de comprar sua baguette, nenhum nova-iorquino deixa de se estender para tomar sol na grama do Central Park, mas todos devem conviver com bandos de curiosos e imitadores. Muitos reagem com irritação, outros viajam para longe ou não saem de casa. Lugares menos conhecidos, fora dos roteiros, vinculados ao dia a dia que os turistas não veem, convertem-se assim em refúgios dos moradores, fortalezas de onde tentam defender suas cidades. Seja como for, é uma experiência coletiva de interação, ao sabor da qual o mundo se vai integrando culturalmente”. (NOGUEIRA, 2011, p.1). Portanto essa preservação deve ser constante, não somente para o turismo estrangeiro, mas também para conforto de quem vive no local, uma vez que os “nativos” precisam conviver com o turista, também se faz necessário o atendimento de suas necessidades locais e habituais. 2.2. Estratégias de preservação "O projeto de inserir o Ceará na globalização delineou-se timidamente, com a inclusão do turismo entre os setores prioritários, que seria beneficiado com melhorias na infraestrutura física - inclusive a construção de um novo aeroporto e de uma "rodovia estruturante", ligando Fortaleza ao litoral oeste. Este programa foi esforço dirigido principalmente pelo Programa de desenvolvimento do turismo do Nordeste, Prodetur-NE, criado pelo governo federal, com financiamento do BID, por meio do Banco do Nordeste, e da contrapartida dos governos estaduais". (VARGAS; CASTILHO, 2009, p.252).História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Conforme os textos de Nogueira (2011), o turismo tornou-se, de fato, uma indústria pois emprega centenas de milhares de pessoas, cria em torno de si inúmeras atividades, movimenta os negócios em escala global, produz riqueza material e intercâmbio cultural. Ainda que quase sempre centrado no lazer e no entretenimento, tem múltiplas implicações. Portanto podemos dizer que um turismo consciente e que tenha interesse na preservação local é benéfico para a população que dele faz parte. Hoje, no Brasil, temos como modo de preservação, o tombamento histórico, os recursos disponibilizados pelas entidades como Iphan, para tratar da preservação dos bens culturais e patrimônios históricos. Porém devemos repensar o modo de cuidado e ampliar seu conceito e entendimento para as salas de aula. Uma população consciente de sua história, se sensibiliza e entende melhor a necessidade de cuidar de um patrimônio. “O Brasil é um dos países mais urbanizados do mundo. Em 1964, 50% do território já tinha sido tomado. Hoje, a nação está à frente dos Estados Unidos. Isso faz com que o país sofra com alguns problemas, já que abriga muitas pessoas em pequenas áreas. Um deles é o tráfego intenso. O outro, a moradia”, diz Edward Glaeser, professor de economia na Universidade Harvard. Com a demanda crescente por espaço urbano, os patrimônios históricos entram em cheque: até que ponto é relevante mantê-los intocáveis? Ao preservar uma área, o metro quadrado se torna caro e expulsa pessoas da região. (CULTURA..., 2017). Você quer ver? Para saber mais sobre o assunto assista o vídeo “Patrimônio em Debate” Políticas públicas de preservação de Washington Fajardo. Clique aqui e assista. 3. Turismo Globalização e Proteção(cont.) O turismo globalizado, nos faz entender a vida hoje; pois através do turismo podemos ver que os locais se equilibrando entre a reprodução de ritos e https://www.insper.edu.br/conhecimento/politicas-publicas/patrimonio-historico-brasileiro/ História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade tradições e a reinvenção diária do cotidiano, mostra que a crise não perdoa ninguém, e portanto obriga o plano econômico-social a ver os problemas de estabilidade financeira e segurança. O turismo globalizado também mostra a necessidade de novas práticas e condutas nas rotinas e tradições para se manter. FUNARI E PINSKY(2015, P.7), nos explica o deslocamento em si pode ser discutido como um fato cultural, como por exemplo, ao viajarmos, o visitante conhecer mais do cotidiano e vida dos nativos fazendo parte de seus hábitos que visitar locais pré determinados, por um curto período ou apenas fazer compras e voltar para seu hotel. “Deve-se, portanto, discutir se o fato em si do deslocamento já constitui um fato cultural. Talvez seja mais adequado observar o turismo cultural efetiva-se quando da apropriação de algo que possa ser caracterizado como bem cultural, seja o que for. Antes que nos entendam mal, não estamos nos referindo a apropriar-se de um cinzeiro num café parisiense, um coral em Fernando de Noronha ou um santo barro sobrevivente em uma igreja de Ouro Preto. Uma caminhada demorada pelo Quartier Latin, em Paris, pode ser culturalmente mais expressiva que uma visita burocrática ao Museu do Louvre ( e seguramente mais expressiva que uma visita no Magazine Printemps), da mesma forma que o simples feijão com arroz num pequeno restaurante frequentado por baianos, na Baixa do Sapateiro, em salvador, pode nos ajudar a entender mais a cidade do que um vatapá saboreado na companhia de uma legião de turistas”. (FUNARI; PINSKY, 2015, p.7). Com a globalização, podemos dizer, de certo modo, que patrimônio cultural e tudo aquilo que constitui um bem apropriado pelo homem. Para exemplificarmos: o McDonald's faz um sanduíche cuja receita é seguida à risca em qualquer lugar do mundo, praticamente sem modificações. Conforme explica Funari e Pinsky (2015), da mesma forma, um pescado pode ser preparado de diferentes maneiras por diferentes cozinheiros: embrulhados em folha de banana, no litoral paulista; com leite de coco e azeite de dendê no litoral baiano; como filé, na manteiga, acompanhado de molho de alcaparras em restaurantes elegantes e simplesmente frito "à doré", na beira da praia.Tanto o hambúrguer quanto o peixe podem ser vistos como bens culturais. O Mcdonald's representa um bem cultural global padronizado onde as pessoas que estão viajando tem a sensação de não sair do lugar, enquanto o peixe é uma iguaria local do qual buscamos quando viajamos. História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Manter a proteção de um sanduíche parece absurdo, mas a verdade é que este sanduíche, ou peixe, o que for, é a representação física e materializada da necessidade do homem se sentir pertencente ao mundo. Independente de onde esteja. Este é o papel de um bem cultural e o motivo pelo qual existe a necessidade de o protegermos. 3.1. A proteção do Patrimônio e o mundo contemporâneo O turismo oferece a seus praticantes a oportunidade rara de apreciar in loco aquilo de que se ouve falar ou com o que se fantasia. Diminui a distância entre filmes, livros e vida real. É uma ferramenta de desmitificação. Devolve à realidade certos lugares-comuns dos relatos e conversas sobre os "outros". O turista descobre, surpreso e extasiado, que os argentinos adoram os brasileiros, que os franceses não são mal- humorados (embora alguns o sejam), nem os italianos são alegres e receptivos (embora muitos o sejam), que não há somente glamour em Nova York nem tristeza em Lisboa. A depender da profundeza social que alcança em sua viagem, pode descobrir também que o cotidiano é tão desgastante em Barcelona e na Filadélfia quanto em São Paulo ou no Rio de Janeiro, sobretudo para os grupos sociais menos favorecidos, obrigados a experimentar dissabores de todo tipo. Descobre, enfim, que os brasileiros não são melhores nem piores que os outros povos, que nossa economia não está tão racional e eficiente quanto dizem, que não somos os únicos a gostar fanaticamente de música e futebol, que nossas garotas de Ipanema são tão lindas quanto milhões de holandesas, tailandesas, espanholas, mexicanas, húngaras e chinesas.(NOGUEIRA, 2011, p.1) A criação de instituições e instrumentos direcionados para a tarefa de cuidar e manter locais e recordações do passado, busca contribuir para evitar o esquecimento de nossas histórias em um tempo tão globalizado e em que as necessidades são tão fugazes. Essa forma de se relacionar com o passado é Ocidental, precisamos cuidar de objetos e lugares para nos lembrarmos do passado, diferente dos Orientais que fazem do passado tradições vividas no seu cotidiano. “No Japão, os templos são mantidos novos por meio de reconstruções idênticas, periódicas e rituais, trata-se de uma preservação muito diversa da ocidental, que não enfatiza a permanência do objeto e a noção de autenticidade, mas do saber fazer, refazer e reproduzir fielmente, sejam monumentos ou História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade escritos, seja uma expressão cênica ou plástica de celebração”, conforme nos explica SALAINI; SANTOS e ROMERO, (2012) p.127). O Patrimônio Cultural deve ser valorizado por todos e sua proteção deve ser pensada para e pelos sujeitos que detém o conhecimento do valor de um patrimônio. A sensibilização e conscientização do por que e como preservar deve ser realizada através de políticas públicas que envolvam as comunidades e os agentes que se relacionam com os bens portadores da memória coletiva e da identidade cultural dos diversos grupos sociais. (SECRETARIA DO ESTADO DA CULTURA, 2006). 3.2. Estratégias de preservação. A política de preservaçãodeve ser efetivamente apropriada, enquanto produção simbólica e enquanto prática política, pelos diferentes grupos que integram a sociedade brasileira (FONSECA, 1997). O turista quando sai de em viagem, muitas vezes não percebe que nem tudo é o que parece. A princípio, a festa de rua a qual participa é diária, mas quando acaba e ele visita a periferia ou bairros menos nobres, percebe que tudo é mera aparência e ao voltar para casa, tem uma possibilidade de refletir sobre o mundo em que vive. MARCUSE, (1998) citado por VARGAS e CASTILHO (2009, p.30) explica que "Seguindo na mesma direção, a contribuição da preservação da história será muito limitada para a cidade como um todo, se a intervenção nos centros for somente física e direcionada ao turismo. Essa preservação não será histórica, pois refletirá somente a arquitetura e não o ambiente urbano ou sua memória. A qualidade arquitetônica é apenas um dos itens que devem ser considerados na preservação histórica”. Para a preservação de um bem cultural, segundo a Secretária do Estado e Cultura (2006), é importante saber da existência desse bem, se uma manifestação cultural é praticada pela população local, se não, por qual motivo, de que forma essa tradição é transmitida, se transmitida que mudanças causa nas pessoas que trabalham na manutenção dessa tradição, ter essas questões trabalhadas e ajudadas é o que ajuda a manter a existência desse determinado bem cultural. História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Conforme exposto anteriormente, a preservação do patrimônio cultural, de bens culturais materiais e imateriais depende de entidades públicas que são destinadas a este trabalho para justamente cuidar da Educação Patrimonial, do Inventário, da Salvagar e do Tombamento, que segue posteriormente as manutenções diárias, dependo do local. 4. Turismo, Globalização e Hospitalidade. A globalização pode ser definida como o processo de interação e integração entre as pessoas, as empresas e os diversos governos. É, pois, um processo promovido pelo comércio internacional, pelas movimentações do capital e acelerado pelas tecnologias de informação. A conjugação destas variáveis torna o processo uma realidade incontornável e imparável. Como qualquer ação dinâmica, esta tem impactos nos sistemas ambientais, culturais, políticos, assim como ao nível do desenvolvimento e da prosperidade económico-social e do bem-estar humano no planeta. (DUARTE; FONTES; FRANCO; ALMEIDA et al., 2009). Se pensarmos no Brasil como um exemplo, temos um país em desenvolvimento constante e crescimento expressivo no setor turístico, não somente devidos as suas belezas naturais ou culturais, mas também pela marca registrada do brasileiro: a hospitalidade. O brasileiro tem por característica marcante a arte de receber bem. É amistoso, convidativo e com isso os turistas estrangeiros sempre voltam, não apenas pelas belezas do país mas também pela hospitalidade brasileira. Segundo o Ministério do Turismo (2015)...”Tida pelos estudiosos como um traço cultural genuíno do povo brasileiro, ela (a arte de receber bem) é hoje uma das principais motivações dos estrangeiros que escolhem o Brasil como destino de viagem”. Ainda segundo o Ministério do Turismo (2015) “A hospitalidade pode ser notada em todas as atividades relacionadas ao setor, desde a facilitação ao ingresso e permanência no país, até a educação e capacitação dos profissionais. Para o turismo, a hospitalidade é um item capaz de aumentar a competitividade dos destinos e dos serviços. Esta é uma das razões pelas quais as três maiores redes de hotéis internacionais com presença no Brasil elegeram a boa recepção como um dos itens de maior valor da companhia e premissa institucional”. História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Mas não devemos simplificar o significado de hospitalidade a apenas receber bem o turista. Devemos entender que hospitalidade é algo complexo e varia o entendimento de uma cultura para outra. 4.1. Hospitalidade e Turismo De acordo com a história, o termo hospitalidade pode ser identificado em meados de século XVIII, na Europa, quando viajantes eram acolhidos de forma caridosa e gratuita por pessoas de vilarejos. Com o aumento do troca de produtos, aumenta-se a necessidade de viagens e também de estabelecimentos que recebam esses viajantes. Temos na Grécia e em Roma, a construção de tavernas e estalagens para abrigar os viajantes. Houve um avanço da hospitalidade na Idade Média pois crescem os números de hospedarias e a Inglaterra se destaca com pousadas de melhor qualidade. Na Idade Média também surgem os restaurantes, e o meio de transporte mais rápido da época era a carruagem. A origem da hospitalidade surge, pois, não de alguém que convida, mas de pessoas que necessitam de abrigo e buscam calor humano ao receber o estranho. A hospitalidade, como resultado de um convite, é provavelmente uma inovação mais tardia da civilização e suas primeiras manifestações são registradas entre os gregos, para quem visitar e ser visitado constituía uma obrigação, carregada de rituais, de alguma forma coordenados pela sombra de Héstia. De qualquer forma, seja num caso ou no outro, a expectativa de resgate do calor humano ao receber o outro é o substrato de uma ética especial, a ética da hospitalidade. Esta talvez seja uma pista importante para os estudos de ética nos cursos de lazer, turismo e hotelaria. Mais que uma ética aplicada, dever-se-ia falar da hospitalidade e suas leis não escritas como uma ética em si mesma. (CAMARGO, 2004, p.30). Você Sabia? “Filha de Cronos e Reia, Héstia era, na mitologia grega, a deusa virgem do lar, da família e da arquitetura. Era uma das 12 divindades gregas que habitava o Monte Olimpo. Era irmã de Zeus, Hades, Hera e Deméter. Héstia representava o fogo que ficava acesso nos lares dos gregos. O símbolo desta deusa grega era o fogo de uma lareira. Este fogo sagrado simbolizava a luz e a paz que deveria reinar nos lares gregos”. Para saber mais acesse aqui. https://www.suapesquisa.com/mitologiagrega/hestia.htm https://www.suapesquisa.com/mitologiagrega/hestia.htm História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Na idade Moderna, as viagens passam a fazer parte da vida profissional, surgem orientações sobre viagens, o Grand Tour como rito de passagem e com isso temos algumas mudanças no cenário: enquanto a revolução francesa influência na hospitalidade através da culinária a Europa passa a ter hospedarias que desempenham o papel social e político da sociedade igual a Inglaterra. Atualmente, um estudo do Ministério do Turismo (2015), reforça essa teoria. A hospitalidade é hoje o item mais bem avaliado pelos visitantes estrangeiros que visitam o Brasil, com 97,4% de aprovação…[ ] o dia 29/01, dia em que se comemora a hospitalidade, o MTur(Ministério do Turismo) saúda camareiras, garçons, monitores, recepcionistas de meios de hospedagem e tantos outros profissionais intimamente ligados ao setor e ao turista. Na linha de frente, eles são responsáveis pela boa imagem que se tem do país e pela alta taxa de intenção de retorno (95,3%). 4.2. Caracterização da Hospitalidade Para ingressarmos no assunto hospitalidade, se faz necessário definir o termo. Conforme nos descreve os autores Dalpiaz; Dagostini; Giacomini e Giustina (2019)...”Hospitalidade é uma palavra originária do Latim hospitalitate e significa o ato de hospedar; a qualidade de quem é hospitaleiro; a liberalidade que se pratica, alojando gratuitamente alguém; e por extensão acolhimento afetuoso”. A hospitalidade no Turismo evidencia-se muito mais ampla do que primeiramente se imaginava, ela deverá estar presente em todas as atividades relacionadas com o turismo, desde a facilitação(ingresso, permanência, deslocamentos internos e saída dos visitantes), o desenvolvimento da infraestrutura (rodovias, portos, aeroportos, obras viárias, saneamento, energia, equipamentos sociais), os transportes e comunicações (terrestres, aéreos, marítimos, fluvial e telecomunicações), a educação e capacitação (formação de recursos humanos para o setor em níveis distintos) e prestação de serviços (alojamentos hoteleiros, transportadores, restaurantes e similares, diversão e entretenimento, agências de viagens e locadoras). (DALPIAZ; DAGOSTINI; GIACOMINI; GIUSTINA et al., 2019). Segundo Lashley; Morrison (2004), se faz necessário uma amplitude na definição de hospitalidade, é preciso ampliar os campos onde a hospitalidade História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade atua de forma que possam ser pontuados e definidos de forma mais didática. Segundo o autor, as atividades relacionadas com a hospitalidade seriam separadas por "social", "privado" e "comercial". Colocando de modo simples, cada domínio representa um aspecto da oferta de hospitalidade, que é tanto independente como sobreposto. O domínio social da hospitalidade considera os cenários sociais em que hospitalidade e os atos ligados à condição de hospitalidade ocorrem junto com os impactos sociais sobre a produção e o consumo de alimentos, bebidas e acomodação. O domínio privado considera o âmbito das questões associadas à oferta de trindade no lar, assim como em consideração ao impacto do relacionamento entre anfitrião e hóspede. O domínio comercial diz respeito à oferta de hospitalidade enquanto atividade econômica e inclui as atividades dos setores tanto privado quanto público. (LASHLEY; MORRISON, 2004, p.6). Portanto conforme proposto, falar sobre hospitalidade sem detalhá-la em sua complexidade se torna inapropriado, pois podemos confundir o seu real significado. É necessário um estudo mais aprofundado sobre o tema uma vez que este é um dos grandes atrativos de se planejar uma viagem é ser tratado com hospitalidade. Síntese Por todos esses aspectos apresentados ao longo da matéria, é possível concluirmos que o estudos do turismo é mais complexo do que se imagina. Entender sobre a cultura do outro é se aprofundar na história humana, escolhendo os aspectos com os quais se deseja trabalhar. O estudo do patrimônio não é apenas um fator isolado, envolve política, economia, e principalmente respeito. Existe grande facilidade hoje na busca de materiais pois devido a globalização, hoje temos acesso rápido a informações. Através do conhecimento que adquiridos, é possível, hoje pesquisarmos sobre um país, conhecer seu idioma e estudar sua língua em cursos online, fazer amizades através de redes sociais, estudar uma cidade e até suas ruas por mapas virtuais, conhecer um museu via internet, saber sobre a comida e as festividades locais tudo sem sair de casa. Porém, para o profissional de turismo, já não é tão simples, pois ele vai além desses conhecimentos, ele tem mais sensibilidade, pois sabe o que é um patrimônio e reconhece o valor que ele representa, conhece a complexidade de sua manutenção – o que faz com que seja responsável, não História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade somente pela diversão do seu cliente, mas também responsável indiretamente pela manutenção do local ao desenvolver um tour responsável. Portanto, dentro do tema abordado nesta unidade, podemos concluir que compreendemos sobre: ● Os impactos do turismo sobre o patrimônio. ● Entender o que significa a Globalização no geral e para o turismo. ● Identificar as características da preservação do Patrimônio Cultural. ● Compreender o funcionamento dos instrumentos de Preservação do Patrimônio Cultural. ● Compreender como se deu a história da hospitalidade e sua importância no processo de turismo. Bibliografia Básica: FUNARI, Pedro Paulo e PINSKY, Jaime (orgs). Turismo e Patrimônio Cultural. SP: Contexto, 2007. Disponível em: Biblioteca Virtual de Consulta; Universidade Anhembi Morumbi. MENESES, José Newton Coelho. História & turismo cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. Disponível em: Biblioteca Virtual de Consulta; Universidade Anhembi Morumbi. VARGAS, Heliana Comin; CASTILHO, Ana Luisa Howard (Orgs.). Intervenções em centros urbanos Objetivos, estratégias e resultados. 2ª edição. Manole: Barueri- SP, 2009. Disponível em: Biblioteca Virtual de Consulta; Universidade Anhembi Morumbi. Bibliografia Complementar: CAMARGO, L.O.L. Hospitalidade. São Paulo: ALEPH, 2004. Disponível em: Biblioteca Virtual de Consulta; Universidade Anhembi Morumbi. PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2007. Disponível em: Biblioteca Virtual de Consulta; Universidade Anhembi Morumbi. História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade PINSKY, C. B.; LUCA, T. R. (org.) O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009. Disponível em: Biblioteca Virtual de Consulta; Universidade Anhembi Morumbi. LASHLEY, Conrad e MORRISON, Alison (orgs.). Em busca da hospitalidade: perspectivas de um mundo globalizado. São Paulo: Manole, 2004. Disponível em: Biblioteca Virtual de Consulta; Universidade Anhembi Morumbi. MARCHETTE, T.D. Educação Patrimonial e políticas públicas de preservação no Brasil. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: Biblioteca Virtual de Consulta; Universidade Anhembi Morumbi. SALAINI, Cristiane Jobi ; SANTOS, Marcio Martins; ROMERO, Fanny Longa. Globalização Cultura e Identidade. In: SALAINI, Cristiane Jobi et al. Globalização Cultura e Identidade. Curitiba: Intersaberes, 2012. FINAZZI PORTO, Aloísio. Patrimônio Turístico do Brasil. In: FINAZZI PORTO, Aloísio. Patrimônio Turístico do Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2015. SILVEIRA, Carlos Eduardo; MADAGLIA, Juliana. Patrimônio Turístico Internacional. In: SILVEIRA, Carlos Eduardo; MADAGLIA, Juliana. Patrimônio Turístico Internacional. Curitiba: Intersaberes, 2015. NOGUEIRA, Marco Aurélio. O turismo globalizado. O Estado de S.Paulo, São Paulo, p. 1, 23 jul. 2011. Disponível em: https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,o-turismo-globalizado-imp- ,748731. Acesso em: 14 jul. 2019. MINISTÉRIO DO TURISMO. Hospitalidade torna destinos mais competitivos. Brasília, 29 jan. 2015. Disponível em: http://www.turismo.gov.br/ultimas- noticias/4078-hospitalidade-torna-destinos-mais-competitivos.html. Acesso em: 15 jul. 2019. DALPIAZ; DAGOSTINI; GIACOMINI; GIUSTINA, Roni C. C.; Aline; Deisi M.; Maria G. S. D. et al. A HOSPITALIDADE NO TURISMO: O BEM RECEBER. A HOSPITALIDADE NO TURISMO: O BEM RECEBER , Serra Gaúcha, 15 jul. 2019. Disponível em: http://www.serragaucha.com/upload/page_file/hospitalidade-e-bem- receber.pdf. Acesso em: 15 jul. 2019. História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade DUARTE; FONTES; FRANCO; ALMEIDA, José G; António; Rui S; Hernâni et al. A GLOBALIZAÇÃO E O TURISMO. [S. l.], 11 nov. 2009. Disponível em: https://www.publituris.pt/2009/11/11/a-globalizacao-e-o-turismo/. Acesso em: 15 jul. 2019. Sites: CULTURA de preservação do patrimônio histórico brasileiro precisa ser incentivada. São Paulo, 2017. Disponível em: https://www.insper.edu.br/conhecimento/politicas-publicas/patrimonio- historico-brasileiro/. 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Imagem 3 – KAWANAMI, Silvia. Patrimônios Mundiais da Unesco no Japão. 5 abr. 2013. Imagem. Disponível em: https://www.japaoemfoco.com/patrimonios- mundiais-pela-unesco-no-japao/. Acesso em: 15 jul. 2019 História e Patrimônio - Unidade 3 - Turismo, Globalização e Hospitalidade Imagem 4 – TAJ Mahal. 2016. Imagem. Disponível em: http://tudoindia.com.br/taj- mahal/. Acesso em: 14 jul. 2019.
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