Buscar

HIV

Prévia do material em texto

HIV 
Classificação 
Com base nas diferenças da organização do 
genoma e em relações filogenéticas, existem 
dois tipos de vírus: 
HIV-1, que contém três grupos distintos de 
vírus (M, N, O). O grupo M é o predominante 
e contém 10 subtipos (de A a J). 
HIV-2, com 5 subtipos de A a E. 
Em cada subtipo existe uma extensa 
variabilidade. 
Estrutura 
O HIV é um retrovírus do gênero Lentivírus, 
que são vírus lentos associados a doenças 
neurológicas e imunossupressoras. 
Possuem formato esférico e são envelopados. 
• Envelope 
↳ Composto por glicoproteínas, adquirido por 
brotamento a partir da membrana plasmática, 
tendo assim uma constituição similar à dela. 
↳ GP120: se liga aos receptores da superfície 
celular, determina o tropismo primário do 
vírus, é reconhecida por anticorpos 
neutralizantes 
↳ GP41: promove a fusão célula a célula, 
fixando a glicoproteína no envelope viral e 
permitindo que o vírus penetre nas células 
alvo. Presente no domínio transmembrana. 
• Capsídeo 
↳ Duas cópias de RNA de fita simples 
↳ As enzimas transcriptase reversa e 
integrase 
↳ Dois RNAs de transferência celular (RNAt). 
Cada RNAt está associado a uma cópia de 
RNA e são utilizados como “base” para a 
atuação da transcriptase reversa. 
• Genoma 
O RNA é composto por genes e proteínas 
que codificam ou induzem ações específicas 
do vírus. Os genes de replicação estão 
presentes em todos os lentivirus. 
Proteínas para replicação 
↳ GAG: codifica capsídeo, matriz e ácido 
nucleico 
↳ PRO: codifica protease 
↳ POL: codifica as enzimas, polimerase, 
protease e integrase 
↳ ENV: codifica envelope e glicoproteínas 
O gene env é o que mais sofre mutações, 
alterando assim as glicoproteínas de 
membrana. As mutações ocorrem por conta 
da taxa de erro durante a atuação da 
transcriptase reversa. 
 
 
 
 
Replicação 
 
1) Ligação das glicoproteínas virais à 
proteína CD4 e seu correceptor. 
↳ A gp140 interage com seu receptor 
primário, que é a CD4, e com seu 
correceptor, que varia de acordo com o 
estágio da doença. 
• CCR5: estágio inicial, expresso em 
células mieloides, macrófagos, 
monócitos. (correceptor 
macrofagotrópico) 
 
 
 
As mutações no gene env fazem com que a 
gp140 se ligue a um receptor de quimiocinas 
diferente. 
• CXCR4: infecção crônica, expresso 
nas células T. (correceptor 
linfocitotrópico) 
↳ As quimiocinas liberadas por essa interação 
levam a mudanças estruturais que aproximam 
o envelope viral da membrana plasmática 
celular. 
↳ A gp41 interage com as duas membranas e 
permite sua fusão, resultando na liberação do 
genoma no citoplasma. 
2) Fase precoce de replicação 
↳ A transcriptase reversa utiliza do RNAt (de 
transferência celular) como base para 
sintetizar um DNA complementar (-). 
↳ A enzima também degrada o genoma de 
RNA e sintetiza a fita positiva do DNA, atuando 
como uma ribonuclease. 
A transcriptase reversa é muito suscetível a 
erros, ou seja, essa fase é a de maior 
possibilidade de ocorrer mutações. Essa 
instabilidade genética do HIV promove a 
geração de novas cepas do vírus em um 
mesmo indivíduo, dificultando o 
desenvolvimento de uma resposta especifica 
para atacá-lo. 
↳ O DNAc é transportado para o núcleo e a 
integrase age sobre ele, inserindo-o no 
cromossomo do hospedeiro. 
Para essa inserção acontecer, a multiplicação 
celular deve estar ocorrendo, logo, é 
necessário que a célula esteja ativada. O DNAc 
pode permanecer no núcleo de forma latente 
até que essa ativação aconteça. 
 
 
 
3) Fase tardia: transcrição do genoma 
↳ A polimerase II do hospedeiro transcreve o 
provirus (DNA viral) como um gene celular. 
Essa transcrição produz uma única molécula 
de RNA. 
Como o provírus atua como um gene celular, 
sua replicação depende da taxa de 
multiplicação celular e da capacidade da célula 
em reconhecer as sequências promotoras e 
amplificadoras codificadas na região TLR. 
Os retrovírus complexos, como o HIV, passam 
por duas fases de transcrição. As proteínas 
envolvidas são: 
• TAT: transativação da transcrição de 
genes virais e celulares 
• REV: regula processamento do RNA e 
promove exportação para o 
citoplasma 
• NEF: diminui a expressão do receptor 
CD4 na superfície celular, facilita a 
ativação das células T 
• VIF: importante para a infectividade do 
vírus, promove a montagem do virion 
e bloqueia proteína antiviral celular 
(citidina desaminase) que inibe a 
replicação do HIV 
• VPU: montagem e liberação do virion, 
degradação do receptor CD4 da 
superfície. 
• VPR: transporte do DNA para o núcleo, 
paralisa a célula na fase G2 do ciclo 
celular 
↳ As proteínas traduzidas a partir dos RNAm 
(gag, gag-pol, env) são sintetizadas, glicosiladas 
e processadas pelo retículo endoplasmático e 
pelo complexo de Golgi. Passam a ser 
poliproteínas, ainda não funcionais. 
↳ Em seguida, elas são clivadas em 
subunidades que atravessam a membrana e 
em subunidades extracelulares da proteína de 
ligação viral. Essas subunidades se associam e 
migram para a membrana plasmática. 
4) Brotamento 
↳ Quando duas cópias do genoma e moléculas 
do RNA se associam, o brotamento do virion 
é realizado. 
↳ A aquisição do envelope ocorre na 
superfície celular, na qual o HIV capta 
proteínas celulares para compor seu 
envelope. 
↳ Depois dessa aquisição, as proteases atuam 
e clivam as poliproteínas gag e pol. 
Essa clivagem libera a transcriptase reversa e 
permite a formação do núcleo do virion, 
sendo então fundamental para a produção de 
novos virions infecciosos. 
Evolução da Infecção 
1. Infecção primária e disseminação 
O HIV infecta uma superfície de mucosa e 
rapidamente se propaga para células do tecido 
linfoide associado a ela (MALT). 
O vírus pode se ligar na superfície de células 
dendríticas e permanecer em sua superfície. 
Quando as DC apresentam o antígeno para as 
CD4, elas são infectadas. 
Infecção -> 4 – 11 dias -> viremia inicial 
Os vírus M-trópicos, são os mediadores desse 
estágio, ligando-se ao CD4 e CCR5. Com o 
avanço da doença, a gp140 sofre mutação e 
o correceptor passa a ser o CXCR4, presente 
em linfócitos (vírus L-trópico) 
2. Latência clínica 
Em 1 semana a 3 meses após a infecção, há 
uma queda na viremia plasmática porque o 
sistema desenvolve uma resposta imunológica 
ao HIV. 
Essa resposta, porém, é insuficiente para 
eliminar a infecção por completo, e células 
infectadas permanecem nos linfonodos. 
Essa fase pode durar até 10 anos e acaba 
quando há uma redução no número de 
células TCD4. Nesse período, a replicação nos 
linfonodos continua. 
3. Sintomas constitucionais 
Decorrente da redução de TCD4 circulante, 
devido à: 
• Citólise direta induzida pelo HIV 
• Citólise induzida por CT citotóxicas 
• Ativação crônica das células infectadas, 
levando à rápida diferenciação terminal 
Característica Função 
Infecção de 
linfócitos e 
macrófagos 
Inativação de 
elementos-chave 
da defesa imune 
Inativação de CD4 
auxiliares 
Perda da célula 
ativadora e 
controladora do 
sistema imune 
Variação antigênica 
da gp120 
Evasão da 
detecção por 
anticorpos 
A própria resposta imune do organismo 
também contribui para a patogênese. 
Anticorpos são gerados contra gp120, mas 
não conseguem neutralizar o vírus. Esse, por 
sua vez, é capturado por macrófagos, onde 
pode realizar replicação.. 
As células TCD8, que poderiam produzir 
quimiocinas para bloquear a ligação do vírus 
com seu correceptor, não podem atuar pois 
precisam ser ativadas por células CD4. 
Transmissão 
• Vertical: mãe x filho 
→ Infecção intrauterina 
↳ A placenta é uma barreira efetiva 
contra a transmissão do HIV na gestação. 
↳ No entanto, sua integridade vascular 
diminui com o tempo, sendo que no 3º 
semestre ocorrem rupturas na barreira 
placentária, levando a microtransfusões da 
mãe para o feto. 
↳ Além disso, o vírus pode infectar os 
trofoblastos até atingir a circulação fetal 
↳ Pode ser evitada pelo uso de ARV 
→ Infecção intraparto 
↳ Principal forma deTV, 65% das 
infecções. 
↳ Exposição da mucosa do RN ao 
sangue materno e a outras secreções 
infectadas durante a passagem pelo canal de 
parto 
↳ O risco é reduzido com a realização 
de cesarianas antes do inicio do trabalho de 
parto, pois impede a exposição ao sangue 
materno que pode ocorrer durante as 
contrações dele. 
→ Infecção pós parto: amamentação 
↳ Os primeiros dias de vida do neonato 
são os mais suscetíveis à infecção, devido à 
ausência do suco gástrico para inativar o vírus. 
↳ A ingestão de macrófagos infectados 
pelo HIV presentes no colostro materno

Continue navegando