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contratos de franquia

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CENTRO UNIVESITÁRIO CENTRAL PAULISTA - UNICEP 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
LÍGIA APARECIDA DE ALMEIDA 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRATO DE FRANQUIA 
CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO CARLOS–SP 
2019 
LÍGIA APARECIDA DE ALMEIDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRATO DE FRANQUIA 
CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Direito do Cento Universitário Central 
Paulista – UNICEP, como requisito parcial 
para obtenção do grau de bacharel em 
Direito. 
 
Área de concentração: Direito Empresarial 
 
Orientador: Prof. Me. José Araldo da 
Costa Telles 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO CARLOS–SP 
2019 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
 
 
LÍGIA APARECIDA DE ALMEIDA 
 
 
 
 
 
CONTRATO DE FRANQUIA 
CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Direito do Centro Universitário Central Paulista 
–UNICEP, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito. 
 
Área de concentração: Direito Empresarial 
Orientador: Professor Mestre José Araldo da Costa Telles 
 
 
Data de aprovação: ___ / ___ / ______. 
 
 
 
 
Banca Examinadora: 
Prof.: ____________________________ 
Julgamento:_______________________ 
 
Prof.: ____________________________ 
Julgamento:_______________________ 
 
Prof.: ____________________________ 
Julgamento:_______________________ 
 
 
 
 
Instituição:________________________ 
Assinatura:_______________________
_ 
 
Instituição: 
________________________ 
Assinatura:_______________________
_ 
 
Instituição: 
________________________ 
Assinatura:_______________________
_ 
6 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus filhos Luísa e Gustavo, razão 
da minha vida. 
 
7 
 
 
 
8 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Ao meu orientador, professor José Araldo da Costa Telles, pela orientação 
cuidadosa. 
Aos professores Cláudia Pozzi e Rafael Deval pela leitura e contribuições 
para este texto. 
Aos colegas de curso Anna, Karen, Evandro, Gisele, Leonardo, Rafael e 
Tamires pela amizade e companheirismo. 
Aos funcionários da Unicep, em especial a Paulinho, pela simpatia e 
competência. 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não, o tempo não chegou de completa justiça. 
 (Andrade, 1978, p. 14). 
 
 
 
RESUMO 
 
O objetivo central do presente estudo é analisar o impacto da cláusula de não 
concorrência, presente em contrato de franquia, para ex-franqueados. No bojo dessa 
discussão será também considerada a questão de ex-franqueados que exercem 
atividade uniprofissional, os quais podem ser ver em dificuldades para retomar à sua 
atividade laborativa em função da vedação imposta pela cláusula de não 
concorrência. Para a análise proposta, será examinada especialmente a Lei n° 
8.955/94, que dispõe sobre as franquias empresariais. Metodologicamente, o exame 
dessa lei far-se-á através da triangulação com o texto constitucional e outras leis, a 
fim de melhor compreendê-la no conjunto do ordenamento jurídico brasileiro. Além 
disso, para a análise da lei das franquias e da cláusula de não concorrência serão 
considerados textos doutrinários e jurisprudência. Espera-se que as discussões 
levantadas nesse trabalho sirvam a uma melhor reflexão acerca do tema, mas do 
que apontando soluções, levando a novas indagações acerca dos conflitos jurídicos 
decorrentes da previsão de cláusulas de não concorrência em contratos de franquia. 
 
Palavras-chaves: ​Contrato de Franquia; Cláusula de não concorrência; Atividade 
uniprofissional. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The main objective of this study is to analyze the impact of the non-compete clause, 
present the franchise agreement, to former franchisees. No discussion of this part will 
also be considered as a matter of ex-franchisee who will exercise non-professional 
activity, which are the issues that may be found in difficulty to resume their work due 
to the prohibition imposed by the non-execution clause. For a proposed analysis, Law 
No. 8,955 / 94, which will include on chemical franchises, will be examined in 
particular. Methodologically, the examination of this law is now part of the 
triangulation with constitutional text and other laws, an end to a better understanding 
of the Brazilian legal system. In addition, for an analysis of franchise law and the 
non-compete clause, doctrinal texts and case law will be considered. It is hoped that 
the discussions raised in this paper will have a better reflection on the subject, but 
that solutions, leading to new questions about legal conflicts, the estimates of 
non-compete clauses in franchise agreements. 
 
Keywords: ​Franchise agreement; Non-competition clause; Exercise uniprofessional. 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO 10 
2 CONTRATOS DE FRANQUIA 11 
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONTRATO DE FRANQUIAS 12 
2.2 EVOLUÇÃO LEGISLATIVA BRASILEIRA 13 
3 CONTRATOS DE FRANQUIA UNIPROFISISIONAL 23 
3.1 A CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA NOS CONTRATOS DE FRANQUIA 
TRADICIONAL E UNIPROFISSIONAL 24 
4 ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIA: DECISÕES ACERCA DO CONTRATO DE 
FRANQUIA 28 
4.1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO – TJ/SP 28 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 37 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38 
ANEXO 40 
LEI N​o​ 8.955, DE 15 DE DEZEMBRO DE 199440 
 
 
 
 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Para o desenvolvimento da presente monografia buscou-se um assunto que 
fosse atual e pertinente para o campo do Direito. Dentre vários temas, elegeu-se um 
vinculado ao Direito Empresarial, propondo-se debater os impactos da cláusula de 
não concorrência nos contratos de franquia. 
As questões a que se propôs discutir nessa pesquisa se afiguram relevantes 
porque abordam pontos de interesse no que concerne aos contratos de franquia; 
contratos esses em amplo desenvolvimento no capitalismo brasileiro atual. Nesse 
cenário, há questões a serem analisadas nesta monografia, que afetam diretamente 
certos grupos da sociedade brasileira, especialmente quanto aos impactos dessa 
cláusula de não concorrência na vida dos ex-franqueados. 
Conforme se exporá, trata-se de um cenário prenhe de conflitos, pois de um 
lado, por exemplo, pode-se encontrar um ex-franqueado a sofrer grandes danos 
financeiros decorrentes da imposição de cláusula de não concorrência, caso não 
consiga se reintegrar ao mercado, e de outro o franqueador, o qual pode restar 
vulnerável juridicamente, pois sem a previsão da cláusula de não concorrência seu 
modelo de negócio pode se mostrar inviável, já que ex-franqueados podem se valer 
do conhecimento fornecido pela franquia para implementarem negócios próprios. 
Desse modo, propõe-se nesta monografia abordar essa questão atual e 
complexa, na medida em que a cláusula de não concorrência pode implicar em 
problemas para os grupos diretamente afetados. Buscando-se auxiliar nessa 
discussão, propõe-se observar quais impactos desse tipo de cláusula, analisando-se 
sua aplicação e problemas. 
 
 
15 
 
2 CONTRATOS DE FRANQUIA 
 
A problemática da cláusula de não concorrência presente em contratos de 
franquia é questão atual e importante para o Direito Empresarial. Por isso a 
importância de se analisar a natureza jurídicado contrato de franquia e 
problematizar como a supracitada cláusula repercute no âmbito jurídico e na vida 
dos grupos afetados. 
Conforme o artigo 2° da Lei n° 8.955/94, a franquia empresarial se caracteriza 
como: 
[..] o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso 
de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou 
semiexclusiva de produtos ou serviços. Eventualmente, também pode 
compreender o direito de uso de tecnologia de implantação e administração 
de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo 
franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, 
fique caracterizado vínculo empregatício. 
 
Para Nelson Abrão (1986, p. 567), o contrato de franquias seria: 
 
Um contrato pelo qual um titular de uma marca de indústria, comércio ou 
serviço (franqueador), concede seu uso a outro empresário (franqueado), 
posicionando no nível de distribuição, prestando-lhe assistência no que 
concerne aos meios e métodos para viabilizar a exploração dessa 
concessão, mediante pagamento de uma entrada e um percentual sobre o 
volume dos negócios realizados pelo franqueado. 
 
Já para Orlando Gomes (1986, p. 528), o contrato de franquia é “uma 
operação pela qual um empresário concede a outro o direito de usar a marca de um 
produto seu com assistência técnica de sua comercialização, recebendo, em troca, 
determinada remuneração”. 
Além disso, para Sílvio Aparecido Crepaldi (2009, p. 326): 
 
O contrato de franchising se diferencia do contrato de concessão mercantil 
por ser uma modalidade de contrato mais abrangente, tendo como 
característica principal uma licença que autoriza a utilização da marca e a 
prestação de serviços de organização como método de comercialização de 
produtos, processos e serviços. 
 
Por fim, para Waldirio Bulgarelli (1995, p. 520), o contrato de franquia se 
caracteriza como: 
 
Operação pela qual um comerciante titular de uma marca comum, cede seu 
16 
 
uso, num setor geográfico definido, a outro comerciante. O beneficiário da 
operação assume integralmente o financiamento de sua atividade e 
remunera o seu co-contratante com uma porcentagem calculada no volume 
dos negócios. Repousa sobre a cláusula da exclusividade, garantindo ao 
beneficiário, em relação aos concorrentes, o monopólio da atividade. 
 
Com base no exposto, o contrato de franquia se configura como um acordo 
bilateral, consensual, oneroso e comutativo entre franqueador e franqueado, no qual 
se concede ao franqueado, mediante remuneração, o uso do direito de 
comercialização de certa marca ou patente, a distribuição de produtos e serviços. 
Desse modo, ambas as partes se encontram vinculadas, possuindo, assim, uma 
obrigação comutativa, pois as partes assumem direitos e obrigações recíprocas. 
Desta feita, pode-se definir a franquia como um modelo contratual em que o 
franqueado, ao aderir esse tipo de acordo, poderá se deparar com algumas 
condições como, por exemplo, a cláusula de não concorrência. Nos contratos em 
que essa cláusula se faz presente, percebe-se que ela é uma maneira de proteção 
ao franqueador de que, caso o franqueado venha desistir do contrato antes do 
tempo, este não venha usufruir dos benefícios e ensinamentos que a franquia 
disponibiliza. 
 
 
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONTRATO DE FRANQUIAS 
 
De acordo Marcelo Cherto (1988, p. 10-11), o sistema de franquias, 
franchising ​em língua inglesa, aparece em meados do século XIX nos Estados 
Unidos, com alguns industriais da região Norte, pois esses tinham o interesse de 
expandir seus negócios para o Sul e o Oeste do país. Sendo assim, buscavam com 
os comerciantes dessas regiões celebrarem acordos de distribuição de seus 
produtos, dando origem aos primeiros moldes do que viria a ser o sistema de 
franquias. 
Contudo, somente no ano de 1862 surgiu a primeira empresa que adotara o 
sistema de franquias, sendo está a fabricante de máquinas de costura I. M. Singer & 
Co, que na época já cedia o direito do uso de sua marca e de comercialização de 
seus produtos a comerciantes. Com o passar do tempo, outras empresas 
17 
 
importantes como a General Motors também começaram a aderir ao sistema de 
franquias, que foi se expandindo e conquistando cada vez mais o mercado mundial, 
por seu potencial comercial. 
De todo modo, é após a 2ª Guerra Mundial que o sistema de franquias 
apresentará um grande crescimento nos Estados Unidos, pois vários negócios 
comerciais foram abertos por soldados que voltaram da guerra. Como não tinham 
emprego ou experiência esses soldados acabaram por ver nas franquias a 
oportunidade de abrir um negócio e ganhar dinheiro. Como, então, muitos 
começaram a explorar esse tipo de ramo empresarial, houve um grande incremento 
nos sistemas de franquias. 
A partir de então, com o tempo, o sistema de franquias se expandiu para 
diversos países da Europa e da Ásia, alcançando, posteriormente, dimensão 
mundial. 
 
 
2.2 EVOLUÇÃO LEGISLATIVA BRASILEIRA 
 
No Brasil, observa-se que foi a partir de 1910 que o ramo de franquias 
começou a ganhar espaço. A primeira empresa a empregar esse sistema contratual 
foi a Calçados Stella, que passou a ceder sua marca e a comercialização de seus 
produtos a outros comerciantes. Com o passar do tempo, outras empresas nacionais 
também passaram a adotar esse tipo de negócio, como, por exemplo, a escola de 
inglês CCAA. 
 Percebe-se que com a evolução do sistema de franchising esse modelo de 
negócio foi se propagando pelo território brasileiro, culminando com a fundação da 
Associação Brasileira de Franchising no final dos anos 80 e com a criação da Lei da 
Franquia (Lei n. 8.955) em 1994. 
Vale salientar, porém, que mesmo antes de instituída essa lei, essa atividade 
empresarial já era amparada tanto pela Constituição Federal quanto pelos Códigos 
Civis de 1916 e de 2002, pois, ainda que não versassem especificamente sobre o 
sistema de franquia, tanto o texto constitucional quanto os diplomas civilistas 
serviam e servem à normatização genérica das atividades empresariais. 
18 
 
A propósito, observe-se o artigo 170°, e seu parágrafo único, da Constituição 
Federal de 1988, em que se lê: 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e 
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme 
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente; 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional 
de pequeno porte. 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer 
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos 
públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
 
De acordo com o artigo em comento, pode-se averiguar que o princípio 
constitucional da livre concorrência está ligado com o preceito da livre iniciativa,tendo por finalidade garantir que as pessoas possam exercer, livremente, qualquer 
atividade econômica e se utilizar de todas as formas lícitas, possíveis, para 
desenvolver essa atividade, sem que haja limitações quanto ao exercício de 
quaisquer atividades, a exceção das vedadas ou que dependam de autorização 
legal. 
Como se observa, a Carta Magna tem como objetivo assegurar a livre 
iniciativa e a valorização do trabalho humano, de modo a propiciar a todos os 
indivíduos oportunidade de vida digna. 
Corroborando esse entendimento, têm-se as palavras de José Afonso da 
Silva (1998, p.876): 
 
A livre concorrência está configurada no art. 170, IV, como um dos 
princípios da ordem econômica. Ele é uma manifestação da liberdade de 
iniciativa e, para garanti-la, a Constituição estatui que a lei reprimirá o abuso 
de poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da 
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. Os dois dispositivos se 
complementam no mesmo objetivo. Visam tutelar o sistema de mercado e, 
especialmente, proteger a livre concorrência contra a tendência 
açambarcadora da concentração capitalista 
 
 
Desse modo, ao mesmo tempo em que se permite e até mesmo se incentiva 
19 
 
o livre exercício de atividades econômicas, há uma preocupação acerca do exercício 
arbitrário destas, o que poderia levar a uma prejudicial concentração de capital a 
impedir a sobrevivência de empresários menos abastados e possivelmente 
levando-se a um quadro econômico menos interessante do ponto de vista da oferta 
de produtos bem como de remuneração dos empregados do setor. 
Ainda no que se refere à dialética entre a não intervenção do Estado na 
economia e a possibilidade de regulação e regulamentação estatal no campo 
econômico interessante a observação de Joao Bosco Leopoldino da Fonseca (2007, 
p.137) ao assinalar que “a Constituição Federal de 1988 determina que a exploração 
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida em caso de exceções”. 
Isto é, sublinha o autor que o Estado somente deve interver nas questões 
empresarias quando for imprescindível, sendo que o exercício mesmo de atividades 
econômicas pelo próprio Estado é caso excepcional. 
No exame da legislação referente à atividade econômica, importante 
considerar os artigos 113 e 187 do Código Civil de 2002, que asseveram sobre a 
preservação do princípio da boa-fé e da função social do contrato, de certo modo a 
limitar avenças que, conquanto se deem no campo privado, possam ser 
desabonadas por manifesta contrariedade a princípios legais e constitucionais que 
fundamentam o ordenamento jurídico pátrio. Veja-se: 
 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e 
os usos do lugar de sua celebração. 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou 
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
 
 
A partir desses dispositivos legais, como se verá mais à frente neste trabalho, 
é possível salvaguardar os direitos do franqueador caso o negócio venha ser 
prejudicado por culpa do franqueado, como, por exemplo, em caso de concorrência 
desleal. Por outro lado, também o franqueado pode buscar respaldo nessas 
previsões legais, caso o franqueador não execute de maneira proba o avençado em 
contrato ou aquilo que, ainda que não expresso contratualmente, decorra de 
princípios que transpassam qualquer negócio, como o princípio da boa-fé. 
20 
 
Interessa também considerar o artigo 421 do Código Civil, cuja redação atual 
é: “ ​A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social 
do contrato”. Esse dispositivo gerava celeuma entre os doutrinadores da área 
(COLOMBI, 2019, n.p), na medida em que, atendendo à visão solidária da 
Constituição brasileira, impunha a observância da função social a pautar as 
atividades empresariais, em geral, eminentemente voltadas a lucro em detrimento da 
equidade social. 
Justamente isso explica a inclusão de parágrafo único a este artigo pela Lei nº 
13.874, de 20 de setembro de 2019, assim dispondo: “Parágrafo único. Nas relações 
contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a 
excepcionalidade da revisão contratual”. 
Esse parágrafo, como dito, resulta da ​Lei nº 13.874, a qual, por sua vez, 
provém da Medida Provisória 881/2019, alcunhada como “MP da liberdade 
econômica” (COLOMBI, 2019, n.p). Sobreleva notar que a previsão do parágrafo 
único, no intuito de assegurar a livre iniciativa e a intervenção estatal mínima, nada 
mais faz do que expressar algo já prevista pela Constituição Federal: a liberdade dos 
contratos privados e a intervenção estatal nestes apenas em casos excepcionais. 
De todo modo, essa tentativa de explicitar a, já prevista constitucionalmente, 
liberdade econômica, mostra como o ramo do Direito Empresarial é palco de 
discussões entre aqueles que pretendem dar a esse campo do direito um viés mais 
privatista, enquanto outros entendem a atuação econômica como sujeita a preceitos 
de ordem pública, a despeito da liberdade privada. 
Prosseguindo com a discussão sobre a evolução legislativa brasileira, é 
importante destacar a criação da Associação Brasileira de Franchising (ABF), 
fundada em 1987, tendo como principal tarefa fazer com que o sistema de franquias 
fosse difundido em todo território nacional, contribuindo diretamente para sua 
disseminação. Essa associação foi fundamental para dar visibilidade a necessidade 
de uma regulamentação legal do setor. 
No bojo dessa crescente importância é que a Lei n. 8.955 foi instituída, a partir 
dos Projetos de Lei nº 1.526 de 1989 e nº 318 de 1991. 
O projeto de Lei nº 1.526 de 1989 visava proteger a relação negocial entre 
franqueado e franqueador, por isso previu a adoção de cláusulas contratuais para 
21 
 
evitar ações nocivas tanto para o franqueado quanto para o franqueador. 
Já o projeto de Lei nº 318 de 1991 tinha por finalidade regular os contratos de 
franquia, visto que havia uma carência legal para acautelar de modo específico a 
matéria. Desse modo, verifica-se que a Lei de Franchising teve influência desses 
dois projetos de Lei; principalmente do projeto de Lei nº 318 de 1991, pois manteve 
boa parte da redação de seu texto de lei. 
Para entender melhor como funciona a Lei de Franquia, é necessário analisar, 
mesmo que, brevemente, seus dispositivos. Passa-se, então, ao exame de alguns 
dos artigos da referida lei. 
O artigo 1° aduz que “ os contratos de franquia empresarial são disciplinados 
por esta lei”, deixando claro o escopo da lei, qual seja: que o modelo contratual da 
franquia será regulado por este diplomo legal. 
Já o artigo 2° aponta o que viria ser uma franquia empresarial, esclarecendo e 
delimitando: 
 
Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao 
franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de 
distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, 
eventualmente, também ao direito de usode tecnologia de implantação e 
administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos 
pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no 
entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. 
 
Nesse sentido, explanando e complementando, Fran Martins (1996, p. 486) 
define franquia empresarial como “contrato que liga uma pessoa a uma empresa 
para que esta, mediante condições especiais, conceda à primeira o direito de 
comercializar marcas os produtos de sua propriedade sem que, contudo, a essas 
estejam ligadas por vínculo de subordinação”. 
Como se nota, há um esforço do texto legal para amparar uma atividade 
econômica, deixando-se bem claro que o vínculo a ligar franqueador e franqueado 
não é um vínculo de emprego. 
Já o artigo 3° traz um rol exemplificativo, por meio do qual se indicam direitos 
e deveres do franqueado, bem como pressupostos documentais, fiscais e outros de 
interesse àquele que pretenda ser um franqueado. O dispositivo, assim, serve de 
norte a explicar como funciona a tramitação dos documentos e procedimentos 
22 
 
necessários para a constituição do contrato de franquia. Note-se: 
 
Art. 3º Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema 
de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se 
franqueado uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem 
clara e acessível, contendo obrigatoriamente as seguintes informações: 
I - histórico resumido, forma societária e nome completo ou razão social do 
franqueador e de todas as empresas a que esteja diretamente ligado, bem 
como os respectivos nomes de fantasia e endereços; 
II - balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora 
relativos aos dois últimos exercícios; 
III - indicação precisa de todas as pendências judiciais em que estejam 
envolvidos o franqueador, as empresas controladoras e titulares de marcas, 
patentes e direitos autorais relativos à operação, e seus subfranqueadores, 
questionando especificamente o sistema da franquia ou que possam 
diretamente vir a impossibilitar o funcionamento da franquia; 
IV - descrição detalhada da franquia, descrição geral do negócio e das 
atividades que serão desempenhadas pelo franqueado; 
V - perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência anterior, nível 
de escolaridade e outras características que deve ter, obrigatória ou 
preferencialmente; 
VI - requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e 
na administração do negócio; 
VII - especificações quanto ao: 
a) total estimado do investimento inicial necessário à aquisição, implantação 
e entrada em operação da franquia; 
b) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia e de caução; e 
c) valor estimado das instalações, equipamentos e do estoque inicial e suas 
condições de pagamento; 
VIII - informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem 
pagos pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados, 
detalhando as respectivas bases de cálculo e o que as mesmas remuneram 
ou o fim a que se destinam, indicando, especificamente, o seguinte: 
a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca ou em troca dos 
serviços efetivamente prestados pelo franqueador ao franqueado (royalties); 
b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial; 
c) taxa de publicidade ou semelhante; 
d) seguro mínimo; e 
e) outros valores devidos ao franqueador ou a terceiros que a ele sejam 
ligados; 
IX - relação completa de todos os franqueados, subfranqueados e 
subfranqueadores da rede, bem como dos que se desligaram nos últimos 
doze meses, com nome, endereço e telefone; 
X - em relação ao território, deve ser especificado o seguinte: 
a) se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferência sobre 
determinado território de atuação e, caso positivo, em que condições o faz; 
e 
b) possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de 
seu território ou realizar exportações; 
XI - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de 
adquirir quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à implantação, 
operação ou administração de sua franquia, apenas de fornecedores 
indicados e aprovados pelo franqueador, oferecendo ao franqueado relação 
completa desses fornecedores; 
XII - indicação do que é efetivamente oferecido ao franqueado pelo 
franqueador, no que se refere a: 
a) supervisão de rede; 
23 
 
b) serviços de orientação e outros prestados ao franqueado; 
c) treinamento do franqueado, especificando duração, conteúdo e custos; 
d) treinamento dos funcionários do franqueado; 
e) manuais de franquia; 
f) auxílio na análise e escolha do ponto onde será instalada a franquia; e 
g) layout e padrões arquitetônicos nas instalações do franqueado; 
XIII - situação perante o Instituto Nacional de Propriedade Industrial - (INPI) 
das marcas ou patentes cujo uso estará sendo autorizado pelo franqueador; 
XIV - situação do franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em 
relação a: 
a) knowhow ou segredo de indústria a que venha a ter acesso em função da 
franquia; e 
b) implantação de atividade concorrente da atividade do franqueador; 
XV - modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do 
pré-contrato-padrão de franquia adotado pelo franqueador, com texto 
completo, inclusive dos respectivos anexos e prazo de validade. 
 
Como se verifica, para Nelson Abraão (1995, p.29), esse dispositivo “visa dar 
maior transparência aos contratos de franquia empresarial”. O artigo traz a previsão 
da Circular de Oferta de Franquia (COF), um documento importante que, de maneira 
transparente, deve mostrar toda a organização do negócio. 
Desse modo, a COF se torna um instrumento primordial para dar validade ao 
contrato, uma vez que garante ao franqueado a possibilidade de anulação do 
negócio quando este não está em conformidade com o prescrito na COF. Assim, se 
a COF contiver informações inverídicas, o franqueado poderá demandar a justiça a 
fim de que se cumpra o contratado, ou, em certos casos, que se anule ou rescinda o 
contrato. 
O artigo 4°, por sua vez, faz referência ao prazo de entrega da Circular de 
Oferta de Franquia, prescrevendo que: 
 
Art. 4º A circular oferta de franquia deverá ser entregue ao candidato a 
franqueado no mínimo 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou 
pré-contrato de franquia ou ainda do pagamento de qualquer tipo de taxa 
pelo franqueado ao franqueador ou a empresa ou pessoa ligada a este. 
Parágrafo único. Na hipótese do não cumprimento do disposto no caput 
deste artigo, o franqueado poderá arguir a anulabilidade do contrato e exigir 
devolução de todas as quantias que já houver pago ao franqueador ou a 
terceiros por ele indicados, a título de taxa de filiação e royalties, 
devidamente corrigidas, pela variação da remuneração básica dos depósitos 
de poupança mais perdas e danos. 
 
Destarte, o dispositivo em questão demostra a importância da entrega desse 
documento no prazo legal estipulado, pois, se houver o descumprimento desse 
quesito, isso poderá gerar a anulabilidade do contrato. 
24 
 
Para corroborar esse entendimento, mencione-se o artigo 104 do Código Civil 
de 2002, que traz a seguinte disposição: 
 
Art. 104. A validadedo negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
Nesse diapasão, pode-se aferir que esses dois dispositivos normativos 
possuem, de certo modo, a mesma essência, pois, por exemplo, se algumas dessas 
condições de validade faltarem o negócio jurídico poderá ser anulado. Claramente, 
isso também valerá, caso algumas das formalidades exigidas pela Circular de Oferta 
de Franquia deixar de ser cumprida. 
Contudo, esse preceito não é absoluto, pois cada caso precisará ser 
analisado, pois, atualmente, a jurisprudência vem entendendo que a não entrega da 
COF no prazo legal, por si só, não gerará a anulação do contrato, devendo-se levar 
em conta outros fatores. 
Signatário desse posicionamento, Adalberto Simão Filho (1998, p.113) 
acredita que esta regra de anulabilidade do contrato é genérica e condicional, 
cabendo ao Poder Judiciário analisar o caso concreto no que tange ao seu alcance. 
Ilustra esse posicionamento, a seguinte jurisprudência: 
 
CONTRATO DE FRANQUIA - Ausência de apresentação da circular de 
oferta que trata o art. 3º da Lei nº 8.955/94 - Alegação que deveria ter sido 
apresentada antes do início das atividades - Fato, aliás, que não foi 
obstáculo ao implemento do negócio - Insucesso do negócio dos autores 
que não pode ser atribuído à alegada omissão da entrega da circular - Não 
demonstração, ademais, de descumprimento contratual pela franqueadora - 
Recurso improvido. (TJSP - 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, 
Apelação Cível 0037482- 94.2008.8.26.0068, Rel. Desª Lígia Araújo Bisogni, 
j. 09/12/2013) 
 
Por sua vez, o artigo 6° apresenta os seguintes aspectos formais do contrato 
de franquia “[...] deve ser sempre escrito e assinado na presença de 2 (duas) 
testemunhas e terá validade independentemente de ser levado a registro perante 
cartório ou órgão público”. Contudo, para Adalberto Simão Filho (1998, p.114), 
embora a lei disponha ser necessária a presença de duas testemunhas para tornar 
válido o ato, entende o autor que esse não é requisito é essencial, uma vez que 
25 
 
seria, somente, uma formalidade para obstar o registro do contrato em órgãos 
próprios como o INPI. 
O artigo 7° dispõe sobre as penalidades que devem ser aplicadas ao 
franqueador quando propagar fatos falsos na COF. A esse respeito, Adalberto Simão 
Filho (1988, p.97) sublinha: “ As informações veiculadas, se falsas, gerarão também 
a possibilidade de anulação do contrato, com devolução dos valores pagos, perdas e 
danos e, ainda, eventualmente, sanções de natureza penal”. Isto é, fatos inverídicos 
podem anular o contrato e a parte prejudicada pode pleitear indenização. Além disto, 
o responsável pode responder criminalmente se configurado crime. 
Já o artigo 8° aponta que a Lei de Franquia é aplicada em todo território 
nacional, inclusive em relação aos sistemas já instalados. 
Na sequência, o artigo 9° menciona que o termo franqueador pode ser 
utilizado para designar o subfranqueador. Desse modo, as disposições contidas na 
norma para o franqueador também serão aplicadas ao subfranqueador. 
Por fim, o artigo 10 aponta a data em que a lei entra em vigor após ser 
publicada e o artigo 11 revoga as disposições em contrário, fechando o diploma 
legal. 
Como se observa a Lei n.8.955 de 1994 é uma norma concisa, contendo 
apenas 11 artigos. Isso implica no fato de que, muitas vezes, sua normatização 
precisa ser complementada por outros leis e normas, bem como leva à necessidade 
de se conjurarem a ele outros institutos jurídicos a fim de que tenha real eficácia. 
Ainda assim, a Lei da franquia não deixa de ser essencial, pois foca em pontos 
relevantes e discorre sobre elementos indispensáveis para o estabelecimento da 
relação negocial entre franqueado e franqueador. 
Note-se que o sistema de franquias vem apresentando um amplo 
desenvolvimento no âmbito do capitalismo brasileiro atual, dinamizando a economia 
nacional e expandindo seu sistema de redes. Neste cenário, percebe-se, também, 
que o modelo das microfranquias está ganhando, cada vez mais, espaço no 
mercado interno, pois é considerado um bom investimento por ser de baixo custo. 
Nessa disposição, Marra (2019) menciona que: 
 
Para atrair franqueados com menos recursos e chegar a novos mercados, 
grandes marcas aumentaram o investimento em microfranquias, unidades 
26 
 
em estabelecimentos pequenos, quiosques, ou dentro de uma loja, no 
formato “store in store”. 
 
Conforme evidencia o autor, grandes marcas, como a Natura ou o Boticário, 
estão lançando-se nesse tipo de empreendimento, já que o valor para o investimento 
é relativamente baixo e retorno do capital investido é mais rápido. Sendo assim, 
esse modelo acaba atraindo bastante interessados. 
Acrescente-se a isso, dados da pesquisa da Associação Brasileira de 
Franchising, segundo a qual: 
 
O desempenho do setor diante do cenário de incertezas econômica e 
política do país se deve ao empenho das redes em diversificar formatos e 
produtos para atrair novos investidores. A principal aposta do mercado tem 
sido as microfranquias, modelos de negócios compactos que exigem 
espaço pequeno e que demandam investimento de até R$ 90 mil e são 
voltadas para quem quer começar a empreender. 
 
Entretanto, as microfranquias possuem algumas peculiaridades que devem 
ser detalhadas. Entre essas especificações, verifica-se que o investimento é menor 
comparado ao modelo tradicional de franquia; todavia, o trabalho pode ser 
considerado maior, visto que o número de funcionários é reduzindo, acarretando 
assim, para o empreendedor, muitas vezes, maior esforço laboral próprio. 
Diante disso, provavelmente o franqueado terá que trabalhar mais e 
despenderá, ainda, mais tempo no trabalho que o franqueado do modelo de franquia 
tradicional. Mas, apesar disso, esse tipo de empreendimento é muito interessante 
para o mercado e, como anteriormente mencionado, está se desenvolvendo com 
muita rapidez pelo país. 
Para encerrar essa visada acerca do desenvolvimento do sistema de 
franquias na economia brasileira, tem-se a palavra de José Luiz Cunha Júnior 
(2014), que afirma: 
 
Não obstante essas dificuldades no mercado financeiro, mesmo estando o 
país com baixo índice crescimento, e a alta inflação, a cada ano há um 
crescimento na faixa de 10% no setor. Fica muito evidente que, as franquias 
é [sic] um bom investimento para quem não quer ter dor de cabeça de iniciar 
um novo negócio, já que esse tipo de empresa tem agradado o gosto dos 
brasileiros​. 
 
27 
 
Sob esse prisma, pode-se aferir que, mesmo em um cenário de economia 
estagnada, como o atual do Brasil, o crescimento desse seguimento empresarial 
está em alta, já que é considerado um ótimo negócio para se investir e tem 
influenciado, positivamente, na geração de empregos. 
 
 
28 
 
3 CONTRATOS DE FRANQUIA UNIPROFISISIONAL 
 
Questão de relevo no âmbito dos contratos de franquia diz respeito aos 
franqueados que exercem atividade uniprofissional, ou seja, os profissionais liberais 
que exercem uma atividadefim, como os médicos ou os dentistas, e aderem a um 
sistema de franquias do mesmo ramo profissional. Nesse caso, os profissionais, de 
algum modo, colocam sua capacidade laborativa a serviço da franquia, ganhando 
por sua vez com o respaldo técnico que a franqueadora pode fornecer bem como 
pela notoriedade que essas empresas costumam ter, auxiliando na captação de 
público pelo profissional. 
Um problema que se impõe, todavia, é que, geralmente, os contratos de 
franquia impõem cláusulas de não concorrência, o que poderia inviabilizar a 
continuidade da atividade laborativa do profissional que deixasse a franquia e, por 
esta cláusula, se visse impedido de atuar ou com ressalvas a sua atuação. 
Entende-se, porém, que, em regra, esses profissionais não perderão o direito 
de exercer sua profissão, após findo o contrato de franquia. Isto é, se o franqueado 
que já exercia o mesmo tipo de atividade empresarial antes de aderir a franquia, 
poderá, após o término do contrato, dar continuidade a sua atividade profissional. 
Como se verá, assim tem entendido a jurisprudência majoritária. 
Para esclarecer a questão, inicie-se retomando o artigo 5°, XIII, da 
Constituição Federal da República Brasileira de 1988, no qual se prevê que “é livre o 
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer”. Já por esse dispositivo constitucional pode-se 
começar a delinear o posicionamento de que o franqueado uniprofissional não 
poderá ser privado de exercer sua atividade profissional, ainda mais se seu ofício é 
sua única forma de subsistência. Sendo assim, torna-se inadmissível que o 
franqueado dessa categoria sofra qualquer tipo de prejuízo em decorrência de 
cláusula não concorrência prevista no contrato de franquia. 
Por isso, essa cláusula deve ser analisada e aplicada de maneira moderada a 
cada caso concreto, pois se, em geral, ela se demonstra válida e legal para dar 
segurança jurídica a relação negocial, já que tem como objetivo principal assegurar 
que não haja concorrência desleal após o término do contrato, essa segurando 
29 
 
jurídica não pode impedir que alguém exerça a atividade que lhe garante a 
subsistência. Sob esse entendimento, tem-se o posicionamento de Fiedra (2007, p. 
99): 
 
Ao incidir a obrigação de não-concorrência sobre o caso concreto, deve 
sempre ser observado o princípio da proporcionalidade a fim de que as 
restrições aos princípios da livre-iniciativa e da livre concorrência sejam na 
medida exata da proteção ao estabelecimento transferido. A obrigação de 
não concorrer restringe a liberdade do transmitente do estabelecimento de 
se associar livremente para exercer uma atividade profissional, de exercer 
livremente qualquer atividade e de concorrer, também, livremente. Então, ao 
incidir a regra da não-concorrência em um caso concreto, a proibição deve 
ser na medida suficiente para impedir a disputa pela mesma clientela já 
conquistada pelo transmitente, eliminando-se, portanto, qualquer excesso. 
É necessário colocar na balança os princípios que estão em colisão com os 
direitos: de um lado, a restrição à livre concorrência e à livre iniciativa; e de 
outro, a obrigação de garantia do vendedor (regra da não-concorrência). 
Para manter o equilíbrio dos dois lados da balança, deve-se aplicar o 
princípio da proporcionalidade, oferecendo ao caso concreto, a solução 
ajustadora. 
 
Portanto, a aplicabilidade da cláusula de não concorrência conforme aponta o 
autor, deve ser guiada pelo princípio da proporcionalidade, pois a restrição da 
liberdade de exercer a mesma atividade profissional do ramo da franquia após o 
término do contrato, deve ser analisada de acordo com cada situação apresentada, 
senão poderá ser considerada abusiva. Desse modo, o que se espera é que não 
haja excessos quanto sua incidência, dado que sua finalidade é dar estabilidade 
jurídica à relação negocial e impedir que haja concorrência desleal, a qual pode 
ocasionar graves problemas financeiros ao franqueador. De outro lado, em 
determinados casos, a vedação a não concorrência, se tomada em sentido radical, 
pode levar ex-franqueados uniprofissionais a uma difícil situação de recolocação no 
mercado de trabalho. 
 
 
3.1 A CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA NOS CONTRATOS DE FRANQUIA 
TRADICIONAL E UNIPROFISSIONAL 
 
30 
 
A cláusula de não concorrência é um instituto amparado pelo ordenamento 
jurídico brasileiro e visa resguardar o princípio da boa-fé presente nos contratos, 
para que, assim, haja uma livre concorrência justa. 
Essa cláusula não é considerada uma prerrogativa nova, pois já aparece no 
nosso ordenamento jurídico desde o Código Civil de 2002. Observa-se, então, que 
essa cláusula vem sendo utilizada, constantemente, como parâmetro pela 
jurisprudência para solucionar possíveis conflitos relacionados ao tema. 
Nota-se que essa cláusula é de extrema relevância para o sistema de 
franquias, uma vez que se apresenta como uma forma de proteção ao franqueador 
que pode restar vulnerável juridicamente, pois sem a previsão dessa cláusula seu 
modelo de negócio pode se mostrar inviável, já que ex-franqueados podem se valer 
do conhecimento fornecido pela franquia para implementarem negócios próprios. 
Nesse sentido, assinalam Chaccur, Moyanno e Garrido (2013, p. 1-2): 
 
Em determinadas situações é necessário ressaltar a flexibilização deste 
preceito, uma vez que existem polos imperativos de igual importância, como 
o da livre concorrência. Com isso, a flexibilização desse princípio deve ser 
considerada legítima para atuar com mais efetividade e, assim, que possam 
coexistir com o outro instituto de maneira harmônica. Diante disso, essa 
situação engloba a inserção da cláusula de não concorrência, de modo a 
preencher as lacunas existentes pela livre concorrência e a livre iniciativa, 
bem como a referida cláusula visa impedir a concorrência direta entre as 
partes, por um período de tempo já determinado, de forma a favorecer a 
expertise agregada durante o período de contratação. Logo, a função desse 
instituto é, na maioria das vezes, garantir maior estabilidade e o 
funcionamento do negócio empresarial. 
 
Como se verifica, a cláusula de não concorrência almeja estabilizar as 
relações contratuais, dando uma maior segurança jurídica ao ramo das franquias. 
Ainda, sob essa óptica, tem-se entendimento do Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica (CADE), através da Súmula nº 5, publicada no Diário Oficial da União em 
2009, que menciona “é lícita a estipulação de cláusula de não-concorrência com 
prazo de até cinco anos da alienação de estabelecimento, desde que vinculada à 
proteção do fundo de comércio”. Isto é, o órgão se demonstra a favor da inserção 
da cláusula de não concorrência nos contratos, uma vez que ela tem por objetivo 
estipular um prazo para que o alienante não possa, durante certo tempo, exercer a 
mesma atividade empresarial após findo o contrato, evitando, dessa forma, que haja 
uma concorrência desleal. 
31 
 
Ademais, para o CADE, além da limitação temporal,também deveria haver 
outros tipos de limitações quanto aos aspectos geográficos e materiais nos acordos, 
visto que isso contribuiria efetivamente para maximizar a eficiência do dispositivo 
legal. 
Além disso, os contratos de franquia, primordialmente, eram regidos pelas 
normas gerias de contratos, previstos no Código Civil e, em especial, no Código 
Comercial. Além disso, também contava com os dispositivos normativos do Instituto 
Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para regular esse modelo contratual. Ou 
seja, como não se possuía lei especifica na época para tratar a matéria, ficavam 
esses preceitos normativos compelidos a pacificar as questões litigiosas levada a 
juízo. 
Nesse sentido, era bastante comum no debate acerca da não concorrência a 
referência ao artigo 1.147 do Código Civil de 2002, que dispõe: “não havendo 
autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência 
ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência”. Ou seja, pelo 
dispositivo normativo poder-se-ia entender que se atividade de um estabelecimento 
fosse exercida por um empresário, uma sociedade empresária ou uma franquia, 
findo o contrato, as partes tinham por certo que o alienante ficaria obrigado a não 
exercer a mesma espécie do ramo empresarial por um intervalo de cinco anos. 
Segundo Marcelo Cama Proença Fernandes (2003, p. 83), nos contratos de 
franquia, além das cláusulas de não concorrência, há também outras cláusulas que 
são fundamentais para sua constituição, dentre elas estão “as cláusulas de 
exclusividade territorial, cessão do uso de marca, assistência técnica, transferência 
de know-how e prazo de duração do contrato e determinação dos produtos a serem 
vendidos e serviços a serem prestados pelo franqueado”. Conforme comenta o 
autor, esses tipos de cláusulas são importantes nos contratos, uma vez que 
fornecem ao franqueador uma garantia de que seu negócio não virá a sofrer nenhum 
tipo de prejuízo em razão da atuação de ex-franqueado. 
De outro lado, se essas cláusulas forem empregadas de maneira 
inadequada, isto é, de forma genérica e abusiva, podem desestabilizar 
economicamente o ex-franqueado, causando-lhe graves problemas financeiros. Isso 
será ainda mais notório no caso do ex-franqueados uniprofissionais que podem ser 
32 
 
ver impedidos ou seriamente cerceados em sua atuação profissional única; a qual, 
em regra, garante-lhe a subsistência e a possibilidade de uma vida digna. 
Desse modo, é imperativo questionar se a cláusula de não concorrência tem 
atingindo seu objetivo, pois se atende aos desígnios do franqueador, pode, ao 
mesmo tempo, onerando pesadamente o ex-franqueado. Isso porque, em muitos 
casos, a cláusula está sendo implementada nos contratos sem se atentar para as 
consequências que isso possa gerar para o ex-franqueado, especialmente, o 
franqueado uniprofissional; o qual, pelo dispositivo, pode se ver impedido de exercer 
sua atividade profissional. 
Diante do exposto, abre-se uma discussão sobre a cláusula de não 
concorrência com relação a sua redação e interpretação. Ficando a indagação sobre 
até que ponto essas cláusulas podem ser consideradas justas para ambas as partes 
na relação comercial. 
 
33 
 
4 ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIA: DECISÕES ACERCA DO CONTRATO DE 
FRANQUIA 
 
Observar entendimentos jurisprudenciais leva a um maior aprofundamento 
acerca dos temas controvertidos, pois se observa como, na prática, juízes e tribunais 
tem equacionado os conflitos, conjugando os textos legais e os casos concretos que 
demandam soluções específicas. Por isso o interesse em se comentar decisões, 
como forma de complementar os estudos e elucidar dúvidas que permeiam o tema 
analisado. 
Para tanto, serão observados quatro acórdãos do Tribunal de Justiça do 
Estado de São Paulo (TJ/SP) sobre o assunto, a fim de se verificar como se tem 
dado solução a conflitos jurídicos decorrentes da previsão de cláusulas de não 
concorrência em contratos de franquia para ex-franqueados que exercem atividade 
uniprofissional. 
 
4.1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO (TJ/SP) 
 
A primeira jurisprudência a ser comentada é derivada do Tribunal de Justiça 
do Estado de São Paulo. Trata-se da Apelação n. ​1005968-68.2017.8.26.0011   
(BRASIL, 2019), cujas partes eram apelado/apelante Odontocompany Franchising 
LTDA e apelados/apelantes Maria da Conceição Dornelas de Góes, Edmundo 
Alessandro Dornelas de Góes e Odontoclínica RME LTDA. 
O objetivo do recurso foi discutir a decisão do juízo ​a quo que julgou 
improcedente a ação principal proposta por Maria da Conceição Dornelas de Góes e 
Edmundo Alessandro Dornelas de Góes, que postularam declaração de nulidade de 
contrato de franquia com pedido subsidiário de resolução contratual cumulado com 
indenização por danos materiais e morais e pedido de concessão de liminares. 
Em primeira instância, fundamentaram seu pedido, alegando “que desde a 
celebração do contrato de franquia a franqueadora descumpriu várias obrigações 
assumidas, típicos da franqueadora, deixando de prestar a assistência técnica 
devida, alteração do local de trabalho e de exploração comercial” (BRASIL, 2019a, p. 
3). 
34 
 
No entendimento dos autores da demanda inicial, esse suposto 
descompromisso da franqueadora é que conduziu ao insucesso do negócio e, 
consequentemente, seu fracasso, pelo que pleitearam a rescisão do contrato e a 
restituição dos valores investidos, inclusive em termos de indenizações por danos 
materiais e morais. 
De sua feita, a Odontocompany Franchising LTDA ingressou no processo 
inicial, propondo ação reconvencional, postulando que ex-franqueados estariam 
“utilizando indevidamente a marca da ‘ODONTOCOMPANY’ e que são 
inadimplentes em razão do descumprimento da cláusula de não concorrência” 
(BRASIL, 2019a, p. 4). Nesse sentido, solicitou ao juízo que os reconvindos fossem 
impedidos de “utilizar a marca e de atuarem de forma concorrente como clínica 
odontológica organizada”, requerendo, para tanto, a “fixação e o pagamento de 
multa diária de R$ 5.000,00 por violação à clausula de barreira” (BRASIL, 2019, p. 
4). 
No juízo ​a quo​, a que foram submetidas a ação inicial e a reconvenção, 
aquela foi julgada totalmente improcedente e, no que concerne à reconvenção, 
entendeu-se a parcialmente adequada, determinando-se que os reconvindos se 
abstivessem de utilizar a marca “Odontocompany”, de titularidade da ré/reconvinte. 
É essa decisão que será objeto da Apelação em tela. Acerca do suposto 
prejuízo que teriam sofrido os franqueados, esclarece o texto do acórdão prolatado: 
 
[...] o contrato de franquia caracteriza-se por ser contrato de risco, na 
medida em que está condicionado a fatores, tais como, a boa ou má gestão 
da franqueada, concorrência e pelas oscilações comuns do mercado. 
Assim, o empreendimento na modalidade de franquia, ainda que cumpra 
com todas as suas finalidades contratuais e de gestão, não se exime dos 
riscos inerentes ao negócio jurídico, não existindo, também, garantias de 
rentabilidade ou prosperidade, pois, estas podem serfrustradas pelas 
circunstâncias do mercado (BRASIL, 2019a, p. 5). 
 
Nesse sentido, entende o Tribunal de Justiça de São Paulo descabida a 
alegação dos franqueados de que o insucesso do empreendimento seria de 
responsabilidade da franqueadora. 
De outro lado, e o que é de maior interesse para esta monografia, cabe 
mencionar a discussão jurisprudencial acerca da cláusula de não concorrência neste 
tipo de franquia em que os franqueados exercem determinado tipo de atividade 
35 
 
profissional. 
Embora a apelante/apelada Odontocompany Franchising LTDA tenha 
solicitado que os ex-franqueados se abstivessem de atuar profissionalmente durante 
dois anos, conforme entendia estar avençado em contrato; este não foi o 
entendimento do Tribunal. Justifica esse entendimento a cláusula do próprio contrato 
de franquia estabelecido entre as partes – colacionado na decisão –, em que se lê: 
 
Cláusula 9ª NÃO-CONCORRÊNCIA 
[...] Após a extinção do presente contrato, o(a) ​FRANQUEADO(A) 
compromete-se ainda pelo período de 2 (dois) anos, caso haja a rescisão 
por qualquer das hipóteses avençadas e, até mesmo com o término de 
seu prazo, a não participar seja como sócio proprietário ou contratado, 
pelos sistema de franquias, ou em estabelecimento que utilize a 
metodologia e tecnologia adotada especificamente pela 
FRANQUEADORA​, não havendo restrição ao exercício da profissão de 
dentista, sem a utilização de marca ou bandeira, e sem a aplicação 
metodológica da ​FRANQUEADORA​. (BRASIL, 2019a, p. 9) 
 
Como se vê, não há restrição ao exercício profissional de dentista, desde que 
sem a utilização de marca ou bandeira, e sem a aplicação metodológica da 
franqueadora. 
Desse modo, incabível a pretensão da Odontocompany Franchising LTDA a 
fim de vedar o exercício profissional dos dentistas, ex-franqueados, pois dar “guarida 
à pretensão do franqueador apelante equivale a violar o direito constitucional do 
exercício da profissão” (BRASIL, 2019a, p. 10). 
Por certo, é judiciosa a sentença, pois a cláusula de não concorrência não 
pode ser empregada de modo a impedir que um profissional continue a exercer 
atividade que lhe garante a sobrevivência e a vida digna. 
Vale ressaltar que, se neste caso o Tribunal entende como inválida a cláusula 
de não concorrência, em outros a entende como plenamente válida, desde que não 
esteja em tela a obstrução de atividade uniprofissional de ex-franqueado. É o que se 
vê no acordão a seguir. 
Trata-se do Agravo de Instrumento n.2232101-48.2018.8.26.0000, apreciado 
pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. O recurso foi interposto pelo 
agravante Maurício Lopes Queiroz em face do agravado Lugui Trading Food 
Franchising LTDA. ME, solicitando-se a procedência da ação de reparação de danos 
36 
 
materiais, conjuntamente com cobrança de multa. Além disso, também se pleiteava 
a anulação da cláusula contratual e o provimento da tutela de urgência. 
 Para a discussão, passa-se a análise do trecho a seguir: 
 
FRANQUIA​. ​Alegação de irregularidades na relação comercial e rescisão 
unilateral acarretando sérios riscos e dificuldades. Antecipação de tutela 
recursal concedida para suspender os efeitos da cláusula de não 
concorrência. Verificação, todavia, após contraditório, de falta de regular 
cumprimento do contrato a autorizar a rescisão da avença. Tutela recursal 
revogada. (BRASIL, 2019b, p.2). 
 
De acordo com o relator, Desembargador Araldo Telles, o agravante estava 
requerendo a antecipação da tutela de urgência, pois teria sido excluído de forma 
injusta do sistema de franquia Lugui’s. O agravante, então, alegava que sua 
exclusão teria se dado sem prévia notificação e que, isso, infligira os dispositivos 4.7 
e 17 do contrato. Ademais, tal ato lhe ocasionara grandes dificuldades financeiras. 
Portanto, pleiteava a suspensão imediata dos efeitos da cláusula de não 
concorrência, a fim de que pudesse exercer suas atividades até o final do processo. 
Conforme demonstrado, o pedido de tutela foi acolhido, em um primeiro 
momento, sob a seguinte fundamentação: 
 
Na medida em que o encerramento imediato das atividades acarretaria risco 
potencial de dano ao agravante, que, de seu turno, sustenta não ter violado 
os princípios da boa-fé e efetivo cumprimento do contrato, não enxergo, 
neste momento, fundamento para o rompimento unilateral da avença, 
ressalvado o exame de fundo à luz da contrariedade que vier a ser 
apresentada. Defiro, por isso, a antecipação da tutela recursal para 
suspender os efeitos da cláusula de não concorrência até ulterior 
deliberação. (BRASIL, 2019b, p.2-3) 
 
Entretanto, em um segundo momento do processo, foi-se constatado que o 
agravante possuía débitos referentes aos royalties de dezembro de 2017 e março de 
2018. Desde, então, tivera a oportunidade de saldá-los, mas não o fez. Nesse caso, 
a cláusula de concorrência não pode ser considerada abusiva, tendo em vista que o 
agravante descumpriu com sua parte no contrato por ter agido de má-fé. Nesse viés, 
a cláusula não pode ser desconsiderada, já que visa, somente, proteger a relação 
comercial. Desta feita, o pedido de tutela foi revogado e o recurso desprovido. 
37 
 
Observa-se, assim, que a decisão da Turma julgadora, outra vez, foi acertada, 
pois conseguiram analisar, minuciosamente, todos os meios de provas necessários 
para a formação de sua convicção. E de acordo com o exposto, nesse caso o 
Tribunal entende como válida a cláusula de não concorrência, visto que o agravante 
não cumpriu com certas especificações do contrato. Sendo assim, a rescisão do 
contrato não se deu por culpa da franqueadora, o que ensejaria outra tomada de 
decisão. 
Já a terceira jurisprudência observada é a Apelação 
n.1050658-73.2016.8.26.0576 submetida ao Tribunal de Justiça do Estado de São 
Paulo, tendo sendo interposta pelo apelante Zanon & Zanon Administradora de 
Franchising LTDA em face do apelado Marcelo Henrique Nossa. 
O objetivo do recurso era reformar a sentença do juízo ​a quo​, pela qual se 
tinha dado provimento à demandando do autor, que solicitou: 
 
A decretação de nulidade da cláusula contratual de não concorrência, com 
imposição à ré da obrigação de não utilização da carteira de clientes 
angariada pelo autor, condenando-a ao pagamento das verbas da 
sucumbência, arbitrados os honorários advocatícios em R$ 2.500,00. 
(BRASIL, 2018, p. 2) 
 
Essa discussão estava embasada no entendimento do autor de que a ré, a 
empresa Zanon & Zanon Administradora de Franchising LTDA, havia o ludibriado, 
pois, diversamente do proposto na circular de oferta de franquia, o contrato previu 
cláusulas muito mais rígidas, entre as quais se encontrava uma ampliação da 
vedação a não concorrência, o que fora contestado pelo autor. 
No contrato, a vedação a não concorrência se dava nos seguintes termos: 
 
Durante o período de dois anos, contado do término da vigência do presente 
instrumento, o franqueado não poderá, por qualquer motivo, quer seja direta 
ou indiretamente, por si próprio ou em nome de outrem, ou ainda, em 
conjunto com qualquer pessoa, física ou jurídica, possuir, manter, 
envolver-seou participar a qualquer título, na operação de qualquer negócio 
congênere ou concorrente ao desenvolvido pela franqueadora. Para tal 
efeito, as partes definem como negócio congênere ou concorrente 
quaisquer atividades relacionadas à realização de vendas de seguros, de 
qualquer de seguros, de qualquer espécie. (BRASIL, 2018, p.3). 
 
Como se vê, trata-se de uma vedação bastante ampla, praticamente a impedir 
que o ex-franqueado pudesse continuar atuando como corretor de seguros. Diversa 
38 
 
dessa imposição tão leonina, era a prevista na circular de oferta de franquia, em que 
a vedação a não concorrência era delineada do seguinte modo: 
 
Ficará impossibilitado de exercer, como FRANQUEADO de outra marca ou 
FRANQUEADOR, por 24 (vinte e quatro) meses consecutivos, as atividades 
relativas à vendas de seguros, bem como outras atividades similares e 
concorrentes a referido segmento, que é o negócio ora FRANQUEADO, 
cujo know-kow é transferido pela FRANQUEADORA desde a entrega da 
Circular de Oferta de Franquia até o final da vigência do Contrato de 
Franquia. (BRASIL, 2018, p. 3-4). 
 
Como se nota, as cláusulas contratuais apontam que o ex-franqueado não 
poderia exercer a mesma atividade profissional concorrente a franqueadora por um 
período de dois anos, após o término do contrato. Sendo assim, esse dispositivo tem 
como finalidade garantir que não haja uma concorrência desleal. Ocorre, porém, que 
a vedação contratual é mais ampla do que aquela prevista na COF, o que levou o 
autor a propor a ação pela decretação de nulidade da cláusula contratual de não 
concorrência. 
Por sua vez, em sua defesa inicial, a parte ré alegou que o contrato fora feito 
posteriormente à circular de oferta de franquia. Além disso, afirmou que embora a 
COF fosse um documento importante, apenas apresentava os termos gerais do 
negócio. Essas alegações da ré não foram acolhidas em primeira instância, o que a 
motivou a interpor recurso de apelação. 
Novamente, porém, as alegações da empresa Zanon & Zanon Administradora 
de Franchising LTDA não foram acolhidas, pois o Tribunal de Justiça de São Paulo 
entende que a COF é instrumento que vincula o ofertante, não cabendo alterações 
que impliquem em maiores obrigações ou deveres aos que aceitarem a proposta. 
É justamente daí que deriva a importância do artigo 4° da Lei 8.955 de 1994, 
que prevê: 
 
A circular oferta de franquia deverá ser entregue ao candidato a franqueado 
no mínimo 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato de 
franquia ou ainda do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo franqueado 
ao franqueador ou a empresa ou pessoa ligada a este. (BRASIL, 2018, p.4) 
 
Como se vê, a COF tem como objetivo mostrar especificadamente todos os 
detalhes do negócio, para que o interessado avalie adequadamente antes de aderir 
ao acordo. 
39 
 
Justamente foi essa a alegação do apelado, segundo o qual a COF em 
questão demonstrava uma cláusula de não concorrência mais maleável e foi com 
base nesse entendimento que firmou a obrigação. 
Assim, também entendeu o Tribunal de Justiça de São Paulo, em cuja 
decisão lê-se: 
 
A circular de oferta de franquia, de fato, apresentava cláusula mais flexível, 
pois impedia o exercício de atividades relacionadas à venda de seguros, 
apenas como franqueado de outra marca ou franqueador. Em outras 
palavras, admitia-se o exercício profissional de atividades relacionadas à 
corretagem de seguros, desde que não vinculada à franquia outra e com o 
uso do know-how transferido. (BRASIL, 2018, p. 5). 
 
Destarte, aponta que a franqueadora modificou o conteúdo da COF, depois 
da assinatura do contrato definitivo, impedindo, desse modo “o exercício, de forma 
absoluta, de atividades profissionais concorrentes àquela por ela desenvolvida” 
(BRASIL, 2018, p. 5). 
Sustentando ainda seu entendimento, o Tribunal de Justiça de São Paulo 
esclarece no acórdão em tela: 
 
A vedação de forma absoluta exercício de atividades relacionadas à 
corretagem de seguro, tal como expresso no contrato, representa afronta à 
garantia constitucional do livre exercício profissional. Impor esta barreira ao 
franqueado, que se habilitou previamente para esta atividade junto a 
entidades de classe representa afronta à referida garantia constitucional. 
(BRASIL, 2018, p 6). 
 
Isto é, a liberdade de exercer qualquer atividade econômica é um preceito 
constitucional que não pode sofrer vedações, pois visa a valorização do ser humano, 
dando lhe uma vida digna. Diante disso, a decisão a que se chegou foi manter a 
sentença e rejeitar o recurso da apelante. 
Como se observa, mais uma vez o Tribunal de Justiça de São Paulo mitigou a 
imposição da não concorrência, especialmente quando esta poderia levar a uma 
verdadeira vedação da continuidade de atuação profissional do ex-franqueado. 
Isso não significa, porém, que para o Tribunal essa cláusula deva ser sempre 
abrandada. Pelo contrário, como se vê no julgado a seguir, quando a cláusula de 
não concorrência é válida, deve ser eficaz a fim de manter a segurança jurídica, 
especialmente se trata de vedação a exercício profissional de ex-franqueado. 
40 
 
Observe-se, assim, mais uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado de 
São Paulo, qual seja: o recurso de Apelação n.1046209-72.2016.8.26 interposto 
pelos apelantes Rafael Yamane Cardoso e Yamane Treinamento Em Informática 
LTDA contra a parte apelada GP Franchising LTDA. 
O acórdão refere-se a um pedido de anulação ou reforma da sentença que 
julgou improcedente a reconvenção e procedente a ação de obrigação de fazer e de 
cobrança de multa. Segue a ementa do acórdão: 
 
AÇÃO COMINATÓRIA E COBRANÇA DE MULTA CONTRATUAL - 
Franquia - Procedência - Efetiva violação da cláusula de não concorrência 
comprovada - Exame da documentação - Desenvolvimento de atividade 
idêntica à contratada com a franqueadora - Sentença Mantida - Verba 
Honorária majorada - Recurso Desprovido. (BRASIL, 2019c, p. 2). 
 
Os apelantes alegaram preliminarmente cerceamento de defesa decorrente 
do julgamento antecipado, pois atestavam que não houve a produção de provas 
pericial e oral requeridas. Desse modo, afirmavam que o contrato de franquia seria 
nulo em virtude de não terem recebido a COF devidamente no prazo legal bem 
como por seu conteúdo conter informações falsas. 
Sendo assim, sustentam que os contratos foram rescindidos por culpa da 
apelada, uma vez que sua insolvência contratual estaria configurada e que houvera 
a violação do preceito constitucional da boa-fé, a estar presente nos contratos em 
geral. Finalmente, mencionaram que foram feitas promessas falsas de altos 
rendimentos pela apelada, as quais não se realizaram e que diversos franqueados 
foram induzidos em erro. Por todo o exposto, insistiram na mudança ou na anulação 
da sentença do juízo ​a quo​, para que, então, fossem devidamente ressarcidos pelos 
investimentos realizados. 
Já a parte apelada, apontou que os réus violaram a cláusula de não 
concorrência presente na constituição da relação contratual. Conforme trecho do 
acórdão, a apelada: 
 
Alega que os réus violaramcláusula de não concorrência, a qual impede o 
exercício, pelo período de 2 (dois) anos, contados da extinção da relação 
contratual, de atividades concorrentes. Sustenta que o referido corréu, 
mesmo diante dos ótimos resultados, solicitou a resilição contratual e foi 
alertado da cláusula de não concorrência. (BRASIL, 2019c, p.4) 
 
41 
 
Ademais, afirmou que o corréu obteve com o negócio ótimos resultados e que 
o pedido de resilição contratual não se justificava. Diante disso, contratou uma 
empresa de investigação para apurar se estava tendo concorrência desleal por parte 
dos apelantes, sendo tal ato configurado. Por fim, houve a reprodução não 
autorizada de seu material didático. Dessa feita, requereu a suspensão das 
atividades concorrentes desenvolvidas pelos apelantes e, ainda, indenização pelos 
danos decorrentes de tal conduta e ao pagamento da multa contratual. 
A turma julgadora, de acordo com o exposto, julgou procedente a antecipação 
da tutela de urgência, determinou a imediata suspensão das atividades exploradas 
pelos apelados, sob pena de multa diária. 
Além disso, rejeitaram a alegação feita pelos réus a respeito da COF não ter 
sido entregue dentro do prazo legal, pois este fato, por si só, não pode caracterizar a 
anulação do contrato de franquia, ainda mais quando os apelantes continuaram 
tocando o negócio e auferindo lucro com isso. Nesse caso, entende-se que houve a 
convalidação tácita do contrato, mesmo que a Circular de Oferta não tenha sido 
entregue no prazo estipulado. Além disto, o fracasso do negócio também não pode 
gerar a anulação do ato, visto que quando as partes acordam um contrato, 
concordam, mesmo que tacitamente, com os riscos e desafios, ou seja, com os 
bônus e os ônus dessa relação negocial. A fim de fundamentar sua decisão acerca 
desse ponto, a turma julgadora recorreu a exposição de jurisprudência do próprio 
tribunal, colacionando-a no acórdão e reproduzida a seguir: 
 
CONTRATO DE FRANQUIA. Ação para anulação do contrato de franquia, 
cumulada com pedido de devolução dos valores pagos e indenização por 
danos materiais. Preliminares rejeitadas. Suposta ausência de entrega pela 
franqueadora da circular de oferta de franquia exigida pela Lei nº 8.955/94 
que pode acarretar a anulação do negócio, nos termos do art. 4º da Lei nº 
8.955/94. Documentos acostados aos autos que comprovam que a circular 
de oferta de franquia foi entregue dentro do prazo legal. Ainda que assim 
não fosse, imperioso concluir que houve convalidação tácita do contrato 
anulável, pois as prestações foram executadas de parte a parte durante 
mais de um ano. Inconformismo do autor apelante com os prejuízos sofridos 
que não é razão suficiente para a anulação do contrato de franquia. 
Sentença mantida. Recurso desprovido (BRASIL, 2019c, p. 13-14). 
 
Após a análise do caso, conclui-se que o posicionamento da Turma julgadora 
em manter a decisão foi mais uma vez correto, pois os apelantes não conseguiram 
provar que, realmente, foi a parte apelada que havia rompido o contrato. Além disso, 
42 
 
e mais importante para a discussão proposta nesta monografia, cabe ressaltar que 
neste caso o Tribunal entendeu como plenamente válida a cláusula de não 
concorrência, impondo, em razão dela, a imediata suspensão da atividade similar 
desenvolvida pelos ex-franqueados. Destarte, a sentença se mostrou justa, uma vez 
que buscou preservar os princípios da boa-fé e da função social dos contratos. 
Do exame desses quatro casos, importa sublinhar que o Tribunal de Justiça 
de São Paulo não tem entendido que a cláusula de não concorrência tem caráter 
absoluto, relativizando seus efeitos quando se comprava que a radicalização desse 
instituto pode prejudicar seriamente ex-franqueados que se veriam impedidos de 
continuar mantendo suas atividades profissionais. De outro lado, duas das decisões 
comentadas também servem para mostrar que a cláusula de não concorrência não é 
instituto vazio, sendo considerada plenamente válida e eficaz, quando se deu de 
maneira proba e visa, de fato, a impedir concorrência desleal. 
 
 
 
43 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Com base no estudo analisado, foi-se discutido como a cláusula de não 
concorrência vem sendo implementada em contratos de franquia, repercutindo na 
vida de ex-franqueados que exercem atividade uniprofissional. 
Percebe-se, então, que nos contratos em que essa cláusula se faz presente, 
como uma forma de garantia ao franqueador de que, caso o franqueado venha 
desistir do contrato por culpa ou antes do tempo, não venha usufruir dos benefícios e 
ensinamentos que a franquia disponibiliza. Sendo assim, esse instituto é uma 
prerrogativa fundamental que visa dar segurança jurídica a relação negocial. 
Além disso, foi trazido para a discussão o conceito de franquia e traçou-se, 
brevemente, seu contexto histórico. Ainda, nesse diapasão, analisou-se com mais 
afinco a Lei n.8.955 de 1994, Lei de Franquia, e, diante do exposto, constatou-se 
que o dispositivo normativo é importante, pois especifica, detalhadamente, todos os 
procedimentos para a constituição da franquia. 
Ademias, também, foi-se investigado como a cláusula é equacionada no 
nosso ordenamento jurídico. Diante disso, verificou-se que se a redação da cláusula 
não for clara sua interpretação pode ser distorcida, ou seja, poderá se apresentar 
abusiva. Nesse caso, isso pode gerar grandes consequências para o ex-franqueado, 
principalmente, o franqueado uniprofissional, uma vez que possa a vir ser impedido 
de exercer sua atividade profissional. 
De acordo com a jurisprudência apresentada, é possível depreender que a 
cláusula de não concorrência é uma forma de proteção para relação negocial, pois 
quando invocada garante que não haja uma concorrência desleal. Conforme 
analisado, percebe-se que em muitas demandas ela serve como guia para 
solucionar possíveis conflitos jurídicos que envolvem o tema. 
Quanto as decisões proferidas pelas turmas julgadoras, consideram-se 
acertadas, pois todas as vezes que se comprovou a existência e a validade da 
cláusula de não concorrência, entendeu-se que o ex-franqueado não poderia 
continuar exercendo a mesma ou similar atividade econômica. 
 
 
44 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ABRÃO, Nelson. ​Contratos e obrigações comerciais.​ 8.ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 1986. 
 
ANDRADE, C. D​. Antologia Poética.​ 12. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978. 
 
BRASIL. [Constituição (1988)]. ​Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988. ​Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20 
ago. 2019. 
 
BRASIL. ​Lei nº 8.955, de 15 de dezembro de 1994. ​Dispõe sobre o contrato de 
franquia (franchising) e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da 
República. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm>. Acesso 
em: 20 ago. 2019. 
 
BRASIL. ​Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002.​ Institui o Código Civil Brasília, 
DF: Presidência da República. Disponível 
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso

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