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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS ANA GABRIELA STORION CORPOS CERÂMICOS POROSOS OBTIDOS VIA GELATINIZAÇÃO: ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO POÇOS DE CALDAS/MG 2015 ANA GABRIELA STORION CORPOS CERÂMICOS POROSOS OBTIDOS VIA GELATINIZAÇÃO: ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para obtenção do grau em Engenharia Química pela Universidade Federal de Alfenas. Orientadora: Sylma Carvalho Maestrelli Poços de Caldas /MG 2015 ANA GABRIELA STORION CORPOS CERÂMICOS POROSOS OBTIDOS VIA GELATINIZAÇÃO: ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO A banca examinadora abaixo assinada aprova o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheira Química pela Universidade Federal de Alfenas. Aprovada em 23 / 11 / 2015 Profa. Sylma Carvalho Maestrelli Assinatura Orientadora Instituição: UNIFAL-MG Profa. Carolina Del Roveri Assinatura Instituição: UNIFAL-MG Prof. Rodolfo Henrique Freitas Grillo Assinatura Instituição: IF-Sul de Minas AGRADECIMENTOS Aos meus pais e minha irmã, que sempre me ouviram por horas e horas sobre os projetos, sobre os perrengues e conquistas, e que sempre me apoiaram, me acalmaram e me orientaram. Aos meus amigos, por entenderem meu lado “nerd” de ser, e por terem se tornado minha família longe de casa. À minha orientadora Sylma Maestrelli, pela confiança depositada em mim, pelos ensinamentos e apoio não só profissional mas também pessoal, que com certeza fizeram a diferença em momentos importantes. Aos técnicos e equipe da UNIFAL-MG por se mostrarem sempre disponíveis para auxiliar nas atividades. À Togni Refratários e ao técnico MSc. Walter Aparecido Mariano pelos ensaios de caracterização da argila. Sem vocês eu até poderia ter chegado até aqui, mas tenho certeza que cheguei da melhor maneira possível, pois tive o privilégio de ter os melhores ao meu lado sempre. RESUMO Cerâmicas porosas possuem propriedades interessantes do ponto de vista tecnológico como elevada estabilidade, inércia química, alta refratariedade, o que torna ampla a gama de aplicações desses materiais tais como membranas, filtros, materiais isolantes, suportes para catálise, matrizes para incorporação de outras fases, entre outras. A porosidade de um material é decorrente das condições de processamento do mesmo, influenciando significativamente em sua resistência mecânica, bem como no uso a ele destinado. Processos industriais de fabricação de cerâmicas porosas por vezes proporcionam corpos com baixa resistência mecânica, aliados à presença de trincas e macro defeitos, ou apresentam-se de alta complexidade e/ou custo. Este trabalho teve como intuito investigar uma nova rota de processamento de cerâmicas porosas denominada gelatinização a frio, utilizando como matéria prima uma argila de baixa plasticidade, a fim de se obter uma técnica de baixo custo, de fácil produção e trabalhabilidade, e que proporcione peças finais com porosidade controlada e homogênea. Para verificar a eficiência da técnica, corpos de prova de diferentes composições foram produzidos variando- se o teor de argila (40, 50, 55 e 60% em relação à massa total de sólidos) e mantendo-se o teor de água e gelatina constantes na formulação. O controle da viscosidade foi feito através da utilização de defloculante do tipo estérico. Após conformação a frio, os corpos foram caracterizados antes e após queima, sendo esta última variada em diversas condições. Os resultados mostraram que as amostras apresentaram pouca variação em termos de densidade a verde; entretanto, observou-se que para a obtenção de estruturas porosas, é necessário que a queima ocorra a temperaturas inferiores a 1100C, de modo a se obter elevada porosidade; a partir dessa temperatura a sinterabilidade aumenta rapidamente, provocando uma elevada densificação da peça. Palavras-Chave: Cerâmicas porosas. Gelatinização a frio. Argilas. Resistência Mecânica. ABSTRACT Porous ceramics have interesting properties from a technological point of view such as high stability, chemical inertness and resistance to heating at elevated temperatures. These properties make them products of great interest for applications on membranes, filters, insulating materials, supports for catalysis and matrices for the incorporation of other phases. The porosity of a material is a result of its processing conditions, what significantly influence on the mechanical strength and the final use for it. Industrial processes for manufacturing porous ceramic sometimes provide bodies with low mechanical strength, showing cracks and macro defects, or present a process of high complexity or cost. This work proposes a new porous ceramic processing route called cold gelatinization , using as raw material a clay with low plasticity in order to obtain a low cost technique, of easy production and workability, providing final bodies with controlled and homogeneous porosity. To verify the technical efficiency, specimens of various compositions were produced by varying clay content (40, 50, 55 and 60% of solids) and keeping the water and gelatin content constant in the formulation. The viscosity control was performed by the use of dispersant. After cold forming, the samples were characterized before and after burning, under various conditions. The results indicate that the green density of samples showed a minimum variation; however, for obtaining porous structures, it is necessary that the firing takes place at temperatures below 1100 °C; above this temperature the sinterability increases rapidly, causing a high densification of the piece. Keywords: Porous ceramics. Cold gelatinization. Clay. Mechanical Strength. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1 2. OBJETIVOS ........................................................................................................................................... 2 2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................ 2 2.2 Objetivo Específico .................................................................................................................... 2 3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ............................................................................................................. 3 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................... 4 4.1 Histórico..................................................................................................................................... 4 4.2 Cerâmicas .................................................................................................................................. 5 4.3 Argilas ........................................................................................................................................ 6 4.4. Técnicas de obtenção de materiais porosos .................................................................................... 7 4.4.1. Réplica ................................................................................................................................... 7 4.4.2. Materiais de Sacrifício ........................................................................................................... 8 4.4.3. Gel Casting .............................................................................................................................9 4.5. Sinterização de materiais cerâmicos ...................................................................................... 10 5. METODOLOGIA ................................................................................................................................. 12 5.1. Caracterização do pó cerâmico .............................................................................................. 12 5.2. Obtenção das peças a verde ................................................................................................... 12 5.3. Determinação dos perfis de queima e caracterização das peças acabadas ........................... 13 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................................. 16 6.1. Caracterização do pó cerâmico .............................................................................................. 16 6.2.Caracterização dos corpos a verde .......................................................................................... 17 6.3 Curva de Gresificação .............................................................................................................. 18 6.4. Caracterização dos corpos acabados...................................................................................... 19 7. CONCLUSÕES ..................................................................................................................................... 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................. 28 1 1. INTRODUÇÃO A utilização de materiais cerâmicos vem ocorrendo desde a antiguidade, a partir da observação de que a argila endurecia quando deixada sob a ação do sol, podendo substituir assim utensílios antes feitos de cascas de árvores, ou frutos, para a armazenagem de alimentos e bebidas. (MORAIS, 2007). Vasos de argila são uma das primeiras peças cerâmicas de que se têm notícias, devido à sua facilidade de moldar quando úmida, e rígida quando seca (MONTES, 2008). O setor de cerâmico ganhou notoriedade e aperfeiçoamento das técnicas de processamento, bem como o estudo das matérias-primas, o que levou a uma vasta gama de aplicações deste tipo de material, em diversos níveis de avanço tecnológico, envolvendo setores desde a construção civil até a indústria aeroespacial, eletrônica e médica. Cerâmicas são materiais inorgânicos e não metálicos, compostos de elementos metálicos e não-metálicos, podendo apresentar ligações totalmente iônicas, ou predominantemente iônicas com a presença de um caráter covalente (CALLISTER; RETHWISCH, 2012). As cerâmicas tradicionais (louças, porcelanas, tijolos, telhas, dentre outros) têm majoritariamente a argila como matéria-prima; aquelas denominadas de alto desempenho são constituídas normalmente de matérias primas sintéticas, tais como a alumina, zircônia, carbetos, boretos e nitretos, entre outras. A argila é uma rocha constituída essencialmente de argilominerais, que por sua vez correspondem a silicatos hidratados de alumínio, magnésio ou ferro, constituídos em sua maioria por particulas finas de dimensões inferiores à 2 µm (SANTOS; COELHO, 2007). A variedade e distinção desta matéria-prima, aliada às suas propriedades de plasticidade, resistência mecânica, refratariedade, inércia química etc, permite a sua ampla gama de aplicações tecnológicas (MORAIS, 2007). A porosidade em cerâmicos é gerada a partir de condições específicas de processamento influenciando significativamente nas suas propriedades e desempenho. A elevada presença de poros pode acarretar uma diminuição da resistência mecânica; porém, uma porosidade controlada é exigida aplicações como membranas, filtros, adsorvente, materiais isolantes, suportes para catálise, matrizes para incorporação de outras fases (VASCONCELOS, 1997). Sendo assim, novas técnicas de processamento de cerâmicas porosas com porosidade controlada vêm sendo estudadas, de forma a obter produtos com menor custo de produção, facilidade de processamento, e qualidade do produto formado. Este trabalhotem como intuito 2 investigar uma nova rota de processamento de cerâmicas porosas denominada gelatinização a frio. 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral O presente trabalho objetivou investigar a viabilidade de uma nova técnica para obtenção de corpos cerâmicos porosos, denominada gelatinização a frio, fazendo-se uso de uma argila de baixa plasticidade como matéria prima. 2.2 Objetivo Específico Para a execução presente trabalho, foram realizadas as seguintes atividades: Cronograma do desenvolvimento do projeto; Levantamento bibliográfico sobre cerâmicas, argilas, técnicas de obtenção de cerâmicas porosas; Definição da metodologia pretendida para cumprimento do objetivo geral; Caracterização do pó cerâmico utilizado; Análise das formulações e porcentagens dos teores das matérias-primas utilizadas; Desenvolvimento do método proposto; Estudo dos dados obtidos; Conclusões e consolidação do projeto final. 3 3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA A vasta gama de aplicações das cerâmicas porosas leva cada vez mais ao aprimoramento das diversas técnicas de processamento existentes e ao desenvolvimento de rotas que permitam a obtenção de produtos que reúnem alta porosidade e resistência mecânica, aliados ao baixo custo e fácil processamento. As condições de processamento interferem diretamente na estrutura do material, impactando em seu desempenho e aplicabilidade (VASCONCELOS, 1997). Dentre os processos de obtenção de cerâmicas porosas, podem-se destacar as seguintes categorias: réplicas (replica templates), materiais de sacrifício (sacrificial fugitives) e gelcasting (direct foaming) (ROMANO; PANDOLFELLI, 2006; STUDART, 2006). A técnica de réplica permite a obtenção de materiais com porosidade elevada, porém exige um controle rigoroso na homogeneização da suspensão cerâmica que será impregnada no molde, além de formar produtos com resistência mecânica altamente comprometida. O processamento com materiais de sacrifício, apesar de baixo custo, depende de uma taxa de aquecimento para desintegração dos materiais formadores de poros extremamente lenta, fazendo com que o tempo gasto para a obtenção do produto poroso final seja longo, além de exigir grande controle no processo para homogeneização da suspensão. A via gel casting apresenta-se como uma alternativa de baixo custo, porém difícil controle na estabilização das bolhas formadoras de poros, gerando produtos com resistência mecânica comprometida devido a não uniformidade da estrutura porosa gerada (STUDART, 2006; ROMANO; PANDOLFELLI, 2006, ZHU et al, 2001). No contexto em questão, apresenta-se o desenvolvimento de uma técnica de obtenção de cerâmica porosa de baixo custo e fácil manuseio, que proporcione peças finais com porosidade controlada e homogênea. A gelatinização surge como uma técnica de conformação a frio, com a utilização de água como solvente e gelatina comercial como agente ligante e formador de poros, diminuindo os custos de processamento e oferecendo uma rota de fácil manuseio e aplicação. Sendo assim, justifica-se avaliar física e mecanicamente os corpos cerâmicos obtidos, a fim de se validar a aplicabilidade da técnica proposta. 4 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.1 Histórico A palavra Cerâmica é derivada do grego keramikos, com o significado “feito de terra”. Existem registros de fabricação de peças cerâmicas desde o período pré-neolítico, sendo constatados também em diversas civilizações, e seu uso vem acompanhando o desenvolvimento da humanidade desde então. As primeiras observações de que, quando umedecida era fácil de moldar, e depois de seca torna-se rígida, permitiu a elaboraçãode peças cerâmicas para o uso doméstico, para o armazenamento de bebidas e alimentos, substituindo os utensílios antes fabricados de cascas de árvore ou até mesmo frutos. (MONTES, 2008; MORAIS, 2007). Cerâmicas possuam uma vasta gama de aplicações, que vão desde artefatos de atividade artística, até aplicações industriais altamente tecnológicas. A Tabela 1 abaixo representa a linha do tempo da evolução dos materiais cerâmicos. Tabela 1: Linha do tempo do desenvolvimento de cerâmicas e vidros. Ano Desenvolvimento 24,000 a.C. Artefatos de cerâmicas utilizados para fins cerimoniais 14,000 a.C. Primeiros tijolos feitos na Mesopotâmia e Índia 5000-10,000 a.C. Começa a produção de cerâmicas / Descoberta do vidro no Egito 1500 a.C. Fabricação dos primeiros objetos de vidro 1550 Refratários sintéticos para fornos utilizados no prepare de aços, vidros, cerâmicas e cimento 1800 Porcelanas para isolamento elétrico / Lâmpadas incandescentes 1920 Porcelanas de alta resistência enriquecidas com quartzo para uso em isolamentos / velas de ignição de alumina/ janelas de vidro para automóveis 1940 Capacitores 1960 Isolantes de alumina para voltagens superiores a 220 kV / Aplicações de carbonetos e nitretos 1970 Introdução de substratos cerâmicos de alta performance para conversão catalítica e filtros para motores a diesel 1980 Supercondutores de Alta temperatura Fonte: The American Ceramic Society. 5 Indústrias cerâmicas são de grande importância no Brasil e contribuem para o PIB na ordem de 1%. Convencionou-se definir o setor cerâmico brasileiro de acordo com os mercados em que estão inseridos, correspondendo aos sectores de cerâmica estrutural, revestimentos, matérias-primas naturais, refratários, cerâmica técnica, sanitários, louças de mesa e adorno, fritas, vidrados e corantes, matérias-primas sintéticas, cerâmica elétrica, equipamentos para cerâmica e abrasivos (BUSTAMANTE, 2000). 4.2 Cerâmicas Os tipos de átomos que estão presentes nos materiais, o arranjo geométrico dos mesmos, as diferentes interações que existem entre os átomos ou moléculas, bem como a forma como estão distribuídos espacialmente ditam quais as propriedades resultantes no mesmo (CALLISTER; RETHWISCH, 2012)As cerâmicas possuem ligação mista, sendo o caráter iônico predominante na maioria delas; entretanto, o caráter covalente também merece destaque, como é o caso do diamante e de muitos vidros, cuja base são os silicatos. O resultado dessas combinações resulta em altos módulos de elasticidade, dureza, ponto de fusão e resistencia à compressão, bem como baixa expansão térmica e inércia química (PHULÉ; ASKELAND, 2013). Devido às diferentes possibilidades de combinações para a formação de elementos cerâmicos, os quais envolvem pelo menos dois elementos químicos, sua estrutura cristalina é geralmente mais complexa, se comparada aos materiais metálicos ou poliméricos. Em compostos cerâmicos cujas ligações são predominantemente iônicas, a presença de íons, e não de átomos, vai definir a estrutura cristalina, a qual é influenciada pela carga eletrônica dos íons, bem como seus respectivos tamanhos. Entretanto, como mencionado anteriormente, a complexidade da estrutura destes materiais pode variar desde modelos cristalinos, a materiais amorfos, sem ordem atômica a longa distância (CALLISTER; RETHWISCH, 2012). 6 4.3 Argilas A argila é uma das matérias-primas cerâmicas mais amplamente utilizadas, devido à sua grande abundância na superfície terrestre, além da facilidade de manipulação dos produtos formados. É um material natural que apresenta textura terrosa e granulação fina, constituídas essencialmente de argilominerais e possuem geralmente uma diversidade muito grande de elementos químicos em sua constituição (ABC, 2015; MORAIS, 2007; SANTOS; COELHO, 2007). A composição mineralógica, bem como a presença de outros elementos além de argilossilicatos, confere às argilas propriedades como plasticidade, permeabilidade, retração linear, porosidade, coloração, dentre outros (MORAIS, 2007). A plasticidade é uma propriedade de fundamental importância, em que na presença de água, algumas argilas tornam- se facilmente moldáveis, recebendo a classificação de plásticas. A conformação de produtos cerâmicos seria mais difícil se o sistema argila-água não fosse adequadamente plástico; neste caso, a água comporta-se como um ligante natural das partículas argilosas, facilitando seu processamento e conformação a verde (CAMPOS et al., 1999). Para argilas de baixa plasticidade, em muitos casos faz-se necessário a utilização de ligantes de origem normalmente orgânica para que se obtenha um produto conformado a verde homogêneo. A água utilizada no processamento de peças argilosas está presente de diferentes formas: água livre, que está presente nos interstícios entre os grãos e requer pouca energia para ser eliminada, geralmente em temperaturas acima da temperatura ambiente; água adsorvida, presente junto às superfícies dos cristais, que pode ser eliminada em temperaturas entre 100 e 150ºC; água de constituição, presente na rede cristalina dos argilominerais, a qual necessita de temperaturas superiores a 300ºC para sua eliminação (VIEIRA, 2003). A retração linear consiste na tendência na diminuição do volume da peça após a perda de umidade pela secagem ou queima. O conhecimento de tal propriedade é fundamental para o dimensionamento das peças verdes, a fim de se obter o produto final do tamanho desejado após a queima. A etapa da secagem/queima necessita de um grande controle, uma vez que uma taxa de aquecimento inadequada pode levar ao surgimento de trincas, dimensões indesejadas, ou até mesmo a inutilização da peça. A temperatura de queima também é de extrema importância, uma vez que influencia na porosidade final do corpo conformado e no grau de sinterização. Para temperaturas mais elevadas, ocorre uma maior sinterabilidade, provocando geralmente uma diminuição dos vazios 7 entre os grãos, melhorando a resistência mecânica; porém, acarretando em uma menor porosidade. O tipo de aplicação desejado deve ser levado em conta para o estabelecimento da temperatura de sinterização; ou seja, em se tratando da obtenção de peças porosas, é necessário um estudo detalhado da curva de sinterização de modo a se manter os níveis de porosidade alcançados durante a conformação. 4.4. Técnicas de obtenção de materiais porosos A vasta gama de aplicações das cerâmicas porosas faz com que cada vez mais suas técnicas de obtenção venham sendo estudadas. As condições de processamento interferem diretamente na estrutura micro e macroscópica do material, e a existência de poros pode impactar tanto positiva quanto negativamente no desempenho e aplicabilidade do material processado, uma vez que a resistência mecânica pode ser altamente prejudicada em materiais de elevada porosidade (VASCONCELOS, 1997). A seguir são descritas as principais técnicas para obtenção de materiais porosos (ROMANO; PANDOLFELLI, 2006; STUDART, 2006). 4.4.1. Réplica Este método baseia-se na impregnação de uma estrutura celular porosa, que irá atuar como um molde, em uma suspensão cerâmica ou a solução precursora desejada, originando um corpo cerâmico de porosidade elevada cuja morfologia é semelhante ao do molde original. Existem diversas estruturas que podem ser utilizadas como modelo, desde naturais até materiais sinteticamente processados. Algumas estruturas naturais, como corais e madeiras, são utilizadas devido à sua complexa morfologia e microestrutura de difícil reprodução artificial. Entretanto, as formas mais utilizadas industrialmente são as sintéticas, usualmente esponjas poliméricas (na sua grande maioria de poliuretano), cuja estrutura porosa pode ser obtida segundo as características desejadas, possibilitando um maiorcontrole. A Figura 1 representa o esquema geral do método de réplica (STUDART, 2006; ROMANO; PANDOLFELLI, 2006). 8 Figura 1: Esquematização das etapas do processo de Réplica. FONTE: adaptado de STUDART, 2006. Conforme ilustrado, a estrutura (molde) é inserida no meio contendo a suspensão ou o precursor cerâmico até completa impregnação e infiltração em toda sua superfície e nos poros internos, com posterior remoção do excesso da suspensão, restando apenas um fino revestimento. O corpo é então levado para secagem e desintegração da estrutura polimérica, sob taxas de aquecimento suficientemente lentas para não ocorrer colapsos e falhas na estrutura. O corpo cerâmico pode ser então encaminhado para a sinterização, em temperaturas adequadas para cada tipo de material (STUDART, 2006). Esta técnica permite a obtenção de corpos cerâmicos com porosidade superiores a 90%, porém as propriedades mecânicas do material ficam prejudicadas devido à estrutura extremamente fina, com elevada quantidade de vazios, e dificuldade de fazer com que a impregnação aconteça uniformemente (ZHU et al 2001; PASSOS, 2011). 4.4.2. Materiais de Sacrifício Este método consiste na incorporação de produtos orgânicos na suspensão cerâmica, que serão moldados juntamente com a mesma, e serão desintegrados na etapa da queima, deixando poros na estrutura com tamanhos relacionados às partículas inseridas (DUTRA; PONTES, 2002). Estes materiais, chamados de formadores de poros, podem ser esferas de polímero, fibras orgânicas, amido de batata, grafite, carvão etc e irão influenciar a quantidade de poros, bem como as formas e tamanho dos mesmos (OHJI, FUKUSHIMA, 2012). O preparo do pó cerâmico com o elemento formador de poro pode se dar por prensagem da mistura entre ambos os componentes ou pela formação de uma suspensão bifásica com consequente processamento por vias úmidas, como indicado na Figura 2 (STUDART, 2006). 9 Fig. 2: Esquematização das etapas do processo de Materiais de Sacrifício. FONTE: adaptado de STUDART, 2006. A remoção dos materiais orgânicos se dá na faixa de 200 a 600 ºC e origina grande quantidade de produtos gasosos. Deve acontecer sob taxas muito lentas de aquecimento para evitar a formação exagerada dos subprodutos de aquecimento, bem como o colapso da estrutura cerâmica. Este fato, aliado à dificuldade de se obter uma dispersão homogênea dos materiais de sacrifício, dificultam a aplicabilidade desta técnica industrialmente, uma vez que exige parâmetros de forte controle no processo e tempo demasiadamente longo para remoção dos formadores de poros, apesar de ser uma técnica de custos relativamente baixos (STUDART, 2006; CARLOS et al, 2005). 4.4.3. Gel Casting Nesta técnica, a suspensão do material cerâmico é submetida à uma corrente de gás ou à ação de agentes espumantes, para incorporação da estrutura das bolhas criadas (Figura 3). As bolhas, entretanto, possuem uma tendência à coalescer, dificultando a distribuição homogênea dos tamanhos de poros. Esta é a grande dificuldade de aplicação desta técnica, que consiste em uma alternativa de baixo custo e corpos com porosidade superior a 95%. O uso de estabilizantes permite um maior controle dos tamanhos de poros, porém encarece a técnica (OHJI, FUKUSHIMA, 2012; STUDART, 2006). Fig. 3: Esquematização das etapas do processo de gel casting. FONTE: adaptado de STUDART, 2006. 10 4.5. Sinterização de materiais cerâmicos Os corpos que passaram pelas etapas de processamento; ou seja, pela mistura das matérias-primas (aditivos, sólidos, líquidos) com consequente dispersão, moldagem e consolidação, remoção de líquidos e remoção de orgânicos, são denominados corpos a verde, e seguem para a etapa de sinterização com a finalidade de obter as características e propriedades desejadas mecânica, física e microestruturalmente. A queima dos corpos a verde pode ser dividida em etapas, sendo que a primeira consiste nas reações preliminares (secagem e pré- sinterização), seguida da etapa de sinterização propriamente dita, e resfriamento (REED, 1995). A sinterização não se inicia até que seja atingida uma temperatura suficiente para causar alterações significantes na difusão atômica, quando se trata de sinterização a fase sólida, ou na difusão e viscosidade do fluido, em caso de fase líquida, o que geralmente envolve temperaturas próximas a dois terços da temperatura de fusão do material. Na pré-sinterização ocorre a decomposição dos aditivos orgânicos, a eliminação de águas contidas nas superfícies das partículas, águas adsorvidas da umidade do ar, bem como a água de cristalização presente nas fases inorgânicas, pirólise dos particulados presentes na matéria-prima, mudanças no estado de oxidação de alguns metais de transição e íons terras-raras, e a decomposição de carbonatos, sulfatos etc. Nesta etapa, deve-se levar em consideração que a eliminação dos gases formados deve se dar enquanto a permeabilidade da superfície ainda está alta, de forma a se evitar a formação de trincas e fraturas enquanto a peça ainda está relativamente frágil (REED, 1995). Como já mencionado acima, existem dois tipos de sinterização sem aplicação de pressão externa: a sinterização via fase líquida, e via fase sólida. O deslocamento de material durante esta etapa leva ao fechamento dos poros presentes; a forma com que o material se desloca caracteriza qual tipo de sinterização. De uma forma geral, o primeiro tipo (via fase líquida) leva a um maior fechamento da porosidade, com maior densificação do material, enquanto o segundo tipo (via fase sólida) permite um maior controle sobre a porosidade (BRITO, 2007) Na sinterização via fase sólida ocorre a adesão das partículas, o rearranjo e o re- empacotamento. Em um primeiro estágio, a diminuição da energia total livre do sistema é a força motriz para que ocorra o fluxo de átomos entre as partículas em contato, cuja velocidade de transporte é intensificada pelo aumento da temperatura e presença de partículas pequenas. A difusão na superfície pode levar à adesão de partículas e arredondamento dos grãos, mas não leva à redução do volume. A difusão entre os limites dos grãos leva a um crescimento do pescoço e redução do volume, representando um estágio de grande importância para as 11 características de densificação. Os pescoços formados entre os limites de grãos começam a sofrer deformação (alongamento), até que no estágio final tenha ocorrido o fechamento dos poros, levando a densificação final (MARCHI, 1999; REED, 1995). A Figura 4 representa os estágios da sinterização evidenciando o crescimento do pescoço das partículas em contato. Fig.4: Sinterização das partículas. i) contato inicial; ii) coalescência das partículas, crescimento do pescoço e formação de poros; iii) estágio final da sinterização. FONTE: CALLISTER, 2012. A sinterização via fase líquida ocorre em materiais com baixa mobilidade e baixos valores de coeficiente de autodifusão. Primeiramente ocorre o rearranjo das partículas via forças capilares, em que o líquido carregando algumas partículas sólidas dissolvidas será conduzido para o caminho dos poros, levando a uma densificação. Os grãos formados então se entrelaçam para preenchimento dos espaços vazios. O estágio final da sinterização se dá pela coalescência dos grãos (MARCHI, 1999). A finalização das peças cerâmicas que passaram pelo processo de sinterização ocorre pelo resfriamento das mesmas. A taxa de resfriamento irá depender da estrutura final desejada. O resfriamento lento deve acontecer quando há a transformação para uma estrutura cristalina (REED, 1995). 12 1 A estabilização estérica se dá como uma barreira física, consequência da adsorção das cadeias poliméricas nas partículas dispersas da barbotina (HOTZA, 1997). 5. METODOLOGIA 5.1. Caracterizaçãodo pó cerâmico A área superficial e distribuição do tamanho de partículas baseada na Lei de Stokes do pó cerâmico utilizado no trabalho (Argila Leucítica, já beneficiada) foram determinadas via B.E.T. em equipamento GEMINI 2370, Micromeritics e via sedígrafo, modelo Sedigraph 5100, Micromeritics, respectivamente. Esses ensaios foram realizados no DEMa – UFSCar/SP. A análise química do pó foi realizada na Togni Refratários S.A., através da técnica de fluorescência de Raios X, determinando-se os elementos maiores presentes. 5.2. Obtenção das peças a verde Para o preparo das amostras, foram formuladas as proporções teste de cada material utilizado no preparo da barbotina: água, gelatina sem sabor da marca Royal, defloculante estérico1 (Disperlan LA) e argila leucítica. Primeiramente foram estipulados valores com 40%, 50 % e 60% de teor de sólidos. Após a formulação, verificou-se a inviabilidade de produção de peças com 40% de sólidos devido à dificuldade na retirada do molde, uma vez que a gelatinização não foi suficiente para enrijecer as peças. Ainda assim, descartou-se a formulação de 60% devido à elevada quantidade de defloculante utilizada (aproximadamente 150 gotas), inviabilizando economicamente o processo. Foi então estipulada a nova formulação com 55% de sólidos. As proporções utilizadas encontram-se na Tabela 2. Tabela 2: Relação entre as quantidades utilizadas de cada material na formulação da barbotina. Argila Leucítica (%) Argila (g) Água Gelatina Defloculante (gotas) Razão (Gelatina/H2O) (g) (%) (g) (%) 40 174,7 250 57,25 12 2,74 0 0,048 50 262,0 250 47,71 12 2,29 25 0,048 55 320,2 250 42,93 12 2,06 45~50 0,048 60 393,0 250 38,16 12 1,83 150 0,048 Fonte: próprio autor. 13 Para o preparo da barbotina, a quantidade utilizada de água era dividida ao meio, em que uma parte era levada ao aquecimento e, após a fervura, era adicionada a gelatina. Depois de dissolvida, a outra quantidade de água era adicionada, homogeneizada a solução, e acrescentado lentamente o pó cerâmico, com constante homogeneização da mistura. Ao atingir uma viscosidade elevada; ou seja, uma maior dificuldade para a homogeneização, eram adicionadas gotas do defloculante Disperlan LA, para a continuidade de adição do pó. Depois de pronta, a barbotina era vertida no molde metálico de dimensões 7x12x2 cm, e colocada em geladeira, onde permanecia por 24 horas. Depois de gelatinizada, as peças eram retiradas dos moldes e levadas à estufa para secagem, a 120°C por 2 horas. Um resumo do processo realizado para a obtenção das peças a verde está representado pelo fluxograma a seguir (Figura 5). Figura 5: Fluxograma representativo das etapas para obtenção dos corpos a verde. FONTE: Próprio autor Depois de resfriadas até a temperatura ambiente, as peças foram medidas com o auxílio de um paquímetro e pesadas em uma balança semi analítica, calculando-se então a densidade a verde média das amostras. 5.3. Determinação dos perfis de queima e caracterização das peças acabadas Gelatina Água Quente Água Fria Pó cerâmico Defloculante Conformação Gelatinização Secagem 14 Inicialmente foi realizada uma curva de gresificação para determinação de quais as condições de queima a serem investigadas visando à obtenção de elevada porosidade. A curva de gresificação é considerada uma técnica bastante interessante que auxilia na escolha da faixa de temperatura mais adequada para sinterização de materiais cerâmicos (MELCHIADES et. all, 1996). Quando as curvas de absorção de água e retração linear se tornam constantes, ocorre uma estabilidade dimensional; ou seja, para pequenas variações na temperatura do forno, as dimensões das peças permanecem constantes, o que é essencial para materiais aplicados a revestimentos, por exemplo. Para o estudo da influência das temperaturas de saída do material orgânico, bem como da sinterização, foram estipuladas as condições descritas na Tabela 3. Tabela 3: Condições de queima estudadas para cada grupo de amostras. Condição β1 (°C/min) T1 (°C) τ1 (min) β2 (°C/min) T2 (°C) τ2 (min) T3 (°C) τ3 (min) 1 3 600 90 5 1000 120 1350 180 2 3 600 90 5 1000 120 1100 120 3 3 600 30 5 1000 120 4 3 300 30 5 1000 120 5 3 300 30 5 900 120 6 3 300 30 5 800 120 Fonte: próprio autor. Em que: β significa a taxa de aquecimento; T significa a temperatura em cada etapa de aquecimento; τ significa o tempo de permanência das amostras na temperatura determinada. Depois de queimadas, as amostras tiveram novamente suas dimensões e peso medidas. A caracterização física foi feita através da determinação de Absorção de Água (AA), Densidade Aparente (DA) e Porosidade Aparente (PA) utilizando-se o princípio de Arquimedes, cujas fórmulas encontram-se descritas. As amostras também foram caracterizadas fisicamente com relação à Retração Linear de Queima (RLQ), relacionando os comprimentos do corpo de prova pré-sinterizado (CPS) com o do corpo de prova pós-queima (CQ) 𝐴𝐴 = 𝑀𝑢−𝑀𝑞 𝑀𝑞 ∗ 100 (1) 15 𝑃𝐴 = 𝑀𝑢−𝑀𝑞 𝑀𝑢−𝑀𝑖 ∗ 100 (2) 𝐷𝐴 = 𝑃𝐴 𝐴𝐴 (3) 𝑅𝐿𝑄 = 𝐶𝑃𝑆−𝐶𝑄 𝐶𝑄 ∗ 100 (4) Em que: 𝑀𝑢 é a massa úmida; 𝑀𝑞 é a massa do corpo pós-sinterização; 𝑀𝑖 é a massa do corpo imerso. A resistência mecânica foi determinada através de ensaio de flexão a 3 pontos em uma máquina de ensaios MTS Landmark ServoHydraulic Test System, no campus da USP de Pirassununga. 16 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1. Caracterização do pó cerâmico O valor obtido para a área superficial específica da argila foi muito elevado (39,4 ±,2 m2/g), indicando elevada reatividade do pó, favorecendo a sinterização em tempos e temperaturas mais baixos, o que, sobre o ponto de vista econômico é bastante atrativo. Tal fato é corroborado pela curva de distribuição de tamanho de partículas obtida para o material (Figura 6), onde se observou que 90% do pó está abaixo de 9 mícrons e 50% do pó encontra-se abaixo de aproximadamente 1 mícron. Fig.6: Distribuição do tamanho de partículas via sedígrafo da argila investigada. FONTE: Próprio autor. Os resultados obtidos a partir da análise química (%) da argila encontram-se na Tabela 4. Observa-se a presença dos óxidos de potássio, sódio e ferro, o que favorece a sinterização via fase líquida a mais baixas temperaturas devido à formação de eutéticos. O teor de alumina não tão elevado também favorece uma menor refratariedade do material. Tabela 4: Análise química da argila estudada. Perda ao fogo Al2O3 SiO2 TiO2 Fe2O3 CaO MgO Na2O K2O P2O5 Cr2O3 12,08 36,18 43,41 1,62 2,69 0,05 0,38 0,13 3,22 0,04 0,11 FONTE: Próprio autor. 17 6.2.Caracterização dos corpos a verde A Figura 7(a) ilustra uma amostra retirada da geladeira após o processo de gelatinização com 55% de sólidos. Como já mencionado, as amostras com 40% de sólidos apresentaram dificuldade para serem retiradas do molde, permanecendo em um estado levemente viscoso, como pode ser observado na Figura 7(b). Fig.7: (a) Amostras após o processo de gelatinização com 55 % de sólidos e (b) Amostras com 40% de sólidos Fonte: próprio autor. Depois da conformação da barbotina com conseguinte gelatinização, secagem em estufa, e obtenção das dimensões e peso conforme descrito na metodologia, foram calculados a média e o desvio padrão para cada grupo de amostras. Para as amostras com 50%, 55% e 60% de teor de sólidos, as densidades a verde médias obtidas foram, respectivamente, (1,42±0,13) g/cm³,(1,34±0,04) g/cm³ e (1,50±0,04) g/cm³. Os dados estão expressos através da Figura 8. Fig.8: Gráfico da Densidade a verde média obtida para cada teor de sólido preparado. Fonte: próprio autor. 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 50 55 60 D en si d ad e (g /c m 3 ) Teor de Sólidos (%) 18 Observou-se que as medidas obtidas de densidade a verde não variaram muito considerando-se os desvios observados, o que pode ser atribuído à própria técnica de conformação das barrinhas e ao fato de que o processo de queima ainda não ocorreu e todos os materiais (orgânicos e inorgânicos) estão ainda presentes. 6.3 Curva de Gresificação A Figura 9 mostra o resultado obtido a partir do ensaio de gresificação. Este resultado indica que, em torno de 1200C, há uma acentuada densificação devido à elevada presença de fase líquida oriunda da presença de fundentes – Na2O, K2O e Fe2O3 - e menor refratariedade da argila. Assim, para se obter elevada porosidade na argila (objetivo do trabalho), foi necessário utilizar temperaturas de queima inferiores a 1200C, conforme foram descritas na Tabela 3, de modo a evitar que o processo inicie uma densificação elevada, fechando os poros. Dessa maneira, foram estipuladas temperaturas inferiores à temperatura de gresificação, para obter um maior controle sobre a porosidade final, ressaltando que as temperaturas escolhidas não poderiam ser muito baixas, , já que o corpo não apresentaria mínima resistência mecânica e integridade física. Fig.9: Curva de gresificação da argila investigada. Fonte: próprio autor. 19 6.4. Caracterização dos corpos acabados Após queima (estabelecidas de acordo com a Tab. 3), foram calculadas a Porosidade Aparente (Figura 10) e Densidade Aparente (Figura 11) segundo o princípio de Arquimedes, e também a Retração Linear de Queima (Figura 12). Os resultados obtidos estão expressos em forma de Gráfico de Colunas, com os respectivos Desvios Padrão. No eixo x estão discriminados, respectivamente, a temperatura do primeiro e segundo patamar de queima. Fig.10: Gráfico da Porosidade Aparente (PA) média obtida para cada teor de sólido preparado. Fonte: próprio autor. Fig.11: Gráfico da Densidade Aparente (g/cm3) média obtida para cada teor de sólido preparado. Fonte: próprio autor. 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 600 1350 600 1100 600 1000 300 1000 300 900 300 800P o ro si d ad e A p ar en te ( % ) Temperaturas de Queima (°C) 50% 55% 60% 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 600 1350 600 1100 600 1000 300 1000 300 900 300 800 D en si d ad e A p ar en te ( g /c m 3 ) Temperaturas de Queima (°C) 50% 55% 60% 20 Os gráficos indicam que a partir de 1100C, dentro das condições investigadas, há um aumento crescente da densidade e diminuição da porosidade, o que já era esperado, devido ao aumento de fase líquida e maior sinterabilidade, provocando um fechamento de poros. Para os dados abaixo dessa temperatura, apesar dos desvios associados às medidas, observa-se que, mesmo com variação dos patamares de queima, os resultados mostraram-se bastante semelhantes em termos de porosidade e densidade, o que pode ser atribuído à baixa sinterabilidade enquanto a temperatura de queima não se apromima dos 1100C, não havendo assim força motriz suficiente para provocar uma diminuição acentuada na porosidade com consequente aumento da densidade. Já as medidas de retração linear permitem verificar a influência clara do teor de sólidos presentes, uma vez que quanto maior o teor de sólidos, menor a retração, já que há menos espaços vazios devido à maior presença de argila. Quanto menor a temperatura de queima, menor a retração da amostra. Observa-se ainda que, em se tratando da retração linear, o aumento em 100C nos patamares máximos de queima provocam uma diferença considerável na retração. Fig.12: Gráfico da Retração Linear (%) média obtida para cada teor de sólido preparado. Fonte: próprio autor. Os corpos foram então submetidos ao ensaio de flexão a três pontos, cujos resultados possibilitaram calcular a tensão de ruptura das amostras. As médias obtidas estão representadas na Figura 13. 0 5 10 15 20 25 600 1350 600 1100 600 1000 300 1000 300 900 300 800 R et ra çã o L in ea r ( % ) Temperaturas de Queima (°C) 50% 55% 60% 21 Fig.13: Gráfico da Tensão Máxima média (MPa) suportada para cada teor de sólido preparado. Fonte: próprio autor. Observou-se, à primeira vista, que algumas barras de erro possuem valores elevados, o que reduz a confiabilidade dos resultados. As amostras com 60% de teor de sólidos (representada no gráfico pela cor verde) foram aquelas mais difíceis de serem trabalhadas; ou seja, a conformação pela técnica, utilizando-se 60% de argila, foi muito difícil pois a massa obtida era muito rígida, dificultando sua moldagem. Tal fato gerou problemas durante a secagem da amostra, sendo observada a presença elevada de trincas devido à heterogeneidade dos corpos de prova obtidos. A presença de trincas (Figura 14) foi observada com maior frequência nas amostras com maior teor de argila, o que influenciou diretamente na carga de ruptura, evidenciando que o procedimento executado necessita de aprimoramento para a obtenção de corpos com uma maior homogeneidade. Para amostras com 50% de teor de argila (sólidos), a conformação pela técnica de gelatinização transcorreu normalmente, o que indica maior reprodutibilidade das peças. O gráfico indica também que os corpos sinterizados a temperaturas mais altas apresentam maior resistência mecânica. Isso pode ser observado para a temperatura de 1100°C, cujo valor é mais próximo à temperatura de gresificação de 1200°C e para 1350°C, temperatura acima da qual já se consolidou o processo de densificação. 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 600 1350 600 1100 600 1000 300 1000 300 900 300 800 σ (M P a) Temperaturas de Queima (°C) 50% 55% 60% 22 A Figura 15 permite observar a diferença entre as peças obtidas a 1100°C, à esquerda, e as peças sinterizadas a 1350°C, à direita, onde se percebe que estas últimas estão mais densificadas, com uma coloração mais escura. Fig.14: Amostras após a sinterização evidenciando a presença de trincas. Fonte: próprio autor. Fig.15: (a) Amostras sinterizadas a 1100 ° C e (b) Amostras sinterizadas a 1350 ° C Fonte: próprio autor. Para as temperaturas a partir de 1000°C e abaixo, ainda de acordo com o gráfico apresentado na Figura 13, verifica-se uma queda considerável da resistência mecânica devido ao maior afastamento da temperatura de gresificação, o que favorece uma maior presença de poros. Para a temperatura específica de queima de 1000°C, verificou-se a influência da temperatura de pré queima (primeiro patamar) nas propriedades mecânicas das amostras. É interessante observar que as propriedades físicas das amostras, com primeiro patamar de queima, tanto a 300 como a 600°C, apresentaram pouca variação; entretanto, as propriedades mecânicas são influenciadas pela temperatura utilizada no primeiro patamar da queima. A energia interna das amostras a 600°C é mais elevada que aquela para as amostras a 300°C; 23 contribuindo para um aumento na força motriz do processo como um todo. Sendo assim, é provável que haja uma diminuição não na quantidade, mas sim no tamanho médio de poros dessas amostras, o que, por conseguinte, leva a uma melhora nas propriedades mecânicas. Nesse caso, a utilização da técnica de microscopia eletrônica de varredura seria interessante para confirmar ou não essa hipótese. Os valores obtidos a partir de então apresentaram pouca variação com relação à tensão máxima suportada, apresentando os menores valores dentre os grupos amostrais,verificando que a temperatura de queima, quando abaixo de 1000°C, pouco influencia nas propriedades mecânicas. Quanto ao teor de sólidos para uma mesma temperatura, verifica-se que, para maiores porcentagens de sólido presente, há uma tendência em suportarem maiores tensões, fato que pode ser explicado devido à menor presença de vazios. A Tabela 5 resume os resultados obtidos neste experimento, relacionando porosidade com resistência mecânica, dados a partir dos quais foram obtidos os coeficientes de correlação lineares a fim de se verificar a influência da porosidade nos valores de tensão máxima suportada. O coeficiente de correlação linear (r) obtido foi de -0,82, o que comprova que a porosidade se correlaciona linearmente de maneira inversamente proporcional com a tensão máxima suportada; ou seja, quanto maior a porosidade apresentada pelo corpo este tende a suportar uma tensão menor. Observando ainda a Figura 13, evidencia-se uma fuga da tendência apresentada pelas amostras no que diz respeito aos corpos de 50% queimados a 1350ºC. Quando recalculado o valor de r excetuando-se este grupo amostral, apenas para evidenciar a discrepância por ele apresentada, o valor passa a ser 0,92, considerado uma correlação linear forte. 24 Tabela 5: Valores de porosidade aparente (Φ) obtidos para todos os corpos estudados e as correlatas tensões máximas por flexão a três pontos (σ). Temperatura Propriedade Teor de Sólidos (%) 50 55 60 600/1350ºC Φ (%) 3,82±1,3 - 2,10±0,32 σ (MPa) 5,3±0,7 - 10,9±2,5 600/1100ºC Φ (%) 37,47±0,77 29,29±0,11 - σ (MPa) 6,8±0,5 7,5±1,8 - 600/1000ºC Φ (%) 45,71±1,57 45,93±0,24 - σ (MPa) 1,4±0,3 1,8±0,6 - 300/1000 ºC Φ (%) 45,12±0,43 45,82±0,42 - σ (MPa) 0,65±0,09 0,86±0,22 - 300/900 ºC Φ (%) 44,75±2,6 46,21±0,55 - σ (MPa) 0,659±0,006 0,6±0,1 - 300/800 ºC Φ (%) 45,74±0,64 45,55±0,39 - σ (MPa) 0,44±0,08 0,56±0,1 - Fonte: próprio autor. Os valores obtidos neste experimento foram comparados com valores da literatura (utilizando-se outras técnicas de conformação) a fim de se ter uma melhor avaliação da qualidade dos corpos de prova obtidos pela técnica aqui estudada. No trabalho desenvolvido por Ramalho (2012), foi utilizado o método da réplica para obtenção de aluminas porosas, obtendo corpos retangulares com porosidade (%) de (78,21 ± 2,86) e resistência a flexão por 4 pontos de (1,74 ± 0,57) MPa. Estes valores representam uma porosidade aproximadamente 75% maior que os máximos valores obtidos com a gelatinização, e a resistência a flexão não apresenta discrepância. Ainda com o método da réplica, Torquato (2012) estudou o desenvolvimento de filtros cerâmicos de sistemas Al2O3-LZCA e Al2O3-SiC, confeccionados com duas distribuições de poros por polegada linear (10 e 20 ppi), cujos resultados obtidos para porosidade e resistência mecânica a flexão por 4 pontos estão expressos na Tabela 6 e na Figura 16, respectivamente. Da mesma forma, verifica-se que os valores de porosidade encontrados são aproximadamente 80% maiores, e resistência mecânica variando em faixas não discrepantes com relação às 25 encontradas via gelatinização. Em ambos os casos, tem-se desvios muito mais elevados, o que compromete a confiabilidade nos resultados publicados pelos autores. Tabela 6: Valores de porosidade para os sis- temas estudados por Torquato. Amostras Porosidade (%) Al2O3-SiC 10ppi 84,97±1,35 Al2O3-SiC 20ppi 86,67±1,27 Al2O3-LZSA 10ppi 86,64±2,26 Al2O3-LZSA 20ppi 86,94±1,01 Fonte: Torquato, 2012. Figura 16: Valores de resistência mecânica (MPa) para filtros cerâmicos de sistemas Al2O3-LZCA e Al2O3-SiC. Fonte: Adaptado Torquato, 2012. Dutra e Pontes (2002) utilizaram pó de madeira como material de sacrifício para obtenção de argilas porosas, através de prensagem uniaxial sob 2400 Kgf/cm2, produzindo peças com porosidades e resistência mecânica a flexão por 3 pontos expressos na Tabela 7. A maior porosidade por eles obtida foi de 54,86%, valor aproximadamente 20% maior que os obtidos com a técnica abordada neste projeto, com uma resistência mecânica também superior. Cabe ressaltar que não há informação sobre os desvios referente aos valores obtidos. Tabela 7: Valores de porosidade e resistência mecânica encontradas por Dutra e Pontes no estudo de argilas porosas. 1100ºC 1150ºC 1200ºC Teor de pó (%) Porosidade (%) σ (MPa) Porosidade (%) σ (MPa) Porosidade (%) σ (MPa) 0 28,13 25 22,16 37,7 17,51 52,1 10 34,77 19,7 34,74 32,5 30,98 34,2 20 50,88 8,4 44,82 18,1 41,67 22,6 30 54,86 4,7 51,71 11,7 49,47 15 Fonte: DUTRA; PONTES, 2002. Através do método gel casting, utilizando H2O2 como agente formador de poros para obtenção de biocerâmicas compostas por hidroxiapatita e titânia, Fidancevska et al (2007) obtiveram valores de (65 ± 4) de porosidade (%), com resistência mecânica por flexão a 3 26 pontos de (2,1 ± 0,3) MPa. Potoczek (2007), também via gelcasting para processamento de alumina porosa, utilizando soluções de agarose obteve resultados que estão dispostos na Tabela 8. Os resultados obtidos por gelcasting também se mostraram passíveis de obtenção de peças cerâmicas de elevada porosidade e resistência mecânica. Tabela 8: Valores de porosidade e resistência mecânica encontradas por Potoczek via gelcasting. % de agarose em massa Porosidade (%) Resistência a flexão a 3 pontos (MPa) 0,5 89,9 ± 0,3 2,71 ± 0,43 0,75 88,2 ± 0,2 3,68 ± 0,49 1 85,7 ± 0,4 5,50 ± 0,53 Fonte: Potoczek, 2007. A partir dos resultados apresentados até o momento e, estabelecendo-se um comparativo com técnicas clássicas e já consolidadas, observa-se que a técnica de gelatinização apresenta potencial para obtenção de corpos porosos e com satisfatória resistência mecânica. Os parâmetros de processo necessitam maior estudo e aprimoramento para otimização da técnica; todavia, se considerado o fato da técnica nunca ter sido explorada, tem-se aqui resultados bastante promissores. 27 7. CONCLUSÕES Os resultados apresentados levam a concluir, em uma primeira análise, que a produção de materiais cerâmicos pelo método de gelatinização a frio é viável, proporcionando corpos com integridade física e resistência mecânica mínima para que seja interessante a continuidade dos estudos voltados ao aprimoramento da técnica. Quando comparado a outras técnicas convencionais já consolidadas, percebe-se que, com relação aos níveis de porosidade obtidos e resistência mecânica, ainda há muito que ser melhorado, porém não se pode deixar de destacar a facilidade do processamento adotado, o baixo custo, e a não dependência de solventes tóxicos. Dentre os grupos amostrais estudados, os corpos sinterizados a 1350ºC não se mostraram interessantes, visto que apesar de apresentarem os maiores valores de tensão máxima suportada, a porosidade obtida foi extremamente baixa, o que foge do objetivo proposto. Os corpos sinterizados abaixo de 1000ºC apresentaram uma queda significativa na resistência mecânica, e em pouco se diferenciaram com relação à porosidade, o que os coloca como potenciais foco de estudo, bem como aqueles queimados a 1100ºC. Quanto ao teor de sólidos, a princípio já foi descartado a continuidade da produção com 60%, visto que exige uma demanda muito alta de defloculante, o que encarece a técnica, e ainda assim continuou apresentando dificuldades para disposição nos moldes. Desta maneira, os melhores resultados obtidos foram para as amostras de 50% e 55% de sólidos, queimadas a 1100ºC e demais temperaturas inferiores à essa. 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERÂMICA, ABC. Informações Técnicas. 2015. Disponível em: <http://www.abceram.org.br/site/index.php> Acesso em: 14 de Abril de 2015. AMERICANCERAMIC SOCIETY, ACS. The History of ceramics. Disponível em: <http://ceramics.org/learn-about-ceramics/history-of-ceramics> Acesso em: 09 Abril 2015. 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