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Curso Damásio - Módulo 11

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COMPLEXO JURÍDICO
DAMÁSIO DE JESUS
A excelência no ensino do Direito
Curso do Prof. Damásio
COMPLEXO JURÍDICO
DAMÁSIO DE JESUS
A excelência no ensino do Direito
___________________________________________________________________
CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO XI
CURSO ANUAL
OPÇÃO 3
Direito Econômico e Financeiro
Direito Eleitoral
Direito Internacional
Direito Previdenciário
Direitos Humanos
Medicina Legal
__________________________________________________________________
Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010
Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br
Curso do Prof. Damásio
___________________________________________________________________
CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO XI
DIREITO ADMINISTRATIVO
Licitação
__________________________________________________________________
Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010
Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br
DIREITO ADMINISTRATIVO
Licitação
Prof. Márcio Fernando Elias Rosa
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
O Poder Público não tem a liberdade que possuem os particulares para contratar, seja para atender as suas necessidades ou as da coletividade. Ao celebrar contratos o Poder Público deve preservar o interesse público, observando dois valores distintos:
· isonomia: o administrador público deve tratar igualmente os administrados e, em especial, os que tenham interesse em contratar; 
· probidade: o Poder Público deve sempre escolher a melhor alternativa para a garantia dos interesses públicos, seja em razão do preço ou da técnica necessária. 
Extraímos, desses valores que a licitação possui duas finalidades:
a) permitir a melhor contratação possível (seleção da proposta mais vantajosa);
b) possibilitar que qualquer interessado possa validamente participar da disputa pelas contratações. 
2. Conceito
Licitação é o procedimento administrativo por meio do qual o Poder Público, mediante critérios preestabelecidos, isonômicos e públicos, busca escolher a melhor alternativa para a celebração de um ato jurídico (conceito amplo, que envolve tanto os atos administrativos quanto os contratos).
Na realidade, vale ressaltar que independe a fixação da designação, se processo ou procedimento, porquanto ambos são aceitos na doutrina (a Constituição Federal emprega a expressão “processo de licitação”).
3. OBJETO
De acordo com o artigo 1.º da Lei n. 8.666/93, constituem objeto possível para o certame licitatório obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, locações, concessões e permissões, quando contratadas pela Administração. 
4. Competência para legislar em matéria de licitação 
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 22, inciso XXVII, estabelece que compete privativamente à União legislar sobre normas gerais em matéria de licitações.
A União não possui competência privativa para legislar sobre normas específicas. Todos os entes federativos têm competência para legislar sobre normas específicas, desde que não extrapolem os limites das normas gerais, ou seja, a edição de leis sobre licitação deve obedecer às normas traçadas pela União.
Assim, temos que, a competência para legislar em matéria de licitação é concorrente. 
As normas legislativas provenientes da União são de âmbito nacional ou federal (esta aplicável somente à União), são normas que abarcam uma generalidade maior do que a
 da lei comum. Disso se extrai que a norma geral traz um comando genérico, permitindo que outra norma trate do mesmo assunto. 
O legislador estabeleceu, na Carta Magna, as normas gerais de caráter essencial para a licitação, tendo em vista a existência de entes federativos díspares. Com isso, visou unificar a licitação em todo o país. 
5. Licitação e ato licitatório
No Direito brasileiro, o ato licitatório (contrato) não faz parte do procedimento da licitação.
 O vencedor da licitação pode não ser contratado, pois tem apenas uma expectativa de direito.
6. Fundamentos Constitucionais da Licitação
O inciso XXI, do artigo 37, da Constituição Federal, consagra o dever de licitar. A Administração direta ou indireta tem o dever de efetivar a licitação, para contratar regularmente. 
“Art. 37.(...)
 XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”
O artigo 173, § 1.º, inciso III, da Constituição Federal, impõe sobre o dever de licitar para as sociedades de economia mista e empresas públicas que exploram atividades econômicas.
O caput do artigo 175 da Constituição Federal afirma que as concessões e as permissões de serviços públicos devem ser antecedidas de licitação.
7. Legislação Infraconstitucional da Licitação
O Decreto-Lei n. 200/67, conhecido como a Reforma Administrativa Federal, foi baixado na época da ditadura e até hoje continua em vigor. Porém, a parte que dispunha sobre licitação foi revogada pelo Decreto-Lei n. 2.300/86. Este, por sua vez, foi revogado pela Lei n. 8.666/93 que disciplina as normas gerais da licitação.
O problema da lei é que ela é centrada em licitações de obras públicas e serviços de engenharia tratando, superficialmente, de obras não públicas e serviço que não de engenharia. Também não possui sistematização, sendo alguns assuntos tratados no início, no meio e no fim da lei.
Pergunta: A quem se aplica essa lei (Lei n. 8.666/93)?
Resposta: O artigo 1.º da Lei n. 8.666/93 dispõe que a lei estabelece normas gerais que se aplicam no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
No entanto, a lei não contém apenas normas gerais e que são dirigidas a todos os Entes da Federação e aos Três Poderes da República. Estados, Municípios e o Distrito-Federal devem legislar, adaptando suas normas às normas gerais previstas na Lei n. 8.666/93.
As normas gerais são as de conteúdo amplo, como as que indicam o procedimento, as modalidades, os tipos de licitação, as hipóteses de dispensa e de inexigibilidade, as regras contratuais, dentre outras. 
As normas específicas, no entanto, são dirigidas apenas à Administração Federal. Assim, o Estado-membro não pode legislar para ampliar as hipóteses de contratações diretas, mas poderá legislar para restringi-las.
8. Princípios Gerais da Licitação
O artigo 3.º da Lei n. 8.666/93 estabelece os princípios da licitação (legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao instrumento convocatório e julgamento objetivo) e termina sua redação observando: “... e dos princípios que lhe são correlatos”. Verifica-se que o rol de princípios previstos nesse dispositivo não é exaustivo.
8.1. Princípio da Legalidade, da Impessoalidade, da Publicidade e da Moralidade
O artigo 3.º, caput, da Lei n. 8.666/93 faz referência aos princípios da legalidade, impessoalidade, publicidade e moralidade, não relacionando o princípio da eficiência porque, quando do surgimento da lei, em 1993, ainda não existia no caput do artigo 37 da Constituição Federal a sua menção, que somente apareceu em 1998, com a Emenda Constitucional n. 19. O que não implica dizer que tal princípio não deva ser observado.
8.2. Princípio da Isonomia (Igualdade Formal, ou Igualdade)
Previsto no caput do artigo 5.º da Constituição Federal.
Esse princípio não se limita ao brocardo “os iguais devem ser tratados igualmente; os desiguais devem ser tratados desigualmente, na medida de suas desigualdades”. 
O fato de se exigir licitação para a celebração de negócios com particulares não representa simplesmente o anseio estatal de alcançar o melhor serviço ou produto com menores ônus, mastambém, na obrigação de conceder aos particulares a oportunidade de disputar em igualdade de condições, como já ressaltado.
Para o Professor Celso Antonio Bandeira de Mello, é errado imaginar que o princípio da isonomia veda todas as discriminações. Discriminar (retirando seu sentido pejorativo) é separar um grupo de pessoas para lhes atribuir tratamento diferenciado do restante, assim assevera: “Isonomia é igualdade entre os iguais, isto é, entre os que preencham as mesmas condições ou se encontram em situações comparáveis”.
 
Pergunta: Quando a discriminação da norma é compatível com o princípio da isonomia?
Resposta: Deve-se confrontar o fato, discriminado pela norma, com a razão jurídica pela qual a discriminação é feita, a fim de verificar se há ou não correspondência lógica e respeito ao princípio da isonomia.
Exemplos didáticos:
· Abertura de concurso público para o preenchimento de vagas no quadro feminino da polícia militar. Qual é o fato discriminado pela norma? É o sexo feminino. Qual é a razão jurídica pela qual a discriminação é feita? A razão jurídica da discriminação é o fato de que, em determinadas circunstâncias, algumas atividades policiais são exercidas de forma mais adequada por mulheres. Há, portanto, correspondência lógica entre o fato discriminado e a razão pela qual a discriminação é feita, tornando a norma compatível com o princípio da isonomia. 
· Uma licitação é aberta, exigindo de seus participantes um determinado equipamento. Qual é o fato discriminado pela norma? É o determinado equipamento. Qual é a razão jurídica pela qual a discriminação é feita? Responde-se com outra indagação: o equipamento é indispensável para o exercício do contrato? Se for, a discriminação é compatível com o princípio da isonomia. 
8.3. Princípio da Probidade
Veicula o princípio da moralidade administrativa e obriga a todos: o administrador que necessita contratar e o particular que quer ou pretender ser contratado. Ser probo nas licitações é escolher objetivamente a melhor alternativa para os interesses públicos, não gerando prejuízo ou não se aproveitando da incúria do administrador. Por isso, a lei também reprime o ajuste entre os participantes da licitação, a fraude ou devassa das propostas etc. A probidade, como dito, obriga a todos. 
8.4. Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório
O instrumento convocatório é o ato administrativo que chama os interessados a participarem da licitação; é o ato que fixa os requisitos da licitação. É nomeado, por alguns autores, de “lei daquela licitação”, ou de “diploma legal que rege aquela licitação”. Geralmente vem sob a forma de edital (princípio da vinculação ao edital - artigo 41 da Lei n. 8.666/93), exceção é o convite.
O processamento de uma licitação deve estar rigorosamente de acordo com o estabelecido no instrumento convocatório. Os participantes da licitação têm a obrigação de respeitá-lo.
8.5. Princípio do Julgamento Objetivo da Proposta
Esse princípio afirma que as licitações não podem ser julgadas por critérios subjetivos e discricionários. Os critérios de julgamento da licitação devem ser objetivos e uniformes para as pessoas participantes (v. artigo 45 da Lei n. 8.666/93). Exemplo: em uma licitação é estabelecido o critério do menor preço. A definição do que seja o menor preço deve atender a critérios técnicos, objetivos e capazes de serem alcançados por todos os participantes. 
8.6. Princípio do Procedimento Formal 
Estabelece que as formalidades prescritas para os atos que integram as licitações devem ser rigorosamente obedecidas. Constitui direito público subjetivo a sua fiel observância. A realização do certame segundo as regras legais não interessa apenas à Administração ou aos participantes, mas a qualquer cidadão ou a toda coletividade.
8.7. Princípio da Adjudicação Compulsória
Esse princípio tem denominação inadequada. 
Afirma que, se em uma licitação houver a adjudicação, esta deverá ser realizada em favor do vencedor do procedimento (artigo 50 da Lei n. 8.666/93). 
A impropriedade da nomenclatura encontra-se no fato de que nem sempre a licitação leva à adjudicação, na medida em que pode o contrato não vir a ser celebrado. Afinal, o licitante vencedor não tem direito adquirido à futura contratação, possui apenas uma expectativa de direito em relação a ela.
Importante ressaltar que o licitante vencedor tem a obrigação de manter os termos da proposta inicialmente formulada durante o prazo de 60 dias, contados da data de sua entrega. A adjudicação indica, assim, que em havendo contratação o vencedor terá direito a celebrá-la.
8.8. Princípio do sigilo das propostas
Estabelece que as propostas de uma licitação devem ser apresentadas de modo sigiloso, sem que se dê acesso público aos seus conteúdos. Devassar conteúdo de proposta apresentada é crime (Lei n. 8.666/93, artigo 94) e, ainda, prática de ato de improbidade administrativa (Lei n. 8.429/92, artigo 10, inciso VIII). O princípio está diretamente relacionado a outro (o da probidade) e quer evitar a fraude realizada pelos participantes com ou sem o conluio de agentes públicos.
8.9. Princípio da competição ou competitividade
Trata da impossibilidade de serem colocadas cláusulas e regras em uma licitação com o intuito de eliminar ou reduzir o âmbito normal de competição de um procedimento licitatório.
Quanto maior a competição melhor para a Administração Pública.
8.10. Princípio da Ampla Fiscalização da Licitação
A fiscalização é essencial para a garantia de todos os princípios expostos, e pode ser feita não apenas pelos participantes da licitação como por qualquer cidadão ou órgão público.
A manutenção de respeito ao procedimento formal (visto anteriormente) constitui direito público de todos, e admite toda forma de fiscalização. Assim, qualquer pessoa que demonstrar legítimo interesse poderá examinar os autos do procedimento administrativo em que se realiza a licitação e, eventualmente, impugnar os atos praticados.
A fiscalização instrumentaliza, sobretudo, o controle externo da atividade administrativa.
COMPLEXO JURÍDICO
DAMÁSIO DE JESUS
A excelência no ensino do Direito
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CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO XI
DIREITO CIVIL
Contratos
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DIREITO CIVIL
Contratos 
Prof. Vitor Frederico Kümpel
1. CONTRATO DE COMPRA E VENDA
1.1. Conceito
Contrato de compra e venda é o contrato pelo qual o vendedor se obriga a entregar um bem corpóreo ou incorpóreo, e o comprador compromete-se a pagar o preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente (título de crédito).
O contrato de compra e venda não transfere a propriedade: trata-se de um justo título, uma causa para que a propriedade se transmita. O artigo 481 do Código Civil demonstra que o acordo apenas obriga as partes reciprocamente, ocorrendo a transmissão do domínio com a tradição (para bens móveis, artigo 1.267, parágrafo único, do Código Civil), ou registro (para imóveis, artigo 1.246 do Código Civil).
1.2. Características do Contrato de Compra e Venda
· Bilateral: gera obrigação para ambos os contratantes;
· Oneroso: os contraentes auferem vantagem que corresponde a um sacrifício, existindo equilíbrio econômico;
· Consensual: a manifestação de vontade torna perfeito o contrato (artigo 482 do Código Civil);
· Informal: não exige forma predeterminada, salvo se o bem for imóvel;
· Comutativo e aleatório: em princípio é comutativo – pode-se antever as obrigações das partes; no entanto, será aleatório na incidência dos artigos 458 a 461 do Código Civil. 
Contrato aleatório, como o próprio nome explica, é aquele que possui uma álea (risco, sorte) que torna impossível a previsão da prestação de uma ou das duas partes.
Há dois tipos de álea no contrato de compra e venda:
a) Álea de coisa futura 
É aquelaem que o risco recai sobre um objeto que não existe no plano real, no momento da manifestação de vontade. Existem duas hipóteses de coisa futura:
· Artigo 458 do Código Civil – emptio spei (esperança de venda): o objeto é imaterial, existindo mera probabilidade de sua existência. No momento do cumprimento da obrigação (por exemplo, lançar a rede para pegar os peixes), o comprador obriga-se a pagar pelo lanço, ainda que nada advenha. 
· Artigo 459 do Código Civil – emptio rei speratae (esperança sobre a coisa vendida): compra-se um objeto futuro indeterminado em sua quantidade (diz a lei) e qualidade (acrescenta a doutrina). Tomando o exemplo anterior, o comprador obriga-se a pagar pelo peixe, não pelo lanço da rede, o que traz maior segurança para o comprador.
Obsesrvação: o artigo 1.119 do Código Civil contém um erro gráfico em seu parágrafo único – não é adquirente, é alienante. O erro foi corrigido na atual redação do parágrafo único do artigo 459. 
b) Álea de coisa exposta a risco
O objeto é certo e determinado; porém nem o comprador nem o vendedor conhecem sua qualidade no momento do cumprimento da prestação.
Dispõe o artigo 460 do Código Civil que, se o risco for assumido pelo adquirente, o alienante terá direito ao preço, ainda que a coisa não exista, no todo ou em parte, no instante do cumprimento do contrato – por exemplo, envio de mercadoria por meio de transporte de segurança duvidosa.
1.3. Elementos do Contrato de Compra e Venda
1.3.1. Objeto
a) Existência
A existência deve ser real ou potencial.
b) Comerciabilidade
O objeto deve estar no comércio. Estará fora do comércio se a lei, a ordem natural ou a vontade das partes (cláusula de inalienabilidade – artigo 1.911 do Código Civil) assim estipular. Não se pode colocar cláusula de inalienabilidade em negócio oneroso; somente em doação ou testamento.
c) Exeqüibilidade
O objeto deve ser possível de ser levado à hasta pública e possuir liquidez; para isso deve-se conhecer o gênero e a quantidade.
d) Transferibilidade
Poder que o vendedor tem sobre a coisa para transmiti-la ao comprador. Exceção: transferibilidade retroativa – ocorre quando o alienante transfere a propriedade de um bem que adquirirá posteriormente. Exemplo: A empresta uma caneta para B, que a vende para C (alienação de coisa alheia, não permitida pelo nosso Direito); acontece que, em ato seguinte, A vende a caneta a B – deu-se, então, a superveniência do domínio que torna perfeita a alienação de B para C.
1.3.2. Preço
a) Pecuniariedade
O bem deve permitir sua conversão imediata em dinheiro.
b) Seriedade
Seriedade é a equivalência do preço com o objeto.
c) Certeza
É a determinação do preço no momento da manifestação de vontade das partes. Exceções: 
· quando houver fator de indexação (preço estabelecido em bolsa ou mercado de balcão);
· quando as partes nomearem árbitro, mandatário, para fixar o preço. Esse mandato é irrevogável.
1.3.3. Consentimento
O consentimento é uma limitação subjetiva ao poder de contratar e requer capacidade das partes.
Um cônjuge não pode alienar bem imóvel ao outro cônjuge (fere o regime de bens). Dissolvido o casamento, não há qualquer impossibilidade. Ainda: um cônjuge somente poderá alienar um bem imóvel com expressa autorização do outro.
O ascendente, para alienar um bem a um descendente, precisa da expressa anuência dos demais descendentes, sob pena da anulabilidade da compra e venda. Para doação não há necessidade de anuência.
Ocorrendo a venda, o bem não é chamado à colação, visto ter havido pagamento em troca do bem.
· Doação aos descendentes: há presunção de que recai sobre a legítima;
· Doação a terceiros: sai da parte disponível.
1.4. Efeitos da Compra e Venda
O vendedor deverá fazer a entrega da coisa e o comprador pagar o preço.
Se houver ausência de determinação no contrato, o comprador deve pagar primeiro, seguindo-se a entrega do objeto pelo vendedor (artigo 491 do Código Civil).
No caso de perecimento do bem, quem perde é o vendedor (res perit domino – a coisa perece para o dono), se ainda não ocorreu a tradição da coisa móvel ou o registro do imóvel.
1.5. Compra e Venda de Imóveis
a) Ad corpus
É aquela em que o comprador adquire um bem certo e determinado, independentemente da metragem desse objeto, como, por exemplo, compra do imóvel X, seja qual for sua medida.
b) Ad mensuram
A metragem é fator essencial do negócio; o preço é avaliado com base na extensão do imóvel.
O nosso sistema autorizou as duas hipóteses: quando houver dúvida, o juiz deve considerar a venda como um todo, ad corpus, sendo a referência dimensional apenas enunciativa, conforme dispõe o § 1.º do artigo 500, do Código Civil.
O Código de Defesa do Consumidor proíbe a compra e venda ad corpus, pois a publicidade e as informações as sempre essenciais.
O Código Civil, no artigo 501, estabeleceu que o prazo para propor ação redibitória ou ação "quanti minoris" ou mesmo a "actio ex empto" (complemento da área) é de um (1) ano decaindo a contar do registro do título. Lembre que o prazo anterior era de 20 (vinte) anos.
1.6. Cláusulas Especiais da Compra e Venda
Cláusulas especiais da compra e venda são preceitos que implicam uma variabilidade no contrato de compra e venda, dando poder de disposição às partes contratantes. As cláusulas podem ser adjetas ou adjetivas.
1.6.1. Retrovenda
Cláusula acessória, acidental ou adjeta é a que vem unida ou jungida à principal, estando subordinada a ela. A retrovenda ou pactum de retrovendum é a cláusula adjeta à compra e venda, pela qual o vendedor se reserva o direito de reaver, em certo prazo, o imóvel alienado, restituindo ao comprador o preço, mais as despesas por ele realizadas, inclusive as empregadas em melhoramentos do imóvel (artigos 505 e seguintes. do Código Civil). 
Exemplo: Fulano, em dificuldade financeira transitória para arranjar capital, vende seu imóvel a Sicrano, sob a condição de recobrá-lo no prazo pactuado ou legal, mediante restituição do preço e demais despesas feita pelo comprador.
O pacto de retrovenda só é admissível se o objeto for bem imóvel e torna a propriedade resolúvel, já que tem o condão de restituir as partes ao status quo ante. O imóvel vendido retorna ao patrimônio do alienante que restituir ao adquirente o preço e todas as demais despesas, inclusive as de escritura, impostos de transmissão de bens imóveis, emolumentos de registro e melhoramentos.
O vendedor conserva ação contra terceiros adquirentes do imóvel em que se estipulou a retrovenda, ainda que esses desconheçam a cláusula de retrato (artigo 507 do Código Civil); isso ocorre porque o comprador tem propriedade resolúvel do imóvel (artigo 1.359 do Código Civil). É o próprio exercício do direito de seqüela do vendedor que, pelo princípio da aderência, buscará o bem onde quer que se encontre. Resolve-se a propriedade mesmo que o pacto de retrovenda não tenha sido averbado no Registro Imobiliário.
Dispõe o artigo 505 do Código Civil que o prazo para o retrato não pode exceder três anos, reputando-se não-escrito o excesso convencionado pelas partes e presumindo-se estipulado o máximo do tempo se os contratantes silenciarem.
1.6.2. Venda a contento e sujeita a prova
A venda a contento é a cláusula que subordina o contrato à condição de ficar desfeito o negócio se o bem não agradar o comprador. É a venda que se realiza sob a condição de só se tornar perfeita e obrigatória se o comprador declarar que a coisa adquirida lhe satisfaz. O comprador precisa aceitar o bem alienado.
Qualquer que seja o objeto, é possível estabelecer a cláusula que terá mais eficácia nos contratos de gêneros que se costuma provar, medir, pesar, ou experimentar antes de aceitos (artigo 509 do Código Civil). Exemplo: venda de roupas sob medida.
Nesses contratos estabelece-se uma condição suspensiva, não se aperfeiçoando a avença até que o adquirente se sinta satisfeito. É possível, porém, o estabelecimento de cláusula resolutiva, dissolvendo-se o contrato ante o desagrado do comprador. Se estabelecida a condição suspensiva,o comprador assume a condição de comodatário (artigo 511 do Código Civil), com o dever de restituir a coisa que lhe foi emprestada, respondendo por perdas e danos em caso de culpa ou mora. O comprador não se responsabiliza pelo caso fortuito.
1.6.3. Preempção
A preempção ou preferência, de acordo com Caio Mário, é o pacto adjeto à compra e venda em que o comprador de coisa móvel ou imóvel fica com a obrigação de oferecê-la a quem lha vendeu, para que esse use de seus direitos de prelação em igualdade de condições, no caso de pretender vendê-la ou dá-la em pagamento (artigo 513 do Código Civil). Tal cláusula dá ao vendedor a condição de readquirir o bem que já foi seu, caso o comprador resolva aliená-lo.
O prazo decadencial varia conforme a natureza do objeto: tratando-se de bem móvel, decai em três dias; se bem imóvel, em sessenta dias, contados da oferta, isto é, da data em que o comprador notifica o vendedor (artigo 516 do Código Civil). Ressalte-se que o prazo anterior para o bem imóvel era de 30 dias segundo o velho artigo 1.153. Após esse prazo, o comprador poderá vender a terceiros.
P.: É possível a prelação parcial?
R.: Segundo caio mário, não é possível. Porém, se a pessoa adquiriu cotas ideais de diversos condôminos, a preferência poderá ser exercida pró-parte.
Se o comprador não notificar o vendedor da alienação, responderá por perdas e danos (artigo 518 do Código Civil). O atual dispositivo legal acresceu que o adquirente responde solidariamente quando procede de má-fé. Tal disposição não existia no Código Civil de 1916. Não é possível ao ex-proprietário reaver o bem e somente será indenizado pelas perdas e danos. O mesmo ocorre na desapropriação, caso o poder expropriante pretender vender o imóvel expropriado e deixar de oferecê-lo ao ex-proprietário pelo mesmo preço. O expropriado tem cinco anos para mover ação de retrocessão, pleiteando perdas e danos – que consistem no valor do bem no instante que deveria ter sido oferecido ao expropriado, caso o expropriante respeitasse a preferência.
1.6.4. Pacto de melhor comprador
O instituto foi revogado pelo atual Código Civil, porém era previsto no sistema anterior e deve ser mantido apenas para um conhecimento histórico –evolutivo.
O pacto de melhor comprador ou pactum addictiones in diem era a estipulação em que se dispunha que a venda de imóvel ficaria desfeita caso se apresente, dentro do prazo não superior a um ano, outro comprador oferecendo preço mais vantajoso.
O prazo de um ano era decadencial, não se prorrogando nem se suspendendo.
1.6.5. Pacto comissório
O instituto acima era previsto pelo Código Civil de 1916, não tendo sido acolhido pelo atual sistema legal, pelo simples fato do instituto da compra e venda com reserva de domínio ser muito mais moderno e abarcar todas as situações prestigiadas pelo pacto comissório. A manutenção do instituto também tem apenas um cunho histórico – evolutivo. A venda com reserva de domínio, muito embora prevista pelos artigos 521 a 528 do Código Civil, não deve ser estudada no Direito Civil, pois já que se trata de instituto processual devendo ser analisado quando da análise modular do Código de Processo Civil. 
O pacto comissório, pactum de comissium, era a cláusula inserida no contrato pela qual os contraentes anuíam que a venda se desfizesse, caso o comprador deixasse de cumprir suas obrigações no prazo estipulado.
A venda remanescia sob condição resolutiva; se no prazo estipulado o comprador não pagasse o preço, poderia o vendedor desfazer o negócio ou pedir o preço.
O vendedor podia optar, no caso de inadimplemento, em pedir o preço ou desfazer a venda, sendo que, passados dez dias do vencimento do prazo e não existindo reclamação do preço pelo vendedor, estaria desfeito o negócio. Desnecessária era a interpelação para a constituição em mora.
Prescindia de pronunciamento judicial resolutório do contrato, porque esse produzia seus efeitos automaticamente. Desfeita a venda, a coisa voltava a integrar o patrimônio do vendedor, que repunha ao comprador as quantias que dele recebeu. Nada impedia que o direito do vendedor fosse exercido pelos seus sucessores e contra os sucessores do comprador.
1.6.6. Da venda sobre documento
É uma nova cláusula especial estabelecida nos artigos 529 a 532 do Código Civil. É uma modalidade de compra e venda na qual a tradição da coisa é ficta, isto é, é substituída pela entrega de um título que representa o objeto do contrato de compra e venda. 
O comprado ao receber o documento, que corresponde ao objeto não pode se recusar em pagar o preço. O pagamento deve ser feito na data e no local da entrega do documento, já que a entrega do documento é a entrega do próprio objeto.
2. CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA 
2.1. Conceito
Segundo clóvis bevilácqua, contrato de troca ou permuta é o contrato pelo qual as partes se obrigam dar uma coisa por outra que não seja dinheiro.
2.2. Características 
É um contrato bilateral, oneroso, comutativo, consensual e informal (salvo se um dos bens for imóvel, quando será realizado por escritura pública).
A propriedade não se transfere com o contrato, mas sim com a tradição (bem móvel) ou registro (bem imóvel).
2.3. Objeto
São dois os bens objeto da permuta. Não haverá escambo se a obrigação de uma das partes for a prestação de serviços. São objetos de troca todas as coisas que podem ser alienadas, não precisando haver uma correlação precisa de valores. Exemplo: um móvel por um imóvel. 
2.4. Relação com a Compra e Venda
A troca tem a mesma natureza da compra e venda, dela diferenciando-se em primeiro lugar porque a prestação das partes é sempre em espécie. A segunda diferença é que, no contrato de troca, a parte tem direito de pedir de volta o que deu, caso não tenha recebido o outro objeto. No contrato de compra e venda isso não é possível, já que a inexecução de uma das partes gera perdas e danos. A troca encerra uma dupla venda, enquanto a compra e venda encerra uma única venda.
O artigo 533 do Código Civil dispõe que: “Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes modificações: I – salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca; II – é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante”.
O Código Civil trata nos artigos 534 a 537 do contrato estimatório, porém a matéria refoge a alçada do Direito Civil, pois o contrato em questão é mercantil e deve ser tratado no lugar próprio.
3. DOAÇÃO
3.1. Conceito 
O artigo 538 do Código Civil define a doação como o contrato em que uma das partes, por liberalidade, transfere bens ou vantagens do seu patrimônio para terceiro, que os aceita.
3.2. Características
· Contratualidade: o nosso Código Civil considerou expressamente a doação como um contrato, exigindo para sua formação a intervenção do doador e do donatário. Dessa maneira, temos a distinção do testamento que é uma liberalidade causa mortis, ato unilateral.
· “Animus donand”i: é a vontade do doador de fazer uma liberalidade, que proporciona ao donatário vantagem à custa do patrimônio daquele. O ato do doador deve ser espontâneo.
· Transferibilidade: consiste na transferência de bens ou de direito do patrimônio do doador para o donatário. É necessário que o donatário enriqueça e o doador empobreça.
· Aceitação do donatário: o contrato só se aperfeiçoa quando o beneficiário manifesta sua aceitação com relação à doação. Portanto, de um lado há o animus donandi e do outro a aceitação do donatário, consentindo na liberalidade do doador. Trata-se de um contrato benéfico em que o donatário não precisa ter capacidade de fato para aceitar a doação, de acordo com o artigo 543 do Código Civil.
3.3. Classificação
· Unilateral: somente uma das partes tem ônus; a outra aufere a vantagem, não tendo contraprestação.
· Formal: o artigo 541 do Código Civil exige a escritura pública ou o instrumento particular para o aperfeiçoamento da doação.A doação verbal só é válida para bens móveis de pequeno valor, desde que a tradição seja imediata.
· Gratuito: gera para o donatário apenas enriquecimento. Caso seja imposto um encargo ao donatário, o contrato passa a ter natureza de oneroso.
 P.: Pode o nascituro receber doação?
R.: O artigo 542 do Código Civil menciona que o nascituro pode receber doação, desde que aceita pelos pais. Caso nasça morto, caduca a doação, por ser o nascituro titular de direito sob condição suspensiva. Se tiver um instante de vida, recebe o benefício e transmite aos seus sucessores.
O doador pode revogar a doação, enquanto o donatário não a aceitar expressa ou tacitamente. Após a aceitação, impossível a revogação unilateral pelo doador.
As doações feitas em contemplação de casamento futuro independem de aceitação, que se presume com o mero casamento (artigo 546 do Código Civil).
3.4. Requisitos
a) Subjetivo
É a capacidade ativa e passiva dos contraentes, limitada pelas seguintes regras:
· os absoluta ou relativamente incapazes não podem, em regra, doar, nem mesmo representados ou assistidos;
· os cônjuges não podem fazer doação com os bens e rendimentos comuns do casal, a não ser que seja remuneratória ou de pequeno valor (artigo 1.647 do Código Civil); 
· a doação pelo cônjuge adúltero ao cúmplice gera anulabilidade (artigo 550 do Código Civil); 
· o mandatário do doador não pode nomear donatário; a limitação se dá porque o próprio mandante é obrigado a, no instrumento, nomear o donatário, pois tal ato é privativo do doador;
· as pessoas jurídicas de direito público podem receber doação de acordo com as restrições administrativas, e as de direito privado podem receber doações impostas pela sua natureza e estatutos constitutivos;
· o falido não pode fazer doações, porque tal ato lesa os credores, além do mesmo não estar administrando seus próprios bens; a ação pauliana é o remédio para anular essas doações;
· a doação do pai ao filho representa adiantamento da legítima – artigo 544 do Código Civil. O bem deve, por conseguinte, no instante do inventário, ser colacionado, salvo dispensa do doador. Nessa hipótese, o valor deve sair da metade disponível da herança. Havendo excesso, considera-se doação ineficiosa (artigo 2007 do Código Civil). É nula qualquer cláusula que altere norma sucessória.
A capacidade passiva é a aptidão para receber doação. Não possui qualquer limitação. De acordo com o artigo 543 do Código Civil, até as pessoas que não podem contratar podem receber doações puras. Os nascituros (artigo 542 do Código Civil) e as pessoas jurídicas podem receber doações, devendo haver a intervenção dos representantes legais.
b) Objetivo 
O objeto da doação precisa ser sempre coisa que esteja no comércio (bens móveis, imóveis, corpóreos, incorpóreos, presentes, futuros etc.). Restrições:
· É nula a doação de todos os bens do doador, sem reserva de parte ou renda suficiente para sua subsistência (artigo 548 do Código Civil). O Código quis evitar a penúria do doador, ainda que o donatário fique com o encargo de prover subsistência do doador enquanto este viver (RT 515/87). A doação universal só vale se houver usufruto dos referidos bens para proteger a pessoa do doador, assegurando-lhe, por conseguinte, meios de subsistência (RT 440/76).
· A doação não pode gerar a insolvência do doador. Nessa hipótese, os credores prejudicados poderão anular a doação. A doação será válida se o donatário, com o consentimento dos credores, assumir o passivo do doador, ocorrendo uma novação subjetiva (artigo 360, inciso II, do Código Civil).
· A doação não pode ultrapassar a parte disponível da herança (artigo 549 do Código Civil). Nula será a doação se exceder a legítima, não na doação por inteiro. O herdeiro lesado pode ingressar imediatamente com ação de redução da doação. A dúvida sobre a matéria está no fato de o herdeiro poder ingressar em Juízo somente após a abertura da sucessão ou no momento da liberalidade, isso porque estar-se-ia litigando sobre a herança de pessoa viva. O excesso seria apreciado no momento da doação e não no momento da sucessão. Procedente a ação de redução, restituem-se os próprios bens, no que exceder, ou o valor deles, se não mais existirem.
· Na subvenção periódica, o doador pode doar uma renda a título gratuito ao donatário (pensão), que se extingue com a morte do doador por ter caráter personalíssimo, não se transmitindo aos herdeiros. Pode o doador, porém, estipular que remanescerá pela vida do donatário; entretanto não poderá ultrapassá-la (artigo 545 do Código Civil).
c) Formal
A doação é um contrato solene que deve observar certa formalidade, sob pena de não ser válida. Pode ser celebrada:
· Por instrumento particular: no caso de móveis com valores consideráveis;
· Por escritura pública: no caso de imóveis sujeitos a transcrição no registro imobiliário;
· Verbalmente: seguida de tradição, se o objeto for móvel e de pequeno valor (artigo 541, parágrafo único, do Código Civil). É a hipótese da doação de presentes em aniversários, em casamentos ou para homenagens.
3.5. Espécies de Doação
· Pura e simples: feita por liberalidade, sem nenhuma espécie de condição, termo, encargo, prazo ou limitação. A doação contemplativa, por mérito do donatário, é pura e simples. Exemplo: Prêmio Nobel.
· Modal: é aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência, um encargo, que pode reverter em seu benefício, de terceiro ou geral. É uma doação onerosa. O doador pode estabelecer prazo para que o encargo se efetive. 
· Remuneratória: aquela em que o doador deseja pagar por serviços prestados pelo donatário ou por outra vantagem que haja recebido dele. Não se vislumbra o espírito de liberalidade e sim a necessidade moral de compensar serviços que foram prestados. Será considerada como doação se exceder o valor do serviço remunerado; portanto, será pagamento até o montante dos serviços e, a partir disso, doação (artigo 540 do Código Civil). 
· Condicional: é a que depende de acontecimento futuro e incerto. É, por exemplo, a doação de um imóvel feita em contemplação por casamento futuro. A doação somente surte efeito com o casamento. 
· A termo: é a hipótese de haver um evento futuro e certo final e/ou inicial. Como exemplo, a doação de um imóvel a duas pessoas, podendo uma usá-lo por dois anos e a outra, a partir daquela data.
· De pais a filhos (artigo 544 do Código Civil): hipótese já mencionada. Ou a doação é levada à colação, por corresponder a adiantamento de legítima, ou não, se sair da parte disponível.
· Conjuntiva: feita em comum a mais de uma pessoa, sendo distribuída por igual entre os diversos donatários (artigo 551 do Código Civil). Se os donatários forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
3.6. Revogação
A revogação é um direito subjetivo que garante a possibilidade, em face de causa superveniente, de resilição bilateral do contrato – somente pode ocorrer em virtude de lei: 
· Pelos casos comuns a todos os contratos (artigo 555 do Código Civil);
· Por descumprimento do encargo (artigo 555 do Código Civil);
· Por ingratidão do donatário, já que esse tinha obrigação moral de ser grato ao doador. As causas da ingratidão estão previstas no artigo 557 do Código Civil, cujo rol é taxativo:
· Se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele: esse ato não pode ser culposo ou em legítima defesa, devendo ser doloso e admitir a tentativa. Não é necessária sentença penal condenatória transitada em julgado. 
· Se cometeu contra ele ofensa física: é o caso de lesão corporal, grave, leve ou levíssima, desde que o ato seja doloso;
· Se injuriou gravemente, ou caluniou o doador: não é necessário que sofra condenação penal, exigindo-se apenas a humilhação;
· Se, podendo ministrá-los, recusou ao doador alimentos de que este necessitava: é a hipótese de deixar o doador na penúria.
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MÓDULO XI
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DIREITO COMERCIAL
1. FALÊNCIA
Se o devedor é insolvente, todos os credores receberão seus créditos, proporcionalmente, em uma execução concursal. (Princípio Pars Conditio Creditorum).
Se o devedor insolvente não é comerciante, a execução concursal se dá pelas regras do Código Civil.
Se o devedor insolvente é comerciante, a execução de seu patrimônio obedece às regras do Decreto-lei n. 7.661/45 – Lei de Falências.
Falência, portanto, é um processo judicial de execução coletiva, universal, dirigida contra devedor qualificado como comerciante.
1.1. Pressupostos do Processo Falimentar
· Devedor comerciante
· Insolvência
· Sentença declaratória da falência
1.1.1. Devedor comerciante
Somente o comerciante definido pela teoria dos atos do comércio ou o assim considerado por força de lei, por exemplo, empresas de construção e sociedades por ações, submetem-se à falência. 
Prestadora de serviço não se subordina à falência, por ser excluída do conceito de comerciante. A empresa de publicidade, porém, pode sujeitar-se ao regime falimentar, pois, além de prestar serviço, pode vender espaço de propaganda, praticando ato de comércio.
Interessante salientar que, anteriormente, havia limitação quanto à falência de alguns comerciantes – dentre eles as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Essas encontravam expressa exclusão, em face do determinado no art. 242 da LSA. Atualmente, a Lei 10.303/02 revogou tal dispositivo.
A Lei de Falências exclui parcialmente de suas regras determinados comerciantes, por exemplo, as sociedades seguradoras, as instituições financeiras etc., que podem falir, mas não têm acesso à concordata.
Observações:
· Falência do comerciante de fato ou irregular.
O comerciante de fato ou irregular é aquele que deixa de arquivar seus atos constitutivos na Junta Comercial; pode falir, pois, para a Lei de Falências a formalidade do arquivamento não é relevante e, sim, se o comerciante desenvolve atividade comercial e é insolvente.
Não pode requerer concordata nem tem legitimidade para o pedido de falência de outro comerciante. Deve requerer a autofalência, quando for o caso (art. 8.º, da LF).
· Falência do ex-comerciante.
De acordo com a Lei, o comerciante continua sujeito à falência por um período de 24 meses, a contar da data do arquivamento dos atos dissolutórios na Junta Comercial ou do cancelamento da inscrição, se comerciante individual.
A doutrina faz prevalecer, no entanto, que o início da contagem dos 24 meses acontece da data em que, de fato, o comerciante deixou de desenvolver atividade comercial.
· Falência da sociedade e efeitos em relação ao sócio.
O art. 20 do Código Civil distingue a pessoa jurídica da pessoa física que a compõe. Assim, a falência da sociedade comercial não importa a dos sócios.
· Falência da sociedade em conta de participação.
Trata-se de sociedade definida pelo art. 325 do Código Comercial– não pode ser registrada e não tem personalidade jurídica e, assim, não pode falir. Somente o sócio ostensivo, como informa o art. 328 do Código Comercial, está sujeito à falência, sendo essa na condição de “empresário comercial individual, ou da sociedade que se prestar à condição de sócio ostensivo” (rubens requião).
1.1.2. Insolvência jurídica
No sentido econômico, insolvência significa ter mais dívida do que patrimônio.
Para efeitos de declaração da falência, considera-se a insolvência jurídica (e não a econômica)– definida nas hipóteses criadas pelo legislador, as quais, verificadas de fato, pressupõem a insolvência, ensejando a falência. Os arts. 1.º e 2.º , da Lei de Falências, descrevem tais hipóteses:
· Art. 1.º: incorporou o sistema da impontualidade injustificada. Considera-se falido o comerciante que, sem relevante razão de direito, deixa de pagar obrigação líquida. Para que se possa pedir a falência com base nesse artigo, é preciso levar a Juízo o título protestado, para caracterizar a impontualidade.
· Art. 2.º: descreve atos de falência– são comportamentos que pressupõem a insolvência. 
· Inc. I: comerciante executado que não paga e não nomeia bens à penhora. O exeqüente deve requerer uma certidão ao juiz, para distribuição do pedido de falência. A partir desse momento, o exeqüente deve desistir da execução.
· Inc. V: alienação de estabelecimento comercial sem anuência dos credores, e sem deixar bens suficientes para garantia das dívidas.
· Inc. VII: abandono do estabelecimento pelo comerciante.
Pode ocorrer também “Insolvência Confessada”, quando o comerciante pede sua autofalência, prevista no art. 8.º da Lei de Falências.
1.1.3. Sentença declaratória da falência
É pressuposto do processo falimentar (será abordada oportunamente). 
2. ASPECTOS PROCESSUAIS DA FALÊNCIA
2.1. Aplicabilidade do Código de Processo Civil
As regras do Código de Processo Civil aplicam-se subsidiariamente à Lei Falimentar, exceto no que se refere aos recursos. A Lei de Falências contempla um sistema próprio de recursos, no entanto, a jurisprudência vem entendendo cabível os embargos infringentes – não previstos pela Lei de Falências.
2.2. Fluência de Prazos
Os prazos no processo falimentar são peremptórios e contínuos, correm em cartório, independentemente da intimação das partes, inclusive em férias forenses.
Para fins de recurso, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o termo inicial é a data da intimação da parte (Súmula n. 25 do STJ).
2.3. Competência
É competente para conhecer de um pedido de falência o Juízo no qual se localiza o principal estabelecimento do devedor (art. 7.º da LF).
Existem duas correntes que procuram definir o que é principal estabelecimento:
· Uma entende ser aquele onde o devedor administra suas atividades.
· Outra entende ser aquele em que estão concentrados, em maior proporção, os bens do devedor. É o economicamente mais relevante, e não o administrativamente.
Na doutrina menos atualizada prevalece a primeira corrente; porém, os tribunais já vêm decidindo pela aplicação da segunda corrente.
2.4. Universalidade do Juízo Falimentar
O Juízo Falimentar atrai todas as ações e interesses da massa, tem vis atractiva – força de atração.
Embora a universalidade seja a regra, existem exceções. Não são atraídas para o Juízo da :
· as reclamações trabalhistas;
· as execuções fiscais;
· as execuções individuais com hasta já realizada ou designada.
3. FASES DO PROCESSO FALIMENTAR
|___________________|____________________|__________________|
 Pré-falimentar
 Falimentar
 Pós-falimentar
3.1. Pré-falimentar
Começa com o pedido de falência e termina com uma sentença declaratória ou denegatória da falência.
O que se objetiva é a análise e o deferimento, ou não, do pedido de falência.
3.2. Falimentar
Começa com a sentença declaratória da falência e termina com a sentença de encerramento da falência.
A fase falimentar subdivide-se em duas etapas distintas:
· cognitiva, ou de conhecimento;
· satisfativa, de liquidação, ou executiva.
3.2.1. Etapa cognitiva / conhecimento
Tem por objetivo apurar o ativo, o passivo e eventual prática de crime falimentar.
Para apuração do ativo, há o procedimento de arrecadação dos bens e correlatos.
Para apuração do passivo, há o procedimento de verificação de créditos.
Para apuração de eventual prática de crime falimentar, é previsto o inquérito judicial.
Encerradas as apurações, passa-se para a segunda etapa.
3.2.2. Etapa executiva / liquidação / satisfativa
Seu objetivo é a realização do ativo (venda dos bens) e o pagamento do passivo (pagamento dos credores). 
Vendidos os bens e pagos os credores, no que for possível, o juiz profere uma sentença de encerramento da falência, que não significa, porém, que acabaram as obrigações do falido.
3.3. Pós-falimentar
O objetivo é a reabilitação do falido, que sedá por meio da extinção de suas obrigações, por sentença. Essa fase começa com a sentença de encerramento da falência e termina com a sentença de extinção das obrigações do falido.
Não é fase obrigatória. Se, no curso do processo falimentar, as obrigações do falido forem cumpridas, não haverá necessidade dessa fase.
COMPLEXO JURÍDICO
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Federação 
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Federação
1. MUNICÍPIOS
Dos requisitos típicos das Unidades Federadas, os Municípios não dispõem de Poder Judiciário próprio e representante no Senado Federal, o que permite a ampla discussão doutrinária sobre ser ou não o Município um ente da Federação, abordada no módulo anterior. 
A criação, incorporação, fusão ou desmembramento de Municípios depende de estudos quanto à viabilidade do ente que se quer formar (Emenda Constitucional n. 15, de setembro de 1996); da aprovação, por plebiscito, das populações das áreas envolvidas (segundo prevalece na doutrina, população da área desmembrada e população da área que poderá ser emancipada); da observância dos requisitos previstos em lei complementar federal que disciplina a matéria; e de lei estadual (em São Paulo, Lei Complementar n. 651/90). 
Observa-se, porém, que há precedente do Supremo Tribunal Federal, anterior à Emenda Constitucional n. 15/96, no sentido de que população diretamente interessada no objeto da consulta popular é apenas aquela da área que se desmembra (ADIn n. 733/92).
Havendo empate no plebiscito, fica vedada a criação do novo Município, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal no julgamento da ação rescisória n. 798/83.
Ao julgar o Conflito de Competência n. 2.530/92, o Superior Tribunal de Justiça concluiu que compete à Justiça Estadual, e não à Justiça Eleitoral, processar e julgar mandado de segurança contra ato do plenário da Assembléia Legislativa que determine a realização de plebiscito objetivando a emancipação de Distrito. A competência da Justiça Eleitoral, no processo emancipacionista, restringe-se a: prestar informações sobre o eleitorado da área e proceder à realização e à apuração do plebiscito.
Os municípios possuem Lei Orgânica e não Constituição, assim como o Distrito Federal, como será visto no tópico específico. 
Pelo princípio da simetria, as regras previstas nas Leis Orgânicas Municipais não podem desatender comando previsto na Constituição Estadual para hipótese similar.
Desde a Constituição Federal de 1988, cada Município elabora sua própria Lei Orgânica, votada em dois turnos, com intervalo mínimo de dez dias entre eles, e aprovada por 2/3 de todos os membros da Câmara Municipal, que a promulgará (artigo 29, caput, da Constituição Federal). 
Mediante lei complementar estadual (na vigência da Constituição Federal/67, dependia de lei complementar federal) os Estados podem instituir Regiões Metropolitanas, Aglomerações Urbanas e Microrregiões – agrupamento dos Municípios limítrofes que têm por objetivo integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum dos integrantes (combate a enchentes, transportes etc); artigo 25, § 3.º, da Constituição Federal. 
No Estado de São Paulo, assim dispõe a Constituição Estadual:
“Art. 153 – O território estadual poderá ser dividido, total ou parcialmente, em unidades regionais constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, mediante lei complementar, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum, atendidas as respectivas peculiaridades.
§ 1.º – Considera-se região metropolitana o agrupamento de municípios limítrofes que assuma destacada expressão nacional, em razão de elevada densidade demográfica, significativa conurbação e de funções urbanas e regionais com alto grau de diversidade, especialização e integração sócio-econômica, exigindo planejamento integrado e ação conjunta permanente dos entes públicos nela atuantes.
§ 2.º – Considera-se aglomeração urbana o agrupamento de municípios limítrofes que apresente relação de integração funcional de natureza econômico-social e urbanização contínua entre dois ou mais municípios ou manifesta tendência nesse sentido, que exija planejamento integrado e recomende ação coordenada dos entes públicos nela atuantes.
§ 3.º – Considera-se microrregião o agrupamento de municípios limítrofes que apresente, entre si, relações de interação funcional de natureza físico-territorial, econômico-social e administrativa, exigindo planejamento integrado com vistas a criar condições adequadas para o desenvolvimento e integração regional.
Artigo 154 – Visando a promover o planejamento regional, a organização e execução das funções públicas de interesse comum, o Estado criará, mediante lei complementar, para cada unidade regional, um conselho de caráter normativo e deliberativo, bem como disporá sobre a organização, a articulação, a coordenação e, conforme o caso, a fusão de entidades ou órgãos públicos atuantes na região, assegurada, nesses e naquele, a participação paritária do conjunto dos municípios, com relação ao Estado.
§ 1.º – Em regiões metropolitanas, o conselho a que alude o caput deste artigo integrará entidade pública de caráter territorial, vinculando-se a ele os respectivos órgãos de direção e execução, bem como as entidades regionais e setoriais executoras das funções públicas de interesse comum, no que respeita ao planejamento e às medidas para sua implementação.
§ 2.º – É assegurada, nos termos da lei complementar, a participação da população no processo de planejamento e tomada de decisões, bem como na fiscalização da realização de serviços ou funções públicas em nível regional.
§ 3.º – A participação dos municípios nos conselhos deliberativos e normativos regionais, previstos no "caput" deste artigo, será disciplinada em lei complementar.
Artigo 155 – Os municípios deverão compatibilizar, no que couber, seus planos, programas, orçamentos, investimentos e ações às metas, diretrizes e objetivos estabelecidos nos planos e programas estaduais, regionais e setoriais de desenvolvimento econômico-social e de ordenação territorial, quando expressamente estabelecidos pelo conselho a que se refere o art. 154.
Parágrafo único – O Estado, no que couber, compatibilizará os planos e programas estaduais, regionais e setoriais de desenvolvimento, com o plano diretor dos municípios e as prioridades da população local.”
Prevalece, portanto, que, na instituição das Regiões Metropolitanas, o interesse geral deve se sobrepor aos interesses locais, razão porque a aplicação das regras comuns previstas na Lei Complementar Estadual não depende do consentimento individual de cada município, que obrigatoriamente deve participar das ações conjuntas. Conforme deliberou o Supremo Tribunal Federal no julgamento da medida cautelar requerida na ADIn n. 1.841 (j. de 18.6.98), “discrepa do § 3.º do artigo 25 da Constituição Federal norma de Carta de Estado que submete a participação de município em região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião à aprovação prévia da câmara municipal. Liminar deferida para suspender a eficácia do preceito em face do concurso da relevância da argumentação jurídico-constitucional, da conveniência e do risco de manter-se com plena eficácia o preceito, obstaculizada que fica a integração e realização das funções públicas de interesse comum” .
A posição de prevalência dos interesses regionais sobre os interesses locais não é pacífica. Michel Temer sustenta que a região metropolitana não é dotada de personalidade e que suas decisões não obrigam os municípios que a compõem, em respeito à autonomia municipal. 
De acordo com as suas respectivas populações,os municípios terão entre 9 e 55 vereadores (artigo 29, inciso IV, da Constituição Federal). Prevalece no Tribunal de Justiça de São Paulo que a fixação do número, dentro dos limites constitucionais, é da competência exclusiva da legislação municipal.
Tribunal de Justiça de São Paulo:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – Pretendida fixação de número de vereadores com vinculação ao de habitantes do Município – Redução que implicaria em violação da descrição outorgada pelo constituinte ao Legislativo de cada ente autônomo – Própria Constituição que não fixou o critério rígido e vinculativo para estabelecer o número de representantes do Órgão Municipal, predeterminando um número certo – Judiciário que não pode invadir a esfera de poderes do Legislativo para decantar a determinação no que concerne à quantidade de participantes do Órgão – Recurso não provido. (Apelação Cível n. 75.943-5 - Bauru – 7.ª Câmara de Direito Público – Relator: Guerrieri Rezende – 28. 6.99 – V. U., Juis Saraiva 21) 
Cremos, porém, que os princípios da razoabilidade (artigo 111 da Constituição Estadual de São Paulo) e da moralidade administrativa (artigo 37 da Constituição Federal) autorizam que flagrantes desproporcionalidades sejam corrigidas pelo Poder Judiciário.
A idade mínima para ser eleito Senador é 35 anos, para Deputado estadual ou federal 21 anos, e para Vereador 18 anos (artigo 14, § 3.º, inciso VI, da Constituição Federal).
2. TERRITÓRIOS
Para a criação de um território (tramitam propostas de criação de pelo menos 5 territórios na região amazônica) exige-se a aprovação da proposta pela população diretamente interessada, mediante plebiscito (a ser proposto por 1/3 dos Deputados federais ou por 1/3 dos Senadores), e da aprovação pelo Congresso Nacional por lei complementar – que exige o voto favorável da maioria de todos os membros de uma casa legislativa (artigos 18, § 3.º, e 69, ambos da Constituição Federal), depois de ouvidas as Assembléias Legislativas das áreas afetadas.
Os Territórios podem ser divididos em Municípios (artigo 33, § 1.º, da Constituição Federal) e não são considerados entes da Federação (como são os Estados-membros). São uma descentralização administrativa e territorial da União, com natureza de mera autarquia. O Território não elege Senador (pois não é ente federado), mas sua população elege quatro deputados federais (representantes do povo do Território).
O Governador do Território é nomeado pelo Presidente da República, após a aprovação do seu nome pelo Senado Federal (inciso XIV do artigo 84 da Constituição Federal) e, naqueles Territórios Federais com mais de 100.000 habitantes, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais (§ 3.º do artigo 33 da Constituição Federal).
3. DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal integra a Federação, elege Senadores e Deputados federais, tem eleição direta para Governador, mas não pode ser desmembrado em Municípios (artigo 32, caput, Constituição Federal). Nele está situada a capital federal, Brasília. 
Nos termos do artigo 32 da Constituição Federal, o Distrito Federal é regido por lei orgânica, observados os princípios da Constituição Federal, votada em dois turnos, com intervalo mínimo de dez dias entre as votações, e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Legislativa, que a promulgará.
Discute-se a natureza jurídica do Distrito Federal, prevalecendo tratar-se de pessoa jurídica criada diretamente pela Constituição Federal e que se equipara aos Estados-membros, desfrutando das competências legislativas municipais e estaduais. 
Observe-se, porém, que a autonomia do Distrito Federal não é tão ampla quanto aquela verificada nos Estados-membros, já que parte de sua estrutura administrativa é organizada e mantida pela União (Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil, Polícia Militar e Bombeiro Militar– nos termos dos incisos XIII e XIV do artigo 21 da Constituição Federal). josé afonso da silva classifica o Distrito Federal como “uma unidade federada com autonomia parcialmente tutelada”.
4. DIVISÃO DA COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
Competência é parcela de poder. Para orientar a repartição da competência, a Constituição Federal adota o princípio da Predominância do Interesse Público.
A divisão da competência pode ser horizontal (quando os entes se encontram no mesmo patamar para o exercício de suas competências) ou vertical (quando os entes inferiores devem observar os comandos dos entes superiores); material (não-legislativa ou administrativa) ou legislativa (legiferante); comum (em conjunto) ou concorrente (cada ente federado legisla no seu campo de atuação, fixando a União normas gerais e os demais, normas específicas, competência suplementar – se a União deixar de exercer sua competência ou o fizer de forma incompleta surge para os Estados e Distrito Federal a possibilidade de supressão dessa lacuna, pelo exercício da competência supletiva, quando inexistir a norma, ou complementar, quando traçar planos específicos limitados pela atuação genérica da União. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspenderá, mas não revogará, a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
O artigo 21 da Constituição Federal enumera a competência material da União. Trata-se de competência exclusiva, indelegável.
O artigo 22 da Constituição Federal trata das competências legislativas da União; essa competência é privativa, passível de delegação aos Estados, por lei complementar (parágrafo único).
Há leis nacionais (que regulam interesses gerais em todo o País) e leis meramente federais (dirigidas especificamente à organização de interesses da própria União).
O artigo 23 da Constituição Federal trata da competência comum que não se refere unicamente à União. O artigo dispõe sobre a competência não- legislativa, comum a todos os entes federados. 
A competência mencionada no artigo 24 da Constituição Federal , é legislativa concorrente. Quanto à possibilidade de o Município participar dessa competência, há duas correntes:
· O Município não participa da competência do artigo 24 da Constituição Federal, pois não há previsão de sua atuação no texto constitucional; caso o legislador constituinte quisesse abarcar o Município, teria feito expressamente.
· O Município participa dessa competência, tendo em vista o artigo 30 da Constituição Federal , inciso II. Abre-se a possibilidade de suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.
Aos municípios compete legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e a legislação estadual no que couber, respeitando as diretrizes nacionais e regionais.
Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios, exceto quanto à organização do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Polícia Civil, Polícia Militar e Bombeiro Militar, que serão organizados por lei federal, nos termos dos incisos XIII e XIV do artigo 21 da Constituição Federal .
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MÓDULO XI
DIREITO DO TRABALHO E 
PROCESSO DO TRABALHO
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DIREITO DO TRABALHO E
PROCESSO DO TRABALHO
1. TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO
O contrato de trabalho pode ter o seu término de três formas: pela extinção, pela dissolução ou pela caducidade.
1.1. Extinção
O contrato por prazo determinado termina pela sua execução integral. Nesse caso, o empregado:
· não recebe indenização (multa de 40% do FGTS);
· não há aviso prévio a ser pago;
· recebe as férias vencidas e proporcionais;
· recebe o 13.º integral proporcional;
· terá direito a levantar o FGTS (Lei n. 8.036/90).
1.2. Dissolução
Ocorre a dissolução devido à ineficácia superveniente do contrato.A dissolução se dá quando o contrato não está integralmente executado e uma das partes interfere para seu fim.
São hipóteses de dissolução: a resolução e a rescisão ou resilição.
1.2.1. Resolução
 
A resolução do contrato ocorre quando aparecem os seguintes requisitos:
· Inexecução contratual de um dos contraentes.
· É exigido um provimento judicial que declarará a resolução do contrato– trata-se de uma sentença constitutiva.
Hipótese importante de resolução de contrato de trabalho é o inquérito para apuração de falta grave do empregado estável, previsto no art. 853 da CLT.
Na CLT havia a previsão de estabilidade decenal (art. 492), ou seja, aquele empregado que contasse com mais de 10 (dez) anos de serviço, na mesma empresa, adquiriria uma estabilidade absoluta e só poderia ser dispensado por motivo de falta grave ou força maior –comprovada por ação judicial. Posteriormente, foi criado um regime alternativo, o do FGTS, pelo qual o empregado poderia optar desde que renunciasse ao regime da estabilidade. O empregado já estável também poderia optar pelo FGTS.
Com o advento da atual Constituição Federal, o regime do FGTS foi generalizado para todos os trabalhadores. A Constituição Federal não recepcionou o regime da estabilidade decenal, que permaneceu apenas para aqueles que tinham direito adquirido.
Discute-se se o inquérito é necessário em caso de estabilidades provisórias. Ex.: mulher grávida, dirigente sindical etc. A jurisprudência vem entendendo que não é necessário no caso da mulher grávida, do acidentado de trabalho, do representante dos empregados na CIPA. Caso um desses empregados pratique falta grave, o empregador poderá dispensá-lo sumariamente.
Já, quanto ao dirigente sindical, a jurisprudência vem entendendo que é necessário o inquérito. O dirigente sindical possui estabilidade desde o momento da candidatura até um ano após o término do mandato. Nesse caso, só a sentença do juiz pode rescindir o contrato. 
Recentemente, pela redação da Lei n. 9.958/00– que criou as comissões prévias de conciliação, formadas por representantes dos empregados e dos trabalhadores –,o inquérito para resolução do contrato de trabalho desses representantes dos trabalhadores passou a ser exigido, em caso de falta grave.
1.2.2. Rescisão ou resilição
Rescisão é a hipótese em que o contrato termina pela manifestação de vontade das partes. Pode ser manifestação bilateral ou unilateral.
A manifestação bilateral é o distrato (artigo 472 do Código Civil), que normalmente vem acompanhado de uma transação (artigos 840 a 850 do Código Civil).
A transação não se confunde com o distrato. A transação é meio de extinção das obrigações decorrentes do contrato e, para ser válida, tem alguns requisitos específicos de validade: exige concessões mútuas e renúncia recíproca. 
A transação faz coisa julgada entre as partes, portanto, o que foi transacionado não poderá ser discutido posteriormente na Justiça. 
Questão interessante é saber se é possível a transação extrajudicial no âmbito do Direito do Trabalho. A jurisprudência é muito resistente, mas é uma resistência injustificada, pois não há nada que impeça a transação. Por isso temos hoje na Justiça do Trabalho vários processos para efetivá-la.
A Lei n. 9.958/00 criou as Comissões Prévias de Conciliação, com as seguintes características:
· comissão paritária (empregador e empregado);
· facultativa;
· pode ser instituída no âmbito das empresas, sem participação do sindicato;
· pode ser criada também no âmbito coletivo, com a participação do sindicato;
· o representante do empregado tem garantia de emprego;
· trata-se de instância prévia extrajudicial, alternativa, para solução dos conflitos. Uma vez existente a comissão, nenhuma ação poderá ser proposta na Justiça sem antes ser analisada por ela. Trata-se de um pressuposto processual. É facultativa, mas, uma vez instituída, é uma condição da ação. Esse fato suscitou grandes controvérsias, pois restringiria o acesso à Justiça, tendo, inclusive, a OAB ingressado com uma Ação Declaratória de Inconstitucionalidade.
O termo de conciliação tem um valor de título executivo extrajudicial, portanto, pode ser executado sem a ação trabalhista. Tem efeito de transação extrajudicial (eficácia liberatória), assim, quita-se o que se transacionou. É uma eficácia liberatória genérica, só não quita o que expressamente se ressalvou. A ressalva tem que ser específica, por isso ela é muito criticada.
A reclamação protocolada na comissão suspende o prazo prescricional, para interpor a ação trabalhista.
 A rescisão unilateral ocorre devido à vontade de uma das partes. Se a iniciativa for do empregador, trata-se de dispensa, despedimento. Se a iniciativa for do empregado, trata-se de demissão.
A rescisão unilateral ocorre por uma declaração da vontade; ela se aperfeiçoa pela simples ciência, não havendo necessidade de aceitação; trata-se de direito potestativo de uma das partes.
COMPLEXO JURÍDICO
DAMÁSIO DE JESUS
A excelência no ensino do Direito
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CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO VI
DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
FINANÇAS PÚBLICAS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
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DIREITO ECONÔMICO E FINANCEIRO
Finanças Públicas na Constituição de 1988
1. CONCEITO
As finanças públicas representam a gama de dispêndio utilizada pelo Estado para o atendimento das necessidades públicas, ou seja, para a realização dos seus próprios fins. 
Inúmeros são os dispositivos constitucionais que cuidam do Direito Financeiro e das finanças, a saber (cuja leitura é recomendada):
· artigo 31: fiscalização do município;
· artigo 48, inciso II: competências do Congresso Nacional – institutos financeiros;
· artigo 49, incisos IX e X: competência exclusiva do Congresso Nacional – fiscalização e controle;
· artigo 52, incisos I, II, V, VI, VII, VIII, IX e parágrafo único: competência privativa do Senado Federal – julgar crimes de responsabilidade das pessoas mencionadas nos incisos; fiscalizar e controlar e impor limites globais relativos a operações de crédito, dívida fundada, dívida mobiliária de todos os entes federativos. 
· artigo 61, §1.º, inciso II, alínea “b”: leis de iniciativa privativa do Presidente da República;
· artigo 63, inciso I: proibição do aumento de despesas;
· artigo 70: controle externo e interno consistente na fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da Administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas;
· artigo 71: competência do Tribunal de Contas da União; (Súmula 346 – Supremo Tribunal Federal: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.”)
· artigo 72: solicitação de esclarecimentos pela Comissão Mista Permanente;
· artigo 73: características do Tribunal de Contas da União – estrutura organizacional - composição;
· artigo 74: controle interno exercido pelos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário;
· artigo 75: aplicabilidade das normas supra na organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios;
· artigos 157, 158 e 159: dispositivos acerca da repartição das receitas tributárias;
· artigo 160: vedação da retenção ou restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;
· artigo 161: competência da lei complementar em matéria de repartição das receitas tributárias;
· artigo 162: divulgação da União quanto aos montantes de cada um dos tributos arrecadados, recursos recebidos, valores de origem tributária entregues e a entregar, e a expressãonumérica dos critérios de rateio;
· artigo 163: competência da lei complementar, em matéria de finanças públicas;
· artigo 164: exercício exclusivo do Banco Central na emissão de moeda;
· artigo 165: leis de iniciativa do Poder Executivo – plano plurianual, diretrizes orçamentárias e orçamentos anuais;
· artigo 166: normas sobre apreciação dos projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais;
· artigo 167: vedações no tocante ao orçamento, regras quanto aos créditos especiais extraordinários;
· artigo 168: prazo para entrega dos recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público;
· artigo 169: limitação da despesa com o pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
2. ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
· artigo 33: pagamento do valor dos precatórios judiciais, pendentes na data da promulgação da Constituição;
· artigo 35: forma de cumprimento do artigo 165, § 7.º;
· artigo 36: ratificação pelo Congresso Nacional dos fundos existentes na data da promulgação da Constituição;
· artigo 38: limitação pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios de despesas com pessoal;
· artigo 71: instituição do Fundo Social de Emergência;
· artigo 72: rol dos valores que integram o Fundo Social de Emergência;
· artigos 74 e 75: dispõem sobre a contribuição provisória sobre movimentação financeira (CPMF);
· artigo 76: desvinculação de 20% de algumas receitas da União;
· artigo 77: recursos mínimos a serem aplicados nas ações e serviços públicos de saúde;
· artigo 78: normas sobre liquidação de precatórios;
· artigo 79: instituição do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza;
· artigo 80: discrimina as receitas integrantes ao Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza;
· artigo 81: regras sobre o Fundo constituído pelos recursos recebidos pela União em decorrência da desestatização de sociedades de economia mista ou empresas públicas por ela controladas;
· artigo 82: regras referentes à criação de Fundos de Combate à Pobreza pelos Estados, Distritos Federal e Municípios;
· artigo 84: prorrogação da cobrança da CPMF até 31 de dezembro de 2004 e disciplina a destinação do produto arrecadado;
· artigo 85: elenca hipóteses de não incidência da CPMF;
· artigos 86, 87 e 88: regras relativas a precatório.
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MÓDULO VI
DIREITO ELEITORAL
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DIREITO ELEITORAL
1. PARTIDOS POLÍTICOS
A Constituição Federal garante o pluralismo político e o pluripartidarismo, ou seja, observadas as regras do artigo 17 da Constituição Federal, é livre a criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos, qualquer que seja a sua ideologia. Tal liberdade, porém, não é irrestrita, pois todos os partidos devem resguardar a soberania nacional, o regime democrático, o próprio pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.
Desde a Lei n. 9.096/95, os partidos políticos estão expressamente classificados entre as pessoas jurídicas de Direito Privado (artigo 16, inciso III, do Código Civil). Para a sua constituição, inicialmente são registrados no Cartório de Registros Civil das Pessoas Jurídicas, da Capital Federal (artigo 114, inciso III, da Lei dos Registros Públicos – Lei n. 6.015/73, combinado com os artigos 7.º e 8.º da Lei Orgânica dos Partidos Políticos – Lei n. 9.096/95) e, após adquirirem personalidade jurídica, são registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, § 2.º, da Constituição Federal).
Para ter seu estatuto registrado junto ao Tribunal Superior Eleitoral, e assim desfrutar dos recursos do fundo partidário e do acesso gratuito ao rádio e à televisão, o partido deve ter caráter nacional, ou seja, o apoio de eleitores em número correspondente a 0,5% dos votos dados na última eleição para a Câmara dos Deputados (não computados os votos nulos e os votos em branco), distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com o mínimo de um décimo por cento do eleitorado que haja votado em cada um desses Estados.
As principais proibições impostas aos partidos políticos são:
· receber recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros, ou manter subordinação a esses;
· utilização de organização paramilitar.
Os partidos têm direito ao fundo partidário (constituído pelas multas aplicadas com base na legislação eleitoral, doações e dotações orçamentárias da União fundadas no número de eleitores – artigo 38 da Lei n. 9.096/95) e acesso gratuito ao rádio e à televisão, nos termos da Lei n. 9.504/97. De acordo com a alínea “c” do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal, atendidos os requisitos da lei, não incidem impostos (imunidade) sobre patrimônio, rendas e serviços dos partidos políticos.
O parágrafo único do artigo 52 da Lei n. 9.096/95 estabelece que as emissoras de rádio e televisão têm direito a compensação fiscal pela cedência do horário gratuito previsto naquela norma. 
Ao contrário da Constituição Federal anterior, que até a Emenda Constitucional n. 25/85 exigia a fidelidade partidária e previa a perda do mandato para o parlamentar que abandonasse o partido pelo qual fora eleito (artigo 152, § 5.º), a Constituição Federal de 1988 remete a questão da fidelidade partidária ao estatuto de cada partido (artigo 17, § 1.º). 
 Mestres do porte de walter ceneviva sustentam ser de bom direito admitir que o estatuto do partido possa prever, mediante processo que assegure plena defesa, a perda de mandato do parlamentar, eleito sob a sua legenda, que: 
· deixar o partido;
· votar contra diretriz partidária legítima. 
Outros estudiosos do tema, porém, sustentam que, para os casos de infidelidade e indisciplina partidária, os estatutos partidários podem prever sanções que vão da advertência até a exclusão, mas acrescentam que a Constituição Federal de 1988 não permite a perda do mandato por infidelidade partidária. 
Diante do sistema adotado pela legislação eleitoral, que demonstra ser o partido político veículo indispensável para alguém obter um mandato (acolhendo inclusive o sistema proporcional e o quociente partidário para a eleição de deputados e vereadores – artigo 45 da Constituição Federal), entendo que a razão está com walter ceneviva, exceto quanto à hipótese de perda do mandato por votar contra as diretrizes partidárias, já que os parlamentares são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos.
Nem mesmo a regra geral de que ninguém é obrigado a associar-se ou a permanecer associado se aplica na hipótese, pois, no caso específico, a filiação a partido político é obrigatória (pela Constituição Federal) para que alguém dispute um mandato eletivo. 
Observa-se, contudo, que a questão é bastante polêmica e que o TRE/SP já deliberou que os estatutos, no máximo, podem impor ao faltoso a expulsão, sem a perda do mandato (Acórdão 123.930, publicado no DOJ de 1.º.3.1996, p. 41). 
No mesmo sentido, merece destaque a seguinte decisão do Paraná :
“ACÓRDÃO: 16121
DESCRIÇÃO: Apelação Cível
RELATOR: Des. Pacheco Rocha
COMARCA: Foz do Iguaçu – 4.ª Vara Cível
ÓRGÃO JULGADOR: Primeira Câmara Cível
PUBLICAÇÃO: 12.4.1999
Ementa
Decisão: acordam os desembargadores integrantes da Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em negar provimento à apelação. 
Ementa: Vereador – mudança de partido político – infidelidade – compromisso anterior – impossibilidade jurídica do pedido – a mudança de partido político, ainda que rotulada de infidelidade partidária, não acarreta a perda do mandato conferido ao eleito Vereador – por força do ordenamento

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