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Curso Damásio - Módulo 07

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COMPLEXO JURÍDICO
DAMÁSIO DE JESUS
A excelência no ensino do Direito
Curso do Prof. Damásio
COMPLEXO JURÍDICO
DAMÁSIO DE JESUS
A excelência no ensino do Direito
___________________________________________________________________
CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO VII
CURSO ANUAL
OPÇÃO 3
Direito Econômico e Financeiro
Direito Eleitoral
Direito Internacional
Direito Previdenciário
Direitos Humanos
Medicina Legal
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Praça Almeida Júnior, 72 – Liberdade – São Paulo – SP – CEP 01510-010
Tel.: (11) 3346.4600 – Fax: (11) 3277.8834 – www.damasio.com.br
Curso do Prof. Damásio
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CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO VII
DIREITO ADMINISTRATIVO
Agências Reguladoras
Agências Executivas
Paraestatais - Terceiro Setor
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DIREITO ADMINISTRATIVO
Agências Reguladoras e Executivas 
Paraestatais – Terceiro Setor
Prof. Márcio Fernando Elias Rosa
1. AGÊNCIAS REGULADORAS – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Antes da análise a respeito dos institutos objeto deste módulo, consideramos interessante observar que a organização administrativa brasileira sofreu, nos últimos anos, importante modificação, sobretudo em razão da redefinição do papel que ao Poder Público incumbe desempenhar. A Administração Pública sofreu as conseqüências do desejo de diminuição da concentração de funções em mãos do Estado. A Administração brasileira recepcionou as modificações decorrentes do propósito de tornar o Estado menos monopolizador de serviços ou atividades (como o fim do monopólio estatal em áreas antes tidas como estratégicas), tornando-se menos burocrática e assumindo caráter gerencial. As alterações promovidas reduziram o tamanho do Estado, ou do aparato estatal, com as privatizações (que permitem a assunção de entidades estatais pelo setor privado), a desestatização (com a venda do capital social de empresas estatais), a desregulamentação (com a diminuição da intervenção estatal na ordem econômica), além do incremento de concessões e permissões de serviços públicos. A Administração deve reduzir o seu tamanho, e a iniciativa privada deve participar mais ativamente, substituindo o Estado ou contribuindo para a prestação de serviços públicos; essa é a tônica das modificações introduzidas no Brasil.
Objetivamente, a organização administrativa brasileira pode ser assim apresentada:
COMPLEXO JURÍDICO
DAMÁSIO DE JESUS
A excelência no ensino do Direito
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COMPLEXO JURÍDICO
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COMPLEXO JURÍDICO
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Dentre as inovações trazidas para a estrutura organizacional da Administração Pública estão as AGÊNCIAS REGULADORAS: pessoas jurídicas de direito público.
Em verdade, a Administração Pública direta, como forma de imprimir maior eficiência aos serviços que presta, além de contar com a atuação de toda a Administração indireta, notadamente na execução especializada de serviços públicos delegados e outorgados, por vezes, como forma de fiscalizar, regrar, ordenar e aperfeiçoar a eficiente prestação de tais serviços, outorga legalmente regime especial de atuação, ou ainda, por meio de contrato, qualificativos especiais a determinados entes autárquicos. É a esses entes que se conferem as denominações agências reguladoras e executivas. 
1.1. Natureza Jurídica das Agências Reguladoras 
As agências reguladoras, como visto, são instituições muito recentes em nosso ordenamento jurídico. Não deixam de ser meras autarquias criadas pela respectiva Administração direta, por meio de lei, e em razão da função a elas outorgadas. Possuem natureza jurídica de autarquias de regime especial. Como as autarquias, são pessoas jurídicas de direito público com capacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as regras relativas àquelas entidades.
Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução de serviços públicos (sendo-lhes vedada a exploração de atividades econômicas) pelos concessionários e permissionários que recebem a incumbência de execução de tais serviços. São titulares, conseqüentemente, dos poderes normativo e disciplinar, pois regulamentam a atuação dos delegados e podem aplicar sanções aos entes particulares que, sob concessão ou permissão, infringem as regras de execução impostas, a exemplo das multas. Assim, conclui-se: elas não executam o serviço propriamente, elas o fiscalizam.
Criadas no âmbito da Administração federal, são portadoras de grandes privilégios, por serem relevantes seus serviços regulados e fiscalizados, e, ainda, por envolverem poderosos grupos econômicos, nacionais e estrangeiros. Os privilégios que definem o regime especial das agências reguladoras são, basicamente :
a) Independência administrativa (estabilidade de seus dirigentes - mandato fixo, para os que possuem, só podendo ser destituídos por condenação judicial transitada em julgado, improbidade administrativa ou descumprimento injustificado das políticas estabelecidas para o setor ou pelo contrato de gestão. A nomeação dos dirigentes é realizada pelo Presidente da República, com prévia aprovação dos nomes pelo Senado Federal, nos termos do artigo 52, inciso III, alínea f, da Constituição Federal.). 
b) Autonomia financeira (renda própria e liberdade de sua aplicação).
c) Poder normativo (regulamentação das matérias de sua competência).
 A Lei n. 9.986, de 18 de julho de 2000, dispõe sobre a gestão de recursos humanos das agências reguladoras, determinando a necessidade de concursos públicos para contratação de servidores, que terão suas relações de trabalho regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho, e legislação trabalhista correlata, em regime de emprego público. Cumpre registrar a existência, em trâmite no Supremo Tribunal Federal, de ação direta de inconstitucionalidade referente a essa lei, com o fim de declarar inconstitucionais alguns de seus dispositivos – ADIn 2.310-1).
Abaixo, passamos a estudar de forma pormenorizada algumas das principais agências reguladoras criadas por leis próprias no âmbito de atuação da Administração federal:
1.1.1. Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL
A Agência Nacional de Energia Elétrica é agência reguladora criada pela Lei n. 9.427, de 26 de dezembro de 1996, com regulamento expedido pelo Decreto n. 2.335, de 06 de outubro de 1997. É autarquia de regime especial, conforme dito, e está vinculada (não subordinada) ao Ministério das Minas e Energia. Tem como principais funções a regulamentação e fiscalização da prestação ou execução de serviços necessários para geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, nos termos do artigo 21, inciso XII, alínea “b”, da Constituição Federal. No âmbito de suas funções de fiscalização e regulamentação dos serviços públicos referidos, sejam executados por outras autarquias ou por entes delegados pela Administração, poderá:
· celebrar contratos de concessão, notadamente os que determinem a prestação dos serviços de fornecimento de energia;
· determinar a abertura de licitações, para formalização dos contratos acima;
· fiscalizar a execução dos contratos;
· fixar multas e outras sanções aos concessionários pelo descumprimento de cláusulas contratuais;
· resolver conflitos de interesses das concessionárias.
1.1.2. Agência Nacional de Telecomunicações - (ANATEL)
É agência reguladora instituída pela Lei n. 9.472, de 16 de julho de 1997, com regulamento expedido pelo Decreto n. 2.338, de 07 de outubro de 1997. É, conforme dito, uma autarquia de regime especial, vinculada ao Ministério das Telecomunicações. Foi criada para regular e fiscalizar a prestação ou execução de serviços na área de telecomunicaçõesnos termos do artigo 21, inciso XI, da Constituição Federal. No âmbito de suas funções de fiscalização e regulamentação dos serviços públicos referidos, sejam executados por outras autarquias ou por entes delegados pela Administração, poderá:
· celebrar contratos, notadamente os que determinem a prestação dos serviços de telecomunicações;
· determinar a abertura de licitações, para formalização dos contratos acima;
· fiscalizar a execução dos contratos;
· fixar multas e outras sanções aos concessionários pelo descumprimento de cláusulas contratuais;
· resolver conflitos de interesses das concessionárias.
1.1.3. Agência Nacional de Petróleo - ANP
A Agência Nacional de Petróleo é agência reguladora criada pela Lei n. 9.478, de 06 de agosto de 1997, com regulamento expedido pelo Decreto n. 2.455, de 14 de janeiro de 1998. É autarquia de regime especial, como já salientado e está vinculada ao Ministério das Minas e Energia. Foi criada para regular e fiscalizar a prestação ou execução de serviços relacionados às atividades petrolíferas, desenvolvidas pelo Poder Público ou seus concessionários.
Tem como fundamento constitucional o artigo 177, incisos I ao V, da Constituição Federal. As matérias relacionadas em seus cinco incisos representam atividades monopolistas de titularidade do Estado.
Com o advento da Emenda Constitucional n.º 9/95, apenas uma das cinco atividades elencadas continua representando monopólio. Ela se encontra descrita no inciso V e se refere a atividade nuclear. As demais hipóteses, dos incisos I ao IV, não mais constituem monopólios, pois poderão ser contratadas pela União com empresas estatais ou privadas, como dispôs o artigo 177, parágrafo único, do mesmo diploma legal.
A Agência Nacional de Petróleo, no âmbito de suas funções de fiscalização e regulamentação dos serviços públicos referidos, sejam executados por outras autarquias ou por entes delegados pela Administração, poderá:
· celebrar contratos, notadamente os que determinem a prestação dos serviços relacionados ao setor de petróleo;
· determinar a abertura de licitações, para formalização dos contratos acima;
· fiscalizar a execução dos contratos;
· fixar multas e outras sanções aos concessionários pelo descumprimento de cláusulas contratuais;
· resolver conflitos de interesses das concessionárias.
1.1.4. Agência Nacional de Saúde - ANS
A Agência Nacional de Saúde é agência reguladora criada pela Lei n. 9.961, de 28 de janeiro de 2000, com regulamento expedido pelo Decreto n. 3.327, de 05 de janeiro de 2000. Também é uma autarquia especial, vinculada ao Ministério da Saúde. Foi criada para regular e fiscalizar a prestação ou execução dos serviços desenvolvidos por particulares na área de saúde, nos termos dos artigos 196 e 197 da Constituição Federal. No âmbito de suas funções de fiscalização e regulamentação dos serviços públicos referidos, sejam executados por outras autarquias ou por entes delegados pela Administração, poderá:
· celebrar contratos, notadamente os que determinem a prestação dos serviços de telecomunicações;
· determinar a abertura de licitações, para formalização dos contratos acima;
· fiscalizar a execução dos contratos;
· fixar multas e outras sanções aos concessionários pelo descumprimento de cláusulas contratuais;
· resolver conflitos de interesses das concessionárias.
1.1.5. Agência Nacional de Águas - ANA
A Agência Nacional de Águas é agência reguladora criada pela Lei n. 9.984, de 17 de julho de 2000, com regulamento expedido pelo Decreto n. 3.692, de 19 de dezembro de 2000. É autarquia de regime especial e está vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, como entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Com competência para supervisionar, controlar e avaliar as atividades decorrentes do aproveitamento dos recursos hídricos. 
Tem como fundamento constitucional o artigo 21, inciso XIX, da Constituição Federal. 
No âmbito de suas funções de fiscalização e regulamentação dos serviços públicos referidos, sejam executados por outras autarquias ou por entes delegados pela Administração, poderá:
· celebrar contratos, notadamente os que determinem a prestação dos serviços do setor de recursos hídricos;
· determinar a abertura de licitações, para formalização dos contratos acima;
· fiscalizar a execução dos contratos;
· fixar multas e outras sanções aos concessionários pelo descumprimento de cláusulas contratuais;
· resolver conflitos de interesses das concessionárias.
2. AGÊNCIA EXECUTIVA
As agências executivas estão disciplinadas pelos Decretos Federais n. 2.487 e 2.488, ambos de 2 de fevereiro de 1998, que somente se aplicam à esfera federal; se Estados e Municípios quiserem adotar medida semelhante, devem legislar sobre a matéria. A Lei n.º 9.649, de 27/05/1998, igualmente, regula a qualificação de entidades federais como agências executivas. O artigo 51 da lei disciplina que o Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva uma autarquia ou fundação que preencha os seguintes requisitos:
 a) tenha um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento; 
b) tenha celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor (ou Secretaria de Estado no nível estadual). 
A qualificação como Agência Executiva será feita em ato do Presidente da República (ou do Chefe do Executivo, no nível estadual). O Poder Executivo editará medidas de organização administrativa específicas para as Agências Executivas, visando a sua autonomia de gestão, bem como as disponibilidades de recursos orçamentários e financeiros para o cumprimento dos objetivos e metas definidos nos contratos de gestão.
A lei supramencionada também alterou a Lei de Licitações (Lei n. 8.666, de 21/06/1993), trazendo mais um benefício para as autarquias e fundações qualificadas como agências executivas, não outorgando as demais entidades autárquicas e fundacionais, a saber: aumentou para 10% os valores para casos de dispensa de licitação, e ainda, estabeleceu o dobro desse valor (20%) para obras e serviços contratados por Agências Executivas (artigo 24, parágrafo único, da Lei de Licitações).
 Não se cria uma nova pessoa jurídica, como nos casos das autarquias e fundações; são apenas prerrogativas atribuídas a estas em caráter temporário, com o objetivo de estabelecer metas a serem cumpridas em nome do princípio da eficiência.
 
A diferença entre agência reguladora e agência executiva é que a primeira tem personalidade jurídica de direito público, sendo autarquia em regime especial encarregada do exercício do poder normativo nas concessões e permissões de serviços públicos, exercitando o poder inicialmente conferido ao Poder Público, enquanto a segunda configura um “rótulo”, ou seja, um atributo dado a autarquias e fundações, que celebrem contrato de gestão com órgão da Administração direta a que se encontrem vinculadas, para a melhoria da eficiência na prestação de serviços e redução de custo.
Estados e Municípios, como visto, podem legislar a respeito da matéria e instituir, regulamentando a previsão constitucional do artigo 37, § 8º, a formalização de contrato de gestão com tais entidades (que passam a ser identificadas, durante a vigência do contrato, como agências executivas).
A Medida Provisória n. 103 de janeiro de 2003 não prevê a qualificação de entidades como agências executivas e revogou as disposições contrárias constantes da Lei 9649/98. Nada impede, no entanto, que o contrato de gestão continue a ser celebrado, porque não decorre de texto legal, mas constitucional, como a seguir veremos.
2.1. Contrato de Gestão 
É uma espécie de contrato administrativo (bastante criticado pela doutrina brasileira), pelo qual a Administração direta (contratante) concede à autarquia ou fundação (Administração indireta - contratada) maior autonomia gerencial, orçamentária e financeira, visando o cumprimento de metas fixadas (artigo 37, § 8.º, da ConstituiçãoFederal).
“Artigo 37, § 8º, C.F. : A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
I- o prazo de duração do contrato;
II- os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
III- a remuneração do pessoal.”
O contrato de gestão não deixa de merecer críticas. Como visto anteriormente, a Administração indireta é composta por entidades criadas por desejo da Administração direita, ou porque lei expressamente autorizou (empresas públicas e sociedades de economia mista – pessoas jurídicas de Direito Privado), ou porque a lei criou tais entidades diretamente (as pessoas jurídicas de Direito Público). Ora, como poderia o contrato de gestão estabelecer a ampliação da autonomia de tais entidades, se a constituição, a autonomia, a finalidade de tais entidades já foram antecipadamente objetos de previsão legal? E mais, o dispositivo constitucional refere ser o contrato firmado entre órgãos públicos. Órgãos não celebram contratos, não detêm personalidade jurídica, não atuam em nome próprio.
Por isso, da obra do eminente jurista Hely Lopes Meirelles, no tocante à matéria, consta que o tal contrato é, na verdade, um tipo de “acordo operacional”.
Vejamos o conteúdo do contrato de gestão:
· prazo de vigência (com seu término há a perda do qualitativo, razão pela qual se torna difícil dar um exemplo de uma agência executiva, pois perderia facilmente a sua validade com o passar do tempo);
· metas que devem ser atingidas;
· prazos em que as metas serão atingidas;
· instrumentos de controle (exercido pela Administração direta);
· penalidades a serem aplicadas;
· termos da ampliação da autonomia gerencial, orçamentária e financeira.
Por fim, um cuidado especial: o contrato de gestão a que se refere o dispositivo constitucional e é aqui comentado não é o mesmo instrumento de pactuação com a iniciativa privada, com as organizações sociais, que será objeto de estudo adiante.
3. PARAESTATAIS – ENTES DE COOPERAÇÃO – TERCEIRO SETOR
O terceiro setor é resultante da atuação de pessoas jurídicas de Direito Privado, que não integram a estrutura da Administração Pública, mas que com ela mantêm, por razões diversas e por meio de formas diferenciadas, parcerias ou contratos com o intuito de preservar, contribuir, auxiliar ou fomentar a prestação de serviços públicos e de defender o interesse público. 
As paraestatais não são, pois, entidades públicas ou criadas pelo Poder Público, são entidades privadas que desempenham dada atividade sob controle, regulação, fiscalização do Poder Público, porque da sua atuação decorrerá o atendimento a um interesse social. Com isso, interessa a todos a existência e funcionamento de tais entidades – elas desempenham um importante papel social e, por isso, estão submetidas a fiscalização e sujeição Estatal. São entidades privadas, portanto, mas não têm finalidade lucrativa, não geram capital ou riquezas para as pessoas físicas que as integram, não repartem lucros ou dividendos – têm finalidade social e não lucrativa.
O terceiro setor (não se trata do Estado e também não é o setor privado) é representativo do espaço de atuação de tais entidades. A expressão, no entanto, não é unívoca e não se aplica apenas às lides do Direito Administrativo. Serve também para identificar, por exemplo, a atuação de organizações não-governamentais, instituições filantrópicas etc.
Como entidades “paraestatais”, ou seja, entidades que se encontram “ao lado do Estado”, podemos apontar: - os serviços sociais autônomos, as organizações sociais. 
Tais entidades, no entanto, não são as únicas que podem ser assim identificadas. A Professora ODETE MEDAUR, no seu Direito Administrativo Moderno (São Paulo: RT), opta por designá-las de “entes com situação peculiar” e apresenta, em tal condição, as ordens e os conselhos profissionais, as fundações de apoio, as organizações da sociedade civil de interesse público, dentre outras.
Cabe observar, por fim, que o Professor Hely utilizava a designação de “paraestatal” para identificar empresas públicas e sociedades de economia mista, o que já não é acolhido pela doutrina contemporânea. Em verdade, tal expressão deve designar apenas entidades não criadas pelo Estado, mas que desempenham, de algum modo, funções que interessam a toda a sociedade. Tais entidades, diga-se, também podem ser designadas como ENTES DE COOPERAÇÃO, porque, como visto, cooperam, contribuem na prestação de serviços públicos ou de interesse público.
Estudaremos, na seqüência, as Organizações Sociais e os Serviços Sociais Autônomos, ainda que não sejam apenas tais as entidades que podem receber tal designação.
3.1. Organizações Sociais
 São pessoas jurídicas de Direito Privado, sem fins lucrativos, criadas por particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do Estado, tais como: ensino, pesquisa científica, proteção ao meio ambiente, incentivo à cultura, programas de saúde. 
Estas entidades não integram a estrutura administrativa, são qualificadas como organizações sociais e, por isso, celebram contrato de gestão com o Poder Público.
A União, os Estados-Membros, o Distrito Federal e os Municípios podem legislar a respeito da matéria, instituindo ou não a possibilidade de ser firmado o contrato de gestão. A Lei n. 9.637/98 disciplina a qualificação das entidades privadas como organizações sociais no âmbito da Administração Pública Federal.
A qualificação (Organização Social) não altera a personalidade jurídica da entidade – que continuará sendo privada, mas pressupõe a alteração de seus atos constitutivos para, dentre outras medidas, prever a existência de mecanismos de participação da sociedade civil e do próprio Poder Público em sua administração ou fiscalização.
A entidade é privada, sem fins lucrativos, mas recebe o rótulo de organização social e, por isso, poderá celebrar contrato de gestão.
Essas organizações sociais não integram a administração do Estado, mas, ao receberem a qualificação e celebrarem o contrato de gestão, caminham ao lado dele, sendo chamadas entes paraestatais. 
O contrato de gestão disposto no artigo 37 da Constituição Federal, entretanto, não é o mesmo contrato de gestão disposto na Lei n. 9.637/98. A denominação é a mesma, mas as situações são diferentes. O contrato de gestão é definido como instrumento de vinculação firmado pelo Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com vistas à viabilização de cooperação entre as partes para fomento e execução de atividades específicas (estabelecidas pela lei local).
No Estado de São Paulo, disciplina a Lei Complementar Estadual n.º 846/98 a possibilidade de qualificação (de organização social) atribuída à entidade civil, sem fins lucrativos, instituída nos moldes dispostos pela Lei Federal n.º 9.637/98, mas com atuação nas áreas de saúde e cultura apenas.
O contrato de gestão das organizações sociais poderá prever:
· destinação de recursos orçamentários;
· destinação de bens (por meio de permissão de uso);
· destinação de serviços que serão exercidos por essas organizações sociais;
· o prazo que elas têm para executar esses serviços;
· os instrumentos de fiscalização;
· as penalidades em caso de descumprimento;
· possibilidade de serem elas contratadas por dispensa de licitação.
As organizações sociais podem ser contratadas sem licitação (artigo 24, inciso XXIV, da Lei n. 8.666/93) e recebem verbas ou dotações orçamentárias.
Por fim, alguns cuidados. Cada ente federado deve legislar a respeito da matéria. Cada ente poderá indicar quais as áreas de atuação que podem ser objeto do contrato de gestão. O contrato de gestão entre “órgãos” ou entidades da própria Administração (artigo 37, § 8.º, da Constituição Federal) não é aplicável às entidades privadas.Como exemplos de organizações sociais temos: os hospitais públicos geridos por entidades privadas e as Santas Casas de Misericórdia.
3.2. Serviços Sociais Autônomos
Serviços sociais autônomos são todos aqueles instituídos por lei com personalidade jurídica de direito privado para ministrar assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, e que não tenham finalidade lucrativa; atuam ao lado do Estado (paraestatal), em caráter de cooperação, não prestando serviço público delegado, como ocorre com as organizações sociais, mas atividades privadas que o Poder Público tem interesse em incentivar.
São, portanto, pessoas jurídicas de direito privado que atuam sob regulação e fiscalização do Poder Público. Têm autorização do Estado para arrecadar e utilizar, na sua manutenção, contribuições parafiscais.
 Embora não integrantes da Administração Pública, sujeitam-se aos princípios da licitação, à realização de processo seletivo e à prestação de contas, porque manejam verbas públicas; assumem a forma de instituições particulares convencionais, tais como fundações, sociedades civis e associações, e não possuem privilégios fiscais, administrativos e processuais. Como exemplos de serviços sociais autônomos temos o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), o SESC (Serviço Social do Comércio), o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e o SESI (Serviço Social da Indústria).
Os serviços sociais autônomos têm como fonte de renda dotações orçamentárias e contribuições parafiscais cobradas dos empregadores. 
Contudo, resumidamente, tanto as organizações sociais quanto os serviços sociais autônomos surgem como entidades “paraestatais”, eis que não integram a estrutura da Administração Pública, mantendo, entretanto, vínculos por razões diferenciadas; enquanto para as organizações sociais o que justifica o contrato é a transferência de serviços públicos, para os chamados serviços sociais autônomos é o fomento de atividades que, embora não possam ser confundidas com serviços públicos, o Estado tem interesse em incentivar, desenvolver.
Observação: As Organizações sociais e os serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de direito privado que podem ser chamadas de entidades paraestatais (
também o são as fundações de apoio, as ordens e os conselhos de profissão, as organizações da sociedade civil de interesse público). As organizações da sociedade civil de interesse público não firmam contrato de gestão, mas termo de parceria com o Poder Público e, por isso, não recebem bens para administrar, servidores públicos ou recursos orçamentários. Cada ente federado deve legislar a respeito.
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DIREITO CIVIL
Prof. Vitor Frederico Kümpel
1. TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES
1.1. Considerações Gerais
O Direito pode ser dividido em dois grandes ramos: direitos não patrimoniais (que tratam dos direitos da personalidade, direito à vida, à liberdade, à honra etc.) e direitos patrimoniais (que tratam dos direitos que envolvem valores econômicos). 
O Direito das obrigações e o Direito das coisas integram os direitos patrimoniais. Entretanto, apesar de integrarem o mesmo ramo, não podem ser confundidos, porque o primeiro trata de direitos pessoais e o segundo trata dos direitos reais. 
Direito pessoal é o direito do credor contra o devedor, tendo por objeto uma determinada prestação. Forma-se uma relação de crédito e débito entre as pessoas.
Direito real é o poder – direto e imediato – do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. Cria um vínculo entre a pessoa e a coisa (direito de propriedade), e esse vínculo dá ao titular uma exclusividade em relação ao bem (erga omnes).
Há, ainda, outras diferenças entre os direitos pessoais e os direitos reais:
a) Quanto à formação
· Direitos reais: têm origem na lei, não podem ser criados em um contrato entre duas pessoas, sendo, por esse motivo, limitados. Seguem o princípio do numerus clausus (número limitado).
· Direitos pessoais: não resultam da lei, nascem de contratos entre pessoas. Há 16 contratos nominados pela lei, entretanto, é possível a criação de contratos inominados, pois, para exsurgir um direito pessoal, basta que as partes sejam capazes e o objeto seja lícito. Segue o princípio do numerus apertus (número aberto.)
b) Quanto ao objeto
· Direito das coisas: o objeto é sempre um bem corpóreo.
· Direito pessoal: o objeto é a prestação. Sempre que duas pessoas celebram um contrato uma delas torna-se devedora de uma obrigação em relação à credora.
c) Quanto aos sujeitos 
· Direito pessoal: os sujeitos são o credor e o devedor (sujeito ativo e sujeito passivo).
· Direitos reais: costuma-se dizer que o direito real somente possui o sujeito ativo porque esse é ligado à coisa (de um lado o titular e do outro lado a coisa). A explicação, entretanto, é didática. Nos direitos reais, em princípio, o sujeito passivo é indeterminado porque todas as pessoas do universo devem abster-se de molestar o titular (são direitos oponíveis erga omnes). No instante em que alguém viola o direito do titular, o sujeito passivo se define.
d) Quanto à prescrição
A ação que protege os direitos pessoais é chamada de ação pessoal e prescreve em 10 anos, a não ser que exista uma regra especial (exemplo: ações pessoais contra a Fazenda Pública prescrevem em 5 anos).
As ações reais também prescrevem em 10 anos, adotando o Código Civil uma única sistemática para ambas as ações.
Pela sistemática do Código Civil de 1916 é que as ações pessoais prescreviam em 20 anos e as reais em 15 ou 10 anos, dependendo se era entre ausentes ou presentes.
e) Quanto à duração
· Direitos pessoais: são transitórios, pois nascem, duram um certo tempo e se extinguem (pelo cumprimento, pela compensação, pela prescrição, pela novação etc.). 
· Direitos reais: são perpétuos, significa dizer que não se extinguem pelo não uso, entretanto, extinguem-se pelas causas expressas em lei (por exemplo: desapropriação, usucapião em favor de terceiros, perecimento da coisa, renúncia etc.).
1.2. Conceito de Obrigação
Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento da prestação. Se há um direito pessoal, é porque duas pessoas se obrigaram uma com a outra.
1.3. Fontes das Obrigações
Pode-se dizer que a obrigação resulta da vontade do Estado, por intermédio da lei (exemplo: obrigação de prestar alimentos, obrigação do patrão responder pelo ato do empregado, obrigação do pai responder pelo ato do filho etc) ou da vontade humana, por meio dos contratos (obrigação de dar, fazer ou não fazer), das declarações unilaterais da vontade (promessa de recompensa e título ao portador) e dos atos ilícitos (obrigação de reparar o prejuízo causado a terceiro– ato ilícito civil, previsto na Parte Geral do Código Civil). 
Alguns autores entendem que a única fonte de obrigação é a lei, porque é ela quem obriga as pessoas a cumprirem os contratos que celebram ou as declarações de vontade que expressam ou, ainda, a repararem os danos que causam.
Pode-se dizer, então, que algumas vezes a lei é a fonte imediata (direta) da obrigação (exemplo: a obrigação alimentar), outras vezes, porém, ela é a fonte mediata (indireta) da obrigação.
1.4. Elementos Constitutivos da Obrigação
1.4.1. Elemento subjetivo
Diz respeito aos sujeitos da obrigação. Os sujeitos da obrigação são chamados de credor (sujeito ativo) e devedor (sujeito passivo). Os sujeitos podem ser pessoas naturais ou jurídicas, devendo ser determinados ou, ao menos, determináveis. Não se considera, como capaz de gerar uma obrigação, um contrato em que os sujeitos sejam indeterminados.Pode haver contrato em que, a princípio, um dos sujeitos seja indeterminado, mas no qual existam elementos que permitam determinar o sujeito (exemplo: alguém coloca um anúncio prometendo recompensa para quem encontrar um cachorro; de imediato não se sabe quem é o credor da obrigação, mas a declaração traz elementos que podem determinar o sujeito ativo: quem encontrar o cachorro).
1.4.2. Elemento objetivo
Toda obrigação tem o seu objeto. O objeto da obrigação é sempre uma conduta humana que se chama prestação (dar, fazer ou não fazer). A prestação também tem o seu objeto, que se descobre com a pergunta: o quê? (alguém se obriga a fazer – fazer O QUÊ?)
Pode-se dizer que o objeto imediato da obrigação é a prestação, e o objeto mediato da obrigação é aquele que se descobre com a pergunta o quê?.
1.4.3. Vínculo jurídico
É aquele que nasce das diversas fontes e que liga o credor ao devedor e vice-versa.
1.5. Obrigação e Responsabilidade
A obrigação difere da responsabilidade. A obrigação, quando cumprida, extingue-se. Não cumprida, gera a responsabilidade por perdas e danos (artigo 389 do Código Civil). Pode-se dizer, então, que a responsabilidade somente nasce quando não for cumprida a obrigação.
Há, entretanto, dois casos de obrigação não cumprida e que não geram responsabilidade: dívidas prescritas; e dívidas de jogo (não podem ser cobradas).
1.6. Classificação das Obrigações
1.6.1. Quanto ao objeto
É sempre uma conduta humana – dar, fazer ou não fazer alguma coisa – e se chama prestação. Duas delas são positivas (dar e fazer) e uma é negativa (não fazer).
1.6.2. Quanto aos elementos constitutivos
Leva em conta o número de sujeitos e o número de objetos. As obrigações, quanto aos elementos constitutivos, podem ser simples e compostas (complexas). Obrigação simples é aquela que tem um único sujeito ativo, um único sujeito passivo e um só objeto. Basta que um desses elementos seja em número de dois para que a obrigação seja composta.
Quando possui mais de um objeto, a obrigação é chamada de obrigação composta pela multiplicidade de objetos; quando possuir mais de um sujeito, é chamada de composta pela multiplicidade de sujeitos.
a) Compostas pela multiplicidade de objetos 
Podem ser cumulativas (também chamadas de conjuntivas) e alternativas (também chamadas de disjuntivas). Nas obrigações cumulativas, os vários objetos estão ligado pela conjunção e (exemplo: o devedor obriga-se a entregar ao credor um automóvel e um animal). Nas obrigações alternativas os vários objetos estão ligados pela disjuntiva ou (exemplo: o devedor obriga-se a entregar ao credor um automóvel ou um animal).
Obrigação facultativa é alternativa apenas para o devedor, que tem a faculdade de entregar o objeto principal ou substituí-lo por outro. Se o objeto principal perecer sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação e o devedor não estará obrigado a entregar o segundo objeto, porque esse consistia apenas numa faculdade prevista pelo contrato. Para o credor, que só pode exigir o objeto principal, a obrigação continua sendo simples.
b) Compostas pela multiplicidade de sujeitos
As obrigações podem ser divisíveis, indivisíveis e solidárias. São divisíveis quando o objeto da prestação pode ser dividido entre os vários credores ou os vários devedores. São indivisíveis quando o objeto da prestação não pode ser dividido entre os vários credores ou os vários devedores. 
Quando o objeto é indivisível e um só dos devedores é encontrado– embora cada um deva cumprir sua quota-parte –, esse terá de cumprir integralmente a obrigação, tendo direito de regresso em face dos demais devedores. 
Nas obrigações solidárias não se toma por base a divisibilidade ou não do objeto, devendo-se observar se existe alguma cláusula contratual ou um dispositivo de lei que disponha ser a obrigação solidária.
Quando a obrigação é solidária, cada devedor responde sozinho pela dívida integral. O artigo 932 do Código Civil dispõe que os pais respondem pelo atos dos filhos menores; que o patrão responde pelos atos dos seus empregados; etc. A obrigação dessas pessoas é solidária (artigo 942 do Código Civil).
Quanto aos efeitos, há uma certa semelhança entre a indivisibilidade e a solidariedade, pois nas duas, ainda que haja vários devedores, somente de um o credor poderá cobrar a obrigação integral. 
	OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL
	OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA
	Embora um dos devedores possa ser obrigado a cumprir sozinho a obrigação integral, isso só ocorrerá porque o objeto é indivisível, pois na verdade cada devedor só deve sua quota-parte.
	Nesse caso, o devedor poderá ser obrigado a cumprir sozinho a obrigação integral porque cada devedor responde pela dívida inteira.
	Converte-se em perdas e danos se o objeto perecer por culpa dos devedores, passando a ser, portanto, divisível.
	Se a obrigação se converter em perdas e danos, continuará sendo solidária porque a solidariedade não depende da indivisibilidade ou não do objeto.
Há várias outras modalidades de obrigações tratadas pela doutrina. 
· Obrigações de meio: a obrigação é de meio quando o devedor não se responsabiliza pelo resultado e se obriga apenas a empregar todos os meios ao seu alcance para consegui-lo. 
Se não alcançar o resultado, mas for diligente nos meios, o devedor não será considerado inadimplente (exemplo: obrigações dos advogados, obrigações dos médicos).
· Obrigação de resultado: a obrigação é de resultado quando o devedor se responsabiliza por esse. Se o resultado não for obtido, o devedor será considerado inadimplente (exemplo: médicos que fazem cirurgia plástica , trabalho de natureza estética; a não ser que seja para correção de doença).
· Obrigações civis: aquelas cujo cumprimento pode ser exigido porque encontra amparo no direito positivo (a todo direito corresponde uma ação que o assegura). O ordenamento jurídico dá apoio ao credor.
· Obrigações naturais: são as dívidas prescritas, dívidas de jogo e os juros não convencionados. Não podem ser cobradas em Juízo.
· Obrigações de execução instantânea: as contraídas para serem cumpridas instantaneamente (exemplo: compra e venda à vista).
· Obrigações de execução diferida: aquelas que devem ser cumpridas em momento futuro. É diferida porque transferida para data futura.
· Obrigações de prestações sucessivas: são cumpridas em vários atos, como ocorre com as prestações periódicas.
· Obrigações puras e simples: são aquelas sob as quais não pesa nenhum ônus (exemplo: doação).
· Obrigações condicionais: aquelas cuja eficácia está subordinada a um evento futuro e incerto, geralmente aparecem com a partícula se.
· Obrigações a termo: aquelas cuja eficácia está subordinada a um evento futuro e certo.
· Obrigações com encargo: aquelas sob as quais pesa um determinado encargo. Verifica-se nas doações e nos testamentos, que são chamados atos de liberalidade.
· Obrigações híbridas: as que constituem um misto de direito real e de direito pessoal (exemplo: obrigação propter rem, que recai sobre uma pessoa em razão de sua condição de titular de um determinado direito real).
2. OBRIGAÇÕES EM GERAL
2.1. Obrigação de Dar Coisa Certa
Na obrigação de dar coisa certa, o credor não pode ser compelido a aceitar coisa diversa, ainda que mais valiosa. A dação em pagamento (dar coisa diversa) depende da concordância do credor e extingue a obrigação (artigo 313 do Código Civil).
2.1.1. Perecimento e deterioração da coisa
Prevalece a regra res perit domino, ou seja, a coisa perece para o dono. Portanto, se a coisa desapareceu antes da alienação, quem perde é o alienante.
· Perecimento: havendo o perecimento (perda total) da coisa, deve-se verificar se houve ou não culpa do devedor. Não havendo a culpa, resolve-se a obrigação, sem qualquer responsabilidade. Se o perecimento ocorreu por culpa do devedor, haverá obrigação de pagar o equivalente em dinheiro – mais perdas e danos –, desde que provado o prejuízo.
· Deterioração: é a perda parcial da coisa; também nesse caso deve-se observar se houve ou não a culpa do devedor. Não havendo culpa,o credor poderá optar por desfazer o negócio, ou ficar com a coisa mediante abatimento do preço avençado. Se houve culpa do devedor, as opções continuam as mesmas, acrescidas do pedido de perdas e danos, desde que provado o prejuízo.
2.2. Obrigação de Dar Coisa Incerta
A coisa incerta não deve ser entendida como coisa totalmente indeterminada. Ao menos,deve ser determinada pelo gênero e quantidade (artigo 243 do Código Civil). Há coisa incerta quando alguém se obriga a entregar coisa sem determinar sua qualidade. Faltando, porém, a determinação do gênero ou da quantidade, não existe obrigação. 
A escolha da qualidade caberá ao devedor, se o contrário não for convencionado. Pode-se, no contrato, convencionar que a escolha caberá ao comprador ou a um terceiro. Quando a escolha couber ao devedor, ele não poderá escolher a pior qualidade, entretanto, também não será obrigado a entregar a melhor qualidade. O legislador optou pelo princípio da qualidade média nos casos de escolha pelo devedor. Se existirem apenas duas qualidades, e a escolha couber ao devedor, o critério lógico seria poder escolher qualquer delas, entretanto a lei é omissa nesse caso.
Feita a escolha, a coisa não é mais incerta. A obrigação de dar coisa incerta passa a reger-se pelas regras da obrigação de dar coisa certa. A escolha, depois de manifestada, exteriorizada, chama-se concentração (é uma denominação doutrinária).
Antes da escolha o devedor não poderá alegar caso fortuito ou força maior (artigo 246 do Código Civil), porque antes da escolha não existe coisa certa. Tem-se apenas o gênero e esse nunca perece (genus nunquam perit).
2.3. Obrigação de Fazer
Três são as espécies de obrigação de fazer:
· infungível (personalíssima ou intuito personae);
· fungível (impessoal); 
· emissão de declaração de vontade.
2.3.1. Obrigação de fazer infungível
Obrigação infungível é aquela que não pode ser substituída por outra de mesmo gênero, quantidade ou qualidade. 
A obrigação sempre será infungível quando a pessoa for contratada em razão de suas condições pessoais, de suas qualidades técnicas ou artísticas. O credor ainda pode dispor, nesse tipo de contrato, que somente aquele devedor poderá cumprir a obrigação. Então, pode-se dizer que há duas hipóteses de obrigações de fazer infungíveis:
· quando é evidente que a pessoa foi contratada em razão de suas qualidades pessoais (exemplo: contrato de show com um artista conhecido); 
· quando houver cláusula expressa, no contrato, dizendo que somente o devedor poderá cumprir a obrigação.
As obrigações infungíveis algumas vezes podem não ser cumpridas, ou por impossibilidade ou por recusa.
· Impossibilidade: se a obrigação se tornar impossível, sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação; se o devedor der causa a essa impossibilidade, responderá por perdas e danos.
· Recusa: o devedor não cumpre a obrigação porque não quer. Será sempre culposa e, por este motivo, o devedor responderá por perdas e danos. Às vezes o credor não exige indenização, querendo que o devedor cumpra a obrigação.
2.3.2. Obrigação de fazer fungível
A obrigação será fungível sempre que o devedor ou a coisa puder ser substituída, por não haver necessidade de determinadas qualidades para o cumprimento da obrigação.
2.4. Obrigação de Não Fazer
O contratante lesado pode exigir o desfazimento do que foi feito, sob pena de desfazer-se às suas custas, mais perdas e danos. Há casos de obrigação de não fazer em que a única saída que resta ao lesado é perdas e danos porque, se foi feito, não poderá ser desfeito.
Extingue-se a obrigação do devedor se se tornou impossível cumpri-la (exemplo: se uma lei sobrevier ao contrato obrigando a fazer o que o devedor se obrigou a não fazer, torna-se impossível o cumprimento da obrigação de não fazer e, por esse motivo, ela se extingue). 
2.5. Obrigações Alternativas
Obrigação alternativa é aquela composta pela multiplicidade de objetos, ligados pela disjuntiva ou. Alguém se obriga a entregar ou restituir – uma coisa ou outra –, bastando a entrega de um dos objetos para que o devedor seja considerado adimplente. Quando são mais de dois objetos, há uma obrigação alternativa múltipla.
Não se deve confundir obrigação alternativa com obrigação de dar coisa incerta. A obrigação alternativa tem sempre dois ou mais objetos. A obrigação de dar coisa incerta tem um único objeto e ele é indeterminado quanto à qualidade.
No silêncio do contrato, a escolha cabe ao devedor. Pode haver convenção no sentido de que a escolha caberá ao credor ou a um terceiro, previamente determinado e de comum acordo. O Código se omite no caso de, após a assinatura do contrato, o terceiro – escolhido de comum acordo – não aceitar a incumbência da designação. Acabou sendo adotada a seguinte solução: aplicar por analogia o artigo 485 do Código Civil, que trata da fixação de preço. Se o terceiro não aceitar a incumbência, os contratantes devem, de comum acordo, escolher uma outra pessoa; se não houver acordo para a substituição, a solução é desfazer o negócio. 
O devedor não pode obrigar o credor a aceitar parte de um objeto e parte de outro (exemplo: se há a obrigação de entregar 10 sacas de arroz ou 10 sacas de feijão, o devedor não pode obrigar o credor a aceitar 5 sacas de cada espécie).
Quando as prestações forem anuais, elas podem se alternar (exemplo: um testador, para deixar um legado, impõe ao legatário a condição de, uma vez por ano, entregar 10 sacas de arroz ou 10 sacas de feijão à uma instituição de caridade; o devedor poderá alternar, entregando em um ano arroz, no outro feijão).
Em alguns casos fica impossível para o devedor cumprir a obrigação.Ex.: perecimento do objeto. Se não ocorreu culpa do devedor, a obrigação se extingue. Se houver, entretanto, culpa do devedor pelo perecimento da coisa, há duas soluções:
· Se a escolha for do devedor: perecendo um dos objetos, a obrigação se concentra no outro. Se perecerem os dois objetos, o devedor pagará, em dinheiro, o equivalente do último objeto que pereceu, mais perdas e danos.
· Se a escolha for do credor: perecendo um dos objetos, o credor poderá ficar com o remanescente, ou exigir em dinheiro o equivalente do que pereceu, mais perdas e danos. Havendo o perecimento dos dois objetos, o credor pode exigir, em dinheiro, o equivalente de qualquer deles, mais perdas e danos.
2.6. Obrigação Solidária
A solidariedade pode ser de três espécies: ativa (quando há uma pluralidade de credores); passiva (quando há pluralidade de devedores) ou mista (quando há vários credores e vários devedores).
Para que haja solidariedade é preciso que essa resulte da lei ou da vontade das partes (artigo 265 do Código Civil), não podendo ser presumida. Se não existir lei ou contrato dispondo que a dívida é solidária, a mesma será divisível (cada credor somente poderá cobrar a sua parte, e cada devedor responderá somente pela sua cota).
O único caso de solidariedade ativa que resulta de lei é a forma de pagamento dos débitos dos pecuaristas (Lei Rural n. 209/48).
Nos casos de solidariedade ativa, o devedor se exonera pagando a qualquer dos credores antes de a dívida estar sendo cobrada judicialmente. Se a dívida já estiver sendo cobrada em Juízo, o devedor somente poderá pagar ao credor que ingressou com a ação.
Nos casos de solidariedade passiva, o credor pode cobrar a dívida de qualquer dos credores ou de todos eles (artigo 275 do Código Civil). Quando o credor escolhe somente um dos devedores, esse, que paga a dívida, terá direito de regresso contra a cota parte de cada um dos co-devedores solidários, pois entre eles a obrigação é divisível (artigo 283 do Código Civil).
O devedor principal é aquele a quem a dívida interessa exclusivamente. Se um dos co-devedores pagar a dívida na íntegra, terá o direito de cobrar a mesma do devedor principal (artigo 285 do Código Civil). Quando o co-devedor move ação contra o devedor principal, sub-roga-se no crédito.
O credor poderá renunciar à solidariedade em favor de um ou de vários credores solidários, entretanto,para cobrar dos outros deverá descontar a cota-parte daquele a quem remitiu.
2.7. Obrigações Naturais
2.7.1. Conceito
Como já vimos, as obrigações são civis ou naturais, conforme o fundamento.
O nosso Código Civil não trata da matéria, havendo uma definição sobre o tema no artigo 2.º do Código Libanês. Ali está estabelecido: "A obrigação natural é um dever jurídico cujo cumprimento não pode ser exigido, mas cuja execução voluntária tem o mesmo valor e produz os mesmos efeitos de uma obrigação civil".
2.7.2. Obrigação natural e obrigação civil
A obrigação natural, conforme verificamos acima, é aquela da qual não se pode exigir o cumprimento, enquanto a obrigação civil é aquela cujo cumprimento pode ser exigido, porque encontra respaldo no direito positivo.
Aplica-se o disposto no artigo 75 do Código Civil de 1916, pois a cada direito corresponde uma ação. Apesar de não haver coação no cumprimento, caso haja ajuizamento voluntário, os efeitos são os mesmos.
2.7.3. Elementos
Temos quatro elementos para cumprimento da obrigação natural:
· Não são obrigações morais: os efeitos são jurídicos.
· Sanção não plena: ao contrário das obrigações civis, a sanção não tem caráter pleno.
· Previsão no sistema positivo: a obrigação natural, para ter tal característica, tem que ter expressa previsão no sistema jurídico.
· Previsão pelo direito costumeiro: a obrigação natural pode ser prevista pelo direito costumeiro, espécie de direito positivo.
2.7.4. Sistema legal
O Código Civil prevê a obrigação natural.
Os artigos 882 e 883, ao tratarem do pagamento indevido, dispõem: não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. Como bem assinala o Professor Limongi, com a prescrição ocorreu o desaparecimento da ação, persistindo o direito ao crédito. Já, no artigo 883, a obrigação natural aparece como forma de sanção para os que querem violar a ordem jurídica e a ética.
O artigo 564, inciso III, do Código Civil, ao tratar da doação, diz que não se revogam por ingratidão as doações que se fizerem em cumprimento de obrigação natural.
O artigo 814 do Código Civil, quando trata do jogo de aposta determina: "Não obriga a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor, ou interdito”. Aqui a obrigação natural tem o caráter de sanção.
2.7.5. Direito costumeiro
A primeira hipótese é a do pagamento de gorjeta aos empregados de restaurantes, hotéis e congêneres – o cliente não está obrigado por lei a arcar com os 10%. Na realidade, quem efetua o pagamento o faz a título de obrigação natural.
Outro exemplo é o do pagamento de comissão amigável para intermediar os ocasionais em negócios com imóveis. Não são corretores profissionais e não há obrigatoriedade de remuneração pela intermediação. O pagamento é feito a título de obrigação natural.
3. DA CLÁUSULA PENAL
Era tratada pelo Código Civil de 1916 como uma das modalidades das obrigações. Porém, de maneira acertada foi relacionada no Título IV "Do inadimplemento das obrigações", como uma das formas de inexecução das obrigações.
É a multa estipulada nos contratos para as hipóteses de total inadimplemento da obrigação, de cumprimento imperfeito ou, ainda, de mora. Qualquer contrato aceita cláusula penal.
A cláusula penal é também chamada de pena convencional ou multa contratual. A cláusula penal, em geral, é estipulada para pagamento em dinheiro, mas também pode tomar outras formas, como a perda de um benefício.
Tem natureza acessória, ou seja, não existe por si, devendo sempre estar acompanhando um contrato principal, podendo, entretanto, ser estipulada na obrigação principal ou em separado (artigo 409 do Código Civil). A nulidade da obrigação principal importa a da cláusula penal. Resolvida a obrigação principal, resolve-se também a cláusula penal.
A cláusula penal tem uma função principal (forçar o cumprimento da obrigação, atuando como elemento da coerção) e uma função secundária (evitar o total descumprimento da obrigação, sendo que o CP atua com a prefixação das perdas e danos, quando estipuladas para o caso de total inadimplemento da obrigação).
Quem não cumpre a sua obrigação, no tempo e no modo devido, responde por perdas e danos (artigo 389 do Código Civil). As perdas e danos abrangem não só aquilo que a pessoa efetivamente perdeu, mas também o que ela deixou de lucrar (danos emergente e lucros cessantes). Quem pleitear perdas e danos deve provar o prejuízo alegado.
Para cobrar o valor da cláusula penal, não se deve provar o prejuízo (artigo 416 do Código Civil). A multa, portanto, apresenta-se como uma convenção entre as partes.
Se a cláusula penal não cobrir todo o prejuízo, a parte prejudicada pode ingressar com ação de perdas e danos, mas terá o ônus de provar o prejuízo (artigo 416, parágrafo único, Código Civil).
4. PAGAMENTO EM GERAL
4.1. Conceito
Pagamento – em sentido amplo – ou execução é o mesmo que implemento, adimplemento, prestação, resolução e solução.
Pode ser definido como a prestação daquilo a que o sujeito se obrigou. Muitos consideram a execução um efeito da obrigação, porém execução é o pagamento, o adimplemento da obrigação.
O pagamento põe termo à relação jurídica. É uma forma de extinção das obrigações e dos contratos, pelo seu cumprimento
4.2. Classificação COMPLEXO JURÍDICO
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4.3. Pagamento Puro e Simples
4.3.1. Conceito
Como já vimos, pagamento é o mesmo que execução e adimplemento. O pagamento puro e simples é aquele em que não há modificação relevante fundada em lei, não há alteração da substância do vínculo.
É a solutio. Isso porque aquele que deve tem que pagar.
Com o pagamento, alcança-se o objeto, e a relação jurídica entre devedor e credor se extingue, liberando a ambos.
O Professor Silvio Rodrigues entende que pagamento é espécie do gênero adimplemento. O vocábulo adimplemento abrange todos os modos, diretos ou indiretos, de extinção da obrigação, pela satisfação do credor. Inclui, por conseguinte, a novação, a compensação etc. Já o termo pagamento fica reservado para significar o desempenho voluntário da prestação, por parte do devedor.
4.3.2. Elementos
O pagamento é composto de três elementos: 
· Sujeito ativo: é aquele que deve pagar (solvens).
· Sujeito Passivo: é aquele a quem se deve pagar (accipiens). 
· Objeto: é o vínculo obrigacional que justifica o pagamento (dar, fazer ou não fazer).
O pagamento põe termo à relação jurídica, realizando o conteúdo do negócio jurídico.
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4.3.3. Sujeito ativo do pagamento
Sujeito ativo é aquele que deve efetuar o pagamento. É óbvio que é o devedor que tem o principal interesse e a própria obrigação de pagar, cabendo ao credor a obrigação de quitar.
Em primeiro lugar é preciso questionarmos se a obrigaçãoé personalíssima. Caso seja, somente o obrigado pode efetuar o pagamento; não sendo, qualquer um pode pagar, até os herdeiros.
Dos arts. 304 e 305 do Código Civil depreendemos cinco regras:
· Pagamento por qualquer pessoa: a dívida pode ser paga por qualquer pessoa, tenha ou não ela legítimo interesse.
· Irrelevância da vontade do credor: o pagamento pode ser feito mesmo contra a vontade do credor– basta que o terceiro se utilize dos meios próprios para tal (por exemplo, a consignação em pagamento).
· Terceiro interessado: é imperiosa a distinção entre o terceiro interessado e o não interessado. O terceiro interessado sub-roga-se nos direitos do credor.
· Terceiro não interessado: se o terceiro não é interessado, não se sub-roga. Se o credor era hipotecário, o terceiro tem o direito de reembolsar-se, porém sem os privilégios da hipoteca.
· Pagamento em nome do devedor: mesmo o terceiro não interessado se sub-roga nos direitos do credor ao pagá-lo, não em seu próprio nome, mas em nome e por conta do devedor (arts. 304, parágrafo único, e 305).
O artigo 304 do Código Civil dispõe que qualquer terceiro – até mesmo o não interessado – pode pagar a dívida, , desde que o faça em nome e por conta do devedor. Na realidade, pouco importa para o credor quem faça o pagamento, desde que o faça corretamente. Para o credor, o importante é receber o que lhe é devido, isto é, o seu crédito. O devedor também só tem vantagens, pois vê a dívida retratada, já que sua obrigação em nada se agrava, só atenua. Do ponto de vista social, o cumprimento da obrigação também só traz vantagem , já que a ação judicial é um elemento de intranqüilidade social.
O terceiro não interessado pode pagar a dívida em seu próprio nome ou em nome do devedor.
Se pagar em nome do devedor, não surge outra relação obrigacional, pois seria como se o próprio devedor tivesse efetuado o pagamento. Ocorre mera liberalidade por parte do terceiro. É a interpretação do artigo 305, a contrário senso. Como o dispositivo legal mencionado determina que o terceiro não interessado que pague a dívida em seu próprio nome tem direito a reembolsar-se, evidente que, se pagou em nome do próprio devedor, não tem direito ao reembolso.
Se o terceiro não interessado paga a dívida em seu próprio nome, com fundamento no artigo 304, tem direito ao reembolso, porém sem qualquer sub-rogação nos direitos do credor. Não há animus donandi. Quis apenas ajudar o devedor.
O credor não pode recusar o pagamento efetuado pelo terceiro não interessado, desde que seja feito em nome do devedor. Esse terceiro não interessado é aquele que não tem vínculo com o contrato.
O cumprimento da obrigação, por qualquer um, é elemento de paz social, de forma que é sempre estimulado pelo Direito.
Resumindo:
· O terceiro que paga a dívida em nome do devedor pratica essa liberalidade (exemplo: amigo, amante, parente). É a regra do artigo 305 do Código Civil. Não há direito ao reembolso.
· O terceiro que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito ao reembolso, mas não se sub-roga nos direitos do credor (artigo 305 do Código Civil). Aqui não há só liberalidade. O pagamento não pode nem deve gerar o enriquecimento sem causa.
O artigo 305 do Código Civil diz que o solvens não se beneficia com a sub-rogação porque, quando paga ao credor, desaparece a relação jurídica originária e surge outra, sem relação direta com a anterior.
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No pagamento com sub-rogação, a relação jurídica originária não se extingue, subsistindo o vínculo obrigacional entre o devedor e a pessoa que sub-roga, já que o sub-rogado assume o lugar do credor, satisfeito na obrigação.
A anuência é expressa ou tácita, advinda do próprio silêncio, cujas conseqüências já foram vistas.
4.3.4. Sujeito Passivo do Pagamento
Credor - parte
Terceiro interessado ( mandatário
Terceiro alheio ( gestor ( vontade
O sujeito passivo (accipiens) é aquele que deve receber, ou a quem se deve pagar. Para Beviláqua, o credor é também o sucessor causa mortis ou inter vivos, a título particular ou singular.
O princípio está no artigo 308, quando esse dispõe que o pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer se ratificado pelo credor ou se reverter em proveito dele.
Caso não haja, portanto, pagamento corretamente feito ao credor ou seu representante, compete ao devedor provar que houve ratificação ou que houve reversão em proveito do credor.
Aplica-se o velho brocardo de que quem paga mal, paga duas vezes.
Nem sempre, portanto, a regra geral de que o pagamento deve ser efetuado ao credor é válida. 
O pagamento, às vezes, efetuado ao credor não é válido (exemplo: pagamento ao menor que não pode quitar).
O pagamento efetuado para terceiro, às vezes, quita. 
Exemplo: credor ratifica pagamento ao credor incapaz.
 pagamento
CREDOR 
 DEVEDOR
quitação 
Com o pagamento da obrigação, compete ao credor a quitação. A quitação é a prova de que a obrigação se extinguiu, total ou parcialmente, pelo seu adimplemento.
O credor incapaz não pode praticar ato jurídico sem estar representado ou assistido, de forma que não pode, de per si, quitar. Tanto que o artigo 310 do Código Civil considera viciado o ato jurídico, não valendo o pagamento ao menor que não pode quitar. Ex.: pagamento ao menor impúbere e não ao pai. Aqui não é só a quitação que é inválida, já que o próprio pagamento é considerado não realizado. A própria lei prevê uma exceção (artigo 310 do Código Civil) quando diz que o pagamento efetuado ao incapaz de quitar será válido quando reverter em benefício desse. O ônus da prova é do devedor desidioso. Exemplo: se o menor gastar o dinheiro, o devedor pagará novamente.
A regra geral visa proteger o incapaz. Tal benefício, porém, para não gerar instabilidade jurídica ou enriquecimento indevido, não aproveitará ao incapaz, quando ele, apesar da idade, fizer bom uso do dinheiro. 
Observação: O devedor deve saber que o menor é incapaz ou ter mecanismos para conhecer tal situação. Se o devedor for induzido em erro quanto à idade, erro escusável, poderá anular o negócio jurídico e o pagamento prevalecerá. (O artigo 310 do Código Civil fala em "cientemente".)
a) Crédito penhorado (artigo 312 do Código Civil)
Se o devedor vier a ser intimado da penhora, feita sobre seu crédito por outras dívidas, não poderá utilizar o bem penhorado para pagar dívidas com terceiros.
O patrimônio do devedor responde por suas dívidas. Tal patrimônio contém bens corpóreos e incorpóreos (créditos). Tais bens devem estar desobstruídos para pagamento. Portanto, mesmo pagando ao credor real, se o bem estiver penhorado, tal pagamento será ineficaz.
Tanto a penhora quanto o embargo sobre a dívida retiram do credor o poder de receber. O devedor ciente da constrição, se efetuar o pagamento, apesar da penhora ou impugnação, se sujeita a fazê-lo duas vezes. A solução não prevalece sobre o exeqüente ou embargante. Cabe ação regressiva ao devedor, para devolver (repetir) o que transferiu.
b) Representante do credor
O pagamento pode ser feito ao representante do credor.
O pagamento em qualquer dos casos é válido, desde que o representante tenha poderes para representar.
O artigo 311 do Código Civil diz que o portador da quitação é mandatário do credor. Há presunção juris tantum de mandato. Isso porque haveria uma negligência se o credor permitisse que o terceiro, contra sua vontade, trouxesse consigo a quitação do crédito de que é titular. A presunção não é irrefragável e pode ser elidida por prova em contrário (exemplo: se o mandatário parecer vadio, a presunção será elidida).
c) Validade do pagamento a terceiro
· Credor ratificado: é um gestor de negócios com eficácia ex tunc, isto é, reatroage até a realização do negócio e produz todos os efeitos do mandato (artigo 873 do Código Civil).
· Pagamento aproveita ao credor: mesmo sem a ratificação por parte do credor ou do portador de mandato, caso o pagamento aproveite ao credor, ocorre a extinção da obrigação pela quitação, para evitaro enriquecimento indevido. É de quem paga o ônus de provar o benefício. Exemplo: homem paga ao filho em vez de pagar à mulher, mas o numerário é usado na escola.
· Pagamento ao credor putativo: o credor putativo é aquele que não é, mas se apresenta, aos olhos de todos, como o verdadeiro credor. Exemplo: Herdeiro aparente. É o caso do herdeiro afastado posteriormente da herança, por indignidade.
4.3.5. Objeto do pagamento
Apesar de o Código apresentar 14 artigos a respeito do objeto do pagamento, na realidade a maioria deles diz respeito à prova do pagamento.
Isso porque – o tema já foi analisado anteriormente –, na realidade o objeto do pagamento, por ocasião da elaboração do Código anterior, tinha pouca importância, pois não havia inflação, sendo um período de estabilidade monetária. Da mesma forma, o Código de 2002 também vem num período de baixa inflação consagrado pelo Plano Real, de forma que o objeto do pagamento não sofreu grandes avanços.
Ademais, o Brasil adotou o princípio do nominalismo em seu Código Civil, segundo o qual, nas obrigações em dinheiro, o devedor se libera pagando em moeda corrente em lugar do cumprimento da prestação, conforme preceitua o artigo 315 do Código Civil combinado com o artigo 586 do mesmo diploma. Porém, o próprio artigo 316 determinou que as partes podem convencionar aumento progressivo de prestações sucessivas. Também artigo 317 disciplina a teoria da imprevisão autorizando o juiz a corrigir distorções em relações jurídicas de trato sucessivo.
O Código autorizava, até mesmo a estipulação em moeda estrangeira, matéria que foi revogada pela Medida Provisória n. 1.675-43 de 26.10.1998. A vedação ao pagamento em ouro ou moeda estrangeira surgiu ao partir do Decreto n. 23.501 de 1933, pois passamos de um período de liberalismo, em que a moeda era um instrumento de troca, para uma política intervencionista estatal, na qual a moeda passa a ser um mecanismo de controle da economia.
a) Princípio do nominalismo
Segundo tal princípio, o devedor tem o direito de se liberar da obrigação, pagando a mesma quantidade de moeda recebida. O legislador parte de uma ficção, na qual a moeda constitui um valor fixo, imutável, e as outras coisas aumentam e diminuem de valor. Desse modo, o devedor de uma importância em dinheiro se libera pagando o valor nominal da moeda corrente no lugar do cumprimento de uma obrigação. Independentemente da alteração do valor intrínseco da moeda, portanto, o devedor de uma importância em dinheiro se libera da dívida oferecendo a quantidade de moeda inscrita no título da dívida. Hoje resta evidente que o caráter inflacionário torna imperiosa a adoção da correção monetária, para evitar o enriquecimento indevido de uma parte em relação a outra.
b) A cláusula de escala móvel
Tal recurso surgiu exatamente porque a moeda estrangeira não poderia ser utilizada como fator de indexação para fins de pagamento da obrigação, sendo considerada objeto ilícito pelo sistema jurídico pátrio. Portanto, a cláusula de escala móvel é aquela que traz uma variação na prestação do devedor, segundo os índices de custo de vida ou segundo os preços de determinadas mercadorias. Para fugir do efeito inflacionário, o credor estipula o pagamento em moeda, em valor que corresponda ao de determinadas mercadorias – tais como cesta básica –, gêneros que são sensíveis à desvalorização da moeda. Outro fator de indexação utilizado é o salário mínimo, muito embora ele seja descaracterizado como fator de correção monetária pela Lei n. 6.205/75 que, ao lado de proibir o reajustamento clausular com base no salário mínimo (artigo 1.º), autorizou a aplicação da ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional). A Lei n. 6.423/77 proibiu a estipulação em qualquer escala móvel que não fosse a ORTN. Com a criação do Plano Cruzado (Dec. -lei n. 2.284/86) ficou proibida, sob pena de nulidade, cláusula de reajuste monetário nos contratos inferiores a um ano. Com o Cruzado Novo (Lei n. 7.730/89) houve o congelamento de preços, de forma que não havia mais correção monetária no sistema e só os contratos com prazo superior a 90 dias poderiam sofrer reajuste. A Medida Provisória n. 57/89 e a Lei n. 7.777/89 fixaram o BTN, até mesmo o BTN Fiscal.
Há divergência doutrinária quanto à conveniência da utilização da escala móvel. O Professor Silvio Rodrigues entende que a mesma gera inflação, enquanto os Professores Caio Mário Da Silva Pereira e Arnoldo Wald defendem o instituto. Não há nada na lei brasileira que invalide a cláusula de escala móvel, de maneira que a mesma é lícita, segundo a opinião do Professor Villaça.
4.3.6. Prova do pagamento
A quitação é prova do pagamento. Aliás, o artigo 319 já dispõe nesse sentido. A quitação consiste em um escrito, no qual o credor reconhece o recebimento do que fora estipulado e libera o devedor até o montante que foi pago. A quitação geral libera o devedor do vínculo geral que o prendia ao credor.
O devedor tem o direito de reter o pagamento caso o credor se recuse em fornecer a quitação, sendo esse o mandamento do artigo 319. Tal retenção não implica em mora, pois o artigo 396 estabelece que não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre esse em mora. Haverá a mora do credor por meio da recusa indireta, chamada de mora credendi (artigo 394 do Código Civil).
A pergunta feita pelos juristas Silvio Rodrigues e Rubens Limongi França, à luz do Código Civil de 1916, diz respeito ao fato de a quitação ser ato solene, por ter forma prescrita em lei, ou ato não solene. Aliás, havia uma aparente contradição, pois o artigo 940 apresenta requisitos para quitação enquanto o artigo 1.093 diz que a quitação pode ocorrer por qualquer forma.
Silvio Rodrigues, transcrevendo lição de Cerpa Lopes – que já seguia orientação de Beviláqua –, diz que a quitação não precisa ter a forma do contrato, bastando que se perfaça por escrito e satisfaça os requisitos do artigo 940 do Código Civil. O Mestre entende que o legislador exigiu forma escrita de quitação – a assinatura do credor. O Professor Rubens Limongi França afirma que se trata de forma fixa genérica e não única, podendo a quitação ser por escritura pública ou particular devendo obedecer aos ditames do artigo 940 do Código Civil.
O artigo 320 do Código Civil continua a apresentar o mesmo formalismo do artigo 940 para quitação, porém apresenta um parágrafo único que diz: "Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida". Portanto, o legislador foi flexível e, muito embora não tenha dito que a quitação pode ser por qualquer forma, garantiu validade a mesma nas hipóteses de comprovação do pagamento da dívida.
A quitação, muito mais do que uma obrigação do credor, é um direito do devedor. Além de incidir em mora, o credor incide em contravenção penal, conforme a Lei n. 4.494/94, artigo 17, inciso II.
4.3.7. Do lugar do pagamento
Em primeiro lugar devemos fazer uma distinção entre a dívida QUESÍVEL (querable) e a dívida PORTÁVEL (portable).
Quesível é a dívida que se paga, por princípio, no domicílio do devedor. Portável é a dívida que se paga em qualquer lugar determinado.
A regra geral é que a dívida seja normalmente quesível, isto é, deve ser paga no domicílio do devedor. Compete ao credor, portanto, ir até lá para receber o pagamento. O próprio artigo 327 estabelece esse princípio, afirmando que, salvo disposição em contrário, o pagamento deve ser efetuado no domicílio do devedor.
As partes podem transformar uma dívida portável em quesível, por estipulação expressa ou tácita entre as partes. Exemplo: uma dívida está estipulada para ser paga no domicílio do credor; porém, se o credor for cobrar a dívida na casa do devedor, transforma a natureza do local de recebimento.
O Código, quando fala que a lei pode estabelecer o local do pagamento, normalmente diz respeito às dívidas fiscais.
De toda forma, o local do pagamento é importante para caracterizar a mora. Assim, se a prestação deve ser cumpridano domicílio do credor e o devedor não comparece, incide em mora. Porém, se o credor não comparece no domicílio do devedor para receber a dívida quesível, não há mora, já que não há culpa por parte do devedor.
O artigo 328 do Código Civil apresenta uma lógica necessária quando estabelece que o pagamento, se consistir na compra e venda de imóvel, far-se-á no lugar onde o imóvel se encontra, até porque o imóvel só se transmite com a transcrição do registro imobiliário (artigo 1245 do Código Civil). Portanto, o registro só pode ser feito no cartório da Circunscrição Imobiliária. Há autores que criticam a redação do artigo 328 do Código Civil, afirmando que o contrato tem caráter pessoal e que a relação imobiliária só nasce num momento posterior, tornando irrelevante o local do pagamento. Não podemos nos esquecer que disposição nova foi estabelecida pelos artigoss. 329 e 330 que determinam: "Ocorrendo motivo grave para que não se efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato".
4.3.8. Do tempo do pagamento
A importância do tempo do pagamento está no fato de que a obrigação só é exigível quando da ocorrência do termo final, isto é, do vencimento; nenhuma dívida pode ser reclamada antes do vencimento, pois não existe dívida antes de vencida a obrigação.
As obrigações se dividem em dois grupos, quanto ao tempo do pagamento: as obrigações com tempo certo e as sine die (sem tempo certo).
 Obrigações com tempo certo
Quando as partes estabelecem data para o pagamento. Não há dificuldade para saber o vencimento nem o momento em que a obrigação deve ser cumprida – sob pena de inadimplemento, face à impontualidade.
Temos, porém, duas exceções:
· Antecipação do vencimento por força da lei 
Não pode o credor exigir a prestação antes do seu vencimento, já que o prazo, ordinariamente, é o benefício do devedor. A lei pode, porém, para resguardar direitos do credor, antecipar o vencimento da obrigação, conforme dispõe o artigo 333 do Código Civil. O objetivo da disposição legal não é simplesmente o de proteger o credor, de garantir que ele venha realmente receber o seu crédito; ela visa precipuamente garantir a segurança das relações de crédito, preservando o próprio interesse social – tanto que as hipóteses são excepcionais, apresentando o disposto em lei numeração taxativa. 
· Inciso I : o credor pode cobrar desde logo sua dívida, se o devedor falir ou abrir o concurso de credores, isto é, se tornando insolvente. Isso porque o concurso não só demonstra a impontualidade do devedor como também que a dívida excede a importância dos bens do devedor (artigo 955 do Código Civil). Temos, portanto, o binômio impontualidade e insolvência do devedor. O concurso é um processo, no qual os credores insolventes vão ratear o ativo para cobrirem, em parte e de forma proporcional, seus créditos. A imperatividade do vencimento antecipado está no fato de que, se aquele credor tivesse que aguardar o prazo certo para cobrar o crédito, já não encontraria qualquer bem a executar.
· Inciso II : a cobrança antecipada pelo credor pode ocorrer se outro credor executar direitos reais de garantia. Nessa hipótese, o crédito está resguardado por bem certo e específico, dado em garantia pelo devedor. Isso garante ao credor preferência sobre outros no rateio de bens. É lógico, portanto, que, se antes de vencida a dívida um outro credor vier a penhorar o bem já dado em garantia, não deve o primeiro credor ter que aguardar o vencimento de seu prazo, sob pena de não lhe ser resguardado privilégio sobre a dívida.
· Inciso III : também haverá a antecipação da obrigação se as garantias que asseguram o débito cessarem, ou se tornarem insuficientes, e o devedor, uma vez intimado, negar-se a reforçá-las. Isso porque o credor só realizou negócio tendo em vista que o devedor dispunha de garantias fidejussórias. Se, porém, tais garantias se deterioraram ou se extinguiram, há uma sensível redução na perspectiva de o credor receber o crédito. Pode, portanto, o credor exigir reforço na garantia, para defender seus interesses. Com a negativa do devedor, há o vencimento antecipado para não trazer maiores prejuízos ao credor. 
· Antecipação do pagamento, por conveniência do devedor– quando o prazo houver sido estabelecido em seu favor.
A antecipação do pagamento, por conveniência do devedor, ocorre porque há uma presunção relativa de que o prazo, nos contratos, sempre é estabelecido em favor do devedor (artigo 133 do Código Civil). Dessa maneira, o devedor pode abrir mão do prazo concedido, antecipando a prestação.
O devedor só não tem essa benesse quando o prazo for estabelecido em favor do credor, pois esse último pode recusar a prestação até o dia do vencimento. Normalmente, é irrazoável a recusa do credor.
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CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA
MÓDULO VII
DIREITO COMERCIAL
Sociedades por ações – Lei n. 6.404/76
(Sociedade Anônima)
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DIREITO COMERCIAL
Sociedades por ações – Lei n. 6.404/76 (Sociedade Anônima)
1. CLASSIFICAÇÃO
As sociedades anônimas classificam-se em abertas e fechadas, de acordo com a negociação de seus valores na Bolsa de Valores e no Mercado de Balcão.
 Antes de adentrarmos no assunto, é indispensável a breve compreensão de alguns conceitos:
· A Bolsa de Valores e o Mercado de Balcão formam o Mercado de Capitais, no qual se negociam ações ou qualquer outro valor mobiliário;
· A Bolsa de Valores é uma associação civil, formada por sociedades corretoras de valores mobiliários de uma mesma base territorial, que exerce o serviço do pregão de valores mobiliários. A Bolsa é mercado secundário de valores mobiliários;
· O Mercado de Balcão compreende todos os negócios que se realizam no mercado aberto de capitais, fora da Bolsa de Valores. É mercado primário e secundário de valores mobiliários;
· O mercado primário de valores mobiliários é aquele em que as ações são subscritas ou lançadas. Exemplo: contrato de subscrição ou underwriting – Sociedade de ações está sendo formada – contrato com uma instituição para viabilizar o lançamento das ações e, também, lançar as mesmas;
· O mercado secundário de valores mobiliários é aquele em que são negociadas ações já subscritas ou lançadas. Ex.: contrato de compra e venda de ações efetuadas na Bolsa de Valores;
· Valores mobiliários são títulos de investimento que as sociedades anônimas emitem para captação dos recursos necessários ao desenvolvimento de sua atividade econômica. 
Após o conhecimento acerca dos conceitos básicos, passaremos à referida classificação das sociedades anônimas:
· Abertas: são as sociedades anônimas cujos valores mobiliários são negociáveis na Bolsa de Valores e no Mercado de Balcão, o que é, inclusive, a sua fonte de captação de recursos. Têm como característica o levantamento de fundos em alta quantia e são controladas e fiscalizadas pelo Estado por intermédio da Comissão de Valores Mobiliários – CVM;
· Fechadas: são aquelas que não negociam seus valores mobiliários no mercado de capitais.
2. ESPÉCIES DE VALORES MOBILIÁRIOS
As espécies de valores mobiliários são: ação, debênture, partes beneficiadas, bônus de subscrição, commercial paper.
2.1. Ação
É uma espécie de valor mobiliário representativo de unidade do capital social de uma sociedade anônima e que confere ao seu titular um complexo de direitos e deveres patrimoniais e políticos.
Muitos autores colocam a ação como uma espécie de título de crédito, porém essa classificação não condiz com a realidade, visto que os títulos de créditos conferem ao seu titular direitos tão-somente na esfera patrimonial, enquanto as ações, além de conferirem direitos na esfera

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