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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE (SGQ) 10 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) 67 109 SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL (SGSSO) 146 SISTEMA DE GESTÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL (SGRS) 188 SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO (SGI) 212 CONCLUSÃO GERAL U N ID A D E 1 14 Em sua opinião, o que é qualidade? Quais são os atributos que um produto ou um serviço deve possuir para ter qualidade? pensando juntos Abordagem Deinição Deming Qualidade é a capacidade de satisfazer desejos. Juran Qualidade é a adequação ao uso. Feigenbaun Qualidade é um conjunto de características do produto – tanto de Engenharia quanto de fabricação – que determi- nam o grau de satisfação, proporcionado ao consumidor durante o seu uso. Crosby Qualidade signiica conformidade com as especiicações. Ishikawa A qualidade começa pela educação e acaba na educação. Uma empresa que progride em qualidade é uma empresa que aprende a aprender e aprende a ensinar. Falconi Produto ou serviço de qualidade é aquele que atende, per- feitamente, de forma coniável, segura e no tempo certo, às necessidades dos clientes. Paladini Qualidade é um conjunto de características, propriedades, atributos ou elementos que compõem bens e serviços. Quadro 1 - Principais abordagens da qualidade e suas características Fonte: adaptado de Lobo e Silva (2014, p. 13-20). É possível airmar, também, que essas abordagens podem ser classiicadas de acordo com as visões (PALADINI, 2012): transcendente – indica que a quali- dade é sinônimo de excelência inata –, produto – indica que a qualidade é algo preciso e mensurável –, usuário – indica que a qualidade está diante dos olhos de quem observa –, produção – indica que a qualidade é a conformidade às es- peciicações – e valor – indica que a qualidade é a adequação dos custos e preços. Dentre todas as abordagens apresentadas, a tendência é que as empresas adotem aquela baseada no valor, considerando o preço um indicador de qualidade, pois produzir um produto de alta qualidade que não tem consumidores dispostos a comprar, gera apenas prejuízo das empresas. Já os custos, impactam, diretamente, na tomada de decisões empresariais (ROBLES JÚNIOR, 2003). U N IC E S U M A R 15 Com o passar do tempo, a qualidade passou a abranger toda a empresa, tornan- do-se a gestão da qualidade, que “ objetiva aumentar a satisfação dos clientes com o produto, ter uma melhor eiciência de produção, reduzir os custos, formar um sistema que facilite buscar novos mercados e novas parcerias com outras empresas (LOBO; SILVA, 2014, p. 73). Para que a gestão da qualidade seja efetiva, dentro da empresa, não é preciso que haja grandes gastos inanceiros, mas a criação de uma política de qualidade internalizada pelos membros da empresa, com a ajuda de uma liderança que motive as pessoas a mudarem seus pensamentos, visando à melhoria da empresa, como um todo, pois a gestão da qualidade é mais do que um processo ou uma função gerencial, é uma ilosoia empresarial, considerada item essencial para as empresas que buscam diferencial competitivo. Aspectos históricos da qualidade Para compreender melhor o conceito da qualidade, é preciso conhecer os aspec- tos históricos, relacionados ao desenvolvimento do tema, portanto, podemos dividir esses aspectos em eras, compreendendo em: a) a era da inspeção (foco no produto); b) era do controle estatístico (foco no produto); c) era da qua- lidade total (foco no cliente); e d) era da Gestão Estratégica da Qualidade (foco na gestão da qualidade). Observe a Figura 1, que apresenta um resumo dos principais pontos que caracterizam cada uma dessas eras: Figura 1 - Evolução histórica da qualidade / Fonte: Struett (2012, p. 42). • Foco na prevenção dos defeitos. • Envolvimento de todos os setores. • Criação de sistemas de qualidade. • Conceito de qualidade total. • Foco na gestão. • Envolvimento integral. • Superação das expectativas dos clientes. • Surgimento das ISO. Era do controle estatístico Era da qualidade total Era da gestão estratégica da qualidade Era da inspeção • Produtos são veri�cados um a um. • Cliente participa da inspeção. • Inspeção encontra defeitos, mas produz qualidade. • Produtos são veri�cados por amostragem. • Departamento especializado faz inspeção da qualidade. • Ênfase na localização de defeitos. U N ID A D E 1 16 Dessa forma, na Era da Gestão Estratégica da Qualidade, a qualidade passou a fazer parte do planejamento estratégico da empresa, tornando-se foco também dos objetivos organizacionais. Foi criado o Código de Defesa do Consumidor, bem como as normas internacionais da International Organization for Standar- dization (ISO) ou Organização Internacional para Padronização, em português, visando padronizar os processos e ajudar na produção de produtos e serviços de qualidade (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008). Analisando a evolução histórica da qualidade, podemos identiicar que: “ a principal diferença entre a abordagem do início do século XX e a atual é que a qualidade agora está relacionada às necessidades e aos anseios dos clientes. Seja qual for o porte da empresa, observam-se programas de qualidade e de melhoria de processos na maioria dos setores econômicos. Não importa fazer o melhor produto com os melhores processos, se o que se faz não vai ao encontro do consumi- dor, razão de ser de todos os processos organizacionais (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008, p. 32). Podemos concluir que a percepção de qualidade, agora, associa-se à excelência nos serviços, que é, basicamente, representada por pessoas. Existem empresas em várias eras – a maioria na era do controle estatístico –, inclusive as que nem sabem o que é qualidade, mesmo assim, a gestão da qualidade se expandiu e, hoje, podemos falar em qualidade ambiental, qualidade de vida no trabalho, dentre outras, ou seja, seu conceito, agora, vai além de um produto ou um serviço. Logo, a qualidade também se tornou objeto de regulamentações nacionais e interna- cionais, e conscientizou as pessoas que exercem pressões para que as empresas busquem, cada vez mais, aplicar práticas associadas à melhoria da qualidade (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008). Custos e desperdícios da qualidade Os custos da qualidade envolvem os refugos, as unidades defeituosas, os desper- dícios, as sobras e as reclamações, resultantes do processo de fabricação ou de prestação de serviços. Os desperdícios são os custos que não agregam valor ao produto ou ao serviço, por isso, devem ser eliminados. U N IC E S U M A R 17 Os principais tipos de desperdícios são: superprodução, tempo de espera, transporte, processo, movimentação, produtos defeituosos e estoque. Portanto, os custos da qualidade podem ser classiicados em custos de controle custos das falhas dos controles, conforme apresentado, na Figura 2. Figura 2 - Custos da qualidade / Fonte: adaptado de Robles Júnior (2003). Os custos de controle ligam-se às atividades que pretendem prevenir a ocorrên- cia de erros, atuando na antecipação e no monitoramento dos processos, ou seja, evitar produzir produtos defeituosos ou prestar serviços insatisfatórios. Esses custos podem ser subdivididos em: custo de prevenção e custo de avaliação. Os custos de prevenção ocorrem quando a empresa busca prevenir pro- blemas futuros, ou seja, quando tenta identiicar os problemas potenciais em processos ou produtos/serviços antes que aconteçam. Dentre eles, podemos destacar gastos com: treinamento de pessoal, desenvolvimento de projetos de produtos, manutenção preventiva de equipamentos, desenvolvimento de sis- temas de gestão da qualidade etc. Os custos de avaliação ocorrem quando realizamos a checagem de erros, depois que aconteceram, ou seja, identiicação de unidades defeituosas, durante ou após a fabricação, e antes de enviar aos clientes (ROBLES JÚNIOR, 2003). Os custos de falhade controle são decorrentes do erro já ocorrido e que indicam mau investimento nos custos de controle. Tais custos podem ser subdi- vididos em custos de falhas internas e custos de falhas externas. Os custos de falhas internas ocorrem à medida que são detectados os erros na produção de produtos e serviços, antes da entrega ao cliente. São exemplos: gastos com retrabalho, manutenção corretiva, horas extras para recuperar atrasos, atrasos na produção e na entrega, multas e penalidades etc. Os custos de falha Custos de controle Custos de prevenção Custos de avaliação Custos das falhas dos controles Custos da qualidade Custos das falhas internas Custos das falhas externas U N ID A D E 1 18 externa ocorrem quando os produtos ou os serviços defeituosos chegam às mãos dos consumidores, ou seja, resultantes de problemas, após a entrega para os clien- tes, normalmente, associados a devoluções, queixas e reclamações – problemas que causam os maiores custos para a empresa, visto que geram o desgaste da ima- gem corporativa, multas, refaturamento, vendas perdidas, produto com validade vencida, dentre outros (ROBLES JÚNIOR, 2003; STRUETT, 2012). Podemos concluir que os custos e desperdícios são sinônimos de prejuízo para as empresas, por isso, os gestores, constantemente, buscam mecanismos para reduzi-los ou eliminá-los, de forma que, quando a empresa consegue mensurar os custos e desperdícios da qualidade, ica mais fácil procurar alternativas para isso. Assim, é muito importante investir nas ferramentas de apoio à gestão da qualidade, assim como nos indicadores e auditorias da qualidade. Qualidade e segurança no trabalho Você deve se questionar: por que estudo gestão da qualidade? Onde aplicarei esse conhecimento, durante minha atuação proissional? Fique tranquilo(a), pois lhe explicaremos porque é importante estudar os conceitos e as ferramentas que envolvem o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Conforme mencionado, anteriormente, o conceito de qualidade foi estendido às diversas áreas de uma empresa, gerando novos conceitos, como: qualidade de pro- dutos, de projetos, de serviços, de processos, da empresa, de vida, entre outros, este considerado um dos principais objetivos da área de segurança e saúde ocupacional. “ Para adequar e aplicar os conceitos de qualidade à segurança e higiene do trabalho, é preciso a aceitação de uma nova postura para com esta última, em que suas ações devem ser planejadas e desenvolvidas no âmbito global das empresas, de forma dinâmica e visando a satis- fazer seus clientes (empresa e trabalhadores) quanto à eliminação e prevenção dos riscos inerentes a todas as atividades (PACHECO JÚNIOR, 1995, p. 31). U N IC E S U M A R 19 Portanto, não adianta que a empresa invista, apenas, na qualidade ou na segu- rança do trabalho, pois uma organização saudável e competitiva precisa atender às necessidades, tanto dos clientes externos quanto dos clientes internos, isto é, pode ter seus processos todos mapeados e organizados, mas se não tiver uma equipe equilibrada física e emocionalmente, não conseguirá conquistar os ob- jetivos estratégicos, pretendidos em seus planejamentos. Para tanto, é preciso criar medidas preventivas, relacionadas à saúde e à segurança no trabalho, objetivando eliminar ou reduzir casos de doenças ocu- pacionais, acidentes de trabalho e incidentes críticos. Esse tema deve ser tratado “como uma necessidade primária das empresas. Adquirindo a capacidade de planejar e desenvolver ações contínuas para satisfazer esta necessidade, obter- -se-ia a qualidade na segurança e higiene do trabalho” (PACHECO JÚNIOR, 1995, p. 22). Podemos dizer que tanto o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) quanto o Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO) preci- sam trabalhar em harmonia, para que a ação aplicada por um não gere prejuízos para o outro e vice-versa. Você poderá veriicar a aplicação dos conceitos e das ferramentas da quali- dade, por meio do estudo do próximo tópico, no qual exempliicaremos em que parte as ferramentas de apoio aos programas de qualidade podem ser utilizadas na mensuração de riscos ocupacionais, na elaboração de relatórios e de planos de ação, dentre outras atividades que ajudam na elaboração e na manutenção de documentos e de programas ligados à área de saúde e segurança no traba- lho – por exemplo, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), o Mapa de Risco, o Laudo Ergonômico, dentre outros. U N IC E S U M A R 21 Para ilustrarmos um processo, a Figura 3 apresenta os elementos que o compreendem: Figura 3 - Representação esquemática dos elementos de um processo individual Fonte: adaptado de ABNT (2015b). O mapeamento ou a gestão dos processos pode ser deinido(a) como: ferramenta gerencial analítica e de comunicação que tem a intenção de ajudar a melhorar os processos existentes ou implantar uma nova estrutura voltada para processos. Permitindo a redução de custos no desenvolvimento de produtos e serviços, a redução nas falhas de integração entre sistemas e melhora do desempenho da orga- nização, além de ser uma excelente ferramenta para possibilitar o melhor entendimento dos processos atuais e eliminar ou simpliicar aqueles que necessitam de mudanças (SCARTEZINI, 2009, p. 10). Para a identiicação dos processos, é preciso levantar informações, como: nome do processo, objetivos do processo, entradas do processo (fornecedores e insumos), ne- cessidades dos clientes (quem são, requisitos, normas de orientação), recursos neces- sários, formas de controle e saídas do processo (produtos e resultados esperados). As etapas que envolvem o mapeamento são (SCARTEZINI, 2009): a) esco- lha dos responsáveis pelo mapeamento, que podem ser colaboradores internos ou consultoria especializada; b) identiicação e análise dos processos críticos da empresa; c) levantamento dos dados do processo, por meio de entrevistas indi- Atividades Saídas Recebedores de saídas EntradasFontes de entradas Processos subsequentes, por exemplo, em clientes (internos ou externos), em outras partes interessadas, pertinentes. Matéria, energia, informação, por exemplo, na forma de material, recursos, requisitos etc. Matéria, energia, informação, por exemplo, na forma de produto, serviço, decisão. Processos antecedentes, por exemplo, em fornecedores (internos ou externos), em clientes, em outras partes interessadas, pertinentes. Possíveis controles e pontos para monitorar e medir desempenho. U N ID A D E 1 22 viduais, observação direta do ambiente de trabalho, aplicação de questionários customizados etc.; d) representação gráica do processo com base nas informa- ções coletadas, por meio de luxograma; e) análise do processo, visando identiicar possíveis falhas na sua operação; f) selecionar problemas mais relevantes por meio de ferramentas, como a matriz GUT, diagrama de Pareto, folha de verii- cação, dentre outras; g) identiicar as causas do problema, ou seja, determinar os pontos a serem enfrentados, por meio de ferramentas como o diagrama de causa e efeito, brainstorming, brainwriting, 5W2H, dentre outros; h) elaboração de planos de ação; i) normatização do processo, por meio da redação de um texto, ou seja, a elaboração do Procedimento Operacional Padrão (POP) e das Instru- ções de Trabalho (IT); j) divulgação do novo processo aos gestores e gerentes de linha, visando o aprimoramento e a aprovação inal; k) treinar os envolvidos com o novo processo; l) implantar o novo processo; m) aplicar auditorias internas, objetivando garantir sua eicácia. O mapeamento dos processos também fornece informações que, somadas às descrições de cargo da empresa, ajudam no processo de identiicação de riscos inerentes ao local ou método de trabalho, com a intenção de elaborar documentos especíicos, como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Agora que você já sabe oque é um processo e como fazer sua gestão, apresentaremos, a seguir, as ferramentas que apoiam a implantação dos programas de qualidades. Procedimento Operacional Padrão (POP) Os processos devem ser padronizados e documentados para que todos possam segui-lo. O trabalho deve ser executado de maneira eiciente, independente- mente do dia, do colaborador ou dos fatores envolvidos e, para tanto, é utilizado um documento especíico, conhecido como Procedimento Operacional Padrão (POP), que compreende uma descrição das atividades a serem executadas para que um processo seja concluído, portanto, não é uma descrição do cargo do colaborador (SCARTEZINI, 2009). Esse documento pode ser transcrito, impresso ou digital, e sua estrutura de- pende do processo, do tipo de empresa, dentre outros fatores. Os principais itens que devem conter são: objetivos, área de aplicação, responsáveis pelo processo, documentos de referência, lista de equipamentos utilizados, lista de material uti- U N IC E S U M A R 23 lizado, padrões de resultados esperados, luxograma do processo, descrição das atividades, registros dos indicadores avaliados nas auditorias, anexos (formulários ou documentos utilizados no processo) e informações sobre revisão e aprovação do documento. O POP serve de base para o treinamento de colaboradores quan- do um processo é criado ou alterado, ou, ainda, no treinamento de integração de novos colaboradores (SCARTEZINI, 2009). É importante mencionar que o POP é diferente das Instruções de Trabalho (IT). Mesmo tendo estrutura semelhante à função de cada um, é diferente, pois visa descrever o processo completo de determinada unidade organizacional (de- partamento, setor, seção, dentre outros) ou as etapas de um processo. Na Figura 4, é possível veriicar um modelo de estrutura de POP: Figura 4 - Modelo de POP / Fonte: as autoras. U N ID A D E 1 24 A IT, por sua vez, visa descrever a tarefa que compõe esse processo, ou seja, na hie- rarquia documental, o primeiro nível é representado pelo manual de procedimento (estratégico); o segundo nível, pelo procedimento operacional padrão (tático) e o terceiro nível, pelas instruções de trabalho (operacional). Por exemplo, o POP do processo de seleção de pessoas pode incluir: IT – Triagem de currículos; IT – Apli- cação de entrevista de recursos humanos; IT – Aplicação de teste psicológico; IT – Aplicação de entrevista comportamental; IT – Aplicação de entrevista técnica etc. Fluxograma Essa ferramenta representa, graicamente, os processos, ou seja, permite visualizar as entradas, as ferramentas de processamento, as saídas, os luxos de informações e os documentos que compõem o processo estudado. De acordo com Araújo (2009), os principais luxogramas utilizados são: luxograma vertical ou grái- co de análise do processo: utilizado para representar uma operação dentro de determinado departamento; luxograma horizontal ou parcial: utilizado para representar todas as operações de um departamento; luxograma em blocos ou global: utilizado para representar operações que envolvem vários departamentos. O mais utilizado nos programas de gestão da qualidade é o luxograma ou diagrama tartaruga, pois apresenta visão completa dos processos de uma em- presa, conforme apresentado na Figura 5, a seguir. Figura 5 - Diagrama tartaruga / Fonte: as autoras. RECURSOS PARTICIPANTES MÉTODOS INDICADORES PROCESSOENTRADAS SAÍDAS U N IC E S U M A R 25 Para melhor compreender a Figura 5, conforme Scartezini (2009), temos: • Processo: deve conter a identiicação do processo mapeado, com o nome do processo, o departamento ou a unidade organizacional responsável, e os resultados esperados. • Entradas (de quem? onde?): devem conter os insumos ou subsídios que servem para a realização do processo, ou seja, o que o alimenta. • Recursos (com quê?): devem conter os materiais, as máquinas, os equipamen- tos, os sotwares, entre outros itens, necessários para a execução do processo. • Participantes (com quem?): devem conter as pessoas que realizam o processo, com cargos, competências técnicas e comportamentais neces- sárias, assim como os treinamentos previstos. • Métodos (como é feito?): deve conter como o processo deve ser execu- tado – como documentação, procedimentos e normas técnicas. • Indicadores (quais resultados?): deve conter como o processo é con- trolado, com indicadores de desempenho ou critérios de avaliação. • Saídas (pra quem? onde?): devem conter os resultados esperados, ou seja, registra o que é esperado, após a realização do processo. Para elaborar esse luxograma, é preciso seguir sete etapas. Primeiramente, de- ve-se colocar o processo, em seguida, as entradas, os recursos, os métodos, os participantes, os indicadores e, por im, as saídas. PDCA O ciclo PDCA ou ciclo de Deming, ou seja, Plan-Do-Check-Act, em português, Planejar-Fazer-Veriicar-Agir consiste em: “ uma sequência de passos utilizada para controlar qualquer processo deinido. É uma ferramenta de qualidade que auxilia na organização de processo de implementação de melhorias, dando uma diretriz para a condução dos projetos e dos processos. É também utilizada para facilitar a tomada de decisões visando garantir o alcance das metas necessárias à sobrevivência dos estabelecimentos e, embora simples, representa um avanço sem limites para o planejamento eicaz (LOBO; SILVA, 2014, p. 52). U N ID A D E 1 26 Esse ciclo se resume em planejar (P) o projeto de melhoria, ou seja, identiicar os problemas, analisar as possíveis causas e deinir um plano de ação com obje- tivos, metas, procedimentos, indicadores de avaliação, dentre outros, para solu- cionar o problema; executar (D) ou implementar esse plano de ação por meio do treinamento dos envolvidos, estes, em seguida, colocam em prática o plano elaborado. O próximo passo é coletar e analisar os dados por meio de audito- rias, visando veriicar (C) se o plano de ação foi implementado corretamente e se atingiu o objetivo esperado. Por im, agir (A), corretivamente, visando im- plantar mudanças no plano, que, caso necessário, podem ser disparados ou- tros ciclos para melhoria do processo. É preciso evitar “fazer sem planejar, de- inir metas e não deinir métodos para atingi-las, deinir metas e não preparar o pessoal para executá-las, fazer e não checar, não agir corretivamente, quan- do necessário” (LOBO; SILVA, 2014, p. 54). Para melhor compreensão do ci- clo, analisaremos a Figura 6: Essa ferramenta serve de base para todos os processos de trabalho que envolvem to- dos os sistemas de gestão. Você poderá entender essa ligação no tópico sobre o SGQ. Brainstorming É uma expressão que signiica “tempestade de ideias”, cujo objetivo é gerar novas ideias para determinado assunto. É uma atividade realizada em grupo para des- cobrir as causas que se encaixam no problema. De acordo com Lobo e Silva (2014), o brainstorming funciona da seguinte forma: a) Reunidas num mesmo ambiente e dispostas em círculo, as pessoas, uma de cada vez, começam a expressar suas ideias sobre um assunto predeterminado. b) Quanto mais ideias, melhor; neste caso, quantidade é qualidade. As ideias não devem sofrer censura nem autocensura. É proibido dizer não. Deve-se falar a pri- P PLANEJAR D EXECUTAR A AGIR C VERIFICAR Figura 6 - Ciclo PDCA / Fonte: adaptado de Robles Júnior (2003). U N IC E S U M A R 27 meira ideia que vem à cabeça. No primeiro momento, não devemos questionar se uma ideia é ou não exequível, nem devemos ter medo de parecermos ridículos. c) Pegar carona, isto é, desenvolver uma ideia já apresentada, também é válido. d) Para que não se perca o que foi dito, é necessário que alguém anote tudo. e) Só depois de completadas duas rodadas sem que ninguém apresente nada de novo é que se encerra o brainstorming propriamente dito. f) No processo de iltragem das ideias, deve-se numerá-las, descartar as repetidas e as inexequíveis, juntar, combinar, completar as ideias e,por im, organizar aquelas consideradas válidas. Também, existe o brainwriting, com as mesmas regras do brainstorming, mas, nesse caso, as ideias são dispostas por escrito. Ambas as estratégias ajudam na execução das demais ferramentas de apoio à gestão da qualidade. Diagrama de Pareto O diagrama de Pareto é um gráico de barras, utilizado para identiicar os itens responsáveis pela maior parcela das perdas, ou seja, as perdas vitais que normal- mente representam 80% desses itens. Os outros 20% são as perdas triviais, que podem ser solucionadas posteriormente. Segundo Lobo e Silva (2014), para elaborar esse gráico, deve-se aplicar os seguintes passos: determinar como os dados serão classiicados: por produto, máquinas, turno, operador, entre outros; construir uma tabela, colocando os da- dos em ordem decrescente; calcular a porcentagem de cada item sobre o total e o acumulado; traçar o diagrama e a linha de porcentagem acumulada. A partir dos resultados, é possível encontrar o ponto de partida para a solução de um problema, avaliar um progresso ou identiicar a causa básica de determina- do problema. Em geral, teremos, então, melhores resultados se atuarmos na barra mais alta do gráico, em vez de embaraçar-nos nas barras menores. Os maiores números (normalmente os três primeiros) representam as maiores causas, que, se forem eliminadas, diminuem 50% dos problemas, ou seja, 20% das causas são responsáveis por 80% dos problemas. Vejamos um exemplo desse diagrama: imagine que realizamos uma pesquisa interna, na empresa, para veriicar os principais tipos de lesões, causadas pelos frequentes acidentes de trabalho, entre janeiro/2015 a junho/2015, e obtemos U N ID A D E 1 28 o seguinte resultado: 30 cortes, 50 hematomas, 10 queimaduras, 15 fraturas, 20 esmagamentos, 5 amputações, 2 envenenamentos. Construímos a Tabela 1 com os valores em ordem decrescente e as respectivas porcentagens relativas e acumuladas: Lesões - Acidente de Trabalho Ordem decrescente % Relativo % Acumulado Hematomas 50 38% 38% Cortes 30 23% 61% Esmagamentos 20 15% 76% Fraturas 15 11% 87% Queimaduras 10 08% 95% Amputações 05 04% 99% Envenenamento 02 01% 100% Total 132 100% - Tabela 1 - Lesões causadas pelos acidentes de trabalho / Fonte: as autoras. Com base nessa tabela e com a ajuda do sotware Microsot Excel, desenhamos o Diagrama de Pareto, conforme Figura 7: Com base no exemplo, é possível melhor visualizar as informações coletadas e priorizar aquilo que precisa ser tratado primeiro, devido a sua importância. 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Hematomas Cortes Esmagamentos Fraturas Queimaduras Amputações Envenenamentos 120 100 80 60 40 20 0 % r el at iv o % acu m u lad o Figura 7 - Diagrama de Pareto das lesões causadas pelos acidentes de trabalho / Fonte: as autoras U N IC E S U M A R 29 Diagrama de Ishikawa É uma ferramenta que deve ser usada quando você necessitar identiicar, explorar e ressaltar todas as causas possíveis de um problema ou de condições especíicas. Também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama de Espinha de Peixe, foi desenvolvido para representar a relação entre o efeito e todas as possibilidades de causas que podem contribuir. É preciso criar estratégias que eliminem as causas, pois outros tipos de ações serão apenas paliativos. Esse diagrama é muito utilizado para melhoria de processos organizacionais. Para sua elaboração, deve-se colocar o efeito ou o problema no lado direito do gráico, e os contribuintes ou causas são listados à esquerda, de acordo com os fatores aos quais estão envolvidos, dentre eles: mão de obra ou pessoas (direta ou indireta), materiais (componentes ou matéria-prima), máquinas ou equipamen- tos, métodos ou procedimentos, meio ambiente (interno e externo) e medidas. Para Lobo e Silva (2014), durante a elaboração do diagrama, deve-se: propi- ciar a participação de todos os envolvidos; não criticar nenhuma ideia; observar a visibilidade, objetivando favorecer a participação; agrupar as causas conjunta- mente; não sobrecarregar demais o diagrama; construir um diagrama separado para cada efeito ou problema; imaginar as causas mais favoráveis; criar ambiente de solução ambientada; e entender claramente cada causa. Na Figura 8, a seguir, você poderá veriicar um exemplo desse diagrama, em que são analisadas as possíveis causas para os acidentes de trabalho que ocorrem em determinada empresa: O exemplo apresenta, visualmente, as principais causas e seus efeitos, facilitando, assim, a interpretação dos dados. MÁQUINAS MATERIAIS MÃO DE OBRA MEIO AMBIENTE MÉTODOS MEDIDAS ACIDENTES DE TRABALHO Sem proteção Sem manutenção Antigas Difícil operação Pouca iluminação Layout inadequado Pouca ventilação Falta de limpeza Temperatura 45 graus Iluminação 60 lux Escesso de ruído Difícil manuseamento Baixa qualidade Cortante Perigosos Sem padrão Acelerado Falta de EPI e EPC Sem quali�cação Sem experiência Treinamento inadequado Desmotivação Figura 8 - Diagrama de causa e efeito de acidente de trabalho / Fonte: as autoras. U N ID A D E 1 30 Benchmarking O benchmarking é considerado “ um processo contínuo e sistemático para avaliar produtos, serviços e pro- cessos de trabalho de organizações que são reconhecidas como represen- tantes das melhores práticas, com a inalidade de melhoria organizacional (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008, p. 148). De acordo com Marshall Júnior et al. (2008), esse processo pode ser classiicado em: • Benchmarking interno: quando a empresa compara atividades semelhantes den- tro dela mesma, ou seja, busca melhores práticas em seus departamentos ou iliais. • Benchmarking competitivo: quando a empresa busca as melhores práticas, em empresas do mesmo segmento, ou seja, compara seus processos aos dos seus concorrentes diretos ou não. • Benchmarking genérico: quando a empresa busca melhores práticas de gestão, em empresas de segmentos diferentes, ou seja, em empresas que não são con- correntes diretas. Os principais objetivos dessa ferramenta são: “ busca de melhores processos e práticas inovadoras; aceleração dos ciclos de aprendizado e melhoria; redução de prazos e custos; for- mação de consenso interno sobre as limitações da organização e suas deiciências; estabelecimento de referências quantitativas para a melhoria dos resultados (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008, p. 150). Assim, para Marshall Júnior et al. (2008), o processo de benchmarking envolve as etapas: a) construir uma equipe para planejar o benchmarking; b) identiicar a função ou o processo que será alvo do benchmarking; c) identiicar empresas comparáveis e parceiros, e o método de coleta de dados; d) coletar dados internos e externos; e) analisar dados para identiicar lacunas de desempenho e projetar desempenho futuro; f) estudar as práticas utilizadas; g) estabelecer metas e pla- nos de ação; h) implementar plano de ação; i) monitorar o desenvolvimento do trabalho; j) reavaliar todo o processo. U N IC E S U M A R 31 Como é possível veriicar, esse processo não envolve apenas observar os con- correntes ou as demais empresas em visitas ou reportagens em revistas. É preciso cumprir todas as etapas, para adquirir maior assertividade, pois benchmarking não signiica roubar a ideia dos outros, mas produzir novas ideias a partir delas. Também é importante analisar a real necessidade da empresa antes de implantar um processo novo, com base nessa ferramenta, para evitar perda de tempo e dinheiro, assim como manchar a imagem da empresa perante seus colaboradores e a sociedade. Cartas de controle A carta de controle é um tipo especíico de gráico em linha, utilizado para avaliar e manter a estabilidade do processo, isto é, serve para acompanhar a variabilida- de, identiicando suas causas comuns e especiais. Essa carta é composta por um gráico cartesiano, um conjunto de pontos unidos por um segmento de reta e três linhas horizontais, indicandoo limite inferior de controle, o limite-controle e a linha média. O gráico faz parte de um processo cíclico, em que são coletados os dados, calculados os limites de controle que servem de base para a interpre- tação estatística – que, por sua vez, auxilia na identiicação das causas comuns e especiais –, programadas as melhorias no processo que eliminem as causas encontradas e, em seguida, o processo se reinicia. Para Lobo e Silva (2014), na elaboração da carta, é preciso aplicar os seguintes passos: comece planejando como e onde você adquirirá seus dados, para isso, es- creva uma deinição operacional; complete a informação de identiicação da carta e mostre o que está sendo medido – as datas, o local, o coletor - ; calcule a média de processo; calcule os limites de controle superior e inferior; determine a escala para a carta de controle, esboce o centro e as linhas de controle; e interprete o gráico. 5W2H É um método que utiliza palavras-chave para identiicar as variáveis, as causas e os ob- jetivos de um processo, em formato de checklist, constituído por perguntas elaboradas com base nas palavras (LOBO; SILVA, 2014): what (o que deve ser feito?); who (quem é o responsável?); where (onde deve ser feito?); when (quando deve ser feito?); why (por que é necessário fazer?); how (como será feito?); e how much (quanto vai custar?). U N ID A D E 1 32 É muito utilizado no mapeamento de processos que auxiliam na elaboração de documentos, como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Laudo Ergonômico. Também é útil na elaboração dos planos de ação desen- volvido pela CIPA e outros membros da área de segurança no trabalho. Vejamos um exemplo de plano-ação: What (O quê?) Ações Planejar a SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho) Who (Quem?) Responsáveis Membros da CIPA em parceria com o SESMT Where (Onde?) Local Sala de reunião When (Quando?) Data 03/06/2015 e 10/06/2015 Why (Por quê?) Objetivo Para atender a legislação vigente (NR 05) How (Como?) Estratégia de ação Reuniões ordinárias da CIPA How much (Quanto?) Orçamento Sem custo Quadro 2 - 5W2H do plano de ação CIPA / Fonte: as autoras. Essa ferramenta também pode ser muito eiciente sempre que for preciso iden- tiicar as causas de determinado problema. Estratiicação A estratiicação é utilizada para entender um grupo ou um fenômeno (problema), pois consiste no desdobramento de dados a partir do levantamento ocorrido em categorias, grupos ou, melhor dizendo, estratos, para determinar sua composição. “Estratiicar é agrupar elementos com as mesmas características, ou seja, itens iguais ou muito semelhantes, tendo causas e soluções comuns” (LOBO; SILVA, 2014, p. 38). O objetivo do seu uso é auxiliar na análise e na pesquisa para o de- senvolvimento de oportunidades de melhoria, na medida em que possibilita a visualização da composição real dos dados por seus estratos. U N IC E S U M A R 33 Diagrama de dispersão Usado quando é necessário visualizar o que acontece com uma variável quando outra se altera, com o objetivo de identiicar se as duas estão relacionadas. O diagrama de dispersão não prova que uma variável afeta outra, mas torna claro se existe uma relação e em que intensidade. Note como os pontos marcados formam um padrão de grupamento. A direção e a espessura deste indicam a intensidade da relação entre as variáveis 1 e 2 – quanto mais o grupamento tender à linha reta, maior será a relação entre as duas variáveis. Conforme Lobo e Silva (2014), para elaborar um diagrama de dispersão, deve-se aplicar as seguintes etapas: a) colete os pares de dados (x, y) cujas relações deseja estudar, dispondo-os em uma tabela. É desejável ter, pelo menos, 30 pares de dados; b) encontre os valores máximos e mínimos para x e y, e deina as escalas dos eixos horizontal e verti- cal de forma que ambos os comprimentos venham a ser aproximadamente iguais para facilitar a leitura. Se uma das duas variáveis for um fator e a outra uma característica da qualidade, usar o eixo horizontal x para o fator e o eixo vertical y para a característica da qualidade; c) trace o plano cartesiano e lance os dados no papel. Quando os mesmos valores de dados de diferentes observações forem obtidos, mostre esses pontos, seja tra- çando círculos concêntricos, seja lançando o segundo ponto imediatamente próximo do primeiro; d) insira todos os itens e as informações necessárias como intervalo de tempo, quantidade de pares de dados, nome e unidade de medidas de cada eixo e, após isso, analisar o diagrama, veriique a existência de correlação. Histograma É um gráico de barras verticais, que mostra a distribuição de dados por categorias e ajuda a dissecar um fenômeno (problema) a fundo, mas não responde o motivo pelo qual acontece, ou seja, a causa. Um histograma revela quanto de variação existe em qualquer processo e é um método para, em um rápido exame – por meio da amostra –, conhecer a população. O passo a passo para elaboração do histograma, segundo Lobo e Silva (2014), abrange: obter uma amostra de 50 a 100 dados (50 < n < 100); determinar o maior (xmax) e o menor valor (xmin); calcular a amplitude total dos dados (R = xmax – xmin); determinar o número de classes (k = raiz quadrada de n); calcular a amplitude das clas- ses (h = R/k); determinar os limites das classes e construir uma tabela de frequências. U N ID A D E 1 34 Lista de veriicação É uma ferramenta usada para quantiicar a frequência com que determinados eventos ocorrem em certo período de tempo. Para tomarmos ações baseadas em fatos e dados, precisamos ter em mãos dados coniáveis, pois, se estão errados, nossas ações também serão erradas. A lista ou a folha de veriicação é um formulário ou uma planilha para registro de dados customizado de acordo com seu uso, que permite a coleta e a organiza- ção de dados que serão utilizados posteriormente, por exemplo, na elaboração do Diagrama de Pareto (LOBO; SILVA, 2014). Também pode ser considerada um checklist para acompanhamento da execução de rotinas de trabalho. Na área de segurança no trabalho, é muito utilizada para mensurar os acidentes ou documentar a conferência das ações programadas pelos membros da CIPA ou SESMT. Matriz GUT É o tipo de matriz muito utilizada após o levantamento dos riscos ambientais pre- sentes dentro de uma empresa, visando à priorização dos riscos encontrados, ou seja, identiicar qual o risco que deve ser eliminado, prevenido ou minimizado primeiro. Quando falamos desse tipo de caso, podemos analisar: o G, de acordo com os impactos causados nas pessoas e os efeitos que surgirão a longo prazo, caso o problema não seja resolvido; o U, de acordo com o tempo que o trabalhador se encontra em exposição ao risco, levando em consideração a jornada de trabalho; e o T, que avalia a gravidade do dano, lesão ou risco nas pessoas (VASCONCELOS; VASCONCELOS; NETO, 2013). Vejamos um exemplo de pontuação atribuída à matriz GUT no Quadro 3, a seguir: Pontos Gravidade (G) Urgência (U) Tendência (T) 05 Extremamente grave Extremamente urgente Agravar rápido 04 Muito grave Muito urgente Piorar em curto prazo 03 Grave Urgente Piorar em médio prazo 02 Pouco grave Pouco urgente Piorar em longo prazo 01 Sem gravidade Sem urgência Sem tendência de piorar Quadro 3 - Pontuação da Matriz GUT / Fonte: adaptado de Vasconcelos, Vasconcelos e Neto (2013). U N IC E S U M A R 35 Agora, podemos veriicar, na Tabela 2, a matriz GUT de riscos, contendo a iden- tiicação, a classiicação e a priorização dos riscos, presentes em uma empresa do segmento de mineração: RISCOS AMBIENTAIS G U T P=GxUxT PRIORI- DADE Riscos Fiscais Ruído excessivo da perfuratriz 4 5 2 40 7º Exposição direita a radiação solar 4 4 2 32 8º Sobrecarga térmica 4 4 5 80 3º Riscos Químicos Poeira proveniente de perfuração da rocha 5 5 2 50 6º Gases provenientes do material explosivo 5 5 2 50 6º Riscos biológicos Presença de micro-organismos2 2 2 8 10º Riscos ergonômicos Postura inadequada 3 2 3 18 9º Uso de ferramentas em mau estado de conservação 4 5 4 80 3º Desagregação dos minerais com ferramentas manuais 4 5 4 80 3º Esforço por sobrecarga 3 5 4 60 5º Esforço físico excessivo 3 5 4 60 5º U N ID A D E 1 36 RISCOS AMBIENTAIS G U T P=GxUxT PRIORI- DADE Riscos de acidentes Manuseio de explosivos 4 4 4 64 4º Acendimento de estopim 5 5 4 100 2º Evasão imediatamente do local de explosão 5 5 5 125 1º Projeção de estilhaços disper- sados com a explosão 5 5 5 125 1º Desmoronamento de barrei- ras 5 5 5 125 1º Trabalho em altura 5 5 5 125 1º Queda de fragmentos de rocha 5 5 5 125 1º Tropeções em rochas 5 5 5 125 1º Tabela 2 - Pontuação da Matriz GUT / Fonte: Vasconcelos, Vasconcelos e Neto (2013). Matriz SWOT A última ferramenta que abordaremos é a matriz SWOT ou FOFA, muito utilizada na elaboração de planejamentos estratégicos, táticos e operacionais pela alta administração. Essa matriz é composta por quatro variáveis, sendo: os pontos fortes e fracos, que são internos e controlados pela empresa, indicando condições favoráveis e desfavoráveis da empresa em relação ao seu ambiente, respectivamente; e as opor- tunidades e as ameaças, variáveis externas que não podem ser controladas pela empresa, pois não dependem dela, podendo proporcionar situações favoráveis ou desfavoráveis para a empresa, respectivamente (OLIVEIRA, 2009). Para identiicar as variáveis externas, é preciso analisar as informações e as tec- nologias produzidas no mercado, por meio do governo, do sindicato, do sistema inanceiro, da comunidade, dos concorrentes, dos clientes, dos órgãos reguladores, dos parceiros estratégicos, dentre outros, com o objetivo de identiicar possíveis fon- tes de oportunidades, ou seja, novos negócios, desenvolvimento de novos produtos, U N IC E S U M A R 37 ingresso em novos mercados ou, ainda, identiicar ameaças, que podem colocar em risco a sobrevivência da empresa. Para identiicar as variáveis internas, por conse- guinte, é preciso analisar todas as funções administrativas existentes, por exemplo, o marketing, as vendas, o inanceiro, os recursos humanos, a produção, assim como a cultura organizacional, a estrutura organizacional, o sistema de comunicação inter- na, os produtos e os serviços oferecidos, os processos internos, entre outros, tendo em vista encontrar quais são os pontos positivos e negativos da empresa para otimizar e mitigar, respectivamente, os pontos encontrados. Todas essas informações devem ser cruzadas na matriz, conforme exemplo na Figura 9 (OLIVEIRA, 2009): Figura 9 - Matriz SWOT / Fonte: adaptado de Oliveira (2009). Analisando a matriz, podemos dizer que, se a empresa apresenta mais pontos fracos e muitas ameaças advindas do mercado, signiica que está em situação de sobrevivência, ou seja, os processos da empresa estão inadequados e o mercado está em crise, nesse caso, as estratégias mais indicadas para a empresa são: redu- ção de custos ou desinvestimento (deixar de investir na produção de produtos e serviços adicionais, isto é, não ligadas ao negócio original da empresa) ou, ainda, se essas estratégias não derem certo, é preciso fazer a liquidação do negócio, ou seja, fechar a empresa (OLIVEIRA, 2009). No caso de a empresa apresentar mais pontos fortes e alto índice de ameaças, isto é, tem processos organizacionais adequados, recursos inanceiros disponíveis e recursos humanos capacitados, mas o mercado está em crise, é preciso investir em estratégias de manutenção, por exemplo, a estabilidade (buscar o equilíbrio entre a ameaça e os pontos fortes), o nicho (a empresa busca dominar deter- minado segmento do mercado com apenas um produto customizado, visando Ambiente interno Pontos Fracos Pontos Fortes Sobrevivência Manutenção Crescimento Desenvolvimento Predominância de A m b ie n te e xt er n o O p o rt u n id ad es A m ea ça s Pr ed o m in ân ci a d e U N ID A D E 1 40 Em seguida, são realizados treinamen- tos com os colaboradores para informá-los sobre os principais conceitos que norteiam o programa, assim como sua origem, sua concepção, suas etapas de implantação e sua importância, tanto para eles quanto para a empresa. Essa fase representa o senso de treinamento ou Shido (STRUETT, 2012), e nela são criados os planos de ação que serão aplicados para a implantação do programa (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008). Agora, entraremos nas fases de implantação do programa 8S, sendo o Seiri, ou senso de utilização ou descarte, que tem como objetivo a organização do am- biente de trabalho por meio do descarte daquilo que não é útil ou que é des- necessário – é necessário lembrar que o descarte deve ser realizado com bom senso, para não ocorrer perda de documentos ou informações importantes. É nesse momento que: “ os recursos disponíveis devem ser separados conforme a neces- sidade, a frequência de uso ou a adequação, procurando evitar os excessos, as perdas, os desperdícios e a má utilização. Tudo que não tiver utilidade presente ou futura deve ser descartado. Neste senso inclui-se também a correta utilização dos equipamentos visando aumentar a sua vida útil (LOBO; SILVA, 2014, p. 44). Cada colaborador ica responsável por realizar o descarte dos itens que estão sob sua responsabilidade. Já o próximo passo é o senso de ordenação ou or- ganização, conhecido como Seiton, todas as coisas que não foram descartadas no senso anterior devem ser organizadas e guardadas em locais de fácil acesso, para evitar perda de tempo com a localização delas. Para tanto, “ordena-se os recursos disponíveis de forma sistêmica, utilizando-se um layout deinido e um bom sistema de comunicação visual, consegue-se organizar melhor o ambiente de trabalho, tornando-o mais funcional e agradável” (LOBO; SILVA, 2014, p. 45). Em seguida, é a vez da aplicação do Seiso ou senso de limpeza, que visa: U N ID A D E 1 42 Esse senso trata da padronização do programa. Nessa fase, são criadas plaquinhas para serem ixadas em todos os locais da empresa, que se destinam à economia de energia, à arrumação da cozinha, à indicação do local correto para o descarte do resíduo reciclável e não reciclável, à elaboração de uma apostila explicativa para ser entregue no treinamento de integração, dentre outras ações para que os colaboradores saibam o que podem ou não fazer, de acordo com o programa ins- tituído. Trata, ainda, do asseio pessoal, ou seja, da aparência e da higiene pessoal, sendo assim, as pessoas precisam também cuidar de si para cumprir as normas do programa. A empresa pode ajudar oferecendo palestras ou cursos externos, pla- nos de saúde e odontológico, dentre outros (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008). O senso de economia e combate aos desperdícios ou Setsuyaku, enfatiza a importância de a empresa oferecer espaço para que os colaboradores pos- sam dar sugestões, participando efetivamente do programa, além de oferecer premiações a todos os colaboradores ou por equipes, para motivá-los a manter as normas do programa em dia. O próximo senso é o Shitsuke ou senso de autodisciplina, que visa reforçar: “ os quatro anteriores, pois só com a autodisciplina é possível man- ter e melhorar os outros S. Ele signiica que as pessoas devem estar comprometidas com o rigoroso cumprimento de padrões técnicos, morais e éticos. Além da disciplina, ele engloba os fatores motivação e iniciativa (LOBO; SILVA, 2014, p. 45). Nesse momento, as pessoas começam a aplicar automaticamente as normas do programa, tanto na empresa quanto em casa, pois já as assimilaram e sabem sua importância para a vida. Para fazer com que as pessoas continuem motivadas, é preciso investir em ações que possam ajudar no engajamento dos clientes in- ternos da empresa, por exemplo: realização de reuniões anuais, agendamento de novos dias de limpeza, treinamentos especíicos, inclusão do programa no manual do colaborador etc. (MARSHALL JÚNIORet al., 2008). De acordo com Marshall Júnior et al. (2008) e Struett (2012), os principais resultados esperados com a implantação e a manutenção do programa 8S dentro das empresas são: melhoria do ambiente de trabalho, prevenção de acidentes, Incentivo à criatividade, redução de custos, eliminação de desperdícios, desen- volvimento de trabalho em equipe, melhoria das relações humanas, melhoria da qualidade dos produtos e serviços, melhoria do layout, economia de tempo e U N IC E S U M A R 43 esforço, melhoria do aspecto visual das áreas, mais limpeza em todos os ambien- tes, melhoria nos controles e na organização de documentos, maior conforto e comodidade, melhor aproveitamento dos espaços, melhoria geral do ambiente de trabalho, eliminação de documentos sem utilização, melhoria na comunicação interna e maior aproveitamento do espaço. Para que a empresa consiga acompanhar se o programa é efetivo, é preciso aplicar auditorias periódicas, para identiicar possíveis falhas e aplicar orien- tação e ações para saná-las. Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) Quando uma empresa entende que precisa investir em estratégias de qualidade para conquistar novos clientes ou manter os já existentes, ou, ainda, quando deseja exportar seus produtos, pode optar por implantar e certiicar o seu Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Dessa forma, o sistema de gestão é deinido como “ conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos para esta- belecer políticas, objetivos e processos para alcançar esses objetivos”, portanto, o sistema de gestão da qualidade é deinido como “parte de um sistema de gestão com relação à qualidade (ABNT, 2015a). De acordo com Marshall Júnior et al. (2008), os principais benefícios da implan- tação do SGQ para as empresas são: diferencial competitivo diante do mercado concorrente, redução de não-conformidades de bens e serviços, eliminação do retrabalho e do custo com garantia e reposição, aumento da competitividade, redução do custo operacional, melhoria de imagem e reputação, aumento da participação no mercado nacional e em mercados internacionais, melhor relacio- namento técnico e comercial com o cliente, maior integração entre os processos e departamentos da empresa e melhor desempenho organizacional pela promoção do treinamento, da qualiicação e da certiicação do pessoal. No entanto, antes da implantação de um sistema de gestão, é preciso ter con- dições inanceiras e, principalmente, respaldo da Alta Direção. Pois é preciso que os gestores entendam o que é, a importância e os principais benefícios que podem ser proporcionados, para que eles “comprem a ideia” e se comprometam com a efetiva aplicação desse programa dentro da empresa. U N ID A D E 1 44 Como no Brasil a ISO é representada pela ABNT, as normas apresentam a sigla NBR (Nor- ma Brasileira), sendo expressas como ABNT NBR ISO, seguidas pelo número da norma e o ano. Assim, aplicando o exemplo à norma ISO 9001, temos: ABNT NBR ISO 9001:2015. No entanto, utilizando o mesmo exemplo, também podemos apresentar as normas das seguintes maneiras: ABNT NBR ISO 9001 ou simplesmente ISO 9001. Fonte: as autoras. explorando Ideias Família ISO 9000 Em 1946, foi criada a Organização Internacional de Normalização, do inglês International Organization for Standardization (ISSO), é uma instituição não governamental sediada em Genebra, na Suíça, composta por 160 organismos de normalização de diversos países, dentre eles, o Brasil, que visa desenvolver nor- mas internacionais que possam promover sistemas de gestão mais eicientes. O processo de elaboração das normas é realizado pelos Comitês Técnicos da ISO (ISO/TC) quando existe uma demanda (CNI, 2002). No Brasil, o organismo nor- malizador é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), uma entidade sem ins lucrativos, criada em 1940, que representa a ISO no país. A série ISO 9000 é composta por diversas normas. As principais são apresentadas na Figura 10, a seguir: Figura 10 - Normas da série ISO 9000 / Fonte: as autoras. ISO 9000 Sistemas de gestão de qualidade Fundamentos e vocabulário ISO 9001 Sistemas de gestão da qualidade Requisitos ISO 9004 Gestão para o sucesso sustentado de uma organização Uma abordagem de gestão da qualidade Norma que descreve os conceitos fundamentais e princípios de gestão da qualidade, ou seja, de�ne os conceitos básicos e a linguagem que orientam a construção das demais normas da família. Norma que especi�ca os requisitos para um sistema de gestão da qualidade (SGQ) nas organizações. Sendo passível de certi�cação e aplicável a qualquer organização independentemente do tamenho, tipo e atividade. Norma que fornece orientação às organizações para o alcance do sucesso, sustentando, por meio de uma abordagem da gestão da qualidade. Portanto, indica como tornar o SGQ mais e�ciente e e�caz, ou seja, que atenda, também, as partes interessadas, dentre elas, colaboradores, sócios fornecedores governo, sociedade, dentre outros. U N IC E S U M A R 45 As normas ISO podem ser atualizadas sempre que necessário. Para que você possa saber mais detalhes sobre as que estão nesse processo ou para conirmar a publicação de novas normas, bem como adquiri-la na íntegra – visto que, para ter acesso a elas, é preciso comprar sua li- cença –, acesse o ABNT. Acesse o catálogo por meio do link: https://www.abntcatalogo.com.br. Fonte: as autoras. explorando Ideias A norma ISO 9001 estabelece vários aspectos e diretrizes para a implantação do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), fornecendo orientações e ferramentas, por meio de padrões para as organizações que querem atender às necessidades dos clientes, aprimorando processos e produtos, buscando, sempre, a melhoria contínua da qualidade (LOBO; SILVA, 2014, p. 102). É uma norma baseada nos princípios de gestão da qualidade, descritos na ISO 9000. De acordo com a ABNT (2015a) e Lobo e Silva (2014) os estes princípios são: • Foco no cliente: a organização precisa atender às necessidades dos seus clientes. • Liderança: a liderança da organização precisa proporcionar a todos os colaboradores um ambiente agradável e favorável, envolvendo todos na busca dos seus objetivos. • Engajamento das pessoas: o capital humano é de extrema importância para a organização e o seu envolvimento traz grandes benefícios para a empresa. • Abordagem de processo: processos bem deinidos trazem benefícios. • Melhoria: buscar a melhoria contínua é um dever e um diferencial para qualquer organização. Deve ser constante e ocorrer em todos os setores da organização. • Tomada de decisão baseada em evidências: toda tomada de decisão pre- cisa ser estudada com uma análise profunda dos dados e das informações. • Gestão de relacionamento: que destine ao benefício mútuo entre as partes interessadas. U N ID A D E 1 46 ISO 9001 A terceira edição da norma ISO 9001 cancelou e substituiu a edição anterior – a norma ISO 9001:2008 –, tecnicamente, revisada e publicada em setembro de 2015. Em sua estrutura, contém-se os requisitos genéricos do Anexo SL, assim como os requisitos especíicos do seu sistema de gestão. Para explicar a ISO 9001 em vigor, precisamos abordar o Anexo SL ou Estrutu- ra de Alto Nível, que originou toda essa mudança. O documento foi desenvolvido e publicado em 2012 pela ISO, para deinir a estrutura ou o modelo padrão para todos os sistemas de gestão, ou seja, para padronizar todos os itens que as novas ou as revisadas normas – a partir de 2012 –, que orientam a implantação e a certiica- ção de sistemas de gestão, devem ter para facilitar a integração desses sistemas nas empresas, diferente do que acontecia até o momento (BSIGROUP, 2015). A estrutura proposta pelo Anexo SL para todas as novas normas inclui: 1. Es- copo; 2. Referências normativas; 3. Termos e deinições; 4. Contexto da organiza- ção; 5. Liderança; 6. Planejamento; 7. Suporte ou Apoio; 8. Operação; 9. Avaliação do desempenho; 10. Melhoria. Esses itensrepresentam os requisitos genéricos ou as cláusulas, que são obrigatórias. O anexo também propõe que o texto principal seja idêntico, assim como os termos e as deinições utilizadas, podendo cada norma também possuir requisitos especíicos, ou seja, incluir subcláusulas de acordo com o tipo de sistema de gestão desenvolvido. A cláusula que possui mais requisitos especíicos é a 8, em que constam as operações, pois são aplicadas ferramentas especíicas para cada sistema de gestão. A estrutura de alto nível tem como principal objetivo: “ assegurar a coerência e a compatibilidade. Com o Anexo SL implementado, os executores de sistema de gestão podem es- perar menos conlitos, duplicação, confusão e os equívocos que ocorreram em consequência de estruturas de normas de sistema de gestão diferentes (BSIGROUP, 2015). Dessa forma, a estrutura da norma ISO 9001, ou seja, as seções 4 a 10 são agru- padas em relação ao ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act). Na Figura 11, a seguir, temos a representação da norma no ciclo PDCA, em que os números entre pa- rênteses se referem às seções ou cláusulas da norma: U N IC E S U M A R 47 De acordo com a ISO 9001 (ABNT, 2015b), o ciclo PDCA pode ser, resumida- mente, descrito conforme a seguir: • Plan (planejar): estabelecer os objetivos do sistema, seus processos e os recursos necessários para entregar resultados de acordo com os requisitos dos clientes e com as políticas da organização. • Do (fazer): implementar o que foi planejado. • Check (checar): monitorar e (onde aplicável) medir os processos, os pro- dutos, os serviços resultantes em relação a políticas, objetivos e requisitos, e reportar os resultados. • Act (agir): executar ações para melhorar o desempenho, de acordo com o necessário. Antes de conhecermos as cláusulas ou requisitos da norma ISO 9001, destacamos alguns conceitos (ou termos e deinições) importantes no qual a norma ISO 9000 (ABNT, 2015a) apresenta: • Organização: pessoa ou grupo de pessoas com suas próprias funções com responsabilidades, autoridades e relações para alcançar seus objetivos. O con- ceito de organização inclui empreendedor individual, companhia, corpora- ção, irma, empresa, associação, instituição, dentre outros – pública ou privada. Sistema de gestão da qualidade (4) Apoio (7) Operação (8) Planejamento (6) Planejar (plan) Agir (act) Checar (check) Fazer (do) Líderança (5) Melhoria (10) Avaliação de desempenho (9) Satisfação do cliente Organização e seu contexto (4) Requisitos do cliente Necessidades e expectativas de partes interessadas pertinentes (4) Produtos e serviços Resultados do SGQ Figura 11 - Estrutura da norma ISO 9001:2015 no ciclo PDCA / Fonte: adaptada de ABNT (2015b). U N ID A D E 1 48 • Alta Direção: pessoa ou grupo de pessoas que dirige e controla uma organização no nível mais alto, na qual tem o poder de delegar autoridade e prover recursos na organização; • Parte interessada (stakeholder): pessoa ou organização que pode afe- tar, ser afetada, perceber-se afetada por uma decisão ou atividade. São exemplos: clientes, proprietários, pessoas na organização, fornecedores, investidores, regulamentadores, sindicatos, entre outros. A primeira seção da norma é denominada Escopo, que é a descrição dos resulta- dos desejados para o sistema de gestão da qualidade, de acordo com o contexto da organização. A segunda se refere às Referências normativas, que apresentam as normas ou as publicações que embasaram sua criação. A terceira seção apresenta Termos e deinições aplicados à norma, sendo aplicada à norma ISO 9000. A partir da quarta seção, temos os requisitos de implantação do SGQ, con- forme apresentado na Figura 12, a seguir: Figura 12 - Requisitos da norma ISO 9001:2015 / Fonte: adaptado de ABNT (2015b). Seção 4 Contexto da organização Seção 5 Liderança Seção 6 Planejamento Seção 7 Apoio Seção 8 Operação Seção 9 Avaliação de desempenho Seção 10 Melhoria 4.1 Entendendo a organização e seu contexto; 4.2 Entendendo as necessidades e expectativas de partes interessadas; 4.3 Determinando escopo do SGQ; 4.4 SGQ e seus processos. 5.1 Liderança e comprometimento; 5.2 Política; 5.3 Papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais. 6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades; 6.2 Objetivos da qualidade e planejamento para alcançá-los; 6.3 Planejamento de mudanças. 7.1 Recursos; 7.2 Competência; 7.3 Conscientização; 7.4 Comunicação; 7.5 Informação documentada. 8.1 Planejamento e controle operacionais; 8.2 Requisitos para produtos e serviços; 8.3 Projeto e desenvolvimento de produtos e serviços; 8.4 Controle de processos, produtos e serviços providos externamente; 8.5 Produção e provisão de serviço; 8.6 Liberação de produtos e serviços; 8.7 Controle de saídas não conformes. 9.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação; 9.2 Auditoria interna; 9.3 Análise crítica pela direção. 10.1 Generalidades; 10.2 Não conformidade e ação corretiva; 10.3 Melhoria continua. U N IC E S U M A R 49 O requisito Contexto da organização contém algumas subcláusulas: compreen- são da organização e seu contexto, compreensão das necessidades e expectativas das partes interessadas, determinação do escopo do sistema de gestão da qualidade, o sistema de gestão da qualidade e seus processos, ou seja, impõe que a empresa identiique quais são os fatores internos (processos internos, cultura e estrutura organizacional) e externos (ambiente inanceiro, cultural, social, legal, político, entre outros) que podem inluenciar o SGQ e são classiicados como pontos fortes, pon- tos fracos, oportunidades e ameaças com base na matriz SWOT (BSIGROUP, 2015). Na subcláusula determinação do escopo do sistema de gestão da qualidade, a organização deve determinar os limites e a aplicabilidade do SGQ, sendo que a norma é aplicável a qualquer organização, independentemente do seu tamanho, tipo e natureza. A Liderança é abordada na cláusula 5, que possui como subcláusula lide- rança e comprometimento, política da qualidade, funções, responsabilidades e autoridades organizacionais. Agora, a Alta Direção tem mais responsabilidades em relação ao SGQ, pois precisa garantir que o sistema de gestão esteja alinhado ao planejamento estratégico da empresa, ou seja, precisa viver o SGQ no seu dia a dia, assim como promover a conscientização e o envolvimento dos colabora- dores em todos os processos do SGQ por meio do desenvolvimento das pessoas. Portanto, a Alta Direção deve demonstrar liderança e comprometimento ao SGQ nas responsabilidades com as quais esteja, pessoalmente, envolvida ou àquelas que convêm que sejam dirigidas por ela (ABNT, 2015b). A cláusula 6, Planejamento, é subdividida em ações para tratar os riscos e as oportunidades, os objetivos da qualidade, o planejamento de como alcançá-los e o planejamento das mudanças. (BSIGROUP, 2015). A cláusula 7 abrange o Suporte, dividido em recursos (generalidades, pessoas, infraestrutura, ambiente para a operação de processos, recursos de monitora- mento e medição, conhecimento organizacional), competência (descrição dos cargos que devem compor o SGQ), conscientização, comunicação e informação documentada (criação e atualização), ou seja, é a deinição do suporte ou dos ins- trumentos que a empresa vai precisar para atingir os objetivos e as metas do SGQ. Na cláusula 8, a norma apresenta a Operação, a qual contém todos os pro- cessos, tanto internos quanto terceirizados, que colocam em prática o SGQ. A cláusula 9, Avaliação de desempenho é dividida em monitoramento, medição, análise e avaliação (generalidades, satisfação do cliente, análise e avaliação), au- ditoria interna e análise crítica pela direção, essa cláusula ajuda a deinir como o U N ID A D E 1 50 sistema será monitorado, mensurado, analisado e avaliado, visando assegurar que o SGQ esteja em conformidade com os requisitos determinados pela empresa. Já a última cláusula, a 10, denominada Melhoria, é composta pelos itens generalidade,não conformidades, ação corretiva e melhoria contínua, que objetivam deinir quais as estratégias que serão aplicadas pela empresa para solucionar ou prevenir as não conformidades, assim como as estratégias de melhoria (BSIGROUP, 2015). Política É pertinente abordar a política em um tópico separado, devido à relevância desse assunto para as demais normas que serão mencionadas no decor- rer deste livro. A declaração da política da qualidade é a ilosoia que a empresa pretende adotar para atender às necessidades e às expectativas dos seus clientes. Ela deve ser elaborada com base na norma, contendo os objetivos, princípios e valores que representam o comprometimento da empresa com a gestão da qualidade, em seguida, deve ser aprovada pela alta direção, documentada e comunicada aos colaboradores. Os objetivos gerados pela política da empresa devem ser mensuráveis para que possam ser monitorados por meio de indicadores, por exemplo, no trecho desta política: “ É política desta empresa prover produtos e serviços 100% dentro do prazo estabelecido, de alta qualidade, buscando sempre aumentar os níveis de satisfação de seus clientes”, podemos identiicar o objetivo da qualidade: “100% dentro do prazo estabelecido”, cujo indicador seria o histórico de dados de entrega (LOBO; SILVA, 2014). Para acompanhamento dos atendimentos aos requisitos de qualidade, é preciso criar indicadores de qualidade, que “ é o termômetro que permite à alta administração e aos acionistas auscultar o diálogo ambiente externo/empresa, particularmente aquele exercício entre as linhas de negócios e seus clientes/consu- midores (ROBLES JÚNIOR, 2003, p. 74). U N IC E S U M A R 51 Esses indicadores são construídos pela área de qualidade, juntamente com outros representantes das principais áreas da empresa. Devem ser, periodicamente, refor- mulados, substituídos, aperfeiçoados ou eliminados, e a deinição da quantidade depende dos processos que precisam ser controlados ou avaliados. A qualidade pode ser medida pela relação entre as unidades produzidas com defeito em relação ao total produzido, propostas emitidas e propostas ganhas, evolução da carteira de clientes, evolução do faturamento, satisfação dos clientes, absenteísmo, retrabalho, cumprimento dos prazos contratuais, entre outros tipos de indicadores da qualidade. Processo de implantação do SGQ O processo de implantação do SGQ pode incluir a deinição dos responsáveis pela implantação do SGQ (equipe interna ou consultoria), a deinição da unidade de negó- cio em que o sistema será implantado, a deinição da política e dos objetivos da qua- lidade (alinhada aos requisitos da norma e ao planejamento estratégico da empresa), o gerenciamento e o mapeamento dos processos, entre outros (MELLO et al., 2009). A outra etapa é o delineamento do SGQ, que pode ser subdividido em: deter- minar os processos necessários para o SGQ e sua aplicação por toda a organização; determinar a sequência e a interação desses processos; determinar os critérios e os métodos necessários para assegurar que a operação e o controle desses processos sejam eicazes; assegurar a disponibilidade de recursos e informações necessárias para apoiar a operação e o monitoramento desses processos; monitorar, medir onde é aplicável e analisa-los; implementar ações necessárias para atingir os resultados planejados e a melhoria contínua desses processos (MELLO et al., 2009). Em seguida, tanto os processos internos quanto os processos do SGQ devem ser documentados. Deve-se aplicar um treinamento a todos os colaboradores, visando implementar os novos processos aos quais estão envolvidos. Por im, são programadas as auditorias internas e externas para veriicar possíveis falhas e saná-las, visando à melhoria dos processos (MELLO et al., 2009). É importante lembrar que existem documentações obrigatórias do SGQ exigidas na ISO 9001, pois, em alguns requisitos, a norma determina que seja estabelecida informação documentada em forma de papel, em meio eletrônico, entre outras formas. Torna-se necessário documentar a política da qualidade, as informações referentes à análise crítica pela direção, os treinamentos, as evidên- U N ID A D E 1 52 cias do atendimento dos requisitos do produto, a avaliação dos fornecedores, a identiicação e a rastreabilidade do produto, a propriedade do cliente, os resul- tados de calibração e a veriicação de dispositivos de medição e monitoramento, as auditorias internas, as não conformidades, os resultados de ações corretivas e assim por diante. Isso serve para evidenciar a conformidade do SGQ com os requisitos impostos pela norma, portanto, devem ser arquivados e recuperados em caso de novas auditorias. Como os requisitos de auditoria interna e análise crítica pela direção são co- muns a todos os sistemas de gestão, iremos apresentá-los de forma mais detalhada. Auditoria A auditoria é considerada ferramenta muito importante para o SGQ e para os demais sistemas de gestão, pois auxilia na identiicação das não conformidades, ou seja, encontra os pontos falhos no sistema que possam ser aperfeiçoados, ou seja, é a forma de veriicação e manutenção do sistema de gestão, que possibilita a realização de melhorias. As empresas realizam auditorias para as seguintes inalidades: certiicação, ma- nutenção da certiicação (ou recertiicação), veriicação do funcionamento do SGQ, avaliar a conformidade dos produtos e serviços com as especiicações, avaliar a conformidade dos procedimentos da qualidade com as normas estabelecidas por clientes ou pela própria empresa, entre outras. Logo, para qualquer sistema de ges- tão, o processo de auditoria tem como base a norma ISO 19011:2018 – Diretrizes para auditorias de sistemas de gestão, a qual é aplicável a todas as organizações que necessitam planejar e conduzir auditorias internas ou externas de sistemas de gestão ou gerenciar um programa de auditoria. Fornece orientação sobre a auditoria de sistemas de gestão, incluindo os princípios de auditoria, a gestão de um programa de auditoria e a condução de seu sistema, além da orientação sobre a avaliação de competência de pessoas envolvidas no processo (ABNT, 2018). A auditoria é deinida como um “processo sistemático, independente e documen- tado para obter evidência objetiva e avaliá-la objetivamente, para determinar a exten- são na qual os critérios de auditoria são atendidos” (ABNT, 2018, p. 01). Diante desse conceito, entenda o que é evidência objetiva e critérios de auditoria (ABNT, 2018): U N IC E S U M A R 53 • Evidência objetiva: refere-se aos dados que apoiam a existência ou a veracidade de alguma de algo, consistindo em registros, declarações de um fato ou outra informação que seja pertinente para os critérios de au- ditoria. Pode ser obtida por observação, medição, ensaio ou outros meios. • Critérios de auditoria: conjunto de requisitos usados como referência com a qual a evidência objetiva é comparada. Os requisitos podem incluir aqueles referentes à norma, a políticas, a procedimentos, a instruções de trabalho, a requisitos legais (legislações), a obrigações contratuais etc. As auditorias podem ser internas e externas, conforme ilustrado na Figura 13: Figura 13 - Diferentes tipos de auditorias / Fonte: adaptada de ABNT (2018). As auditorias internas ou auditorias de primeira parte são como au- toavaliações conduzidas pela própria organização ou em nome dela. Podem ser realizadas por equipe de auditores internos da empresa, sendo estes, devidamente, capacitados, ou por consultoria externa especializada. Neste momento, você deve se perguntar: por que realizar uma auditoria inter- na? Porque é um dos requisitos de implantação do SGQ, logo, obrigatório para a organização que queira ter um SGQ implementado e/ou certiicado, conforme a norma ISO 9001. É por meio da auditoria interna que ocorre a veriicação do SGQ, possibilitando identiicar o que não está conforme as melhorias necessárias. Para melhorentendimento, observe o que a ISO 9001 esclarece acerca do requisito auditoria interna: a organização deve conduzir auditorias internas a intervalos planejados para prover informação se o SGQ está conforme os requi- sitos da própria organização e os requisitos da ISO 9001, e se está implementado e mantido eicazmente (ABNT, 2015b). Um exemplo das etapas de uma auditoria interna é apresentado na Figura 14, a seguir: Auditoria de 1ª parte Auditoria de 2ª parte Auditoria de 3ª parte • Auditoria interna. • Auditoria de fornecedor externo. • Outra auditoria de parte interessada externa. • Auditoria de certi�cação e/ou acreditação. • Auditoria estatutária, regulamentar e similar. Estabelecer programa de auditoria interna Manual de auditoria Lista de auditores Lista de veri�cações Documentos a auxiliar Ata da reunião da abertura Lista de veri�cações Ata da reunião de encerramento Lista de veri�cações preenchidas Informe de solicitação de ação corretiva Solicitação de ação corretiva Agenda Designar e treinar equipe de auditores Noti�car o responsável da área a ser auditada Existe não conformidade? Emitir solicitação de ação corretiva Emitir relatório da auditoria e reunião de encerramento Distribuir relatório e arquivar documentação Auditar Agenda 1 - Início do �uxo 2 - Término do �uxo Noti�cação Não Sim Relatório da auditoria Preparar a auditoria 1 2 U N ID A D E 1 54 Figura 14 - Fluxograma do processo de auditoria interna / Fonte: Custódio. As auditorias devem ter as características fundamentais de objetividade (ba- seada em fatos e dados), proissionalismo (pessoal qualiicado) e imparciali- dade (independência). Logo, os auditores internos não devem atuar nas áreas em que tenham vínculo de subordinação ou qualquer tipo de inluência in- desejável (MOREIRA, 2001). U N ID A D E 1 56 Contratar empresa independente de auditoria Manual de auditoria 1 - Início do �uxo 2 - Término do �uxo Política e objetivos Procedimentos Agenda Documentos a auditar Instruções de trabalho Ata da reunião de abertura Emitir solicitação de ação corretiva Sim Sim Não Não Preparar a auditoria Reunir as áreas a serem auditadas e introduzir a equipe de auditores Auditar Existe não conformidade? Emitir relatório da auditoria e reunião de encerramento Distribuir relatório e arquivar documentação Indicar para certi�cação ou recerti�cação Lista de veri�cações Lista de veri�cações O SGQ está conforme? Estabelecer os parâmetros da auditoria Apresentar o SGQ analisar o processo Solicitação de ação corretiva 1 2 Figura 15 - Fluxograma do processo de auditoria externa / Fonte: Custódio (2015, p. 124). U N IC E S U M A R 57 A auditoria de terceira parte pode ser subdividida em (CUSTÓDIO, 2015; SEIFFERT, 2010): • Pré-auditoria: opcional, mas muito importante para evitar constrangimentos futuros para a empresa que deseja certiicar seu SGQ. Consiste em uma visi- ta inicial do organismo certiicador para identiicar o nível de maturidade da implantação do SGQ, para saber se a empresa já está preparada para receber a auditoria de certiicação. • Auditoria de certiicação: é obrigatória, utilizada quando a empresa busca avaliar a conformidade do SGQ para emitir a certiicação ou a recertiicação. Esse tipo de auditoria pode ser dividida em: • Auditoria inicial ou de adequação: visa veriicar a estrutura documental do SGQ. Dentre os documentos analisados, podemos incluir o manual de- senvolvido para o sistema de gestão, assim como os registros e os documentos que evidenciem a conformidade do sistema com os requisitos propostos pela norma vigente. • Auditoria principal, de conformidade ou de certiicação: visa veriicar a implantação do SGQ propriamente dito. Os resultados da certiicação de adequação e conformidade identiicam se o SGQ da empresa pode ser cer- tiicado ou não. • Auditoria de monitoramento, acompanhamento ou manutenção: é reali- zada a cada seis ou doze meses para veriicar, por amostragem, se a empresa está realmente seguindo os requisitos determinados pela norma no seu dia a dia. Caso não esteja, pode ocorrer o cancelamento da certiicação. • Auditoria de recertiicação: é realizada a cada três anos, visando veriicar todos os requisitos do SGQ para manter a certiicação da empresa. O nível de exigência dessa auditoria depende do histórico de desempenho do SGQ da empresa diante dos critérios do organismo certiicador. Algumas empresas também têm adotado a auditoria de conformidade legal apli- cada por consultorias jurídicas especializadas no inal da implantação do SGQ a im de obter respaldo para evitar possíveis passivos. U N ID A D E 1 58 Análise Crítica O principal objetivo da análise crítica pela direção é garantir a adequação, a su- iciência e a eicácia do SGQ, e seu alinhamento com a direção estratégica da organização (ABNT, 2015b; DNV, 2015). Uma das entradas para a análise crítica pela direção são os resultados de audi- toria interna, uma vez que todos os itens do sistema terão sido veriicados, quanto à adequação e à conformidade. O resultado da análise crítica pela direção, isto é, as saídas, devem incluir decisões e ações relacionadas às oportunidades de melhoria, à necessidade de mudanças no SGQ e às necessidades de recursos (ABNT, 2015b). A norma ISO 9001, não determina como a Alta Direção deve realizar a aná- lise crítica do seu SGQ, no entanto, estabelece que deve ocorrer em intervalos planejados, ter, obrigatoriamente, assuntos de entrada e de saída, e ser mantida informação documentada. Logo, a análise crítica pela direção não precisa ser, necessariamente, uma reunião anual ou semestral, por exemplo, mas é comum as organizações realizarem dessa forma, geralmente, documentada como atas de reunião, mas também pode ser na forma de relatório. Certiicação Tanto a adoção de modelos normativos de gestão pela empresa quanto a candidatura ao certiicado são opcionais. A maior vantagem do certiicado consiste na facilidade de a empresa demonstrar, publicamente, sua conformidade a padrões reconhecidos em âmbito nacional e internacional. Assim, a certiicação será concedida à organiza- ção que demonstrar conformidade com a norma adotada (MOREIRA, 2001). A certiicação é voluntária, mas as empresas que buscam diferencial com- petitivo, diante de seus concorrentes, e passam a imagem de coniabilidade aos seus clientes precisam certiicar o seu Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Assim, a certiicação pode ser deinida como: “ um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo indepen- dente, sem relação comercial, com o objetivo de atestar publicamente, por escrito, que determinado produto ou processo está em confor- midade com os requisitos especiicados. Esses requisitos podem ser nacionais ou internacionais (MARSHALL JÚNIOR et al., 2008, p. 69). U N IC E S U M A R 59 A norma ISO 19011 pode ser utilizada para auditorias externas, mas não para auditorias externas que compreendem as de certiicação de terceira parte de sistemas de gestão. A norma que fornece requisitos para esta é a ABNT NBR ISO/IEC 17021-1. Fonte: ABNT (2018). explorando Ideias O processo de certiicação consiste em uma auditoria de terceira parte (auditoria independente), como vimos, anteriormente, realizada por um organismo certii- cador, devidamente autorizado por um organismo credenciador cujo objetivo é comprovar a eicácia do SGQ para certiicação (ou recertiicação, para SGQ im- plementados). Nesse caso, três entidades estão envolvidas no processo: organismo normalizador, organismo credenciador e organismo certiicador. O organismo normalizador é o responsável pela elaboração e publicação das normas técnicas, como a International Organization for Standardization (ISO) e a International Electrotechnical Commission (IEC), entidades de nor- malização internacional. No Brasil, a única entidade autorizada a emitir normas técnicas é a Associação Brasileira de
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