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fluxo de proteção de violencia contra crianças e adolescentes 12

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enfrentamento à
violência sexual contra
crianças e adolescentes
NOSSA VOZ. NOSSA FORTALEZA.
12
FLUXO DE
proteção
Neyla Priscilla 
Dillyane Ribeiro
SUMÁRIO
1. A política de atendimento dos direitos 
de crianças e adolescentes ..................................................................... 179
2. O sistema de garantia dos direitos de crianças 
e adolescentes vítimas de violência sexual ........................................... 182
3. Fluxo em casos de violência sexual ........................................................ 184
4. Defesa e responsabilização .................................................................... 189
Referências .................................................................................................. 191
Perfis das autoras e do ilustrador ............................................................ 192
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 179
A política de 
atendimento 
dos direitos 
DE CRIANÇAS E 
ADOLESCENTES
Até aqui, conversamos sobre a importância 
de reconhecer e garantir os direitos huma-
nos de crianças e adolescentes de maneira 
integral, indivisível e universal. Conversa-
mos também sobre as várias expressões da 
violência contra crianças e adolescentes e 
suas causas estruturais, sobre o Sistema de 
Garantias de Direitos e o papel de cada ator 
na prevenção e na reparação dos danos so-
fridos pelas crianças e adolescentes. 
TÁ NA LEI
Como vimos, o art. 86 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente determina 
que “a política de atendimento dos 
direitos da criança e do adolescente 
far-se-á através de um conjunto 
articulado de ações governamentais 
e não governamentais, da União, 
dos estados, do Distrito Federal 
e dos municípios”.
Dessa forma, se a política de 
atendimento é um conjunto 
articulado de ações, isto quer 
dizer que cada órgão público ou 
organização não governamental tem 
um papel a cumprir na promoção 
dos direitos e na prevenção e 
reparação das violências sofridas 
por cada criança ou adolescente e 
deve agir de maneira articulada.
Agora, no último fascículo do nosso cur-
so, vamos estudar a importância e as pos-
sibilidades de uma ação articulada, inte-
grada e interdisciplinar no atendimento 
de crianças e adolescentes em situação 
de violência sexual. O objetivo aqui é que 
conheçamos como deve ser o fluxo de 
proteção diante da suspeita ou confirma-
ção de violência sexual.
Alguns princípios muito importantes 
que regem a aplicação das medidas de 
proteção são a condição da criança e do 
adolescente como sujeitos de direitos, a 
obrigatoriedade da informação e a oiti-
va obrigatória, e o direito à participação. 
Isto é, de acordo com o seu estágio de 
desenvolvimento e capacidade de com-
preensão, a criança e o adolescente, em 
separado ou na companhia dos pais, de 
responsável ou de pessoa por si indicada, 
têm direito a serem ouvidos e a participar 
nos atos e na definição da medida de pro-
moção dos direitos e de proteção, sendo 
180 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
PUXANDO Prosa
QUER SABER COMO?
Um grande problema que o 
Fórum DCA Ceará identificou 
no monitoramento da rede de 
atendimento em Fortaleza/CE 
foi que muitos profissionais, 
seja por falta de formação ou de 
pessoal suficiente, chegavam a 
confundir o que era atendimento 
com encaminhamento, isto é, 
diante de um caso de violência 
sexual, sua atuação se resumia a 
informar qual outro órgão a pessoa 
deveria procurar (Araújo, 2018). 
No entanto, cada equipamento da 
rede deve realizar o atendimento 
naquilo que lhe cabe quantas vezes 
forem necessárias e, ao mesmo 
tempo, encaminhar para os demais 
órgãos as informações pertinentes, 
articular o atendimento da 
criança, isto é, verificar quando 
e quem pode recebê-la, e fazer 
o seguimento do atendimento 
nos órgãos para os quais foi 
encaminhada, tanto verificando 
com a criança e sua família se o 
atendimento vem sendo realizado 
quanto com os profissionais 
dos outros órgãos (Comissão 
Intersetorial de Enfrentamento à 
Violência Sexual contra Crianças e 
Adolescentes, 2017). 
sua opinião devidamente considerada 
pela autoridade judiciária competente, 
quando for o caso. 
Além disso, a criança e o adolescente 
devem ser informados dos seus direitos, 
dos motivos que determinaram a inter-
venção e da forma como esta se realizará, 
conforme determina o art. 100 do ECA. 
Em primeiro lugar, queremos destacar 
que quando uma criança ou adolescente 
conta para alguém que sofreu violência 
sexual, ela tem direito a ser tratada com 
respeito, ser acolhida, falar livremente so-
bre o que ocorreu e sobre como se sente, 
bem como de permanecer em silêncio so-
bre o que não quiser falar. 
Isso vale tanto para os/as profissio-
nais dos órgãos que a atendam quanto 
para um familiar ou amigo que a criança 
ou adolescente procura. Jamais a criança 
ou adolescente deve ser culpabilizada pela 
violência que sofreu: qualquer comentário 
destinado a gerar culpa ou vergonha deve 
ser evitado. A pessoa que está escutando 
a criança deve se abster de perguntas so-
bre o tamanho da sua roupa ou o que ela 
teria feito para “provocar” a agressão. Isso 
porque, numa sociedade adultocêntrica 
como a nossa, a lei busca proteger a dig-
nidade sexual de crianças e adolescentes 
porque elas são consideradas vulneráveis 
em relação aos adultos, uma desigualda-
de que é estrutural.
Agora, se alguma criança ou adolescen-
te lhe revelar que sofreu uma violência se-
xual ou você tomar conhecimento que isso 
está acontecendo, saiba a seguir a quem 
procurar e como deve ser o atendimento!
TÁ NA LEIImportante
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 181
Nem sempre crianças e 
adolescentes vão conhecer os 
termos “violência sexual”, “abuso” 
e “exploração”. De acordo com 
a fase de desenvolvimento e 
com o vocabulário que em seu 
contexto se utiliza, eles vão ter sua 
própria forma de narrar o que lhes 
acontece, sendo necessário que 
adultos/as tenham sensibilidade 
para reparar nos relatos e nos 
sinais que indicam que possam 
estar em situação de violência. Em 
muitos casos demoram anos para 
que o sujeito perceba que foi vítima 
de uma violência sexual. Por isso, 
é tão importante orientar desde 
cedo, e na linguagem apropriada, 
crianças e adolescentes para o 
desenvolvimento sexual saudável, 
para que possam distinguir os 
toques que são carinhosos dos 
toques que são violentos, entender 
as noções de público e privado, 
respeitar o próprio corpo e o corpo 
alheio e entender a importância 
do consentimento.
O Instituto Cores desenvolveu 
dois materiais para prevenção da 
violência sexual para crianças – o 
livro e material didático Pipo e Fifi 
– e para adolescentes – o livro e 
material didático Tuca e Juba.
182 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordesteção Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
O sistema 
de garantia 
dos direitos 
DE CRIANÇAS 
E ADOLESCENTES 
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA 
SEXUAL 
O fluxo de proteção pode ser iniciado por di-
ferentes sujeitos: a própria criança ou ado-
lescente ao revelar o ocorrido para alguém 
próximo, um profissional, o Disque 100 ou 
através do aplicativo Proteja Brasil; um 
profissional da educação, da saúde ou da 
assistência social quando suspeita de que 
a criança ou adolescente está sofrendo vio-
lência; ou qualquer pessoa que tome conhe-
cimento do ocorrido. Todos esses devem 
procurar os órgãos da rede de proteção.
Deve-se evitar que a criança ou adoles-
cente seja chamado a narrar por diversas 
vezes o ocorrido de maneira desneces-
sária. Relatar acontecimentos dolorosos 
sem que seja uma demanda do próprio 
sujeito pode causar constrangimento e 
sofrimento. Os equipamentos devem fa-
zer quantas entrevistas forem necessárias 
Importante
Não é necessário que se tenha 
provas da ocorrência da violência 
sexual para que o fluxo seja 
iniciado, basta a suspeita de 
que a violência ocorreu ou está 
ocorrendo para que surja a 
obrigatoriedade denotificar ao 
Conselho Tutelar. Não cabe aos 
indivíduos a produção de provas, 
mas sim à polícia investigar o 
caso, enquanto paralelamente a 
isso a criança e sua família devem 
receber o devido atendimento 
em saúde e assistência social, 
ademais das medidas de proteção 
aplicáveis que a criança demanda. 
Obviamente, quanto mais 
informação a pessoa que está 
notificando a violência sexual 
tiver, mais agilmente o fluxo 
poderá ser acionado. No entanto, 
o que queremos deixar bem 
explicado aqui é que, seja qual for 
a informação que lhe chegou sobre 
a ocorrência de violência contra 
uma criança ou adolescente, isso 
basta para que seja notificado o 
Conselho Tutelar.
FICA A Dica
Também é importante destacar 
que é possível que as instituições 
destinadas a proteger as crianças 
e adolescentes acabem sendo 
palco de violações. Um exemplo 
disso é o assédio sexual por parte 
de professores ou profissionais de 
saúde, ou até mesmo condutas 
e falas que são revitimizadoras 
porque causam culpa, vergonha ou 
constrangimento. Por isso, algumas 
organizações não-governamentais 
e já alguns órgãos públicos, como 
escolas, têm desenvolvido e adotado 
uma política de proteção de crianças 
e adolescentes, onde se estabelecem 
várias medidas de prevenção da 
violência contra crianças atendidas 
no cotidiano da instituição, além de 
medidas a serem tomadas caso esta 
ocorra. Você pode saber mais lendo 
a publicação Um lugar seguro para 
crianças e adolescentes: Guia prático 
sobre como proteger crianças e 
adolescentes de situação de violência 
no espaço institucional, da Terre des 
hommes Lausanne no Brasil (2014).
para o correto atendimento de crianças e 
adolescentes. No entanto, aquela entre-
vista que demanda a narração da violên-
cia é chamada escuta especializada e deve 
ser limitada ao estritamente necessário 
para o cumprimento de sua finalidade, se-
gundo o art. 7 da Lei 13.431, de 2017. 
As ações institucionais podem ser dividi-
das em medidas de urgência para fazer ces-
sar a violência, tais como atendimento em 
saúde para profilaxia de DSTs e de gravidez, 
prisão em flagrante do investigado e medi-
das de proteção de afastamento do investi-
gado do local de convivência com criança e 
adolescentes vítimas; medidas de reparação 
para o atendimento em saúde, incluindo 
saúde mental, assistência social e jurídica; e 
responsabilização do autor da violência.
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 183
TÁ NA LEI
INFRAESTRUTURA
Apesar dos esforços de 
norteamento das oitivas no 
Brasil, ainda não há escolha única 
por protocolo disciplinar pelo 
Poder Judiciário do país. Nesse 
sentido, quanto à infraestrutura 
do Depoimento Especial, 
deve-se seguir o que consta na 
Recomendação nº 33 do CNJ, de 
23 de novembro de 2010. 
Desse modo, as oitivas deverão 
ser videogravadas em ambiente 
separado e apropriado ao 
nível de desenvolvimento do 
indivíduo que será ouvido, 
assistido por profissional 
especializado. Busca-se 
impedir que a mesma criança 
seja submetida a vários 
procedimentos de oitiva, que 
podem ser evitados pela revisão 
do material gravado em primeiro 
momento de escuta.
Importante
O Conselho Nacional do Ministério 
Público publicou o Guia prático para 
implementação da política de aten-
dimento de crianças e adolescentes 
vítimas ou testemunhas de violência. 
Acesse: http://www.mpsp.mp.br/
portal/page/portal/infanciahome_c/
LIVRO_ESCUTA_PROTEGIDA-1_1.pdf
184 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Fluxo 
em casos
DE VIOLÊNCIA 
SEXUAL
O Conselho Nacional do Ministério 
Público (CNMP), por meio da Comis-
são da Infância e Juventude (CIJ), 
disponibilizou eletronicamente, em 
agosto deste ano, o Guia Prático para 
Implementação da Política de Atendimen-
to de Crianças e Adolescentes Vítimas ou 
Testemunhas de Violência. O material foi 
produzido pelo Grupo de Trabalho de 
Acompanhamento do Sistema de Garan-
tia de Direitos da Criança e Adolescente 
Vítima ou Testemunha de Violência, 
instituído pela Portaria CNMP-PRESI 
nº 61, de 24 de maio de 2018 e pode 
auxiliar muito na construção dos 
fluxos e protocolos aos quais a Lei 
nº 13.431/2017 se refere.
Acesse o link a seguir e e conhe-
ça o fluxo sugerido pelo Conselho 
Nacional do Ministério Público e 
conheça os demais fluxos: http://
www.mpsp.mp.br/portal/pa ge/
portal/infanciahome_c/LIVRO_ 
ESCUTA_PROTEGIDA-1_1.pdf
De modo simplificado, esse con-
junto de encaminhamentos e providên-
cias pode ser assim sintetizado:
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 185
3.1 CONSELHO TUTELAR: 
É a principal porta de entrada para o flu-
xo de proteção. Qualquer pessoa, seja 
ela familiar, conhecido, vizinho, profis-
sional de algum órgão público ou organi-
zação não governamental, deve procurar 
o Conselho Tutelar quando tiver conhe-
cimento de que uma criança ou adoles-
cente está passando por uma situação 
de violência. Os cidadãos comuns têm a 
opção de ligar para o Disque 100 ou regis-
trar o fato no aplicativo Proteja Brasil. Já 
os profissionais da educação, da saúde e 
da assistência social tem a obrigação de 
notificar o fato para o Conselho Tutelar 
da respectiva localidade.
O Conselho Tutelar, portanto, é uma 
das principais portas de entrada das crian-
ças e adolescentes para o fluxo de prote-
ção em casos de violência. Segundo o art. 
131 do ECA, ele é órgão permanente e au-
tônomo, não jurisdicional, encarregado 
pela sociedade, por meio de eleições, de 
zelar pelo cumprimento dos direitos da 
criança e do adolescente.
Cabe aos/às conselheiros/as tutela-
res atender as crianças e adolescen-
tes com direitos ameaçados ou viola-
dos por ação ou omissão do Estado, 
por falta, omissão ou abuso dos pais 
ou responsável, ou quando a ameaça 
ou violação do direito decorre da própria 
conduta da criança ou adolescente. Tam-
bém cabe ao Conselho Tutelar atender e 
orientar os pais ou responsável e requi-
sitar serviços públicos nas áreas de saú-
de, educação, serviço social, previdên-
cia, trabalho e segurança.
Quando se fala em atender, não custa 
destacar que o atendimento não se encer-
ra com o encaminhamento para outros ór-
gãos. É importante que o Conselho Tutelar 
tenha estrutura para realizar o seguimen-
to dos casos acompanhados até que os 
direitos sejam restituídos. Cabe ainda ao 
Conselho Tutelar a aplicação de medidas 
de proteção. 
E QUAIS SÃO AS MEDIDAS 
 DE PROTEÇÃO?
São medidas previstas no art. 101 do 
ECA que podem ser determinadas pelo 
Conselho Tutelar. O ECA prevê algumas 
possibilidades, mas outras podem ser 
pensadas: (1) encaminhamento aos pais, 
mediante termo de responsabilidade; (2)
orientação, apoio e acompanhamento tem-
porários; (3) matrícula e frequência obriga-
tórios em estabelecimento oficial de ensi-
no fundamental; (4) inclusão em serviços 
e programas oficiais ou comunitários de 
proteção, apoio e promoção da família, 
da criança e do adolescente; (5) requisição 
de tratamento médico, psicológico ou 
psiquiátrico, em regime hospitalar ou 
ambulatorial; (6) inclusão em programa 
oficial ou comunitário de auxílio, 
orientação e tratamento a alcoólatras e 
toxicômanos; (7) representar à autoridade 
judiciária solicitando o acolhimento 
institucional ou familiar.
3.2 SAÚDE
O Ministério da Saúde, gestor federal do 
Sistema Único de Saúde, lançou o docu-
mento “Linha de Cuidado para Atenção 
Integral à saúde de Crianças, Adolescentes 
e suas Famílias em Situações de Violên-
cias” em 2010, para orientar os gestores 
e profissionais de saúde para uma ação 
contínua e permanente em atenção inte-
gral à saúde de crianças, adolescentes e 
suas famílias em situação de violências. A 
estratégia compreende as dimensões re-
sumidas no diagrama da pág. 186.
São diversos os riscos a que crianças e 
adolescentes vítimas de violência sexual 
estão expostos. Segundo a Norma Técnica 
de Prevenção e Tratamento dos Agravos 
Resultantes da Violência Sexual contra Mu-
lheres e Adolescentes (Ministério da Saúde, 
2012), destaca-secomo risco: as DSTs, HIV/
Aids, Hepatite B e Gravidez. Além disso, o 
documento trata dos cuidados necessá-
rios em cada caso, sendo uma importante 
fonte de consulta para os profissionais de 
saúde e demais pessoas interessadas.
Uma questão deveras relevante a ser 
considerada nos serviços de saúde é a 
gravidez em decorrência da violência 
sexual. A lei brasileira estabelece a possi-
bilidade de interrupção legal da gravidez 
nas seguintes hipóteses (art. 128 do Códi-
go Penal): (1) se não há outro meio de sal-
var a gestante; (2) se a gravidez resulta de 
estupro e o aborto é precedido de consen-
timento da gestante ou, quando incapaz 
(menores de 16 anos), de seu representante 
legal. Além disso, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, Lei nº 8.069/1990, determina 
186 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
1 Caps: Centro de Atenção Psicossocial; 
2 Capsi: Centro de Atenção Psicossocial Infante; 
3 Cras: Centro de Referência de Assistência Social; 
4 Creas: Centro de Referência Especializado 
de Assistência Social; 
5 CTA: Centro de Testagem e Aconselhamento; 
6 SAE: Servico de Atenção )Especializada.
• Receber criancas, 
adolescentes 
e famílias de 
forma empática 
e respeitosa, por 
qualquer membro 
da equipe. 
• Acompanhar o caso 
e proceder aos 
encaminhamentos 
necessários, desde 
a sua entrada no 
setor de saúde até 
o seguimento para 
a rede de cuidados 
e de proteção 
social. 
• Adotar atitudes 
positivas e de 
proteção à crianca 
ou ao adolescente. 
• Atuar de forma 
conjunta com toda 
a equipe. 
Realizar consulta clínica: anamnese, exame físico 
e planejamento da conduta para cada caso. 
Violência física, 
sexual ou 
negligência/ 
abandono
• Tratamento e 
profilaxia. 
• Avaliação 
psicológica.
• Acompanhamento 
terapêutico, 
de acordo com 
cada caso. 
• Acompanhamento 
pela atenção 
primária/ Equipes 
Saúde da Familia.
• Caps 1 ou Capsi;2 
ou pela rede de 
proteção Cras;3 
Creas4/escolas, 
CTA5 ou outros 
complementares. 
Violência 
psicológica 
• Avaliação 
psicológica. 
• Acompanhamento 
terapêutico, 
de acordo com 
cada caso
• Acompanhamento 
pela atenção 
primária/ Equipes 
Saúde da Família. 
• Caps1 ou na rede 
de proteção Cras;3 
Creas4/ Escolas etc.
• Preencher a ficha 
de notificação. 
• Encaminhar a 
ficha ao Sistema 
de Vigilância 
de Violências e 
Acidentes (Viva), da 
Secretaria Municipal 
de Saúde (SMS). 
• Cornunicar o caso 
ao Conselho Tutelar, 
da forma mais ágil 
possível (telefone 
ou pessoalmente 
ou com uma 
via da ficha de 
notificação).
 • Anexar cópia da 
ficha ao prontuário/
boletim do 
paciente. 
• Acionar o 
Ministério Público 
quando necessário, 
especialmente no 
caso de interrupção 
de gravidez em 
decorrência de 
violência sexual.
• Acompanhar 
a criança ou 
adolescente e sua 
família até a alta, 
com planejamento 
individualizado para 
cada caso.
• Acionar a rede 
de cuidado e de 
proteção social, 
existente no 
território, de acordo 
corn a necessidade 
de cuidados e de 
proteção tanto na 
própria rede de 
saúde (atenção 
primária./ Equipes 
de Saúde da Família, 
Hospitais, Unidades 
de Urgência, Caps 
ou Capsi, CTA, SAE), 
quanto na rede de 
protecão social e 
defesa (Cras, Creas, 
Escolas, Ministério 
Público, Conselho 
Tutelar e as Varas 
da Infância e da 
Juventude, 
entre outros). 
ACOLHIMENTO ATENDIMENTO NOTIFICAÇÃO SEGUIMENTO 
NA REDE DE 
CUIDADO E DE 
PROTEÇÃO SOCIAL
FONTE: M
inistério da Saúde, 2010
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 187
o atendimento integral em saúde como 
um direito fundamental, não obstante nos 
casos de violência. Para o atendimento às 
solicitantes de interrupção legal da gravi-
dez devem ser seguidas as orientações da 
Portaria nº 1.508, de 2005, sobre o Proce-
dimento de Justificação e Autorização da 
Interrupção da Gravidez.
Em nenhum caso, o equipamento de 
saúde deve exigir que a adolescente ou a 
família registre boletim de ocorrência para 
receber o atendimento em saúde. Os pro-
fissionais de saúde devem orientar sobre a 
importância da responsabilização do autor 
da violência, mas isso não deve ser tomado 
como requisito ou de alguma maneira ser 
exigido para o atendimento em saúde.
3.2.1 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS 
DA REDE DE SAÚDE
ATENÇÃO PRIMÁRIA
Nos casos de violência sexual, algumas 
medidas podem ser implementadas na 
Atenção Primária, visando prover os cui-
dados necessários para a proteção das 
DST virais e bacterianas, profilaxia HIV e 
hepatite B e prevenção da gravidez, tais 
como: capacitar profissionais de saúde 
para atuar como referência dos cuidados 
profiláticos e tratamentos de situações de 
violência sexual no município; estabele-
cer fluxos de forma regionalizada para os 
atendimentos relacionados à interrupção 
de gravidez decorrentes de violência sexu-
al e situações de abortamento. Podemos 
tomar como exemplo dessa articulação 
de rede intrassetorial do setor saúde, na 
atenção primária, as Unidades Básicas/
Equipes da Saúde da Família, como coor-
denadora do cuidado no território.
REDE PSICOSSOCIAL
A rede de atenção psicossocial é constitu-
ída por diversos dispositivos assistenciais 
que possibilitam a atenção psicossocial.
Nos casos mais graves de saúde mental 
de crianças e adolescentes os atendimen-
tos acontecem nos Centros de Atenção 
Psicossocial Infanto-Juvenil (Capsi). É 
um serviço de atenção diária destinado ao 
atendimento de crianças e adolescentes 
com transtornos mentais graves. Os Cap-
si acompanham indiretamente casos de 
violência; e devem ser articulados com os 
serviços da atenção primária e os serviços 
de referência para violências. 
3.3 PRINCIPAIS 
EQUIPAMENTOS DA REDE 
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
De acordo com a Lei Orgânica da Assistên-
cia Social, Brasil (1993), a Assistência So-
cial, direito do cidadão e dever do Estado, 
é política de Seguridade Social não contri-
butiva, que provê os mínimos sociais, re-
alizada através de um conjunto integrado 
de iniciativa pública e da sociedade, para 
garantir o atendimento às necessidades 
básicas das populações. 
A Assistência Social possui a Proteção 
Social Básica e a Proteção Social Espe-
cial. A Proteção Social Básica tem como 
objetivos prevenir situações de risco por 
meio do desenvolvimento de potenciali-
dades e aquisições e o fortalecimento de 
vínculos familiares e comunitários (PNAS, 
2004). Já a Proteção Social Especial, divi-
de-se em média e alta complexidade.
Além disso, desenvolve serviços que 
requerem acompanhamento individual e 
maior flexibilidade nas soluções proteti-
vas. Dessa forma, comportam encaminha-
mentos monitorados, apoios e processos 
que assegurem qualidade na atenção pro-
tetiva e efetividade na reinserção almeja-
da. Esses serviços possuem relação dire-
ta com o sistema de garantia de direitos, 
exigindo, por diversas vezes, uma gestão 
mais complexa e compartilhada com o Po-
der Judiciário, Ministério Público e outros 
órgãos e ações do Poder Executivo.
3.3.1 CENTRO DE REFERÊNCIA 
ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA 
SOCIAL (CREAS)
Os Creas são equipamentos públicos esta-
tais responsáveis pela Proteção Social Es-
pecial de Média Complexidade, visando à 
orientação e ao convívio sociofamiliar e co-
munitário. Diferente da Proteção Social Bá-
sica que se dedica à prevenção, os Creas ofe-
recem atendimento dirigido às situações de 
violação de direitos, por meio do Serviço de 
Proteção e Atendimento Especializado a Fa-
mílias e Indivíduos (Paefi). Esse serviço ofe-
rece apoio, orientação a acompanhamento 
a indivíduos e famílias que estejam em situ-
ação de ameaça ou violação de direitos. O 
serviço articula-se com as atividades e aten-
ções prestadas às famílias nos demais servi-
ços socioassistenciais, nas diversas políticas 
públicas e com os demais órgãos do Sistema 
de Garantia de Direitos. Deve garantir aten-
dimento imediato de forma qualificada, na 
perspectiva de restauração de direitos. Cabe 
salientar que no Creas são executados o Pro-
grama de Erradicação do Trabalho Infantil 
(Peti)e o Programa de Combate à Explora-
ção Sexual de Crianças e Adolescentes.
188 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Nos casos de violência sexual de crian-
ças e adolescentes, o Creas é reconheci-
damente a unidade responsável por 
garantir seguranças sociais, tais como: ter 
reparados ou minimizados os danos por 
vivências de violações e riscos sociais, ter 
sua identidade, integridade e história 
de vida preservados, ser orientado e 
ter garantida efetividade nos 
encaminha-mentos (Tipificação 
Nacional, 2009).
3.3.2 UNIDADES DE 
ACOLHIMENTO
As Unidades de Acolhimento 
fazem parte da Proteção So-
cial Especial de Alta complexi-
dade. Os serviços de proteção 
social especial de alta com-
plexidade são aqueles que 
garantem proteção integral – 
moradia, alimentação, higie-
nização e trabalho protegido 
para famílias e indivíduos que 
se encontram sem referência 
e, ou, em situação de ameaça, 
necessitando ser retirados de seu 
núcleo familiar e/ou comunitário. 
Nos casos de crianças e adolescen-
tes que necessitem desse serviço, 
deve-se considerar que é realizado de 
forma provisória e excepcional, somen-
te nos casos eminentes de risco pessoal e 
social, cujas famílias ou responsáveis en-
contrem-se temporariamente impossibi-
litados de cumprir sua função de cuidado 
e proteção. Nos casos de violência sexual, 
quando o agressor é um membro da famí-
lia e a família extensa não a acolhe. Ainda 
assim, o acolhimento institucional é uma 
medida excepcional, visto que possuem 
outras medidas de proteção.
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 189enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 189
 4.
Defesa e responsabilização 
FICA A Dica
EM FORTALEZA, O PROGRAMA 
 REDE AQUARELA
A Rede Aquarela é uma iniciativa 
da cidade de Fortaleza no 
enfrentamento à violência sexual 
contra crianças e adolescentes. 
Tem por objetivo promover e 
articular atividade de prevenção 
à violência sexual de crianças e 
adolescentes, realizar mobilizações 
e atendimentos especializados, com 
acompanhamentos sistemáticos, 
para crianças e adolescentes 
vítimas de violência sexual e seus 
respectivos familiares.
O Programa Rede aquarela foi criado 
em 2005, pela Fundação da Criança 
e da Família Cidadã – Funci. O eixo 
Disseminação é responsável por 
realizar ações de prevenção por meio 
de campanhas, oficinas e palestras 
e articulação de redes locais. O eixo 
atendimento DECECA se materializa 
na acolhida e na condução da tomada 
de depoimento da criança vítima ou 
testemunha de violência na Delegacia 
de Combate à Exploração de Crianças 
e Adolescentes em Fortaleza. O eixo 
Atendimento, na 12ª Vara da Infância 
e Juventude, realiza atendimentos às 
crianças e adolescentes e suas famílias 
durante os procedimentos criminais 
e o eixo atendimento psicossocial é 
responsável por realizar atendimento 
e acompanhamento psicossocial 
especializado às vítimas e seus familiares 
(Fórum DCA Ceará; RENAS, 2017).
Os principais órgãos que atuam na de-
fesa e responsabilização pela violência 
sexual pertencem à Segurança Pública 
(Polícia Civil, Instituto Médico-Legal e 
Polícia Militar) e ao Sistema de Justiça 
(Poder Judiciário, Ministério Público e 
Defensoria Pública). 
O Conselho Tutelar integra o eixo De-
fesa do Sistema de Garantia de Direitos, 
mas, por ser a principal porta de entrada 
da denúncia e o elo entre a defesa e pro-
moção, teve seu papel já destacado.
4.1 INVESTIGAÇÃO POLICIAL
Em caso de flagrante delito, o autor da 
violência deve ser preso em flagrante. 
Caso não haja flagrante, o inquérito poli-
cial pode ser iniciado por iniciativa do/a 
delegado/a, após requerimento da auto-
ridade judiciária, do Ministério Público, 
ou requerimento da própria pessoa ofen-
dida ou seu representante legal. Também 
o Conselho Tutelar deve comunicar à au-
toridade policial a ocorrência de violência 
sexual. Além disso, qualquer pessoa pode 
comunicar à autoridade policial a existên-
cia de um crime, o que é conhecido como 
registrar Boletim de Ocorrência (B.O.).
Se o investigado pela autoria da vio-
lência estiver preso em flagrante ou em 
prisão preventiva, o inquérito policial 
deve durar 10 dias ou, se o investigado 
estiver solto, o inquérito deve terminar no 
máximo em 30 dias. No entanto, é muito 
comum que a Delegacia não consiga con-
cluir as investigações no prazo determina-
do pelo Código de Processo Penal. Nesses 
casos, a delegacia pode pedir mais prazo 
para o/a juiz/a competente. 
Quando concluir as investigações, o/a 
delegado/a deve escrever um relatório 
minucioso e enviá-lo ao/à juiz/a compe-
tente, que deve disponibilizar o inquéri-
to para o Ministério Público para que o/a 
promotor/a de justiça realize a denún-
cia para ter início, de fato, a ação penal 
contra o autor da violência.
Uma novidade que a Lei nº 13.431/2017 
trouxe, em seu art. 21, foi a possibilidade de 
o/a delegado/a requisitar as seguintes medi-
das de proteção para o/a juiz/a competente:
I. evitar o contato direto da criança 
ou do adolescente vítima ou teste-
munha de violência com o suposto 
autor da violência;
II. solicitar o afastamento cautelar do 
investigado da residência ou local 
de convivência, em se tratando de 
pessoa que tenha contato com a 
criança ou o adolescente;
III. requerer a prisão preventiva do in-
vestigado, quando houver suficien-
tes indícios de ameaça à criança ou 
adolescente vítima ou testemunha 
de violência;
IV. solicitar aos órgãos socioassistenciais 
a inclusão da vítima e de sua família 
nos atendimentos a que têm direito;
190 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
V. requerer a inclusão da criança ou 
do adolescente em programa de 
proteção a vítimas ou testemunhas 
ameaçadas; e
VI. representar ao Ministério Público 
para que proponha ação cautelar 
de antecipação de prova, resguar-
dados os pressupostos legais e as 
garantias previstas no art. 5º desta 
Lei, sempre que a demora possa 
causar prejuízo ao desenvolvimen-
to da criança ou do adolescente.
4.2 PROCESSO CRIMINAL
Nesta fase, o/a juiz/a conduz o processo 
ouvindo o Ministério Público e a defesa 
do acusado para declarar sua culpa ou a 
inocência e o tempo e modo de cumpri-
mento da pena. O/A juiz/a pode condenar 
o autor da violência a pagar uma multa 
no sentido de contribuir para a reparação 
dos danos causados pela violência. A víti-
ma pode ainda entrar com uma ação cí-
vel buscando que a justiça estabeleça um 
valor a ser indenizado ou outro modo de 
reparação dos danos sofridos.
Uma crítica muito importante que se 
faz ao atual sistema penal é de que o cri-
me é considerado uma ofensa ao Estado e 
não a uma pessoa concreta, seus familia-
res e amigos. Como consequência disso, 
a vítima e suas necessidades são pouco 
consideradas no processo. Para buscar di-
minuir os traumas e dificuldades adicio-
nais que possam surgir da participação no 
processo criminal, o Conselho Econômico 
e Social da ONU aprovou a Resolução nº 
20/2005 – “Diretrizes para. Justiça envol-
vendo crianças vítimas ou testemunhas 
de crimes” (2005) – determinando, entre 
outras medidas, o direito de ter sua parti-
cipação durante todo o processo apoiada 
por profissionais e o número de entrevis-
tas ser limitada, ser impedido o contato 
direto com o autor da violência, o proces-
so ser o mais célere possível etc.
4.3 PROCESSOS NA VARA 
DE FAMÍLIA EM CASO 
DE VIOLÊNCIA SEXUAL 
INTRAFAMILIAR
Em casos de violência sexual intrafamiliar, 
pode ser necessário dar entrada em ação 
de guarda e alimentos para que o respon-
sável autor de violência perca a guarda da 
criança ou adolescente e seja obrigado a 
pagar pensão alimentícia para a criança 
ou adolescente. Caso condenado no pro-
cesso criminal, o responsável autor de vio-
lência pode perder o poder familiar.
DESAFIOS
Apesar de haver uma proposta bem defi-
nida de fluxograma para o atendimento 
de crianças e adolescentes em situação de 
violência sexual, são enormes os obstácu-
los que as crianças e suasfamílias enfren-
tam na busca por reparação de direitos. 
Seja a falta de comunicação e articulação 
entre os órgãos, a falta de informações so-
bre seus direitos, a distância entre os equi-
pamentos, a insuficiência de profissionais 
e de equipamentos, a falta de celeridade 
no processo criminal, o despreparo de 
profissionais para acolher os sujeitos, a 
discriminação sofrida por crianças e ado-
lescentes LGBTs e negros/as etc. 
Uma grande e grave ausência é a falta 
de atendimento psicológico para os sujei-
tos que sofreram violência sexual. A rede 
de saúde mental está preparada apenas 
para atender sujeitos que tenham desen-
volvido transtornos graves, ainda que de 
maneira precária, já que os CAPS existen-
tes são poucos para a demanda. Naqueles 
casos em que o sujeito precisa elaborar 
o sofrimento da violência sexual, não há 
política pública destinada à realização de 
psicoterapia ou outras modalidades de 
atendimento psicológico. Algumas cida-
des tem um programa específico, mas a 
grande maioria de adolescentes têm sido 
remetida para clínicas-escolas de universi-
dades, quando existentes.
A Lei nº 13.431, de 04 de abril de 2017, 
iniciou o debate acerca da necessidade do 
estabelecimento de protocolos e fluxos para 
o atendimento de crianças e adolescentes 
vítimas ou testemunhas de violência. 
Lei 13.431/Art. 11. “O depoimen-
to especial reger-se-á por pro-
tocolos e, sempre que possível, 
será realizado uma única vez, 
em sede de produção antecipa-
da de prova judicial, garantida a 
ampla defesa do investigado.”
Entende-se que a nova Lei pode con-
tribuir muito tanto para a esfera “proteti-
va” quanto a “repressiva”, especialmente 
porque proporcionará, aos envolvidos, a 
necessidade de atuação conjunta a fim de 
padronizar procedimentos, especializar 
equipamentos, qualificar profissionais e 
otimizar sua atuação, evitando a ocorrên-
cia da chamada “revitimização” e/ou da 
“violência institucional”. 
O Brasil conta com uma política de Es-
tado desenhada no Plano Nacional de 
Enfrentamento da Violência Sexual con-
tra Crianças e Adolescentes, um guia que 
deve orientar a ação da sociedade civil e do 
poder público para que consigamos cons-
truir, idoso/as, adultos/as, adolescentes e 
crianças, uma sociedade onde os meninos 
e meninas possam crescer livres de violên-
cia e discriminação. Precisamos de todas e 
todos comprometidos com essa missão!
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes 191
Referências
ABMP. (2010). Proteção integral de 
crianças e adolescentes. Em ABMP, 
Cadernos de fluxos operacionais 
sistêmicos. Brasília: ABMP.
Araújo, D. V. (2018). Atendimento ou 
Encaminhamento?: Experiências de 
formação e articulação a partir de um 
monitoramento realizado em Fortaleza. 
Brasília: 2º Congresso Brasileiro de 
Enfrentamento à Violência Sexual contra 
Crianças e Adolescentes.
Brasil. (1990). Lei nº 8.069/1990 - Estatuto 
da Criança e do Adolescente. Brasília.
Brasil. Conselho Nacional do 
Ministério Público. Guia prático 
para implementação da política 
de atendimento de crianças e 
adolescentes vítimas ou testemunhas 
de violência / Conselho Nacional do 
Ministério Público. – Brasília: CNMP, 2019.
106 p. il.
Comissão Intersetorial de Enfrentamento 
à Violência Sexual contra Crianças e 
Adolescentes. (2017). Parâmetros de 
Escuta de Crianças e Adolescentes em 
Situação de Violência. Brasília: Ministério 
dos Direitos Humanos.
Conselho Econômico e Social da ONU. 
(2005). Diretrizes para a Justiça 
envolvendo crianças vítimas ou 
testemunhas de crimes. New York: ONU.
Fórum DCA Ceará; RENAS. (2017). 
Violência Sexual: Monitoramento da 
Política de Atendimento à Criança e ao 
Adolescente na Cidade de Fortaleza. 
Fortaleza: Fórum DCA Ceará; RENAS.
Ministério da Saúde. (2010). Linha de 
cuidado para a atenção integral à saúde 
de crianças, adolescentes e suas famílias 
em situação de violências: orientação 
para gestores e profissionais de saúde. 
Brasília: Ministério da Saúde.
Ministério da Saúde. (2012). Prevenção 
e tratamento dos agravos resultantes 
da violência sexual contra mulheres e 
adolescentes: norma técnica. Brasília: 
Ministério da Saúde.
Terre des hommes. (2014). Um lugar 
seguro para crianças e adolescentes: 
Guia prático sobre como proteger crianças 
e adolescentes de situação de violência no 
espaço institucional. Fortaleza: Terre des 
hommes Lausanne no Brasil.
COMENTÁRIOS À LEI Nº 13.431/2017. 
Murillo José Digiácomo; Eduardo 
Digiácomo. Ministério Público do Estado 
do Paraná. Disponível em http://www.
crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/
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pdf. acesso em 14/10/2019.
(MDS), Ministério do Desenvolvimento 
Social e Combate à Fome. Política 
Nacional de Assistência Social - 
PNAS: Norma Operativa Básica - NOB/
SUAS. 2004. Disponível em: <https://www.
mds.gov.br/webarquivos/publicacao/
assistencia_social/Normativas/PNAS2004.
pdf>. Acesso em: 12 outubro 2019.
(CNAS), Conselho Nacional de 
Assistência Social. Tipificação Nacional 
de Serviços Socioassistenciais. Brasília: 
Ministério do Desenvolvimento Social e 
Combate à Fome, 2013.
LEIS MENCIONADAS
Lei 9.890, de 13 de julho de 1990, 
dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente e dá outras providências
Lei 13.431, de 4 de abril de 2017, 
estabelece o sistema de garantia de 
direitos da criança e do adolescente vítima 
ou testemunha de violência e altera a Lei 
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto 
da Criança e do Adolescente).
Anexo 01- Fluxo para Implementação 
da Lei no 13.431/2017. Ministério 
Público do Paraná. Acesso em 25 de 
novembro de 2019. 
http://www.criminal.mppr.
mp.br/arquivos/File/Fluxograma_
implementacao_lei_13431_2017.pdf
enfrentamento à violência sexu
Realização
NOSSA VOZ. NOSSA FORTALEZA.
Apoio
DILLYANE RIBEIRO (autora)
É advogada, assessora jurídica do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca/CE). 
Possui mestrado em Estudos de Gênero junto à Escuela de Estudios de Género da Universidad 
Nacional de Colombia.´
NEYLA PRISCILLA CASTRO (autora)
É graduada em Assistência Social pela Unifametro e pós-graduanda em Direitos Sociais, Políti-
cas Públicas e Serviço Social. Atua no Cedeca/CE e no Centro de Referência Especializado para 
População em Situação de Rua (Centro POP).
RAFAEL LIMAVERDE (ilustrador)
É ilustrador, chargista e cartunista (premiado internacionalmente) e xilogravurista. Formado 
em Artes Visuais pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Ceará (IFCE). 
Escreve e possui livros ilustrados nas principais editoras do Ceará e em editoras paulistas.
EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA João Dummar Neto Presidente André Avelino de Azevedo 
Diretor Administrativo-Financeiro Raymundo Netto Gerente Editorial e de Projetos Emanuela Fernandes e 
Aurelino Freitas Analistas de Projetos UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Viviane Pereira Gerente 
Pedagógica Marisa Ferreira Coordenadora de Cursos Joel Bruno Designer Instrucional CURSO ENFRENTAMENTO 
À VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Valéria Xavier Concepção e Coordenadora Geral Leila Paiva 
Coordenadora de Conteúdo Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico Miqueias Mesquita 
Designer/Diagramador Rafael Limaverde Ilustrador Mayara Magalhães Revisora Beth Lopes Produtora
ISBN: 978-85-7529-936-4 (Coleção) 
ISBN: 978-85-7529-948-7 (Fascículo 12)
Este fascículo é parte integrante do Programa de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação 
Demócrito Rocha e a Câmara Municipal de Fortaleza, sob o nº 001/2019.
Todos os direitos desta edição reservados à:
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