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ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 1 Comparação de esforços em lajes de reservatórios elevados através dos cálculos clássico e numérico Comparison Of Strains On Elevated Reservoir Slabs Through Numerical And Classic Calculations Jéssica Sampaio Silva(1); Rodrigo Nascimento Barros (1); Ronaldson José De França Mendes Carneiro(2); Sandoval José Rodrigues Junior(2) 1) Engenheiro Civil, Universidade Federal do Pará 2) Professor Doutor,Universidade Federal do Pará, Instituto de Tecnologia, Faculdade de Engenharia Civil Rua augusto Correa, 01, CEP 66075-110, Belém-PA Resumo O presente trabalho foi realizado com o objetivo de comparar os resultados dos esforços em reservatórios elevados obtidos por meio do uso de tabelas elaboradas a partir das soluções simplificadas de equações diferenciais, como as propostas por Pinheiro, em 2007, e com o uso de programas de análise estrutural baseado no método dos elementos finitos, o SAP 2000 V14. Como os reservatórios são associações de placas e seu processo de cálculo é complexo, o uso de tabelas torna-se importante para simplificar esta tarefa, porém não representa muito bem o que ocorre na realidade, resultando em discrepância de valores. Ademais, há ainda a influência do cálculo em separado das placas e a posterior compatibilização dos resultados O uso do método numérico leva a um tratamento mais sofisticado e complexo na obtenção do comportamento e esforços da estrutura, que está mais próximo da realidade. Vários reservatórios foram calculados com os dois processos de cálculo, o numérico e o clássico. Na análise dos resultados, observa- se que, em geral, os maiores momentos foram obtidos no modelo numérico, apresentando diferenças máximas entre os valores dos momentos mais significativos dos dois modelos, nas ligações parede-fundo e parede-parede, entre 4% a 9%. Palavra-Chave: reservatórios; lajes; modelo numérico; momento fletor Abstract This study aims to compare the strain results of elevated reservoirs obtained using tables prepared from the simplified solutions of differential equations, as proposed by Pinheiro in 2007, and with the use of structural analysis program based on the finite element method, the SAP 2000 V14. As the reservoirs are shells associations and its calculation process is complex, the use of tables becomes important to simplify this task, but cannot represent very well what happens in reality, resulting in discrepancy values. Furthermore, there is the influence of the separated calculation of the shells and subsequent compatibility of results. The use of numerical method with consideration of the integrated structure, leads to a more sophisticated and complex treatment in getting the behavior and structure strains, closer to reality. We calculated several reservoirs using the two methods of calculus, the numerical and the classic. In analyzing the results, we observe that, in general, the greatest moments belongs to the numerical model, with maximum differences between the values of the most significant moments of the two models, the wall-ground connections and wall-wall, between 4% and 9%. Keywords: reservoirs; slabs ; numerical model ; bending moment ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 2 1 Introdução O presente trabalho faz uma comparação entre os resultados de esforços, em reservatórios elevados, obtidos por meio das tabelas propostas por Pinheiro (2007), adaptadas de Bares (1981), e os apresentados pelo modelo em elementos finitos a partir do programa de analise estrutural SAP 2000 V14. O comparativo é proposto, pois, além do cálculo isolado das lajes que compõem o reservatório, para, em seguida, compatibiliza-las, as tabelas foram obtidas simplificadamente a partir da solução de equações diferenciais, logo é importante verificar se o processo clássico apresenta resultados compatíveis com relação aos obtidos em modelos computacionais sofisticados, pois analisa a estrutura integrada, ou seja, como um todo, conduzindo a resultados mais precisos e próximos do modelo real. 2 Aspectos teóricos No modelo clássico, além dos coeficientes obtidos a partir da solução das equações diferenciais, expressos em tabelas, a ligação entre as lajes (tampa-parede, parede-parede e parede-fundo) é admitida simplesmente apoiada ou engastada, não levando em conta o provável engastamento parcial entre as mesmas. No modelo numérico as lajes são inseridas no programa e consideradas de forma contínua. 2.1 Modelo clássico Segundo Modesto dos Santos (1984) apud vasconcelos (1998) o dimensionamento de reservatórios paralepipédicos, sobre apoios discretos, considera a tampa e o fundo como lajes submetidas a ações uniformemente distribuídas, enquanto as paredes são admitidas como placas (lajes) – sob ação do empuxo da água – e como chapas (vigas-parede) – sob ação do peso próprio e das reações das lajes de tampa e fundo. Nesta fase, dimensionam-se as paredes, admitidas como placas e chapas, separadamente, sobrepondo as armaduras encontradas. É importante conhecer o comportamento estrutural das ligações entre elementos do reservatório e, para isso, leva-se em conta a direção de rotação de cada elemento devido às ações aplicadas à estrutura, como é verificado na Figura 1. Figura 1 - Rotação de cada elemento do reservatório elevado cheio devido às cargas aplicadas .Vasconcelos (1998) ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 3 Segundo Rocha (1969) apud Vasconcelos (1998), considera-se a vinculação como articulada quando as ações produzem rotações no mesmo sentido, e como engaste quando as rotações forem em sentidos contrários. Logo, na vinculação geral para os reservatórios elevados considera a ligação entre a laje do fundo e as paredes como engaste, assim como a ligação entre paredes. Já a vinculação entre tampa e paredes é articulada, ou simplesmente apoiada. Estas vinculações estão ilustradas na Figura 2. Figura 2 - Vinculação das lajes de tampa (esquerda - em planta), paredes (meio - em corte) e fundo (direita - em planta) (Autor, 2018). O cálculo dos esforços em cada laje é realizado de forma isolada e baseado nos valores e fatores de multiplicação das tabelas propostas por Pinheiro (2007) e pela NBR 6118 (ABNT, 2014), determinado em função da relação entre os vãos, vinculação e carregamento. A partir de cada tabela obtêm-se os momentos fletores nas direções X e Y, bem como os deslocamentos no centro da placa. Como o modelo estrutural considera as lajes isoladas, é necessária a compatibilização dos momentos fletores nas arestas para que haja a continuidade da estrutura. Esta compatibilização deve ser feita primeiramente para os momentos negativos e posteriormente para os positivos, uma vez que, com a uniformização dos momentos negativos, os positivos podem aumentar ou diminuir de acordo com a variação dos momentos negativos. Este processo é feito para que a estrutura passe a ser considerada como uma só, e não mais como lajes isoladas. 2.2 Modelo numérico O Método dos Elementos Finitos (MEF) consiste em diferentes métodos numéricos que aproximam a solução de equações diferenciais ordinárias e equações diferenciais parciais por meio da subdivisão da geometria do problema em elementos menores chamados de elementos finitos, onde uma solução mais aferida e próxima da realidade pode ser obtida por interpolação de uma solução aproximada. Eloy (2010). . O método dos elementos finitos é uma ferramenta poderosa na análise estrutural, bi ou tridimensional. Neste trabalho, o uso do método é empregado na modelagem da estrutura do reservatório e verificação do seu comportamento quando sujeito às cargas atuantes. O cálculo numérico considera a modelagem no programa de análise estrutural por meio do método dos elementos finitos, o SAP 2000 V14. A modelagem foi realizada seguindo as mesmasdimensões de reservatórios estabelecidas para o cálculo clássico. Foram ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 4 usados elementos retangulares de 21cm por 21cm e 21cm por 22cm, de modo a se ajustar às dimensões das lajes do reservatório. Na discretização do reservatório foi utilizado o elemento finito “shell”, conhecido como elemento de casca. As áreas das lajes podem ser tanto com elementos de cascas (shell) ou com elementos de placa (plate), porém, utilizou-se os elementos de cascas, uma vez que os resultados dos modelos produzidos com elementos de placa não foram satisfatórios para a análise. As Figuras 3 e 4 ilustram os reservatórios e suas malhas de elementos finitos em dois modelos diferentes, a serem discutidos posteriormente. A menor largura está no eixo X, a maior largura está no eixo Y e a altura no eixo Z (eixos globais do programa). Para tornar este modelo mais próximo do admitido durante o cálculo clássico (tampa simplesmente apoiada sobre as paredes) foi necessário usar artifícios do programa de análise computacional para articular a tampa sobre as paredes, uma vez que as lajes, quando inseridas na estrutura, são admitidas como um elemento contínuo (lajes engastadas entre si). Foram usados dois métodos para articular a tampa. Os dois modelos utilizaram os mesmos carregamentos, materiais e características geométricas, para os seis tamanhos de reservatórios estudados. Para o modelo A utilizou-se a opção de modificadores de rigidez de área nos elementos ao longo das extremidades da tampa. Nesta opção, os modificadores de momento para m11 (eixo X) e m22 (eixo Y) são alterados do valor de um, condição com engastamento, para zero, condição com apoio simples. A Figura 3 ilustra este modelo. Figura 3 - Modelo A de vinculação da tampa (Autor, 2018). Para o modelo B utilizou-se a opção de restrição de nós. Para tal, a tampa precisou estar afastada do restante da estrutura em 2 cm. Com isso, aplicou-se uma restrição nos nós da extremidade da tampa e das paredes, que impede (vinculando apenas) as translações nos eixos X, Y e Z para os nós tampa-parede comuns. O modelo é ilustrado na Figura 4. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 5 Figura 4 - Modelo B de vinculação da tampa (Autor, 2018). 3 Descrição dos reservatórios e ações Os reservatórios deste estudo são retangulares e estão elevados. A menor dimensão em planta, na direção X, é 2m e a maior, direção Y, varia de 2m até 4m, mantendo as relações entre menor e maior dimensão de 1, 0.9, 0.8, 0.7, 0.6 e 0.5, de modo a possibilitar a comparação entre os resultados dos modelos clássico e numérico. Sua altura é fixa em 2m. No total são seis reservatórios elevados, o menor deles com dimensões de 2 2 2 m , e o maior deles com dimensões 2 4 2 m . Estas são as dimensões do interior do reservatório, ou seja, entre as faces internas dos elementos. As espessuras das lajes de fundo e parede foram pré-dimensionadas anteriormente ao cálculo dos esforços, admitida em 15 cm, enquanto a espessura da tampa foi de 10cm, consideradas para todos os reservatórios estudados. Para o reservatório elevado há apenas um carregamento crítico, que ocorre quando o mesmo está cheio d’água. Os valores de carregamento foram calculados e aplicados para cada elemento dos reservatórios elevados. A tampa conta com o seu peso próprio, calculado em 22,5kN m , e os carregamentos de carga variável e revestimento, ambos considerados de 21,0kN m . No fundo estão aplicadas as cargas do peso da água, 220kN m , e de revestimento, 21,5kN m . Além destas cargas, está também o peso próprio, calculado em 23,75kN m . As paredes são consideradas de duas formas: como laje e como viga. O carregamento das paredes quando consideradas como lajes é apenas o empuxo da água, que atua de forma triangular e tem valor máximo na base, de 220kN m , e zero no topo, enquanto o carregamento das paredes consideradas como vigas conta apenas com o peso próprio de 7,5kN m e o peso de revestimento de impermeabilização, de 3,0kN m , além das reações da tampa e do fundo devido aos carregamentos aplicados nestas lajes. 3.1 Resultados do cálculo clássico ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 6 Os momentos calculados com as tabelas de Pinheiro (1993) são os momentos de apoio (de engastamento) e os momentos na faixa central da placa, ambos nas direções X e Y, logo os diagramas de momentos são construídos com base nos valores obtidos, com o tipo de carregamento e a vinculação de cada laje. Em cada tabela de Pinheiro é especificada a direção dos esforços resultantes. A Figura 5 descreve a forma destes diagramas nas direções X e Y para as lajes de tampa, fundo e paredes do reservatório elevado. Estas formas não dependem das dimensões das lajes. Figura 5 - Diagramas de momento fletores nas direções X e Y em cada laje do reservatório (Autor, 2018). As Tabelas Tabela 1, Tabela 2, Tabela 3 e Tabela 4 com os valores calculados para cada reservatório elevado, levando-se em conta os carregamentos descritos. Os resultados apresentados estão com os momentos compatibilizados, procedimento importante a ser realizado, como descrito anteriormente. A compatibilização dos momentos positivos nas paredes e no fundo foi feita para o ponto de momento máximo destes momentos positivos. Tabela 1 - Momentos fletores máximos na laje de tampa Dimensões Tampa X×Y×Z MTx MTy (m) kN m kN m 2×2×2 0,84 0,84 2×2,23×2 1,00 0,85 2×2,5×2 1,15 0,84 2×2,9×2 1,42 0,80 2×3,4×2 1,74 0,71 2×4×2 1,98 0,63 Tabela 2 - Momentos Fletores máximos das paredes de maior vão Dimensões Parede de vão maior X×Y×Z XP MPx YP MPy (m) kN m kN m kN m kN m 2×2×2 -2,45 1,02 -4,68 0,57 ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 7 2×2,23×2 -2,54 1,08 -5,31 0,71 2×2,5×2 -2,64 1,12 -5,84 0,91 2×2,9×2 -2,72 1,06 -6,61 1,15 2×3,4×2 -2,77 0,84 -7,24 1,43 2×4×2 -2,78 0,90 -7,56 1,72 Tabela 3 - Momentos Fletores máximos das paredes de menor vão Dimensões Parede de vão menor X×Y×Z XP MPx YP MPy (m) kN m kN m kN m kN m 2×2×2 -2,45 1,02 -4,68 0,57 2×2,23×2 -2,54 1,00 -4,93 0,51 2×2,5×2 -2,64 0,98 -5,07 0,48 2×2,9×2 -2,72 0,97 -5,17 0,46 2×3,4×2 -2,77 0,95 -5,19 0,45 2×4×2 -2,78 0,95 -5,19 0,45 Tabela 4 - Momentos Fletores máximos da laje de fundo Dimensões Fundo X×Y×Z XF MFx YF MFy (m) kN m kN m kN m kN m 2×2×2 -4,68 2,88 -4,68 2,88 2×2,23×2 -5,31 3,41 -4,93 2,86 2×2,5×2 -5,84 3,99 -5,07 2,78 2×2,9×2 -6,61 4,59 -5,17 2,25 2×3,4×2 -7,24 5,25 -5,19 2,02 2×4×2 -7,56 5,54 -5,19 1,74 3.2 Resultados do Cálculo Numérico No modelo numérico, as cargas de revestimento e de empuxo da água são aplicadas nas respectivas lajes de acordo com os valores descritos anteriormente. O peso próprio não é inserido como carregamento externo, uma vez que o mesmo é considerado automaticamente a partir da definição do material usado por meio de peso específico (peso por unidade de volume). Para este estudo foi considerado o concreto de 25 MPa. As Tabelas 5, 6, 7 e 8 apresentam os valores de momentos retirados do resultado da análise do modelo B pelo programa. Estes valores representam os momentos nos mesmos pontos das lajes dos momentos calculados pelo cálculo clássico. Os resultados do modelo B são os que mais condizem com os resultados do modelo clássico, uma vez que os momentos na tampa para este modelo estão mais compatíveis com os esforços calculados com o modelo clássico para a mesma laje, ou seja, apresentam uma diferença menor entre os resultados. Os resultados das paredes e do fundo entre os modelos ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 8 numéricos A e B, quando não são iguais, apresentam diferençamáxima de 1,86%, por esta razão, a escolha do modelo numérico B foi determinada pelos resultados da tampa. Tabela 5 - Momentos fletores máximos na tampa do modelo B Dimensões Tampa X×Y×Z MTx MTy (m) kN m kN m 2×2×2 1,01 1,01 2×2,23×2 1,17 1,03 2×2,5×2 1,36 1,06 2×2,9×2 1,60 1,06 2×3,4×2 1,85 1,04 2×4×2 2,07 1,00 Tabela 6 - Momentos Fletores máximos nas paredes de maior vão do modelo B Dimensões Parede de vão maior X×Y×Z XP MPx YP MPy (m) kN m kN m kN m kN m 2×2×2 -2,07 1,04 -4,93 1,09 2×2,23×2 2,19 1,03 -5,54 1,26 2×2,5×2 -2,18 1,01 -6,25 1,44 2×2,9×2 -2,17 0,95 -6,97 1,60 2×3,4×2 -2,13 0,84 -7,54 1,77 2×4×2 -2,12 0,72 -7,90 1,86 Tabela 7 - Momentos Fletores máximos nas paredes de menor vão do modelo B Dimensões Parede de vão menor X×Y×Z XP MPx YP MPy (m) kN m kN m kN m kN m 2×2×2 -2,07 1,04 -4,93 1,09 2×2,23×2 2,20 1,00 -5,15 1,06 2×2,5×2 -2,22 0,98 -5,34 1,04 2×2,9×2 -2,22 0,96 -5,31 1,03 2×3,4×2 -2,21 0,95 -5,63 1,02 2×4×2 -2,20 0,95 -5,73 1,02 Tabela 8 - Momentos Fletores máximos do fundo do modelo B Dimensões Fundo X×Y×Z XF MFx YF MFy (m) kN m kN m kN m kN m 2×2×2 -4,92 3,32 -4,91 3,32 ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 9 2×2,23×2 -5,54 3,83 -5,15 3,34 2×2,5×2 -6,25 4,43 -5,33 3,35 2×2,9×2 -6,96 5,62 -5,50 3,20 2×3,4×2 -7,54 6,00 -5,62 2,95 2×4×2 -7,90 6,00 -5,72 2,81 Estes valores foram retirados diretamente do programa de análise computacional, de acordo os pontos de momentos calculados pelo cálculo clássico, estes pontos se localizam nas faixas centrais de cada lado. A Figura 6 ilustra as distribuições dos momentos no maior reservatório, dimensões de 2 4 2 m , nas direções x e y. Figura 6 - Momentos fletores (kN.m/m) no reservatório 2mx4mx2m. a) Vista em 3D com as distribuições dos momentos em X; b) Vista em 3D com as distribuições dos momentos em Y; c) Distribuição dos momentos em X no fundo; e) Distribuição dos momentos em Y no fundo. Vale ressaltar que para os apoios do segundo gênero, ocorre uma concentração de tensões, o que justifica a utilização dos momentos nas faixas centrais. 3.3 Análise dos resultados A comparação entre os momentos obtidos nos dois modelos é feita pela relação entre os esforços do modelo clássico pelos esforços do modelo numérico. As Tabelas 9, 10, 11 e 12 mostram esta relação. Convém destacar que para as relações com percentagens positivas, os esforços do modelo clássico são maiores do que os esforços do modelo ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 10 numérico, enquanto para as relações com percentagens negativas, os esforços do modelo clássico são menores que os do modelo numérico. Tabela 9 - Relação entre os esforços do modelo clássico e numérico na tampa Dimensões Tampa X×Y×Z MTx MTy (m) % % 2×2×2 -16 -16 2×2,23×2 -15 -17 2×2,5×2 -16 -21 2×2,9×2 -12 -25 2×3,4×2 -6 -31 2×4×2 -5 -37 Tabela 10 - Relação entre os esforços do modelo clássico e numérico nas paredes de maior vão Dimensões Parede de vão maior X×Y×Z XP MPx YP MPy (m) % % % % 2×2×2 13 -1 -5 -48 2×2,23×2 16 5 -4 -44 2×2,5×2 21 11 -7 -37 2×2,9×2 25 11 -5 -28 2×3,4×2 30 0 -4 -19 2×4×2 31 25 -4 -7 Tabela 11 - Relação entre os esforços do modelo clássico e numérico nas paredes de menor vão Dimensões Parede de vão menor X×Y×Z XP MPx YP MPy (m) % % % % 2×2×2 13 -1 -5 -48 2×2,23×2 16 0 -4 -52 2×2,5×2 19 0 -5 -54 2×2,9×2 23 1 -6 -56 2×3,4×2 25 1 -8 -56 2×4×2 26 0 -9 -56 Tabela 12 - Relação entre os esforços do modelo clássico e numérico no fundo. Dimensões Fundo X×Y×Z XF MFx YF MFy (m) % % % % 2×2×2 -5 -13 -5 -13 ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 11 2×2,23×2 -4 -11 -4 -14 2×2,5×2 -7 -10 -5 -17 2×2,9×2 -5 -9 -6 -21 2×3,4×2 -4 -7 -8 -31 2×4×2 -4 -8 -9 -38 A menor relação entre os esforços é 0,44, o que significa que os resultados do modelo clássico, para esta relação, são 56% menores que os esforços do modelo numérico, entretanto convém avaliar os momentos principais, no caso, os momentos negativos na ligação parede-fundo e os momentos positivos do fundo. Na ligação parede-fundo os momentos negativos apresentam diferenças bem pequenas, na ordem de 4% a 9%. Para os momentos positivos do fundo a diferença entre os resultados do modelo clássico e numérico é maior, entre 7% e 13% para a direção X, e entre 13% e 38% para a direção Y. Porém, a diferença média entre os esforços dos modelos clássico e numérico é de apenas 16%, e cabe destacar que as maiores diferenças estão na direção menos solicitada. 4 Considerações finais A diferença entre os resultados dos momentos calculados pelo método clássico e pelo método numérico não é muito significativa para os momentos mais importantes no dimensionamento, porém essas diferenças são significativas para os momentos menos importantes, como os da tampa (5%-37%) e os momentos positivos em Y nas paredes (7%-56%). Por mais que haja divergência significativa nas direções menos solicitadas, não há problema porque mesmo com essa diferença, em geral, a armadura mínima é suficiente para combater estes esforços. Algumas observações e comparações são importantes a serem feitas, são elas: a) Tampa: os coeficientes x e y do cálculo clássico aumentam à medida que os reservatórios vão aumentando, e o coeficiente x aumenta em uma maior proporção que o y . Observa-se que o MTy não segue na proporção do aumento d da relação entre os vãos, isso ocorre pois o coeficiente μy aumenta quando a relação entre os vãos da laje passa de 1,00 para 1,10, e diminuem para a próxima relação de lados (1,20), quando volta a aumentar. Os resultados do modelo numérico para o momento MTy aumentam para os três primeiros reservatórios e diminuem para os três últimos, porém, os valores se mantêm próximos, com poucas diferenças, e variam de 1,00kN m m a 1,06kN m m . A diferença percentual entre os dois modelos é significativa, e varia de 5% a 16%, para o MTx é de 16% a 37% no MTy , sendo a direção menos solicitada. Os momentos do modelo numérico são, em geral, maiores que os obtidos no modelo clássico. b) Paredes: no modelo clássico, o MPy da parede de vão maior não segue a tendência de aumentar à medida que os reservatórios ficam mais retangulares. Isso ocorre, pois, o coeficiente x da tabela de Pinheiro (1993) aumenta até certo ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 12 ponto, quando diminui bruscamente e voltam a aumentar, semelhante ao que ocorre com o y da tampa. Os resultados dos esforços XP no modelo numérico para as paredes, apresentam valores muito próximos, entre 2,12kN m m , e 2,19kN m m , para as paredes de maior vão e entre 2,17kN m m e 2,22kN m m para as paredes de menor vão. Estes valores aumentam até certo reservatório e depois diminuem, à medida que as dimensões no eixo Y aumentam. Os momentos importantes nas paredes, que influenciam o dimensionamento, são os das ligações com o fundo (momentos negativos). Estes momentos negativos no eixo Y apresentam pequenas diferenças. Para o YP da parede maior a diferença varia entre 4% e 7%, enquanto as diferenças para o YP da parede menor vão desde 4% a 9%. Observa-se que os momentos na direção X foram maiores no modelo clássico, enquanto na direção Y os resultados do modelo numérico superaram os obtidos no modelo clássico. c) Fundo: os momentos calculados com as tabelas seguem a tendência de aumentar ou diminuir a medida que a relação entre os vãos aumenta como o esperado. Os momentos positivos e negativos em ambos os eixos são importantes para o dimensionamento do reservatório. As diferençasentre os modelos para os momentos negativos em X e Y variam de 4% a 9%, enquanto as diferenças nos momentos positivos vão de 7% a 38%, uma diferença mais significativa. Em ambas direções os resultados do modelo numérico ficaram acima dos obtidos no modelo clássico. Conforme observado, as maiores diferenças ocorrem nas direções menos solicitadas. Para os momentos mais significativos, determinantes no dimensionamento, as diferenças variaram de 4% a 9%. Em geral, os maiores momentos foram obtidos no modelo numérico. Dessa forma, mesmo com pequenas diferenças, as tabelas usadas no cálculo clássico fornecem valores apropriados para o dimensionamento de lajes, e podem ser usadas para um fácil e rápido dimensionamento de reservatórios de pequenas dimensões, como apresentados no trabalho. Porém, em estruturas mais complexas e dimensões maiores é interessante a análise computacional como ferramenta para obtenção de valores mais refinados que podem ser comparados com os resultados de cálculos clássicos. ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 13 5 Referências ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6118: Projeto de estrutura de concreto- procedimento. 2014. BARES, R. Tablas para el cálculo de placas y vigas pared. [S.l.]: Barcelona: GG, 1981. ELOY, Luiz. Métodos dos Elementos Finitos em Análise de Estruturas. [S.l.]: Elsevier Brasil, 2010. PINHEIRO, LIBÂNIO M. Concreto armado: tabelas e ábacos. São Carlos: EESC-USP, 1993. PINHEIRO, LIBÂNIO M. Fundamentos do Concreto e Projeto de Edifícios. [S.l.]: São Carlos, 2007. VASCONCELOS, ZELMA LAMANERES. Critérios Para Projetos De Reservatórios Paralelepipédicos Elevados De Concreto Armado. 1998. Universidade de São Paulo, 1998.
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