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119 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) A entrevista nos estudos sobre o fracasso escolar: silenciando as voz dos alunos e falando sobre eles Carmen Lúcia Guimarães de Mattos Paula Almeida de Castro Introdução1 Esse texto divide-se em duas partes. A primeira é conceitual onde se apresenta considerações sobre o uso da entrevista na pesquisa qualitativa. A segunda é analítica, faz um exame metodológico-epis- temológico de seiscentos e oitenta e três (683) textos sobre o fracasso escolar com o objetivo de identificar o uso ou não de entrevistas como instrumento de pesquisa e de que forma os alunos e alunas, sujeitos do fracasso foram acessados. A hipótese construída para esta investigação derivou do fato que, muitas vezes em pesquisas da área da Educação, pesquisadores utili- zam a entrevista como recurso e associam este uso à etnografia. Assim, somente a partir desse critério classificam seus trabalhos como etno- gráficos. Esta hipótese foi evidenciada nas pesquisas sobre o fracasso escolar realizadas em escolas e/ou que falam sobre escolas e que pos- sibilitariam o acesso ao aluno através de observações de sala de aula, vídeos, focus group, estudo de caso, dentre outros instrumentos de 1 Este texto é parte dos resultados da pesquisa intitulada: Fracasso Escolar: Gênero e Pobreza (2008-2010), financiada pelo CNPQ, processo, 400531/2008-9, foi apresentado em versão inicial no British Educacional Research Association Annual conference of BERA (2008) e no IV Seminário Internacional de Pesquisa e Estudos Qualitativos (SIPEQ) em 2010. 120 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) pesquisa qualitativa e que estes seriam facilitados ou ampliados pelo uso da entrevista como instrumento. O pressuposto inicial foi o de investigar a presença ou não de alu- nos como informantes primários nestes relatos de pesquisas. Buscou-se investigar como esses estudos situam o aluno no contexto educacional. Se eles incluem ou não os alunos como informantes diretos ou indiretos. Se eles foram ouvidos ou não quando do uso de entrevista? Analisou-se, ainda, os tipos de entrevistas predominantes nos estudo que a utilizaram como instrumentos. Considerações sobre o uso da entrevista na pesquisa qualitativa Por que entrevistar? Como resposta a este questionamento compreende-se que a entrevista ocorre por existir o interesse do entre- vistador nas histórias que o entrevistado pode contar. Esta é a forma mais simples de se definir o uso de entrevistas em pesquisas. Alguém está interessado em conhecer o outro e fazer sentido das experiências deste outro. Neste sentido, entrevistar ocorre como uma possibilidade e/ ou oportunidade para aprofundar e ampliar dados de pesquisa coleta- dos por outros tipos de instrumentos. Esse aprofundamento se dá pela necessidade em entender os participantes através de seu discurso sobre um determinado tema de pesquisa. Na descrição de uma entrevista a ótica e o conteúdo da fala do entrevistado devem ser considerados como principais fontes de dados. Deste modo, o entrevistador talvez possa descrever as percepções, representações, conceitos, valores, den- tre outros, de modo mais coerente e claro a partir do que o entrevistado significa com a sua fala. Ao narrar sobre sua história de vida uma pessoa tende a selecio- nar detalhes para mostrar ao entrevistador como ele faz sentido de algo que julga ser importante para o desenvolvimento da pesquisa deste. O/a entrevistado/a tem consciência de que o/a entrevistador/ra precisa com- preender alguma coisa sobre esta história de vida. O entrevistador tem consciência de que a parte da história que está sendo revelada pode não 121 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) refletir o momento que está sendo vivido por ambos – entrevistador e entrevistado –, mas que é necessário fazer sentido daquele momento. De modo que a história trazida à tona pelo entrevistado precisa ser res- peitada e seu significado preservado em termos da contextualização evocada por ele/ela que pode tanto ser posterior quanto anterior ao fato narrado. A contextualização evocada pelo entrevistado é uma parte do todo da consciência maior que ele/ela pretende comunicar sobre o tema abordado (VYGOSTSKY, 1979). É, pois através dessa contextualização dos fatos apresentados que o tema ganha significado na história a ser contada. Há que se destacar que cada palavra do entrevistado é utilizada para significar o contexto do qual tem consciência através da ação ou evento lembrado durante a entrevista e que é importante para ele naquele momento (SEIDMAN, 1998, p.2). A lembrança de fatos e eventos é propor- cionada através de canais de comunicação consigo mesmo, cadeias de ideias interconectadas. Portanto, pode-se inferir que entrevista-se alguém para se ter acesso ao conteúdo das informações que uma pes- soa tem sobre um determinado tema ligado à memória e lembranças. Para os que se interessam pela entrevista como ferramenta de pes- quisa, um dos argumentos para seu uso está na natureza dos conteúdos de fatos, eventos, ideias e conceitos que as lembranças do entrevis- tado podem evocar. A entrevista é ainda considerada, uma técnica ou instrumento da investigação científica e como tal, possibilita colher dados sobre o dia-a-dia das pessoas e levar estes dados ao nível do conhecimento empírico a ser elaborado de forma científica. De acordo com Labov e Fanshel (1977) a entrevista é um evento de fala que se constitui numa conversa no qual ambos – entrevistador e entrevistado – possuem múl- tiplas tarefas a serem cumpridas. Estas envolvem engajamento, troca, cumplicidade e doação. Através do desdobramento dessas tarefas esse evento significa uma situação única de compartilhamento íntimo, sub- jetivo, revelador, cujo produto é uma informação significativa para o entrevistador. Não raro esta informação revela fatos subliminares ao tema estudado e a nível consciente do entrevistado. Além dos fatos subliminares existe uma inferência do entrevista- dor sobre a realidade compartilhada durante a observação participante 122 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) e que, muitas vezes, não foi vivenciada por ele. Esta inferência é reve- lada, quando o entrevistado ao reviver a experiência mutuamente compartilhada expressa uma dimensão subjetiva do que foi observado. Esta experiência se dá através de uma imersão no tema da entrevista de maneira a explicar fatos que são pouco evidentes aos olhos do entre- vistado. Ela se dá através da compreensão da realidade vivida por ele e que foi pouco experimentada pelo entrevistador por ser um elemento estranho àquela realidade. Para Goffman (2011) estas instâncias reveladoras, durante uma entrevista, são subjetivas e surgem em forma de quadros, frames e enquadres como em uma cena de filme em câmera lenta. Os quadros em frames (fotos) são visualizados pelo entrevistado, passo a passo e é assim passado para o entrevistador de modo a explicar detalhes dos fatos, auxiliando ambos – entrevistador e entrevistado – a tornarem-se reflexivos e ativos na forma de conduzir a entrevista. De acordo com Seidman (1998) o uso da linguagem contém em si mesmo o paradigma do questionamento cooperativo. Entrevistar é uma forma de pesquisar, recortar narrativas e experiências de comuni- cação através da linguagem. Entretanto, questiona-se se contar histórias é fazer ciência. O autor responde que as melhores histórias são aquelas que nascem não somente nas mentes das pessoas, mas em seus cora- ções, em suas almas e quando isso acontece, elas têm novas ideias, novasformas de entender as questões que lhes vem a mente. O desafio do método científico é poder servir a esse objetivo. Portanto, segundo o autor, a questão não é se contando histórias se faz ciência, mas se a ciência pode aprender a contar boas histórias (REASON, 1981 apud SEIDMAN, 1998, p.2). A pós-modernidade trouxe para o homem a crise de sentidos (BERGER & LUCKMANN, 2004) e com ela uma maior dificuldade para lidar com o compartilhamento de significado e até mesmo com o reconhecimento desse significado em sua própria vida. A partir do momento, em que a comunidade de vida (idem) perde o sentido, em muitos aspectos, a identidade do indivíduo fica fragmentada (BAUMAN, 1997) e o mesmo, parece não conseguir se expressar livremente sobre si. Neste sentido, promover uma entrevista é ten- tar gerar significado a partir da troca com o entrevistado, pois este 123 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) busca o seu posicionamento de vida, a coerência de sua vida, de sua identidade e muitas vezes, diante do conflito em que vive não con- segue realizar uma narrativa coerente sobre si. A fragmentação das instituições em que vive, deslocada do ponto principal e do tema da entrevista, faz com que o entrevistado narre a vida de outrem em lugar da sua, uma pessoa distante dele, como se esta fosse a sua própria. A entrevista, segundo Pinheiro (2000, p. 186), pode ser entendida como uma prática discursiva, por meio da qual se produzem sentidos e se constroem versões da “realidade”. Neste sentido Lakatos e Marconi, (1991, p.196) corroboram com Pinheiro e explicam que existem seis tipos de motivações e difi- culdades que justificam o uso da entrevista como instrumento: (1) Averiguação de fatos; (2) Determinar opiniões sobre esses fatos; (3) Determinar sentimentos que envolvem esses fatos; (4) Descobrir pla- nos de ação; (5) Entender condutas atuais ou passadas; (6) Entender motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas de condutas, dentre outros. Ainda nessa linha pode-se entender as recomendações de Frederick Erickson (1986) quando indica que para realizar uma entrevista é necessário (1) identificar o significado social ou meta- fórico da fala, bem como seu significado literal ou referencial e (2) identificar significados dos pontos de vista dos participantes nos eventos observados e/ou relatados. Erickson (Idem) recomenda ainda que é fundamental para ambos os atores de uma entrevista os seguintes questionamentos: Quem? O Quê? Quando? Onde? Por quê? Como? Estas perguntas devem ser colo- cadas a cada assunto novo tratado na entrevista. Elas auxiliam a fazer sentido do que está sendo falado pelo entrevistado: Quem? Refere-se a identidade do entrevistado no momento da entrevista, o pai, o traba- lhador, o filho, o homem pobre, o político, o esposo; O que? Refere-se ao que o entrevistado diz - reflete sua identidade imediata ligada ao que usualmente ela representa no contexto estudado; Quando? Refere-se a noção de temporalidade, como o entrevistado se posiciona no tempo e no espaço, em relação as noções de hoje, ontem e amanhã, a clareza na definição dos fatos em relação temporal; Onde? Refere-se ao momento histórico atual, da idealização do pensamento atual, por exemplo, quando ao falar da escola que seu filho frequenta hoje, fala-se dela demonstrando 124 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) noções definidas de contexto, isto é, da escola que vê ou que pensa estar vendo; Por quê? Refere-se a forma de falar, o porque ele fala desta e não daquela forma que o entrevistador o ouviu falar a poucos momentos antes da entrevista. Refere-se a mudança na fala, na compreensão da rea- lidade e suas explicações imediatas; Como? Refere-se ao fazer sentido do que fala, que estratégias usar para significar o mundo. De acordo com Erickson (1986) estas perguntas podem suscitar a reflexão e as percepções dos entrevistados em relação ao entrecru- zando categorias de análise fundamentais que suscitam novas questões sugeridas por Spradley (1980 p. 82 e 83) Espaço, como lugares físi- cos; Ator, aquele que é entrevistado; Objeto, representam as coisas físicas presentes que explicam o que está sendo dito pelo entrevistado; Atividade, caracteriza os eventos e ações do sujeito; Ato, é cena vivida pelo entrevistado; Evento, engloba as acontecimentos em determinado contexto muitas vezes ritualizado; Tempo, é a duração da sequência dos acontecimentos; Objetivo, refere-se ao como as pessoas percebem o seu mundo o que esperam do futuro; Sentimento, relaciona-se às emoções evidenciadas e/ou expressas durante a entrevista. Veja no Quadro I, abaixo, as interconexões dessas categorias analíticas em forma de questionamentos aos dados, o quadro foi idealizado por Spradley (1980, tradução nossa) e serve de base para as análises que o pesquisador pode realizar ao questionar os dados do seu campo de observação ou das entrevistas. 125 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) Quadro I- Analise de dados ESPAÇO OBJETO ATO ATIVIDADE EVENTO TEMPO ATOR OBJETIVO S E N T I M E N - TO ESPAÇO Você pode d e s c r e v e r com detalhes todos os lu- gares? Como o es- paço é orga- nizado pelos objetos? De que modo o espaço é o rg a n i z a d o pelas ações? Como o es- paço é orga- nizado pelas atividades? De que modo o espaço é or- ganizado pe- los eventos? Que mudan- ças ocorreram com o tempo? De que modo o espaço é usado pelos atores? De que modo o espaço se relaciona com os objetivos? Que lugares se associam aos sentimentos? OBJETO Onde os obje- tos estão loca- lizados? Você pode d e s c r e v e r em detalhes todos os ob- jetos? De que modo os objetos são usados nos atos? De que modo os objetos são utilizados nas atividades? De que modo os objetos são usados nos eventos? Como os objetos são usados nos d i f e r e n t e s tempos? De que modo os objetos são usados pelos atores? Como são os objetos usados para atingir os ob- jetivos? Quais são todos os modos de evocar senti- mentos através dos objetos? ATO Como os atos ocorrem? Como as ações são incorporadas no uso dos objetos? Você pode descrever em detalhes to- das as ações? Como as ações fazem parte das ati- vidades? Como as ações fazem parte dos eventos? Como os atos variam ao longo do tempo? De que modo é a perfor- mance dos atores em re- lação as suas ações? De que modo as ações são relacionadas aos objetivos? Quais são todos os casos que os atos são ligados aos objetivos? ATIVIDADE Quais são todos os lu- gares em que as atividades ocorrem? De que modo as atividades são incorpo- radas aos ob- jetos? De que modo as atividades são incor- poradas aos atos? Você pode d e s c r e v e r em detalhes todas as ati- vidades? De que modo as atividades fazem parte dos eventos? Como as a t i v i d a d e s variam nos d i f e r e n t e s tempos? De que modo as atividades envolvem os atores? De que modo as atividades envolvem os objetivos? Como as ativi- dades envolvem os sentimentos? EVENTO Quais são to- dos os lugares onde os even- tos ocorrem? De que modo os eventos são incorpo- rados aos ob- jetos? De que modo os eventos in- corporam os atos? De que modo os eventos são incorpo- rados pelas atividades? Você pode d e s c r e v e r em detalhes todos os eventos Como os eventos ocor- -rem ao longo do tempo? Existe alguma seqüência? Como os eventos en- volvem vários atores? Como os eventos estão relacionados aos objetivos? Como os even- tos envolvem sentimentos? TEMPO Quando os períodos de tempo ocor- rem? De que modo o tempo afeta os objetivos? Como os atos encaixamno período de tempo? Como as ati- vidades en- caixam dentro de um perío- do de tempo? Como os eventos se a c o m o d a m no período de tempo? Você pode d e s c r e v e r em detalhes todos os tem- pos? Quando todos os atores se e n c o n t r a m num único estágio de tempo? Como os ob- jetivos se re- lacionam com os períodos de tempo? Como os sen- timentos são evocados nos diferentes perí- odos de tempo? ATOR Onde os ato- res colocam- -se a si mes- mos? De que modo todos os ato- res usam os objetivos? De que modo todos os ato- res usam as ações? De que modo os atores se envolvem nas atividades? Como os atores se en- volvem nos eventos? Como os ato- res mudam no decorrer do tempo ou em tempos dife- rentes? Você pode d e s c r e v e r em detalhes todos os ato- res? Quais atores estão conecta- dos com quais objetivos? Que sentimen- tos são experi- mentados pelos atores? OBJETIVO Onde os ob- jetivos são buscados e atingidos? De que modo os objetivos estão envol- vidos com os objetos? De que modo os objetivos envolvem as ações? Quais ativi- dades buscam os objetivos? Ou estão liga- das a eles? Quais são to- dos os modos em que os eventos são ligados aos objetivos? Quais ob- jetivos são organizados em relação ao tempo? Como os vá- rios objetivos afetam os vá- rios atores? Você pode d e s c r e v e r em detalhes todos os ob- jetivos? Quais são to- dos os modos de os objetivos evocarem senti- mentos? S E N T I M E N - TO Quando os vários estados de sentimen- tos ocorrem? Quais senti- mentos levam ao uso de quais objetos? De que modo os sentimen- tos afetam os atos? De que modo os sentimen- tos afetam as atividades? De que modo os sentimen- tos afetam os eventos? Como sen- timentos se r e l a c i o n a m com os vários períodos de tempo? Como os sentimentos envolvem os atores? Como os sen- timentos in- fluenciam os objetivos? Você pode des- crever em de- talhes todos os sentimentos? Fonte: Spradley (1980, p. 82 e 83) 126 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) Neste segmento do texto foram apresentados considerações sobre o uso da entrevista em pesquisa qualitativa com ênfase na entrevista etnográfica. Buscou-se explorar conceitos e formas de se pensar a entrevista como um instrumento importante de pesquisa que exige o cuidado em sua definição assim como no seu preparo enquanto técnica para a valorizar o contexto a ser pesquisado e principalmente a voz do informante-sujeito da pesquisa. A seguir apresentar-se-á o estudo analítico desenvolvido a par- tir de textos que versam sobre o fracasso escolar presente na literatura sobre educação e parte do banco de dados realizado para a pesquisa de Mattos; Castro (2010) com a intensão de verificar o uso ou não da entrevista e após essa verificação saber de que modo esta foi utilizada e quem foi o principal informante, assim como as implicações sobre essas escolhas tanto do informante quanto do tipo de entrevista. Analise metodológico-epistemológica dos textos sobre o fracasso escolar Nesta sessão será realizada uma análise metodológico-episte- mológica em textos sobre o fracasso escolar2. O acesso a este corpus de dados foi a partir da palavra-chave: fracasso escolar, e a busca se deu em artigos científicos da área da Educação em jornais e revistas científicas de origem nacional assim como em teses e dissertações que universidades brasileira no período entre 1987 a 2007. Uma busca ini- cial em seiscentos e oitenta e três (683) textos sobre o fracasso escolar indicou que cento e quarenta e nove (149) mencionavam a entrevista como instrumento de pesquisa e deste foram destacados noventa e nove que 99 que falaram dos alunos como objeto/sujeito de suas pesquisas. Esses textos foram analisados através de mapas conceituais em acordo com as perguntas elencadas no Quadro II. 2 A lista completa com os 683 textos está disponíveis em anexo ao relatório da pesquisa“Fracasso Escolar: Gênero e Pobreza (2008-2010)” por Mattos e Castro, 2010. 127 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) Quadro II. Modelo do mapa conceitual utilizado Fonte: Mattos e Castro, 2010 As etapas de análise desenvolvidas foram: Catalogação dos 683 textos sobre fracasso escolar utilizando o software EndNote3; Análise destes textos utilizando o software Atlas.ti tendo como categorias de análise as palavras - entrevista, conversas, pesquisa, questões, procedi- mentos e instrumentos; Análise das categorias encontradas pela maior frequência de palavras que emergiram do Atlas.ti; Construção do mapa conceitual dos 149 textos com o objetivo de responder as questões propostas; Seleção dos textos que utilizaram entrevista como instru- mento de pesquisa, na qual 99 textos foram destacados; Classificação destes textos quanto a sua natureza teórica, empírica e outros tipos; Classificação dos textos selecionados quanto ao uso que fizeram da entrevista, os dados que emergiram desta análise foram: usou entre- vista para estudar o tema metodologicamente; usou dados e outras entrevistas para realizar entrevistas no estudo relatado, usou entrevista para falar dela a partir de outros estudos que usaram entrevistas como instrumento; Classificação quanto aos tipos de entrevistas utilizadas a partir de termos identificados no discurso do autor: 1) entrevista aberta, não estruturada, etnográficas; 2) entrevista estruturada; 3) entrevista semiestruturadas e/ou semiabertas e 4) outros tipos de entrevistas: do tipo entrevista clínica e /ou anamnese; combinada com questionário; combinada com observação; combinada com desenho; do tipo focus group; combinada com relatório; do tipo devolutiva e; por fim, quais textos declaram utilizar entrevistas como instrumento sem explicar o tipo ou uso que fizeram das mesmas. Destacaram-se, dentre os diversos 3 Os software EndNote é uma ferramentas digital que permitem a criação de banco de dados bibliográfico e o Atlas.ti é um software de análise de conteúdo. 128 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) tipos de entrevistas mencionados nos estudos analisados a entrevista estruturada, a entrevista aberta e a entrevista semiestruturada que serão exploradas a seguir. Entrevistas estruturada, aberta, semiestruturada e outros tipos No primeiro tipo mencionado a entrevista estruturada é entendida aqui como aquela que inclui perguntas programadas e/ou formuladas previamente que não serão alteradas durante o curso da investigação. Geralmente, segue um roteiro fechado de questões ou um guia. Oposta a esta, encontra-se o segundo tipo, a entrevista aberta que se caracteriza por uma conversa. Pois não segue formalmente um guia e/ou roteiro previamente elaborado. Este tipo é também compa- rado a um bate-papo, uma conversa informal, um diálogo aberto entre o entrevistador e o entrevistado sobre o tema em estudo. De acordo com Gomes (2004, p.5) a entrevista aberta é aquela que oferece um conte- údo privilegiado para a análise realizada pelo autor e cada entrevista deve ser tomada em sua totalidade. Para isso o discurso escrito precisa ser o mais fiel possível ao discurso falado. Porém, a busca da forma e sentido do conteúdo desse discurso depende de quem os interpreta, as entrevistas etnográficas são as que mais de enquadram neste tipo. O terceiro tipo de entrevista é a semiestruturada na qual tende-se a misturar ambas as características dos tipos de entrevistas descritas anteriormente. Neste tipo de entrevista existe ampla liberdade do pes- quisador, ela é flexível e permite perguntas e/ou as intervenções para elucidar um caso particular do roteiro previsto. Neste tipo de entre- vista pode existirum guia e/ou um roteiro, mas este é utilizado sem o rigor da entrevista estruturada, podendo sofrer alterações no decorrer da entrevista. Para Triviños (1987 apud SILVA, 2005, p.146) a entrevista do tipo semiestruturada é aquela em que o informante segue esponta- neamente uma linha de seu pensamento e pode participar na elaboração do conteúdo da entrevista. Este conteúdo envolve não somente a teo- ria que advêm do repertório dos entrevistados, mas também, da ação 129 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) de entrevistar, sendo, muitas vezes, um complemento às informações já obtidas pelo entrevistador sobre o tema de seu estudo no campo de pesquisa. Discussão dos Resultados Os dados resultantes das análises realizadas para o relato deste segmento do texto foram reunidos de duas formas. A primeira em forma de uma tabela4 com a identificação do texto pesquisado e do tipo de entrevista encontrado. Nela foram destacados itens considera- dos importantes para a análise da entrevista como metodologia, deles constam – identificação do texto estudado e descrição do mesmo sobre a entrevista Na segunda forma de análise explora o tipo de entrevista identi- ficado no texto pela frequência de cada tipo elaborado. Veja no Quadro III o gráfico contendo os dados numéricos e a tipologia de entrevista. Quadro III Tipos de entrevistas nos 99 textos analisados Fonte: Mattos; Castro 2010 4 Veja em anexo I ao final do texto a tabela I com os noventa e nove (99) textos. 130 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) Conforme apresentado no Quadro III, acima, a maior parte das entrevistas são do tipo estruturada (26) seguida da semiestruturadas presente em 23 estudos e 22 textos que citam usar a entrevista mas não explicam o tipo e as que usam outros tipos de entrevistas que somam 18, restando o menor quantitativo para as entrevistas aberta (8), isso significa que somente 8 de 683 estudos sobre o fracasso ouviu o sujeito do estudo ou ouviu alguém falar sobre ele. O próximo passo desta análise procurou identificar quem foram os entrevistados e como os mesmos são representados em relação ao objeto de estudo – o fracasso escolar. Buscou-se aprofundar nas análises e verificou-se que somente 1 pesquisador ouviu abertamente os alunos os demais ouviram outros sujeitos da escola, com predominância maior em ouvir o professor e os gestores da escola. Conclusão O estudo desenvolvido procurou identificar a presença ou não de alunos como informantes primários possibilitando visualizar como os pesquisadores situam o/a aluno/a, se eles/elas foram ouvidos/as ou não, em destaque nos estudos sobre o fracasso escolar. A escolha por analisar os estudos sobre o fracasso escolar se deu na medida em que pesquisas sobre o fracasso escolar são necessárias, não somente para dar sentido aos novos processos de avaliação, mas para entender a subjetividade imersa no estigma e na realidade do aluno e aluna fracassados na escola e buscar indicadores mais sensíveis à realidade educacional para o seu enfrentamento e prevenção. O não-indicativo da fala dos alunos e alunas foi ilustrado nas análises realizadas. Destas, depreendeu-se, como ilustrado no Quadro III, que comparando o total dos seiscentos e oitenta e três (683) estu- dos examinados em termos de sua natureza, somente cento e quarenta e nove (149) optaram por ouvir os participantes da pesquisa sobre o tema fracasso escolar. Este dado indica que os demais falaram “sobre” fracasso escolar teoricamente, utilizando a literatura disponível para apoiar ou criar seus argumentos. 131 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) Destaca-se, de modo surpreendente, que em oito (8) textos, apenas 1 utilizou a entrevista aberta com o objetivo de ouvir o aluno fracassado. Os demais, embora variando o modelo de entrevistas, falam “com” e “sobre” o fracasso abordando diferentes pessoas envolvidas no processo, exceto o aluno e a aluna, vítimas do processo de exclusão e fracasso escolar. Outro dado a ser destacado é que 26 textos utilizam entrevis- tas estruturadas no total de trabalhos que mencionam o uso da mesma. Pode-se inferir sobre uma dificuldade, entre os pesquisadores, em lidar “com a fala do outro”, ao mesmo tempo, indicando a necessidade de controlar “o que este outro fala”. Deduz-se que “a priori” o “outro” deve ser capaz de “dizer” aquilo que está previsto no script do ouvinte ou deverá manter-se “calado”, pois o pesquisador possui uma agenda própria para a realização de seu estudo. A utilização da entrevista não indica a inclinação do pesquisador para “ouvir”, muitas vezes, apenas porque a técnica escolhida para coletar seus dados deve incluir a dita “voz do oprimido”. Voz esta que é amplamente utilizada nas publicações disponíveis em Educação desde os trabalhos de Paulo Freire (1966). Contudo, na maioria destas publicações a menção à voz do oprimido, de que nos fala Freire, não levam em conta as considerações feitas por este autor que indicam o significado de “ouvir” e de “ser ouvido”. Deste modo, pretende-se não somente contribuir para os estudos qualitativos, como a etnografia, mas traçar um perfil de pesquisas que utilizam entrevistas identificando o uso que fizeram da mesma. Referências ALVES, Alda Judith. O planejamento de pesquisas qualitativas em edu- cação. Cadernos de Pesquisa, São Paulo (77): 53-61, maio, 1991. BAUMAN, Zygmunt.O mal-estar da pós-modernidade Rio de Janeiro: Zahar Editor (Tradução: Mauro Gama e Cláudia Martinelli Gama), 1997. 132 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) BERGER, P. L.; LUCKMANN T. Modernidade, pluralismo e crise de sentido: a orientação do homem moderno. Petrópolis: Vozes, 2004. ERICKSON, F. 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Lisboa, Portugal: Anídoto, 1979. 134 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) Anexo I- Tabela I Entrevista nos estudos sobre Fracasso escolar (99 textos) UTILIZA OUTROS TEXTOS COM ENTREVISTA Nº Sobre o texto Descrição 1 (ALVES, 1991) O planejamento de pesquisas qualitativas em educação. Como instrumento. "As entrevistas qualitativas são geralmente muito pouco estruturadas, assemelhando-se mais a uma conversa do que a uma entrevista formal. Mesmo nesses casos, porém, é possível indicar no projeto o objetivo geral da entrevista e, frequentemente, os principais aspectos que pretende indicar o número aproximado de entrevistas e o tipo de respondentes (por exemplo, alunos, pais, professores, etc.)" p. 60. 2 (BRANCALHONE, et al., 2004) Crianças expostas à violência conjugal: avaliação do desempenho acadêmico. Estudo realizado em Escolas municipais e estaduais de São Carlos comparou crianças expostas à violência conjugal com crianças não expostas, controlando variáveis significativas como sexo, idade, escolaridade, condição socioeconômica e constituição familiar. “Apesar dos controles tomados, trata-se de um estudo correlacional, frequente em pesquisas que buscam compreender o fenômeno da violência”. Outras pesquisas. “Foi realizada uma entrevista com as mães dos grupos a e b para se obter dados sobre a ocorrência da violência, renda, constituição familiar e o desempenho da criança na es cola” (p. 114). 3 (DEGENSZAJN; PATAH; KOTSUBO, 2001) Fracasso escolar: uma patologia dos nossos tempos? Outras pesquisas que utilizam entrevista como instrumento de coleta de dados. Segundo pesquisa de Collares e Moysés (1992), realizada a partir de entrevistas com professores e diretores da rede pública em Campinas, SP, foi possível constatar que 92% dos entrevistados acreditavam que o fracasso escolar deve-se a problemas emocionais ou neurológicos das crianças e a totalidade afirmou que as dificuldades escolares têm como causas problemas biológicos e de desnutrição. 4 (DAYRELL; GOMMES, s/d) A juventude no Brasil. Segundo a pesquisa, o jovem não é levado a sério, exprimindo a tendência, muito comum nas escolas e programas educativos, de não considerar o mesmo como interlocutor válido, capaz de emitir opiniões e interferirnas propostas que lhes dizem respeito, desestimulando a sua participação e o seu protagonismo. Outras pesquisas. Levantamento de dados de pesquisas já anteriormente realizadas pelo Censo, PNAD, IPEA e UNESCO, em sua grande parte de caráter estatístico, possuindo entrevistas e dados do PNAD. Os dados foram revisitados como forma de demonstrar as teorias sobre juventude levantadas no texto. 135 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 5 (MANCE, 1999) Globalização, Dependência e Exclusão Social - O Caso Brasileiro. / Ano de coleta: 1999. O ensaio apresenta, concisamente, um esboço de como a globalização vem afetando a realidade brasileira. Outra pesquisa. Faz referencia a pesquisa realizada pelo IBGE para 58% dos entrevistados, a referência para o voto é o candidato e não o partido. A maioria dos eleitores não se preocupa com a identificação ideológica dos partidos e, após escolher um candidato, não se preocupa em saber o que ele realmente faz com o mandato que lhe foi conferido, caso tenha sido eleito. A pesquisa apontou por fim que, entre todos os meios para se obter informação sobre acontecimentos políticos, a televisão é preferida por 80% dos entrevistados, sendo que 30% também usam outros meios que não a TV. (p.36) 6 (MAZZOTTI, 2002) Repensando algumas questões sobre o trabalho infanto-juvenil. Ano de coleta: 2001. Repensar questões sobre o trabalho infanto- juvenil. Outras pesquisas que utilizam entrevistas: “Os resultados indicaram que a quase totalidade dos entrevistados acha que o trabalho não interfere nos estudos”. 7 (NAJJAR, 2005) O programa nova escola e a implantação do “sistema permanente de avaliação das escolas da rede pública de educação do Rio de Janeiro”. Ano da pesquisa: 2005. O texto tem o objetivo de investigar a avaliação do programa nova escola. Outra pesquisa. Análise teórica sobre o programa nova escola. Faz referencia a uma entrevista realizada com diretores da escola. 8 (PAIVA, 1998) Considerações sobre três pesquisas realizadas em escolas brasileiras. Ano da pesquisa 1998. O texto tem como objetivo contribuir para a melhoria das oportunidades de vida dos brasileiros pobres, através de um maior conhecimento sobre como a educação e os serviços educacionais, em especial a escola pública, são vistos pelos seus usuários em diferentes regiões do país. Outra pesquisa. Ensaio da Vanilda Paiva sobre três pesquisas que utilizam entrevista. 9 (SETTON, 2005) Um novo capital cultural: pré-disposições e disposições a cultura informal nos segmentos com baixa escolaridade. Ano da pesquisa: 2000-2002. Com objetivo de analisar alguns aspectos das trajetórias pessoais e familiares de alunos que tiveram um sucesso acadêmico improvável. Outras pesquisas. “Os dados apresentados neste artigo se referem, sobretudo às entrevistas feitas com dez (10) alunos e algumas de suas mães, a fim de apreender a articulação das configurações familiares e o sucesso escolar apresentado. Após um exaustivo trabalho que visou à localização dos estudantes, escolhi aqueles que respondiam, em grande parte, às exigências da pesquisa” (p.88). 136 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 10 (SPOSITO, 2002) Juventude e Escolarização (1980-1998). Ano da pesquisa: 1980-1998 com o objetivo de analisar como está sendo vista a juventude no interior da área da educação (p.5). Como instrumento. Foi realizada uma revisão bibliográfica em várias pesquisas que utilizam entrevistas. Os trabalhos foram selecionados e indexados em uma base de dados mediante a utilização do software Microisis, sob a orientação e supervisão do Serviço de Informação e Documentação (SID) de Ação Educativa. Após a recuperação do exemplar original, a dissertação ou tese foi submetida a uma análise mediante utilização de planilha (modelo anexo ao trabalho) que permite identificar suas principais características. Um conjunto de descritores foi consolidado em um tesauro específico da área de Juventude, desenvolvido pelo SID, tendo sido também elaborado um novo resumo para cada documento (p.6). UTILIZA A ENTREVISTA COMO INSTRUMENTO ABERTA 11 (ACHUTTI e HASSEN, 2004) Caderno de Campo digital - antropologia em novas mídias/ Ano de coleta: 2002. Buscou registrar as transformações por que passa uma comunidade rural e pesqueira pertencente a Viamão, na grande Porto Alegre, RS, Brasil, margeada pelo rio Guaíba (na verdade, lago) e pela lagoa dos patos (na verdade, laguna), com a chegada do asfalto. Principais autores: Collier Jr. In (Collier Jr.; Collier, 1986). Utiliza tanto as entrevistas mais próximas a conversas informais quanto as foto entrevistas. As fotoentrevistas são uma técnica que implica usar, em visitas sucessivas, as fotografias já tiradas como meio de propor e/ou balizar novas entrevistas e, com isso, ao mesmo tempo em que se vai aprofundando o trabalho, vai-se fazendo a restituição dos dados. P. 15. Teve com objetivo investigar o encontro do tradicional com o moderno. 12 (ANDRÉ, 1991) Questões do cotidiano na escola de 1 ° grau. / ano de coleta: 1984. Tipo de pesquisa de abordagem etnográfica, teve como objetivo geral da pesquisa verificar o tipo de prática pedagógica que interfere de forma positiva no desempenhoescolar das crianças das camadas populares. Refere-se à pesquisa feita por André e Mediano. Utilizou entrevistas em contatos diretos com a direção da escola, equipe técnico- administrativa e com os docentes, através de entrevistas individuais ou coletivas ou mesmo conversas informais, além de um acompanhamento das reuniões e atividades escolares e de forma intensiva. 13 (COSTA, 2004) Aprendendo a ensinar com alunos e alunas marcados pelo fracasso escolar: alinhavando retalhos da caminhada a dissertação expressa a tentativa de viver o exercício da pesquisa no cotidiano escolar, espaço-tempo de onde fala a pesquisadora. Apresenta reflexão sobre os caminhos que tem encontrado para realizar a prática pedagógica no projeto lendo e escrevendo com os alunos e alunas classificados pela escola como “incapazes” para aprender ou como os que possuem dificuldades de aprendizagem. A autora procurou mostrar que, ao assumir uma postura investigativa, pode ajudar melhor seus alunos e alunas a acreditarem que são capazes de aprender e, ao mesmo tempo, contribuir para que a escola olhe para as possibilidades de aprendizagem, especialmente dos alunos das classes populares. Na pesquisa, trabalho com materiais produzidos pelas crianças durante os encontros do projeto e, também, em outros espaços; recorro às conversas com várias professoras em espaços formais e informais, inclusive durante algumas entrevistas; diálogo com depoimentos de alguns familiares, além de usar o relato escrito da trajetória escolar de alguns alunos e alunas, produzido pelos responsáveis; uso os meus relatórios das atividades realizadas pelos alunos no projeto e conto com a minha memória dessa história da qual essas crianças são parte. 137 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 14 (DANAGA, 2005) Desenvolvimento de um programa educacional de formação continuada: o tornar-se educacional a partir de reflexões e (trans) formações em busca de melhoria do ensino e da aprendizagem. / ano de coleta: 2002. Dissertação de mestrado do tipo de pesquisa qualitativa. Utiliza entrevista como instrumento de coleta de dado, organizadas em blocos de três momentos: anterior ao curso, para conhecer as expectativas dos participantes sobre o programa, na metade para saber a opinião sobre o seu desenvolvimento e no fim, para objetivar a análise dos resultados. P. 36 As entrevistas consistem em obter informações por meio de perguntas, deixando as respostas livres, menos estruturadas. Ludke e André (1986, p.35) ensinam que “quando se quer conhecer, por exemplo, a visão de uma professora sobre o processo de alfabetização [...] É melhor nos prepararmos para uma entrevista mais longa, mais cuidadosa, feita provavelmente com base em um roteiro, mas com grande flexibilidade (p.38) A entrevista aberta, comum nas pesquisas em que se utiliza a investigação qualitativa, é ideal deixar os sujeitos expressarem livremente suas opiniões sobre determinados assuntos, como nos esclarece Bodgan e Biklen (1994). Particularmente aprecio este tipo de entrevista que dá margem a uma gama de detalhes não conseguida ou atingida com uma entrevista estruturada (p.38) 15 (GOMES, 2004) Conversando com mães e professoras sobre as orquídeas e os girassóis da exclusão: teorias subjetivas sobre práticas de educação e desenvolvimento infantil, em instituições comunitárias. Ano da coleta: 1998- 2000 O principal objetivo da pesquisa de dissertação de mestrado foi dar visibilidade às crenças e valores de mães e professoras, de quatro instituições de educação infantil comunitária, do município de Duque de Caxias. Entrevistas com as professoras, gravadas em áudio - tape, constando dos seguintes tópicos: objetivos educacionais, estratégias sobre forma de educar, relação específica entre as estratégias e os objetivos selecionados, formas de educar, concepção de criança ideal e seleção de crianças consideradas fáceis ou difíceis. As mães dos alunos também foram entrevistadas. A entrevista aberta é o material privilegiado da análise da enunciação e cada entrevista é tomada na sua totalidade, tentando-se fazer o discurso escrito o mais fiel possível ao discurso falado. Porém, a busca da forma e sentido de seu conteúdo, depende de quem as interpreta (p.15). A adoção da entrevista como procedimento metodológico possibilita a obtenção de dados objetivos e subjetivos acerca da temática investigada. (nota, p.94) Segundo Bardin (1977) “na análise da enunciação, as palavras são ao mesmo tempo espontâneas e constrangidas pela situação de entrevista” (p.14). 16 (MARENDINO, 2004) Mitos relacionados ao fracasso: relações entre saúde e escola dentro de um ambulatório em Cabo Frio. Dissertação de mestrado. Tem como objetivo compreender aspectos das relações entre saúde e escola vivenciadas no espaço de um posto de saúde municipal e dentro de uma abordagem do cotidiano. Aberta/ Etnográfica. Pesquisa qualitativa, etnográfica e narrativa. Observando o cotidiano, de pacientes e suas famílias no banco de espera do ambulatório, pude perceber a riqueza contida nas conversas informais, nos contatos e trocas estabelecidas entre eles no momento da espera do atendimento e, também, nos tempos de entrevistas (p.18). 138 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 17 (MOYSÉS e COLLARES, 1997) Inteligência Abstraída, Crianças Silenciadas: as Avaliações de Inteligência. Ano da pesquisa: 1996. O texto tem o objetivo de ouvir as opiniões de profissionais da educação e da saúde acerca das causas do fracasso escolar, escutando suas falas, aproximando-nos de suas formas de pensamento sobre escola, processo ensino- aprendizagem, fracasso escolar, papel dos profissionais e das instituições de educação e de saúde etc. (p.1). Ouviu opiniões. Menciona sua realização durante o trabalho: “a identidade das opiniões dos profissionais da saúde e da educação é tão intensa, nesta questão, que não se consegue identificar a formação de quem fala, a partir da análise de conteúdo, mesmo quando o assunto refere-se especificamente a problemas de saúde que, na opinião do entrevistado, impediriam ou dificultariam a aprendizagem” (p.2). 18 (PEREGRINO, 2006) Desigualdade numa escola em mudança: trajetórias e embates na escolarização pública de jovens pobres. Ano da pesquisa: 2005. Com o objetivo de “desvendar uma relação: entre a instituição escolar e os jovens pobres que passam a habitá-la, nos marcos de sua expansão.” P. 7 Utiliza entrevistas e conversas informais (p.6)a como instrumento de coleta de dados. Não explica o tipo de entrevista utilizada, trabalhando com os dados obtidos nas entrevistas, afirmando ter feito entrevistas e conversas informais. P.6 19 (SERPA, 2006) Cultura Escolar em Movimento: Diálogos Possíveis. Ano da pesquisa: 2004/2006. Com o objetivo de refletir sobre a forma como as diferentes opiniões/concepções sobre o processo de aprendizagem – principalmente da língua escrita – influenciam o processo de adesão/ rejeição dos alunos que tiveram acesso à classe de ensino fundamental regularmente. Sobre a escolha do método diz: "o caminho escolhido me levou a retomar as conversas do café em entrevistas com as professoras que participaram comigo das classes de progressão em 2004 e que permaneceram neste espaço: Virna e Ana Cristina” (p.12). 20 (SOUTO; FONTOURA, 2002). Inclusão/ Exclusão: Estratégias que facilitam o sucesso escolar. Ano da pesquisa: 2001 com o objetivo de estudar a possibilidade do sucesso escolar a partir da dimensão da inclusão, numa abordagem sócio-cultural. Aberta / Etnográfica. Utiliza entrevista como instrumento de coleta de dados. Foi uma pesquisa qualitativa realizada numa abordagem etnográfica de sala de aula, sendo a entrevista organizadada seguinte forma: “Os alunos entrevistados encontram-se na faixa etária de 12 a 16 anos, todos oriundos da 2ª série, com distorção idade/série e com possibilidades de alcançar a 5ª série através do programa de Aceleração da Aprendizagem, a fim de regularizar o fluxo escolar” (p.4). SEMI-ESTRUTURADA 139 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 21 (ALMEIDA, 2005) Da igualdade de direitos ao direito a diferença: interfaces no cotidiano de uma escola plural. Dissertação de mestrado. Utiliza o estudo de caso como principal instrumento de pesquisa. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas. As entrevistas foram utilizadas em conjunto com a observação participante e a análise de documentos, dentre outros. A autora argumenta que: “as entrevistas semi- estruturadas se caracterizam pela elaboração de um roteiro, previamente elaborado pelo/a pesquisador/a, que serviu de orientação no momento da “conversa” com o entrevistado.” (p.39). Para o uso de entrevista descreve que: “trata-se de um recurso utilizado para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito. Tal recurso permite ao pesquisador/a desenvolver uma idéia sobre formas como os sujeitos interpretam e se posicionam perante a realidade e ao vivido. Além disso, as entrevistas realizadas entre vários sujeitos permitem a obtenção de dados comparáveis” (p.36). 22 (ARAUJO, 2001) As marcas da violência na constituição da identidade de jovens da periferia. / período de coleta de dados: 2001. “Pesquisa busca compreender as vivências escolares de jovens alunos moradores da Vila da Luz, que se localiza na periferia de Belo Horizonte, cujo cotidiano é marcado pela violência, pela insegurança pública e pela exclusão social” (p. 141). Atividades em grupo filmadas pelos próprios alunos, com exceção das associações livres, que não foram filmadas. Essa metodologia se justificou pela necessidade de não expor os jovens moradores da Vila da Luz separando-os dos demais e, sobretudo pela dificuldade encontrada em reuni-los ao mesmo tempo e também nos mesmos dias (p. 143). “Pesquisa de caráter investigatório, utiliza observação, conversas informais com os alunos (nas salas de aula, durante o recreio, nas entradas e saídas da escola, etc.) E entrevistas semi-estruturadas. Atividades em grupo a partir de exposição de gravuras, da exibição (parcial) de uma fita de vídeo e de associações livres a partir de palavra indutora. Realizou ainda um questionário enviado para as diretorias das escolas de Belo Horizonte, no qual elas deveriam responder perguntas sobre a violência. 23 (BORUCHOVITCH, 2001) Conhecendo as crenças sobre inteligência, esforço e sorte de alunos brasileiros em tarefas escolares. Este trabalho teve como objetivo investigar crenças sobre inteligência, esforço e sorte entre escolares do ensino fundamental. A amostra foi composta de 110 alunos de terceira, quinta e sétima séries de uma escola pública de Campinas. Os sujeitos eram de ambos os sexos e provenientes de famílias de nível sócio- econômico desfavorecido. Pesquisa de campo. Utiliza entrevista como instrumento de coleta de dados. Os sujeitos foram entrevistados individualmente e seus conceitos foram mensurados por questões abertas e fechadas. 140 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 24 (CABRAL, 2002) Gravidez na adolescência e identidade masculina: repercussões sobre a trajetória escolar e profissional do jovem. “O universo da paternidade na adolescência no que tange à conjugação entre gravidez e trajetória escolar e profissional de jovens oriundos das camadas populares” (p.179). Realizado em uma comunidade favelada da cidade do Rio de Janeiro. Ano da coleta: 2002. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utiliza a técnica de entrevistas em profundidade junto a jovens moradores de uma comunidade na cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa foi realizada sob os moldes dos estudos etnográficos, ainda que a coleta de dados por meio de entrevistas individuais semi- estruturadas tenha sido preponderante. A utilização de “redes sociais ou de amizade”. Técnica em que um participante faz novas indicações ou mediações com outros possíveis informantes de suas redes de relações, foi fundamental para a constituição de um network. 25 (FEIJÓ e ASSIS, 2004) O contexto de exclusão social e de vulnerabilidade de jovens infratores e de suas famílias. Pesquisa de campo e análise de conteúdo. O presente artigo relata o resultado de uma pesquisa de campo realizada entre abril e novembro de 1997, quando foram entrevistados 61 jovens infratores que estavam cumprindo medida sócio-educativa em instituições do Rio de Janeiro e Recife. Este trabalho é um recorte de uma pesquisa mais ampla, que deu base para a tese de doutorado da primeira autora (Feijó, 2001), realizada com a participação de pesquisadores do centro latino-americano de estudos de violência e saúde (CLAVES/FIOCRUZ). Foram levantados dados sobre o núcleo familiar de cada entrevistado, sendo tratados segundo a técnica de análise de conteúdo. Foram realizadas duas entrevistas semi-estruturadas com cada jovem, totalizando 61 infratores, sendo 50 no Rio de Janeiro e 11 em Recife. Na pesquisa-mãe foram entrevistados 31 irmãos dos infratores, cujos dados não foram utilizados aqui, por fugir dos objetivos do artigo. 26 (HECKET, 2004) Narrativas de resistências: educação e políticas. / ano de coleta: 2004 / tese de doutorado Pesquisa de campo e metodologia cartográfica- narrativa. “O objetivo desse trabalho foi acentuar as batalhas cotidianas que engendram outros possíveis, focalizando as lutas travadas no campo da escola pública. Portanto, o foco principal desse trabalho centrava-se em captar as ressonâncias dessas batalhas, para indicar que a potência de resistência pode ser constrangida, neutralizada, mas jamais estancada.” Obs.: Entrevistou alunos. Entrevistas semi-estruturadas realizadas com os seguintes sujeitos: professores, funcionários de apoio, diretores, equipes técnicas das Secretarias Municipais de Educação, secretários municipais de educação, pais, alunos, consultores da pesquisa e diretoria do sindicato dos profissionais da educação nos municípios de Belo Horizonte, Porto Alegre e Belém. Na análise da equipe coordenadora da secretaria e de alguns professores entrevistados, os ciclos constituíam-se como ciclos de ensino que mantinham a concepção de série. 141 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 27 (HEILBON et al., 2002) Aproximações sócio antropológicas sobre a gravidez na adolescência. Ano da coleta: 1998-2000. Pesquisa qualitativa. O objetivo desse trabalho foi discutir a questão da gravidez na adolescência enquanto um problema social. Jovens do rio de janeiro, salvador e porto alegre. Discutir a questão da gravidez na adolescência enquanto um problema social. Um dos projetos utilizados nessa pesquisa, o gravador, conta com apoio do CNPq. Inquirir pessoas pertencentes a uma faixa etária subseqüente ao que se convenciona definir como adolescência (10 a 19 anos). Questionários e entrevistas semi-abertas. Foram entrevistados jovens de 18 a 24 anos à luz da técnica de reconstrução retrospectiva de biografias. Inquirir pessoas pertencentes a uma faixa etária subseqüente ao que se convenciona definir como adolescência (10 a 19 anos), além de possibilitar distanciamento e avaliação da história pregressa, permitiu contornar uma das grandes dificuldades dos estudos com adolescentes: a autorização de um responsável para a participação na pesquisa 28 (LEITE, 1998) A concepção do (a) professor (a) sobre a prática pedagógica de avaliação. / ano de coleta:1986-1997. Compreender a prática de avaliação desenvolvida pelos professores de 1ª a 4ª séries do 1º grau. Entrevistas com roteiro semi-estruturado flexível. 29 (LUCIANO, 2006) Representações de professores do ensino fundamental sobre o aluno. Dissertação de mestrado. Pesquisa qualitativa. Teve como objetivo investigar as representações de professores do ensino fundamental sobre o aluno de Escola Pública Estadual. Os resultados evidenciaram que a maioria das professoras não se reconhece no sucesso nem tampouco no fracasso de seus alunos. Dessa forma, se desvinculam de sua responsabilidade frente ao aprendizado deixando o aluno à deriva”. P.15. Observações participantes e entrevistas. A estratégia de entrevista adotada, já utilizada por outros pesquisadores do gepised como Carraro (2002), Figueiredo (2004), Garde (2003) e Silva (2002), se encontra melhor descrita em Carraro (2002) e se configura como uma estratégia quase projetiva que tem como objetivo fornecer manifestações verbais mais profundas dos professores, a fim de apreender as suas representações acerca do tema apresentado (p.65) “A investigação se deu por meio da observação participante e de entrevistas individuais semi- estruturadas com as professoras. As entrevistas aconteceram em duas etapas: 1º etapa: investigação sobre a trajetória profissional e a formação acadêmica; 2º etapa: percepções e crenças sobre o aluno.” P.15 142 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 30 (MARÇAL, 2005) A queixa escolar nos ambulatórios de saúde mental da rede pública de Uberlândia: práticas e concepções dos psicólogos. Ano de coleta: 2003-2004. Pesquisa qualitativa, dissertação de mestrado. Verificar as demandas de queixas escolares para a área de saúde mental e o atendimento e a compreensão dos profissionais dessa área sobre essa demanda. Geralmente as questões escolares não são consideradas, e os profissionais acabam apontando exclusivamente problemas familiares e emocionais, compactuando com a escola que patologiza e estigmatiza as crianças. Pesquisa realizada na rede pública de saúde mental de Uberlândia, MG. As equipes de saúde constataram que há um reconhecimento dos educadores de que a tendência é sistematizar o olhar para o aluno que se sai melhor, pois o fracasso da criança aponta para as dificuldades do professor, gerando angústias e ansiedades. Dessa forma, colocam-se as causas como externas à escola, pela própria dificuldade do docente em repensar a sua prática. Entrevistas semi-dirigidas e levantamento de dados. Foram realizadas entrevistas semi- dirigidas, gravadas em áudio, com psicólogos alocados em ambulatórios, e o levantamento de dados dos prontuários de crianças atendidas em ambulatórios, para identificação dos atendimentos recebidos De forma interessante, Queiroz (op.cit., p.98) escreve sobre como vão se construindo os encontros entre o pesquisador e o pesquisado e suas interfaces durante o processo. Para a autora “nas entrevistas gravadas, o pesquisador se encontra diante do texto em três circunstâncias diversas, pelo menos: na realização do depoimento; na escuta da gravação para a transcrição escrita; na leitura aprofundada do documento escrito” (p. 88) 31 (MARRIEL, 2006) Violência escolar e auto- estima de adolescentes. Estudo quantitativo. Complementarmente e de maneira ilustrativa, são apresentadas e discutidas falas de jovens com alta e baixa auto-estima, de acordo com os escores dos resultados quantitativos, provenientes de 13 entrevistas semi- estruturadas. Por meio dessas entrevistas procurou-se investigar a história de vida do aluno, vivências escolares, competência acadêmica e valores, atitudes e opiniões. 32 (MONACO, 2003) Escola do Futuro: Desafios e Perspectivas de um Projeto Inovador na Escola sob a Ótica de seus Sujeitos. / Ano de coleta: 2003. Dissertação de mestrado. Desvendar o que uma escola espera com a implantação de um projeto de inovação tecnológica. Realizado em Escolas Municipais de Ensino Fundamental. Semi-estruturado + roteiro. Tomando como principal fonte de dados depoimentos coletados por meio de entrevistas com roteiro semi- estruturado. 33 (NASCIMENTO, 2007) Dramas e tramas do (não) aprender: significações sobre o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem. Ano da pesquisa: 2005 O texto tem o objetivo de “investigar e apreender as significações construídas por professores, pais e alunos sobre o sujeito que apresenta dificuldades de aprendizagem e suas inter-relações na constituição de eu e do outro, utilizando como aporte teórico a perspectiva histórico-cultural” (p. 09). “Foram entrevistadas duas crianças do ensino fundamental (1ª a 4ª séries) com diagnóstico de dificuldades de aprendizagem, suas respectivas mães e professoras, com gravações em áudio, realizadas individualmente, com 40 minutos cada” (p. 09). Entrevistas semi-estruturadas para as mães e professoras (p.63). A entrevista, segundo Pinheiro (2004, p. 186), pode ser entendida como “uma prática discursiva, ou seja, entendê-la como ação (interação) situada e contextualizada, por meio da qual se produzem sentidos e se constroem versões da ‘realidade’” (p. 60). 143 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 34 (NOGUEIRA, 2004) Favorecimento econômico e excelência escolar: um mito em questão. Ano da pesquisa: 2000-2001. O objetivo do texto é conhecer as histórias escolares dos jovens e as estratégias educativas postas em prática por esses pais ao longo desses itinerários. Trata-se de um estudo realizado, em 2000- 2001, junto a 25 famílias de grandes e médios empresários/ empresárias de Minas Gerais. Seu objetivo era conhecer as histórias escolares dos jovens e as estratégias educativas postas em prática por esses pais ao longo desses itinerários. Como instrumento de coleta dos dados, utilizei-me de entrevistas semidiretivas feitas com os próprios jovens e com suas mães, separadamente. O estudo baseia-se, portanto, num corpus formado por 50 entrevistas (p.3). 35 (NUNES, 2005) No cotidiano da escola (pública): algumas contribuições da psicologia escolar para a prática de professoras das séries iniciais do ensino fundamental. Ano da pesquisa: 2004-2005. O texto tem como objetivo investigar a prática das professoras das séries iniciais, com o intuito de saber o que pensam que lhes falta em seu trabalho cotidiano para lidar com alunos e aliar isso ao que esperam do psicólogo escolar (p.82 e 83). Entrevistas individuais semi-estruturadas baseadas em um roteiro de questões, referentes a dados pessoais, e duas abertas sobre dificuldades encontradas na sua prática. Após essa, foram realizadas mais duas entrevistas individuais com as professoras “com o intuito de aprofundar em algumas questões que considerava importante para complementar as informações” (p.84). 36 (OLIVEIRA, 2003) Fracasso Escolar: “Cultura do Ideal” e “Cultura do Amoldamento”. Ano da pesquisa: 2003. O objetivo do texto é “identificar e compreender as novas formas de fracasso escolar numa escola onde não deve mais haver o mecanismo da repetência, mas que se revela excludente, como mostram pesquisas recentes que discutem as conseqüências da não-reprovação - sintetizadas pelos resultados insatisfatórios demonstrados pelos alunos nas avaliações a que são submetidos, e que revelam a baixa qualidade do ensino na escola pública, a diplomação do não-saber” (p. 1 e 2). Para desenvolver essa pesquisa na escola, os procedimentos propostos inicialmente para a investigação foram: observação direta, entrevistas semi-estruturadas e análise de documentos institucionais. Sobre as entrevistas realizadas afirma a autora: "a realização das entrevistas foi essencial para conhecer individualmente os seusatores, revendo expectativas, ampliando a compreensão da realidade observada” (p.8). 37 (PIMENTEL, 2006) Prática Pedagógica e Diversidade. Ano da pesquisa: 2006. Com o objetivo de buscar respostas à diversidade cultural existente no cotidiano da instituição escolar. “Os procedimentos metodológicos utilizados para obtenção dos dados constaram de entrevistas semi-estruturadas, com itens abertos, registros de depoimentos escritos e orais sobre atividades de sala de aula e reuniões do grupo” (p.10). 144 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 38 (QUAGLIATO, 2003) Os estudos de recuperação no ensino fundamental: aprendizagem ou discriminação? Ano da pesquisa: 2002. A finalidade da pesquisa foi localizar as normatizações federais e estaduais que analisaram, explicaram e conceitualizaram os estudos de recuperação, desde sua implantação até o início do ano de 2002, foi procurar identificar os elementos que definem o encaminhamento dos alunos para esses estudos, assim como os desafios que as escolas enfrentam para que os estudos de recuperação possam se transformar em mais uma oportunidade de aprendizagem para os alunos que deles necessitam (p.4). Entrevistas semi-estruturadas. “A opção por entrevistas semi-estruturadas proporcionou maior liberdade para os diálogos e para a expressão do pensamento dos professores os quais que se posicionaram em relação às últimas reformas ocorridas no estado de São Paulo, valorizando os tópicos que havíamos escolhido sobre a temática central” (p. 28). 39 (RODRIGUES, 2006) A situação escolar na perspectiva do aluno. Ano da pesquisa: 2001- 2002, com o objetivo de investigar qual a visão que as crianças das séries iniciais da escola pública de periferia urbana têm sobre a situação escolar. A pesquisa foi desenvolvida por meio de entrevistas semi-estruturadas, realizadas com quatro meninos e duas meninas de uma mesma escola da rede municipal, mas que tinham rendimento escolar diversificado. 40 (SALVARI e DIAS, 2006) Os problemas de aprendizagem e o papel da família: uma análise a partir da clínica. Ano da pesquisa: 2004 com o objetivo de “investigar como psicólogos e pedagogos que atuam em psicopedagogia na clínica compreendem os problemas de aprendizagem em crianças e como vêem o papel da família, especialmente dos pais, nos referidos problemas” (p.251). Entrevista semi-estruturada. “Como instrumento de coleta de dados, utilizamos um roteiro semi-estruturado, aplicado em entrevista individual com as participantes. Nesse roteiro, inicialmente, constaram as perguntas acerca dos dados sociodemográficos das entrevistadas e, em seguida, onze questões relacionadas aos objetivos da pesquisa, as quais foram distribuídas em dois blocos de pergunta” (p.254). 145 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 41 (SILVA, 2005) Aluno invisível: o professor olhou e não viu. Ano da pesquisa: 2004/2005. Com o objetivo de investigar como se apresenta a questão da invisibilidade do aluno, a partir dos norteadores teóricos da exclusão, prática curricular e cultura. O presente estudo ocorreu em dois momentos distintos nos dias: 23/08/2005, 24/08/2005 e 29/08/2005. O primeiro momento, foi realizado por meio de entrevistas semi estruturadas, com 16 professores, representando cerca de 39% do corpo docente da escola municipal Professor Motta Sobrinho. No segundo, foi realizado um grupo focal em três etapas, nas quais participam dois grupos de alunos horários diferentes, mas com o mesmo roteiro de entrevistas para ambos (p. 243). “A invisibilidade social exprime, de forma pungente, o significado da exclusão, na qual milhões de pessoas no mundo inteiro e pelos mais diversos motivos são vítimas. Logo, a escola por meio dos diversos mecanismos de que faz uso no processo ensino-aprendizagem, reproduz esse tipo de exclusão quando classifica, disciplina, controla, pune, rotula, impõe seus interesses, reprova, monocult uraliza, homogeneíza, violenta e discrimina” (p. 241). O grupo focal é uma modalidade especifica de grupo, que recupera um pouco do significado original do termo. Os membros de um grupo focal são selecionados por suas características comuns, com o objetivo de conhecer – através de entrevistas em profundidade – as percepções, atitudes e comportamentos de certos sujeitos sociais. [...] A metodologia de entrevistas grupais foi desenvolvida por Meton com o nome “foco de entrevista” e tornou-se uma técnica muito usada na segunda guerra mundial, especialmente para o trabalho com soldados que estavam na guerra. Iniciou-se com a avaliação de programas de rádio. Mais tarde, a partir dos anos cinqüenta passou a se muito utilizada pelo setor privado em análise de propaganda e em análises eleitorais [...] (p.157). A entrevista semi-estruturada pode ser diferenciada da estruturada e da entrevista aberta em relação as suas características. Dessa maneira, Triviños (1987) define entrevista semi-estruturada como: [...] Aquela que parte de certos questionários básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam a pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se reconhece respostas dos informantes. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento pelos investigados, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa. Essas perguntas fundamentais que constituem, em parte, a entrevista semi-estruturada, no enfoque qualitativo, não nasceram a priori. Elas são resultados não só da teoria que alimenta a ação do investigador, mas também de toda informação que ele já recolheu sobre o fenômeno social que interessa, não sendo menos importantes seus contatos, inclusive, realizados na escola das pessoas que serão entrevistadas (ibid, p.146). 42 (SZYMANSKY, 1994) Significado de avaliação para mães de uma escola estadual da região central de São Paulo. Ano da pesquisa: 1994. Com o objetivo de conhecer o significado de avaliação escolar para mães de crianças de uma escola estadual da região central de São Paulo. Foram feitas entrevistas semi-estruturadas nas quais se solicitou às mães que expressassem suas idéias sobre avaliação. A seguir, apresentaremos os resultados e sua análise. 146 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 43 (ZIBETTI, 2005) Os saberes docentes na prática de uma alfabetizadora: um estudo etnográfico. Ano da pesquisa: 2001-2003. Com o objetivo de “Analisar os saberes docentes mobilizados no processo de alfabetização, procurando compreender a apropriação e criação desses saberes” (p.80). Houve a realização de “uma entrevista inicial, semi-estruturada, com cada uma das participantes visando conhecer um pouco de suas ideias sobre alfabetização e suas trajetórias escolares e profissionais, antes de ingressar em suas salas de aula para iniciar a observação. As entrevistas foram gravadas e, posteriormente transcritas para análise” (p.86). Ao final do estudo foi realizada uma entrevista com duas professoras simultaneamente (p.87). ESTRUTURADA 44 (BARREIRO, 2006) Quando a diferença e motivo de tensão: um estudo de currículos praticados em classes iniciais do ensino fundamental. Uma vez selecionada a escola, cuja contextualização e caracterização. Adotou, para desenvolver a investigação, os seguintes procedimentos metodológicos: observação de reuniões pedagógicas de centros de estudos e planejamentos. Observação de situações de aula. Pesquisa qualitativa. Utiliza entrevista como instrumento de coleta de dados. “conversas” informais em meio ou ao final das aulas observadas. Entrevistas formais comtrês professoras, cujas aulas foram também objeto de observação (p. 90) procurou elaborar um roteiro de entrevista (p.91). 45 (COHEN, 2004) Uma questão entre psicanálise e educação: sobre a etiologia do fracasso escolar. o material recolhido veio de três fontes: 1- de entrevistas semi-diretivas com diretores de escola, professores das turmas de aceleração de aprendizagem e alguns alunos que desejaram participar da pesquisa; 2- dos dados levantados nas atas dos conselhos de classe (COC), nas atas dos conselhos de classe extraordinários (COCEX) e nas fichas de avaliação dos professores; 3- de alguns materiais didáticos utilizados no projeto. A entrevista foi o principal instrumento usado na coleta de dados, obedecendo a um roteiro pré-estabelecido, cujo objetivo era detectar o que havia ocorrido durante a execução do projeto político-pedagógico, no que concerne à relação professor-aluno e a outros fatores que poderiam estar interferindo no processo ensino-aprendizagem dos alunos (p.132) esse material foi complementado com depoimentos aleatórios, colhidos em entrevistas espontâneas com alunos de algumas escolas visitadas. 46 (COSTA, 2006) Bolsa-escola e inclusão educacional em Jaboticabal (SP). Dissertação de mestrado, pesquisa empírica e estudo de caso. “inclui a pesquisa empírica, utilizando a técnica de entrevista, seguindo um roteiro de questões que procuraram contemplar os objetivos acima delineados.” 147 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 47 (DIÓRIO, 2004) Ascensão escolar e profissionalização de bons alunos de baixa renda: avaliação de um programa brasileiro. Pesquisa experimental. Os dados iniciais (histórico escolar, de renda e informações pessoais) do grupo controle foram conseguidos nas escolas públicas e, os finais, por intermédio de entrevistas telefônicas com os próprios participantes da pesquisa ou com seus parentes diretos. Os dados foram digitados no programa Statistical Package For The Social Sciences (SPSS) para viabilizar as comparações através dos testes não paramétricos. Comparação de duas proporções. e qui-quadrado para uma única amostra. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Os dados finais da pesquisa foram coletados por intermédio de entrevistas telefônicas com os próprios participantes da pesquisa ou com seus parentes diretos. 48 (IBGE, 2005) Síntese dos indicadores sociais. Ano de coleta: 2004. Pesquisa quantitativa. Utiliza entrevista como instrumento de coleta de dados. Pessoas que têm a unidade domiciliar (domicílio particular ou unidade de habitação em domicílio coletivo) como local de residência habitual e estão presentes na data da entrevista, ou ausentes, temporariamente, por período não superior a 12 meses em relação àquela data. 49 (INEP, 2005) Relatório de gestão 2004 / Início da coleta de dados em 25/10/2004 e término em dezembro 2004. Pesquisa quantitativa cujo objetivo foi conhecer melhor a realidade da sociedade brasileira. Sob a coordenação do INEP a pesquisa coletou dados nacionais da educação na reforma agrária. Os dados para esta pesquisa foram coletados através de entrevistas e sobre esses dados afirma-se que: “Com esta publicação, o IBGE dá continuidade à produção e sistematização de relevantes estatísticas sociais e demográficas, atualizadas e desagregadas para as Unidades da Federação e regiões metropolitanas, de modo a subsidiar as políticas sociais específicas e ampliar o acesso da sociedade civil às informações estatísticas oficiais.” Modelos para professores e diretores de questionários e roteiros de entrevistas. 50 (INEP, 2006) Relatório de gestão. Ano da coleta: 2005. Pesquisa quantitativa. Realização de testes de língua portuguesa e matemática. Utiliza entrevista como instrumento de coleta de dados. Questionários e roteiros de entrevista desenvolvidos com alunos concluintes do processo de alfabetização avaliados. 3.000 professores pesquisados. (p.40). Modelos para professores e diretores de questionários e roteiros de entrevistas (p.165) 51 (IBGE, 2004) Pesquisa nacional por Amostra de Domicílios 2004. Rio de Janeiro: IBGE, 2004. / 2004 Grupos focais / entrevistas e questionários “a segunda etapa do estudo consistiu em entrevistas com dez mil pais ou responsáveis, em todos os estados brasileiros, durante os meses de janeiro e fevereiro de 2005. 148 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 52 (IBGE, 2006) O mercado trabalho segundo a cor ou raça - pesquisa mensal de emprego. O objetivo principal foi realizar uma análise comparativa da situação socioeconômica da população de pretos e pardos com a população branca. Os dados do IBGE são obtidos através de entrevista, e sobre este estudo relatou-se que: “o perfil descrito neste estudo foi baseado nos dados de setembro de 2006 e, para captar possíveis mudanças nesta estrutura, foram feitas algumas comparações com os meses de setembro dos anos anteriores.” 53 (LADEIA, 2002) O Fracasso Escolar na 5ª Série Noturna na Visão de Alunos, Pais e Educadores. Ano da coleta de dados: 1998/2001. Pesquisa qualitativa de doutoramento teve como objetivo estudar os fatores que, na visão de alunos, pais e educadores, influem no desempenho ou produzem o fracasso de alunos da 5ª série noturna de uma escola pública da rede de ensino do estado de São paulo. Entrevistas com roteiros previamente elaborados, com questões abertas, excetuando- se o caso dos pais, que continham questões do tipo “alternativa-fixa”. Os dados foram coletados por meio de entrevista que, segundo Lüdke & André (1986), é um dos principais tipos de instrumento empregado em estudos qualitativos. Nas entrevistas realizadas com os diferentes segmentos foram utilizados roteiros previamente elaborados, sobretudo com questões abertas, excetuando-se o caso dos pais. 54 (MAGALHÃES, 2002) Enfrentando a pobreza, reconstruindo vínculos sociais: as lições da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida / A pesquisa teve como objetivo explorar algumas questões relevantes em torno do debate sobre a miséria, a exclusão e o processo de construção de novos perfis de intervenção pública e participação cívica, suscitadas ao longo da pesquisa realizada junto aos “Comitês da Ação da Cidadania” no Rio de Janeiro, entre 1996 e 1997. Após um mapeamento dos comitês da Ação da Cidadania, realizado entre dezembro de 1995 e fevereiro de 1996, foram escolhidos comitês para a realização de entrevistas com o voluntariado. Ao todo, foram sistematizadas 25 entrevistas, envolvendo 39 depoimentos, colhidos individualmente ou em pequenos grupos. O roteiro das entrevistas serviu de ponto de partida para apreensão das diferentes dinâmicas de trabalho e participação. A flexibilidade foi exercitada ao máximo, com vistas a garantir espaço para que os voluntários falassem também de questões não previstas, em salas cedidas por ONGs, creches comunitárias, igrejas, agências bancárias, escolas e associações de moradores (p.128). 149 Editora Realize Campina Grande-PB 2015 ISBN: 978-85-61702-36-6 Pesquisas em Educação: a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU) 55 (MALTA, 1998) Estado nutricional e variáveis sócio-econômicas na repetência escolar: um estudo prospectivo em crianças da primeira série em Belo Horizonte, Brasil. Pesquisa quantitativa realizada em quatro escolas municipais, onde já estava implantado o programa de saúde escolar, da secretaria municipal de saúde. A pesquisa procurou verificar a existência de associação entre repetência escolar, medidas antropométricas e variáveis sócio-econômicas em crianças da primeira série do primeiro grau, determinando qual a capacidade destas variáveis na predição da repetência. Os resultados apontam que