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A entrevista nos estudos sobre o fracasso escolar


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Editora Realize
Campina Grande-PB
2015
ISBN: 978-85-61702-36-6
Pesquisas em Educação: 
a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU)
A entrevista nos estudos sobre o fracasso 
escolar: silenciando as voz dos alunos e 
falando sobre eles
Carmen Lúcia Guimarães de Mattos 
Paula Almeida de Castro 
Introdução1
Esse texto divide-se em duas partes. A primeira é conceitual 
onde se apresenta considerações sobre o uso da entrevista na pesquisa 
qualitativa. A segunda é analítica, faz um exame metodológico-epis-
temológico de seiscentos e oitenta e três (683) textos sobre o fracasso 
escolar com o objetivo de identificar o uso ou não de entrevistas como 
instrumento de pesquisa e de que forma os alunos e alunas, sujeitos do 
fracasso foram acessados. 
A hipótese construída para esta investigação derivou do fato que, 
muitas vezes em pesquisas da área da Educação, pesquisadores utili-
zam a entrevista como recurso e associam este uso à etnografia. Assim, 
somente a partir desse critério classificam seus trabalhos como etno-
gráficos. Esta hipótese foi evidenciada nas pesquisas sobre o fracasso 
escolar realizadas em escolas e/ou que falam sobre escolas e que pos-
sibilitariam o acesso ao aluno através de observações de sala de aula, 
vídeos, focus group, estudo de caso, dentre outros instrumentos de 
1 Este texto é parte dos resultados da pesquisa intitulada: Fracasso Escolar: Gênero e Pobreza 
(2008-2010), financiada pelo CNPQ, processo, 400531/2008-9, foi apresentado em versão 
inicial no British Educacional Research Association Annual conference of BERA (2008) e 
no IV Seminário Internacional de Pesquisa e Estudos Qualitativos (SIPEQ) em 2010.
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pesquisa qualitativa e que estes seriam facilitados ou ampliados pelo 
uso da entrevista como instrumento. 
O pressuposto inicial foi o de investigar a presença ou não de alu-
nos como informantes primários nestes relatos de pesquisas. Buscou-se 
investigar como esses estudos situam o aluno no contexto educacional. 
Se eles incluem ou não os alunos como informantes diretos ou indiretos. 
Se eles foram ouvidos ou não quando do uso de entrevista? Analisou-se, 
ainda, os tipos de entrevistas predominantes nos estudo que a utilizaram 
como instrumentos.
Considerações sobre o uso da entrevista 
na pesquisa qualitativa
Por que entrevistar? Como resposta a este questionamento 
compreende-se que a entrevista ocorre por existir o interesse do entre-
vistador nas histórias que o entrevistado pode contar. Esta é a forma 
mais simples de se definir o uso de entrevistas em pesquisas. Alguém 
está interessado em conhecer o outro e fazer sentido das experiências 
deste outro. 
Neste sentido, entrevistar ocorre como uma possibilidade e/
ou oportunidade para aprofundar e ampliar dados de pesquisa coleta-
dos por outros tipos de instrumentos. Esse aprofundamento se dá pela 
necessidade em entender os participantes através de seu discurso sobre 
um determinado tema de pesquisa. Na descrição de uma entrevista 
a ótica e o conteúdo da fala do entrevistado devem ser considerados 
como principais fontes de dados. Deste modo, o entrevistador talvez 
possa descrever as percepções, representações, conceitos, valores, den-
tre outros, de modo mais coerente e claro a partir do que o entrevistado 
significa com a sua fala. 
Ao narrar sobre sua história de vida uma pessoa tende a selecio-
nar detalhes para mostrar ao entrevistador como ele faz sentido de algo 
que julga ser importante para o desenvolvimento da pesquisa deste. O/a 
entrevistado/a tem consciência de que o/a entrevistador/ra precisa com-
preender alguma coisa sobre esta história de vida. O entrevistador tem 
consciência de que a parte da história que está sendo revelada pode não 
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refletir o momento que está sendo vivido por ambos – entrevistador e 
entrevistado –, mas que é necessário fazer sentido daquele momento. 
De modo que a história trazida à tona pelo entrevistado precisa ser res-
peitada e seu significado preservado em termos da contextualização 
evocada por ele/ela que pode tanto ser posterior quanto anterior ao fato 
narrado. A contextualização evocada pelo entrevistado é uma parte do 
todo da consciência maior que ele/ela pretende comunicar sobre o tema 
abordado (VYGOSTSKY, 1979). 
É, pois através dessa contextualização dos fatos apresentados 
que o tema ganha significado na história a ser contada. Há que se 
destacar que cada palavra do entrevistado é utilizada para significar o 
contexto do qual tem consciência através da ação ou evento lembrado 
durante a entrevista e que é importante para ele naquele momento 
(SEIDMAN, 1998, p.2). A lembrança de fatos e eventos é propor-
cionada através de canais de comunicação consigo mesmo, cadeias 
de ideias interconectadas. Portanto, pode-se inferir que entrevista-se 
alguém para se ter acesso ao conteúdo das informações que uma pes-
soa tem sobre um determinado tema ligado à memória e lembranças. 
Para os que se interessam pela entrevista como ferramenta de pes-
quisa, um dos argumentos para seu uso está na natureza dos conteúdos 
de fatos, eventos, ideias e conceitos que as lembranças do entrevis-
tado podem evocar. 
A entrevista é ainda considerada, uma técnica ou instrumento 
da investigação científica e como tal, possibilita colher dados sobre 
o dia-a-dia das pessoas e levar estes dados ao nível do conhecimento 
empírico a ser elaborado de forma científica. De acordo com Labov e 
Fanshel (1977) a entrevista é um evento de fala que se constitui numa 
conversa no qual ambos – entrevistador e entrevistado – possuem múl-
tiplas tarefas a serem cumpridas. Estas envolvem engajamento, troca, 
cumplicidade e doação. Através do desdobramento dessas tarefas esse 
evento significa uma situação única de compartilhamento íntimo, sub-
jetivo, revelador, cujo produto é uma informação significativa para o 
entrevistador. Não raro esta informação revela fatos subliminares ao 
tema estudado e a nível consciente do entrevistado. 
Além dos fatos subliminares existe uma inferência do entrevista-
dor sobre a realidade compartilhada durante a observação participante 
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e que, muitas vezes, não foi vivenciada por ele. Esta inferência é reve-
lada, quando o entrevistado ao reviver a experiência mutuamente 
compartilhada expressa uma dimensão subjetiva do que foi observado. 
Esta experiência se dá através de uma imersão no tema da entrevista de 
maneira a explicar fatos que são pouco evidentes aos olhos do entre-
vistado. Ela se dá através da compreensão da realidade vivida por ele 
e que foi pouco experimentada pelo entrevistador por ser um elemento 
estranho àquela realidade. 
Para Goffman (2011) estas instâncias reveladoras, durante uma 
entrevista, são subjetivas e surgem em forma de quadros, frames e 
enquadres como em uma cena de filme em câmera lenta. Os quadros 
em frames (fotos) são visualizados pelo entrevistado, passo a passo e 
é assim passado para o entrevistador de modo a explicar detalhes dos 
fatos, auxiliando ambos – entrevistador e entrevistado – a tornarem-se 
reflexivos e ativos na forma de conduzir a entrevista. 
De acordo com Seidman (1998) o uso da linguagem contém em 
si mesmo o paradigma do questionamento cooperativo. Entrevistar é 
uma forma de pesquisar, recortar narrativas e experiências de comuni-
cação através da linguagem. Entretanto, questiona-se se contar histórias 
é fazer ciência. O autor responde que as melhores histórias são aquelas 
que nascem não somente nas mentes das pessoas, mas em seus cora-
ções, em suas almas e quando isso acontece, elas têm novas ideias, 
novasformas de entender as questões que lhes vem a mente. O desafio 
do método científico é poder servir a esse objetivo. Portanto, segundo 
o autor, a questão não é se contando histórias se faz ciência, mas se a 
ciência pode aprender a contar boas histórias (REASON, 1981 apud 
SEIDMAN, 1998, p.2).
A pós-modernidade trouxe para o homem a crise de sentidos 
(BERGER & LUCKMANN, 2004) e com ela uma maior dificuldade 
para lidar com o compartilhamento de significado e até mesmo com 
o reconhecimento desse significado em sua própria vida. A partir 
do momento, em que a comunidade de vida (idem) perde o sentido, 
em muitos aspectos, a identidade do indivíduo fica fragmentada 
(BAUMAN, 1997) e o mesmo, parece não conseguir se expressar 
livremente sobre si. Neste sentido, promover uma entrevista é ten-
tar gerar significado a partir da troca com o entrevistado, pois este 
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busca o seu posicionamento de vida, a coerência de sua vida, de sua 
identidade e muitas vezes, diante do conflito em que vive não con-
segue realizar uma narrativa coerente sobre si. A fragmentação das 
instituições em que vive, deslocada do ponto principal e do tema da 
entrevista, faz com que o entrevistado narre a vida de outrem em lugar 
da sua, uma pessoa distante dele, como se esta fosse a sua própria. A 
entrevista, segundo Pinheiro (2000, p. 186), pode ser entendida como 
uma prática discursiva, por meio da qual se produzem sentidos e se 
constroem versões da “realidade”. 
Neste sentido Lakatos e Marconi, (1991, p.196) corroboram 
com Pinheiro e explicam que existem seis tipos de motivações e difi-
culdades que justificam o uso da entrevista como instrumento: (1) 
Averiguação de fatos; (2) Determinar opiniões sobre esses fatos; (3) 
Determinar sentimentos que envolvem esses fatos; (4) Descobrir pla-
nos de ação; (5) Entender condutas atuais ou passadas; (6) Entender 
motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas de condutas, 
dentre outros. Ainda nessa linha pode-se entender as recomendações 
de Frederick Erickson (1986) quando indica que para realizar uma 
entrevista é necessário (1) identificar o significado social ou meta-
fórico da fala, bem como seu significado literal ou referencial e (2) 
identificar significados dos pontos de vista dos participantes nos 
eventos observados e/ou relatados. 
Erickson (Idem) recomenda ainda que é fundamental para ambos 
os atores de uma entrevista os seguintes questionamentos: Quem? O 
Quê? Quando? Onde? Por quê? Como? Estas perguntas devem ser colo-
cadas a cada assunto novo tratado na entrevista. Elas auxiliam a fazer 
sentido do que está sendo falado pelo entrevistado: Quem? Refere-se 
a identidade do entrevistado no momento da entrevista, o pai, o traba-
lhador, o filho, o homem pobre, o político, o esposo; O que? Refere-se 
ao que o entrevistado diz - reflete sua identidade imediata ligada ao que 
usualmente ela representa no contexto estudado; Quando? Refere-se a 
noção de temporalidade, como o entrevistado se posiciona no tempo e 
no espaço, em relação as noções de hoje, ontem e amanhã, a clareza na 
definição dos fatos em relação temporal; Onde? Refere-se ao momento 
histórico atual, da idealização do pensamento atual, por exemplo, quando 
ao falar da escola que seu filho frequenta hoje, fala-se dela demonstrando 
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noções definidas de contexto, isto é, da escola que vê ou que pensa estar 
vendo; Por quê? Refere-se a forma de falar, o porque ele fala desta e 
não daquela forma que o entrevistador o ouviu falar a poucos momentos 
antes da entrevista. Refere-se a mudança na fala, na compreensão da rea-
lidade e suas explicações imediatas; Como? Refere-se ao fazer sentido 
do que fala, que estratégias usar para significar o mundo.
De acordo com Erickson (1986) estas perguntas podem suscitar 
a reflexão e as percepções dos entrevistados em relação ao entrecru-
zando categorias de análise fundamentais que suscitam novas questões 
sugeridas por Spradley (1980 p. 82 e 83) Espaço, como lugares físi-
cos; Ator, aquele que é entrevistado; Objeto, representam as coisas 
físicas presentes que explicam o que está sendo dito pelo entrevistado; 
Atividade, caracteriza os eventos e ações do sujeito; Ato, é cena vivida 
pelo entrevistado; Evento, engloba as acontecimentos em determinado 
contexto muitas vezes ritualizado; Tempo, é a duração da sequência 
dos acontecimentos; Objetivo, refere-se ao como as pessoas percebem 
o seu mundo o que esperam do futuro; Sentimento, relaciona-se às 
emoções evidenciadas e/ou expressas durante a entrevista. Veja no 
Quadro I, abaixo, as interconexões dessas categorias analíticas em 
forma de questionamentos aos dados, o quadro foi idealizado por 
Spradley (1980, tradução nossa) e serve de base para as análises que 
o pesquisador pode realizar ao questionar os dados do seu campo de 
observação ou das entrevistas.
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Quadro I- Analise de dados
ESPAÇO OBJETO ATO ATIVIDADE EVENTO TEMPO ATOR OBJETIVO
S E N T I M E N -
TO
ESPAÇO
Você pode 
d e s c r e v e r 
com detalhes 
todos os lu-
gares?
Como o es-
paço é orga-
nizado pelos 
objetos?
De que modo 
o espaço é 
o rg a n i z a d o 
pelas ações?
Como o es-
paço é orga-
nizado pelas 
atividades?
De que modo 
o espaço é or-
ganizado pe-
los eventos?
Que mudan-
ças ocorreram 
com o tempo?
De que modo 
o espaço é 
usado pelos 
atores?
De que modo 
o espaço se 
relaciona com 
os objetivos?
Que lugares se 
associam aos 
sentimentos?
OBJETO
Onde os obje-
tos estão loca-
lizados?
Você pode 
d e s c r e v e r 
em detalhes 
todos os ob-
jetos?
De que modo 
os objetos são 
usados nos 
atos?
De que modo 
os objetos são 
utilizados nas 
atividades?
De que modo 
os objetos são 
usados nos 
eventos?
Como os 
objetos são 
usados nos 
d i f e r e n t e s 
tempos?
De que modo 
os objetos são 
usados pelos 
atores?
Como são 
os objetos 
usados para 
atingir os ob-
jetivos?
Quais são todos 
os modos de 
evocar senti-
mentos através 
dos objetos?
ATO
Como os atos 
ocorrem?
Como as 
ações são 
incorporadas 
no uso dos 
objetos?
Você pode 
descrever em 
detalhes to-
das as ações?
Como as 
ações fazem 
parte das ati-
vidades?
Como as 
ações fazem 
parte dos 
eventos?
Como os 
atos variam 
ao longo do 
tempo?
De que modo 
é a perfor-
mance dos 
atores em re-
lação as suas 
ações?
De que modo 
as ações são 
relacionadas 
aos objetivos?
Quais são todos 
os casos que os 
atos são ligados 
aos objetivos?
ATIVIDADE
Quais são 
todos os lu-
gares em que 
as atividades 
ocorrem?
De que modo 
as atividades 
são incorpo-
radas aos ob-
jetos?
De que modo 
as atividades 
são incor-
poradas aos 
atos?
Você pode 
d e s c r e v e r 
em detalhes 
todas as ati-
vidades?
De que modo 
as atividades 
fazem parte 
dos eventos?
Como as 
a t i v i d a d e s 
variam nos 
d i f e r e n t e s 
tempos?
De que modo 
as atividades 
envolvem os 
atores?
De que modo 
as atividades 
envolvem os 
objetivos?
Como as ativi-
dades envolvem 
os sentimentos?
EVENTO
Quais são to-
dos os lugares 
onde os even-
tos ocorrem?
De que modo 
os eventos 
são incorpo-
rados aos ob-
jetos?
De que modo 
os eventos in-
corporam os 
atos?
De que modo 
os eventos 
são incorpo-
rados pelas 
atividades?
Você pode 
d e s c r e v e r 
em detalhes 
todos os 
eventos
Como os 
eventos ocor-
-rem ao longo 
do tempo? 
Existe alguma 
seqüência?
Como os 
eventos en-
volvem vários 
atores?
Como os 
eventos estão 
relacionados 
aos objetivos?
Como os even-
tos envolvem 
sentimentos?
TEMPO
Quando os 
períodos de 
tempo ocor-
rem?
De que modo 
o tempo afeta 
os objetivos?
Como os atos 
encaixamno 
período de 
tempo?
Como as ati-
vidades en-
caixam dentro 
de um perío-
do de tempo?
Como os 
eventos se 
a c o m o d a m 
no período de 
tempo?
Você pode 
d e s c r e v e r 
em detalhes 
todos os tem-
pos?
Quando todos 
os atores se 
e n c o n t r a m 
num único 
estágio de 
tempo?
Como os ob-
jetivos se re-
lacionam com 
os períodos 
de tempo?
Como os sen-
timentos são 
evocados nos 
diferentes perí-
odos de tempo?
ATOR
Onde os ato-
res colocam-
-se a si mes-
mos?
De que modo 
todos os ato-
res usam os 
objetivos?
De que modo 
todos os ato-
res usam as 
ações?
De que modo 
os atores se 
envolvem nas 
atividades?
Como os 
atores se en-
volvem nos 
eventos?
Como os ato-
res mudam no 
decorrer do 
tempo ou em 
tempos dife-
rentes?
Você pode 
d e s c r e v e r 
em detalhes 
todos os ato-
res?
Quais atores 
estão conecta-
dos com quais 
objetivos?
Que sentimen-
tos são experi-
mentados pelos 
atores?
OBJETIVO
Onde os ob-
jetivos são 
buscados e 
atingidos?
De que modo 
os objetivos 
estão envol-
vidos com os 
objetos?
De que modo 
os objetivos 
envolvem as 
ações?
Quais ativi-
dades buscam 
os objetivos? 
Ou estão liga-
das a eles?
Quais são to-
dos os modos 
em que os 
eventos são 
ligados aos 
objetivos?
Quais ob-
jetivos são 
organizados 
em relação ao 
tempo?
Como os vá-
rios objetivos 
afetam os vá-
rios atores?
Você pode 
d e s c r e v e r 
em detalhes 
todos os ob-
jetivos?
Quais são to-
dos os modos 
de os objetivos 
evocarem senti-
mentos?
S E N T I M E N -
TO
Quando os 
vários estados 
de sentimen-
tos ocorrem?
Quais senti-
mentos levam 
ao uso de 
quais objetos?
De que modo 
os sentimen-
tos afetam os 
atos?
De que modo 
os sentimen-
tos afetam as 
atividades?
De que modo 
os sentimen-
tos afetam os 
eventos?
Como sen-
timentos se 
r e l a c i o n a m 
com os vários 
períodos de 
tempo?
Como os 
sentimentos 
envolvem os 
atores?
Como os sen-
timentos in-
fluenciam os 
objetivos?
Você pode des-
crever em de-
talhes todos os 
sentimentos?
Fonte: Spradley (1980, p. 82 e 83)
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Neste segmento do texto foram apresentados considerações sobre 
o uso da entrevista em pesquisa qualitativa com ênfase na entrevista 
etnográfica. Buscou-se explorar conceitos e formas de se pensar a 
entrevista como um instrumento importante de pesquisa que exige o 
cuidado em sua definição assim como no seu preparo enquanto técnica 
para a valorizar o contexto a ser pesquisado e principalmente a voz do 
informante-sujeito da pesquisa. 
A seguir apresentar-se-á o estudo analítico desenvolvido a par-
tir de textos que versam sobre o fracasso escolar presente na literatura 
sobre educação e parte do banco de dados realizado para a pesquisa 
de Mattos; Castro (2010) com a intensão de verificar o uso ou não da 
entrevista e após essa verificação saber de que modo esta foi utilizada 
e quem foi o principal informante, assim como as implicações sobre 
essas escolhas tanto do informante quanto do tipo de entrevista. 
Analise metodológico-epistemológica dos textos 
sobre o fracasso escolar
Nesta sessão será realizada uma análise metodológico-episte-
mológica em textos sobre o fracasso escolar2. O acesso a este corpus 
de dados foi a partir da palavra-chave: fracasso escolar, e a busca se 
deu em artigos científicos da área da Educação em jornais e revistas 
científicas de origem nacional assim como em teses e dissertações que 
universidades brasileira no período entre 1987 a 2007. Uma busca ini-
cial em seiscentos e oitenta e três (683) textos sobre o fracasso escolar 
indicou que cento e quarenta e nove (149) mencionavam a entrevista 
como instrumento de pesquisa e deste foram destacados noventa e nove 
que 99 que falaram dos alunos como objeto/sujeito de suas pesquisas. 
Esses textos foram analisados através de mapas conceituais em acordo 
com as perguntas elencadas no Quadro II.
2 A lista completa com os 683 textos está disponíveis em anexo ao relatório da 
pesquisa“Fracasso Escolar: Gênero e Pobreza (2008-2010)” por Mattos e Castro, 2010. 
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Quadro II. Modelo do mapa conceitual utilizado
Fonte: Mattos e Castro, 2010
As etapas de análise desenvolvidas foram: Catalogação dos 683 
textos sobre fracasso escolar utilizando o software EndNote3; Análise 
destes textos utilizando o software Atlas.ti tendo como categorias de 
análise as palavras - entrevista, conversas, pesquisa, questões, procedi-
mentos e instrumentos; Análise das categorias encontradas pela maior 
frequência de palavras que emergiram do Atlas.ti; Construção do mapa 
conceitual dos 149 textos com o objetivo de responder as questões 
propostas; Seleção dos textos que utilizaram entrevista como instru-
mento de pesquisa, na qual 99 textos foram destacados; Classificação 
destes textos quanto a sua natureza teórica, empírica e outros tipos; 
Classificação dos textos selecionados quanto ao uso que fizeram da 
entrevista, os dados que emergiram desta análise foram: usou entre-
vista para estudar o tema metodologicamente; usou dados e outras 
entrevistas para realizar entrevistas no estudo relatado, usou entrevista 
para falar dela a partir de outros estudos que usaram entrevistas como 
instrumento; Classificação quanto aos tipos de entrevistas utilizadas a 
partir de termos identificados no discurso do autor: 1) entrevista aberta, 
não estruturada, etnográficas; 2) entrevista estruturada; 3) entrevista 
semiestruturadas e/ou semiabertas e 4) outros tipos de entrevistas: do 
tipo entrevista clínica e /ou anamnese; combinada com questionário; 
combinada com observação; combinada com desenho; do tipo focus 
group; combinada com relatório; do tipo devolutiva e; por fim, quais 
textos declaram utilizar entrevistas como instrumento sem explicar o 
tipo ou uso que fizeram das mesmas. Destacaram-se, dentre os diversos 
3 Os software EndNote é uma ferramentas digital que permitem a criação de banco de dados 
bibliográfico e o Atlas.ti é um software de análise de conteúdo.
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tipos de entrevistas mencionados nos estudos analisados a entrevista 
estruturada, a entrevista aberta e a entrevista semiestruturada que serão 
exploradas a seguir.
Entrevistas estruturada, aberta, semiestruturada 
e outros tipos 
No primeiro tipo mencionado a entrevista estruturada é entendida 
aqui como aquela que inclui perguntas programadas e/ou formuladas 
previamente que não serão alteradas durante o curso da investigação. 
Geralmente, segue um roteiro fechado de questões ou um guia. 
Oposta a esta, encontra-se o segundo tipo, a entrevista aberta 
que se caracteriza por uma conversa. Pois não segue formalmente um 
guia e/ou roteiro previamente elaborado. Este tipo é também compa-
rado a um bate-papo, uma conversa informal, um diálogo aberto entre o 
entrevistador e o entrevistado sobre o tema em estudo. De acordo com 
Gomes (2004, p.5) a entrevista aberta é aquela que oferece um conte-
údo privilegiado para a análise realizada pelo autor e cada entrevista 
deve ser tomada em sua totalidade. Para isso o discurso escrito precisa 
ser o mais fiel possível ao discurso falado. Porém, a busca da forma e 
sentido do conteúdo desse discurso depende de quem os interpreta, as 
entrevistas etnográficas são as que mais de enquadram neste tipo.
O terceiro tipo de entrevista é a semiestruturada na qual tende-se 
a misturar ambas as características dos tipos de entrevistas descritas 
anteriormente. Neste tipo de entrevista existe ampla liberdade do pes-
quisador, ela é flexível e permite perguntas e/ou as intervenções para 
elucidar um caso particular do roteiro previsto. Neste tipo de entre-
vista pode existirum guia e/ou um roteiro, mas este é utilizado sem o 
rigor da entrevista estruturada, podendo sofrer alterações no decorrer da 
entrevista. Para Triviños (1987 apud SILVA, 2005, p.146) a entrevista 
do tipo semiestruturada é aquela em que o informante segue esponta-
neamente uma linha de seu pensamento e pode participar na elaboração 
do conteúdo da entrevista. Este conteúdo envolve não somente a teo-
ria que advêm do repertório dos entrevistados, mas também, da ação 
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de entrevistar, sendo, muitas vezes, um complemento às informações 
já obtidas pelo entrevistador sobre o tema de seu estudo no campo de 
pesquisa.
Discussão dos Resultados 
Os dados resultantes das análises realizadas para o relato deste 
segmento do texto foram reunidos de duas formas. A primeira em 
forma de uma tabela4 com a identificação do texto pesquisado e do 
tipo de entrevista encontrado. Nela foram destacados itens considera-
dos importantes para a análise da entrevista como metodologia, deles 
constam – identificação do texto estudado e descrição do mesmo sobre 
a entrevista 
Na segunda forma de análise explora o tipo de entrevista identi-
ficado no texto pela frequência de cada tipo elaborado. Veja no Quadro 
III o gráfico contendo os dados numéricos e a tipologia de entrevista.
Quadro III Tipos de entrevistas nos 99 textos analisados
Fonte: Mattos; Castro 2010
4 Veja em anexo I ao final do texto a tabela I com os noventa e nove (99) textos.
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Conforme apresentado no Quadro III, acima, a maior parte das 
entrevistas são do tipo estruturada (26) seguida da semiestruturadas 
presente em 23 estudos e 22 textos que citam usar a entrevista mas não 
explicam o tipo e as que usam outros tipos de entrevistas que somam 
18, restando o menor quantitativo para as entrevistas aberta (8), isso 
significa que somente 8 de 683 estudos sobre o fracasso ouviu o sujeito 
do estudo ou ouviu alguém falar sobre ele. O próximo passo desta 
análise procurou identificar quem foram os entrevistados e como os 
mesmos são representados em relação ao objeto de estudo – o fracasso 
escolar. Buscou-se aprofundar nas análises e verificou-se que somente 
1 pesquisador ouviu abertamente os alunos os demais ouviram outros 
sujeitos da escola, com predominância maior em ouvir o professor e os 
gestores da escola. 
Conclusão 
O estudo desenvolvido procurou identificar a presença ou não de 
alunos como informantes primários possibilitando visualizar como os 
pesquisadores situam o/a aluno/a, se eles/elas foram ouvidos/as ou não, 
em destaque nos estudos sobre o fracasso escolar. A escolha por analisar 
os estudos sobre o fracasso escolar se deu na medida em que pesquisas 
sobre o fracasso escolar são necessárias, não somente para dar sentido 
aos novos processos de avaliação, mas para entender a subjetividade 
imersa no estigma e na realidade do aluno e aluna fracassados na escola 
e buscar indicadores mais sensíveis à realidade educacional para o seu 
enfrentamento e prevenção.
O não-indicativo da fala dos alunos e alunas foi ilustrado nas 
análises realizadas. Destas, depreendeu-se, como ilustrado no Quadro 
III, que comparando o total dos seiscentos e oitenta e três (683) estu-
dos examinados em termos de sua natureza, somente cento e quarenta 
e nove (149) optaram por ouvir os participantes da pesquisa sobre o 
tema fracasso escolar. Este dado indica que os demais falaram “sobre” 
fracasso escolar teoricamente, utilizando a literatura disponível para 
apoiar ou criar seus argumentos. 
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Destaca-se, de modo surpreendente, que em oito (8) textos, 
apenas 1 utilizou a entrevista aberta com o objetivo de ouvir o aluno 
fracassado. Os demais, embora variando o modelo de entrevistas, falam 
“com” e “sobre” o fracasso abordando diferentes pessoas envolvidas no 
processo, exceto o aluno e a aluna, vítimas do processo de exclusão e 
fracasso escolar.
 Outro dado a ser destacado é que 26 textos utilizam entrevis-
tas estruturadas no total de trabalhos que mencionam o uso da mesma. 
Pode-se inferir sobre uma dificuldade, entre os pesquisadores, em lidar 
“com a fala do outro”, ao mesmo tempo, indicando a necessidade de 
controlar “o que este outro fala”. Deduz-se que “a priori” o “outro” 
deve ser capaz de “dizer” aquilo que está previsto no script do ouvinte 
ou deverá manter-se “calado”, pois o pesquisador possui uma agenda 
própria para a realização de seu estudo. A utilização da entrevista não 
indica a inclinação do pesquisador para “ouvir”, muitas vezes, apenas 
porque a técnica escolhida para coletar seus dados deve incluir a dita 
“voz do oprimido”. Voz esta que é amplamente utilizada nas publicações 
disponíveis em Educação desde os trabalhos de Paulo Freire (1966). 
Contudo, na maioria destas publicações a menção à voz do oprimido, 
de que nos fala Freire, não levam em conta as considerações feitas por 
este autor que indicam o significado de “ouvir” e de “ser ouvido”. 
Deste modo, pretende-se não somente contribuir para os estudos 
qualitativos, como a etnografia, mas traçar um perfil de pesquisas que 
utilizam entrevistas identificando o uso que fizeram da mesma.
Referências 
ALVES, Alda Judith. O planejamento de pesquisas qualitativas em edu-
cação. Cadernos de Pesquisa, São Paulo (77): 53-61, maio, 1991.
BAUMAN, Zygmunt.O mal-estar da pós-modernidade Rio de 
Janeiro: Zahar Editor (Tradução: Mauro Gama e Cláudia Martinelli 
Gama), 1997.
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BERGER, P. L.; LUCKMANN T. Modernidade, pluralismo e crise 
de sentido: a orientação do homem moderno. Petrópolis: Vozes, 2004.
ERICKSON, F. Qualitative methods in research on teaching. In: 
WITTROCK, M. C. (Ed.). Handbook of research on teaching. 3rd 
ed. New York: Macmillan, 1986.
FREIRE, P., Educação como prática da liberdade. 23 ed. Rio de Janeiro: 
Paz e Terra, 1966. 
GOFFMAN, Erving. Rituais de Interação: Ensaios sobre o comporta-
mento Face a Face. Petrópolis: Editora Vozes[1967] 2011. 255p.
GOMES, R. D. C. O. Conversando com mães e professoras sobre as 
orquídeas e os girassóis da exclusão: Teorias subjetivas sobre práticas 
de educação e desenvolvimento infantil, em instituições comunitá-
rias. Niterói, RJ, 2004. 271 p. Dissertação (Mestrado) Faculdade de 
Educação, Universidade Federal 
LABOV, W; David Fanshel. Therapeutic Discourse: Psychotherapy as 
Conversation. New York: Academic Press, 1977.
LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia 
científica. São Paulo: Atlas, 1991.
MATTOS, C.L.G de; Castro, P. A de. Fracasso Escolar Gênero e 
Pobreza. Relatório final de Pesquisa. CNPq. UERJ. NETEDU: Rio de 
Janeiro. Publicação on-line: www.netedu.pro.br, 2010
PINHEIRO, Odette de Godoy. Entrevista: uma prática discursiva. In: 
SPINK, Jane Mary (Org). Práticas Discursivas e a produção de sen-
tido no cotidiano – aproximações teórico e metodológicas. São Paulo: 
Cortez Editora, 2000.
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SEIDMAN Irving, Interviewing as qualitative research; a guide for 
researchers in Education and the social sciences, 2nd ed. Teacher 
College Press: New York: 1998. 
SILVA, W. L. D. Aluno Invisível: o professor olhou e não viu. Rio de 
Janeiro, 2005. 257 p. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Educação, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
SPRADLEY, J. P. 1980 - Participant Observation, Holt, Richart & 
Winston (Eds). 
TRIVIÑOS, AugustoN. S. Introdução à Pesquisa em Ciências 
Sociais. 1ª edição. São Paulo: Atlas Editora.1987. 176 p.
VYGOTSKY, L.S Pensamento e Linguagem. Lisboa, Portugal: 
Anídoto, 1979.
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Anexo I- Tabela I
Entrevista nos estudos sobre Fracasso escolar (99 textos)
UTILIZA OUTROS TEXTOS COM ENTREVISTA
Nº Sobre o texto Descrição
1
(ALVES, 1991) O planejamento de pesquisas 
qualitativas em educação. 
Como instrumento. "As entrevistas qualitativas 
são geralmente muito pouco estruturadas, 
assemelhando-se mais a uma conversa do 
que a uma entrevista formal. Mesmo nesses 
casos, porém, é possível indicar no projeto o 
objetivo geral da entrevista e, frequentemente, 
os principais aspectos que pretende indicar o 
número aproximado de entrevistas e o tipo 
de respondentes (por exemplo, alunos, pais, 
professores, etc.)" p. 60.
2
(BRANCALHONE, et al., 2004) Crianças 
expostas à violência conjugal: avaliação do 
desempenho acadêmico. Estudo realizado 
em Escolas municipais e estaduais de 
São Carlos comparou crianças expostas à 
violência conjugal com crianças não expostas, 
controlando variáveis significativas como sexo, 
idade, escolaridade, condição socioeconômica 
e constituição familiar. “Apesar dos controles 
tomados, trata-se de um estudo correlacional, 
frequente em pesquisas que buscam 
compreender o fenômeno da violência”.
Outras pesquisas. “Foi realizada uma entrevista 
com as mães dos grupos a e b para se obter 
dados sobre a ocorrência da violência, renda, 
constituição familiar e o desempenho da 
criança na es cola” (p. 114).
3
(DEGENSZAJN; PATAH; KOTSUBO, 2001) 
Fracasso escolar: uma patologia dos nossos 
tempos?
Outras pesquisas que utilizam entrevista 
como instrumento de coleta de dados. 
Segundo pesquisa de Collares e Moysés 
(1992), realizada a partir de entrevistas com 
professores e diretores da rede pública em 
Campinas, SP, foi possível constatar que 92% 
dos entrevistados acreditavam que o fracasso 
escolar deve-se a problemas emocionais ou 
neurológicos das crianças e a totalidade afirmou 
que as dificuldades escolares têm como causas 
problemas biológicos e de desnutrição.
4
(DAYRELL; GOMMES, s/d) A juventude 
no Brasil. Segundo a pesquisa, o jovem não 
é levado a sério, exprimindo a tendência, 
muito comum nas escolas e programas 
educativos, de não considerar o mesmo como 
interlocutor válido, capaz de emitir opiniões e 
interferirnas propostas que lhes dizem respeito, 
desestimulando a sua participação e o seu 
protagonismo.
Outras pesquisas. Levantamento de dados de 
pesquisas já anteriormente realizadas pelo 
Censo, PNAD, IPEA e UNESCO, em sua 
grande parte de caráter estatístico, possuindo 
entrevistas e dados do PNAD. Os dados foram 
revisitados como forma de demonstrar as 
teorias sobre juventude levantadas no texto.
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5
(MANCE, 1999) Globalização, Dependência e 
Exclusão Social - O Caso Brasileiro. / Ano de 
coleta: 1999. O ensaio apresenta, concisamente, 
um esboço de como a globalização vem 
afetando a realidade brasileira.
Outra pesquisa. Faz referencia a pesquisa 
realizada pelo IBGE para 58% dos 
entrevistados, a referência para o voto é o 
candidato e não o partido. A maioria dos 
eleitores não se preocupa com a identificação 
ideológica dos partidos e, após escolher um 
candidato, não se preocupa em saber o que 
ele realmente faz com o mandato que lhe foi 
conferido, caso tenha sido eleito. A pesquisa 
apontou por fim que, entre todos os meios 
para se obter informação sobre acontecimentos 
políticos, a televisão é preferida por 80% dos 
entrevistados, sendo que 30% também usam 
outros meios que não a TV. (p.36)
6
(MAZZOTTI, 2002) Repensando algumas 
questões sobre o trabalho infanto-juvenil. Ano 
de coleta: 2001.
Repensar questões sobre o trabalho infanto-
juvenil.
Outras pesquisas que utilizam entrevistas: “Os 
resultados indicaram que a quase totalidade dos 
entrevistados acha que o trabalho não interfere 
nos estudos”. 
7
(NAJJAR, 2005) O programa nova escola 
e a implantação do “sistema permanente 
de avaliação das escolas da rede pública de 
educação do Rio de Janeiro”. Ano da pesquisa: 
2005. O texto tem o objetivo de investigar a 
avaliação do programa nova escola.
Outra pesquisa. Análise teórica sobre o 
programa nova escola. Faz referencia a uma 
entrevista realizada com diretores da escola. 
8
(PAIVA, 1998) Considerações sobre três 
pesquisas realizadas em escolas brasileiras. 
Ano da pesquisa 1998. O texto tem como 
objetivo contribuir para a melhoria das 
oportunidades de vida dos brasileiros pobres, 
através de um maior conhecimento sobre como 
a educação e os serviços educacionais, em 
especial a escola pública, são vistos pelos seus 
usuários em diferentes regiões do país.
Outra pesquisa. Ensaio da Vanilda Paiva sobre 
três pesquisas que utilizam entrevista.
9
(SETTON, 2005) Um novo capital cultural: 
pré-disposições e disposições a cultura informal 
nos segmentos com baixa escolaridade. Ano da 
pesquisa: 2000-2002. Com objetivo de analisar 
alguns aspectos das trajetórias pessoais e 
familiares de alunos que tiveram um sucesso 
acadêmico improvável.
Outras pesquisas. “Os dados apresentados 
neste artigo se referem, sobretudo às entrevistas 
feitas com dez (10) alunos e algumas de suas 
mães, a fim de apreender a articulação das 
configurações familiares e o sucesso escolar 
apresentado. Após um exaustivo trabalho que 
visou à localização dos estudantes, escolhi 
aqueles que respondiam, em grande parte, às 
exigências da pesquisa” (p.88).
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10
(SPOSITO, 2002) Juventude e Escolarização 
(1980-1998). Ano da pesquisa: 1980-1998 com 
o objetivo de analisar como está sendo vista a 
juventude no interior da área da educação (p.5).
Como instrumento. Foi realizada uma revisão 
bibliográfica em várias pesquisas que utilizam 
entrevistas. Os trabalhos foram selecionados 
e indexados em uma base de dados mediante 
a utilização do software Microisis, sob 
a orientação e supervisão do Serviço de 
Informação e Documentação (SID) de Ação 
Educativa. Após a recuperação do exemplar 
original, a dissertação ou tese foi submetida 
a uma análise mediante utilização de planilha 
(modelo anexo ao trabalho) que permite 
identificar suas principais características. Um 
conjunto de descritores foi consolidado em 
um tesauro específico da área de Juventude, 
desenvolvido pelo SID, tendo sido também 
elaborado um novo resumo para cada 
documento (p.6). 
UTILIZA A ENTREVISTA COMO INSTRUMENTO
ABERTA
11
(ACHUTTI e HASSEN, 2004) Caderno de 
Campo digital - antropologia em novas mídias/ 
Ano de coleta: 2002. Buscou registrar as 
transformações por que passa uma comunidade 
rural e pesqueira pertencente a Viamão, na 
grande Porto Alegre, RS, Brasil, margeada 
pelo rio Guaíba (na verdade, lago) e pela lagoa 
dos patos (na verdade, laguna), com a chegada 
do asfalto. Principais autores: Collier Jr. In 
(Collier Jr.; Collier, 1986).
Utiliza tanto as entrevistas mais próximas a 
conversas informais quanto as foto entrevistas. 
As fotoentrevistas são uma técnica que implica 
usar, em visitas sucessivas, as fotografias já 
tiradas como meio de propor e/ou balizar 
novas entrevistas e, com isso, ao mesmo 
tempo em que se vai aprofundando o trabalho, 
vai-se fazendo a restituição dos dados. P. 15. 
Teve com objetivo investigar o encontro do 
tradicional com o moderno.
12
(ANDRÉ, 1991) Questões do cotidiano na 
escola de 1 ° grau. / ano de coleta: 1984. Tipo 
de pesquisa de abordagem etnográfica, teve 
como objetivo geral da pesquisa verificar o tipo 
de prática pedagógica que interfere de forma 
positiva no desempenhoescolar das crianças 
das camadas populares. Refere-se à pesquisa 
feita por André e Mediano.
Utilizou entrevistas em contatos diretos 
com a direção da escola, equipe técnico-
administrativa e com os docentes, através 
de entrevistas individuais ou coletivas ou 
mesmo conversas informais, além de um 
acompanhamento das reuniões e atividades 
escolares e de forma intensiva.
13
(COSTA, 2004) Aprendendo a ensinar com 
alunos e alunas marcados pelo fracasso 
escolar: alinhavando retalhos da caminhada 
a dissertação expressa a tentativa de viver o 
exercício da pesquisa no cotidiano escolar, 
espaço-tempo de onde fala a pesquisadora. 
Apresenta reflexão sobre os caminhos que tem 
encontrado para realizar a prática pedagógica 
no projeto lendo e escrevendo com os alunos 
e alunas classificados pela escola como 
“incapazes” para aprender ou como os que 
possuem dificuldades de aprendizagem. A 
autora procurou mostrar que, ao assumir uma 
postura investigativa, pode ajudar melhor seus 
alunos e alunas a acreditarem que são capazes 
de aprender e, ao mesmo tempo, contribuir 
para que a escola olhe para as possibilidades de 
aprendizagem, especialmente dos alunos das 
classes populares.
Na pesquisa, trabalho com materiais 
produzidos pelas crianças durante os encontros 
do projeto e, também, em outros espaços; 
recorro às conversas com várias professoras em 
espaços formais e informais, inclusive durante 
algumas entrevistas; diálogo com depoimentos 
de alguns familiares, além de usar o relato 
escrito da trajetória escolar de alguns alunos 
e alunas, produzido pelos responsáveis; uso 
os meus relatórios das atividades realizadas 
pelos alunos no projeto e conto com a minha 
memória dessa história da qual essas crianças 
são parte.
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14
(DANAGA, 2005) Desenvolvimento de um 
programa educacional de formação continuada: 
o tornar-se educacional a partir de reflexões 
e (trans) formações em busca de melhoria do 
ensino e da aprendizagem. / ano de coleta: 
2002.
Dissertação de mestrado do tipo de pesquisa 
qualitativa. Utiliza entrevista como 
instrumento de coleta de dado, organizadas em 
blocos de três momentos: anterior ao curso, 
para conhecer as expectativas dos participantes 
sobre o programa, na metade para saber a 
opinião sobre o seu desenvolvimento e no fim, 
para objetivar a análise dos resultados. P. 36
As entrevistas consistem em obter informações 
por meio de perguntas, deixando as respostas 
livres, menos estruturadas. Ludke e André 
(1986, p.35) ensinam que “quando se quer 
conhecer, por exemplo, a visão de uma 
professora sobre o processo de alfabetização 
[...] É melhor nos prepararmos para uma 
entrevista mais longa, mais cuidadosa, feita 
provavelmente com base em um roteiro, mas 
com grande flexibilidade (p.38) A entrevista 
aberta, comum nas pesquisas em que se 
utiliza a investigação qualitativa, é ideal 
deixar os sujeitos expressarem livremente 
suas opiniões sobre determinados assuntos, 
como nos esclarece Bodgan e Biklen (1994). 
Particularmente aprecio este tipo de entrevista 
que dá margem a uma gama de detalhes não 
conseguida ou atingida com uma entrevista 
estruturada (p.38)
15
(GOMES, 2004) Conversando com mães e 
professoras sobre as orquídeas e os girassóis 
da exclusão: teorias subjetivas sobre práticas 
de educação e desenvolvimento infantil, em 
instituições comunitárias. Ano da coleta: 1998-
2000
O principal objetivo da pesquisa de dissertação 
de mestrado foi dar visibilidade às crenças 
e valores de mães e professoras, de quatro 
instituições de educação infantil comunitária, 
do município de Duque de Caxias.
Entrevistas com as professoras, gravadas em 
áudio - tape, constando dos seguintes tópicos: 
objetivos educacionais, estratégias sobre 
forma de educar, relação específica entre as 
estratégias e os objetivos selecionados, formas 
de educar, concepção de criança ideal e seleção 
de crianças consideradas fáceis ou difíceis. As 
mães dos alunos também foram entrevistadas.
A entrevista aberta é o material privilegiado 
da análise da enunciação e cada entrevista é 
tomada na sua totalidade, tentando-se fazer 
o discurso escrito o mais fiel possível ao 
discurso falado. Porém, a busca da forma e 
sentido de seu conteúdo, depende de quem 
as interpreta (p.15). A adoção da entrevista 
como procedimento metodológico possibilita 
a obtenção de dados objetivos e subjetivos 
acerca da temática investigada. (nota, p.94)
Segundo Bardin (1977) “na análise da 
enunciação, as palavras são ao mesmo tempo 
espontâneas e constrangidas pela situação de 
entrevista” (p.14).
16
(MARENDINO, 2004) Mitos relacionados ao 
fracasso: relações entre saúde e escola dentro 
de um ambulatório em Cabo Frio. Dissertação 
de mestrado. Tem como objetivo compreender 
aspectos das relações entre saúde e escola 
vivenciadas no espaço de um posto de saúde 
municipal e dentro de uma abordagem do 
cotidiano.
Aberta/ Etnográfica. Pesquisa qualitativa, 
etnográfica e narrativa. Observando o 
cotidiano, de pacientes e suas famílias no 
banco de espera do ambulatório, pude perceber 
a riqueza contida nas conversas informais, nos 
contatos e trocas estabelecidas entre eles no 
momento da espera do atendimento e, também, 
nos tempos de entrevistas (p.18).
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17
(MOYSÉS e COLLARES, 1997) Inteligência 
Abstraída, Crianças Silenciadas: as Avaliações 
de Inteligência. Ano da pesquisa: 1996. O 
texto tem o objetivo de ouvir as opiniões de 
profissionais da educação e da saúde acerca 
das causas do fracasso escolar, escutando 
suas falas, aproximando-nos de suas formas 
de pensamento sobre escola, processo ensino-
aprendizagem, fracasso escolar, papel dos 
profissionais e das instituições de educação e 
de saúde etc. (p.1).
Ouviu opiniões. Menciona sua realização 
durante o trabalho: “a identidade das opiniões 
dos profissionais da saúde e da educação é tão 
intensa, nesta questão, que não se consegue 
identificar a formação de quem fala, a partir da 
análise de conteúdo, mesmo quando o assunto 
refere-se especificamente a problemas de saúde 
que, na opinião do entrevistado, impediriam ou 
dificultariam a aprendizagem” (p.2).
18
(PEREGRINO, 2006) Desigualdade numa 
escola em mudança: trajetórias e embates na 
escolarização pública de jovens pobres. Ano da 
pesquisa: 2005. Com o objetivo de “desvendar 
uma relação: entre a instituição escolar e os 
jovens pobres que passam a habitá-la, nos 
marcos de sua expansão.” P. 7
Utiliza entrevistas e conversas informais 
(p.6)a como instrumento de coleta de dados. 
Não explica o tipo de entrevista utilizada, 
trabalhando com os dados obtidos nas 
entrevistas, afirmando ter feito entrevistas e 
conversas informais. P.6
19
(SERPA, 2006) Cultura Escolar em 
Movimento: Diálogos Possíveis. Ano da 
pesquisa: 2004/2006. Com o objetivo de 
refletir sobre a forma como as diferentes 
opiniões/concepções sobre o processo de 
aprendizagem – principalmente da língua 
escrita – influenciam o processo de adesão/
rejeição dos alunos que tiveram acesso à classe 
de ensino fundamental regularmente.
Sobre a escolha do método diz: "o caminho 
escolhido me levou a retomar as conversas do 
café em entrevistas com as professoras que 
participaram comigo das classes de progressão 
em 2004 e que permaneceram neste espaço: 
Virna e Ana Cristina” (p.12). 
20
(SOUTO; FONTOURA, 2002). Inclusão/
Exclusão: Estratégias que facilitam o sucesso 
escolar. Ano da pesquisa: 2001 com o objetivo 
de estudar a possibilidade do sucesso escolar 
a partir da dimensão da inclusão, numa 
abordagem sócio-cultural.
Aberta / Etnográfica. Utiliza entrevista como 
instrumento de coleta de dados. Foi uma 
pesquisa qualitativa realizada numa abordagem 
etnográfica de sala de aula, sendo a entrevista 
organizadada seguinte forma: “Os alunos 
entrevistados encontram-se na faixa etária de 
12 a 16 anos, todos oriundos da 2ª série, com 
distorção idade/série e com possibilidades 
de alcançar a 5ª série através do programa 
de Aceleração da Aprendizagem, a fim de 
regularizar o fluxo escolar” (p.4).
SEMI-ESTRUTURADA
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21
(ALMEIDA, 2005) Da igualdade de direitos 
ao direito a diferença: interfaces no cotidiano 
de uma escola plural. Dissertação de mestrado. 
Utiliza o estudo de caso como principal 
instrumento de pesquisa. 
Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas. 
As entrevistas foram utilizadas em conjunto 
com a observação participante e a análise de 
documentos, dentre outros. 
A autora argumenta que: “as entrevistas semi-
estruturadas se caracterizam pela elaboração 
de um roteiro, previamente elaborado pelo/a 
pesquisador/a, que serviu de orientação no 
momento da “conversa” com o entrevistado.” 
(p.39). Para o uso de entrevista descreve que: 
“trata-se de um recurso utilizado para recolher 
dados descritivos na linguagem do próprio 
sujeito. Tal recurso permite ao pesquisador/a 
desenvolver uma idéia sobre formas como os 
sujeitos interpretam e se posicionam perante a 
realidade e ao vivido. Além disso, as entrevistas 
realizadas entre vários sujeitos permitem a 
obtenção de dados comparáveis” (p.36).
22
(ARAUJO, 2001) As marcas da violência 
na constituição da identidade de jovens da 
periferia. / período de coleta de dados: 2001. 
“Pesquisa busca compreender as vivências 
escolares de jovens alunos moradores da Vila 
da Luz, que se localiza na periferia de Belo 
Horizonte, cujo cotidiano é marcado pela 
violência, pela insegurança pública e pela 
exclusão social” (p. 141). Atividades em grupo 
filmadas pelos próprios alunos, com exceção 
das associações livres, que não foram filmadas. 
Essa metodologia se justificou pela necessidade 
de não expor os jovens moradores da Vila da 
Luz separando-os dos demais e, sobretudo pela 
dificuldade encontrada em reuni-los ao mesmo 
tempo e também nos mesmos dias (p. 143).
“Pesquisa de caráter investigatório, utiliza 
observação, conversas informais com os 
alunos (nas salas de aula, durante o recreio, 
nas entradas e saídas da escola, etc.) E 
entrevistas semi-estruturadas. Atividades em 
grupo a partir de exposição de gravuras, da 
exibição (parcial) de uma fita de vídeo e de 
associações livres a partir de palavra indutora. 
Realizou ainda um questionário enviado para 
as diretorias das escolas de Belo Horizonte, no 
qual elas deveriam responder perguntas sobre 
a violência.
23
(BORUCHOVITCH, 2001) Conhecendo as 
crenças sobre inteligência, esforço e sorte 
de alunos brasileiros em tarefas escolares. 
Este trabalho teve como objetivo investigar 
crenças sobre inteligência, esforço e sorte entre 
escolares do ensino fundamental. A amostra 
foi composta de 110 alunos de terceira, quinta 
e sétima séries de uma escola pública de 
Campinas. Os sujeitos eram de ambos os sexos 
e provenientes de famílias de nível sócio-
econômico desfavorecido.
Pesquisa de campo. Utiliza entrevista como 
instrumento de coleta de dados. Os sujeitos 
foram entrevistados individualmente e seus 
conceitos foram mensurados por questões 
abertas e fechadas. 
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(CABRAL, 2002) Gravidez na adolescência 
e identidade masculina: repercussões sobre a 
trajetória escolar e profissional do jovem. “O 
universo da paternidade na adolescência no que 
tange à conjugação entre gravidez e trajetória 
escolar e profissional de jovens oriundos das 
camadas populares” (p.179). Realizado em 
uma comunidade favelada da cidade do Rio de 
Janeiro. Ano da coleta: 2002.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utiliza 
a técnica de entrevistas em profundidade junto 
a jovens moradores de uma comunidade 
na cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa 
foi realizada sob os moldes dos estudos 
etnográficos, ainda que a coleta de dados 
por meio de entrevistas individuais semi-
estruturadas tenha sido preponderante.
A utilização de “redes sociais ou de amizade”. 
Técnica em que um participante faz novas 
indicações ou mediações com outros possíveis 
informantes de suas redes de relações, foi 
fundamental para a constituição de um network. 
25
(FEIJÓ e ASSIS, 2004) O contexto de exclusão 
social e de vulnerabilidade de jovens infratores 
e de suas famílias. Pesquisa de campo e 
análise de conteúdo. O presente artigo relata o 
resultado de uma pesquisa de campo realizada 
entre abril e novembro de 1997, quando 
foram entrevistados 61 jovens infratores que 
estavam cumprindo medida sócio-educativa 
em instituições do Rio de Janeiro e Recife. Este 
trabalho é um recorte de uma pesquisa mais 
ampla, que deu base para a tese de doutorado 
da primeira autora (Feijó, 2001), realizada 
com a participação de pesquisadores do centro 
latino-americano de estudos de violência e 
saúde (CLAVES/FIOCRUZ).
Foram levantados dados sobre o núcleo familiar 
de cada entrevistado, sendo tratados segundo 
a técnica de análise de conteúdo. Foram 
realizadas duas entrevistas semi-estruturadas 
com cada jovem, totalizando 61 infratores, 
sendo 50 no Rio de Janeiro e 11 em Recife.
Na pesquisa-mãe foram entrevistados 31 
irmãos dos infratores, cujos dados não foram 
utilizados aqui, por fugir dos objetivos do 
artigo. 
26
(HECKET, 2004) Narrativas de resistências: 
educação e políticas. / ano de coleta: 2004 / 
tese de doutorado 
Pesquisa de campo e metodologia cartográfica-
narrativa. “O objetivo desse trabalho foi 
acentuar as batalhas cotidianas que engendram 
outros possíveis, focalizando as lutas travadas 
no campo da escola pública. Portanto, o 
foco principal desse trabalho centrava-se em 
captar as ressonâncias dessas batalhas, para 
indicar que a potência de resistência pode 
ser constrangida, neutralizada, mas jamais 
estancada.”
Obs.: Entrevistou alunos.
Entrevistas semi-estruturadas realizadas com 
os seguintes sujeitos: professores, funcionários 
de apoio, diretores, equipes técnicas das 
Secretarias Municipais de Educação, 
secretários municipais de educação, pais, 
alunos, consultores da pesquisa e diretoria do 
sindicato dos profissionais da educação nos 
municípios de Belo Horizonte, Porto Alegre e 
Belém. Na análise da equipe coordenadora da 
secretaria e de alguns professores entrevistados, 
os ciclos constituíam-se como ciclos de ensino 
que mantinham a concepção de série. 
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27
(HEILBON et al., 2002) Aproximações 
sócio antropológicas sobre a gravidez na 
adolescência. Ano da coleta: 1998-2000. 
Pesquisa qualitativa. O objetivo desse 
trabalho foi discutir a questão da gravidez na 
adolescência enquanto um problema social. 
Jovens do rio de janeiro, salvador e porto 
alegre. Discutir a questão da gravidez na 
adolescência enquanto um problema social. 
Um dos projetos utilizados nessa pesquisa, o 
gravador, conta com apoio do CNPq.
Inquirir pessoas pertencentes a uma faixa 
etária subseqüente ao que se convenciona 
definir como adolescência (10 a 19 anos). 
Questionários e entrevistas semi-abertas. 
Foram entrevistados jovens de 18 a 24 anos à 
luz da técnica de reconstrução retrospectiva de 
biografias. Inquirir pessoas pertencentes a uma 
faixa etária subseqüente ao que se convenciona 
definir como adolescência (10 a 19 anos), além 
de possibilitar distanciamento e avaliação da 
história pregressa, permitiu contornar uma 
das grandes dificuldades dos estudos com 
adolescentes: a autorização de um responsável 
para a participação na pesquisa
28
(LEITE, 1998) A concepção do (a) professor (a) 
sobre a prática pedagógica de avaliação. / ano 
de coleta:1986-1997. Compreender a prática 
de avaliação desenvolvida pelos professores de 
1ª a 4ª séries do 1º grau.
Entrevistas com roteiro semi-estruturado 
flexível.
29
(LUCIANO, 2006) Representações de 
professores do ensino fundamental sobre o 
aluno. Dissertação de mestrado. Pesquisa 
qualitativa. 
Teve como objetivo investigar as representações 
de professores do ensino fundamental sobre o 
aluno de Escola Pública Estadual. Os resultados 
evidenciaram que a maioria das professoras 
não se reconhece no sucesso nem tampouco 
no fracasso de seus alunos. Dessa forma, se 
desvinculam de sua responsabilidade frente ao 
aprendizado deixando o aluno à deriva”. P.15.
Observações participantes e entrevistas. A 
estratégia de entrevista adotada, já utilizada 
por outros pesquisadores do gepised como 
Carraro (2002), Figueiredo (2004), Garde 
(2003) e Silva (2002), se encontra melhor 
descrita em Carraro (2002) e se configura 
como uma estratégia quase projetiva que tem 
como objetivo fornecer manifestações verbais 
mais profundas dos professores, a fim de 
apreender as suas representações acerca do 
tema apresentado (p.65)
“A investigação se deu por meio da observação 
participante e de entrevistas individuais semi-
estruturadas com as professoras. As entrevistas 
aconteceram em duas etapas: 1º etapa: 
investigação sobre a trajetória profissional e a 
formação acadêmica; 2º etapa: percepções e 
crenças sobre o aluno.” P.15
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30
 (MARÇAL, 2005) A queixa escolar nos 
ambulatórios de saúde mental da rede pública 
de Uberlândia: práticas e concepções dos 
psicólogos. Ano de coleta: 2003-2004. 
Pesquisa qualitativa, dissertação de mestrado.
Verificar as demandas de queixas escolares 
para a área de saúde mental e o atendimento e a 
compreensão dos profissionais dessa área sobre 
essa demanda. Geralmente as questões escolares 
não são consideradas, e os profissionais 
acabam apontando exclusivamente problemas 
familiares e emocionais, compactuando com a 
escola que patologiza e estigmatiza as crianças. 
Pesquisa realizada na rede pública de saúde 
mental de Uberlândia, MG. 
As equipes de saúde constataram que há um 
reconhecimento dos educadores de que a 
tendência é sistematizar o olhar para o aluno 
que se sai melhor, pois o fracasso da criança 
aponta para as dificuldades do professor, 
gerando angústias e ansiedades. Dessa forma, 
colocam-se as causas como externas à escola, 
pela própria dificuldade do docente em 
repensar a sua prática.
Entrevistas semi-dirigidas e levantamento 
de dados. Foram realizadas entrevistas semi-
dirigidas, gravadas em áudio, com psicólogos 
alocados em ambulatórios, e o levantamento 
de dados dos prontuários de crianças atendidas 
em ambulatórios, para identificação dos 
atendimentos recebidos
De forma interessante, Queiroz (op.cit., p.98) 
escreve sobre como vão se construindo os 
encontros entre o pesquisador e o pesquisado e 
suas interfaces durante o processo. Para a autora 
“nas entrevistas gravadas, o pesquisador se 
encontra diante do texto em três circunstâncias 
diversas, pelo menos: na realização do 
depoimento; na escuta da gravação para a 
transcrição escrita; na leitura aprofundada do 
documento escrito” (p. 88)
31
 (MARRIEL, 2006) Violência escolar e auto-
estima de adolescentes. Estudo quantitativo. 
Complementarmente e de maneira ilustrativa, 
são apresentadas e discutidas falas de jovens 
com alta e baixa auto-estima, de acordo 
com os escores dos resultados quantitativos, 
provenientes de 13 entrevistas semi-
estruturadas. 
Por meio dessas entrevistas procurou-se 
investigar a história de vida do aluno, vivências 
escolares, competência acadêmica e valores, 
atitudes e opiniões. 
32
(MONACO, 2003) Escola do Futuro: Desafios 
e Perspectivas de um Projeto Inovador na 
Escola sob a Ótica de seus Sujeitos. / Ano 
de coleta: 2003. Dissertação de mestrado. 
Desvendar o que uma escola espera com 
a implantação de um projeto de inovação 
tecnológica. Realizado em Escolas Municipais 
de Ensino Fundamental. 
Semi-estruturado + roteiro. Tomando como 
principal fonte de dados depoimentos coletados 
por meio de entrevistas com roteiro semi-
estruturado. 
33
(NASCIMENTO, 2007) Dramas e tramas do 
(não) aprender: significações sobre o sujeito 
que apresenta dificuldades de aprendizagem. 
Ano da pesquisa: 2005
O texto tem o objetivo de “investigar e 
apreender as significações construídas por 
professores, pais e alunos sobre o sujeito que 
apresenta dificuldades de aprendizagem e suas 
inter-relações na constituição de eu e do outro, 
utilizando como aporte teórico a perspectiva 
histórico-cultural” (p. 09).
“Foram entrevistadas duas crianças do ensino 
fundamental (1ª a 4ª séries) com diagnóstico de 
dificuldades de aprendizagem, suas respectivas 
mães e professoras, com gravações em áudio, 
realizadas individualmente, com 40 minutos 
cada” (p. 09). 
Entrevistas semi-estruturadas para as mães e 
professoras (p.63).
A entrevista, segundo Pinheiro (2004, p. 
186), pode ser entendida como “uma prática 
discursiva, ou seja, entendê-la como ação 
(interação) situada e contextualizada, por meio 
da qual se produzem sentidos e se constroem 
versões da ‘realidade’” (p. 60).
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34
(NOGUEIRA, 2004) Favorecimento 
econômico e excelência escolar: um mito em 
questão. Ano da pesquisa: 2000-2001. 
O objetivo do texto é conhecer as histórias 
escolares dos jovens e as estratégias educativas 
postas em prática por esses pais ao longo 
desses itinerários. 
Trata-se de um estudo realizado, em 2000-
2001, junto a 25 famílias de grandes e médios 
empresários/ empresárias de Minas Gerais. Seu 
objetivo era conhecer as histórias escolares 
dos jovens e as estratégias educativas postas 
em prática por esses pais ao longo desses 
itinerários. Como instrumento de coleta dos 
dados, utilizei-me de entrevistas semidiretivas 
feitas com os próprios jovens e com suas mães, 
separadamente. O estudo baseia-se, portanto, 
num corpus formado por 50 entrevistas (p.3).
35
(NUNES, 2005) No cotidiano da escola 
(pública): algumas contribuições da psicologia 
escolar para a prática de professoras das 
séries iniciais do ensino fundamental. Ano 
da pesquisa: 2004-2005. O texto tem como 
objetivo investigar a prática das professoras 
das séries iniciais, com o intuito de saber o 
que pensam que lhes falta em seu trabalho 
cotidiano para lidar com alunos e aliar isso ao 
que esperam do psicólogo escolar (p.82 e 83).
Entrevistas individuais semi-estruturadas 
baseadas em um roteiro de questões, referentes 
a dados pessoais, e duas abertas sobre 
dificuldades encontradas na sua prática. Após 
essa, foram realizadas mais duas entrevistas 
individuais com as professoras “com o intuito 
de aprofundar em algumas questões que 
considerava importante para complementar as 
informações” (p.84).
36
(OLIVEIRA, 2003) Fracasso Escolar: “Cultura 
do Ideal” e “Cultura do Amoldamento”. Ano da 
pesquisa: 2003.
O objetivo do texto é “identificar e 
compreender as novas formas de fracasso 
escolar numa escola onde não deve mais 
haver o mecanismo da repetência, mas que se 
revela excludente, como mostram pesquisas 
recentes que discutem as conseqüências da 
não-reprovação - sintetizadas pelos resultados 
insatisfatórios demonstrados pelos alunos nas 
avaliações a que são submetidos, e que revelam 
a baixa qualidade do ensino na escola pública, 
a diplomação do não-saber” (p. 1 e 2). 
Para desenvolver essa pesquisa na escola, os 
procedimentos propostos inicialmente para 
a investigação foram: observação direta, 
entrevistas semi-estruturadas e análise de 
documentos institucionais. Sobre as entrevistas 
realizadas afirma a autora: "a realização 
das entrevistas foi essencial para conhecer 
individualmente os seusatores, revendo 
expectativas, ampliando a compreensão da 
realidade observada” (p.8).
37
(PIMENTEL, 2006) Prática Pedagógica e 
Diversidade. Ano da pesquisa: 2006. Com 
o objetivo de buscar respostas à diversidade 
cultural existente no cotidiano da instituição 
escolar.
“Os procedimentos metodológicos utilizados 
para obtenção dos dados constaram de 
entrevistas semi-estruturadas, com itens 
abertos, registros de depoimentos escritos e 
orais sobre atividades de sala de aula e reuniões 
do grupo” (p.10).
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38
(QUAGLIATO, 2003) Os estudos de 
recuperação no ensino fundamental: 
aprendizagem ou discriminação? Ano da 
pesquisa: 2002. A finalidade da pesquisa 
foi localizar as normatizações federais e 
estaduais que analisaram, explicaram e 
conceitualizaram os estudos de recuperação, 
desde sua implantação até o início do ano de 
2002, foi procurar identificar os elementos que 
definem o encaminhamento dos alunos para 
esses estudos, assim como os desafios que 
as escolas enfrentam para que os estudos de 
recuperação possam se transformar em mais 
uma oportunidade de aprendizagem para os 
alunos que deles necessitam (p.4).
Entrevistas semi-estruturadas. “A opção por 
entrevistas semi-estruturadas proporcionou 
maior liberdade para os diálogos e para a 
expressão do pensamento dos professores 
os quais que se posicionaram em relação às 
últimas reformas ocorridas no estado de São 
Paulo, valorizando os tópicos que havíamos 
escolhido sobre a temática central” (p. 28).
39
(RODRIGUES, 2006) A situação escolar na 
perspectiva do aluno. Ano da pesquisa: 2001-
2002, com o objetivo de investigar qual a 
visão que as crianças das séries iniciais da 
escola pública de periferia urbana têm sobre a 
situação escolar. 
A pesquisa foi desenvolvida por meio de 
entrevistas semi-estruturadas, realizadas com 
quatro meninos e duas meninas de uma mesma 
escola da rede municipal, mas que tinham 
rendimento escolar diversificado. 
40
(SALVARI e DIAS, 2006) Os problemas de 
aprendizagem e o papel da família: uma análise 
a partir da clínica. 
Ano da pesquisa: 2004 com o objetivo de 
“investigar como psicólogos e pedagogos 
que atuam em psicopedagogia na clínica 
compreendem os problemas de aprendizagem 
em crianças e como vêem o papel da família, 
especialmente dos pais, nos referidos 
problemas” (p.251).
Entrevista semi-estruturada. “Como 
instrumento de coleta de dados, utilizamos 
um roteiro semi-estruturado, aplicado em 
entrevista individual com as participantes. 
Nesse roteiro, inicialmente, constaram as 
perguntas acerca dos dados sociodemográficos 
das entrevistadas e, em seguida, onze questões 
relacionadas aos objetivos da pesquisa, as quais 
foram distribuídas em dois blocos de pergunta” 
(p.254).
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41
(SILVA, 2005) Aluno invisível: o professor 
olhou e não viu.
Ano da pesquisa: 2004/2005. Com o objetivo 
de investigar como se apresenta a questão da 
invisibilidade do aluno, a partir dos norteadores 
teóricos da exclusão, prática curricular e cultura. 
O presente estudo ocorreu em dois momentos 
distintos nos dias: 23/08/2005, 24/08/2005 e 
29/08/2005. O primeiro momento, foi realizado 
por meio de entrevistas semi estruturadas, com 
16 professores, representando cerca de 39% do 
corpo docente da escola municipal Professor 
Motta Sobrinho. No segundo, foi realizado um 
grupo focal em três etapas, nas quais participam 
dois grupos de alunos horários diferentes, mas 
com o mesmo roteiro de entrevistas para ambos 
(p. 243). “A invisibilidade social exprime, de 
forma pungente, o significado da exclusão, na 
qual milhões de pessoas no mundo inteiro e 
pelos mais diversos motivos são vítimas. Logo, 
a escola por meio dos diversos mecanismos de 
que faz uso no processo ensino-aprendizagem, 
reproduz esse tipo de exclusão quando 
classifica, disciplina, controla, pune, rotula, 
impõe seus interesses, reprova, monocult 
uraliza, homogeneíza, violenta e discrimina” 
(p. 241).
O grupo focal é uma modalidade especifica de 
grupo, que recupera um pouco do significado 
original do termo. Os membros de um grupo 
focal são selecionados por suas características 
comuns, com o objetivo de conhecer – 
através de entrevistas em profundidade – as 
percepções, atitudes e comportamentos de 
certos sujeitos sociais. [...] A metodologia de 
entrevistas grupais foi desenvolvida por Meton 
com o nome “foco de entrevista” e tornou-se 
uma técnica muito usada na segunda guerra 
mundial, especialmente para o trabalho com 
soldados que estavam na guerra. Iniciou-se 
com a avaliação de programas de rádio. Mais 
tarde, a partir dos anos cinqüenta passou a se 
muito utilizada pelo setor privado em análise 
de propaganda e em análises eleitorais [...] 
(p.157).
A entrevista semi-estruturada pode ser 
diferenciada da estruturada e da entrevista 
aberta em relação as suas características. Dessa 
maneira, Triviños (1987) define entrevista 
semi-estruturada como: 
[...] Aquela que parte de certos questionários 
básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que 
interessam a pesquisa, e que, em seguida, 
oferecem amplo campo de interrogativas, fruto 
de novas hipóteses que vão surgindo à medida 
que se reconhece respostas dos informantes. 
Desta maneira, o informante, seguindo 
espontaneamente a linha de seu pensamento 
pelos investigados, começa a participar na 
elaboração do conteúdo da pesquisa. Essas 
perguntas fundamentais que constituem, 
em parte, a entrevista semi-estruturada, no 
enfoque qualitativo, não nasceram a priori. 
Elas são resultados não só da teoria que 
alimenta a ação do investigador, mas também 
de toda informação que ele já recolheu sobre 
o fenômeno social que interessa, não sendo 
menos importantes seus contatos, inclusive, 
realizados na escola das pessoas que serão 
entrevistadas (ibid, p.146).
42
(SZYMANSKY, 1994) Significado de 
avaliação para mães de uma escola estadual da 
região central de São Paulo. Ano da pesquisa: 
1994. Com o objetivo de conhecer o significado 
de avaliação escolar para mães de crianças de 
uma escola estadual da região central de São 
Paulo.
Foram feitas entrevistas semi-estruturadas nas 
quais se solicitou às mães que expressassem 
suas idéias sobre avaliação. A seguir, 
apresentaremos os resultados e sua análise.
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43
(ZIBETTI, 2005) Os saberes docentes na 
prática de uma alfabetizadora: um estudo 
etnográfico. Ano da pesquisa: 2001-2003. Com 
o objetivo de “Analisar os saberes docentes 
mobilizados no processo de alfabetização, 
procurando compreender a apropriação e 
criação desses saberes” (p.80).
Houve a realização de “uma entrevista 
inicial, semi-estruturada, com cada uma das 
participantes visando conhecer um pouco de 
suas ideias sobre alfabetização e suas trajetórias 
escolares e profissionais, antes de ingressar em 
suas salas de aula para iniciar a observação. As 
entrevistas foram gravadas e, posteriormente 
transcritas para análise” (p.86).
Ao final do estudo foi realizada uma entrevista 
com duas professoras simultaneamente (p.87).
ESTRUTURADA
44
(BARREIRO, 2006) Quando a diferença e 
motivo de tensão: um estudo de currículos 
praticados em classes iniciais do ensino 
fundamental. Uma vez selecionada a escola, 
cuja contextualização e caracterização. Adotou, 
para desenvolver a investigação, os seguintes 
procedimentos metodológicos: observação de 
reuniões pedagógicas de centros de estudos e 
planejamentos. Observação de situações de 
aula.
Pesquisa qualitativa. Utiliza entrevista como 
instrumento de coleta de dados. “conversas” 
informais em meio ou ao final das aulas 
observadas. Entrevistas formais comtrês 
professoras, cujas aulas foram também objeto 
de observação (p. 90) procurou elaborar um 
roteiro de entrevista (p.91).
45
(COHEN, 2004) Uma questão entre psicanálise 
e educação: sobre a etiologia do fracasso 
escolar.
 o material recolhido veio de três fontes: 
1- de entrevistas semi-diretivas com diretores 
de escola, professores das turmas de aceleração 
de aprendizagem e alguns alunos que desejaram 
participar da pesquisa; 
2- dos dados levantados nas atas dos conselhos 
de classe (COC), nas atas dos conselhos de 
classe extraordinários (COCEX) e nas fichas 
de avaliação dos professores; 
3- de alguns materiais didáticos utilizados no 
projeto.
A entrevista foi o principal instrumento usado 
na coleta de dados, obedecendo a um roteiro 
pré-estabelecido, cujo objetivo era detectar 
o que havia ocorrido durante a execução do 
projeto político-pedagógico, no que concerne 
à relação professor-aluno e a outros fatores 
que poderiam estar interferindo no processo 
ensino-aprendizagem dos alunos (p.132) esse 
material foi complementado com depoimentos 
aleatórios, colhidos em entrevistas espontâneas 
com alunos de algumas escolas visitadas.
46 (COSTA, 2006) Bolsa-escola e inclusão educacional em Jaboticabal (SP). 
Dissertação de mestrado, pesquisa empírica 
e estudo de caso. “inclui a pesquisa empírica, 
utilizando a técnica de entrevista, seguindo um 
roteiro de questões que procuraram contemplar 
os objetivos acima delineados.”
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47
(DIÓRIO, 2004) Ascensão escolar e 
profissionalização de bons alunos de baixa 
renda: avaliação de um programa brasileiro. 
Pesquisa experimental. Os dados iniciais 
(histórico escolar, de renda e informações 
pessoais) do grupo controle foram conseguidos 
nas escolas públicas e, os finais, por intermédio 
de entrevistas telefônicas com os próprios 
participantes da pesquisa ou com seus parentes 
diretos. Os dados foram digitados no programa 
Statistical Package For The Social Sciences 
(SPSS) para viabilizar as comparações através 
dos testes não paramétricos. Comparação de 
duas proporções. e qui-quadrado para uma 
única amostra. O nível de significância adotado 
foi de 5% (p<0,05).
Os dados finais da pesquisa foram coletados 
por intermédio de entrevistas telefônicas com 
os próprios participantes da pesquisa ou com 
seus parentes diretos.
48 (IBGE, 2005) Síntese dos indicadores sociais. Ano de coleta: 2004. Pesquisa quantitativa.
Utiliza entrevista como instrumento de 
coleta de dados. Pessoas que têm a unidade 
domiciliar (domicílio particular ou unidade de 
habitação em domicílio coletivo) como local de 
residência habitual e estão presentes na data da 
entrevista, ou ausentes, temporariamente, por 
período não superior a 12 meses em relação 
àquela data.
49
(INEP, 2005) Relatório de gestão 2004 / Início 
da coleta de dados em 25/10/2004 e término 
em dezembro 2004. Pesquisa quantitativa 
cujo objetivo foi conhecer melhor a realidade 
da sociedade brasileira. Sob a coordenação do 
INEP a pesquisa coletou dados nacionais da 
educação na reforma agrária.
Os dados para esta pesquisa foram coletados 
através de entrevistas e sobre esses dados 
afirma-se que: “Com esta publicação, o IBGE 
dá continuidade à produção e sistematização de 
relevantes estatísticas sociais e demográficas, 
atualizadas e desagregadas para as Unidades da 
Federação e regiões metropolitanas, de modo 
a subsidiar as políticas sociais específicas 
e ampliar o acesso da sociedade civil às 
informações estatísticas oficiais.” Modelos 
para professores e diretores de questionários e 
roteiros de entrevistas. 
50
(INEP, 2006) Relatório de gestão. Ano da 
coleta: 2005. Pesquisa quantitativa. Realização 
de testes de língua portuguesa e matemática.
Utiliza entrevista como instrumento de coleta 
de dados. Questionários e roteiros de entrevista 
desenvolvidos com alunos concluintes do 
processo de alfabetização avaliados. 3.000 
professores pesquisados. (p.40). Modelos 
para professores e diretores de questionários e 
roteiros de entrevistas (p.165)
51
(IBGE, 2004) Pesquisa nacional por Amostra 
de Domicílios 2004. Rio de Janeiro: IBGE, 
2004. / 2004
Grupos focais / entrevistas e questionários
“a segunda etapa do estudo consistiu em 
entrevistas com dez mil pais ou responsáveis, 
em todos os estados brasileiros, durante os 
meses de janeiro e fevereiro de 2005.
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52
(IBGE, 2006) O mercado trabalho segundo a 
cor ou raça - pesquisa mensal de emprego. 
O objetivo principal foi realizar uma análise 
comparativa da situação socioeconômica da 
população de pretos e pardos com a população 
branca.
Os dados do IBGE são obtidos através de 
entrevista, e sobre este estudo relatou-se que: 
“o perfil descrito neste estudo foi baseado 
nos dados de setembro de 2006 e, para captar 
possíveis mudanças nesta estrutura, foram 
feitas algumas comparações com os meses de 
setembro dos anos anteriores.”
53
(LADEIA, 2002) O Fracasso Escolar na 
5ª Série Noturna na Visão de Alunos, Pais 
e Educadores. Ano da coleta de dados: 
1998/2001.
Pesquisa qualitativa de doutoramento teve 
como objetivo estudar os fatores que, na 
visão de alunos, pais e educadores, influem no 
desempenho ou produzem o fracasso de alunos 
da 5ª série noturna de uma escola pública da 
rede de ensino do estado de São paulo.
Entrevistas com roteiros previamente 
elaborados, com questões abertas, excetuando-
se o caso dos pais, que continham questões 
do tipo “alternativa-fixa”. Os dados foram 
coletados por meio de entrevista que, segundo 
Lüdke & André (1986), é um dos principais 
tipos de instrumento empregado em estudos 
qualitativos. Nas entrevistas realizadas com 
os diferentes segmentos foram utilizados 
roteiros previamente elaborados, sobretudo 
com questões abertas, excetuando-se o caso 
dos pais. 
54
(MAGALHÃES, 2002) Enfrentando a 
pobreza, reconstruindo vínculos sociais: as 
lições da Ação da Cidadania contra a Fome, 
a Miséria e pela Vida / A pesquisa teve como 
objetivo explorar algumas questões relevantes 
em torno do debate sobre a miséria, a exclusão 
e o processo de construção de novos perfis 
de intervenção pública e participação cívica, 
suscitadas ao longo da pesquisa realizada junto 
aos “Comitês da Ação da Cidadania” no Rio de 
Janeiro, entre 1996 e 1997.
Após um mapeamento dos comitês da Ação 
da Cidadania, realizado entre dezembro de 
1995 e fevereiro de 1996, foram escolhidos 
comitês para a realização de entrevistas com o 
voluntariado.
Ao todo, foram sistematizadas 25 entrevistas, 
envolvendo 39 depoimentos, colhidos 
individualmente ou em pequenos grupos. 
O roteiro das entrevistas serviu de ponto 
de partida para apreensão das diferentes 
dinâmicas de trabalho e participação. A 
flexibilidade foi exercitada ao máximo, com 
vistas a garantir espaço para que os voluntários 
falassem também de questões não previstas, em 
salas cedidas por ONGs, creches comunitárias, 
igrejas, agências bancárias, escolas e 
associações de moradores (p.128).
149
Editora Realize
Campina Grande-PB
2015
ISBN: 978-85-61702-36-6
Pesquisas em Educação: 
a produção do Núcleo de Etnografia em Educação (NetEDU)
55
(MALTA, 1998) Estado nutricional e variáveis 
sócio-econômicas na repetência escolar: um 
estudo prospectivo em crianças da primeira 
série em Belo Horizonte, Brasil. 
Pesquisa quantitativa realizada em quatro 
escolas municipais, onde já estava implantado 
o programa de saúde escolar, da secretaria 
municipal de saúde.
A pesquisa procurou verificar a existência de 
associação entre repetência escolar, medidas 
antropométricas e variáveis sócio-econômicas 
em crianças da primeira série do primeiro 
grau, determinando qual a capacidade destas 
variáveis na predição da repetência. 
Os resultados apontam que