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Estatuto da OAB e Código de Ética

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Questão 1 - Estatuto da OAB/Código de Ética- XX Exame (2016.2)
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1- A advogada Laila representou judicialmente Rita, em processo no qual esta postulava a -condenação do Município de Manaus ao cumprimento de obrigação de pagar quantia certa. Fora acordado entre Laila e Rita o pagamento de valor determinado à advogada, a título de honorários, por meio de negócio jurídico escrito e válido. Após o transcurso do processo, a Fazenda Pública foi condenada, nos termos do pedido autoral. Antes da expedição do precatório, Laila juntou aos autos o contrato de honorários, no intuito de obter os valores pactuados.
Considerando a situação narrada, é correto afirmar que:
· o juiz deverá determinar que os valores acordados a título de honorários sejam pagos diretamente a Laila, por dedução da quantia a ser recebida por Rita, independentemente de concordância desta nos autos, salvo se Rita provar que já os pagou.
Dicas para resolução:
Alternativas A e C incorretas de acordo com o §1 do art. 24 do Estatuto da OAB (execução de honorários deve ser feita nos mesmos autos, e não em processo autônomo).
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.
§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.
Alternativa B correta e D incorreta de acordo com o §4º do art. 22 do Estatuto da OAB (como Laila juntou o contrato de honorários, o juiz deve determinar que os valores sejam pagos diretamente a Laila, independentemente da concordância de Rita nos autos).
Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.
(...)
§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou.
2- Michael foi réu em um processo criminal, denunciado pela prática do delito de corrupção passiva. Sua defesa técnica no feito foi realizada pela advogada Maria, que, para tanto, teve acesso a comprovantes de rendimentos e extratos da conta bancária de Michael.
Tempos após o término do processo penal, a ex-mulher de Michael ajuizou demanda, postulando, em face dele, a prestação de alimentos. Ciente de que Maria conhecia os rendimentos de Michael, a autora arrolou a advogada como testemunha.
Considerando o caso narrado e o disposto no Código de Ética e Disciplina da OAB, assinale a afirmativa correta.
· Maria deverá recursar-se a depor como testemunha, ainda que Michael expressamente lhe autorize ou solicite que revele o que sabe. 
Veja como o Novo Código de Ética da OAB trata a matéria:
CAPÍTULO VII
DO SIGILO PROFISSIONAL
Art. 35. O advogado tem o dever de guardar sigilo dos fatos de que tome conhecimento no exercício da profissão.
Parágrafo único. O sigilo profissional abrange os fatos de que o advogado tenha tido conhecimento em virtude de funções desempenhadas na Ordem dos Advogados do Brasil.
Art. 36. O sigilo profissional é de ordem pública, independendo de solicitação de reserva que lhe seja feita pelo cliente.
§ 1º Presumem-se confidenciais as comunicações de qualquer natureza entre advogado e cliente.
§ 2º O advogado, quando no exercício das funções de mediador, conciliador e árbitro, se submete às regras de sigilo profissional.
Art. 37. O sigilo profissional cederá em face de circunstâncias excepcionais que configurem justa causa, como nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra ou que envolvam defesa própria.
Art. 38. O advogado não é obrigado a depor, em processo ou procedimento judicial, administrativo ou arbitral, sobre fatos a cujo respeito deva guardar sigilo profissional.
3ª Questão:
A advogada Taís foi contratada por Lia para atuar em certo processo ajuizado perante o Juizado Especial Cível. Foi acordado o pagamento de honorários advocatícios no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). O feito seguiu regularmente o rito previsto na Lei nº 9.099/95, tendo o magistrado, antes da instrução e julgamento, esclarecido as partes sobre as vantagens da conciliação, obtendo a concordância dos litigantes pela solução consensual do conflito.
Considerando o caso relatado, assinale a afirmativa correta;
· A conciliação entre as partes, ocorrida antes da instrução e julgamento do feito, não prejudica os honorários convencionados, salvo aquiescência de Taís.
Dicas para resolução:
A alternativa B está correta e de acordo com o §4º do art. 24 do Estatudo da OAB:
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.
(...)
§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos por sentença.
4ª Questão:
João outorgou procuração ao advogado Antônio, para sua defesa em certo processo. Todavia, decorridos alguns dias, João concluiu que a atuação de apenas um profissional não seria suficiente à sua satisfatória representação e buscou Antônio, a fim de informá-lo de que pretendia também contratar o advogado Luiz, para atuar juntamente com ele no feito. Ocorre que Antônio negou-se a aceitar a indicação, por duvidar das qualidades profissionais do colega. Meses depois, convencido de que realmente precisa de auxílio, resolveu substabelecer o mandato, com reserva de poderes, ao advogado Lucas, que goza de sua absoluta confiança.
Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta.
· A recusa de Antônio à indicação de outro profissional pelo cliente não constitui infração ética, pois o advogado não é obrigado a aceitar a indicação de outro profissional para com ele trabalhar no processo. Por sua vez, o substabelecimento do mandato a Lucas independe de comunicação a João, já que constitui ato pessoal do advogado da causa.
A partir dos próximos exames, será cobrado o Novo Código de Ética, que entrou em vigor no dia 01/09/2016, quase um mês antes do edital do XXI Exame da OAB.
O Novo Código de Ética da OAB trata a matéria de forma similar. Confira:
Art. 24. O advogado não se sujeita à imposição do cliente que pretenda ver com ele atuando outros advogados, nem fica na contingência de aceitar a indicação de outro profissional para com ele trabalhar no processo.
(...)
Art. 26. O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é ato pessoal do advogado da causa.
§ 1º O substabelecimento do mandato sem reserva de poderes exige o prévio e inequívoco conhecimento do cliente.
5ª Questão:
Fabiano é conselheiro eleito de certo Conselho Seccional da OAB. No curso do mandato, Fabiano pratica infração disciplinar e sofre condenação, em definitivo, à pena de censura.
Considerando a situação descrita e o disposto no Estatuto da OAB, o mandato de Fabiano no Conselho Seccional
· será extinto, independentemente da natureza da sanção disciplinar aplicada.
Resolução; 
Dicas para resolução:
Segundo o Estatuto da OAB, em seu artigo 66, inciso II:
Art. 66. Extingue-se o mandato automaticamente, antes do seu término, quando:
(...)
II - o titular sofrer condenação disciplinar;
6ª Questão:
Charles é presidente de certo Conselho Seccional da OAB. Não obstante, no curso do mandato, Charles vê-se envolvido em dificuldades no seu casamento com Emma, e decide renunciar ao mandato, para dedicar-se às suas questões pessoais.
Sobre o caso, assinale a afirmativa correta.
· O sucessor de Charles deverá ser eleitopelo Conselho Seccional respectivo, dentre seus membros.
Questão baseada no Regulamento Geral do Estatudo da OAB, art. 50:
Art. 50. Ocorrendo vaga de cargo de diretoria do Conselho Federal ou do Conselho Seccional,
inclusive do Presidente, em virtude de perda do mandato (art. 66 do Estatuto), morte ou renúncia,
o substituto é eleito pelo Conselho a que se vincule, dentre os seus membros.
Como Charles é presidente de um Conselho Seccional, seu sucessor deverá ser eleito pelo Conselho Seccional respectivo, dentre seus membros, conforme dispõe a alternativa B
7ª Questão:
As advogadas Tereza, Gabriela e Esmeralda desejam integrar a lista a ser encaminhada ao Tribunal de Justiça de determinado estado da federação, para preenchimento de vaga constitucionalmente destinada aos advogados na composição do Tribunal. Tereza exerce regular e efetivamente a atividade de advocacia há 15 anos. Possui reputação ilibada e saber jurídico tão notório que a permitiu ser eleita conselheira suplente, para a atual gestão, de determinada subseção da OAB. Gabriela, embora nunca tenha integrado órgão da OAB, exerce, regular e efetivamente, a advocacia há 06 anos e é conhecida por sua conduta ética e seu profundo conhecimento do Direito. Por sua vez, Esmeralda pratica regularmente a advocacia há 10 anos. Também é inconteste seu extenso conhecimento jurídico. A reputação ilibada de Esmeralda é comprovada diariamente no corretíssimo exercício de sua função de tesoureira da Caixa de Assistência de Advogados da Seccional da OAB na qual inscrita.
Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
· Nenhuma das advogadas deverá compor a lista a ser encaminhada ao Tribunal de Justiça.
Dicas para resolução:
Segundo dispõe o Estatuto da OAB em seu art. 58, inciso XIV:
Art. 58. Compete privativamente ao Conselho Seccional:
(...)
XIV - eleger as listas, constitucionalmente previstas, para preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários, no âmbito de sua competência e na forma do Provimento do Conselho Federal, vedada a inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB;
Esse artigo, ao vedar a inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB, já exclui as advogadas Tereza (conselheira suplente) e Esmeralda (tesoureira da Caixa de Assistência de Advogados de sua Seccional da OAB).
Isso exclui as alternativas B e D, que as indicam para compor a lista. E ficamos entre as alternativas A e C. A dúvida paira então sobre a advogada Gabriela, que nunca integrou órgão da OAB, e exerce a advocacia há 6 anos. E esta dúvida pode ser resolvida pela Constituição Federal, em seu art. 94:
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.
Assim, Gabriela, que não completou ainda 10 anos de atividade profissional, também não pode figurar na lista e, portanto, a alternativa correta é a letra A.
8ª Questão:
A advogada Dolores cometeu infração disciplinar sujeita à sanção de suspensão em 12/07/2004. Em 13/07/2008 o fato foi oficialmente constatado, tendo sido encaminhada notícia a certo Conselho Seccional da OAB. Em 14/07/2010 foi instaurado processo disciplinar. Em 15/07/2012 foi aplicada definitivamente a sanção disciplinar de suspensão.
Sobre o tema, assinale a afirmativa correta.
· A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em cinco anos. No caso narrado, não se operou o fenômeno prescritivo.
Dicas para resolução:
Para responder a esta questão, é preciso:
- saber o prazo de prescrição das infrações disciplinares.
- conseguir aplicar este prazo ao caso concreto.
E para isso, basta conhecer o caput do art. 43 do Estatuto da OAB:
Art. 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em cinco anos, contados da data da constatação oficial do fato.
Assim, como o fato só foi oficialmente constatado em 2008, a sanção aplicada em 2012 (menos de 5 anos após a constatação oficial do fato), não há que se falar em prescrição.
E para quem quiser se aprofundar um pouco mais no caso, os parágrafos e incisos do art. 43 trazem informações adicionais sobre a prescrição e sua interrupção:
Art. 43(...)
§ 1º Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de três anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício, ou a requerimento da parte interessada, sem prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação.
§ 2º A prescrição interrompe-se:
I - pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao representado;
II - pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB
Assim, no caso concreto, o prazo prescricional se iniciou em 2008, com a constatação oficial do fato, e ainda foi interrompido em 2010, com a instauração do processo. E como a decisão se deu apenas 2 anos depois, também não há que se falar em prescrição por paralisação, já que esta só ocorreria após decorridos 3 anos paralisado.
A resposta é, portanto, letra D.
9ª Questão:
Guilherme é advogado de José em ação promovida por este em face de Bruno, cujo advogado é Gabriel. Na audiência de conciliação, ao deparar-se com Bruno, Guilherme o reconhece como antigo amigo da época de colégio, com o qual havia perdido contato. Dias após a realização da audiência, na qual foi frustrada a tentativa de conciliação, Guilherme se reaproxima de Bruno, e com vistas a solucionar o litígio, estabelece entendimento sobre a causa diretamente com ele, sem autorização de José e sem ciência de Gabriel.
Na situação narrada,
a) Guilherme cometeu infração disciplinar ao estabelecer entendimento com Bruno, tanto pelo fato de não haver ciência de Gabriel, como por não haver autorização de José.
Dicas para resolução:
Nesse tipo de questão, em primeiro lugar é preciso esclarecer quem é quem, pois a mistura de tantos nomes é feita para testar não só o conhecimento, mas também a capacidade de atenção do candidato:
Assim:
Advogados: Guilherme e Gabriel
Partes: José e Bruno
O acordo se deu entre o advogado (Guilherme) de uma parte e a outra parte (Bruno), sem a ciência dos demais envolvidos.
Esclarecido o enunciado, basta conferir o que dispõe o Estatuto da OAB:
Art. 34. Constitui infração disciplinar:
(...)
VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência do advogado contrário;
Assim, para estabelecer entendimento com a parte adversa, o advogado deve ter a autorização de seu cliente e a ciência do advogado contrário. No caso concreto, nenhuma das duas coisas ocorreram, e Guilherme, portanto, cometeu a infração pelos dois fatos.
E a alternativa que expressa esse entendimento é a letra A.
10ª Questão:
Júlia é advogada de Fernando, réu em processo criminal de grande repercussão social. Em um programa vespertino da rádio local, o apresentador, ao comentar o caso, afirmou que Júlia era “advogada de porta de cadeia” e “ajudante de bandido”. Ouvinte do programa, Rafaela procurou o Conselho Seccional da OAB e pediu que fosse promovido o desagravo público. Júlia, ao tomar conhecimento do pedido de Rafaela, informou ao Conselho Seccional da OAB que o desagravo não era necessário, pois já ajuizara ação para apurar a responsabilidade civil do apresentador.
No caso narrado,
· o pedido de desagravo pode ser formulado por Rafaela, e não depende da concordância de Júlia, apesar de esta ser a pessoa ofendida em razão do exercício profissional.
Dicas para resolução:
Mais uma vez, vários nomes são citados, para embaralhar a cabeça do candidato.
Aqui só dois são relevantes:
Júlia, advogada ofendida
Rafaela, ouvinte do programa de rádio
Segundo o regulamento do Estatuto da OAB, o desagravo não serve para a defesa apenas do advogado ofendido,mas para os direitos e prerrogativas da advocacia e, assim, não depende do pedido ou da concordância do ofendido.
Confira o que dispõe o Regulamento do Estatuto da OAB:
Art. 18. O inscrito na OAB, quando ofendido comprovadamente em razão do exercício profissional ou de cargo ou função da OAB, tem direito ao desagravo público promovido pelo Conselho competente, de ofício, a seu pedido ou de qualquer pessoa.
(...)
§ 7º O desagravo público, como instrumento de defesa dos direitos e prerrogativas da advocacia, não depende de concordância do ofendido, que não pode dispensá-lo, devendo ser promovido a critério do Conselho.

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