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Trabalho de sociologia

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FAEX - FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DE 
EXTREMA
MARIA JOSÉ PEREIRA RAMOS
TEORIAS SOCIAIS MARXISTAS
Extrema – MG
2016
KARL MARX
INTRODUÇÃO 
	O marxismo interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí consequentes. O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas.
	O marxismo influenciou muito além do que o proposto inicialmente, atingindo correntes de pensamento de todo o mundo. 
	Neste trabalho, iremos refletir sobre a visão do sociólogo Karl Marx sobre alguns pontos como o conflito social, dialética material, materialismo histórico, ideologia alienação, luta de classes, modo de produção, infraestrutura e superestrutura.
1 – O CONFLITO SOCIAL PARA KARL MARX
1.1 – O trabalho como mercadoria
 O trabalho é um dos temas de investigação mais importantes da Sociologia. Nele, estão conjugados diversos aspectos da existência humana, como a História, as condições materiais da vida, as ideologias e até mesmo a religião. Assim, por exemplo, do ponto de vista material, estuda-se o modo como a atividade assalariada está ligada à sobrevivência do trabalhador e, do ponto de vista ideológico, investiga-se como o trabalho deixou de ser uma atividade inferior, a partir da reforma ideológica protestante. Karl Marx foi um dos principais teóricos do trabalho. Na sua teoria, o processo de trabalho ocupa um posto muito importante e tem um aspecto duplo, a saber, o de transformação material e o de valorização do capital. No pensamento econômico de Marx, o trabalho tem de ser tomado com referência a alguma coisa, desvinculando-se da sua utilidade prática imediata. Sua importância, nesse caso, refere-se à maneira como pode se encaixar em um sistema mais amplo, que é o processo de produção material da existência no capitalismo.
	Nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos, especialmente no Primeiro Manuscrito, Marx apresenta um conceito de trabalho diferente daquele da crítica ao capitalismo. Nessa obra, ele expõe uma visão filosófica a respeito da existência humana, contrapondo-a ao ponto de vista da economia política, que reduz todas as ações humanas a motivações de ordem econômica. Com efeito, o conceito filosófico de trabalho é formulado por Marx em contraposição, a um só tempo, à concepção deturpada das teorias econômicas e às circunstâncias reais alienadas das relações de produção. De acordo com isso, Erich Fromm, no prefácio de seu livro Conceito Marxista do Homem, afirma que a filosofia de Marx representa um protesto contra a alienação do homem, contra sua transformação em objeto, sua desumanização e automatização, inerentes à evolução do industrialismo ocidental.
1.1.1 – Trabalho e prosperidade
 
 Marx inicia o Primeiro Manuscrito afirmando que a economia política parte dos fatos, como dados verdadeiros subjacentes à estrutura econômica e social, mas não faz esforços para explicá-los. 	A teoria econômica concebe somente o processo material segundo o qual se dá a existência da propriedade privada, a separação entre trabalho, capital e terra, a divisão do trabalho, a competição e a conceituação de valor de troca. Todavia, conforme Marx, o que deveria ser explicado é admitido como ponto de partida para a formulação das leis econômicas, sem que haja a preocupação em compreender como essas leis se originam da propriedade privada e da base da distinção entre trabalho, capital e terra. Desse modo, há um círculo vicioso na economia política, uma vez que afirma o que deveria deduzir, analogamente à teologia, quando explica a origem do mal na queda do homem: assegura como fato histórico aquilo que deveria elucidar.
1.1.2 – Uma atividade vital 
 O conceito filosófico de trabalho formulado por Karl Marx abarca ontologicamente o todo da existência do homem. Não se trata de uma atividade determinada, como no sentido econômico, mas a práxis fundamental e específica da espécie humana, na qual há uma união essencial entre homem e objetividade. Assim, Marx entende que o caráter de uma espécie qualquer reside no tipo de atividade vital que ela exerce, deforma que o traço distintivo da humanidade seria o fato de o homem fazer de sua atividade vital um projeto de sua vontade e de sua consciência. Dessa forma, enquanto o animal é idêntico à sua atividade vital e sua produção não vai além do que necessita imediatamente para si e para sua prole, o homem, por meio do trabalho, procede à construção prática de um mundo objetivo, através da manipulação da natureza inorgânica. Isso é, para Marx, a afirmação do homem enquanto ser genérico consciente.
	O trabalho, por consequência, é o que permite ao homem construir seu mundo objetivo e a si mesmo enquanto indivíduo, buscando a satisfação de suas necessidades. Nesse aspecto, para Marx, as ações humanas não têm por base uma natureza pronta, imutável, mas se referem a um homem ativo na construção de si mesmo, da natureza e da História. Ao apropriar-se dos objetos em suas relações com o mundo, o homem cria, simultaneamente, suas esferas espirituais, materiais e até biológicas, já que os sentidos humanos são vistos como coletivos em sua forma e dependentes do modo como se objetiva a natureza. Assim, a esfera natural é apropriada como parte do corpo humano, pois a criação do mundo cultural depende dos meios fornecidos pelo mundo sensorial. Para além da construção de simples meios de sobrevivência, o homem estabelece uma mediação entre si e a natureza, produzindo e reproduzindo sua existência material, vital e espiritual.
	Subjacente a essa conceituação de trabalho, está a noção de uma espécie humana cuja plenitude da satisfação factual das necessidades jamais pode ser alcançada. Para Marcuse, há uma discrepância entre as situações possíveis de satisfação das necessidades e o ser do homem. A tarefa humana fundamental seria suprir as carências de plenitude continuada e permanente geradas por uma necessidade vital, originária e insuperável dos homens. Nesse sentido, o trabalho de construção de um mundo objetivo, fruto da ação humana sobre a natureza, relaciona-se com a autorrealização do homem, com a sua formação plena. Esse processo não pode, portanto, encontrar seu termo, uma vez que a necessidade é o próprio ser do homem no mundo, constitutiva da sua existência. No entanto, a práxis humana não é totalmente natural, como a atividade vital de formigas em um formigueiro, pois, ao nascer, o homem encontra um mundo que não é suficiente para a satisfação de suas necessidades, de modo que precisa alterá-lo, objetivá-lo e mediá-lo incessantemente.
1.1.3 – Divisão do trabalho
 "Como os valores de troca das mercadorias não passam de funções sociais delas, e nada tem a ver com suas propriedades naturais, devemos antes de mais nada perguntar: Qual é a substância social comum a todas as mercadorias? É o trabalho. Para produzir uma mercadoria, tem-se que inverter nela, ou a ela incorporar, uma determinada quantidade de trabalho. E não simplesmente trabalho, mas trabalho social. Aquele que produz um objeto para seu uso pessoal e direto, para consumi-lo, cria um produto, mas não uma mercadoria. Como produtor que se mantém a si mesmo, nada tem com a sociedade. Mas, para produzir uma mercadoria, não só tem que criar um artigo que satisfaça a uma necessidade social qualquer, como também o trabalho nele incorporado deverá representar uma parte integrante da soma global de trabalho invertido pela sociedade. Tem que estar subordinado à divisão de trabalho dentro da sociedade."
	Marx entende que o trabalho é a "vida genérica ativa humana", na medida em que permite construir o mundo objetivo em que o homem vive, no qual há uma influência recíproca entre todos. Com isso, ele condena o trabalho moderno eocidental, baseado na determinação e na especialização. Esse trabalho, como categoria da economia política, é justamente o que dificulta a realização das potencialidades humanas, obrigando o trabalhador a restringir seus horizontes a um mínimo de atividades que o permitem continuar existindo e, ao mesmo tempo, restringe e limita sua própria vida. É, assim, não somente uma mutilação intelectual e moral, mas também um obstáculo ao ato de criação humana, ao desenvolvimento e à consciência do indivíduo.
	Tal reflexão remete ao problema do trabalho alienado. Na medida em que a atividade humana é livre, já que o homem é autoconsciente e capaz de fazer de sua própria vida o objeto de suas ações, o trabalho alienado significa uma desumanização. Pela alienação do trabalho, o indivíduo perde a característica de agente ativo em face da natureza e do mundo humanamente criado.No ato de alienação há, segundo Marx, três aspectos. O primeiro é a relação do trabalhador com o produto do trabalho como um objeto estranho, que o domina. Nesse tipo de relação com o mundo sensorial, os objetos produzidos lhe são estranhos e hostis. O segundo é a relação do trabalho com o ato de produção, isto é, do trabalhador com sua própria atividade, enquanto algo estranho e não pertencente a ele mesmo. Nesse caso, é uma atividade que envolve sofrimento em função da posição de passividade do indivíduo trabalhador, da sua impotência diante de um processo voltado contra si. 
	O terceiro aspecto do trabalho alienado, mais complexo, é a transformação do modo de vida da espécie humana em um meio de subsistência individual. Nesse caso, a atividade vital humana aparece como simples meio para a satisfação da necessidade de manter a existência física do trabalhador. Embora, na condição de ser autoconsciente, o homem devesse tomar as rédeas de sua vida, o que ocorre é a transformação de toda a atividade vital em um meio para busca da sobrevivência. A própria vida genérica ativa se torna apenas um meio e não o fim de toda a atividade humana. De acordo com isso, Marx afirma que o que é verdadeiro quanto à relação do homem com seu trabalho, também o é quanto à sua relação com outros homens. Assim, cada indivíduo é alienado por outros e todos são igualmente alienados da vida humana, uma vez que cada um encara o semelhante conforme os padrões e relações em que se encontra como trabalhador.
2 – DIALÉTICA MATERIAL
	A dialética é a arte do diálogo ou da discussão, ela é praticada metodologicamente e segue leis. Podemos dizer que é uma tentativa de descrição exata do real.
2.1 – Leis da dialética
2.1.1 – 1ª lei: da Mudança dialética
	A primeira lei do materialismo dialético começa por constatar que nada fica onde está nada permanece o que é. Ela propõe estudar as coisas com a concepção do movimento. É o estudo do ponto de vista do passado e do futuro.
Do ponto de vista do materialismo dialético, aprendemos que a sociedade capitalista nem sempre foi o que é. Se contatarmos que, no passado, outras sociedades viveram um certo tempo, será de deduzir que a capitalista, como todas as outras, não é definitiva, não tem base tangível, mas, pelo contrário, é para nós apenas uma realidade provisória, uma transição entre o passado e o futuro.
2.1.2 – 2ª lei: da Ação Recíproca
 
	É a lei da ação recíproca. O encadeamento dos processos, portanto de processo em processo, chegamos ao exame das condições de existência do capitalismo. Temos, assim, um encadeamento de processos, que nos demonstra que tudo influi sobre tudo. 
2.1.3 – 3ª lei: da Negação 
	Que pretende que, no conflito dos contrários, um contrário nega outro e é por sua vez negado por um nível superior do desenvolvimento histórico que preserva alguma coisa de ambos os termos negado.
	O feudalismo foi a negação do escravagismo. O capitalismo a negação do feudalismo. O socialismo é a negação do capitalismo. Ou seja, cada coisa é uma unidade de contrárias. Mas, para o materialismo dialético, toda coisa é, ao mesmo tempo, ela própria e a sua contrária, uma unidade de contrárias.
	Há mudança, movimento, onde haja contradição. Esta é a negação da afirmação, e quando o terceiro termo, a negação da negação, se alcança, aparece a solução, porque, nesse momento, a razão da contradição é eliminada, ultrapassada.
2.1.4 – 4ª lei: da Transformação da quantidade em qualidade 
	É lei da transformação da quantidade em qualidade, segundo a qual mudanças quantitativas dão origem a mudanças qualitativas revolucionárias. A dialética reconhece que as revoluções são necessidades. Há mudanças contínuas, mas, acumulando-se, acabam por produzir mudanças bruscas.
	A diferença entre uma mudança quantitativa e a qualitativa é a natureza das duas, quando mudanças quantitativas (sem alteração da natureza delas mesmas) se acumulam, uma mudança qualitativa é gerada (com mudança de sua natureza). A quantidade transforma-se em qualidade. Esta lei traz a solução do problema: reforma ou revolução.
3 – MATERIALISMO
	Segundo VINÍCIUS (2011), o materialismo é a concepção filosófica que trata o ser, a realidade material, como o elemento que determina o nosso pensamento, as nossas ideias e a nossa vida. Para o materialista, as respostas para os fenômenos físicos e sociais estão contidas nesses mesmos fenômenos. As ideias e concepções que a nossa mente projeta sobre o mundo estão determinadas pela existência não do pensamento, mas pela existência material dos objetos à nossa volta, e estes incidem sobre nós quando nos relacionamos com eles. Por exemplo, para um idealista, a origem do homem está contida na ideia da criação divina; já para um materialista está contida na teoria do evolucionismo de Charles Darwin, ou seja, da evolução das espécies vivas que se deu ao longo de séculos de coexistência entre estes seres vivos e o meio em que viveram.
3.1 – Materialismo histórico e materialismo dialético
3.1.1 – Materialismo dialético
	O materialismo dialético é uma teoria filosófica do partido marxista-leninista. Ela, diferentemente do que dizia Hegel, afirma que a matéria é o dado primário, de onde se derivarão outros dados, como a consciência, pois ela é reflexo da matéria. Com esse pensamento um novo conceito foi introduzido, que dizia que os movimentos históricos ocorrem de acordo com as condições materiais da vida.
3.1.2 – Materialismo histórico
	Na concepção marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. 
	Ele divide a sociedade em níveis, comparando-a com um edifício, em que o primeiro nível chamado de infraestrutura compõe a base econômica, como por exemplo, relações empregado e empregador.
	O segundo nível é comparado a superestrutura do edifício, constituída principalmente por dois aspectos: pela estrutura jurídico-política representada pelo Estado e pelo direito, e pela estrutura ideológica, composta pelas expressões da consciência social.
4 – IDEOLOGIA
4.1 – O conceito de ideologia em Marx
 Para entender o pensamento de Karl Marx, propomos que antes tracemos o significado de uma palavra a ele fortemente associada: ideologia. Ideologia é uma palavra de múltiplos significados, contudo,  nos limitaremos a tratá-la enquanto um “Conjunto de idéias que procura ocultar a sua própria origem nos interesses sociais de um grupo particular da sociedade. Esse é o conceito utilizado por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895)”.  É nesse significado que iremos aprofundar nossa análise.
O conceito de ideologia aparece em Marx como equivalente de ilusão, falsa consciência, concepção idealista na qual a realidade é invertida e as ideias aparecem como motor da vida real. 	No marxismo posterior a Marx, sobretudo na obra de Lênin, ganha outro sentido, bastante diferente: ideologia é qualquer concepção da realidade social ou política, vinculada aos interesses de certas classes sociais particulares.
	Através da ideologia, são construídos (produzidos) imaginários  e lógicas de identificaçãosocial cuja  função seria escamotear o conflito (entre as classes sociais), dissimular a dominação e ocultar a presença do particular, dando-lhe a aparência de universal. É possível, também, perceber que o discurso ideológico, na medida em que se caracteriza por uma construção imaginária (no sentido de imagens da unidade do social), graças à qual fornece aos sujeitos sociais e políticos um espaço de ação, deve necessariamente fornecer, além do corpus de representações coerentes para explicar a (realidade social), um corpus de normas coerentes para orientar a prática (política).
4.1.1 – Ideologia e Hegemonia
 Somente se levarmos em conta o advento e a natureza do Estado moderno (poder soberano aplicado sobre toda uma nação), poderemos compreender a função implícita ou explícita da ideologia, sua tentativa para fazer com que o ponto de vista particular da classe que exerce a dominação (política) apareça para todos os sujeitos sociais e políticos como universal, e não como interesse particular de uma classe determinada.  Por influência de Karl Marx, a palavra ideologia tornou-se largamente utilizada nas ciências humanas de nossa época com o significado de sistema de ideias que elaboram uma "compreensão da realidade" para ocultar ou dissimular o domínio de um grupo sobre o outro.
Nesse sentido, a ideologia tem funções como a de preservar a dominação de classes apresentando uma explicação apaziguadora para as diferenças sociais. Seu objetivo é evitar os conflitos abertos entre dominadores e dominados. A ideologia, portanto, seria uma forma de consciência, mas uma consciência parcial, ilusória e enganadora que se baseia na criação de conceitos e preconceitos como instrumentos de hegemonia.
4.2 – A naturalização enquanto recurso ideológico
 Vimos que a principal função da ideologia é ocultar a existência do conflito de classes. Este conflito cujas bases são as diferenças histórico-econômicas entre a classe dominante e a classe subalterna.
O discurso ideológico não nega a desigualdade entre os segmentos sociais. Seria uma ingenuidade fazê-lo, uma vez que a desigualdade social é visível, mas nega que essa diferença tenha como pano de fundo a razão histórico-econômica. Para explicar as diferenças sociais, a ideologia utiliza-se de vários recursos. O mais comum é o recurso à naturalização.
A naturalização é a tentativa de justificar as desigualdades sociais remetendo-se a supostas causas naturais. Sob a ótica do naturalismo, a situação de inferioridade econômica entre as pessoas ocorre devido a fatores como a “raça” (etnia) e o sexo (gênero). O racismo e a discriminação por gênero (machismo e feminismo) são, portanto, tentativas ideológicas de explicação da desigualdade social através do recurso à naturalização. O grupo social hegemônico, que se encontra no poder beneficia-se do recurso à naturalização porque, através dele, se permite estabelecer uma hierarquização de grupos. Depois se coloca com o topo dessa hierarquia.
5 – ALIENAÇÃO
 A alienação é um processo de exteriorização de uma essência humana e do não-reconhecimento desta atividade enquanto tal.
No fim do processo de trabalho, o produto feito se transforma em algo estranho, independente do ser que o produziu. Este estranhamento, esta “diferença de natureza” entre produtor e produto pode ser considerado a cereja do bolo para a concepção da alienação.
Pierre Clastres, em seu livro Sociedade Contra o Estado, já deixa a possibilidade de uma “origem da alienação do trabalho” na criação do Estado e na obrigação de se trabalhar compulsivamente para a satisfação das classes dominantes, não trabalhadoras, que o Estado proporciona o privilégio da dominação.
5.1 – Marx retrata a alienação:
· Em relação ao produto do trabalho;
· No processo de produção;
· Em relação à existência do indivíduo enquanto membro do gênero humano;
· Em relação a os outros indivíduos.
5.1.1 – A alienação em relação ao produto do trabalho
Este é o estranhamento em não se reconhecer num produto que tem dentro de si a essência do trabalhador. É a pobreza gerada ao trabalhador enquanto, ao mesmo tempo, se gera a riqueza do capitalista.
Quando o produto está feito, só resta ao trabalhador exigir um salário no fim do mês. Este tipo de alienação é aquela que o programador passa após terminar uma rotina para um dado sistema administrativo de uma empresa. Após modificar aquele software, realizar transformações para adaptá-lo ao cotidiano da empresa que o adquiriu, ele não pode reivindicar o produto do trabalho como algo dele. A modificação foi um serviço garantido pelo contrato entre empresa contratante e empresa contratada (e entre empregador e empregado).
O exemplo clássico é o da linha de produção, em que o trabalhador não se reconhece no produto final e nem mesmo sabe seu destino. O produto final é do empregador e ele deverá realizar sua venda ou qualquer outra coisa, afinal, é seu e só seu – em suma, o produto final não é ontologicamente de ninguém, é um ser independente, um objeto estranho à “natureza” de qualquer indivíduo que trabalhou nele.
5.1.2 – A alienação no processo de produção
Esta alienação é o que Marx chama de “alienação ativa” ou “atividade de alienação”. É a constatação básica de que se o trabalhador está alienado em relação ao produto de seu trabalho, então é necessário verificar que isto não aconteceu do nada, mas estava presente no próprio processo produtivo.
É aqui que percebemos que o trabalho é sofrimento e não realização. O trabalho é forçado, se trabalha para sobreviver e nunca se trabalha somente o necessário. Pior ainda é constatar que o guia do trabalho não é a necessidade, mas sim os interesses daqueles que exercem poder sobre os trabalhadores.
 Neste estágio, o trabalhador só se satisfaz em suas atividades animais como comer, dormir, beber e transar, mas é completamente insatisfeito (e até mesmo nega) na sua atividade propriamente humana. O trabalho próprio é estranho ao indivíduo, que só trabalha por coerção, só trabalha para alguém por alguém. O trabalho assim exteriorizado é um trabalho de mortificação, de sacrifício.
	O cotidiano é uma prova desta alienação, já que o trabalho é sempre considerado como o fardo para a sobrevivência. Uma tentativa de fazer do trabalho algo bom é constantemente praticada: tenta-se colocar palestras motivacionais, um ambiente saudável, incentivam que os indivíduos sigam sua “vocação” e etc e etc, entretanto, mesmo para aqueles que “amam” seu trabalho, ele ainda é feito sob a perspectiva meramente econômica do capitalismo.
Trata-se de uma perspectiva mortificante, pois gostar do trabalho é um acidente feliz, não uma propriedade do trabalho. É necessário realizar uma atividade determinada que seja de seu prazer, mas a atividade em si (e genérica) não causa prazer nenhum. Então se procura um emprego bom para compensar a necessidade que é ter que trabalhar.
5.1.3 – Alienação do sujeito enquanto pertencente ao gênero humano 
Aqui Marx salta para a própria característica do humano enquanto ser genérico. Enquanto animal multifacetado com inúmeras potencialidades e capacidades. Quando ele está separado de sua essência, de sua ligação com a comunidade, de seu trabalho, ele se individualiza. Não é mais membro de sua espécie, é só um indivíduo solitário.
O trabalho enquanto fator individualizante não é criticado unicamente por, em sua configuração atual, ser um impulsionador da individualização, mas sim por fazer dessa individualização uma transformação do sujeito multifacetado em um sujeito unilateral e único. O trabalhador só vale sua vida enquanto trabalhador, não enquanto humano e não é nunca parte de um gênero, de uma espécie, mas é Um, único, específico, não detém a humanidade (uma ligação abstrata entre aqueles do mesmo gênero), só detém sua individualidade.
É necessário cuidar da existência do trabalhador que, por sua vez, precisa cuidar de sua própria existência. Se ele não é parte do produto feito e se o produto feito não é uma necessidade da comunidade local ou da sociedade,então por que se preocupar com isso? De fato não faz sentido. A única preocupação estrutural é a da própria sobrevivência e ela só acontece com a diminuição do sujeito em um trabalhador.
Uma das provas de como este tipo de alienação está enraizado nas atividades de nossa sociedade é o aumento significativo da legitimidade da nova ideologia hedonista e consumista pós-moderna. Segundo as coordenadas culturais desta ideologia, cada indivíduo precisa estar apto e livre para buscar sua felicidade individual, que é reconhecida como o fim último e sentido da vida.
	Este último parágrafo é um gancho para a quarta forma de alienação.
5.1.4 – Alienação em relação aos outros homens
	Trata-se da consequência óbvia da individualização e unilateralização da vida. Quando não se reconhece em seu aspecto mais fundamental, que é o trabalho, e quando ele não é reconhecido como parte essencial da vida humana e do ser humano enquanto gênero/espécie, então não só a própria vida é uma objetificação nociva, mas toda e qualquer vida já não tem seu significado.
Ser alienado enquanto parte da espécie humana, como no terceiro tópico foi explicado, implica em se alienar também dos outros. É neste momento que um mendigo na rua é um ninguém ou um “pobre coitado”. É isso que possibilita avaliar outros de nossa espécie como “recursos humanos”
5.2 – A importância da teoria da alienação
 A teoria da alienação mostra o vazio do sujeito alienado, mostra a descaracterização da própria humanidade, da essência do sujeito. A sujeito se vê como acidente, não como determinante.
Sujeito alienado é aquele que não consegue perceber a possibilidade de uma mudança. O sujeito que não se reconhece no produto de seu trabalho, que não se satisfaz na sua atividade de trabalho, que não se reconhece enquanto membro de um gênero e que não reconhece a alteridade é um sujeito impotente. É a reprodução perfeita das estruturas vigentes em uma sociedade pautada pelo trabalho e em que a estrutura econômica assume papel determinante.
 Este sujeito destituído de tudo que lhe é próprio não está apto para assumir a responsabilidade de guiar a sociedade junto com seus companheiros.
A alienação, antes de ser uma coisa do capitalismo, é algo que existe como pressuposto da propriedade privada. Ou melhor, o nascimento da propriedade privada como algo separado do sujeito que a produz existe juntamente com a alienação do trabalho.
Afinal, o rei só é rei por haver súditos. É necessário reconhecer que o produto de seu trabalho não é seu para interpretá-lo como uma propriedade de outro, como algo independente. Isso não é possível em sociedades em que o trabalho existe como satisfação das necessidades da comunidade e não como fim último da vida humana ou como expiação dos crimes de Adão e Eva. Somente com o reconhecimento da separação do produto do trabalho e do trabalhador que a propriedade privada pode tomar forma da maneira como experimentamos atualmente.
6 – AS LUTAS DE CLASSES
A obra de Marx é resultado de um contexto sociopolítico específico, resposta aos problemas colocados pela sociedade burguesa e, também, propõe a intervenção e transformação dessa sociedade.
Marx desenvolveu uma teoria da história e analisou a sociedade capitalista, de forma crítica, original e estruturada, apresentado aspectos práticos para transformação dessa realidade. 
Enquanto o positivismo se preocupava com a manutenção da ordem capitalista, Marx vai realizar uma crítica profunda e radical da sociedade, ressaltando suas contradições.
Sociologia traz no bojo de sua formação duas tradições diferentes: a conservadora, que se identifica com os valores e os interesses da classe dominante, e a revolucionária, que se compromete com a crítica e a transformação da sociedade. Esse pensamento crítico surge na tradição da obra de Marx.
O materialismo pressupõe, de modo geral, que a produção material de uma sociedade constitui o fator determinante da organização social e política de uma época. Assim, a base material (econômica) exerce influência direta nos outros níveis da realidade: Estado, instituições jurídicas, políticas, religião, moral.
Marx elaborou um esquema teórico sobre a história da humanidade, desenvolvendo o método materialismo histórico. 
Segundo sua teoria da história, as sociedades se encontravam em constante transformação e o motor da história era os conflitos e as posições entre as classes sociais. Assim, o movimento da história possui uma base material, econômica e obedece a um movimento dialético. 
Conforme muda esta relação, mudam-se as leis, a cultura, a literatura, a educação, as artes. Em outras palavras, a estrutura de uma sociedade reflete a forma como os homens se organizam para a produção social de bens.
Segundo Marx, para conhecer a realidade era preciso compreender a relação dos homens com o mundo material. Também, era preciso compreender como esse mundo material e as ideias a ele relacionadas se transformavam e transformavam a realidade.
Para ele, a sociedade tem contradições e conflitos e, são essas contradições e conflitos que garantem sua transformação. Cada época histórica tem seus conflitos e contradições. Para entendermos uma sociedade é preciso compreender seus conflitos e suas contradições.
A chave para a compreensão da trama social é a organização do trabalho e as relações estabelecidas entre os homens no mundo da produção. Ou seja, é na vida material que tudo acontece. A política, a cultura, a justiça, a religião refletem esse conflito.
As relações de produção, marcadas pela existência de classes sociais com posições e interesses antagônicos, desenvolvem relação de conflito e esse conflito é a mola propulsora das transformações e mudanças históricas. Essa é a teoria da história para Marx.
As classes sociais são determinadas no processo produtivo, sendo definidas pelo lugar que as pessoas ocupam no processo produtivo em relação aos meios de produção: se detém ou não esses meios. Variando ao longo da história: senhores da terra/servos, burguês/assalariado, entre outros. A relação entre as classes sociais é marcada pela opressão de uma sobre a outra, pela exploração de uma sobre a outra.
O capitalismo é marcado por relações sociais de produção nas quais uns são proprietários dos meios de produção e outros vendem sua força de trabalho como mercadoria para garantiram a reprodução material de suas vidas. Os donos dos meios de produção utilizam a força de trabalho para produzir mercadoria e é a força de trabalho que gera valor à mercadoria.
A partir da inter-relação entre infraestrutura econômica se constrói toda uma superestrutura (Estado, leis, religião, etc) para garantir a ordem do sistema capitalista. O capitalista paga o salário ao trabalhador, mas esse salário nunca corresponde ao valor produzido pelo trabalhador. Este produz uma parte de trabalho que é paga pelo salário, a outra parte trabalhada fica com o empresário – é a mais-valia, o que valoriza o capital. A resolução do conflito entre os proprietários dos meios de produção e do proletariado, ou seja, da relação de exploração do capitalismo, só pode ser conseguida com a luta de classes, em que seja superada a causa dos conflitos: a propriedade privada dos meios de produção. 
	Marx expõe uma nova concepção, segundo a qual o Estado surgiu junto com a propriedade privada na história da humanidade. Em suas análises, rompeu com o pensamento liberal que analisava o Estado como um arranjo contratual entre os indivíduos a fim de garantir a ordem, a propriedade e os direitos civis, sendo o representante de todos os setores a sociedade.
 o Estado é um instrumento cujo objetivo fundamental é manter as relações sociais dominantes. Enfim, o Estado é instrumento de manutenção da ordem dominante e representante dos interesses dessa classe. Para que essa dominação seja aceita pacificamente por toda sociedade, o Estado age em nome do interesse geral e das leis. 
Assim, a maneira como as classes dominantes justificam sua dominação se impõe também pelas ideias, não apenas dentro do Estado,mas nos códigos de leis, nas igrejas, jornais, educação, meios de comunicação, propagandas – a ideologia.
O Estado é o aparelho ou conjunto de aparelhos cuja principal função é tentar impedir que o antagonismo de classe degenere em luta. Entretanto, este mesmo Estado não se atém a mediar os interesses das classes opostas, mas acaba por contribuir e reforçar a manutenção do domínio da classe dominante sobre a classe dominada. Temos aqui, portanto, a dominação de uma classe sobre as outras, ou seja, o poder organizado de uma classe para oprimir outra, sendo o Estado a expressão dessa dominação de classe.
Marx acreditava que a luta de classes conduziria à ditadura do proletariado, ou seja, o proletariado, em luta contra a burguesia e através da revolução, transformar-se-ia em classe dominante. Esta ditadura conduziria à supressão de todas as classes, isto é, a ditadura do proletariado tendo como objetivo a eliminação do antagonismo das classes tende à gradual extinção do instrumento de domínio de classe que é o Estado. 
Dessa forma, o Estado em que à classe dominante é o proletariado está destinado a ser o último, ou melhor, ele é uma transição para uma sociedade sem classes.
Podemos dizer que para Marx, como teórico da revolução, o Estado nasce da sociedade, nasce das classes, é a expressão da luta de classes e da dominação de uma delas, ou melhor, o Estado é a forma de dominação de uma classe sobre as outras. 
	As forças econômicas em interação na história, a luta de classes como o móvel da sociedade, a civilização do homem pelo trabalho numa indesculpável perversão do papel existencial do homem, são fatores que destacam o marxismo para uma forte crítica social. E isso é analisado na teoria marxista não somente como um fato contemporâneo e passageiro, mas também como uma constante histórica, que, por forçosamente presente, haveria de gerar a opressão burguesa em face da fraqueza proletária. 
A luta de classes nada mais é do que o confronto dessas classes antagônicas. A história do homem é a história da luta de classes. Para Marx a evolução histórica se dá pelo antagonismo irreconciliável entre as classes sociais de cada sociedade. Foi assim na escravista (senhores de escravos - escravos), na feudalista (senhores feudais - servos) e assim é na capitalista (burguesia - proletariado). Entre as classes de cada sociedade há uma luta constante por interesses opostos, eclodindo em guerras civis declaradas ou não. Na sociedade capitalista, a qual Marx e Engels analisaram mais intrinsecamente, a divisão social decorreu da apropriação dos meios de produção por um grupo de pessoas (burgueses) e outro grupo expropriado possuindo apenas seu corpo e capacidade de trabalho (proletários). Estes são, portanto, obrigados a trabalhar para o burguês. Os trabalhadores são economicamente explorados e os patrões obtém o lucro através da mais-valia.
 7 – MODOS DE PRODUÇÃO
 Os modos de produção são os processos gerados por sociedades, no sentido de produzir os seus bens e serviços supostamente necessários para a satisfação das suas necessidades, bem como a sua apropriação e distribuição. O modo de produção de uma sociedade é formado pelas suas forças produtivas e pelas relações de produção existentes nessa sociedade.
Modo de produção = força produtivas + relações de produção. Portanto, o conceito de modo de produção resume claramente o fato de as relações de produção ser o centro organizador de todos os aspectos relativos à sociedade.
7.1 – Modelo Primitivo
 Designa uma formação econômica e social que abrange um período muito longo, desde o aparecimento da sociedade humana. Na comunidade primitiva os homens trabalhavam em conjunto, os meios de produção e os frutos do trabalho eram propriedade coletiva. Viviam da caça, da pesca e da colheita de alimentos que a natureza disponibilizava. Foram desenvolvidas algumas técnicas, uma delas a agricultura, que fortalece a noção de território e que veio dividir as formas de trabalho. Trabalhava-se no campo, fundamentalmente, produziam-se algumas alfaias agrícolas e outros utensílios domésticos. Também se defendiam as terras dos invasores.
7.2 – Feudalismo 
O sistema feudal tem a sua origem na decadência do Império Romano, e fora florescendo pela Europa durante a Idade Média. No fundo, é um tipo de mercado em que a sua principal riqueza era a terra, e o poder era atribuído àquele que mais a possuía. O Rei, dono das terras, cedia-as aos nobres, em troca de vassalagem, e cobrando tributos. Por sua vez, estes cederiam a sua exploração a servos agricultores, que produziam para os senhores. Desta forma, estes servos dos senhores feudais recebiam em troca a proteção física defesa das suas colheitas, que repartiam.
Existiam três classes sociais predominantes: Senhores Feudais, Guerreiros e Eclesiásticos. Os servos deveriam produzir o suficiente para alimentar os três. Os guerreiros eram contratados para defender o feudo e entrar nas guerras entre feudos. Os servos trabalhavam para o feudo. Algumas terras eram de fraca produção de alimentos. Mesmo assim, ainda tinham que repartir pelo senhor e para, além disso, uma parcela dos alimentos pertencia à Igreja. Logo, o servo trabalhava todos os dias, mas mesmo assim não tinha o suficiente para alimentar a sua família.
O rei criava leis, mas em cada feudo cada Senhor criava as suas próprias leis. No entanto nenhuma delas podia ir contra as leis do rei. Todas as leis criadas provocavam vários sentimentos de revolta, mas eram apaziguados com a ajuda da Igreja, que procurava persuadir os servos. Por vezes de forma violenta. Afinal a Igreja vivia de doações diversas, e até possuía terras, que também eram consideráveis, e servos.
Mercado Feudal: Este é um tipo de mercado onde não existia muita movimentação de dinheiros. Este mercado teve algumas dificuldades para crescer devido a não existir uma procura fixa por uma determinada mercadoria o que provocava pouca produção. A falta de estradas e a suas péssimas condições, a existência de saqueadores, originou que este tipo de comércio se mantivesse local, ou seja, dentro do próprio feudo. Estes pequenos comércios, posteriormente, cresceram e causaram várias quedas de senhores feudais. E originando uma classe de comerciantes, que, por sua vez, fez gerar uma mutação social de classes de grande poder.
7.3 – Modelo Escravagista
Remete paras as relações de produção de uma sociedade em que os escravos eram propriedade do senhor, sendo considerados objeto, animal ou mesmo uma ferramenta. A sua base econômica era mercantil e a sua força de trabalho apropriada, ou seja, era relação de domínio e sujeição. Um pequeno número de senhores explorava a massa de escravos, que não tinham nenhuns direitos.
7.4 – Modelo Capitalista 
O que caracteriza este modo de produção são as relações assalariadas de produção. O capitalismo é movido por lucros, portanto temos duas classes sociais: a burguesia e os trabalhadores assalariados.
O capitalismo compreende quatro etapas:
• Pré-capitalismo – o modo de produção feudal ainda predomina, mas já se desenvolvem as relações capitalistas;
• Capitalismo comercial – A maior parte dos lucros concentra-se nas mãos dos comerciantes, que constituem a camada homogenia da sociedade.
• Capitalismo industrial – Com a revolução industrial, o capital passa a ser investido basicamente nas indústrias, que se tornam a afetividade econômica mais importante.
• Capitalismo financeiro – Os bancos e outras instituições financeiras passam a controlar as demais atividades econômicas, através de financiamentos à agricultura, à indústria, à pecuária e ao comércio.
7.4.1 – Modo de produção capitalista: Agentes econômicos
	Agentes econômicos: São todos os indivíduos, instituições ou conjunto de instituições que, através das suas decisões e ações, tomadas racionalmente, intervêm num qualquer circuito econômico. Apesar de terem funções diferenciadas no circuito econômico, de produção, de consumo ou de investimento, estabelecem entre si relações econômicas essenciais:
· Estado: que toma decisõesde consumo, de investimento e de política econômica;
· Famílias: que tomam decisões sobre o consumo de bens e serviços e de poupança, mediante os rendimentos auferidos;
· Empresas: que tomam decisões sobre investimento, sobre produção e a oferta de trabalho.
	Estes três agentes, em conjunto com as instituições financeiras, fazem parte de uma Economia Fechada. Contudo, e cada vez mais, deve considerar-se um quinto agente, o Exterior, com os quais os restantes agentes econômicos nacionais estabelecem, num quadro de Economia Aberta, relações econômicas intensas.
	Relação entre eles:
	Os agentes econômicos (indivíduos ou empresas, públicas ou privadas) fazem os seus investimentos guiando-se pela lógica do mercado, com base na lei da oferta e da procura. Investe sempre com o objetivo de obter maior rentabilidade, havendo assim concorrência em todos os setores de economia.
Os agentes econômicos permitem que a produção seja comercializada no mercado, ou seja, permite o capitalismo, baseando-se em princípios como:
· A Transformação das forças de trabalho em mercadoria;
· A acumulação do capital.
	As relações de produção regulam tanto a distribuição dos meios de produção e dos produtos quanto a apropriação dessa distribuição e do trabalho. Elas expressam as formas sociais de organização voltadas para a produção. Os fatores decorrentes dessas relações resultam em uma divisão no interior das sociedades.
 Por ter uma finalidade em si mesmo, o processo produtivo aliena o trabalhador, já que é somente para produzir que ele existe. Em razão da divisão social do trabalho e dos meios, a sociedade se extrema entre possuidores e os não detentores dos meios de produção. Surgem, então, a classe dominante e a classe dominada (ou seja, a dos trabalhadores).
 Os homens são diferenciados em classes sociais, aqueles homens que detêm a posse dos meios de produção apropriam-se do trabalho daqueles homens que não possuem esses meios, sendo que os últimos vendem a força de trabalho para conseguir sobreviver.
O Estado aparece para representar os interesses da classe dominante e cria, para isso, inúmeros aparatos para manter a estrutura da produção. Esses aparatos são nomeados por Marx de infraestrutura e condicionam o desenvolvimento de ideologias e normas reguladoras, sejam elas políticas, religiosas, culturais ou econômicas, para assegurar os interesses dos proprietários dos meios de produção. 
A concepção de organização social de Karl Marx e Friedrich Engels se baseia nas relações de produção. Nesse sentido, em toda sociedade, seja pré-capitalista ou capitalista, haverá sempre uma classe dominante, que direta ou indiretamente controla ou influencia o controle do Estado; e uma classe dominada, que reproduz a estrutura social ordenada pela classe dominante e assim perpetua a exploração.
Numa sociedade organizada, não basta a constatação da consciência social para a manutenção da ordem, pois a existência social é que determina a consciência. Em outras palavras, os valores, o modo de pensar e de agir em uma sociedade são reflexos das relações entre os homens para conseguir meios para sobreviver.
Assim, as relações de produção entre os homens dependem de suas relações com os meios de produção e que, de acordo com essas relações, podem ser de proprietário/não proprietário, capitalista/operário, patrão/empregado.
 
8 – INFRAESTRUTURA E SUPERESTRURURA 
	A sociologia marxista gira em torno de dois conceitos importantes: a infraestrutura, composta pelos meios materiais de produção (meios de produção e força-de-trabalho), e a superestrutura, que compreende as esferas política, jurídica e religiosa, ou seja, as instituições responsáveis pela produção ideológica (formação das ideias e conceitos) da sociedade. Segundo a sociologia marxista, a superestrutura é determinada pela infraestrutura, ou seja, a maneira na qual a economia de uma sociedade é organizada irá influenciar nas ideologias presentes na sociedade.
	Tudo o que não pertence à esfera da produção de mercadorias (infraestrutura) pertence ao que Marx chama de superestrutura (instituições jurídicas e políticas, representações mentais, etc.).  Segundo ele, as relações jurídicas não podem ser entendidas em si mesmas: encontram suas raízes nas condições de existência material de uma sociedade. Deste modo, a análise da religião como “ópio do povo” segue esta mesma linha, ou seja, as instituições políticas são instrumentos a serviço da reprodução da estrutura de classes, seja ela qual for.
	Ao se dedicar em compreender a organização da sociedade capitalista e sua estrutura social, Marx percebeu que a sociedade estava dividida em infraestrutura e superestrutura. 
	Para Marx, a infraestrutura trata-se das forças de produção, compostas pelo conjunto formado pela matéria-prima, pelos meios de produção e pelos próprios trabalhadores (onde se dá as relações de produção: empregados - empregados, patrões-empregados). Trata-se da base econômica da sociedade, onde se dão segundo Marx, as relações de trabalho, estas marcadas pela exploração da força de trabalho no interior do processo de acumulação capitalista.
	A superestrutura é fruto de estratégias dos grupos dominantes para a consolidação e perpetuação de seu domínio. Trata-se da estrutura jurídico - política e a estrutura ideológica (Estado, Religião, Artes, meios de comunicação, etc.).
	Para essa consolidação e perpetuação da dominação das classes dominantes estes utilizam de estratégias que demandam ora uso da força, ora da ideologia (MARX, 1993). Um exemplo de um instrumento de uso da força é o Estado, o qual possui o uso da força legitimado pela ideologia. Para Marx, o Estado está sempre à serviço da classe dominante, buscando manter o status quo.
	A ideologia é a tática de tornar certas ideias como verdadeiras e aceitas pela sociedade, sendo elas criada pela classe dominante de acordo com seus interesses.
	“As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios de produção material dispõe também dos meios de produção espiritual, de modo que a ela estão submetidos aproximadamente ao mesmo tempo os pensamentos daqueles aos quais faltam os meios de produção espiritual. As ideias dominantes nada mais são que a expressão ideal das relações materiais dominantes, são as relações materiais dominantes apreendidas como ideias; portanto, são a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante, são as ideias de sua dominação” (MARX, 1993, p. 72). 
	O uso da força, muitas vezes, deve ser justificado por ideias coletivamente aceitas; por esse motivo a classe dominante busca produzir e disseminar ideias que legitimem as ações do Estado em prol de seus interesses. Da mesma forma, a ideologia cumpriria o papel de justificar as relações de trabalho e a existência das desigualdades sociais, bem como da exploração do homem sobre o homem.
	Para Karl Marx, “é evidente que eles o fazem em toda a sua extensão, portanto, entre outras coisas, que eles dominam também como pensadores, como produtores de ideias, que regulam a produção e distribuição das ideias de seu tempo; e, por conseguinte, que suas ideias são as ideias dominantes da época" (MARX, 1993, p. 72).
	Nesse sentido, a superestrutura seria responsável pela manutenção das relações sociais existentes na infraestrutura e esta possibilita a sua existência, pois toda a riqueza necessária para manter a superestrutura seria, segundo Marx, produzida na infraestrutura por meio das nas relações de produção e de troca.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.
MARX, Karl. A ideologia alemã. 9ª ed. São Paulo: Hucitec, 1993.
MARX, Karl. O capital, Crítica da Economia Política I, Livro Primeiro o processo de Produção do Capital. São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, 1996.

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