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Disciplina: Obras Hidráulicas Aula 7: Hidráulica marítima e �uvial Apresentação A relação de livre comércio no mundo pode ser considerada como um dos principais fatores que influenciam o desenvolvimento de uma nação. Desde o término da Segunda Guerra Mundial diversos países mantidos sob o regime de colônias alcançaram sua independência e, consequentemente, tornaram-se responsáveis por sua própria economia. O modo pelo qual realizavam suas trocas comerciais precisou ser potencializado para seu sustento econômico como nação. Os portos podem ser considerados como portões de comércio, por onde o intercâmbio de mercadorias e embarque e desembarque de passageiros é feito. Sua maior ou menor capacidade influencia diretamente a competência em realizar importações e exportações, gerador de divisas para as nações. O desenvolvimento tecnológico na atividade portuária foi fator decisivo para a evolução da estrutura portuária, o modo de receber, monitorar e despachar atividades rotineiras. Hoje importa conhecer na área de planejamento portuário o calado, operações de atração e desatracação, dimensionamento de berços de atracação, rentabilidade do sistema, integração com outros modais de transporte e outras particularidades associadas aos portos. Objetivos Discutir o conceito de portos e sua importância econômica; Descrever os aspectos técnicos ligados ao projeto e construção de portos. Estrutura portuária A engenharia hidráulica, como visto anteriormente, não trata apenas de obras hidráulicas relacionadas à canalização de rios e drenagem urbana, mas estende-se também às obras de grande porte, como portos e barragens. É comum relacionar a construção de uma barragem a um rio e a construção de um porto ao mar, porém essa visão deve ser mais ampla, pois existem rios que têm uma extensão de margem a margem muito grande, assim como uma profundidade considerável, a ponto de serem navegáveis por grandes embarcações. Essas embarcações podem ter a finalidade de transportar pessoas, bem como de transportar cargas, e necessitam de uma estrutura para embarque e desembarque. Além disso, precisa de um conjunto auxiliar de outras estruturas de menor porte que vise amenizar os efeitos dinâmicos da água, como os causados pelas ondas sobre as estruturas. Porto de Santos, São Paulo Disponível em: Alfonsin <https://alfonsin.com.br/infraestrutura-e-logstica-porto- de-santos-movimentao-de-cargas-cresce-8-em-2015/> . Acesso em: 06 ago. 2018. Porto de Cabedelo, Paraíba Disponível em: Portal Marítimo <http://www.portalmaritimo.com/2017/08/28/porto-de- cabedelo-esta-pronto-para-receber-investimentos-e- expansao/> . Acesso em: 06 ago. 2018. Porto de São Francisco do Sul, Santa Catarina Disponível em: JusLiberdade <http://jusliberdade.com.br/o-setor-portuario-desde-a-lei- de-modernizacao-dos-portos-1993-2017/> . Acesso em: 06 ago. 2018. Tanto o transporte de pessoas, como o transporte de cargas por meio marítimo e fluvial impactam diretamente no sistema econômico, pois este modal de transporte amplia a possibilidade da locomoção de modo particular, embora sua integração com os demais modais de transportes seja obrigatória. Essa integração de modais de transporte e o impacto econômico provocado por essa abertura para trocas de produção, foram os principais agentes desenvolvedores da evolução das grandes cidades, que, em boa parte, têm seu desenvolvimento ao redor das zonas portuárias. Os maiores comerciantes marítimos da Antiguidade foram os fenícios, que se destacaram no comércio marítimo, o que tornou seus portos e suas cidades muito prósperos. A cidade de Cartago, ao norte da costa africana, tornou-se uma poderosa cidade-estado por alguns séculos. Porto de Cartago, uma projeção do que teria sido em seu auge. Disponível em: Incrível História <https://incrivelhistoria.com.br/periodos/idade- antiga/fenicios-historia-caracteristicas/> . Acesso em: 06 ago. 2018. Porto de Cartago, já em ruínas, após a terceira guerra contra Roma. Disponível em: Incrível História < https://incrivelhistoria.com.br/periodos/idade- antiga/fenicios-historia-caracteristicas/> . Acesso em: 06 ago. 2018. No Brasil não foi diferente, durante o processo de colonização, as cidades costeiras cresceram junto com seus portos, fortalecendo sua economia. O maior porto do Brasil, o Porto de Santos, nasceu como um ancoradouro em 1531 e após um decreto imperial em 1888 foi transformado em um porto muito diferente. Dali para frente, a atividade só aumentou, hoje o Porto de Santos, além de ser o maior do Brasil, é reconhecido internacionalmente. Saiba mais Conheça mais sobre a história do Porto de Santos <http://www.portodesantos.com.br/historia.php> e entenda como o desenvolvimento de um porto é vital para a economia. Portos O termo porto pode ser usado em diferentes âmbitos, desde o significado mais simples, que o relaciona a uma área posicionada junto à costa que visa à aproximação de embarcações de pequeno porte, quanto às obras hidráulicas que permite que as embarcações realizem operações de descarga e carga, armazenagem, ou de desembarque e embarque de pessoas. Um porto, é uma área abrigada das ondas e correntes marítimas, localizado à beira de oceanos, mares, lagos ou rios, e proporciona às embarcações um lugar seguro para realizar diversas manobras, tanto com cargas quanto com pessoas. A navegação pode ser feita entre portos de países diferentes, que é chamada de navegação de longo curso, ou seja, uma navegação internacional, ou entre portos do mesmo país, que é chamada de cabotagem, ou seja, uma navegação doméstica. Fonte: Shutterstok. Essa modalidade de transporte no Brasil é considerada promissora, tendo em vista que o país possui uma extensa costa navegável e as principais cidades, polos industriais e grandes centros consumidores se concentram no litoral ou em cidades próximas a ele. Saiba mais No Brasil, foi criada a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) por meio da Lei nº 10.233, de 05 de junho de 2001. A ANTAQ tem por finalidade implementar as políticas formuladas pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, pelo Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (CONIT), segundo os princípios e diretrizes estabelecidos na legislação. É responsável por regular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da infraestrutura portuária e aquaviária no país. Tipos de portos Internacionalmente, os portos podem ser classificados por três linhas de análise. Entre essas linhas estão as seguintes considerações: quanto à localização, quanto à infraestrutura e quanto à atividade (função). Contudo, o enfoque principal se estabelece sobre a localização dos portos, que podem ser marítimos, �uviais (ou hidroviários) e lacustres. A classificação de portos no Brasil está sujeita à análise da Secretaria Especial de Portos (SEP), que é responsável pela formulação de políticas e pela execução de medidas, programas e projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura dos portos marítimos e usa como classificação de porto marítimo ou fluvial o tipo de navegação de longo curso ou interior, e não por localização geográfica. O sistema portuário brasileiro é composto por portos públicos, entre marítimos e fluviais. Os portos públicos são chamados de porto organizado, e estão sob jurisdição de autoridade portuária. Existem ainda terminais de uso privativo e complexos portuários que operam sob concessão à iniciativa privada. Esquema com a tipologia dos portos (Fonte: Adaptado de Degrassa, 2001). Saiba mais Os portos marítimos são de competência da SEP, já os portos fluviais e lacustres são de competência do Ministério dos Transportes. O Ministério dos Transportes classifica alguns portos fluviais como Instalações Portuárias Públicasde Pequeno Porte, devido à limitação de sua capacidade e tamanho. A operação dos portos públicos é regida pelo Governo Federal por meio das Companhias Docas, que são empresas operadas pelo Governo Federal com o intuito de administrar os portos presentes no país. Os portos podem ser ainda delegados, ou seja, portos cuja administração exercida pelo Governo Federal (no caso das Companhias Docas), foi transferida (delegada), mediante convênio, para municípios ou estados, ou para consórcios públicos. Ao todo, são sete Companhias Docas, responsáveis pelos portos: 1 Companhia Docas do Pará (CDP) 2 Companhia Docas do Ceará (CDC) 3 Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) 4 Companhia Docas do Estado da Bahia (Codeba) 5 Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) 6 Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) 7 Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) Apesar da complexidade da administração, é necessário que os portos sejam regulados, já que são portas de entrada e saída do país, para bens e pessoas, ou seja, o monitoramento dos portos é essencial, em termos sociais, econômicos, políticos, de meio ambiente e principalmente, de saúde. A classificação dos portos quanto à localização se refere à área em a estrutura portuária é implantada. Pode haver muitos interesses para a construção de um posto em determinada área, como o de integrar com o transporte terrestre, ferroviário e o aéreo, bem como a busca na redução do custo do transporte. Portos Marítimos, Costeiros ou Litorâneos Estão abertos às linhas de navegação oceânicas e ficam localizados à beira do mar ou do oceano, tanto em navegação de longo curso (internacionais) como em navegação de cabotagem (domésticas), independente da sua localização geográfica. Podem ser subdivididos ainda em Portos Naturais, Portos de Mar Aberto e Portos Abrigados. Portos Hidroviários ou Fluviais Estão abertos às linhas de navegação de origem e destino a outros portos dentro da mesma região hidrográfica, ou com comunicação por águas interiores. Portos Lacustres Estão abertos às linhas de navegação de lagos, de grandes reservatórios restritos, sem comunicação com outras bacias. Marina Um pequeno porto destinado principalmente à recreação. Porto marítimo em Aveiro, Portugal Disponível em: JMBD1945/Blogsopt <http://jmbd1945.blogspot.com/2011/06/portos- maritimos-de-portugal.html> . Acesso em: 06 ago. 2018. Porto �uvial em Manaus, Amazonas Disponível em: Transporta Brasil <http://www.transportabrasil.com.br/2012/08/porto- chibatao-am-investe-r-80-milhoes-em-infraestrutura/> . Acesso em: 06 ago. 2018. Porto lacustre em San Martim, Argentina Disponível em: Trip Advisor <https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink- g312843-i185152882- San_Martin_de_los_Andes_Province_of_Neuquen_Patagonia.html> . Acesso em: 06 ago. 2018. Saiba mais Conheça quais são os portos brasileiros <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/importacao-e- exportacao/recinto-alfandegados/portos-maritimos-e-�uviais> e onde se localizam. Portos do Brasil No território brasileiro há inúmeros portos, e alguns destacam-se por seu potencial de exportação e importação. Esse fator é decisório no escoamento de produtos e na difusão no território de produtos importados. Dos portos marítimos brasileiros podem ser citados alguns destaques como: Porto de Santos (São Paulo) Iniciando com o café e, com a passar do tempo, diversificando-se ao máximo, tornando-se o maior do Brasil. Porto de Suape (Pernambuco) Seu projeto foi baseado na integração porto-indústria, em que o complexo, além de distrito industrial e porto marítimo, também abriga uma reserva ambiental. Porto de Areia Branca (Rio Grande do Norte) É um porto-ilha (artificial). A construção do porto resultou da necessidade de suprir a demanda de sal marinho no mercado interno brasileiro. Porto de Tubarão (Espírito Santo) Implantado na década de 1970 pela Companhia Vale do Rio Doce, especializado em minérios, sobretudo de ferro. Porto de Vitória (Espírito Santo) Especializado em carvão, construído pela Usiminas. Porto de Sepetiba (Rio de Janeiro) Destinou-se para ao escoamento do minério de ferro de Minas Gerais, à descarga de alumina para a Valesul e carvão para a Companhia Siderúrgica Nacional. Porto de Itaguaí (Rio de Janeiro) Um dos principais terminais de contêiner do país, tem instalações, serviços e capacidade superiores à média dos terminais nacionais, o que possibilita ser o porto ideal para a concentração e distribuição de cargas no Atlântico Sul. Porto de Salvador (Bahia) Tem como principal característica ser um porto com perfil exportador de produtos e se destaca na movimentação de contêineres, cargas gerais, trigo, celulose e também na recepção de cruzeiros marítimos. É um dos maiores exportadores de frutas do Brasil, com expressiva participação no comércio exterior. Porto de Paranaguá (Paraná) Com terminais graneleiros, de veículos e contêineres destinados às montadoras de automóveis, como a Volkswagen. Porto de Rio Grande (Rio Grande do Sul) Sua especialização é a exportação de grãos e calçados e a importação de adubos e outros insumos agrícolas, com a construção de um terminal preparado para os novos fluxos de autopeças e automóveis vinculados à instalação da General Motors e da Ford. Alguns hidroviários (fluviais), também merecem destaque: Porto de Macapá (Amapá) Assegura a saída de matérias-primas e insumos e o ingresso dos produtos em regiões cuja densidade rodoviária ainda é muito baixa ou em áreas onde o transporte fluvial vem substituir uma estrada de ferro vagarosa já envelhecida — é o caso de Porto Velho, cuja construção, iniciada em 1973, visava substituir as antigas rampas implantadas pala Estrada de Ferro Madeira-Mamoré na década de 1920, atualmente o principal porto fluvial para o escoamento da soja. Porto de Santarém (Pará) Predominam a descarga (importação) e a navegação fluvial. A maior movimentação, do mercado interno, é a carga geral, em que se destacam os gêneros alimentícios e inflamáveis. No mercado externo predomina a madeira. Arranjo geral Os portos são obras hidráulicas de grandes dimensões e são organizados desde a entrada marítima até sua estrutura propriamente dita. No arranjo geral dos portos percebem-se três partes componentes principais: o canal de acesso, o anteporto e o retroporto. O canal de acesso ao porto é o lugar pelo qual as embarcações transitam até chegar ao porto, pois gradativamente fazem a passagem das linhas de profundidade de alto mar até as linhas de profundidade dos berços de atracação, ou seja, a profundidade do canal é conhecida e apenas as embarcações próprias para esta profundidade podem atracar nos portos, de modo a se evitar o encalhe. O canal de acesso pode ser natural ou artificial. No espaço aquático na entrada dos portos existe uma área que é denominada bacia de evolução e é nesta área que as embarcações fazem suas manobras, para atracação. Esta atracação ocorrerá no cais, uma grande estrutura, geralmente de concreto, para a qual as embarcações se aproximam e ficam fundeadas em segurança (acostagem). O cais é dividido em berços de atracação, que são espaços destinados à amarração das embarcações, como vagas. Neste espaço, as embarcações operam embarque e desembarque de cargas ou pessoas. 1 Anteporto É uma área marítima delimitada, próxima aos portos onde as embarcações ficam fundeadas enquanto esperam a permissão para entrar no porto e atracar, ou mesmo para serem vistoriadas. 2 Retroporto É a área adjacente ao porto onde está situada sua região de armazenagem e logística para movimentação de cargas e trânsito de pessoas. Atividades 1. No Brasil, por força da Lei nº 10.233:2001, foi criada uma agência, a ANTAQ, que é responsável porregular, supervisionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviário e de exploração da infraestrutura portuária e aquaviária no país. O que significa ANTAQ? a) Agência Nacional de Transportes Aéreos. b) Agência Nacional de Transportes Aquaviários. c) Agência Nacional de Transportes Aquaplanares. d) Agência Nacional de Tramitação Aquaviária. e) Agência Nacional de Tramitação Aérea. 2. Como é chamada a navegação internacional, feita entre portos de países diferentes? a) Navegação doméstica. b) Navegação de curso curto. c) Navegação de longo curso. d) Cabotagem. e) Capotagem. 3. Como é chamada a navegação entre portos do mesmo país, ou seja, uma navegação doméstica? a) Capotagem. b) Navegação de curso curto. c) Navegação de longo curso. d) Cabotagem. e) Navegação lenta. 4. Internacionalmente, os portos podem ser classificados por três linhas de análise. Entre essas linhas estão as seguintes considerações: quanto à localização, quanto à infraestrutura e quanto à atividade (função). Contudo, o enfoque principal se estabelece sobre a localização dos portos, que divide os portos em: a) Marítimos, pluviais e lacustres. b) Costeiros, de alto mar e caseiros. c) Marítimos, secos e lacustres. d) Marítimos, fluviais e lacustres. e) Pequenos, médios e grandes. 5. Os portos são obras hidráulicas de grandes dimensões e são organizados desde a entrada marítima até sua estrutura propriamente dita. No arranjo geral dos portos, percebem-se três partes componentes principais, que são: a) Bacia de acesso, o anteporto e o galpão. b) Canal de acesso, o anteporto e o galpão. c) Canal de acesso, o anteporto e o retroporto. d) Canal de acesso, o galpão e o retroporto. e) Bacia de acesso, o anteporto e o retroporto. Referências ALFREDINI, P.; ARASAKI, E. Engenharia Portuária. São Paulo: Blucher, 2014. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS (ANTAQ). Disponível em: < http:// portal .antaq .gov .br/ > <http://portal.antaq.gov.br/> Acesso em: 3 ago. 2018. ROJAS, P. Introdução à Logística Portuária e Noções de Comércio Internacional. 1. ed. São Paulo: Bookman, 2014. Próximos Passos Arranjo geral de portos: canais, bacias e abrigos; Projeto e construção de portos; Maiores portos do mundo. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. Leia o glossário disponibilizado pela ANTAQ <http://antaq.gov.br/Portal/Anuarios/Portuario2009/termos.htm> . Leia o artigo <http://www.camarabrasilchina.com.br/noticias-e-publicacoes/opinioes-e-artigos/artigos- por-autor/carlos-tavares/portos-e-navegacao-novos-rumos> . Assista ao vídeo: <http://videos.sapo.pt/ULYmJnbdEO0C8UayBR6R> .