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Gestão Atuarial 
Aula 01: Aspectos Conceituais e Históricos da Ciência Atuarial. Análise do papel do atuário e suas possíveis áreas de atuação
Introdução
Estamos iniciando a disciplina de Legislação e Gestão Atuarial, para isto, nesta aula você irá realizar o seu primeiro contato com a disciplina, assim sendo, primeiramente, vamos falar sobre o que é a Ciência Atuarial, como ela evoluiu e seus princípios.
Nesta aula, você irá reconhecer como foi a evolução da atuária no Brasil, o papel do atuário e as suas áreas de atuação.
Você irá compreender o quanto esta ciência está relacionada com o seu cotidiano e com o seu curso. De antemão, antecipamos que ter conhecimentos na área de atuária é um diferencial na sua carreira profissional!
Ciências Atuariais: origem e evolução da atuária
A atuária é a ciência que se preocupa com a identificação, medição e gerenciamento de riscos e divide-se nos ramos vida e não vida. Iremos considerar, nesta disciplina, o termo risco como a possibilidade de perda ou dano. Ao finalizar esta aula você perceberá o quanto a atuária está envolvida em nosso cotidiano, das entidades e de um país.
Para iniciar nossos estudos sobre a Ciência Atuarial e compreendermos melhor a sua relevância é oportuno entender sua origem e evolução.
Em se tratando de origem, Souza (2007), afirma que a Ciência Atuarial teve seu marco embrionário na Roma antiga, época do Império Romano, pois, neste período, os romanos já se preocupavam em registrar os nascimentos e as mortes em algumas regiões dos seus domínios. 
Na Roma antiga, Ulpianus elaborou a primeira tábua de mortalidade, com dados originados das contribuições para o enterro, em que os jovens pagavam a mesma quantia que os velhos. (GARCIA, 2016)
Muitos séculos foram decorridos, até que se firmasse a Matemática Financeira e, posteriormente, a Matemática Estatística que são elementos essenciais à Ciência Atuarial.
Garcia (2016) cita que os estudos que levam à Ciência Atuarial vêm de 1657, quando o filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623-1662) dedicou-se ao estudo dos problemas das chances e deu base à matéria das Probabilidades. Procurado por jogadores a respeito das chances de se ganhar ou de se perder em uma disputa de jogo, Pascal determinou o princípio da relação do número de casos prováveis para o número de casos possíveis, assim definido:
Exemplo
Um dado tem 6 lados. Portanto, o número de casos possíveis é a quantidade máxima que se pode tirar em um lançamento do dado.
Qual a probabilidade de se jogar um dado e sair o número 2?
A probabilidade de sair o número 2 vai ser determinada pela divisão pelo caso provável (2), pelo caso possível (6 [lados]). Como o dado será jogado apenas uma vez, o caso possível de sair o 4 é de apenas uma vez. Então, a probabilidade de se tirar o número 2, em um lançamento de dado, será a divisão de 1 sobre 6, que dá 0,17, ou, 17%.
Podemos também fazer o inverso. Qual a chance de se tirar outro número em um dado, que não seja o número 2?
Será a divisão de 5 sobre 6. Portanto, a chance de não se tirar o número 2 é de 83%.
Os cálculos atuariais são auxiliados por Tábuas de Mortalidade, onde consta todo o comportamento de uma população estudada. (GARCIA, 2016)
John Graunt (1620-1674) um comerciante inglês, foi o primeiro a projetar um exemplo de aplicação do método estatístico em 1662, um passo enorme para o seguro de vida! John Graunt também foi o cientista a tentar construir a primeira tábua de mortalidade. Ao longo de sua vida, ele esforçou-se para a obtenção de dados referentes à mortalidade de pessoas, mas faleceu sem concluir seu trabalho. (GARCIA, 2016)
Edmond Halley (1656-1742), astrônomo que descobriu o cometa que leva seu nome, construiu a primeira Tábua de Sobrevivência chamada Breslaw Table, em 1693, mostrando como as estatísticas podiam ser usadas para calcular o valor das anuidades vitalícias.
Halley conseguiu finalizar a Tábua quando identificou qual foi o problema. que Graunt teve, após não conseguir finalizar seu trabalho. Graunt tentou construir uma Tábua de Mortalidade, em Londres, cidade que era a hegemonia econômica na época. Sua localização portuária contribuía e muito para a imigração, mudando todo o perfil da população estudada
Com isso, Halley escolheu uma cidadezinha chamada Breslaw, na Polônia, localizada bem ao centro da Europa e, portanto, sem grandes impactos na alteração de sua população (GARCIA, 2016).
O nascimento oficial da Ciência Atuarial é datado em 1762, com a criação da Equitable Society, em Londres, lançando a pedra fundamental do Seguro de Vida Moderno, comercializando planos com tarifas de prêmios nivelados com prazos de contrato de longa duração. (GARCIA, 2016); (SOUZA, 2007)
O nome atuário surgiu com a fundação dessa companhia inglesa, assim, a palavra começou a ser difundida para descrever todos os que eram peritos em problemas envolvendo probabilidades de vida.
A Matemática atuarial também nasceu com criação da Equitable Society, como uma matemática aplicada. A intenção era criar uma nova forma de se calcular o valor das rendas, visto que ela veio de uma crise financeira provocada pelo insucesso das operações deficitárias das rendas vitalícias.
Segundo Souza (2007), em uma linguagem bastante simplista, poderíamos dizer que os cálculos atuariais combinam os princípios da Estatística com a Matemática Financeira.
Entenda o que são Tábuas de Mortalidade ou Biométricas
Souza (2007) conceitua as Tábuas de Mortalidade (ou Tábuas Biométricas) como aquelas que calculam a probabilidade de morte de uma população a cada idade. Essas tábuas são instrumentos essenciais para os seguros de vida e os planos de previdência.
Probabilidade de uma criança não completar 1 ano
As seguradoras operantes, no Brasil, para precificar os seguros de vida e os seus planos de previdência, utilizavam a série de tábuas Annuity Table (AT) e outras similares, que são referenciadas na expectativa de vida dos norte-americanos. (OLIVEIRA et al, 2010)
Existem mais de 80 Tábuas de Mortalidade de vários países, como a AT (Annuity Table) dos EUA, as CSO provindas da Alemanha, a GKM provinda da Inglaterra etc.
Entre as tábuas AT, as existentes são: AT  49, AT-55, AT-71, AT-83, a AT-2000 e AT 2010.
A numeração indica o ano em que essa tábua foi elaborada e, após um determinado tempo, essas tábuas são atualizadas, para acompanhar a expectativa de vida da população. A expectativa de vida em 1949 era menor do que em 2000, devido à evolução da Medicina e às condições de segurança e sanitárias. (SOUZA, 2007)
Exemplo
A expectativa de vida de uma pessoa com 60 anos de idade, na Tábua AT 49, é de viver até os 78,5 anos de idade; na Tábua AT 83, é de viver até os 82,6 anos de idade e, na Tábua AT 2000, é de viver até os 84,6 anos de idade. (SOUZA, 2007)
O aumento da expectativa de vida de uma pessoa representa um tempo maior dessa pessoa recebendo benefício, assim que ela se aposentar. Com isso, essa pessoa precisa contribuir por mais tempo ou com um valor maior, para manter o equilíbrio financeiro e atuarial.
Nos Estados Unidos, a quantidade de pessoas que tinha 100 anos de idade, em 1940, era de 4 mil. Em 1997, o número passou de 61.000.
Conforme Oliveira et al (2012), a tábua, denominada Experiência do Mercado Segurador Brasileiro, BR-EMS, consiste em quatro variantes abrangendo as coberturas de sobrevivência e mortalidade, masculina e feminina.
As variantes foram denominadas BR-EMSsb-v.2010-m, BR-EMSsb-v.2010-f, BR-EMSmtv.2010-m e BR-EMSmt-v.2010-f, onde sb denota a cobertura de sobrevivência, mt mortalidade, m masculino e f feminino.
A Susep adotou as tábuas BR-EMS como padrão (standard) para o mercado segurador brasileiro. (Circular Susep nº 402 de 18.03.2010) Estas tábuas foram atualizadas em 2015.
Definição de Ciências Atuariais
A Ciência Atuarial aplica técnicas específicas a análises de riscos, definindo valores de prêmio para o pagamento de indenização de patrimônios ou custeamento de serviços, que possam causar prejuízos econômicos no futuro, mesclando métodos de Matemática, Economia e principalmenteEstatística.
É uma ciência importantíssima na precificação (dar preço) de planos de seguro, saúde, previdência e capitalização. (GARCIA, 2016)
Segundo Hurtado (2014), a Ciência Atuarial pode ser aplicada se:
A perda ou o dano pode ser economicamente dimensionado.
Possibilidade pode ser medida ou estimada por um modelo probabilístico.
Aquele sob risco deseja evitar, mitigar ou reduzir o risco.
Os princípios das Ciências Atuariais
O primeiro é o princípio do mutualismo, que seria a repartição de um dano entre um grupo de indivíduos. Segundo Henon, citado por Brasil (1985, p. 174), é mais fácil suportar coletivamente as consequências danosas de acontecimentos individuais do que deixar o indivíduo só e isolado, às voltas com tais consequências.
O segundo e mais importante é o princípio básico das Ciências Atuariais que é manter o equilíbrio financeiro e atuarial de um plano que envolva risco.
Vejamos...
O equilíbrio financeiro e atuarial é o equilíbrio entre receitas e despesas, ou seja, todo dinheiro que uma companhia de seguros ou uma entidade de previdência pode gastar com benefícios, precisa ser igual a todo o dinheiro que ela vai arrecadar de contribuição. Em seguros, o equilibro financeiro e atuarial seria, o valor do prêmio que o segurado paga, igual ao valor do sinistro que ele pode acarretar. Nas instituições em que o atuário pode atuar, o equilíbrio financeiro e atuarial consiste em:
PREVIDÊNCIA- CONTRIBUIÇÕES = BENEFÍCIOS
SEGURO - PRÊMIO = SINISTRO
PLANO DE SAÚDE - MENSALIDADE = DESPESA MÉDICO-HOSPITALAR
CAPITALIZAÇÃO - CONTRIBUIÇÕES = SORTEIO
Os princípios presentes nas atividades atuariais de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Atuariais
Segundo os preceitos técnicos presentes, nas atividades atuariais, são estes os princípios que devem nortear a sua atuação profissional:
DO RISCO - É o evento ou a condição incerta, cuja ocorrência se dá em qualquer momento futuro, independentemente de vontade das partes, que causa consequências financeiras. A incerteza é condição necessária, porém não suficiente para a avaliação do risco. Logo, todo o objeto ou serviço, tais como: coisa, pessoa, bem, responsabilidade, obrigação, garantia ou direito, estão sujeitos a um fato futuro e incerto, ou de data incerta, sendo que a principal atividade do atuário é analisar e quantificar esses riscos.
DA ALEATORIEDADE - A possibilidade de algo ocorrer ou não é um dos elementos essenciais da Ciência Atuarial. A noção de aleatoriedade baseia-se na experiência dos jogos de azar. Esse termo é utilizado para exprimir quebra de ordem, propósito ou imprevisibilidade.
A natureza aleatória do contrato advém de sua própria função econômico-social, cujo risco dos envolvidos dependerá de fatos futuros e incertos, os quais devem independer da vontade das partes.
DO MUTUALISMO - Princípio fundamental que constitui a base de toda operação de seguro. O mutualismo na atividade atuarial nasce da convergência de duas virtudes cardeais da humanidade: boa fé e solidariedade.
A credibilidade da palavra do segurado, ao declarar suas condições pessoais na contratação e/ou adesão, e do segurador, ao prometer proteção, é pilar essencial para a atividade de seguro, haja vista que as partes repartem entre si o preço da proteção ao patrimônio, às rendas, à vida ou à saúde, em face da imprevisibilidade do risco.
O mutualismo, por conceito, é a associação entre membros de um grupo no qual suas contribuições são utilizadas para propor e garantir benefícios aos seus participantes, portanto está relacionado à união de esforços de muitos em favor aleatório de alguns elementos do grupo.
DA LEI DOS GRANDES NÚMEROS - Princípio geral das ciências de observação, segundo o qual a frequência de determinados acontecimentos tende a se estabilizar cada vez mais, a partir de certo número de observações e à medida que aumenta o número de casos análogos observados, aproximando-se dos valores esperados pela teoria das probabilidades.
O número de observações necessárias será maior nos casos de eventos com baixa probabilidade de ocorrência, como também no caso de eventos de alta probabilidade de ocorrência.
A Lei dos Grandes Números existe em duas versões que tratam de convergências de tipos distintos: a Lei Fraca e a Lei Forte. A primeira aborda uma convergência em probabilidade e a segunda em uma convergência quase certa.
DA EQUIPROBABILIDADE - Indica que os acontecimentos têm a mesma probabilidade quando não há razão para se presumir que um deles deva acontecer preferencialmente ao outro, isto é, quando se trata das mesmas características.
DA CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS - Consiste no agrupamento referente ao objeto do seguro, sob o aspecto físico ou moral, no qual o risco deverá ser incluído com o propósito de tarifação pelo atuário. Está relacionado com o princípio da equiprobabilidade, o qual corresponde à característica de similaridade que um conjunto de riscos apresenta, relacionada ao tipo, à natureza, ao valor ou ao objeto a ser segurado.
DA MENSURAÇÃO DO RISCO - Consiste na aplicação da teoria das probabilidades e/ou outras técnicas disponíveis, pela qual o atuário vai prever e mensurar os indicadores de ocorrência de eventos, segundo o nível observado de exposição ao risco, o qual refere-se a quaisquer objetos, pessoas ou interesses seguráveis, diante da maior ou menor possibilidade de materialização futura do mesmo.
DA ADMINISTRAÇÃO E GERENCIAMENTO DO RISCO - Conjunto de técnicas que tem por objetivo atingir o correto dimensionamento dos riscos, sob a ótica atuarial, definindo o tipo de tratamento a ser aplicado com vistas à sua mitigação, assegurando padrões de segurança econômico-financeira, com fins específicos de preservar a liquidez, a solvência e o equilíbrio do segurador.
Trata-se do processo de formular metodologias que permitam ao atuário medir, de forma mais apurada, o valor médio esperado e sua variância ou sua distribuição de probabilidade, bem como de gerir o risco de determinados acontecimentos de uma carteira. Tal processo deve passar por algumas etapas, como:
• identificar o risco,
• avaliá-lo,
• selecionar a técnica mais adequada para administrá-lo,
• implementar a ação de sua gestão e
• manter a permanente revisão do mesmo.
A adequação das decisões ligadas à administração do risco, pelo atuário, deve ser julgada à luz dos dados e das informações disponíveis na ocasião em que serviram de base para a tomada de decisão.
DA PULVERIZAÇÃO DO RISCO - É reflexo do gerenciamento do risco pelo atuário, ligado à política de subscrição, onde parte deste risco é repassada a terceiros, nas modalidades de resseguro, cosseguro e outras técnicas legalmente disponíveis, tendo como principais objetivos a sua mitigação e o princípio da prudência sob a ótica atuarial.
DA PRESERVAÇÃO DO PODER AQUISITIVO NO TEMPO (VALOR MONETÁRIO) - Determina a observação dos efeitos da oscilação natural do poder aquisitivo da moeda vinculada a planos, provisões ou outros itens do trabalho do atuário, de cujos reflexos devem ser aplicados ou reconhecidos nos respectivos cálculos, avaliações, pareceres e/ou análises técnicas atinentes, observado o princípio da materialidade e relevância.
DOS PARÂMETROS REALISTAS - É o uso de variáveis estatísticas, atuariais, demográficas, financeiras e econômicas que possam influenciar no resultado do trabalho elaborado pelo atuário, tais como: tábuas biométricas, estudos estatísticos, probabilidades, taxas de juros e de desconto dentre outros.
Os parâmetros realistas são aqueles que não representam excesso de conservadorismo ou de otimismo, levando-se em consideração a probabilidade da ocorrência de oscilações destes parâmetros, cujos reflexos possam agravar os riscos futuros e comprometerem a solvência.
DA SOLVÊNCIA E CONTINUIDADE DAS OPERAÇÕES - Pressupõe a continuidade da operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos resultados e análises atuariais devem levar em conta esta circunstância, primando pela liquidez e solvência, atinente aos aspectos técnicos.
DA PRUDÊNCIA - Pressupõe o emprego de certo grau de precauçãono exercício da interpretação técnica necessária ao processo de mensuração do risco pelo atuário, no sentido de preservar a capacidade de solvência ou buscar o equilíbrio dos compromissos futuros.
DA CONSISTÊNCIA - O atuário, antes da elaboração do estudo a que se propõe, deve verificar a coerência da metodologia aplicada e a consistência dos dados, informações e parâmetros que lhe forem fornecidos pelo interessado responsável pela informação.
DA COMPETÊNCIA DO RISCO - Prevê que o atuário observe em suas análises e demais inferências atuariais, que os efeitos das transações e de outros eventos relacionados, sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento (receita) ou pagamento (despesa), observado o Princípio da Materialidade e Relevância.
DA MATERIALIDADE E RELEVÂNCIA - O atuário deve elaborar seu trabalho com base na materialidade dos valores envolvidos, cujos parâmetros e os indicadores devem ser por ele mensurados, observando-se os demais princípios atuariais em vigor, assim como a relevância dos valores envolvidos frente ao volume de provisões técnicas, indicadores de liquidez e de solvência ou outros valores que o atuário possa observar no contexto técnico, econômico e financeiro envolvido.
DA SEGREGAÇÃO PATRIMONIAL - Pressupõe que o atuário proceda a seu trabalho com base na identificação, na avaliação e na segregação entre o patrimônio dos planos ou carteiras, em relação ao respectivo equilíbrio atuarial.
O atuário
Segundo Ramos (2003), a palavra atuário vem do latim actuarius e significa o senhor das atas. Na época do Império Romano, era o atuário o escriba responsável por construir as atas do Senado.
Garcia (2016) discorre que a função do atuário era:
• Preparar os discursos pronunciados no Senado e o responsável em registrar os atos do mesmo;
• Fazer a contabilidade de todas as mercadorias que entravam e saíam do Império de Roma;
• Fazer o cálculo do montante das colheitas e o recolhimento dos impostos;
• Cronista dos feitos de guerra;
• Tabelião (notário público que reconhece assinatura, faz escritura e outros documentos);
• Agrimensor (especialista em medição de terras).
Antes que fossem estabelecidos os fundamentos científicos da atuária, tiveram início operações de seguros de vida e incêndio, porém, por falta de técnicas, eram tão fragilizadas, a ponto de ser comum a falência das empresas em pouco tempo de atuação.
Já entre os séculos XVI e XVII, os ingleses mencionavam o atuário como um funcionário da contabilidade encarregado de efetuar os cálculos financeiros. Esses problemas enfrentados pelas companhias de seguro passaram a interessar matemáticos que dedicaram ao estudo e à compilação de óbitos e da ocorrência de doenças.
Estes matemáticos foram chamados então de atuários. (RAMOS, 2003, p. 7)
A partir daí, circunstâncias naturais fizeram com que o termo atuário fosse fixado como uma das profissões dentro das atividades do seguro de vida.
Atualmente, com um amplo campo de trabalho, o atuário é considerado uma profissão de futuro, onde suas especialidades são as mais diversas.
Na literatura, é comum definir o atuário como o profissional academicamente capacitado para solucionar, definir e analisar negócios complexos e problemas sociais. Compete a ele, elaborar planos técnicos e avaliar as reservas matemáticas das empresas privadas de seguros, de planos de saúde, de capitalização, das instituições de previdência social e privada, das associações ou caixas mutuarias de pecúlios ou sorteios e dos órgãos oficiais de seguros e resseguros. Somente o atuário pode assinar, como responsável técnico, os balanços dessas mesmas empresas quando publicados. (GARCIA, 2016)
Para a BeAnActuary (2016, online), um atuário aplica modelos matemáticos a problemas de seguros e finanças. Para ser mais específico, os atuários melhoram os processos de tomada de decisão financeira, por meio do desenvolvimento de modelos que avaliam impactos financeiros decorrentes de eventos futuros e incertos.
É o atuário o responsável, também, em determinar e tarifar os prêmios de seguros, de capitalização, podendo, estender alguns casos especiais e pela análise atuarial dos lucros dos seguros e da maneira que serão distribuídos entre os segurados e os portadores de títulos de capitalização. (SOUZA, 2007)
Ainda, é o responsável pelas perícias e emissão de pareceres sobre auditoria e perícias técnicas atuariais envolvendo assuntos de sua exclusiva competência.
Neste sentido, dois documentos destacam-se:
A avaliação atuarial, onde são estudados os aspectos quantitativos e qualitativos relativos ao ativo e ao passivo do plano.
O parecer atuarial, no qual o atuário aprova ou não a situação de solvência econômico-financeira da entidade, identifica as falhas encontradas e os motivos que as originaram e propõe soluções para as mesmas. (GARCIA, 2016)
É obrigatória a consultoria do atuário em áreas como: direção, gerência, administração, fiscalização, orientação e elaboração das atividades e normas técnicas e ordens de serviço de algumas empresas de ramos de seguro, financiamento e capitalização, das instituições de previdência social e privada e de outros órgãos oficiais de seguros, resseguros, planos de saúde e investimentos.
Essas atribuições são regulamentadas pelo art. 5º do Projeto de Lei n.º 602/99.
Mas, o que é um atuário?
Segundo o art. 1º, do Decreto-Lei nº 806 de 1.969, o atuário é o técnico especializado em matemática superior que atua, de modo geral, no mercado econômico-financeiro, promovendo pesquisas e estabelecendo planos e políticas de investimentos e amortizações e, em seguro privado e social, calculando probabilidades de eventos, avaliando riscos e fixando prêmios, indenizações, benefícios e reservas matemáticas.
Segundo Souza (2007, p.132), entre as áreas de conhecimento importantes para a formação do atuário, estão, Estatística, Informática, Demografia, Contabilidade, Economia, Administração e Direito.
O atuário no Brasil
A profissão atuarial teve início no século passado, cujo primeiro expoente foi o brasileiro Antônio Felix de Faria Albernaz (1866-1954), engenheiro e inspetor de seguros, que muito batalhou para o desenvolvimento da técnica atuarial, da Ciência Atuarial, da profissão de atuário, da formação de atuários e da criação de uma instituição científica atuarial em nosso país.
A regulamentação desta profissão só foi possível após a criação do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), fundado em 1944, na cidade do Rio de Janeiro. Ela tem por objetivos o incentivo à pesquisa, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da ciência e da tecnologia dos diversos fatos econômicos, financeiros e biométricos.
Até 1953, a profissão de atuário era exercida, em sua grande maioria, por contabilistas, que possuíam autorização do IBA para exercer a função. No mesmo ano, criaram-se Faculdades de Ciências Atuariais no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.
Em 1970, o profissional atuário é regulamentando de acordo com o Decreto n.º 66.408, de 03 de abril de 1970.
Art. 3º - A profissão de Atuário será exercida:
I . Nas entidades que se ocupem de atividades próprias do campo da atuária, em repartições federais, estaduais ou municipais, entidades estatais, sociedades de economia mista ou sociedade de refinanciamentos, de desenvolvimento ou investimentos e de associações ou caixas mutuarias de pecúlios.
II . Nas entidades públicas, privadas ou mistas, cujas atividades, não se relacionando com as de que trata o item anterior, envolvam questões do campo de conhecimento atuarial profissional, relativos a levantamentos e trabalhos atuariais.
III . Nas faculdades de ensino superior oficial ou reconhecidas que mantenham cadeiras de atuária ou matérias afins.
Campo de atuação dos atuários
Basicamente, o atuário atua em:
Companhias de seguros.
Planos de saúde.
Entidades de previdência aberta com e sem fins lucrativos.
Fundos de pensões.
Instituições de previdência social (RPPS).
Instituições financeiras.
Empresas de capitalização.
Órgãos oficiais de previdência (municipal, estadual e federal).
Órgãosde fiscalização.
Perícia técnica-atuarial, atuando em processos judiciais que envolvem o cálculo atuarial.
Auditoria atuarial.
Por que estudar atuária no curso de Ciências Contábeis?
MOTIVO 1: EXIGÊNCIA CURRICULAR - Atualmente, no Brasil, o ensino superior em Ciências Contábeis está submetido à Resolução CNE/CES nº 10/2004, que estabelece as diretrizes curriculares, determinando que os cursos de graduação deverão contemplar conteúdos que revelem o conhecimento do cenário econômico e financeiro, nacional e internacional, incluindo as noções em atividades atuariais.
MOTIVO 2: DIFERENCIAL DO MERCADO - Conhecimento atuarial para um contador é um diferencial, visto o rápido crescimento dos mercados de seguros e de previdência, bem como a possibilidade de uma carreira promissora nestas áreas. Como por exemplo, no âmbito dos fundos de pensão vem se sobressaindo desde a última década no Brasil, e que profissionais de áreas correlatadas à atuária, como é o caso da Contabilidade, precisam deter alguns conhecimentos específicos de atuária para que possam atuar neste mercado, isto porque os conhecimentos gerais desta área são insuficientes para atuação neste segmento tão cheio de peculiaridades.
Exercícios
Questão 1: As tábuas de mortalidade constituem ferramentas essenciais na determinação de hipóteses demográficas em uma avaliação atuarial de previdência. A primeira tábua de mortalidade foi elaborada pelos: 
a) Romanos
c) Gregos
d) Fenícios
e) Egípcios
Questão 2: Analise as afirmativas como verdadeiras ou falsas:
I. Refere-se ao campo de atuação do profissional de Ciências Atuariais: seguradoras, operadores de plano de saúde, entidades de previdência privada, instituições de previdência social, fundos de pensões e em produtos de capitalização.
II. As tábuas de mortalidade são instrumentos fundamentais para a ciência atuarial, visto que servem de base para precificar os seguros de vida e os planos de previdência.
III. A gestão atuarial possui um campo de aplicação limitado a seguradoras, previdência e planos de saúde, sendo fundamental para gestão de riscos de perda.
IV. O atuário necessita de conhecimentos contábeis e o contador necessita de conhecimentos da Ciência Atuarial.
V. O contador já assumiu o papel do atuário nas entidades, contudo o CFC proibiu a atuação do contador nesta área.Estão corretas: 
a) Todas as alternativas. 
b) Nenhuma alternativa. 
c) Somente I e II. 
d) I, II, III e IV. 
e) I, II e III
Questão 3: Podemos afirmar que a Ciência Atuarial está relacionada com, EXCETO: 
a) Matemática Financeira e Matemática Estatística. 
b) Estudo de probabilidades. 
c) Ramos de vida e não vida. 
d) Gestão de riscos. 
e) Desequilíbrio financeiro.
Questão 4: São considerados princípios da Ciência Atuarial: 
a) Insolvência e descontinuidade de operações. 
b) Eventos certos e equilíbrio Financeiro. 
c) Mutualismo e equilíbrio financeiro e atuarial. 
d) Concentração de riscos e mutualismo. 
e) Descontinuidade de operações e mutualismo.
Questão 5: A consultoria do atuário em áreas como: direção, gerência, administração, fiscalização, orientação e elaboração das atividades e normas técnicas e ordens de serviço de algumas empresas de ramos de seguro, financiamento e capitalização, das instituições de previdência social e privada e de outros órgãos oficiais de seguros, resseguros, planos de saúde e investimentos, é: 
a) Facultativa em todas as situações citadas. 
b) Obrigatória em todas as situações citadas. 
c) Parcialmente obrigatória. 
d) Obrigatória somente para previdência social e privada. 
e) Facultativa em caso de seguros.
Gestão atuarial / Aula 2 - Seguro e Previdência: Origem e evolução no Brasil e no mundo
· Introdução
Após entender que a Ciência Atuarial envolve a gestão de riscos, o próximo passo é estudar alguns aspectos conceituais sobre origem e evolução do seguro e da previdência.
Nesta aula, estudaremos também os princípios consagrados no Brasil da Previdência Social. Esperamos que, após as questões evolutivas, você possa compreender os motivos que justificam a Reforma da Previdência Social.
Origem e Evolução do Seguro
Desde os primórdios, os seres humanos viveram em sociedade. De uma forma ou de outra, sempre dependeram uns dos outros, seja no âmbito tribal, familiar ou de consumo.
Com essa visão de coletividade, para a segurança de si mesmo e dos seus, o homem sentiu a necessidade de um sistema o protegesse contra infortúnios da vida. Eventos que viessem a privá-lo dos seus meios de subsistência ou que causassem prejuízo de ordem econômica. Com essa preocupação, nasceu o sistema de Seguros e Previdência.
Atenção
A atividade de seguros decorre da necessidade do indivíduo resguardar a si ou a seu patrimônio dos riscos inerentes ao cotidiano, os quais podem afetar negativamente a integridade dos bens envolvidos. Em tal contexto, objetivando minimizar possíveis perdas, o titular do bem trata de resguardar seu patrimônio de tais intempéries por meio do seguro.
Pensando no conceito, vamos verificar a situação abaixo:
Carlos Augusto, possui um seguro que garante ao beneficiário cobertura em casos de danos, bem como, pequenos reparos ao seu imóvel. Houve um alagamento em sua residência, provavelmente decorrente da tubulação muito antiga de sua casa, e ele, acionou o seguro.
Pergunta-se: Carlos agiu corretamente abrindo sinistro para resolver esse tipo de problema? 
Sobre o conceito de seguro, Silva (1999, p. 21) leciona que:
[…] seguro é um plano social que combina risco de muitos indivíduos dentro de um grupo, atuarialmente prevê perdas e usa os fundos das contribuições dos membros dos grupos para efetuar o pagamento das indenizações, quando são devidas nas condições e termos de contrato.
Nesse contexto, a International Association of Insurance Supervisors - (Associação Internacional de Supervisores de Seguros — IAIS — 2008) estabelece, como princípio de seguros, a obrigatoriedade da seguradora fornecer as necessárias informações acerca dos riscos inerentes àquela atividade:
[...] a autoridade supervisora deve requerer que as seguradoras divulguem informações relevantes em tempo hábil para dar às partes interessadas uma visão clara sobre suas atividades de negócios exposição financeira, de forma a facilitar a compreensão dos riscos aos quais estão expostos. O mercado de produtos financeiros está cada vez mais globalizado e se torna indispensável a elevação padrão de informações contábeis ao padrão internacional.
A origem do seguro ainda é bastante controvertida. Existem duas correntes que divergem sobre isso: a corrente histórica e a corrente técnica.
Origem do seguro: Corrente Histórica x Corrente Técnica
A corrente histórica, defende que a origem do seguro remota há antiguidade nos anos antes de Cristo de maneira rudimentar e de caráter mutualístico. (GARCIA, 2016)
Segundo Garcia (2016), na Babilônia, por volta de 2.250 a.C. existiam caravanas de nômades que atravessavam o Oriente Médio até a Ásia em busca de especiarias. Durante a expedição, era muito comum que alguns dos nômades perdessem seus camelos durante o trajeto, sendo eles por morte devido às condições terrestres e climáticas e até mesmo por roubos durante o acampamento dessas caravanas. Já o Estado criou a primeira proteção de seguro em 1.700 a.C. instituindo, de forma embrionária, o Código de Hamurabi.
Segundo Brasil (1985, p. 172), grupos de navegantes convencionavam entre si, que se um deles perdesse a embarcação, seria construída outra e entregue ao proprietário. Ficava acordado também que se a perda da embarcação decorresse de viagem a locais distantes e ignotos (desconhecidos, inexplorados), seria cessado o acordo entre o grupo. Era declarado que a embarcação desaparecera por culpa do dono. Era a culpa anulando o acordo.
Seguro no Brasil
Em 1808, teve início o mercado de seguros no Brasil por meio da abertura dos portos ao comércio internacional, sendo a “Companhias de Seguros BOA-FÉ” a primeira a funcionar no país, datada de 24 de fevereiro de 1808, a operar o seguro marítimo.
Com a promulgação da Lei n° 556, de 1850 (CódigoComercial Brasileiro), surgiram inúmeras seguradoras, passando a operar não só com o seguro marítimo, mas também com o terrestre e o de vida.
1808
Em 1855, era fundada a “Companhia Tranquilidade”, especializada em seguro de escravos, com a qual o dono era ressarcido financeiramente, caso houvesse a mortalidade dos seus escravos. A vigência desse seguro era de um ano e a indenização só era paga, caso o escravo tivesse entre 10 e 60 anos de idade, se fosse vacinado e as apólices excluíam a cobertura da morte, se fosse consequência de maus tratos. (GARCIA, 2016)
Na metade do século XIX, após um processo de industrialização e urbanização devido à cultura cafeeira, passa-se a ter uma expansão do mercado segurador brasileiro despertando o interesse das seguradoras estrangeiras.
1855
Em 1860, tornou-se obrigatória, no Brasil, a apresentação de balanço e o pedido de autorização para funcionamento de companhias de seguro. Já em 1862, foi autorizada a primeira companhia estrangeira a operar no país, denominada de “Garantia da Cidade do Porto”, seguradora portuguesa. (BORELLI e MONTI, 2013)
1860
Em 1932, surge o primeiro sindicato dos corretores de seguros no Rio de Janeiro. A profissão de corretor de seguros só foi regulamentada pela Lei n. 4.595 em 1964.
1932
Em 1939, é criado o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), tendo como proposta política, a proteção do mercado brasileiro contra a presença então maciça das companhias estrangeiras. (SOUZA, 2007)
O resseguro nada mais é do que um seguro do seguro, onde uma seguradora repassa uma parte de um seguro para outra seguradora. Resseguro será assunto de aulas posteriores.
1939
Em 1951, é criada, no Rio de Janeiro, a Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (FENASEG). (SOUZA, 2007)
1951
Em 1966, por meio do Decreto-lei n° 73, de 21 de novembro de 1966, o governo militar cria o Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP) estabelecendo, posteriormente, o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) (com a incumbência de instituir normas e diretrizes para o ramo de seguros e previdência privada) e a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) (criada, com a função de controlar e fiscalizar os mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro).
1966
E, em 1971, é criada a Fundação Escola Nacional de Seguros (FUNENSEG), com o intuito de promover o aperfeiçoamento do mercado de seguros por meio do desenvolvimento e da disseminação de conhecimento e da capacitação de profissionais e habilitando corretores de seguros.
1971
Destaca-se, em 2007, a abertura do mercado brasileiro de resseguro, pela promulgação da Lei Complementar N° 126/07 e regulamentações posteriores, possibilitando a admissão de resseguradores estrangeiros a atuarem no país, após quase 60 anos de monopólio exercido pelo IRB-Brasil Re.
2007
De acordo com a Norma Internacional de Contabilidade — IFRS 4 — contrato de seguro é
um contrato no qual uma parte (seguradora) aceita um risco de seguro significativo de outra parte (segurado), acordando compensá-lo no caso de um evento futuro incerto especificado (evento segurado) o afete adversamente.
A popularidade do seguro decorre do fato que para os indivíduos é financeiramente mais vantajoso contratar um seguro do que constituir individualmente uma reserva monetária para ser usada no caso da ocorrência de um dano financeiro imprevisto. (CARNEIRO, 2012)
A indústria de seguros, previdência complementar aberta e capitalização têm papel de destaque na economia nacional, pois sem ela, o desenvolvimento e a geração de renda não seriam possíveis na escala que temos atualmente. (TUDO SOBRE SEGUROS, 2014)
Para estimar de forma indireta o impacto positivo do mercado segurador e previdência complementar aberta na atividade econômica, utiliza-se com frequência a razão premio/PIB.
O prêmio, por sua vez, é o valor pago à seguradora pela assunção dos riscos cobertos. Os valores arrecadados com prêmios diretos no mercado de seguros, no Brasil, entre 2001 a 2015 passaram de aproximadamente R$24 bilhões de prêmios diretos em 2001 para R$184 bilhões em 2015, demonstrando um crescimento 662% no período em análise.
Origem e Evolução da Previdência
A previdência surge após a promulgação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão durante a Revolução Francesa, em 1789.
A Declaração citava que era dever do Estado manter os meios de subsistência do cidadão, mesmo que ocorresse algum infortúnio ou devido à própria velhice. Com isso, o Estado passa a necessitar de meios de sistema de proteção para manter financeiramente seus cidadãos após um período laborativo. (GARCIA, 2016)
Em 1883, surgem na Alemanha, leis instituindo Auxílio-doença, Seguro Invalidez e Seguro Velhice. Estes benefícios visavam resolver casos de extrema miséria e de minimizar o sofrimento dos mutilados em guerra.
No século XX, surge a primeira previdência estruturada, em 1917, no México. Em 1935, surge a previdência social, nos EUA, idealizada no Congresso do Social Security Actuaris. (GARCIA, 2016)
Em 1945, após a Segunda Grande Guerra Mundial, inicia-se o desenvolvimento da previdência social em todo o mundo.
As previdências sociais, em determinados países, sofrem devido sua composição demográfica, onde a sua camada de pessoas jovens é praticamente igual à de pessoas mais velhas. Isso causa um impacto negativo com o aumento do número de benefícios.
O primeiro sistema previdenciário formal, baseado em contribuições prévias como requisito obrigatório para se obter a condição de participante, surgiu na Alemanha ao fim do século XIX. (SCHWARZER, 2000)
Na primeira metade do século XX, com a experiência da depressão econômica ocorrida entre as guerras mundiais, surgiram os modelos universalizantes — que contemplam benefícios para cidadãos sem exigência de contribuições prévias. (SANTOS, 2004)
A partir da constatação de que necessidades e contingências individuais afetam a sociedade de maneira geral, se estabeleceu o conceito de seguridade social que é um conjunto de ações do poder público e da sociedade destinado a assegurar, ao cidadão e aos seus dependentes, o direito à saúde, à previdência e à assistência social.
Leitura
Atuarizando-se:
O primeiro regime de previdência que se tem notícia surgiu na Alemanha, no fim do século XIX. O chanceler Otto von Bismark instituiu um seguro obrigatório para proteger os trabalhadores em casos de problemas de saúde, acidentes de trabalho, invalidez e envelhecimento.
A mobilização operária era grande e a contribuição prévia, que também valia para aposentadoria, era custeada por contribuições dos empregados, empregadores e Estado.
No modelo alemão, todos os trabalhadores deveriam se filiar às sociedades seguradoras ou às entidades de socorro mútuo. A partir daí, o sistema previdenciário se tornou obrigatório em todas as fábricas do país. Em pouco tempo, a ideia se espalhou dentro e fora das fábricas e o modelo de Bismarck foi copiado no restante do mundo e predominou durante boa parte do século XX.
Previdência no Brasil
A previdência surgiu, no Brasil, em 1554, como serviço de assistência social com a Criação da Santa Casa de Santos. (GARCIA, 2016)
A primeira organização de previdência privada, o Montepio Geral dos Servidores do Estado (Mongeral), foi instituída em 1835 que se encontra em atividade até hoje. Em 1891, a Constituição estabeleceu a aposentadoria por invalidez, mas apenas para os servidores públicos.
No século XX, o primeiro movimento de repercussão para criar a previdência social no país é datado em 1906. Operários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro rebelaram-se contrários à empresa, que queria descontar 30% dos salários para formar o fundo previdenciário.
Os operários queriam a contrapartida da empresa. Em 1923, por meio da Lei Eloy Chaves é introduzido o Regime Geral de Previdência Social, instituindo uma CAP (Caixa de Aposentadoria e Pensões), em cada empresa de estrada de ferro. (GARCIA, 2016)
Após, surgiram instrumentos normativos infraconstitucionais importantes, tais como o Decreto nº 9.284/1911,criando a Caixa de Pensões dos Operários da Casa da Moeda, e o Decreto nº 3.274/1919, que regulou as obrigações resultantes dos acidentes no trabalho.
As instituições previdenciárias organizaram-se a partir da década de 1920 por categorias profissionais segundo o modelo contributivo clássico. Até a década de 1950 houve forte expansão tanto da quantidade de instituições e filiados quanto da influência do Estado sobre elas, a ponto de serem convocadas a participar do financiamento da construção de Brasília.
Entre 1923 e 1932, já existiam 183 CAPs de classes como prestadores de serviços de força e luz, bondes, telefones, telegrafia, rádio, água e esgoto, mineração e funcionários de empresas portuárias.
Apenas para ilustrar, pode-se citar:
Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos (IAPM) (ano de 1933)
Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (IAPC) (ano de 1934)
Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários (IAPB) (ano de 1934)
Em 1930, o governo preocupado em corrigir as distorções das CAPs (que às vezes não eram adequadas às necessidades dos indivíduos) cria o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e institui também as IAPs — Institutos de Aposentadoria e Pensões — para bancários, comerciantes e industriários (GARCIA, 2016).
As novas instituições traziam alguns problemas, pois abrangiam apenas as classes de trabalhadores específicas e ainda traziam sistemas diferentes, por exemplo, nas contribuições e no pagamento dos benefícios, onde nem sempre as contribuições eram suficientes para o pagamento dos benefícios e por isso acarretaram problemas. 
Em 1934, com a promulgação da Constituição, por Getúlio Vargas, estabeleceu-se o princípio da tríplice forma de custeio: empregados, patrões e governo.
1934
A Constituição brasileira de 1937 utilizou-se da expressão “seguro social” pela primeira vez.
1937
Em 1941, o Conselho Atuarial, do Ministério do Trabalho, apresentou um projeto de uniformização das taxas de contribuição e dos planos de benefício.
1941
Em 1946, com a nova Constituição democrática, é criado o RGPS, onde se garante a todos os brasileiros e não apenas por categorias de profissionais, a proteção da previdência social. Mas as CAP e o IAP continuaram a existir.
A Constituição brasileira também utilizou, de forma inédita, a expressão “previdência social”, e instituiu o mecanismo de “contrapartida”, como forma de manter o equilíbrio entre receita e despesas dentro do Sistema da Seguridade Social, bem como passou a proteger expressamente os denominados “riscos sociais”. As décadas de 1960 e 1970 caracterizaram-se pela unificação das normas e da gestão,
1946
Em 1960, é criado o Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Pela primeira vez, foi dado à previdência social o status de primeiro plano na vida nacional.
A Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) de 1960,  unificou a legislação dos diversos IAPs, iniciando o processo de universalização. É importante registrar que a LOPS manteve a exclusão dos trabalhadores rurais e dos domésticos do sistema previdenciário.
A Constituição Federal de 1965 instituiu o “auxílio-desemprego”.
1960
Em 1966, devido a denúncias de corrupção nos institutos previdenciários, o governo militar criou o INPS — Instituto Nacional de Previdência Social — unificando todos os institutos. (GARCIA, 2016)
A previdência social dos trabalhadores rurais somente foi instituída em 1971, com a criação do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRORURAL), que utilizava recursos do FUNRURAL, por meio da Lei Complementar nº 11/1971.
1966
Em 1974, é criado o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), desmembrando do Ministério do Trabalho.
1974
Em 1977, foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), por meio da Lei 6.439, o que possibilitou a integração das áreas de previdência social, assistência social e assistência médica, bem como a gestão das entidades ligadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). As entidades integrantes do SINPAS são:
IAPAS — Instituto de Administração Financeira da Previdência Social — autarquia responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições;
INPS — Instituto Nacional de Previdência Social — autarquia que administrava os benefícios;
INAMPS — Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social — autarquia responsável pela saúde;
FUNABEM — Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor — responsável pela promoção de política social em relação ao menor;
CEME — Central de Medicamentos — órgão ministerial responsável pela distribuição de medicamentos;
LBA — Fundação Legião Brasileira de Assistência –responsável pela Assistência Social;
DATAPREV — Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social — empresa pública, gerencia os dados previdenciários. 
Com exceção da DATAPREV, que hoje administra os sistemas informatizados do Ministério da Previdência Social e presta serviços de tecnologia da informação a outros órgãos e entidades federais, todas as entidades acima foram extintas.
1977
Em 1988, a nova constituição surge com a expressão Seguridade Social, ampliando as áreas de atuação da seguridade social: saúde, previdência social e assistência social.
Art. 201 — A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o Equilíbrio Financeiro e Atuarial e atenderá nos termos da lei à:
I – Cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
II – Proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III – Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV – Salário-família e auxílio reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V – Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.
1988
Em 1990, surge o INSS — Instituto Nacional de Seguridade Social. A legislação previdenciária sofre fortes alterações com a promulgação da Emenda Constitucional nº 20, em 1998, e a Emenda Constitucional nº 41 em 2003, onde as principais mudanças foram:
· aumento de idade para a concessão para a aposentadoria,
· fixação de teto para o pagamento de benefícios e
· obrigatoriedade de contribuição para a aposentadoria.
O sistema previdenciário brasileiro atual é dividido em quatro blocos:
O primeiro deles é constituído por um regime que atende ao setor privado, conhecido como Regime Geral de Previdência Social (RGPS)
O segundo bloco corresponde ao sistema dos servidores públicos da União, conhecido como Regime Jurídico Único (RJU)
Um terceiro bloco reúne os diversos sistemas de servidores estatutários estaduais e municipais
O quarto bloco, de caráter privado e facultativo, é constituído pelos fundos de pensão patrocinados por empresas privadas ou estatais (previdência complementar fechada) e pelas entidades abertas de previdência complementar
Leitura
Além da Constituição Federal de 1988, a legislação que atualmente regulamenta a seguridade social é composta das seguintes normas básicas:
a) Lei 8.212/1991 (Plano de Organização e Custeio da Seguridade Social — PCSS);
b) Lei 8.213/1991 (Plano de Benefícios da Seguridade Social — PBSS);
c) Lei 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social — LOAS);
d) Decreto nº 3.048/1999 (Regulamento da Previdência Social).
Quadro sinótico da evolução legislativa da seguridade social no Brasil
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, muitos avanços ocorreram na seguridade social. A saúde passou a ser um dever do Estado e um direito de todos, independentemente de contribuição. É dever do Estado prestar assistência social às pessoas carentes, sem exigência de contribuição, como forma de assegurar o mínimo existencial, materializando o corolário da dignidade da pessoa humana.
A Previdência social tornou-se a única modalidade de proteção social que exige contribuição dos segurados, como condição para ampará-los de futuros infortúnios sociais e de outras situações que merecem amparo (riscos sociais).
A seguridade social compreendeum conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. (EC nº 20/1998)
Leitura
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I – universalidade da cobertura e do atendimento;
II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;
V – equidade na forma de participação no custeio;
VI – diversidade da base de financiamento;
VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
Princípios da Previdência no Brasil
Os princípios consagrados são:
· Solidariedade: alguns contribuem mais para ajudar os que ganham menos;
· Universalidade da cobertura: não admite exclusão social;
· Uniformidade e equivalência dos benefícios: igualando direitos das populações urbanas e rurais;
· Seletividade e distributividade: na prestação de benefícios e serviços;
· Irredutibilidade no valor dos benefícios: o princípio é não permitir a redução dos mesmos;
· Equidade na forma de participação do custeio: acentuando que as contribuições sejam feitas de acordo com a capacidade do contribuinte.
Exercícios
Questão 1: (FUNIVERSA-2010) Do ponto de vista dos fundamentos que inspiram teoricamente o sistema de seguridade brasileiro, assinale a alternativa correta. 
a) Trata-se de um sistema legal inspirado apenas na doutrina do modelo alemão bismarkiano. 
b) Trata-se de um sistema legal inspirado apenas na doutrina do modelo inglês beveridgiano. 
c) Trata-se de um sistema inspirado na doutrina tanto do modelo alemão bismarkiano quanto no inglês beveridgiano. 
d) Trata-se de um sistema sem traços de inspiração nem na doutrina do modelo alemão bismarkiano nem na do inglês beveridgiano. 
e) Trata-se de um sistema sem traços de inspiração em nenhuma doutrina estrangeira.
Questão 2: (FCC -2015) Quanto ao conceito, à origem e evolução legislativa da Seguridade Social no Brasil é INCORRETO afirmar: 
a) É considerado um marco na história da Previdência Social a denominada "Lei Eloy Chaves" que determinou a criação de Caixas de Aposentadoria e Pensões para trabalhadores ferroviários. 
b) Em 1934, pela primeira vez uma Constituição do Brasil faz alusão expressa aos direitos previdenciários, instituindo o modelo tripartite suportado pela União, pelos empregados e empregadores, além de garantir mínima proteção em face da velhice, invalidez, maternidade, acidente de trabalho e morte. 
c) O sistema securitário social brasileiro consagra a proteção do indivíduo contra riscos que possam surgir em relação à previdência social e à assistência social, não abrangendo a saúde, que é tratada com exclusividade pela União, por intermédio do Ministério da Saúde. 
d) O plano de ação das áreas que envolvem a Seguridade Social será integrado e deve estar expresso na Lei de Diretrizes Orçamentárias que fixará as metas e prioridades do sistema, assegurando a cada área a gestão dos seus recursos. 
e) A Seguridade Social terá caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação de trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados.
Questão 3: (FUNRIO-2014) Qual foi a primeira norma legal a instituir a previdência social no Brasil? 
a) A Constituição de 1824. 
b) A Constituição de 1946. 
c) A Lei Áurea. 
d) A Lei Orgânica da Previdência Social de 1960. 
e) O Decreto Legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, conhecido como Lei Eloy Chaves.
Questão 4: ( FCC-2012) Dentre os princípios específicos da Previdência Social, NÃO está incluso: 
a) Vinculação entre o valor da contribuição do segurado e o benefício que venha a perceber. 
b) Filiação obrigatória de todo trabalhador que se enquadre na condição de segurado. 
c) Caráter contributivo independentemente do regime. 
d) Equilíbrio financeiro e atuarial, a fim de manter o sistema em condições superavitárias. 
e) Correção monetária dos salários de contribuição considerados no cálculo dos benefícios.
Questão 5: São princípios básicos e finalidades da Previdência Social, EXCETO: 
a) Individualidade de participação nos planos previdenciários. 
b) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais. 
c) Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios. 
d) Irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo.
Gestão Atuarial / Aula 03: Conceitos Elementares das Operações de Seguro e os Elementos Essenciais de um Contrato de seguros
Introdução
Nesta aula, você irá reconhecer o que é risco e quais são as suas características. Também irá diferenciar as principais categorias de seguro.
Irá analisar os elementos essenciais de uma operação de seguro e de uma apólice de seguro. E, para finalizar esta aula, você irá distinguir uma operação de cosseguro de uma operação de resseguro. 
Conceitos e Termos Essenciais do Risco e Seguro
Risco
É a probabilidade de acontecimento de um determinado evento futuro, capaz de alterar o equilíbrio econômico de um patrimônio.
Souza (2007, p. 25) define risco como “uma possibilidade de um evento inesperado ocorrer, gerando prejuízo ou necessidade econômica ou danos materiais ou pessoais [...]”.
Características do Risco
Ser possível - Existir uma possibilidade de ocorrência de sinistro. Se o objeto segurável não estiver exposto a nenhum tipo de risco, implicará em um contrato sem objeto e nulo.
Ser um acontecimento futuro: O sinistro ainda não tenha ocorrido. O seguro feito para um risco já ocorrido é nulo conforme determina o Código Civil.
Ser incerto ou aleatório: Que o risco possa ocorrer e em um determinado período predeterminado em contrato ou não.
Ser independente da vontade das partes: Nenhuma das partes, nem o segurado e nem o segurador, podem ter influência na ocorrência do risco. Se houver, é anulado o contrato.
Resultar em prejuízo de natureza econômica: O risco em que o objeto está assegurado deve ser passível de prejuízo econômico.
Conforme Souza (2007, p. 25), o risco deve ser: “aleatório, possível, real, lícito e fortuito”.
É relevante para os contadores entenderem estes conceitos, pois, segundo o CPC 11 (R3), a seguradora deve divulgar informações que auxiliem os usuários a entenderem a natureza e a extensão dos riscos originados por contratos de seguro.
De acordo com o CPC 11 (R3), a seguradora deve divulgar:
• Seus objetivos, políticas e processos existentes para gestão de riscos resultantes dos contratos de seguro e os métodos e os critérios utilizados para gerenciar esses riscos;
• Informação sobre riscos de seguro (antes e depois da mitigação do risco por resseguro), incluindo informações sobre:
a) sensibilidade ao risco de seguro;
b) concentração de riscos de seguro, incluindo uma descrição da forma como a administração determina concentrações, bem como uma descrição das características comuns que identificam cada concentração (por exemplo, tipo de evento segurado, área geográfica ou moeda);
c) sinistros ocorridos comparados com estimativas prévias (isto é, o desenvolvimento de sinistros).
A divulgação sobre desenvolvimento de sinistros deve retroceder ao período do sinistro material mais antigo para o qual ainda haja incerteza sobre o montante e a tempestividade do pagamento de indenização, mas não precisa retroagir mais que dez anos.
A seguradora não precisa divulgar essa informação para sinistros cuja incerteza sobre montante e tempestividade da indenização é tipicamente resolvida no período de um ano.
Conceito e Categorias do Seguro
Segundo Brasil (1985, p.174),  “ O Seguro é um contrato bilateral e oneroso, através do qual uma das partes (segurador), recebendo uma remuneração (prêmio), obriga-se com a outraparte (segurado) á indenizá-lo, ou a terceiros, no caso de se realizar um risco determinado (sinistro).”
Os seguros podem ser divididos em dois grupos: sociais  e privados.
Sendo o seguro de natureza Civil, a filiação do indivíduo às formas de proteção ali previstas se dava de maneira facultativa e por meio de contrato, com, evidentemente, expressa manifestação de vontade de quem procurava proteção em face dos eventos citados (RAMOS, 2014). Desta forma, o seguro decorria de contrato e era administrado por empresas privadas, com fins lucrativos, evidente que somente uma minoria poderia pagar pela proteção securitária, o que, naquela época, excluiu grande parte da população.
Com a evolução social surgiu outra forma de proteção social, espécie ainda de Seguro, agora visando uma parcela maior da sociedade, sem prévia seleção dos riscos a serem protegido: o Seguro Social, que se originou com a Lei do Seguro Doença, em 1883, como resultado da proposta elaborada por Bismarck.
Com essa nova visão de proteção social, surgem os primeiros passos para o ideal de seguro social mais abrangente, destinado não somente aos trabalhadores industriais (proteção somente àqueles que possuíssem vínculo de emprego), mas sim a toda sociedade. E, ainda, além de proteger toda sociedade, a filiação se daria de forma obrigatória, passando a ser visto como direito subjetivo do indivíduo (RAMOS, 2014)
Desse modo, o Seguro (gênero) passou de Seguro Privado (espécie) para Seguro Social (espécie). As diferenças entre a proteção privada e a proteção social pairam, dentre outras, no fato de a primeira ser facultativa, menos abrangente e prever menos cobertura de riscos e ventos (somente o que fora contratado pelo individuo). Embora o Seguro Social fosse mais abrangente que o Seguro Privado, sua proteção só era destinada aos que contribuíssem para o custeio de proteção, e se deva de forma a proteger os indivíduos dos riscos sociais.
Atente que: Seguro Social x Seguridade Social
A Seguridade Social, por sua vez, reflete consequente evolução dos ideais anteriores de proteção social. Da Assistência Social ao tipo de proteção por Seguro Social, abarcando elementos e características de cada um, porém evoluindo e acrescendo na solidariedade social, surge o que conhecemos como Seguridade.
Para Silva (2008): “A Seguridade Social constitui ‘instrumento mais eficiente da liberação das necessidades sociais, para garantir o bem-estar material, moral e espiritual de todos os indivíduos da população’”.
O Seguro Social, além de proteger somente os trabalhadores com vínculo de emprego, tinha como objeto a ocorrência de algum evento que resultasse em determinada forma de dano ao indivíduo. Ou seja, protegia-se o risco social (como por exemplo, a invalidez, a orfandade, a mutilação etc.). Diferentemente do que vem a ocorrer com a Seguridade Social, que tem como objeto a proteção das contingências que venha a passar o indivíduo, independentemente de existência de qualquer forma de dano. Desse modo, não protege o risco, mas sim a necessidade social.
Os seguros privados, pelo Decreto-Lei n°. 61.584 de 1987, dividem-se em três categorias:
No Ramo Vida, são todos os seguros baseados na duração da vida humana. Seguro de vida, seguro de acidentes pessoais e planos de previdência.
No Ramo Saúde, são seguros que garantem, dentro dos limites estabelecidos na apólice, despesas médico-hospitalares, decorrentes de acidente ou doença do titular e seus dependentes.
Nos Ramos Elementares, demais ramos do seguro como incêndio, automóvel, responsabilidade civil etc.
Fundamentos Técnicos da Precificação do Seguro
As operações de seguro têm suas bases técnicas apoiadas no princípio do mutualismo e no cálculo das probabilidades.
A estatística, nos leva ao cálculo das probabilidades, que consiste em prever a quantidade de eventos de prejuízo de ordem econômica, sobre um determinado grupo de segurados expostos ao risco. Assim, será previsto com exatidão, o número de sinistros que deverão ocorrer em uma determinada massa, permitindo a fixação de um valor pego pelo segurado, de acordo com o tipo de risco.
Outro fator importantíssimo para a “aceitação do risco” pela seguradora é chamado de seleção. As seguradoras adotam exames para aceitar o tipo de risco, por meio de vistorias ou por entrevistas.
Elementos Essenciais de uma Operação de Seguro
Souza (2007) cita que um contrato é um documento que formaliza a relação entre segurador e segurado. Assim sendo, podemos afirmar que um contrato de seguro é identificado pelo nome do segurado, o nome do segurador, o risco, o prêmio e a responsabilidade do segurador.
De uma maneira geral, Souza (2007), ressalta que todo contrato de seguro tem como principais características:
Outras características do risco, em um contrato de seguro (além das cinco mencionadas), devem conter:
Princípio e fim do risco: É preciso estar escrito no contrato de seguro, o início da vigência do risco e o fim da vigência do risco. Assim, é definido o tempo de cobertura do risco.
RISCOS EXCLUÍDOS - São aqueles oferecidos no contrato de seguro, mas desprezados pelo segurado.
O SEGURADO - A pessoa que estará contratando o seguro. Conforme Silva (2007), o segurado:
• Pode ser pessoa física ou jurídica;
• Contrato é realizado por meio de proposta, exceto bilhete de seguro;
• Não pode contratar mais de um seguro para o mesmo bem.
O SEGURADOR OU A SEGURADORA - A empresa que estará assumindo o risco, mediante o pagamento do prêmio pelo segurado. De acordo com Silva (2007), as seguradoras são obrigatoriamente entidades jurídicas constituídas sob a forma de sociedades anônimas, exceto os seguros agrícolas que podem ser assumidos por cooperativas.
PRÊMIO - Segundo Brasil (1985, p. 178 ), prêmio é o preço do seguro. Assim, o prêmio é a remuneração que o segurado paga ao segurador para que esse assuma um risco determinado.
O prêmio e os riscos estão intimamente ligados, pois, é em função do risco que o prêmio é calculado.
De acordo com Souza (2007), o prêmio é o preço ou custo do seguro, especificado no contrato. Desta forma, o seu valor depende:
Do prazo do seguro
Da importância segurada
Da exposição ao risco.
O prêmio é utilizado pela seguradora para:
• Cobrir indenizações;
• Despesas administrativas;
• Comissões e
• Gerar lucros pra seguradora.
A indenização
O valor limite que a seguradora pagará em caso de sinistro O sinistro é entendido como a realização do risco previsto no contrato de seguro, podendo ser total ou parcial. (SOUZA, 2007) (variabilidade do patrimônio do bem segurado). Para Souza (2007), a indenização corresponde ao que a seguradora paga ao segurado pelos prejuízos decorrentes de um sinistro.
Elementos de uma Apólice de Seguro
PROPOSTA DE SEGURO - É encaminhada à Seguradora, uma proposta de seguro contendo os documentos exigidos para a formalização da Apólice cobrindo o risco.
OS SUJEITOS DA OPERAÇÃO - O segurado e a seguradora.
A IMPORTÂNCIA SEGURADA - É o valor monetário atribuído pelo segurado ao patrimônio, para o qual deseja a cobertura de seguro. “A partir de 2000, a SUSEP define duas formas de Importância Segurada”.
VALOR DETERMINADO - É o valor fixo garantido ao segurado, no caso de perda total do veículo.
VALOR DE MERCADO REFERENCIADO - O valor ressarcido ao segurado, no caso de perda total do veículo é pago, conforme uma tabela de referência de cotação para o preço do veículo no momento do sinistro (tabela FIPE).
PRAZO DE VIGÊNCIA - De modo geral, o prazo de um seguro é de um ano, mas nada impede que sejam contratados seguros com vigência inferiores ou superiores.
O SINISTRO - É a concretização do risco previsto no contrato e que ocasiona prejuízo. Antes de ser liquidado, o sinistro passa por uma vistoria para a aprovação.
O RESSARCIMENTO - É reembolso que a seguradora tem direito, no caso de uma indenização paga ao segurado, oriundo do prejuízo ocasionado por terceiros.
A FRANQUIA - É o valor pago pelo segurado em caso de sinistro. A franquia serve para eliminar pequenos sinistros, geradores de custos nos preços dos prêmios. Quantomaior o valor da franquia, menor é o valor do prêmio.
Cosseguro e Resseguro
Cosseguro - É a distribuição de um seguro por duas ou mais seguradoras. Trata-se de resguardar o princípio da Pulverização das Responsabilidades.
A apólice com cláusula de cosseguro é emitida em uma única apólice pela seguradora líder. Cabe ao líder receber e distribuir o prêmio e o eventual sinistro, proporcionalmente a cada cosseguradoras, conforme sua porcentagem de responsabilidade definida na apólice.
Resseguro - É o seguro do seguro. Não muda nada em relação ao cosseguro, a diferença é que a distribuição da responsabilidade é sem o consentimento do Segurado.
No Brasil, o resseguro é um monopólio definido em lei apenas entre a seguradora e o IRB – Instituto de Resseguro do Brasil.
 Para esta disciplina, faz-se necessário entender alguns conceitos relacionados às operações de seguros, notadamente no que diz respeito aos termos utilizados nas seguradoras, dentre eles: Riscos, Seguros, Resseguros, Cosseguro, Sinistro e Prêmio, onde se projeta o Quadro 1:
	TERMOS
	CONCEITOS
	AUTORES
	RISCOS
	Fatos ou acontecimentos cuja probabilidade de ocorrência é incerta.
	(AVALOS, 2009, p. 65)
	SEGUROS
	Pode ser conceituado como uma obrigação assumida pela seguradora, para reparar possíveis danos causados à parte contratante ou a seus bens patrimoniais.
	(SILVA, 1999)
	RESSEGUROS
	Onde uma seguradora tem determinado risco diminuído pela atribuição a outro segurador de parte da responsabilidade e do prêmio recebido.
	(SOUZA, 2007, p, 112)
	COSSEGUROS
	Trata de um seguro realizado por duas ou mais seguradoras referentes ao mesmo risco, reduzindo e dividindo um perigo de grandes dimensões em responsabilidades menores, onde cada seguradora assume um percentual da responsabilidade por uma parte do montante.
	(SILVA, 1999)
	SINISTRO
	Qualquer evento em que o bem segurado sofre um acidente ou prejuízo material e representa a materialização do risco, causando perda financeira para a seguradora, podendo este ser parcial ou integral.
	(SILVA, 1999)
	PRÊMIO
	É o valor que o segurado paga à seguradora pelo seguro para transferir a ela o risco previsto nas Condições Contratuais.
	(SILVA, 1999)
A familiarização desses conceitos por parte dos usuários faz-se importante, pois, em caso de utilização do seguro adquirido, o usuário terá noção do que está sendo tratado, são os termos mais citados nessas transações.
Exercícios
Questão 1: (CESGRANRIO-2012) As seguradoras também se preocupam com os riscos que as cercam por conta da possibilidade de um colapso no mercado ou, até mesmo, pela ocorrência simultânea de muitos sinistros.
Nesse sentido, para se aliviar parcialmente do risco de um seguro já feito, a companhia poderá contrair um novo seguro em outra instituição, por meio de uma operação denominada: 
a) corretagem de seguro
b) resseguro
c) seguro de incêndio
d) seguro de veículos
e) seguro de vida
Questão 2: (ESAF 2010) O cosseguro reflete: 
a) prestação de garantia por duas ou mais seguradoras de forma igualitária. 
b) temor quanto ao montante da garantia prestada em face de um só segurado. 
c) divisão proporcional da garantia entre diferentes seguradoras. 
d) medida ligada ao limite de retenção de riscos. 
e) política do CNSP que favorece a criação de seguradoras.
Questão 3: (FGV-2015) Em uma dada situação de risco para um incidente de segurança, determinada organização decidiu não adotar controles, preferindo fazer um seguro para cobrir eventuais prejuízos no caso de ocorrência do incidente.
Nesse exemplo, foi adotado o tratamento de: 
a) mitigar o risco; 
b) transferir o risco; 
c) evitar o risco; 
d) aceitar o risco; 
e) ocultar o risco.
Questão 4: (COPERJ-2013) Em teoria de seguros, o valor pago pelo segurado à seguradora, em caso de sinistro, denomina-se: 
a) franquia
b) risco
c) cobertura
d) indenização
e) ressarcimento
Questão 5: (FCC -2014) Sobre os contratos de seguro, é correto afirmar: 
a) No seguro de pessoa, é vedado ao proponente contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse. 
b) No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital estipulado não responde pelas dívidas do segurado, nem se considera herança. 
c) É nulo o contrato de seguro para garantia de risco proveniente de ato doloso do segurado ou do beneficiário, mas será válido aquele que vise a garantir risco decorrente de ato doloso dos seus respectivos representantes. 
d) No seguro de pessoa, é válida a celebração de transação para pagamento reduzido do capital segurado, desde que os beneficiários sejam todos maiores e capazes.
e) Durante o contrato de seguro, a diminuição do risco, em qualquer grau, impõe a redução equitativa do prêmio estipulado.
Gestão Atuarial / Aula 04: Estrutura do Sistema Nacional de Seguros Privados
· Introdução
O seguro e a previdência estão entre as mais antigas atividades econômicas regulamentadas, no Brasil, pois tiveram início ainda no século XVI. Tão antiga quanto à operação de seguros, no Brasil, é sua fiscalização. Normas e instituições sucederam-se ao longo do tempo até termos as estruturas institucionais contemporâneas do Sistema Nacional de Seguros Privados e do Sistema Previdenciário Brasileiro.
A intervenção do Estado normatizador e fiscalizador surge apenas quando o mercado, já em funcionamento, adquire complexidade e diversidade nos negócios, passando a requerer um mecanismo de modulação de interesses. Normas que atendendo aos superiores interesses do país, ditados pela conjuntura histórica, preservem o funcionamento das instituições do mercado e assegurem o cumprimento das coberturas contratadas pelos segurados.
Com o passar do tempo, entretanto, seu modelo monopolista e centralizador começa a dar mostras de esgotamento, e de já não atender plenamente às novas exigências do mercado aberto e globalizado.
O conceito de previdência surgiu com o intuito de proteção, defesa, visto que o homem precisa diminuir e até parar o ritmo de trabalho na velhice, necessitando, contudo, manter seu padrão de vida. Essas entidades exercem um papel importante na economia brasileira, sendo hoje um dos grandes investidores institucionais. Seus ativos fortalecem as atividades produtivas e contribuem para e geração de emprego e distribuição de renda, visto promoverem investimentos nos mercados de renda fixa e variável.
Neste sentido, esta aula proporcionará a você o conhecimento da estrutura do Sistema Nacional de Seguros Privados e ressalta o papel que cada entidade, desta estrutura, desempenha para o funcionamento das operações de seguro no Brasil.
Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP): perspectivas históricas e estrutura
O seguro e a previdência, segundo a SUSEP (2016), alinhando-se entre as mais antigas atividades econômicas regulamentadas, no Brasil, tiveram início ainda no séc. XVI, com os jesuítas, e em especial o Padre José de Anchieta, criador de formas de mutualismo ligadas à assistência. 
1791
Sua mais remota regulamentação data do séc. XVIII, quando foram promulgadas as "Regulações da Casa de Seguros de Lisboa", postas em vigor por alvará de 11 de agosto de 1791, e mantidas até a proclamação da independência em 1822. 
1808
Com a abertura dos portos brasileiros, em 1808, tem início a exploração de seguros marítimos, através da Companhia de Seguros Boa Fé, sediada na Bahia, primeira sociedade seguradora a funcionar no país. 
1831
Quase tão antiga quanto à operação de seguros no Brasil, é sua fiscalização, iniciada nesse ano, com a instituição da Procuradoria de Seguros das Províncias Imperiais, que atuava com fundamento nas leis portuguesas.
Embora o Código Comercial de 1850 só definisse normas para o setor de seguros marítimos, em meados do séc. XIX, inúmeras seguradoras conseguiram aprovar seus estatutos, dando início à operação de outros ramos de seguros elementares, inclusive o de vida. (PINTO, 2006) 
1860
Finalmente, surgem as primeiras regulamentações relativas à obrigatoriedade de apresentação de balanço e outros documentos, além da exigência de autorização para funcionamento das seguradoras.1895
As empresas estrangeiras também passam a ser efetivamente supervisionadas, com base em legislação nacional.
1901
Normas e instituições sucederam-se ao longo das décadas, até que, em 1901, é editado o Regulamento Murtinho (Decreto 4.270), pelo qual é criada a Superintendência Geral de Seguros, subordinada ao Ministério da Fazenda, com a missão de estender a fiscalização a todas as seguradoras que operavam no país.
SAIBA MAIS!
Conforme Pinto (2006), nessa trajetória multissecular da história do seguro, no Brasil, é relevante destacar que a moldura institucional das empresas, o tipo de produtos e o perfil dos profissionais que têm atuado no setor ao longo do tempo, foram definidos pela sociedade.
A intervenção do Estado normatizador e fiscalizador, surgem apenas quando o mercado, já em funcionamento, adquire complexidade e diversidade nos negócios, passando a requerer um mecanismo de modulação de interesses.
Normas que atendendo aos superiores interesses do país, ditados pela conjuntura histórica, preservem o funcionamento das instituições do mercado e assegurem o cumprimento das coberturas contratadas pelos segurados.
 1940
A efetiva instalação do IRB2 — Instituto de Resseguros do Brasil —, entidade criada, em 1932, em um contexto cerradamente estimulado por aspirações nacionalistas, e destinada a ser instrumento estatal de ordenação econômica. Tinha como proposta política a proteção do mercado brasileiro contra a presença então dominadora das companhias estrangeiras, e como desafios operacionais a regulação do resseguro e o fomento às operações de seguros em geral. Objetivos atingidos, graças acima de tudo à qualidade e competência dos quadros técnicos formados pelo próprio IRB, que se tornaria um celeiro de talentos para o mercado. (PINTO, 2006)
Com o passar do tempo, entretanto, seu modelo monopolista e centralizador começaram a dar mostras de esgotamento, e de já não atender plenamente às novas exigências do mercado. Idealizado para ser fundamentalmente uma instituição ocupada com o resseguro, o IRB vinha ultrapassando os limites de suas funções originárias.
Paulatinamente, ia assumindo um caráter de órgão fiscalizador, exorbitando de suas funções, em uma anomalia institucional que feria sua verdadeira missão de resseguradora. E, paradoxalmente, idealizado para estimular o fortalecimento das seguradoras brasileiras, o IRB acabaria por afrontar os objetivos que haviam orientado sua criação, chegando a inibir a criatividade e a livre concorrência entre as empresas do setor.
1966
Com a edição do Decreto-lei 73, o governo instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados, criando a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), órgão controlador e fiscalizador da constituição e do funcionamento das sociedades seguradoras entidades abertas de previdência privada. Dotada de poderes para apurar a responsabilidade e apenar corretores de seguros que atuem culposa ou dolosamente em prejuízo das seguradoras ou do mercado, a SUSEP assume, pela primeira vez no Brasil, a tutela direta dos interesses dos consumidores de seguros.
O IRB, que até então praticamente exercera funções hegemônicas na definição dos modos de operação de seguros no Brasil, passa a dividir com a SUSEP algumas atribuições que, embora distintas nos termos da legislação, por quase duas décadas acabaram se superpondo em importantes aspectos.
1895
Mas a partir desse ano, a SUSEP dá início a uma fase de profundas transformações, que começavam por sua reorganização interna, pondo fim à cultura burocratizante e paternalista que até então marcara sua atuação, e culminavam na definitiva conformação e público reconhecimento de sua identidade institucional. (PINTO, 2006)
Assumindo na plenitude suas funções de reguladora do mercado segurador, a SUSEP:
• implanta o sistema de audiência pública e aberta a todos os segmentos, para a formulação de medidas gerais e tomada de decisões;
• promove a desregulamentação gradual da atividade seguradora, e atendendo a expresso desejo das empresas, que pediam mais liberdade para suas operações, dá autonomia à criação de produtos;
• estimula a formação de empresas regionais;
• modifica os critérios e requisitos para aplicação de reservas técnicas em ativos mobiliários;
• acaba com a exigência de carta-patente para o funcionamento das seguradoras;
• e, para enfrentar a realidade da inflação que corroía valores segurados, promove a indexação dos contratos, que passam a ser atualizados com base na correção monetária. (PINTO, 2006)
Estavam criadas as condições de liberdade e realismo contratual, que possibilitariam o crescimento do mercado em um ambiente de justa e desejável concorrência.
1988
No processo de discussão da proposta de texto constitucional, as empresas seguradoras acabaram por conseguir alguns avanços discretos. Tinham atuado, na constituinte, de modo pouco articulado e excessivamente cauteloso, limitando-se quase que ao papel de observadoras, divididas quanto às questões que lhes eram essenciais, mas assim mesmo o seguro, a capitalização e a previdência privada haviam adquirido novo status.
Nos termos do Art. 21, item VIII, da Constituição Federal tinha ultrapassado os limites estritos da seguridade e evoluído para o de investidores institucionais, passando a integrar o sistema financeiro nacional, ao lado das demais instituições que, desde então, aguardam a regulamentação de suas atividades, previstas no art.192 da Constituição.
1992
Em cerimônia de posse de sua presidência, a Fenaseg dá publicidade a uma declaração de princípios norteadores da atividade seguradora, a Carta de Brasília. Primeira manifestação conjunta e consensual das empresas de seguro, publicamente apresentada como plataforma de demandas e propostas ao Governo, a Carta se construía em torno de três princípios:
• compromisso com a economia de mercado e a livre competição;
• responsabilidade econômica e social do setor de seguros diante dos agentes produtivos e da população brasileira;
• e opção pela modernidade que se baseia na experiência do próprio mercado, cuja voz deve ser mais ouvida.
Como propostas de mudanças, a Carta enfatizava a necessidade da ampliação da imagem pública do seguro, a desregulamentação do setor, a colaboração com o Governo em assuntos e operacionalização da previdência no Brasil, a desestatização do seguro de acidente de trabalho, e maior liberdade na operação do seguro-saúde.
Dois meses após a Carta de Brasília, em uma ação conjunta do IRB, SUSEP e Secretaria de Política Econômica, é lançado um Plano Diretor do Sistema de Seguros, Capitalização e Previdência Complementar. Esse documento reafirmava a importância da desregulamentação do setor, e apresentava propostas de modernização da atividade seguradora:
• política de liberação de tarifas,
• controle de solvência das empresas,
• abertura do setor ao capital estrangeiro,
• redefinição do papel do corretor,
• reestruturação do IRB com a gradual redução do monopólio do resseguro até sua final extinção,
• retorno do seguro de acidente de trabalho ao setor privado, e
• regulamentação de novas modalidades de seguros, como o de crédito agrícola e crédito à exportação. (PINTO, 2006) 
1996
Repercutindo as propostas constantes da Carta de Brasília e do Plano Diretor do Sistema de Seguros, Capitalização e Previdência Complementar, duas importantes medidas, de natureza legal e administrativa, marcam a história do seguro no Brasil no ano de 1996: a liberação da entrada de empresas estrangeiras no mercado, e a quebra do monopólio ressegurador do IRB.
A primeira consubstanciada em um parecer da Advocacia Geral da União, em resposta à consulta do Ministro da Fazenda sobre a possibilidade de autorização para o funcionamento de empresa seguradora estrangeira nos ramos vida/previdência.
Decidindo pela inconstitucionalidade da Resolução CNSP nº 14/86, que impedia que o capital estrangeiro participasse com mais de 50% do capital ou 1/3 das ações de seguradora brasileira, o Parecer GO-104 foi o respaldo legal para que, imediatamente, mais de 20 empresas estrangeiras entrassem

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