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Avaliação da Aprendizagem Estudo de Caso Professora Me. Patrícia Rodrigues da Silva 2 Unicesumar estudo de caso Vamos mexer na conserva cultural: a quebra de paradigmas e implementação de novas práticas de avaliação da aprendizagem? *Personagens e cenários fictícios Uma pequena reflexão! Do que se trata o conservadorismo? A que nos remete quando tratamos sobre a escola como metodologias tradicionais? Precisamos fazer essa reflexão para conseguirmos obser- var que a mudança em contextos já sólidos e bem fundamentados, é um grande desafio, mas é, sim, possível de ser realizada. A “tendência” ao conservadorismo é mais acentuada quanto mais bem-sucedida for a or- ganização, a escola, a universidade. Ao conseguir atingir os seus objetivos, e desenvolver os seus programas, escolas e universidades tendem a se assentar em um padrão cultural conser- vador, sob o qual prevalece a seguinte máxima: “em time que está ganhando, não se mexe! ”. É como se essas organizações escolares, acadêmicas, se assemelhassem a uma conserva de palmito, elas vão sendo formadas por pessoas, com diferentes competências, especia- lidades e formas de enxergar o mundo, mas, ao passar por um processo de seleção único, no qual a busca por padrões e linearidade prevalece, em um determinado momento, esses novos profissionais acabam por se tornar homogêneos, a escola, a universidade, se tornam uma conserva de palmito, uma conserva cultural! Unicesumar 3 estudo de caso Mexendo na conserva cultural Helena é professora universitária, trabalha com as disciplinas de Didática e Fundamentos Históricos da Educação, atuando no ensino superior há aproximadamente 16 anos, em di- ferentes instituições, na graduação e pós-graduação. Um dos pontos que chamam a atenção com respeito a Helena é a metodologia e pro- cessos de avaliação utilizados em suas - aulas ela sempre procura sair do “trivial”, o que acaba gerando certo desconforto em alguns de seus colegas. Observe o diálogo, a seguir, que ocorreu em uma reunião pedagógica: - Professor Osvaldo, coordenador do curso: como vimos na minha fala anterior, algumas aulas estão gerando maiores expectativas em alguns alunos. Algumas dessas expectativas são positivas e outras nem tanto. Tenho recebido alguns alunos nos últimos dias, e eles têm feito algumas comparações. Acredito que este seria o momento para compartilharmos o que temos feito de bom e aprendermos uns com os outros. Helena, você foi destaque posi- tivo nas conversas com os alunos e turmas, principalmente no que diz respeito a avaliação, poderia nos expor qual a dinâmica que tem utilizado em sala de aula? - Professora Helena: bom, primeiro fico muito feliz por ter dado certo, e partilhar isso com os demais colegas é um privilégio. Bem, aqui trabalho as disciplinas de Didática e Fundamentos Históricos da Educação, são disciplinas densas, que facilmente podem causar cansaço tanto em mim quanto nos alunos. - Professora Vanda (interrompe): Ok Helena, já sabemos que suas disciplinas são densas, mas queremos saber o que você faz de diferente. - Professora Helena: (sorrindo), bem, continuando, na disciplina de Didática já no início do período ao apresentar o plano de ensino, que foi acordado com os alunos, falei para eles que teríamos desafios ao longo do bimestre. O desafio que lancei nos últimos 15 dias foi que eles pesquisassem metodologias ativas de ensino-aprendizagem que pudessem ser utiliza- das por professores em diferentes níveis de ensino. Para isso tivemos um cronograma, que também foi previamente acordado entre mim e os alunos. Criamos um grupo no aplicativo de celular para esta atividade. Na primeira semana eles fizeram levantamento de informa- ções, pedi que eles fizessem fotos quando estivessem pesquisando, e interagissem sobre como estava sendo o andamento da atividade. Ao final desta semana, tivemos um momento em aula para trazer as metodologias descobertas pelos grupos, assim cada grupo escolheu duas 4 Unicesumar estudo de caso metodologias para trabalhar. Os alunos estão agora na fase 2, o desafio deles é materializar as metodologias ativas que escolheram e demonstrar a sua aplicabilidade e possibilidade de ser realmente utilizada em sala de aula. É um momento em que eles adequam as metodo- logias e estratégias de ensino, tomam decisões acerca da melhor forma de utilizá-las, sobre qual caminho será melhor tomar etc. Incentivei que eles fizessem vídeos, fotos e registras- sem os seus momentos de discussão e a construção do trabalho. Estou acompanhando pelo grupo do aplicativo e em conversas rápidas em sala de aula. Estou deixando que eles traba- lhem por si só, como grupo. Intervenho somente quando percebo que eles estão saindo um pouco do caminho, e direciono-os novamente ao eixo do trabalho. - Professora Vanda: mas como é possível avaliar isso, Helena? São muitas turmas, não consigo ver como fazer. - Professor Celso: concordo com a Vanda. Em Metodologia da Matemática isso é huma- namente impossível. - Professora Helena: Não vejo como impossível professor Celso. Exige sim um pouco mais de mim, mas é algo gratificante. Algo que enfatizo, é que não aplico atividades com este grau de envolvimento em todas as minhas disciplinas ao mesmo tempo. Procuro ba- lancear, justamente para dar atenção adequada ao alunado. Sobre a avaliação, Vanda, como disse, no início do período todo o processo foi acordado com os alunos. Eles sabem os cri- térios de avaliação e o peso de nota para cada um. Inclusive a avaliação no que diz respeito ao comportamento e envolvimento entre os membros de cada grupo, e o compartilhar com o grande grupo. Para isso, me utilizo de fichas de acompanhamento, e faço a avaliação continuamente. Não posso deixar para depois, porque os aspectos de cada momento são valiosos. Não posso deixar passar. - Professora Vanda: e quando saberemos dos resultados dessa “valiosa” (alterou o tom de voz) experiência? - Professora Helena: como disse, os alunos estão na fase 2. A apresentação dos traba- lhos ocorrerá daqui a duas semanas. Os alunos estão sendo avaliados individualmente e por equipe. Na aula seguinte ao término das apresentações, tenho um momento de feedback para o grande grupo, mostrando pontos de destaque e coisas que poderiam ter sido melhor aproveitadas. Faço uma apresentação para isso. Posso trazer esta apresentação em nossa próxima reunião e expor a todos, mas convido, aos que puderem, que assistam algumas das apresentações. Os alunos realmente se superam, e superam as minhas expectativas. Unicesumar 5 estudo de caso Neste momento, ouve-se alguns “burburinhos” por parte dos docentes. Alguns (poucos) se mostravam propensos a saber mais sobre esta nova metodologia de avaliação e desen- volvimento da aprendizagem. Porém, grande parte do grupo parecia estar bem resistente. - Professor Osvaldo, coordenador do curso: obrigada Helena! Ficamos combinados dessa forma então! Aliás, acredito que em todas as nossas reuniões pedagógicas, devemos tirar um momento para que os professores apresentem o que têm feito de inovador em suas aulas. Vou pensar em um cronograma para este momento de apresentação das boas práticas. - Professor Celso: Hum, não sei, preciso pensar a respeito. Penso que é difícil manter uma dinâmica como essa. Penso trabalhar com o básico e atender ao programa da disciplina é suficiente. As coisas estão dando certo, afinal! - Professora Vanda: concordo com o Celso. Afinal de contas não há nada de errado com a forma como avaliamos, estamos conseguindo medir os resultados e ainda preparando os alunos para concursos e ENADE, além de conseguirmos separar alunos bons de ruins também. Para mim, a boa e tradicional prova ainda é o mais eficaz instrumento de avaliação. - Professor Rodney: acho que podemos pensar a respeito. Durante a fala da Helena, tive algumas ideias para as minhas disciplinas. Cabe agora adaptar novas formas de avaliar também de acordo com a disciplina que é trabalhada.Por exemplo, não posso pedir que meus alunos de Metodologia do Ensino de Artes e Musicalização façam uma visita ao museu do Louvre, mas a tecnologia nos permite visitar algumas de suas obras. Estou animado! Helena, quero trocar algumas ideias com você! - Professora Helena: com certeza Rodney. Estou à disposição pessoal! Aliás, quero ressal- tar que não deixo de utilizar a prova como instrumento de aprendizagem, procuro somente diversificar os instrumentos de avaliação. Vejo que fica mais dinâmico pra mim, e possibili- ta melhor aprendizado do aluno. - Professor Osvaldo, coordenador do curso: muito bom! Penso, inclusive, que podemos formar um grupo de trabalho pra falar sobre novas práticas em sala de aula, como a diver- sificação na forma de avaliar, por exemplo. Tenho certeza que nossos gestores e diretores apoiarão a ideia. Afinal de contas, este tipo de mudança repercute sobre todo o curso, e quem sabe, posteriormente, sobre toda a instituição. 6 Unicesumar estudo de caso Ao final da reunião, Helena foi procurada por alguns de seus colegas, que buscaram saber mais sobre o que ela vinha implementando em sala de aula para avaliar os seus alunos. Outros foram mais resistentes e se calaram diante do que foi apresentado, ou então teceram comentários do tipo: - Essas ideias vêm pra atrapalhar nosso dia a dia. – Meus alunos são diferentes. – Isso não vai funcionar. – Ficam inventando moda, eu quero saber é de conteú- do. – Quero ver fazer isso com o tanto de turmas que eu tenho. – Tomara que a direção não aprove, assim continuamos jogando o nosso jogo, que pra mim está dando certo. Na situação apresentada, conseguimos perceber uma série de elementos no que diz res- peito às inovações, novas perspectivas e mudanças na avaliação da aprendizagem do aluno. Notamos o quanto a cultura organizacional tem peso sobre as pessoas que fazem parte desse contexto. Precisamos pensar sobre isso. Precisamos vencer o aspecto de conserva cultural! Fonte: a autora.
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