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Organização Nuclear A organização do DNA nuclear: À microscopia ótica, o material genético nuclear está organizado em zonas dispersas e transcricionalmente ativas, chamadas eucromatina, ou em zonas densamente condensadas e transcricionalmente inativas, a heterocromatina; a cromatina também pode estar ligada mecanicamente à membrana nuclear, e uma perturbação da membrana nuclear pode, assim, influenciar a transcrição. Durante a mitose, eles são organizados em cromatídeos pareadas conectadas pelos centrômeros, que atuam como local para a formação de um complexo proteico denominado cinetócoro, o qual, por sua vez, regula a separação dos cromossomos na metáfase. Os telômeros são sequências de nucleotídeos repetidos que recobrem as extremidades dos cromatídeos e permitem a replicação cromossômica repetida sem a perda de DNA dessas extremidades. Os cromatídeos estão organizados em braços curtos “P” (de petite, pequeno) e longos “Q” (“próxima letra do alfabeto”). O padrão de bandas característico dos cromatídeos é atribuído ao teor de GC relativo (menor teor de GC nas bandas em relação às interbandas), com os genes tendendo a se localizar nas regiões de interbandas. Os cordões de cromatina individuais são compostos por uma cadeia de nucleossomos – DNA enrolado em torno de núcleos de histona octamérica, com os nucleossomos conectados através dos segmentos de DNA. Os promotores são regiões de DNA não codificante que iniciam a transcrição dos genes; eles estão na mesma cadeia e antes de seu gene associado. Os ativadores são elementos reguladores que podem modular a expressão gênica em distâncias de 100 kB ou mais, através de voltas recorrentes sobre os promotores e o recrutamento de fatores adicionais necessários para conduzir a expressão de espécies pré-RNAm. As sequências intrônicas são, subsequentemente, retiradas do pré- RNAm, a fim de produzir a mensagem definitiva, que é traduzida em proteína, sem as regiões 3’ e o 5’ não traduzidas (UTR). Além das sequências do ativador, do promotor e das UTR, elementos não codificantes são encontrados em todo o genoma, incluindo as repetições curtas, as regiões de ligação dos fatores de regulação, os RNAs regulatórios não codificantes e os transpósons. Organização dos Histonas Embora praticamente todas as células do corpo contenham o mesmo material genético, as células terminalmente diferenciadas apresentam estruturas e funções distintas. É óbvio que os tipos celulares são diferenciados por programas linhagem-específicos da expressão gênica. Essas diferenças celulares tipo-específicas na transcrição e na tradução do DNA dependem de fatores epigenéticos (exemplo, modificações da cromatina do DNA), podem ser descritos da seguinte maneira: • Histonas e fatores modificadores de histonas: Os nucleossomos consistem de segmentos de DNA com 147 pares de base de extensão, enrolados em uma estrutura com um núcleo central de proteínas de baixo peso molecular, altamente conservadas (sob o aspeto filogenético [NRC]), chamadas histonas. O complexo DNA-histona resultante se assemelha a uma série de “contas de um colar” unidas por curtos segmentos de DNA, genericamente chamada cromatina. O DNA isolado e esticado de uma célula humana tem cerca de 1,8 m de comprimento, mas, enrolado nas histonas como num carretel, o DNA pode ser compactado no interior de um núcleo tão pequeno quanto 7 a 8 micrômetros de diâmetro, a largura de um linfócito em repouso. Na maioria das vezes, o DNA não está disposto de forma uniforme e compacta. Assim, à microscopia ótica, a cromatina nuclear se apresenta de duas formas básicas: 1) heterocromatina, citoquimicamente densa e transcricionalmente inativa, e 2) eucromatina, citoquimicamente dispersa e ranscricionalmente ativa. Aliás, é a porção da cromatina nuclear que está “desenrolada” que regula a expressão gênica e, portanto, determina a identidade e a atividade da célula. As histonas não são estáticas: Ao contrário, trata-se de estruturas altamente dinâmicas reguladas por uma série de proteínas nucleares e modificações químicas. Assim, os complexos de remodelagem da cromatina podem reposicionar os nucleossomos no DNA, expondo ou ocultando os elementos regulatórios dos genes, como os promotores (regiões do DNA não codificante). Os complexos “escritores de cromatina”, por outro lado, realizam mais de setenta modificações diferentes das histonas, genericamente designadas como marcações (marks). Essas modificações covalentes incluem metilação, acetilação ou fosforilação de resíduos de aminoácidos específicos nas histonas. Genes transcritos ativamente na eucromatina (zona dispersa e transcricionalmente ativa) estão associados a marcações de histonas que tornam o DNA acessível às RNA-polimerases. Em contraste, genes inativos (zona densamente condensada e transcionalmente inativa) apresentam marcações de histonas que permitem a compactação do DNA em heterocromatina. Marcações de histonas são reversíveis por meio da atividade de “apagadores de cromatina”. Além disso, outras proteínas funcionam como “leitores de cromatina”, ao se ligarem às histonas que exibem marcações específicas, regulando, portanto, a expressão gênica. • Metilação de histonas: Lisinas e argininas podem ser metiladas por enzimas escritoras específicas; em particular, a metilação de resíduos de lisina nas histonas está associada à ativação ou à repressão transcricional, dependendo do resíduo de histona que está “marcado”. • Acetilação de histonas: Resíduos de lisina são acetilados por histonas acetiltransferases (HAT), cujas modificações tendem a abrir a cromatina e aumentar a transcrição. Por sua vez, essas alterações podem ser revertidas por histonas desacetilases (HDAC), levando à condensação da cromatina. • Fosforilação de histonas: Os resíduos de serina podem ser modificados pela fosforilação; dependendo do resíduo específico, o DNA é aberto para a transcrição ou condensado para se tornar inativo. • Metilação do DNA: Tipicamente, altos níveis de metilação do DNA em elementos reguladores de genes resultam no silenciamento transcricional. Assim como as modificações das histonas, a metilação do DNA é rigidamente controlada por metiltransferase, enzimas de desmetilação e proteínas ligadoras de DNA desmetilado. • Fatores de organização da cromatina: essas proteínas, ligam-se a regiões não codificantes e controlam as alças de DNA de longa extensão, o que se revela importante na regulação das relações espaciais entre os ativadores (são elementos reguladores) e os promotores (regiões de DNA não codificantes) de genes que controlam a expressão gênica. Micro-RNAs(miRNAs) – Modo de Ação na Regulação de Expressão Génica Os miRNAs não codificam proteínas: funcionam principalmente como moduladores da tradução de mRNAs-alvo em suas proteínas correspondentes. O silenciamento pós- transcricional da expressão gênica por miRNA é um mecanismo fundamental e bem conservado (filogeneticamente [NRC]) da regulação dos genes, presente em todos os organismos eucariontes (plantas e animais). Devido à profunda influência dos miRNAs na regulação gênica, esses RNAs relativamente curtos (em média, com 22 nucleotídeos) assumiram importância crucial na compreensão das vias do desenvolvimento normal, bem como em condições patológicas como o câncer. Entretanto, os miRNAs individuais parecem regular múltiplos genes codificantes de proteínas, permitindo a cada miRNA co-regular programas inteiros de expressão gênica. A transcrição de genes de miRNA produz um miRNA primário que é progressivamente processado em várias etapas, incluindo clivagem pela enzima DICER. Isso gera miRNAs maduros de fita simples de 21 a 30 nucleotídeos, os quais, por sua vez, são associados a um agregado multiproteico denominado complexo de silenciamento induzido por RNA (RISC, Fig. 1-3). O subsequente emparelhamento de bases entre o cordão do miRNA e seuRNAm-alvo direciona o RISC para induzir a quebra do RNAm ou reprimir sua tradução. Todos os RNAm contêm uma chamada sequência-semente em sua região 3’ não traduzida (UTR – região não traduzida), a qual determina a especificidade de ligação ao miRNA e o silenciamento de genes. Desse modo, o RNAm-alvo é pós-transcricionalmente silenciado. RNA não Codificante Longo (lncRNA) Os lncRNAs modulam a expressão gênica de várias maneiras (Fig. 1-4); por exemplo, podem ligar-se a regiões de cromatina, limitando o acesso da RNA polimerase para codificar os genes dentro da região. O exemplo mais conhecido de uma função repressiva envolve o XIST, que é transcrito a partir do cromossomo X e desempenha papel essencial na inativação fisiológica do cromossomo X. O próprio XIST escapa da inativação do X, mas forma uma “capa” repressiva sobre o cromossomo X, a partir do qual é transcrito, o que resulta em silenciamento gênico. Por outro lado, observou-se que muitos ativadores são sítios de síntese de lncRNA e, com frequência, esses lncRNAs parecem aumentar a transcrição dos promotores de genes através de uma variedade de mecanismos (Fig. 1-4). Os lncRNAs podem ser os “culpados” em várias doenças humanas, como a aterosclerose e o câncer. Movimento de Pequenas Moléculas e Grandes Estruturas Através das Membranas (Fig-1.7) A bicamada lipídica é relativamente impermeável para todas as moléculas, exceto para as menores e/ou mais hidrofóbicas. Dessa forma, a importação ou a exportação de moléculas carregadas requer proteínas transportadoras transmembrana específicas; a internalização ou a externalização de proteínas grandes, de partículas complexas ou até mesmo de células que necessita que elas sejam envoltas por segmentos de membrana. Pequenos solutos carregados podem mover-se através da membrana utilizando canais ou transportadores; no geral, cada molécula precisa de um transportador específico. Os canais são utilizados quando os gradientes de concentração podem dirigir o movimento de solutos. Os carreadores são necessários quando o soluto é movido contra um gradiente de concentração. A captação de materiais mediada por recetor e de fase-fluida envolve os vacúolos derivados da membrana. A endocitose por cavéolas de líquido extracelular, proteínas da membrana e algumas moléculas ligadas a recetores (p. ex., ácido fólico) é um processo conduzido pelas proteínas caveolinas, concentradas dentro das balsas lipídicas (potocitose). A pinocitose de líquido extracelular e da maioria dos pares recetor-ligante envolve fossetas e vesículas revestidas por clatrina. Após a internalização, a clatrina dissocia-se e pode ser reutilizada, enquanto a vesícula resultante progressivamente amadurece e se acidifica. No endossomo inicial e/ou tardio, o ligante pode ser liberado de seu recetor (p. ex., o ferro libertado da transferrina ligada ao recetor de transferrina), permitindo a reciclagem do recetor para um novo ciclo na superfície da célula. Alternativamente, o complexo recetor-ligante dentro dos endossomos pode ser direcionado à fusão com os lisossomos (p. ex., fator de crescimento epidérmico ligado ao seu recetor); depois de a degradação ser completada, a última vesícula tardia endossomo-lisossomos pode regenerar os lisossomos. A fagocitose envolve a invaginação da membrana para grandes partículas, não mediada pela clatrina – tipicamente nos fagócitos especializados (p. ex., macrófagos ou neutrófilos). Os fagossomos resultantes se fundem com os lisossomos para facilitar a degradação do material internalizado. A transcitose envolve o transporte endocitótico transcelular de soluto e/ou recetor-ligante de uma face da célula para a outra. A exocitose é o processo através do qual vesículas revestidas por membrana fundem-se com a membrana plasmática para descarregar seu conteúdo no espaço extracelular. • Endocitose mediada por cavéolas: Cavéolas (“pequenas cavernas”) são invaginações não revestidas da membrana plasmática associadas a moléculas ligadas ao GPI (glicosilfosfatidilinositol), proteínas ligadas ao monofosfato de adenosina cíclico (cAMP), cinases da família SRC (stored response chain- activam a tirosina quinasas da membrana o citoplasmática) e ao recetor de folato. A caveolina é a principal proteína estrutural da cavéola. A internalização da cavéola com quaisquer moléculas ligadas a líquido extracelular é, às vezes, chamada de potocitose (potocytosis) – literalmente “bebericada celular”. Embora as cavéolas provavelmente participem da entrega transmembrana de algumas moléculas (p. ex., o folato), estão cada vez mais envolvidas na regulação da sinalização transmembrana e/ou na adesão celular através da internalização de recetores e integrinas. • Pinocitose e endocitose mediada por receptor: A pinocitose (“ingestão de líquido pela célula”) descreve um processo da fase fluida durante o qual a membrana plasmática invagina e é destacada para formar uma vesícula citoplasmática. Vesículas endocíticas podem ser recicladas, voltando para a membrana plasmática (exocitose) ou para mais uma rodada de ingestão. A pinocitose e a endocitose mediada por recetor começam em uma região especializada da membrana plasmática denominada depressão revestida por clatrina, que rapidamente invagina e se destaca para formar uma vesícula revestida por clatrina; aprisionado dentro da vesícula, está um “gole” do meio extracelular e, em alguns casos, macromoléculas ligadas aos recetores descritos mais adiante. As vesículas, então, rapidamente se descobrem e se fundem a uma estrutura intracelular ácida denominada endossomo inicial, onde descarregam seu conteúdo para a digestão e posterior passagem para o lisossomo. • A endocitose mediada por receptor: é o principal mecanismo de captação de algumas macromoléculas, como exemplificado pela transferrina e a lipoproteína de baixa densidade (LDL- Low Density Lipoproteins: lipoproteínas de baixa densidade). Essas macromoléculas se ligam a recetores que se situam em depressões revestidas por clatrina. Após a ligação aos seus recetores específicos, a LDL e a transferrina sofrem endocitose em vesículas que se fundem com os lisossomos. No ambiente ácido do lisossomo, a LDL e a transferrina liberam sua carga (colesterol e ferro, respectivamente), que, subsequentemente, é absorvida para dentro do citoplasma. Notavelmente, os receptores de LDL e de transferrina mostram- se resistentes ao ambiente hostil do lisossomo, o que permite que sejam reciclados de volta para a membrana plasmática. Exemplos de Fatores de Crescimento Envolvidos na Regeneração e Reparo Interação com a Matriz Extracelular Fig. 1-16 (Fig-1.16) Interações entre células e matriz extracelular (MEC): glicoproteínas adesivas e sinalização por integrinas. (A) - A fibronectina consiste de um dímero unido por pontes dissulfeto, com vários domínios distintos que permitem a ligação à MEC e às integrinas, estas últimas através de segmentos de arginina-glicina-aspartato (RGD). (B) - A molécula cruciforme da laminina é um dos principais componentes das membranas basais; sua estrutura com múltiplos domínios permite interação com o colágeno tipo IV, outros componentes da MEC e receptores da superfície celular. (C) Integrinas e eventos de sinalização mediados pela integrina em complexos de adesão focal. Cada recetor de integrina heterodimérica α-β é um dímero transmembrana que liga a MEC ao citoesqueleto intracelular. Também está relacionado a um complexo de moléculas de ligação (p. ex., vinculina e talina) que pode recrutar e ativar cinases que, eventualmente, desencadeiam cascatas de sinalização a jusante. Estágios na Resposta Celular ao Stress e Estímulos Nocivos (Fig. 2-1) A lesão celular é reversível até certo ponto, mas se o estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, a célula sofre lesão irreversível e, finalmente, ocorre morte celular.Adaptação, lesão reversível e morte celular podem ser os estágios de um dano progressivo que sucede diferentes tipos de agressões. Por exemplo, em resposta a uma sobrecarga hemodinâmica, o músculo cardíaco aumenta, como uma forma de adaptação, podendo sofrer lesão. Se o suprimento sanguíneo para o miocárdio está comprometido ou é inadequado, o músculo primeiramente sofre lesão reversível, manifestada por certas alterações citoplasmáticas (ver adiante). Finalmente, as células sofrem lesão irreversível e morrem. Atrofia Atrofia é definida como a redução do tamanho de um órgão ou tecido que resulta da diminuição do tamanho e do número de células. A atrofia pode ser fisiológica ou patológica. A atrofia fisiológica é comum durante o desenvolvimento normal. Algumas estruturas embrionárias, como a notocorda e o ducto tireoglosso, sofrem atrofia durante o desenvolvimento fetal. A diminuição do tamanho do útero, que ocorre logo após o parto, é uma outra forma de atrofia fisiológica. A atrofia patológica tem várias causas, e pode ser local ou generalizada. As causas comuns de atrofia são: • Redução da carga de trabalho (atrofia de desuso): Quando um osso fraturado é imobilizado com um molde de gesso ou quando um paciente é restrito a repouso absoluto no leito, rapidamente sobrevém atrofia dos músculos esqueléticos. Inicialmente, a redução no tamanho celular é reversível quando a atividade motora é restaurada. Com o desuso mais prolongado, as fibras musculares esqueléticas diminuem em número (devido à apoptose), bem como em tamanho; essa atrofia pode ser acompanhada por aumento da reabsorção óssea, levando à osteoporose por desuso. • Perda da inervação (atrofia por denervação): O metabolismo e função normais do músculo esquelético dependem de sua inervação. Uma lesão dos nervos leva à atrofia das fibras musculares por eles inervadas. • Diminuição do suprimento sanguíneo: Uma redução do suprimento sanguíneo (isquemia - falta de fornecimento sanguíneo) para um tecido em consequência de doença oclusiva arterial que se desenvolve lentamente resulta em atrofia do tecido. Na senescência, o cérebro sofre atrofia progressiva, principalmente por causa da redução do suprimento sanguíneo causada pela aterosclerose (gordura acumulada na parede das artérias) (Fig. 2-5) Isso é denominado atrofia senil, que afeta também o coração. • Nutrição inadequada: Uma desnutrição proteico-calórica profunda (marasmo) está associada ao uso das proteínas do músculo esquelético como fonte de energia, após o esgotamento de outras reservas, como o tecido adiposo. Isso resulta em consumo muscular acentuado (caquexia – perda de peso). A caquexia é observada também em pacientes com doenças inflamatórias crônicas e câncer. Nesses casos, a produção excessiva do fator de necrose tumoral (TNF), uma citocina inflamatória, é responsável pela perda de apetite e depleção lipídica, culminando com a atrofia muscular. • Perda da estimulação endócrina: Muitos tecidos que respondem a hormônios, como a mama e os órgãos reprodutores, dependem da estimulação endócrina para sua função e metabolismo normais. A perda da estimulação estrogénica após a menopausa resulta em atrofia fisiológica do endométrio, epitélio vaginal e mama. • Compressão: A compressão tecidual por um certo período de tempo pode causar atrofia. Um tumor benigno em crescimento pode causar atrofia nos tecidos normais circundantes. A atrofia nesse caso é, provavelmente, o resultado de alterações isquémicas causadas por comprometimento do suprimento sanguíneo devido à pressão exercida pela massa em expansão. As alterações celulares fundamentais associadas à atrofia são idênticas em todas essas situações. A resposta inicial é uma diminuição do tamanho da célula e das organelas, o que reduz as necessidades metabólicas da célula o suficiente para permitir sua sobrevivência. No músculo atrófico, as células contêm menos mitocôndrias e miofilamentos e uma menor quantidade de retículo endoplasmático rugoso (RER). Na busca pela adequação entre a demanda metabólica da célula e níveis menores de suprimento sanguíneo, nutrição ou estimulação trófica, um novo equilíbrio é alcançado. No início do processo, as células e tecidos atróficos têm sua função diminuída, mas a morte celular é mínima. Entretanto, a atrofia causada por redução gradual do suprimento sanguíneo pode progredir até o ponto no qual as células são irreversivelmente lesadas e morrem, frequentemente por apoptose. A morte celular por apoptose também contribui para a atrofia dos órgãos endócrinos após privação hormonal. Mecanismos da Atrofia A atrofia resulta da diminuição da síntese proteica e do aumento da degradação das proteínas nas células. A síntese de proteínas diminui em função da atividade metabólica reduzida. A degradação das proteínas celulares ocorre principalmente pela via ubiquitina-proteossomo. A deficiência de nutrientes e o desuso podem ativar ligases de ubiquitina, que ligam o pequeno peptídio ubiquitina a proteínas celulares, e marcam essas proteínas para degradação nos proteossomos. Essa via também é considerada responsável pela proteólise acelerada observada em diversas condições catabólicas, incluindo a caquexia do câncer. Em muitas situações, a atrofia é também acompanhada por aumento da autofagia, observada pelo número elevado de vacúolos autofágicos. A autofagia (“comer a si próprio”) é o processo no qual as células privadas de alimento digerem seus próprios componentes na tentativa de reduzir a demanda nutricional igualando-a ao fornecimento. Alguns dos restos celulares dentro dos vacúolos autofágicos podem resistir à digestão e persistir no citoplasma como corpos residuais limitados por membrana. Um exemplo desses corpos residuais são os grânulos de lipofuscina, discutidos mais adiante neste capítulo. Quando presentes em quantidades suficientes, eles conferem uma coloração acastanhada ao tecido (atrofia parda). A autofagia está associada a vários tipos de lesão celular, e a discutiremos em mais detalhes posteriormente. Conceitos-chave - Mecanismos de Lesão Celular • Depleção de ATP: falência das funções dependentes de energia → lesão reversível → necrose • Danos mitocondriais: depleção de ATP → falência das funções celulares dependentes de energia → consequentemente, necrose; sob certas condições, a saída de proteínas mitocondriais causa apoptose • Influxo de cálcio: ativação de enzimas que danificam os componentes celulares e também podem desencadear apoptose • Acúmulo de espécies reativas de oxigênio: modificação covalente de proteínas, lipídios e ácidos nucleicos celulares • Aumento da permeabilidade das membranas celulares: afeta a membrana plasmática, as membranas lisossômicas e as membranas mitocondriais; tipicamente resulta em necrose • Acúmulo de DNA danificado e proteínas mal dobradas: desencadeia apoptose Alterações Morfológicas nas Células e nos Tecidos Lesados – Conceitos Chave • Lesão celular reversível: Tumefação celular, degeneração gordurosa, formação de bolhas na membrana plasmática e perda de microvilosidades, tumefação mitocondrial, dilatação da RE, eosinofilia (devido à diminuição do RNA citoplasmático). • Necrose: Aumento da eosinofilia (aumento de eosinófilos - célula de defesa do sangue); retração, fragmentação e dissolução nucleares; quebra da membrana plasmática e das organelas; figuras de mielina abundantes; perda e digestão enzimática dos conteúdos celulares. • Padrões de necrose tecidual: Em condições diferentes, a necrose nos tecidos pode assumir padrões específicos: coagulativa, liquefativa, gangrenosa, caseosa, gordurosa e fibrinoide. Distúrbios Associados à Apoptose Diminuída p53 Conceitos-chave - p53, a Guardiã do Genoma • A proteína p53 é o monitor central do estresse na célula e pode ser ativada por anóxia (ausência de oxigénio), sinalização inadequada por oncoproteínas (proteínasque foram codificadas a partir de genes denominados oncogenes, que atuam como promotores da proliferação celular desgovernada, são responsáveis pela sinalização celular em várias etapas da divisão celular) mutadas ou danos no DNA. A p53 controla a expressão e a atividade das proteínas envolvidas na interrupção do ciclo celular, reparo de DNA, senescência celular e apoptose. • Os danos no DNA são detetados por complexos contendo cinases da família ATM/ATR; essas cinases fosforilam a p53, liberando-a de seus inibidores, como o MDM2. Em seguida, a p53 ativa e regula positivamente a expressão de proteínas tais como o inibidor da cinase dependente de ciclina p21, causando assim a interrupção do ciclo celular no ponto de checagem G1-S. Essa pausa permite que as células reparem os danos no DNA. • Se o dano no DNA não puder ser reparado, a p53 induz eventos adicionais que levam à senescência celular ou à apoptose. • A maioria dos cânceres humanos demonstram mutações de perda de função bialélica no gene TP53. Os raros pacientes com síndrome de Li-Fraumeni (tipo de cancro que pode ser herdado) herdam uma cópia defeituosa do gene TP53 e apresentam uma incidência muito alta de uma grande variedade de tipos de câncer. • Assim como a RB, a p53 é inativada por oncoproteínas virais, tais como a proteína E6 do HPV. Conceitos Chave - Necroapoptose e Piroptose • A necroptose se assemelha morfologicamente à necrose e, patogeneticamente, à apoptose como uma forma de morte celular programada. • A necroptose é desencadeada pela ligação de TNFR1 e proteínas de vírus RNA e DNA. • A necroptose é independente da caspase, mas dependente de sinalização pelo complexo RIP1 e RIP3. • A sinalização de RIP1-RIP3 reduz a geração mitocondrial de ATP, causa a produção de ERO (espécies reativas de oxigénio) e aumenta a permeabilidade de membranas lisossômicas, causando tumefação (aumento do volume de uma célula, tecido ou órgão) celular e danos à membrana, como ocorre na necrose. • A liberação de conteúdo celular evoca uma reação inflamatória como na necrose. • A piroptose ocorre em células infetadas por micróbios. Ela envolve a ativação de caspase-1, que cliva a forma precursora da IL-1 para gerar a IL-1 biologicamente ativa. A caspase-1, juntamente com a intimamente relacionada caspase-11, também causa a morte da célula infetada. Mecanismos de Acumulação Intracelular Uma das manifestações de alterações metabólicas nas células é o acúmulo intracelular de quantidades anormais de diversas substâncias que são inofensivas ou estão associadas com graus variados de lesão. A substância pode estar localizada no citoplasma, dentro das organelas (tipicamente lisossomos), ou no núcleo, e é sintetizada pelas próprias células afetadas, ou pode ter sido produzida em outros locais. Existem quatro mecanismos principais que geram acúmulos intracelulares anormais (Fig. 2-29): • Remoção inadequada de uma substância normal secundária a defeitos nos mecanismos de acondicionamento e transporte, como na degeneração gordurosa (esteatose) no fígado. • Acúmulo de uma substância endógena anormal como resultado de defeitos genéticos ou adquiridos em seu dobramento, acondicionamento, transporte, ou secreção, como acontece com certas formas mutantes de α1- antitripsina. • Falha em degradar um metabólito devido a deficiências enzimáticas hereditárias. Os distúrbios resultantes são chamados de doenças de depósito (também chamadas de doenças de armazenamento). • Depósito ou acúmulo de uma substância exógena anormal quando a célula não possui maquinaria enzimática para degradar a substância ou não tem capacidade de transportá-la para outros locais. O acúmulo de partículas de carbono ou sílica é um exemplo desse tipo de alteração. Em muitos casos, se a sobrecarga for controlada ou interrompida, o acúmulo é reversível. Nas doenças de depósito genéticas, o acúmulo é progressivo e a sobrecarga causa lesão celular, levando, em alguns casos, à morte do tecido e do paciente. Características Gerais e Causas da Inflamação – Conceitos Chave • A inflamação é uma resposta benéfica do hospedeiro a invasores estranhos e ao tecido necrótico, mas também pode causar dano tecidual. • Os principais componentes da inflamação são uma reação vascular e uma resposta celular; ambas são ativadas pelos mediadores que são derivados das proteínas do plasma e de várias células. • As etapas da resposta inflamatória podem ser lembradas como os cinco Rs: (1) reconhecimento do agente lesivo, (2) recrutamento de leucócitos, (3) remoção do agente, (4) regulação (controle) da resposta e (5) resolução (reparo). • As causas da inflamação incluem infeções, necrose dos tecidos, corpos estranhos, traumas e respostas imunológicas. • Células epiteliais, macrófagos do tecido e células dendríticas, leucócitos e outros tipos de células expressam recetores que percebem a presença de microrganismos e de dano. As proteínas circulatórias reconhecem os microrganismos que, eventualmente, tenham entrado no sangue. • O resultado da inflamação aguda é a eliminação do estímulo nocivo, seguido de diminuição da reação e reparo do tecido lesado, ou a lesão persistente resultando na inflamação crônica. Reações Vasculares na Inflamação Aguda – Conceitos Chave • A vasodilatação é induzida por mediadores químicos como a histamina (descrita adiante) e é a causa do eritema e da estase do fluxo sanguíneo. • O aumento da permeabilidade vascular é induzido pela histamina, por cininas e outros mediadores que produzem espaços entre as células endoteliais, através da lesão endotelial direta ou induzida por leucócitos, bem como pelo aumento da passagem de fluidos através do endotélio. • O aumento da permeabilidade vascular permite que as proteínas e os leucócitos do plasma, os mediadores da defesa do hospedeiro, entrem nos locais de infeção ou de dano tecidual. A saída de líquidos dos vasos sanguíneos resulta em edema. • Os vasos linfáticos e linfonodos também estão envolvidos na inflamação e, em geral, apresentam vermelhidão (rubor) e tumefação. Recrutamento de Leucócitos para Locais de Inflamação – Conceitos Chave • Os leucócitos são recrutados a partir do sangue para dentro do tecido extravascular, onde os patógenos infeciosos ou tecidos danificados podem estar localizados, migram para o local da infeção ou da lesão tecidual e são ativados para realizar suas funções. • O recrutamento de leucócitos é um processo de várias etapas que consiste na ligação fraca e no rolamento sobre o endotélio (mediada pelas selectinas); na forte ligação ao endotélio (mediada pelas integrinas) e na migração através dos espaços interendoteliais. • Várias citocinas promovem a expressão dos ligantes de selectinas e integrinas no endotélio (TNF, IL-1), aumentam a avidez das integrinas por meio de seus ligantes (quimiocinas) e promovem a migração direcional dos leucócitos (quimiocinas também); muitas dessas citocinas são produzidas pelos macrófagos dos tecidos e outras células que respondem aos patógenos ou tecidos lesados. • Os neutrófilos predominam no infiltrado inflamatório inicial e, em seguida, são substituídos por monócitos e macrófagos. Ativação de Leucócitos e Remoção de Agentes Agressores – Conceitos Chave • Os leucócitos podem eliminar os microrganismos e as células mortas através de fagocitose, seguida pela destruição nos fagolisossomos. • A destruição é causada por radicais livres (ERO – espécie reativa de oxigénio , NO – oxido nítrico) gerados em leucócitos ativados e enzimas lisossômicas. • Os neutrófilos podem expulsar seu conteúdo nuclear para formar redes extracelulares que prendem e destroem os microrganismos. • Podem ser liberadas enzimas e EROs no ambiente extracelular. • Os mecanismos que servem para eliminar os microrganismos e as células mortas (o papel fisiológico da inflamação) também são capazes de lesar tecidos normais(as consequências patológicas da inflamação). • Os mediadores anti-inflamatórios finalizam a reação inflamatória aguda quando não é mais necessária. Ações dos Principais Mediadores da Inflamação – Conceitos Chave • Aminas vasoativas, principalmente histamina: vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. • Metabólitos do ácido araquidônico (prostaglandinas e leucotrienos): existem várias formas, e eles estão envolvidos nas reações vasculares, quimiotaxia (movimento através de um gradiente químico) dos leucócitos e em outras reações da inflamação; são antagonizados pelas lipoxinas. • Citocinas: proteínas produzidas por muitos tipos de células; em geral, têm curto alcance de ação, principalmente no recrutamento e na migração de leucócitos; as principais que estão presentes na inflamação aguda são o TNF, a IL-1 e as quimiocinas. • Proteínas do Complemento: a ativação do sistema complemento por microrganismos ou anticorpos leva à geração de vários produtos de quebra, que são responsáveis por quimiotaxia leucocitária, opsonização (para fixar as opsoninas – exemplo: imunoglobulinas – permitindo a fagocitose), fagocitose de microrganismos e outras partículas,além de morte celular. • Quininas: produzidas pela clivagem proteolítica de precursores: medeiam a reação vascular e a dor. Inflamação Crônica – Conceitos chave • A inflamação crônica é uma resposta prolongada do hospedeiro a estímulos persistentes. • É causada por microrganismos que resistem à eliminação, às respostas imunológicas contra os antígenos próprios e ambientais e a algumas substâncias tóxicas (p. ex., sílica); é a base de muitas doenças clinicamente importantes. • É caracterizada pela coexistência de inflamação, lesão tecidual, tentativa de reparo através de cicatrização e resposta imunológica. • O infiltrado celular consiste em macrófagos, linfócitos, plasmócitos e outros leucócitos. • É mediada por citocinas produzidas por macrófagos e linfócitos (com destaque para os linfócitos T); as interações bidirecionais entre essas células tendem a amplificar e prolongar a reação inflamatória. • A inflamação granulomatosa consiste em um padrão para a inflamação crônica induzido pela ativação de células T e macrófagos em resposta a um agente resistente à eliminação. Efeitos Sistêmicos da Inflamação – Conceitos Chave • Febre: as citocinas (TNF, IL-1) estimulam a produção de prostaglandinas no hipotálamo. • Produção de proteínas da fase aguda: proteína C-reativa e outras; síntese estimulada por citocinas (IL-6 e outras) agindo nas células hepáticas. • Leucocitose: as citocinas (fatores estimuladores colónicos) estimulam a produção de leucócitos a partir dos precursores na medula óssea. • Em algumas infeções graves, choque séptico: hipotensão, coagulação intravascular disseminada, alterações metabólicas; induzida por altos níveis de TNF ou outras citocinas. A Resposta Imunológica Normal: Células, Tecidos, Recetores, Mediadores e Visão Geral – Conceitos Chave • O sistema imunológico inato utiliza diversas famílias de recetores, especialmente os recetores Toll-like, para reconhecer moléculas presentes em vários tipos de microrganismos e produzidas por células lesadas. • Linfócitos são os mediadores da imunidade adaptativa e as únicas células que produzem recetores para antígenos específicos e diferentes. • Os linfócitos T (derivados do timo) expressam recetores de antígenos chamados recetores de células T (TCRs), que reconhecem fragmentos de peptídios de antígenos proteicos que são apresentados pelas moléculas do MHC na superfície das células apresentadoras de antígenos. • Os linfócitos B (derivados da medula óssea) expressam anticorpos ligados à membrana que reconhecem uma grande variedade de antígenos. As células B são ativadas para tornarem-se plasmócitos, os quais secretam anticorpos. • As células naturais killer (NK) matam as células que estão infetadas por alguns microrganismos, ou estressadas e lesadas, sem que haja possibilidade de reparo. As células NK expressam recetores inibitórios que reconhecem moléculas do MHC que são normalmente expressas em células saudáveis e impedem que elas matem células normais. • As células apresentadoras de antígenos (APCs) fagocitam microrganismos e outros antígenos, os transportam até os órgãos linfoides e os apresentam para o reconhecimento pelos linfócitos. As APCs mais eficientes são as células dendríticas, que residem no epitélio e na maioria dos tecidos. • As células do sistema imunológico estão organizadas em tecidos, alguns dos quais são locais de produção de linfócitos maduros (os órgãos linfoides geradores, a medula óssea e o timo), e outros que são os locais das respostas imunológicas (os órgãos linfoides periféricos, incluindo os linfonodos, baço e tecidos linfoides associados à mucosa). • A reação inicial aos microrganismos é mediada pelos mecanismos da imunidade inata, que estão prontos para responder aos microrganismos. Esses mecanismos incluem barreiras epiteliais, fagócitos, células NK e proteínas plasmáticas, como, por exemplo, as proteínas do sistema complemento. A reação da imunidade inata frequentemente se manifesta como inflamação. A imunidade inata, ao contrário da imunidade adaptativa, não possui boa especificidade antigênica nem memória. • As reações de defesa da imunidade adaptativa se desenvolvem lentamente, mas são mais potentes e especializadas. • Os microrganismos e outros antígenos estranhos são fagocitados pelas células dendríticas e transportados até os linfonodos, onde os antígenos são reconhecidos pelos linfócitos naive. Os linfócitos são ativados para proliferar e se diferenciar em células efetoras e de memória. • A imunidade mediada por células é a reação dos linfócitos T, destinados a combater microrganismos associados a células (p. ex., microrganismos fagocitados e microrganismos no citoplasma de células infetadas). A imunidade humoral é mediada por anticorpos e é eficaz contra microrganismos extracelulares (na circulação e lumens das mucosas). • As células T auxiliares CD4+ ajudam as células B a produzir anticorpos, ativam macrófagos para destruir os microrganismos ingeridos, estimulam o recrutamento dos leucócitos e regulam todas as respostas imunológicas aos antígenos proteicos. As funções das células T CD4+ são mediadas por proteínas secretadas, chamadas citocinas. Os linfócitos T citotóxicos CD8+ matam as células que expressam antígenos no citoplasma que são vistos como estranhos (p. ex., células infetadas por vírus e células tumorais) e também podem produzir citocinas. • Os anticorpos secretados pelos plasmócitos neutralizam os microrganismos, bloqueiam a sua infectividade e promovem a fagocitose e a destruição dos patógenos. Os anticorpos também conferem imunidade passiva aos neonatos (recém-nascido). Hipersensibilidade Imediata (Tipo I) – Conceitos Chave • São também chamadas de reações alérgicas, ou alergias. • São induzidas por antígenos ambientais (alérgenos) que estimulam fortes respostas de TH2 e produção de IgE em indivíduos geneticamente suscetíveis. • A IgE reveste os mastócitos através da ligação aos recetores Fc; a reexposição ao alérgeno resulta na ligação cruzada de IgE e Fc RI, ativação dos mastócitos e liberação de mediadores. • Os principais mediadores são a histamina, as protéases e outros conteúdos dos grânulos, prostaglandinas, leucotrienos e citocinas. • Os mediadores são responsáveis pelas reações imediatas vasculares e do músculo liso e pela reação de fase tardia (inflamação). • As manifestações clínicas podem ser locais ou sistêmicas e variam desde uma rinite leve até a anafilaxia fatal. Mecanismos das Reações de Hipersensibilidade Mediadas por Células T – Conceitos Chave • Inflamação mediada por citocinas: As células T CD4+ são ativadas através da exposição a um antígeno proteico e se diferenciam nas células efetorasTH1 e TH17. A exposição subsequente ao antígeno resulta na secreção de citocinas. O IFN-γ ativa macrófagos para produzir substâncias que causam dano tecidual e promover a fibrose, e a IL-17 e outras citocinas recrutam leucócitos, promovendo, dessa forma, a inflamação. • A reação inflamatória mediada por células T clássica é a hipersensibilidade do tipo retardado. • Citotoxicidade mediada por células T: Os linfócitos T citotóxicos CD8+ (CTLs) específicos para um antígeno reconhecem as células que expressam o antígeno-alvo e matam essas células. As células T CD8+ também secretam IFN-γ. Tolerância Imunológica e Autoimunidade – Conceitos Chave • A tolerância (ausência de resposta) a autoantígenos é uma propriedade fundamental do sistema imunológico, e a quebra da tolerância é a base das doenças autoimunes. • Tolerância central: linfócitos imaturos que reconhecem autoantígenos nos órgãos linfoides centrais (geradores) são mortos por apoptose; na linhagem de células B, alguns dos linfócitos autorreativos passam a expressar novos recetores de antígenos que não são autorreativos. • Tolerância periférica: linfócitos maduros que reconhecem autoantígenos nos tecidos periféricos tornam-se funcionalmente inativos (anérgicos) ou são suprimidos pelos linfócitos T reguladores ou morrem por apoptose. • Os fatores que levam à falha da autotolerância e desenvolvimento da autoimunidade incluem (1) herança dos genes de suscetibilidade que podem interromper diferentes vias de tolerância e (2) infeções e dano tecidual que podem expor autoantígenos e ativar APCs (células apresentadoras de antígenos) e linfócitos nos tecidos. • Doenças autoimunes são geralmente crônicas e progressivas, e o tipo de lesão tecidual é determinado pela natureza da resposta imunológica dominante. Reconhecimento e Rejeição de Transplantes (Aloenxertos) – Conceitos Chave • A resposta de rejeição contra transplantes de órgãos sólidos é iniciada principalmente pelas células T do hospedeiro que reconhecem os antígenos HLA estranhos do enxerto, seja diretamente (em APCs - células apresentadoras de antígenos, no enxerto) ou indiretamente (depois de captação e apresentação pelas APCs do hospedeiro). Tipos e mecanismos de rejeição de enxertos de órgãos sólidos: o Rejeição hiperaguda: Anticorpos antidoador pré-formados se ligam ao endotélio do enxerto imediatamente após o transplante, resultando em trombose, lesão isquémica e falência rápida do enxerto. o Rejeição celular aguda: As células T destroem o parênquima do enxerto (e vasos) através das reações de citotoxidade e inflamatória. o Rejeição humoral aguda: Os anticorpos danificam a vasculatura do enxerto. o Rejeição crônica: Dominado pela arteriosclerose, esse tipo é causado pela ativação de células T e anticorpos. o As células T secretam citocinas que induzem a proliferação de células musculares lisas vasculares e os anticorpos causam lesão endotelial. As lesões vasculares e as reações de células T causam fibrose do parênquima. • O tratamento da rejeição do enxerto depende de fármacos imunossupressores, os quais inibem as respostas imunológicas contra o enxerto. • O transplante das células-tronco hemotopoieticas (CTHs) necessita de compatibilidade entre doador e recetor e é frequentemente complicado pelas doenças do enxerto-versus-hospedeiro (GVHD) e deficiência imunológica. Patogenia e Curso da Infeção pelo HIV e AIDS – Conceitos Chave • A entrada do vírus nas células: requer CD4 e co-receptores, que são recetores de quimiocinas; envolve a ligação da gp120 viral e a fusão com a célula mediada pela proteína viral gp41; os principais alvos celulares são as células T auxiliares CD4+, macrófagos e células dendríticas. o Replicação viral: o genoma do pro-vírus integra-se ao DNA da célula hospedeira; a expressão gênica viral é desencadeada por estímulos que ativam as células infetadas (p. ex., microrganismos infeciosos, citocinas produzidas durante as respostas imunológicas normais) o A progressão da infeção: infeção aguda de células T da mucosa e CDs; viremia com a disseminação do vírus; infeção latente das células no tecido linfoide; replicação viral continuada e perda progressiva de células T CD4+ • Mecanismos da imunodeficiência: o Perda das células T CD4+: morte das células T durante a replicação e o brotamento viral (semelhante a outras infeções citopáticas); apoptose como um resultado da estimulação crônica; diminuição da produção do timo; defeitos funcionais o Macrófagos defeituosos e funções das CD o Destruição da arquitetura dos tecidos linfoides (tardia) • As manifestações clínicas da AIDS incluem infeções oportunistas, tumores como os linfomas de células B, e anomalias do SNC. Amiloidose - Conceitos Chave • A amiloidose é um distúrbio caracterizado por depósitos extracelulares de proteínas dobradas de forma errada que se agregam para formar fibrilas insolúveis. • A deposição dessas proteínas pode resultar de: produção excessiva de proteínas que são propensas a apresentar conformação errada e agregação; mutações que produzem proteínas que não se dobram corretamente e tendem a se agregar; degradação proteolítica defeituosa ou incompleta de proteínas extracelulares. • A amiloidose pode ser localizada ou sistêmica. Ela é vista em associação com uma variedade de distúrbios primários, incluindo as proliferações de células B monoclonais (em que os depósitos de amiloides consistem em cadeias leves de imunoglobulina); doenças inflamatórias crônicas, como artrite reumatoide (depósitos da proteína amiloide (A), derivada de uma proteína de fase aguda produzida na inflamação); doença de Alzheimer (proteína amiloide B); condições familiares nas quais os depósitos de amiloides consistem em mutantes de proteínas normais (p. ex., a transtiretina na polineuropatia amiloide familiar); amiloidose associada à diálise (depósitos de β2-microglobulina, cuja remoção é defeituosa). • Depósitos de amiloides causam lesão tecidual e prejudicam a função normal por exercerem pressão sobre as células e os tecidos. Eles não evocam uma resposta inflamatória.
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