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Resenha Crítica Direito Previdenciário Estácio

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO E DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Resenha Crítica de Caso/Artigo
Gabriel Taborda Dorigoni
Trabalho da disciplina de Direito Previdenciário
Tutor: Profª Andrea Cleto Mello
Porto Alegre - RS 
2020
PROJETO DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA TEM MUDANÇAS NA REGRA DE TRANSIÇÃO
Referências: Texto “Projeto de reforma da Previdência tem mudanças na regra de transição”.
De plano, destaca-se o objeto da presente análise, qual seja, texto acerca da reforma da previdência, onde tem-se posicionamentos de políticos como o ex-presidente Michel Temer, além do presidente da Comissão Especial, o relator da reforma e um consultor. Ditas autoridades trataram de anunciar mudanças no projeto da reforma em comento, bem como teceram comentários e considerações a respeito da sua necessidade e aplicabilidade, especialmente quanto à regra de transição a ser definida, perante os setores público e privado do país.
O ex-presidente pauta seu posicionamento, totalmente favorável à necessidade de se proceder com a efetiva reforma da previdência, no famigerado e tão divulgado “rombo” do INSS, o qual supostamente passaria dos 180 (cento e oitenta) bilhões de reais, montante projetado até o fim do ano de 2017. Por conseguinte, o político defende a ampla importância, constituindo verdadeira necessidade nacional, que a idade mínima para aposentadoria de homens e de mulheres seja fixada em 65 anos. Pontua, ainda, que a reforma é imperiosa, mesmo que seus regramentos não possam ser mantidos por todo o período inicialmente previsto e desejado.
Ademais, a narrativa posta pelo texto destaca que as principais mudanças se dariam sobre a regra de transição, a qual seria aberta a todos que já estivessem contribuindo, no momento em que a “nova previdência” passasse a ser aplicada. Isso pois, inicialmente, na proposta original, só seriam agraciados pelas regras de transição os homens com mais de 50 (cinquenta) anos e as mulheres com mais de 45 (quarenta e cinco) anos.
Outrossim, o relator ainda pontuou que o chamado “pedágio”, tempo extra que o trabalhador deve continuar laborando para complementar o cálculo que viabiliza sua aposentadoria, correspondente à metade do tempo que faltaria para tanto, pode ser reduzido. Entretanto, destaca que a regra de transição sequer seria vantajosa para quaisquer trabalhadores contribuintes que possuam idade inferior a 30 (trinta) anos.
Outra novidade constante das mudanças da proposta de reforma é a criação de uma idade mínima para aposentadoria dentro da própria regra de transição discutida. Desta forma, a idade mínima para aposentadoria nestas condições seria de 52 (cinquenta e dois) anos para mulheres e de 57 (cinquenta e sete) anos para os homens, sendo que esta limitação seria progressivamente aumentada, até chegar aos 65 (sessenta e cinco) anos visados como idade final adequada para ambos os sexos.
Compre destacar que o texto também aborda a manutenção da idade para aposentadoria rural pelo projeto, mantendo os 60 (sessenta) anos para homens e 55 (cinqüenta e cinco) anos para mulheres, aplicáveis aos trabalhadores quando do tempo da narrativa, sendo a única mudança pertinente a tais casos o aumento do tempo de contribuição previsto. Ainda, as alterações da proposta interferiram com o pagamento do Benefício de Prestação Continuada – BPC, pois este será mantido para os contribuintes trabalhadores a partir dos 65 (sessenta e cinco) anos, representando uma redução dos 70 (setenta) anos previstos originalmente.
Conforme esclarece o texto, policiais e professores poderão ser beneficiados com idade menos de aposentadoria, qual seja, 60 (sessenta) anos, indo em sentido diametralmente oposto à proposta original de reforma. Inclusive, outro ponto digno de nota é que as pensões por morte e aposentadorias devidas poderão serem cumuladas, desde que observem um limite mínimo, qual seja, de 2 (dois) salários mínimos.
Por fim, conforme consultor, a reforma em questão, que encontrava-se em negociações da proposta efetiva à época, é vital para que a previdência não se torne insustentável. Isso pois, o comprometimento do PIB nacional, bem como dos investimentos plausíveis ao governo, é progressivamente maior, diante desembolso de caixa que tende a se manter diante da política inalterada, basicamente engessando o país.
Assim, face às mudanças contidas da proposta de reforma, a base aliada do governo estava confiante para a próxima rodada de negociações, visando os 308 (trezentos e oito) votos necessários para aprovar a reforma. Desta forma, tem-se as narrativas e posicionamentos pertinentes ao tema, especialmente o caráter político e social destas, incluindo sua fundamentação e contexto, passíveis de análise e comentários.
Em um primeiro momento, é de suma importância reconhecer que o denominado rombo da previdência se tornou um dos pontos vitais do Brasil. Isso porque, claramente, a aplicabilidade das regras da previdência, especialmente aquelas existentes na época do texto abordado, aliada às dificuldades inerentes de um país de terceiro mundo com limites territoriais quase que continentais, tornou-se uma espécie de “bomba relógio econômica”. Ou seja, a previdência brasileira era e, talvez, ainda o é, insustentável a longo prazo.
Insta destacar, assim, que a reforma da previdência proposta era/é absolutamente essencial ao país, diante dos fatos expostos. No entanto, também revela-se inegável que a proposta original, atinente ao governo do ex-presidente Michel Temer, era excessivamente radical, tendo em vista que alterava de forma substancial, as regras da previdência.
Acontece que, mesmo reconhecendo-se a necessidade de mudança no âmbito previdenciário nacional, para garantir um futuro econômico sustentável ao país, também deve-se observar que a população brasileira não pode ter seus direitos amplamente violados e agredidos, em face da total desconsideração do caráter social e focando-se meramente no caráter econômico. Por conseguinte, obviamente, a proposta original se mostrou inadequada às condições da sociedade brasileira, resultando nas mudanças narradas ao longo do texto abordado, as quais claramente correspondem às flexibilizações dos termos postos, buscando garantir um meio termo entre a economia e os direitos dos trabalhadores contribuintes.
Importante destacar que, mesmo não se desconsiderando a importância de proceder com a efetiva reforma da previdência, pois os argumentos se revelam plenamente válidos, outras medidas cabíveis, cuja análise seria necessária, também deveriam tomar parte das negociações. Dentre ditas medidas cabíveis, tem-se a necessidade de se traçar planos para diminuir o trabalho informal, gerando recursos e estabilidade previdenciária, bem como a possível abordagem do excesso de isenções fiscais concedidas, renegociação e adaptação dos termos da dívida pública, entre outros pontos comumente trazidos por pesquisadores da área.
Especialmente no que se analisa acerca das medidas plausíveis de uma firme abordagem, tem-se a enorme dívida acumulada por grandes bancos e empresas, matéria trazida à tona por diversas frentes nacionais. Isso pois, certos relatórios realizados, tal como os realizados e abordados junto à Comissão Parlamentar de Inquérito, até mesmo apontaram a suposta inexistência do déficit na Seguridade Social. Tal documento sugere que tais dívidas são as verdadeiras culpadas pelo rombo da previdência, sendo o combate à inadimplência destes a principal questão que deveria ser estudada e combatida.
No entanto, como aduz o ditado, “nem tão ao céu, nem tanto ao inferno”. Inegável que a inadimplência de grandes empresas, bancos, etc., compõe de forma robusta os principais problemas previdenciários existentes no país. Contudo, balizar tal entendimento, de que este é o único e verdadeiro culpado pelo rombo previdenciário, mostra-se equivocado. Isso pois, a legislação previdenciária, o formato adotado, tanto aquele da época do texto quanto o atual, revela-se inadequado, intransigente e compromete o futuro econômico brasileiro,por simplesmente não ter sido criado perfeitamente, no seu cerne.
Cumpre destacar, por oportuno, que a proposta de reforma da previdência encontrou muitas divergências, especialmente no meio político, especialmente por ser um assunto delicado que pode comprometer os mesmos. Inclusive, existem argumentos muito consistentes quanto à inconstitucionalidade de diversos pontos da proposta de reforma e da própria reforma, pois colidem com as previsões contidas ao longo da Carta Magna acerca do assunto.
Ademais, amplamente conhecido e divulgado o fato de o ex-presidente Michel Temer não ter observado o art. 10 da Constituição Federal, cumulado com os artigos 3º, 4º e 5º da Lei nº 8.213/91, também popularmente conhecida como “Lei da Previdência Social”. Isso pois, o político em questão deixou de consultar o Conselho Nacional de Previdência Social sobre a reforma pretendida, sendo tal procedimento totalmente previsto nos artigos, parágrafos e incisos anteriormente apontados, configurando situação injustificável do ponto de vista técnico.
Importante referir, ainda, que as medidas narradas funcionam, ou funcionaram, dependendo da ótica aplicada, como um verdadeiro sinal de alerta para todos os trabalhadores contribuintes que estavam próximos de se aposentar. Diante das possibilidades incertas e do “perigo” instaurado pelos projetos e a própria reforma da previdência, especialmente sua regra de transição, constata-se uma grande comoção na população, literalmente buscando as mais diversas formas de se aposentar da melhor forma possível, enquanto pode. Revela-se imperiosa a necessidade de o brasileiro médio buscar organizar-se e proteger seu futuro, pois o regime previdenciário nacional está ficando cada vez mais “inacessível” para estes.
Destarte, revela-se imperiosa a necessidade de uma análise profunda acerca do assunto, especialmente em face das claríssimas dificuldades sociais e econômicas enfrentadas pelo Brasil e, essencialmente, seu povo. O combate à inadimplência das grandes empresas e bancos, aos interesses de políticos que visam a manutenção de cargos em vez de soluções mais efetivas, além de uma abordagem mais efetiva da própria legislação pertinente ao tema, ou seja, os diversos pontos anteriormente abordados, devem ser levados a cabo, garantindo-se a tão necessária estabilidade econômica do regime previdenciário nacional e o conseqüente futuro do país.
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