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EBook Gratuito Temas de Direito Previdenciario 2021 STF STJ TNU

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Prévia do material em texto

1 
 
 
 2 
 
 
Autores 
 
Dr. Hermes Arrais Alencar - Coordenador 
Dr. Anderson Lima 
Dr. Carlos “Cacá” Domingos 
Drª Carolyna Semaan Botelho 
Drª Eliana Cristina de Castro Silva 
Drª Iara Márcia Belisário Costa 
Dra. Ignez Corner 
Drª Jamile Evangelista Amaral Silva 
Drª Marcia Regina Santos Brito 
Drª Mariana Mello Moreira Pimenta 
Dr. Roberto Simões Gameiro 
Dr. Sérgio Henrique Salvador 
Drª Taís Rodrigues Dos Santos 
Drª Tamires Cristina Feijó De Freitas 
Dr. Bruno Sá Freire Martins 
 
 
 3 
Sumário 
INTRODUÇÃO 8 
Tema 599 STF – Auxílio-Acidente “vitalício” e a Aposentadoria 9 
Autor: Dr. Hermes Arrais Alencar 9 
Sobre o Autor 14 
Assista a palestra: 15 
Enunciado 216 FonaJef - EPI e os agentes cancerígenos 17 
Autor: Dr. Anderson Lima 17 
Introdução 17 
O que é o Fonajef 18 
Enunciado Nº 216 18 
Função dos EPI’s e EPC’s 19 
Agentes Nocivos Cancerígenos 19 
A Celeuma Sobre o Tema 20 
Considerações Finais 21 
Sobre o autor 22 
Assista a palestra: 23 
A Nova Aposentadoria Especial no RGPS 24 
Autor: Dr. Carlos “Cacá” Domingos 24 
I- INTRODUÇÃO 24 
II- A APOSENTADORIA ESPECIAL – CONCEITO. 26 
III- A REGRA ANTERIOR 29 
IV- AS NOVAS REGRAS 31 
V- O NOVO CÁLCULO DA APOSENTADORIA ESPECIAL 35 
VI- O REQUISITO ETÁRIO 37 
VII. A EXTINÇÃO DA CONVERSÃO DE TEMPO 48 
VIII- NECESSIDADE DE “EFETIVA” EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS 54 
IX- A PERICULOSIDADE. 56 
X- CONCLUSÃO 57 
 
 4 
BIBLIOGRAFIA 59 
Sobre o autor 61 
Assista a palestra: 62 
Tema 999 do STJ - Revisão da Vida Toda 63 
Autora: Drª Carolyna Semaan Botelho 63 
INTRODUÇÃO 64 
DO JULGAMENTO DO TEMA 999 NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 67 
CONCLUSÃO 73 
CITAÇÕES 74 
Sobre a autora 75 
Tema 1031 STJ - Atividade especial – Vigilante e o uso de arma 77 
Autora: Drª Eliana Cristina de Castro Silva 77 
O QUE É A APOSENTADORIA ESPECIAL? 78 
Qual o fato gerador da aposentadoria especial? 79 
Quando se inicia o benefício? 79 
O que aconteceu após a Reforma da Previdência? 80 
A APOSENTADORIA ESPECIAL DO VIGILANTE 81 
USO DE ARMA DE FOGO: É REQUISITO? 83 
Vigilância patrimonial: 84 
Segurança de eventos: 84 
Segurança nos transportes coletivos: 85 
Segurança ambiental e florestal: 85 
Transporte de valores: 85 
Escolta armada: 85 
Segurança pessoal: 85 
Supervisão/fiscalização operacional: 85 
Telemonitoramento/telecontrole: 85 
REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS 88 
Sobre a autora 89 
Assista a palestra: 91 
 
 5 
Tema 1095 STF - Adicional De 25% para Aposentadorias Diversas da Invalidez 92 
Autora: Drª Iara Márcia Belisário Costa. 92 
INTRODUÇÃO. 92 
APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE (APOSENTADORIA POR INVALIDEZ). 93 
PROBLEMÁTICA JURIDICA DO ADICIONAL DE 25% NAS APOSENTADORIAS DIVERSAS. 94 
DAS DECISÕES SOBRE O ADICIONAL DE 25%. 95 
Bibliografia: 100 
Sobre a Autora: 102 
Assista a palestra 103 
Tema 201 TNU – Contribuinte Individual e o Auxílio-Acidente 104 
Autora: Drª Ignez Corner 104 
Tese Firmada pela TNU 107 
Sobre a autora 111 
Assista a palestra 112 
Considerações ao Tema 995 STJ – Reafirmação da DER 113 
Autora: Drª Jamile Evangelista Amaral Silva 113 
Tema 995 STJ 113 
O QUE É DER? 113 
MAS O QUE ACONTECE SE O SEGURADO NO MOMENTO DA SOLICITAÇÃO DO BENEFÍCIO E ANÁLISE 
AUTÁRQUICA, CONTINUAR RECOLHENDO O CARNÊ OU CONTINUAR TRABALHANDO? 114 
MAS AFINAL, POSSO APROVEITAR AS CONTRIBUIÇOES RECOLHIDAS APÓS A SOLICITAÇÃO DO 
BENEFÍCIO, DURANTE A ANÁLISE DO BENEFÍCIO (E ANTES DA CONCESSÃO)? 114 
COMO SOLICITAR A REAFIRMAÇÃO DA DER? 115 
É POSSÍVEL REAFIRMAR A DER DURANTE O PROCESSO JUDICIAL? 116 
MAS AFINAL, REAFIRMAR A DER É SEMPRE A MELHOR OPÇÃO? 117 
CONCLUSÃO 117 
Sobre a Autora: 118 
Assista a palestra 119 
Tema 862 STJ – Termo inicial do Auxílio-Acidente 120 
Autora: Drª Marcia Regina Santos Brito 120 
 
 6 
Sobre a autora 127 
Assista a palestra 128 
Tese Revisional do RESP n. 1.577.666/ SP – Inclusão do último salário de contribuição 
constante do PBC 129 
Autora: Drª Mariana Mello Moreira Pimenta 129 
Sobre a autora 133 
Assista a palestra 134 
Análise sobre o Julgamento do Tema 810 STF 135 
Autor: Dr. Roberto Simões Gameiro 135 
Sobre o autor 146 
Assista a palestra 147 
O Tema 1018 STJ e os Diálogos Justificados do Processo Previdenciário 
Administrativo e Judicial 148 
Autor: Dr. Sérgio Henrique Salvador 148 
Sobre o Autor 152 
Assista a palestra 153 
Motoristas e Cobradores de Ônibus, ainda que após 28.04.1995 continuaram obtendo 
direito a Aposentadoria Especial 154 
Autora: Drª Taís Rodrigues dos Santos 154 
Sobre a autora 157 
Assista a palestra 158 
Tema 1007 STJ – Aposentadoria Híbrida 159 
Autora: Drª Tamires Cristina Feijó de Freitas 159 
Sobre a autora 164 
Assista a palestra 165 
A Nulidade da Aposentadoria no Regime Próprio por Ausência de Contribuição no 
Regime Geral 166 
Autor: Dr. Bruno Sá Freire Martins 166 
1. Introdução 166 
2 – Conceito de Tempo de Contribuição 167 
 
 7 
3 – Contagem Recíproca 169 
4 – A Filiação Previdenciária 170 
5 – Averbação Automática 173 
6. Regra da Lei n.º 8.213/91 175 
7. A Emenda Constitucional n.º 103/19 177 
8. Tempo Anterior à Emenda Constitucional n.º 20/98 179 
9. O Ato Jurídico Perfeito e o Direito Adquirido 181 
10. Benefício Concedido e Não Registrado 183 
Sobre o Autor 186 
Assista a palestra 187 
CUPOM DE DESCONTO CPHA 188 
Curso de Prática Previdenciária 189 
Livros 190 
Curso Concurso INSS 192 
Pós Graduação em Direito Previdenciário 193 
Como citar este e-book 198 
 
 8 
INTRODUÇÃO 
Caro leitor, em 27 de março de 2021 ocorreu o 1º Congresso on-line do CPHA. 
Foram quase 9 horas de palestras, conteúdo jurídico disponibilizado 
gratuitamente aos 870 inscritos, um SUCESSO! 
Este E-Book é fruto da união de alguns dos palestrantes do evento que 
gentilmente redigiram excelentes textos abarcando temas atuais e importantes no Direito 
Previdenciário. 
Além da leitura agradável, o querido leitor também poderá assistir as palestras 
ministradas pelos escritores, basta clicar na imagem em destaque ao final de cada artigo. 
Aproveito a oportunidade para registrar que o CPHA nasceu ao final de 2020, 
mais precisamente em novembro, e tem por missão facilitar o acesso a aulas on-line de Direito 
Previdenciário, de excelente qualidade e com preço acessível. 
Atualmente o CPHA já conta com variado catálogo de aulas de Prática 
Previdenciária, seja para iniciantes seja para aqueles que já militam na área do Seguro Social, 
abarcando benefícios por incapacidade, aposentadorias programáveis, benefícios devidos a 
dependentes, Teses Revisionais de benefícios previdenciários, Benefício Assistencial, além 
de Técnicas de Cumprimento de sentença previdenciária. 
Sem mais delongas, agradeço a todos os COAUTORES por terem aceitado este 
desafio e apresentado conteúdo brilhante! Quero registrar meu agradecimento a você, leitor, 
por prestigiar esta obra coletiva, bem como gostaria de convidá-lo(a) para frequentar um de 
nossos cursos no CPHA, caso tenha interesse, ao final deste E-Book há cupom especial de 
desconto para você! 
 
 
 
 
 
 9 
 
 
 
 
Tema 599 STF – Auxílio-Acidente “vitalício” e a Aposentadoria 
Autor: Dr. Hermes Arrais Alencar 
 
 
 
 
 
 
Desde a Medida Provisória n. 1.596-14, de 10 de novembro de 1997, convertida na Lei n. 
9.528, de 10 de dezembro de 1997, o valor mensal do auxílio-acidente integra o salário de 
contribuição, para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer aposentadoria, observado, 
no que couber, o disposto no art. 29 e no art. 86, § 5º. 
Com a Lei 9.528 deixa o auxílio-acidente de existir de forma autônoma e passa a integrar 
o Período Básico de Cálculo (PBC) de qualquer aposentadoria, devendo ser somado ao valor do 
salário de contribuição do respectivo mês, ofertando, ipso facto, aposentadoria de valor 
superior ao segurado, porque resultante, praticamente, da fusão de dois benefícios (auxílio-
acidente e aposentadoria).Importante anotar que a incorporação do auxílio-acidente aos salários de contribuição 
considerados no cálculo da aposentadoria está diretamente ligada à existência de previsão 
legal, ou não, do caráter vitalício do benefício de auxílio-acidente. 
Na vigência da Lei n. 5.316/67, o auxílio-acidente não era vitalício, como consequência, 
era adicionado ao salário de contribuição para o cálculo de qualquer outro benefício não 
resultante do acidente (cf. art. 7º, caput e parágrafo único). 
 
 10 
A Lei n. 6.367/76 revogou a Lei n. 5.316/67 e o auxílio-acidente passou a ser vitalício 
(art. 6º, § 1º), nada dispondo a lei sobre sua incorporação aos salários de contribuição 
utilizados no cálculo do salário de benefício. 
Desde o advento da Lei n. 6.367/76 até a entrada em vigor da MP n. 1.596-14/97, 
convertida na Lei n. 9.528/97, não há que se falar em integração do auxílio-acidente ao 
salário de contribuição do cálculo do valor do benefício de aposentadoria, pois que, nesta 
época, o auxílio ostentava caráter vitalício; portanto, a sua inclusão no cálculo da renda 
mensal inicial de aposentadoria acarretaria bis in idem. 
Expressando aderência às premissas traçadas, o Advogado-Geral da União editou o 
Enunciado Sumular 44, datado de 14.9.2009, tornando, de maneira acertada, invulnerável ao 
regramento da MP n. 1.596-14, o benefício de auxílio-acidente que integrou o patrimônio 
jurídico do segurado em data anterior a 10 de novembro de 1997 (MP n. 1.596-14): 
AGU – SÚMULA n. 44: É permitida a cumulação do benefício de auxílio-
acidente com benefício de aposentadoria quando a consolidação das lesões 
decorrentes de acidentes de qualquer natureza, que resulte em sequelas 
definitivas, nos termos do art. 86 da Lei n. 8.213/91, tiver ocorrido até 10 de 
novembro de 1997, inclusive, dia imediatamente anterior à entrada em vigor 
da Medida Provisória n. 1.596-14, convertida na Lei n. 9.528/97, que passou 
a vedar tal acumulação. 
Nesta exata linha era a Instrução Normativa INSS/Pres n. 45, que no seu art. 421, 
inciso V, apenas não permitia a cumulação com a aposentadoria se o fato gerador do auxílio-
acidente fosse posterior à inovação legislativa: 
IN 45 INSS/Pres. Art. 421: Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido 
o recebimento conjunto dos seguintes benefícios, inclusive quando 
decorrentes de acidentes do trabalho: 
V – aposentadoria com auxílio-acidente, quando a consolidação das lesões 
decorrentes de acidentes de qualquer natureza, que resulte em sequelas 
definitivas, nos termos do art. 86 da Lei n. 8.213, de 1991, tiver ocorrido a 
partir de 11 de novembro de 1997, véspera da publicação da MP n. 1.596-
14, de 1997, convertida na Lei n. 9.528, de 1997. 
O entendimento, tanto na via administrativa quanto na jurisprudencial, estava pacificado 
e harmônico, até que em 5 de dezembro de 2011 houve a edição no STJ da Emenda Regimental 
n. 14, modificando o inciso XIII do § 1º do art. 9º do Regimento Interno do Superior Tribunal 
 
 
11 
de Justiça, deslocando a competência interna para apreciação de benefícios previdenciários, 
inclusive os decorrentes de acidentes de trabalho, da Terceira à Primeira Seção. 
Ao estrear o trato do tema cumulação de benefício de auxílio-acidente com aposentadoria, 
a Colenda Segunda Turma do STJ (que integra a 1ª Seção) aos 13 de março de 2012 
surpreendeu no julgamento do REsp 1.244.257, acolhendo a impossibilidade de cumulação de 
auxílio-acidente (vitalício, ou seja, concedido antes da MP n. 1.596/97) com aposentadoria após 
o ano de 1997. 
Esse julgado desencadeou rápida alteração1 da Súmula 44 da AGU, modificada pela 
Súmula 65, de 5 de julho de 2012, passando a vigorar a seguinte redação: 
AGU – SÚMULA n. 44 (com a redação atribuída pela Súmula 65/2012): Para 
a acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria, a lesão 
incapacitante e a concessão da aposentadoria devem ser anteriores às 
alterações inseridas no art. 86, § 2º, da Lei n. 8.213/91, pela Medida 
Provisória n. 1.596-14, convertida na Lei n. 9.528/97. 
No mês de dezembro de 2012 houve a alteração do art. 421, inciso V, da IN 45 INSS 
PRES, simplesmente não admitindo a cumulação de auxílio-acidente com aposentadoria, 
quando a consolidação das lesões decorrentes de acidentes de qualquer natureza ou o 
preenchimento dos requisitos da aposentadoria sejam posteriores às alterações inseridas no 
art. 86, § 2º, da Lei n. 8.213/91, pela Medida Provisória n. 1.596-14, convertida na Lei n. 
9.528/97 (alterado pela Instrução Normativa n. 62/PRES/INSS, de 6 de dezembro de 
2012). 
Não há dúvidas de que todos os auxílios-acidentes concedidos antes da MP n. 
1.596/97, e que se mantiveram ativos mesmo após a concessão das aposentadorias com 
DIB posterior à MP n. 1.596/97, devem estar amparados pela redação original da 
Súmula AGU 44 e pelo texto original do inciso V do art. 421, da IN 45 INSS/PRES, a 
teor da Lei n. 9.784/99, que regulamenta o processo administrativo no âmbito da 
Administração Pública Federal, que não permite a retroação de nova interpretação da 
Administração Pública: 
 
1 A redação do inciso V do art. 421 da IN 45 INSS/Pres foi ajustada ao entendimento exarado pelo STJ, em 6-12-2012, 
com a edição da IN 62. 
 
 12 
Lei n. 9.784. Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos 
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, 
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança 
jurídica, interesse público e eficiência. 
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre 
outros, os critérios de: 
XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o 
atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de 
nova interpretação. 
Enaltecendo o direito, a Instrução Normativa n. 77 INSS/Pres, de 2015, corretamente 
estabelece no §10 do art. 528 que os benefícios de auxílio-acidente com DIB anterior ou 
igual a 10 de novembro de 1997 acumulados com aposentadoria com DER e DDB entre 14 de 
setembro de 2009 até 6 de dezembro de 2012 (data da modificação do entendimento 
constante do inciso V do art. 421 da IN 45), deverão ser mantidos, independentemente da 
decadência. 
STF. Tema 599 de Repercussão Geral. A convivência entre a aposentadoria e o auxílio-
acidente poderá ser apreciada pelo STF do tema 599, ainda pendente de julgamento, no qual 
o Plenário irá apreciar o Recurso extraordinário nº 687813 em que se discute, à luz do inciso 
XXXVI do art. 5º e do § 5º do art. 195 da Constituição Federal, a possibilidade de acumulação 
da aposentadoria por invalidez com o benefício suplementar, previsto no art. 9º da Lei 
6.367/76. No Recurso extraordinário houve reconhecimento de que o auxílio-suplementar 
foi incorporado pela normatização do atual auxílio-acidente, e desse modo, tendo sido 
concedido antes da MP 1.596-14, de 10-11-97, deve ser enaltecida a vitaliciedade do 
benefício prevista na redação primitiva do art. 86 da Lei 8.213/91, a despeito de a 
aposentadoria ter sido deferida em momento posterior ao ano de 1997. 
À margem dessa nova polêmica sobre a cumulação (dito de outro modo, da perda da 
vitaliciedade do auxílio-acidente, garantido pela lei em vigor na data da implementação dos 
requisitos, em face de lei posterior maléfica ao beneficiário do auxílio-acidente), de se 
observar que não deve ocorrer a simples cessação do auxílio-acidente, por ocasião da 
concessão da jubilação. 
Segundo se dessume dos arts. 31, 34, II, e 86, §§ 1º e 2º, da LB, na vigente redação 
 
 13 
dada pela Lei n. 9.528/97, o auxílio-acidente cessa no ato da aposentadoria, mas seus valores 
são integrados (somados) aos salários de contribuição constantes do PBC, competência a 
competência. 
Advertência deve ser feita, entretanto, que no entender da Administração Pública apenas 
se opera a “soma” nos meses dentro do PBC nos quais existam efetivamente SC. Dito de outraforma, nas competências nas quais o segurado não tenha vertido contribuições previdenciárias 
(por exemplo, nos meses em que esteve desempregado), não há salário de contribuição. Por 
corolário lógico, no cálculo da aposentadoria, o valor a ser considerado, nos meses de lacuna 
contributiva, será de “zero”, de nenhum relevo o fato de ter auferido auxílio-acidente nos 
referidos meses. 
Com supedâneo no art. 29, § 5º, da Lei n. 8.213/91, durante os meses nos quais tiver o 
segurado auferido, simultaneamente, o benefício de auxílio-doença, a renda mensal do 
auxílio-acidente deverá ser somada, mês a mês, ao salário de benefício do auxílio-doença, 
respeitado o limite-teto, para fins de cálculo do salário de benefício da aposentadoria. 
Nos casos de aposentadoria por invalidez decorrente de transformação de auxílio-
doença deve-se proceder a feitura de cálculo considerando no PBC (que é necessariamente 
anterior à concessão do B/31, benefício precedente ao B/32) a soma dos salários de 
contribuição (os mesmos que foram considerados para apuração do auxílio-doença) ao auxílio-
acidente, para efeito de apuração da renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez. 
Merece relevo a situação peculiar do segurado especial, a quem a legislação contempla 
aposentadoria no valor fixo de um salário mínimo. De aquilatar, segundo a disciplina estatuída 
pelo art. 31 da LB, o direito desse segurado de ter o valor da renda mensal do auxílio-
acidente, que será cessado na data do requerimento da jubilação, somado à renda da 
aposentadoria, sem qualquer ofensa ao art. 39, I, LB. 
Decreto n. 3.048/99. Art. 36. § 6º Para o segurado especial que não contribui 
facultativamente, o disposto no inciso II (II – o valor do auxílio-acidente, considerado como 
salário de contribuição para fins de concessão de qualquer aposentadoria) será aplicado 
somando-se ao valor da aposentadoria a renda mensal do auxílio-acidente vigente na data 
de início da referida aposentadoria, não sendo, neste caso, aplicada a limitação contida no 
inciso I do § 2º do art. 39 e do art. 183. 
 
 14 
 
Sobre o Autor 
 
Prof. HERMES ARRAIS ALENCAR 
FORMAÇÃO ACADÊMICA: 
Mestre em Direito Previdenciário pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo – PUC/SP; 
 
MAGISTÉRIO: 
Professor de Direito Previdenciário da Rede LFG 
Professor e Coordenador da Pós Graduação do CPJur 
Professor e Coordenador do CPHA Cursos Prática 
Previdenciária e Concursos Públicos 
 
 
CARGO ATUAL: 
PROCURADOR FEDERAL, desde 08 de fevereiro de 2000. 
 
OUTRAS APROVAÇÕES EM CONCURSO PÚBLICO: 
Nomeado para o cargo de Delegado de Polícia Federal, (Portaria nº 991, de 
18.10.2002, DOU - Seção 2, Edição nº 204, de 21.10.2002), por questões 
particulares optou por não tomar posse, permanecendo no cargo de 
Procurador Federal. 
 
AUTOR DAS OBRAS JURÍDICAS: 
· Cálculo de Benefícios Previdenciários – Teses Revisionais. Da teoria 
à prática. 11ª. ed. São Paulo: SaraivaJur, 2021. 
• Reforma da Previdência – RGPS. ed. São Paulo: Saraiva, 2020 
• Novo critério de cálculo das aposentadorias no RGPS após a Reforma 
da Previdência de 2019. Atualizado com o Decreto 10.410, DOU 1º.7.2020. 
Versão e-Book Kindle, 3ª edição ano 2021. 
• Direito previdenciário para concursos públicos. 6ed. São Paulo: Saraiva, 
2019 
• Desaposentação e o instituto da transformação de benefícios. 2ed. São 
Paulo: Conceito Jurídico, 2012. 
• Benefícios previdenciários. 4. ed. São Paulo: Leud, 2009. 
• Lei de benefícios previdenciários anotada. São Paulo: Leud, 2008. 
 
Redes Sociais: 
Facebook: @Prof.HermesArrais 
Instagram: @HermesArraisAlencar 
 
 
 
https://www.instagram.com/hermesarraisalencar/
 
 15 
Assista a palestra: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=af_dVD8InRo
 
 16 
 
 
 
 17 
 
 
 
 
 
Enunciado 216 FonaJef - EPI e os agentes cancerígenos 
Autor: Dr. Anderson Lima 
 
✓ Introdução 
✓ O que é o Fonajef 
✓ Enunciado Nº 216 
✓ Função dos EPI’s e EPC’s 
✓ Agentes Nocivos Cancerígenos 
✓ A Celeuma Sobre o Tema 
✓ Considerações Finais 
✓ SOBRE O AUTOR 
 
Introdução 
 
Olá prezados colegas, tudo bem? 
Espero que sim. 
Meu nome é Anderson Lima, sou Servidor Público Federal Advogado e 
Contabilista. 
Nesse ebook, vamos aprender um pouco sobre o Enunciado Nº 216 do Fonajef. 
Antes de falarmos do teor do enunciado, o primeiro passo é explicarmos do que 
se trata o Fonajef 
 
 18 
O que é o Fonajef 
 
O FONAJEF, é o Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais, funciona como 
uma espécie de grupo de trabalho, formado, claro, por Juízes Federais que atuam nos 
juizados Especiais Federais. 
São montados fóruns de discussão onde são tratados temas e situações que 
permeiam o dia a dia dos Juízes federais. 
O Fonajef é promovido pela AJUFE, Associação dos Juízes Federais do Brasil, 
e tem como objetivo tratar e aprimorar temas sobre o juizado especial federal. 
As conclusões destas reuniões são submetidas a uma plenária final e 
encaminhadas ao CNJ, conselho nacional de justiça, ao CJF, Conselho da Justiça Federal e 
aos TRF’s, Tribunais Regionais Federais, por meio dos famigerados Enunciados. 
Então, um enunciado é a conclusão dos trabalhos destes grupos de discussão 
reduzida a termo, e podem servir como elementos doutrinários e pragmáticos de atuação nos 
Juizados Especiais Federais. 
O intuito do Fonajef é uniformizar o procedimento dos Juizados Especiais 
Federais por todo país 
Cabe ressaltar, que um enunciado não tem força de lei, ele funciona como uma 
espécie de entendimento doutrinário. 
Entretanto, por se tratar de uma conclusão de debate entre juízes que atuam 
naquela instância, seu peso acaba sendo maior do que o de uma doutrina. 
 
Enunciado Nº 216 
 
Bom, em um destes encontros, foi expedido o Enunciado 216 que é 
 “A utilização de EPI não elide o direito à especialidade do labor nos casos 
de exposição a agentes reconhecidamente cancerígenos, ainda que 
considerados eficazes no PPP” 
 
 19 
Então, A utilização de EPI não elide, ou seja, não afasta, não faz desaparecer 
por completo, o direito à condição insalubre do trabalho nos casos de exposição a agentes 
reconhecidamente cancerígenos, ainda que conste no PPP que esse EPI foi eficaz, ou seja, 
que cumpriu o seu papel. 
Função dos EPI’s e EPC’s 
 
Bom, o EPI, Equipamento de Proteção Individual, é o dispositivo de proteção 
utilizado pelo trabalhador que tem a função de diminuir ou acabar com os riscos a segurança 
ou a saúde das pessoas em seu ambiente de trabalho. 
Ele é utilizado somente quando não é possível diminuir ou eliminar os riscos de 
um ambiente através dos EPC’s, que são os Equipamentos de Proteção Coletiva. 
Agentes Nocivos Cancerígenos 
 
Pois bem, visto qual a função do EPI, vamos tratar sobre o período insalubre em 
si. 
A previsão do enquadramento como especial de período exposto a agentes 
reconhecidamente cancerígenos para humanos está no § 4º do Artigo 68 do Regulamento da 
Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3048/99. 
Nele, está previsto que: 
§ 4º Os agentes reconhecidamente cancerígenos para humanos, listados 
pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da 
Economia, serão avaliados em conformidade com o disposto nos § 2º e § 3º 
deste artigo e no caput do art. 64 e, caso sejam adotadas as medidas de 
controle previstas na legislação trabalhista que eliminem a nocividade, será 
descaracterizada a efetiva exposição. 
Essa redação foi trazida pelo Decreto 10.410/2020, e prevê a possibilidade de 
descaracterização da condição especial de período em que houve exposição a agentes 
reconhecidamente cancerígenos para humanos. 
 
 20 
Agora vamos dar uma olhada no que dizia a redação anterior do parágrafo 4º do 
artigo 68 do Regulamento da Previdência Social: 
“A presença no ambiente de trabalho, com possibilidade de exposição a ser 
apuradana forma dos §§ 2o e 3o, de agentes nocivos reconhecidamente 
cancerígenos em humanos, listados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, 
será suficiente para a comprovação de efetiva exposição do trabalhador” 
Então, até a entrada em vigor do Decreto 10.410, a simples comprovação de 
exposição ao agente nocivo reconhecidamente cancerígeno, já era suficiente para considerar 
o período especial. 
A Celeuma Sobre o Tema 
 
Entretanto, mesmo na vigência da redação anterior do § 4º do artigo 68, já havia 
uma celeuma em torno desse assunto. 
Existe uma parcela de operadores do direito previdenciário que sustentam que 
o reconhecimento da especialidade pela exposição a agentes nocivos, reconhecidamente 
cancerígenos para humanos, pelos critérios constantes no regulamento da previdência social, 
só pode ser realizado a partir da vigência da Portaria Interministerial número 9 do Ministério 
da previdência Social, Ministério do Trabalho e Emprego e Ministério da Saúde de 
07/10/2014, que publicou a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para humanos. 
Que seu reconhecimento antes da publicação da portaria interministerial número 
9 afrontaria Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça de que “a lei que rege o tempo 
de serviço é aquela vigente no momento da prestação do labor”. 
Desta forma, períodos de exposição a agentes cancerígenos anteriores a 
publicação da portaria interministerial nº 9 não poderiam ser considerados como especiais 
se não houvesse quantificação do agente nocivo e verificação da eficácia do EPI utilizado. 
Por outro lado, há os que sustentam que a especialidade de período em que há 
exposição a agentes reconhecidamente cancerígenos a humanos, nos critérios da redação 
anterior do § 4º do artigo 68 do Decreto 3048/99 é devida, independentemente do período 
da exposição e de utilização ou não de EPI. 
 
 21 
Sustentam que a mera presença no ambiente de trabalho já basta para 
comprovação da exposição efetiva do trabalhador, sendo suficiente a avaliação qualitativa 
e irrelevante, para fins de contagem especial, a utilização de EPI eficaz, 
independentemente do período em que exercida a atividade. 
 
Considerações Finais 
 
O Enunciado Fonajef 216, acaba com essa celeuma, ao menos na seara dos 
Juizados Especiais Federais. 
Vamos ver novamente o que diz o enunciado: 
 “A utilização de EPI não elide o direito à especialidade do labor nos casos 
de exposição a agentes reconhecidamente cancerígenos, ainda que 
considerados eficazes no PPP” 
Veja que o enunciado não faz alusão ao critério tempus regit actum, ou seja, não 
faz menção a necessidade de que o enquadramento como período especial de períodos 
expostos a agentes reconhecidamente cancerígenos a humanos se de somente a exposições 
ocorridas após a publicação da portaria interministerial nº 9. 
Logo, independentemente de quando se deu o labor, se houve exposição aos 
agentes noviços cancerígenos, deverá ser considerado como especial. 
Outro ponto do enunciado que vai de encontro ao que diz a nova redação do §4º 
do artigo 68 do Regulamento da Previdência Social, trazida pelo Decreto 10.410/2020, é que 
mesmo nos casos em que a utilização do Equipamento de Proteção Individual se mostrou 
eficaz cabe o enquadramento do período exposto como período especial. 
Lembram que a nova redação do § 4º previa possibilidade de descaracterização 
da condição de especial? Vamos rever a nova redação: 
§ 4º Os agentes reconhecidamente cancerígenos para humanos, listados 
pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da 
Economia, serão avaliados em conformidade com o disposto nos § 2º e § 3º 
deste artigo e no caput do art. 64 e, caso sejam adotadas as medidas de 
 
 22 
controle previstas na legislação trabalhista que eliminem a nocividade, será 
descaracterizada a efetiva exposição. 
Então, conforme entendimento do Fonajef, reduzido a termo no enunciado 216, 
independentemente do período em que ocorreu o labor, e mesmo que tenha havido a utilização 
de EPI e esses tenha sido eficazes, se ocorreu exposição a agentes reconhecidamente 
cancerígenos para humanos, o período deverá ser considerado como especial. 
 
Sobre o autor 
 
 
Dr. Anderson Lima 
 
 é Servidor Público Federal, atuando no Instituto Nacional do Seguro 
Social (INSS) desde Fevereiro de 2007. 
 
Nesse período, desempenhou diversas funções de liderança dentro do 
instituto, tais como: 
Coordenador de Grupo de Trabalho de Análise de Benefícios; 
Supervisor Operacional de Benefícios; 
Chefe do Serviço de Benefícios da Agência de Demandas 
Judiciais; 
Gerente de Agência de Demandas Judiciais; 
Gerente de Agência da Previdência Social. 
Desde fevereiro de 2007 atuando diretamente na Análise, Coordenação e Supervisão 
de Benefícios, seja na fase de Reconhecimento Inicial de Direito, na fase de Revisão 
ou na Fase de Recursos. 
Antes de Ingressar no INSS, era Servidor da Secretaria de Estado da Educação do 
Estado de São Paulo, com ingresso através de concurso de provas e títulos em março 
de 2004 e desligamento em fevereiro de 2007, mês em que foi nomeado ao INSS. 
“Você me encontra nas redes sociais como Papo de Previdência” 
 
Instagram : @papodeprevidência 
Email: contato@papodeprevidencia.com 
 
 
 
mailto:contato@papodeprevidencia.com
https://www.youtube.com/channel/UCDHxqb7SeEQBA7FgIg07CVQ
https://www.instagram.com/papodeprevidencia/
 
 23 
Assista a palestra: 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=Tb8qDMpD398
 
 24 
 
 
 
A Nova Aposentadoria Especial no RGPS 
Autor: Dr. Carlos “Cacá” Domingos 
 
 
 
I- INTRODUÇÃO 
 
Neste mês de novembro a Reforma da Previdência, trazida pela Emenda 
Constitucional 103/2019, completa um ano de vigência. 
 
De uma maneira geral, referido diploma dificultou substancialmente as regras 
de acesso a muitos benefícios previdenciários, além de promover consideráveis alterações na 
forma de cálculo das prestações. 
 
No tocante à aposentadoria especial, as modificações ocorridas pela Nova 
Previdência desconfiguraram demasiadamente o benefício, que agora conta com um requisito 
etário. Foram criadas, ainda, três regras: permanente, transitória e de transição, que serão 
melhor abordadas ao longo do presente trabalho. 
 
É inegável que a gigantesca maioria das alterações são de caráter restritivo, 
caracterizando nítido retrocesso social. 
 
 
 25 
Também é imperioso ressaltar que a Reforma da Previdência foi imposta à 
população brasileira sem os necessários debates e estudos que alterações desse quilate 
exigem. 
 
Não se pode negar que as regras até então vigentes vindicavam algumas 
mudanças e adequações, em decorrência de diversos fatores, dentre eles a maior longevidade 
da população mundial, e a considerável diminuição da taxa de natalidade, outra ocorrência 
também presente em nível global, variáveis demográficas que afetam qualquer sistema 
previdenciário. 
 
A Proposta de Emenda Constitucional 06/2019, de autoria do Poder Executivo, 
que culminou na EC 103/2019, veio calcada em números e estatísticas de origens duvidosas e 
pouca confiabilidade, utilizadas para criar um cenário apocalíptico no que tange às contas dos 
sistemas previdenciários pátrios, desenhando um déficit insuperável e propalando a iminente 
“quebra” da Previdência. 
 
Esse cenário de terror, amparado na inverídica inevitável falência do sistema, 
principalmente no que tange ao Regime Geral de Previdência Social, possibilitou ao Congresso 
Nacional impor perniciosa celeridade ao processo legislativo, transpondo etapas 
imprescindíveis de debates, estudos e contestações dos motivos e números apresentados 
para justificar a adoção de tão abruptas alterações. 
 
Verdade é que o texto final que restou aprovado realmente é menos prejudicial 
aos segurados, que aquele proposto originalmente pelo atual governo. 
 
A mais gritante anomalia, qual seja, a adoção do sistema de captação, foi 
louvavelmente rechaçadapelo Congresso Nacional, mas por vezes retorna à pauta do Poder 
Executivo. 
 
 
 26 
As complexas alterações trazidas pela Nova Previdência ainda motivam 
acaloradas discussões no âmbito doutrinário, contrapondo as correntes favoráveis e 
contrárias à Reforma. No campo jurisprudencial, quase nada foi produzido posteriormente à 
promulgação da EC 103/2019. 
 
A própria autarquia previdenciária demorou mais de quatro meses para 
regulamentar as modificações no âmbito administrativo, bem como em seu sistema 
informatizado, o que só ocorreu com a publicação da Portaria INSS/Presidência 450, de 03 
de abril de 2020. 
 
Posteriormente, no início do último mês de julho, o Decreto 10.410/2020 alterou 
substancialmente o Regulamento da Previdência Social, para acomodar não só as alterações 
da EC 103/2019, mas também de outros diplomas anteriores que ainda não haviam sido 
inseridos no Decreto 3.048/1999. A técnica utilizada pelo Poder Executivo trouxe consigo 
severas críticas, vez que muitos entendem inapropriada a regulamentação de Emenda 
Constitucional através de decretos, pois a Reforma da Previdência até a presente data não 
foi incluída na Lei 8.213/1991. 
 
Cabe agora, aos operadores do direito, estudar profundamente as modificações 
ocorridas, analisando detidamente os novos requisitos e os comparando às regras antigas e 
às de transição, de modo a proporcionar aos segurados e beneficiários da Previdência Social 
Brasileira a obtenção da melhor cobertura possível, sempre à luz dos fundamentos e 
objetivos da nossa República, esculpidos nos artigos 1º e 3º da Carta Cidadã, e dos princípios 
inerentes à Seguridade Social, descritos no artigo 194, também da Lei Maior. 
 
II- A APOSENTADORIA ESPECIAL – CONCEITO. 
 
Essa prestação é considerada por muitos doutrinadores como a de mais complexo 
entendimento dentre aquelas descritas no “Cardápio de Benefícios e Serviços”, contido no 
 
 
27 
artigo 18, da Lei 8.213/91, em razão das diversas alterações que sofreu, nas searas legal e 
jurisprudencial, ao longo de sua existência. 
 
Coaduna desse posicionamento o Professor Fábio Zambitte2 ao afirmar que: 
 
“A aposentadoria especial, ao contrário do que possa parecer, é um dos mais 
complexos benefícios previdenciários, não sendo exagero considerá-lo o que 
produz maior dificuldade de compreensão e aplicação de seus preceitos”. 
 
O benefício em foco surgiu em 26 de agosto de 1960, com a Lei Orgânica da 
Previdência Social – LOPS (Lei 3.807/60), que em seu artigo 31 trazia a previsão de 
aposentação antecipada para os segurados que exercessem atividades penosa, insalubres ou 
perigosas. 
 
Duas eram as formas de enquadramento como especial: 1) por categoria 
profissional, extinta pela Lei 9.032, de 28/04/1995, modalidade na qual bastava o segurado 
demonstrar o exercício de atividade reputada como tal (especial), pelos decretos que 
historicamente regulamentaram esse benefício (53.831/1964 e 83.080/1979), e, 2) por 
exposição a agentes agressivos à saúde ou à integridade física, devendo o trabalhador 
comprovar que no exercício de seu mister estava sujeito a algum elemento deletério 
ensejador de especialidade. 
 
No tocante à conceituação, a corrente mais numerosa é aquela que considera a 
inativação especial como um gênero da espécie aposentadoria por tempo de serviço, com um 
dos requisitos reduzido (justamente o tempo), em virtude das condições penosas, insalubres 
ou perigosas a que estiver submetido o trabalhador. Cabe somente anotar que um reduzido 
 
2 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário. 20ª edição. Niterói/RJ. Editora Impetus. 2015. p. 622 
 
 
28 
número de doutrinadores a definem como uma “aposentadoria por invalidez antecipada”3, e 
outros como uma “aposentação diferenciada” ou “suis generis”4. 
 
A definição acima, seguida pela maior parte dos estudiosos e que podemos 
rotular de “clássica”, era largamente adotada até o advento da Constituição Federal de 1988, 
que alçou a aposentadoria especial ao patamar de garantia constitucional, ao discipliná-la 
originalmente no artigo 202, II, verbis: 
 
“Art. 202 – É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se... 
 
II- após trinta e cinco anos de trabalho, ao homem, e após 30 trinta, à mulher, 
ou em tempo inferior, se sujeitos a trabalho sob condições especiais, que 
prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidas em lei” (destaque 
acrescido). 
 
Portanto, após a promulgação da Carta da República, a conceituação do benefício 
em análise sofreu sutil alteração, não sendo errado defini-lo, a partir de então, como 
derivação da aposentadoria por tempo de serviço, com o requisito tempo minorado em 
decorrência do exercício de trabalho sob condições especiais prejudiciais à saúde ou à 
integridade física do segurado. 
 
Outra tênue modificação foi imposta pela EC 20/1998, que alterou a 
nomenclatura da aposentadoria por tempo de serviço para tempo de contribuição. Ademais, 
referida norma passa a tratar a inativação especial como uma ressalva, exceção, conforme 
disposto na redação do artigo 201, § 1º, da CF. 
 
 
3 LEITE, Celso Barroso apud FREUDENTHAL, Sérgio Pardal. Aposentadoria Especial. 1ª edição. São Paulo. LTr. 2000. 
p. 16. 
4 LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Aposentadoria Especial – Teoria e Prática. 3ª edição. Editora Juruá. Curitiba. 
2016. p. 30. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Ibid. p. 623. 
 
 
 
 29 
Ademais, com a EC 20/1998, a lei que iria regulamentar a aposentação em tela, 
reclamada pela redação original do artigo 202, II, da CF, passa ser lei complementar, muito 
provavelmente como uma resposta do Poder Legislativo às interferências levadas a efeito 
pelo Executivo ao longo do tempo, através de medidas provisórias e decretos. 
 
E a EC 103/2019 impôs outra alteração conceitual na prestação em foco, podendo 
agora ser definida como uma modalidade de aposentadoria programada, com redução dos 
requisitos tempo e idade, para os trabalhos exercidos com exposição a agentes nocivos 
químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes. 
 
Cumpre somente apontar que no campo legal a aposentação especial está prevista 
nos artigos 57 e 58, da Lei 8.213/91, e, como já discorrido, ainda sem as adequações 
necessárias para abarcar as modificações impostas pela EC 103/2019. 
 
Contudo, em que pesem as diferentes correntes doutrinárias mencionadas, e as 
modificações conceituais ocorridas ao longo do tempo, temos que a aposentadoria especial 
possui inegável cunho preventivo e protetivo, possibilitando ao segurado exposto a condições 
agressivas de trabalho “retirar-se aos seus aposentos” mais cedo que os demais, que não 
sofrem essa sujeição, justamente com o fito de preservar o que restou de sua saúde, 
presumidamente danificada (presunção absoluta) em decorrência de muitos anos sujeito a 
agentes agressivos. 
 
E, como será demonstrado a seguir, algumas das mudanças impostas pela 
Reforma da Previdência agridem sobremaneira a essência da inativação especial, 
contrariando o mencionado caráter protetivo/preventivo. 
 
III- A REGRA ANTERIOR 
 
 
 
30 
Conforme disposto no artigo 57, cabeça, da Lei 8.213/1991, a aposentadoria 
especial até a promulgação da EC 103/2019 era devida após 15, 20 ou 25 anos de exercício 
de atividade especial. 
 
A prestação era devida após 15 anos aos mineiros de subsolo que se ativavam na 
frente de produção; aos 20 anos aos trabalhadores de minas subterrâneas que atuam 
afastados da frente produtiva e àqueles expostos ao amianto; e aos 25 anos para todo o 
restante dos trabalhadores sujeitos a condições inóspitas de labor. 
 
O requisito etário presente no nascedouro do benefício, restou afastado do 
ordenamento jurídico brasileiro ainda no ano de 1968, com a publicação da Lei 5.440-A. 
 
Tal exigência, agora ressuscitada pela EC 103/2019, será analisada em tópico 
específico. 
 
Por fim,o cálculo da prestação correspondia ao salário-de-benefício na íntegra, 
vez que nesta espécie de benefício não havia incidência do fator previdenciário5. 
 
Assim, um segurado que iniciava sua vida laboral com exposição a agentes 
insalutíferos aos 18 anos de idade, se permanecesse sujeito a condições danosas por 25 anos, 
obteria sua aposentação especial aos 43 anos de idade. 
 
A EC 103/2019 alterou drasticamente as condições para concessão dessa 
aposentação, como veremos a seguir. 
 
5 BRASIL. Lei 8.213, de 24 de julho de 1991. Art. 29. O salário-de-benefício consiste: II- para os benefícios de que tratam 
as alíneas a, d, e e h do inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição 
correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo. 
 
 
 
 31 
 
IV- AS NOVAS REGRAS 
 
4.a) A regra permanente 
 
A regra permanente, que também pode ser chamada de regra geral, deve ser 
aplicada àqueles que ingressaram no RGPS após a publicação da EC 103/2019, ou seja, depois 
de 13/11/2019, e está contida no artigo 201, § 1º, II, da Carta da República, a saber: 
 
"Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral 
de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, 
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e 
atenderá, na forma da lei, a: 
§ 1º. É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para 
concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei complementar, a 
possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição distintos da regra 
geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos 
segurados: 
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes 
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses 
agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.” 
 
Portanto, a regra permanente depende da edição de lei complementar, que 
disporá acerca da redução dos requisitos tempo e idade, para obtenção da aposentação 
especial pelos segurados expostos a agentes nocentes. Enquanto o Congresso Nacional não 
editar a aludida norma, devem ser aplicadas as regras transitória e de transição, conforme 
o caso, e que serão melhor enfocadas a seguir. 
 
4.b) A regra transitória. 
 
 
 32 
Esculpida no artigo 19, § 1º, I, da EC 103/2019, a regra transitória, que deve ser 
aplicada ao segurado inserido no RGPS após o início da vigência da Nova Previdência, e 
enquanto não for publicada a lei complementar exigida pelo artigo 202, § 1º, II, da CF em 
sua novel redação, assim estabelece: 
 
“Art. 19, § 1º. Até que lei complementar disponha sobre a redução de idade 
mínima ou tempo de contribuição prevista nos §§ 1º e 8º do art. 201 da 
Constituição Federal, será́ concedida aposentadoria: 
I - aos segurados que comprovem o exercício de atividades com efetiva 
exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou 
associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria 
profissional ou ocupação, durante, no mínimo, 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 
(vinte e cinco) anos, nos termos do disposto nos artes. 57 e 58 da Lei no 
8.213, de 24 de julho de 1991, quando cumpridos: 
a) 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, quando se tratar de atividade 
especial de 15 (quinze) anos de contribuição; 
b) 58 (cinquenta e oito) anos de idade, quando se tratar de atividade especial 
de 20 (vinte) anos de contribuição; ou 
c) 60 (sessenta) anos de idade, quando se tratar de atividade especial de 25 
(vinte e cinco) anos de contribuição;” 
 
Destarte, ao segurado que desenvolve seu mister na frente de produção em 
minas subterrâneas, serão exigidos 15 anos de exercício desta atividade, além da idade 
mínima de 55 anos. 
 
Já os trabalhadores sujeitos ao amianto e aos mineiros de subsolo afastados da 
frente de produção, somente poderão se aposentar quando contarem com 58 anos de idade, 
além de 20 anos de desempenho das suscitadas funções. 
 
E a gigantesca maioria dos labutadores sujeitos a condições nocentes, será 
aposentada após 25 anos de labor especial, desde que conte com 60 anos de idade. 
 
 33 
 
Temos fundado receio que a regra transitória se transforme em definitiva, 
sendo que tal temor está amparado em precedentes da própria aposentadoria especial. 
 
É que o artigo 40 da Carta Magna, desde sua redação original até a promulgação 
da EC 103/2019, impunha que as condições para aposentação especial do servidor público 
seriam estabelecidas por lei complementar, o que nunca ocorreu. 
 
Ainda no campo constitucional, no RGPS a competência para estabelecer quais 
situações ensejariam especialidades passíveis de inativação antecipada também estava 
reservada ao Poder Legislativo, inicialmente através de lei ordinária e, após a EC 20/1998, 
mediante lei complementar. E assim como nos regimes próprios, referida norma jamais foi 
editada pelo Congresso Nacional, configurando uma mora legislativa que durou mais de 31 
anos. 
 
Alguns advogam a tese, com a qual, com o devido respeito, não concordamos, que 
não caberia ao Legislativo disciplinar acerca das condições especiais de trabalho 
viabilizadoras de aposentadoria especial, sustentando que a matéria deve estar afeita ao 
Poder Executivo devido à sua complexidade, decorrente da multiplicidade de situações 
especiais gravosas à saúde ou à integridade física, bem como ao caráter mutante destas, que 
estão em constante evolução em razão das alterações nos processos produtivos e, também, 
em decorrência dos avanços nas áreas de engenharia de segurança e medicina do trabalho. 
Defendem que o processo legislativo nas Casas competentes é demasiadamente moroso para 
tal finalidade. Mas infelizmente não cabe nas apertadas linhas do presente trabalho maiores 
digressões sobre o assunto. 
 
O que interessa a este estudo é que há grave risco da norma transitória se tornar 
definitiva, ante a conhecida e demonstrada inércia do Congresso Nacional no que tange à 
legislação sobre aposentadoria especial e/ou condições agressivas de trabalho. 
 
 34 
 
4.c) A regra de transição 
 
Os segurados que já estavam inseridos no RGPS antes da promulgação da EC 
103/2019, mas que ainda não haviam implementado os requisitos para aposentadoria especial 
exigidos pelo sistema anterior, deverão cumprir as exigências descritas no artigo 21, da 
citada EC, litteris: 
 
“Art. 21. O segurado ou o servidor público federal que se tenha filiado ao 
Regime Geral de Previdência Social ou ingressado no serviço público em 
cargo efetivo até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional 
cujas atividades tenham sido exercidas com efetiva exposição a agentes 
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses 
agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação, 
desde que cumpridos, no caso do servidor, o tempo mínimo de 20 (vinte) 
anos de efetivo exercício no serviço público e de 5 (cinco) anos no cargo 
efetivo em que for concedida a aposentadoria, na forma dos arts. 57 e 58 da 
Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, poderão aposentar-se quando o total 
da soma resultante da sua idade e do tempo de contribuição e o tempo de 
efetiva exposição forem, respectivamente, de: 
I - 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de efetiva exposição; 
II - 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de efetiva exposição; e 
III - 86 (oitenta e seis) pontos e 25 (vinte e cinco) anos de efetiva exposição. 
§ 1º. A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias para o 
cálculo do somatório de pontos a que se refere o caput.” 
 
Assim, restou fixado um sistema de pontos, decorrente da somatória tempo de 
contribuição e idade, similar à conhecida Fórmula 85/95, aplicada nas recém-extintas 
aposentadorias por tempo de contribuição, com o fito de afastar a incidência do famigeradofator previdenciário. 
 
 
 35 
Para evitar repetições enfadonhas, discorreremos somente acerca da 
esmagadora maioria dos segurados expostos a agentes nocivos, que poderão se aposentar 
após 25 anos de exercício de atividade especial, e se a aludida soma for igual ou superior a 
86 pontos. 
 
Curial ressaltar que para atingir a mencionada pontuação, poderá o segurado 
computar períodos de tempo de contribuição comuns que, quando somados aos pelo menos 25 
anos de especial e à idade, deverão alcançar no mínimo 86 pontos. 
 
Importante asseverar também que para a somatória em foco o tempo de 
contribuição e a idade serão contados em dias, e não somente em anos fechados. 
 
Outra observação que vale apontar, mas que certamente não ocorrerá com muita 
frequência, é que se para o segurado já inserto no RGPS antes da publicação da EC 103/2019, 
poderá ser aplicada a regra transitória, caso lhe seja mais favorável. 
 
É que fere a lógica e a razoabilidade que uma regra de transição, criada para 
amenizar a passagem para um novo regime jurídico, seja mais gravosa que aquela existente 
para os que ingressaram no sistema após a mudança. Isso já ocorreu com a EC 20/1998, além 
de ser o fundamento central da conhecida “revisão da vida toda”. 
 
V- O NOVO CÁLCULO DA APOSENTADORIA ESPECIAL 
 
Como ressaltado no início deste trabalho, a Reforma da Previdência não só 
dificultou sobremaneira o acesso a alguns benefícios previdenciários, notadamente os 
programados, como impôs severas alterações na forma de cálculo das prestações, inclusive 
com a modificação na apuração do salário-de-benefício, que agora corresponde à média 
aritmética simples das contribuições vertidas pelo segurado, apuradas desde julho/1994, ou 
 
 36 
desde o início delas, se posteriores àquela data, sem desprezar/eliminar automaticamente 
nenhuma. 
 
Ou seja, a dispensa de 20% das menores contribuições encontradas dentro do 
Período Básico de Cálculo (PBC), constante da legislação anterior por imposição da Lei 
9.876/99, deixa de existir, sendo que o salário-de-benefício agora leva em consideração 
todos as contribuições posteriores a julho/1994, sem eliminar nenhuma de maneira 
automática (vide art. 26, § 6º, da EC 103/2019). 
 
Enquanto lei complementar não estabelecer a forma de cálculo de algumas 
prestações, devem ser aplicadas as metodologias contidas no artigo 26, da EC 103/2019. 
 
Assim, para aqueles que se inserem nas regras transitória (art. 19) e de transição 
(art. 21), a aposentadoria especial será calculada em 60% da média aritmética simples de 
todas as contribuições existentes desde julho/1994, ou desde o início dos recolhimentos, 
quando posteriores a tal marco, sendo acrescido de 2% para cada ano que exceder os 20 anos 
de contribuições. 
 
As exceções ocorrem em relação ao mineiro de subsolo que se ativa na frente de 
produção e às mulheres, quando o acréscimo de dois pontos porcentuais aos 60% da média 
aritmética, se dará para cada ano que exceder os 15 nos de contribuições, consoante previsão 
do artigo 26, § 5º, da EC 103/2019. 
 
Destarte, para que possa alcançar 100% do salário-de-benefício, ressalvadas as 
exceções acima descritas, o segurado exposto a condições deletérias de trabalho deverá 
contar com 40 anos de contribuições, sendo pelo menos 20 ou 25 anos especiais, conforme o 
caso. 
 
 
 37 
Já as seguradas e os que atuam na frente produtiva das minas subterrâneas, 
terão direito a 100% do salário-de-benefício depois de 35 anos de contribuições, devendo 
ser respeitado o tempo mínimo de especial, de acordo com a aposentação que almejam (aos 
15 para mineiros e mineiras, e aos 20 ou 25 anos, no caso das mulheres). 
 
VI- O REQUISITO ETÁRIO 
 
Como já discorrido alhures, em seu nascedouro com a Lei 3.807/1960, contava a 
aposentadoria com o requisito etário (50 anos), que restou afastado pelo Lei 5.440-A, de 
1968. 
 
E depois de 51 anos, a exigência de idade mínima foi ressuscitada pela EC 103/19, 
que impôs ao segurado a necessidade de contar com pelo menos 55, 58 ou 60 anos de idade, 
conforme o tempo mínimo exigido para a jubilação antecipada (15, 20 ou 25 anos de atividade 
especial). 
 
A adoção de requisito etário indubitavelmente é incompatível com o benefício 
em estudo, e suscita diversas e fundadas críticas à sua exigência. 
 
Entendemos que exigir uma idade mínima para poder acessar a aposentação 
especial caracteriza evidente retrocesso social, contraria o caráter preventivo do benefício, 
irá gerar uma legião de incapazes em nosso país, traz grave incongruência jurídica, além de 
agredir o sobreprincípio da dignidade humana. 
 
Importante repisar também que a proposta de Reforma da Previdência aviada 
pelo atual governo, veio amparada em números e estatísticas frágeis e inadequados, 
severamente criticados por diversos segmentos da sociedade e estudiosos, aí inseridas 
 
 
38 
notáveis entidades de estudos e pesquisas sobre a Seguridade Social, dentre elas a Fundação 
ANFIP, o IBDP e o IEPREV. 
 
Ademais, a exigência etária para a concessão do benefício antecipado foi imposta 
à população brasileira sem a realização dos estudos necessários que demonstrem, incólume 
de dúvidas, que o organismo humano irá suportar mais anos de submissão a agentes nocentes, 
sem prejudicar ainda mais a saúde do trabalhador do que os prejuízos salutares decorrentes 
do tempo de exposição exigido pela legislação anterior. 
 
Passaremos a analisar as críticas acima expendidas. 
 
6.a) O retrocesso social. 
 
No conturbado ano de 1968 o Congresso Nacional se reuniu, debateu, estudou, 
analisou e concluiu que o requisito etário era incompatível com a aposentadoria especial. 
 
Como perspicazmente anotado pela Profa. Adriane Bramante6, o Projeto de Lei 
973/1968, que resultou na Lei 5.440-A/68, recebeu, no tocante à jubilação especial, duas 
emendas do então Deputado Floriceno Paixão, prestigiado advogado previdenciário, uma no 
sentido de abolir o requisito etário desta espécie de aposentadoria, e outra para reduzi-lo a 
40 anos de idade. Eis a Justificação da Emenda nº 01, que restou acolhida por nossos 
legisladores da época, apresentada em Plenário na sessão da Câmara dos Deputados de 
31/01/1968: 
 
“Justificação da Emenda n. 01 
 
6 LADENTHIN, Adriane Bramante de Castro. Prática de Direito Previdenciário – Homenagem dos Amigos a Armando 
Casimiro Costa Filho. São Paulo. Editora LTr. 2019. p. 19. 
 
 
 39 
A recente Lei 4. 130, de 28 de fevereiro de 1962, que suprimiu o fator idade 
para a concessão, pelo INPS, da aposentadoria por tempo de serviço. 
Esqueceram-se os legisladores, entretanto, de estender a supressão ao 
mesmo requisito em relação à aposentadoria especial de que trata o artigo 
31 da Lei Orgânica da Previdência Social, pois a aposentadoria especial é 
considerada uma aposentadoria por tempo de serviço com prazos reduzidos 
em razão das condições penosas, de insalubridade ou de periculosidade, sob 
as quais os trabalhadores exercem suas atividades. Daí deve-se com maior 
razão, suprimir o fator idade como um dos requisitos para a concessão da 
aposentadoria chamada especial. 
Sala das sessões, 31/01/1968. Deputado Floriceno Paixão”. 
 
Portanto, extirpada do ordenamento jurídico pátrio há mais de 51 anos, a 
exigência de idade mínima para acessar a aposentadoria especial, restou agora ressuscitada 
pela PEC 06/2019, que culminou na EC 103/2019, positivando no texto constitucional o aludido 
requisito. 
 
O retrocesso social salta aos olhos pois a incompatibilidade entre a imposição 
etária e o benefício em questão ainda reina absoluta, vez que tal exigência fere mortalmente 
a essência preventiva da prestação, cuja finalidade precípua é possibilitar que o trabalhador 
exposto a condições laborais danosas, possa jubilar-se mais cedo que os demais, que não se 
sujeitam a essa exposição, justamente para preservar o que sobrou da sua saúde, 
incisivamenteprejudicada devido a muitos anos de sujeição a elementos deletérios. 
 
Obrigar o segurado a permanecer outros anos mais sujeito a agentes agressivos, 
minando ainda mais seu já combalido estado salutar, sem sombra de dúvidas é medida 
inadequada e descabida, que não se sustenta quando confrontada com os fundamentos e 
objetivos de nossa República, esculpidos nos artigos 1º e 3º da Lei Maior, além de configurar 
evidente e inaceitável retrocesso social. 
 
 
 
40 
Verdade é que o novel texto constitucional não obriga que o trabalhador 
permaneça alguns anos mais na atividade daninha, que os 15, 20 ou 25 exigidos para a 
aposentação que almeja. Impõe o requisito etário, sem majorar o tempo de exposição 
necessário à jubilação. 
 
Mas indubitavelmente o que ocorrerá na prática é que o segurado, após atingir o 
tempo mínimo exigido para a inativação especial, terá que aguardar o implemento do requisito 
etário (55, 58 ou 60 anos). E muito provavelmente o fará no exercício do labor inóspito 
ensejador de especialidade, continuando a prejudicar sua já danificada saúde. 
 
Ou alguém acha que, após atingir o mínimo de tempo especial requerido pela 
legislação, o segurado irá requerer a rescisão do seu contrato de trabalho junto ao seu 
empregador, para aguardar o implemento da idade na inatividade, ou em outra função que não 
o submeta a elementos agressivos? Óbvio que não! Continuará desenvolvendo ofício 
insalutífero até completar os 55, 58 ou 60 anos de idade! 
 
A cláusula de vedação ao retrocesso social, expressamente prevista no Protocolo 
de San Salvador, aprovado pelo Congresso Nacional através do Decreto Legislativo n.º 56, de 
19 de abril de 1995, pode ser resumidamente definida como a proibição à retirada, diminuição 
ou restrição por parte do Estado, sem a devida compensação, dos direitos fundamentais 
sociais já reconhecidos, implementados e positivados no ordenamento jurídico de um país. 
 
Acerca do reconhecimento das prestações sociais, aí inseridas as 
previdenciárias, como direitos fundamentais, e, por conseguinte, protegidas de atentados 
reducionistas pela cláusula de vedação ao retrocesso, curial invocar o sábio constitucionalista 
português J.J. Gomes Canotilho7: 
 
 
7 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7ª edição. Coimbra/Portugal. Editora 
Almedina. p 477. 
 
 
41 
“Os direitos derivados a prestações, naquilo que em constituem a 
densificação de direitos fundamentais, passam a desempenhar uma função 
de ‘guarda de flanco’ (J.P. Muller) desses direitos, garantindo o grau de 
concretização já obtido. Conseqüentemente, eles radicam-se 
subjectivamente não podendo os poderes públicos eliminar, sem 
compensação ou alternativa, o núcleo essencial já realizado desses direitos”. 
 
Para finalizar este tópico, cabe transcrever a ensinança da Profa. Thaís Riedel8, 
acerca da proibição do retrocesso no campo das reformas previdenciárias, a saber: 
 
“Embora as reformas dos regimes previdenciários sejam um fenômeno 
mundial, o Brasil tem realidades próprias, típicas dos países periféricos, que 
ainda não alcançaram um pleno Estado de bem-estar social, diferentemente 
dos países centrais. 
(...) 
Portanto, entende-se que enquanto ainda houver a probabilidade da 
ocorrência de um dano, cujo risco social já seja protegido pela ordem jurídica, 
através de direitos sociais, não pode o legislador, mesmo sob o poder 
reformador da Constituição, retirar do ordenamento ou restringir sua 
proteção, sem alguma medida compensatória, enquanto risco ainda existir, 
sob pena de violar o princípio da vedação do retrocesso. 
Afinal, o núcleo essencial dos direitos fundamentais sociais encontra-se 
diretamente vinculado ao princípio da dignidade da pessoa humana que 
assegura a cada indivíduo um conjunto de prestações materiais 
indispensáveis para uma vida com dignidade”. 
 
6.b) Ausência de estudos nos campos da fisiologia humana e da medicina do 
trabalho. 
 
 
8 ZUBA, Thais Maria Riedel de Resende. O Direito Previdenciário e o Princípio da Vedação do Retrocesso. São Paulo. 
Editora LTr. 2013. p. 132/3. 
 
 
 42 
Conforme exposto acima, a adoção do requisito etário muito provavelmente 
implicará na permanência do trabalhador no ambiente laboral nocivo, por muitos anos mais 
que o efetivamente exigido para a jubilação especial, vez que inegavelmente após atingir os 
15, 20 ou 25 anos de atividade daninha, aguardará o implemento da idade necessária 
desenvolvendo a mesma função inóspita. 
 
E não foram realizados estudos nos campos da medicina do trabalho e da 
fisiologia humana que comprovem, sem sombra de dúvidas, que o organismo humano suportará 
tanto tempo mais de exposição a elementos nocentes, sem prejudicar ainda mais a saúde do 
segurado, que na vigência da regra anterior, não precisaria cumprir o requisito etário, vez 
que inexistente tal exigência antes. 
 
Assim, como de certa forma a nova legislação obrigará o laborista exposto a 
condições agressivas à continuidade do ofício inóspito por considerável período, até atingir 
a idade mínima exigida, deveriam nossos governantes e legisladores ter apresentado à 
sociedade estudos sérios e competentes, que comprovassem que a extensão do tempo de 
sujeição não trará maiores danos à saúde do trabalhador, o que infeliz e efetivamente não 
ocorreu. 
 
Simplesmente “enfiaram goela abaixo” da população brasileira a mencionada 
alteração, criando um requisito etário totalmente incompatível com a aposentação especial. 
De certa forma, obrigarão o trabalhador a continuar danificando sua saúde, só porque “mudou 
a constituição”, ferindo a lógica e a razoabilidade, cabendo ressaltar que o organismo humano 
e os ambientes laborais agressivos não mudaram com a Nova Previdência, continuam os 
mesmos!!! 
 
E as medidas adotadas no âmbito previdenciário, como o FAP/NTEP e a 
contribuição específica para o financiamento da aposentadoria especial (FAE), com o fito, 
dentre outros, de compelir os empregadores a investir na melhoria das condições de trabalho 
não alcançaram os efeitos desejados. 
 
 
43 
 
Para aclarar, cabe transcrever trecho da obra “Aposentadoria Especial Antes e 
Depois da Reforma da Previdência”9, da Editora LuJur, na qual este subscritor assim 
discorreu: 
 
“Infelizmente boa parte das empresas, ao invés de investir em melhores 
condições de trabalho, optam por contratar respeitáveis bancas de advocacia 
tributária e/ou previdenciária, com o fito de descaracterizar, nas esferas 
administrativa e/ou judicial, o Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP), 
evitando, assim, a elevação da alíquota do RAT. 
E no que tange à contribuição para o financiamento da aposentadoria 
especial, a conduta de alguns empregadores é ainda pior, pois permanecem 
sem realizar investimentos para melhoria do ambiente laboral, e 
simplesmente mentem ou omitem informações no PPP (documento exigido 
pelo INSS para comprovação da especialidade) entregue ao segurado, tudo 
com o repudiável intuito de não pagar a mencionada contribuição específica, 
instituída pela Lei 9.732/98.. 
Como sabiamente diz o Mestre Sérgio Pardal Freudenthal, um dos maiores 
doutrinadores pátrios sobre aposentadoria especial, ‘na luta do rochedo com 
o mar, sempre sobra para o marisco’, no caso, o trabalhador exposto a 
agentes nocivos pois, do enfrentamento entre empresas e autarquia e/ou 
Receita Federal, sempre sobrará para o segurado algum maléfico respingo”. 
 
Esta constatação, que os instrumentos criados para obrigar as empresas a 
melhorar seus ambientes laborais não alcançaram a finalidade almejada, é amplamente 
corroborada pelos números da OIT sobre acidentes do trabalho, que demonstram que o Brasil 
ainda ocupa o vergonhoso quarto lugar no ranking mundial de mortes por infortúnios laborais, 
atrás apenas de China, Estados Unidos e Rússia. 
 
 
9 DOMINGOS, Carlos “Cacá”. Aposentadoria Especial Antes e Depois da Reformada Previdência. 1ª edição. São Paulo. 
Editora LuJur. 2020. P. 378. 
 
 
44 
Ainda no campo das estatísticas, estudo da Associação Nacional dos Médicos do 
Trabalho (ANMT), afirmam que em nosso país a cada 48 segundos ocorre um acidente do 
trabalho, e a cada 3 horas e 38 minutos um trabalhador perde a vida em um desses 
incidentes10. 
 
Outro número significativo é encontrado no Anuário Estatístico de Acidentes do 
Trabalho 201711, de autoria do INSS, onde se constata que de 2015 a 2017 foram computadas 
1.757.410 destas ocorrências, obviamente que sem considerar as subnotificações. 
 
6.c) Legião de incapazes. 
 
A postergação do acesso à aposentadoria especial, gerada pela adoção do 
requisito etário, que ocasionará maior tempo de permanência do segurado na labuta agressiva, 
certamente resultará na elevação do número de concessão de benefícios por incapacidade. 
 
É que estando de certa forma obrigado a permanecer mais tempo sujeito a 
condições deletérias que o exigido pela legislação anterior, vez que precisará o segurado 
aguardar o implemento da idade exigida, sua saúde restará ainda mais lesada, culminando na 
necessidade de postular uma prestação devida em razão da incapacidade laboral. 
 
Novamente deixaram nossos governantes de apresentar estudo técnico e 
científico, desta feita nas esferas atuarial e financeira, que demonstrem que o adiamento da 
jubilação especial custará menos aos cofres da previdência, que eventual incremento nas 
concessões dos benefícios por incapacidade. 
 
 
10 Disponível em: <https://www.anamt.org.br/portal/2018/04/19/brasil-e-quarto-lugar-no-ranking-mundial-de-acidentes-
de-trabalho/>. Acesso em 10/11/2020. 
11 MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2017. INSS. Disponível em 
<http://sa.previdencia.gov.br/site/2018/09/AEAT-2017.pdf>. Acesso em 10/11/2020. 
 
 
 
45 
E ainda que tal assertiva fosse crível, ou seja, que será menos dispendioso no 
aspecto financeiro retardar o acesso à aposentação especial, o que certamente não é, ainda 
assim o prejuízo social advindo de uma legião de incapazes é imensurável, e traz diversos 
malefícios para toda a sociedade. 
 
Ademais, deve também ser considerada a inafastável oneração do Sistema 
Público de Saúde que esse exército de incapacitados certamente trará. 
 
6.d) Combate ao argumento econômico. 
 
Tanto a tentativa de Reforma da Previdência intentada pelo governo anterior, 
bem como a que foi levada a efeito pelo atual, traziam como justificativa números e 
estatísticas de poucas credibilidade e técnica, alcançados com o precípuo objetivo de 
desenhar um cenário caótico para o sistema previdenciário pátrio, anunciando uma iminente 
falência e insolvência da Previdência Social Brasileira. 
 
Referidos números são contestados por diversos estudiosos e entidades, sendo 
que de acordo com a publicação Análise da Seguridade Social, da Fundação ANFIP, entre 
2011 e 2017 houve um superávit do RGPS superior a 212 bilhões de reais12. 
 
Na mesma linha o Relatório Final da CPI da Previdência13, que funcionou durante 
seis meses no Senado Federal, ouviu mais de 140 pessoas, realizou 31 audiência públicas e 
concluiu oficialmente que, além de não haver déficit no RGPS, os dados, estatísticas e 
informações veiculados pelo Poder Executivo, à época pelo governo anterior, apresentam 
graves inconsistências e “desenham um futuro aterrorizante e totalmente inverossímil, com 
 
12 ANFIP. Fundação ANFIP de Estudos Tributários e da Seguridade Social. Análise da Seguridade Social (2011 a 2017). 
Disponível em <http://fundacaoanfip.org.br/site/category/publicacoes-2/livros/>. Acesso em 22/04/2020. 
 
13 SENADO FEDERAL. Relatório Final da CPI da Previdência. Disponível em <http://legis.senado.leg.br/sdleg-
getter/documento/download/464c1458-f524-4d51-8bbd-eb8bb29d10cc>. Acesso em 11/10/2020. 
 
 
46 
o intuito de acabar com a previdência pública e criar um campo para atuação das empresas 
privadas”, conduta repetida com muito mais ênfase pelo atual governo. 
 
E ainda que houvesse consenso no tocante às metodologias empregadas para 
verificação das contas da Previdência Social, e que a existência de déficit fosse de 
concordância de todos, seria a aposentadoria especial a vilã do RGPS? 
 
Números extraídos do Anuário Estatístico da Previdência Social – AEPS14, 
elaborado pelo próprio INSS, demonstram que de 2015 a 2017 foram concedidas 2.731.032 
aposentadorias urbanas no país, considerando todas as espécies de jubilação desta clientela 
(idade, invalidez, tempo de contribuição e especial), sendo que desse total apenas 62.827 
foram aposentadorias especiais (B46). Ou seja, a inativação especial representa apenas 2,3% 
das aposentadorias urbanas deferidas no referido lapso. 
 
Ainda consoante o mesmo estudo e dentro do mesmo interregno (2015 a 2017), 
as aposentações especiais correspondem somente a 5,17% das aposentadorias por tempo de 
contribuição. 
 
Sobre valores, o AEPS informa que para pagar as aposentadorias urbanas 
concedidas entre 2015 a 2017, o RGPS despendeu R$ 4.639.677.000,00, ao passo que o valor 
gasto com as implantações de aposentações especiais no mesmo intervalo foi de R$ 
215.957.000,00, o que representa apenas 4,6% da importância utilizada para pagar todas as 
outras aposentações da cliente urbana. 
 
Por fim, ainda consoante o AEPS, a quantia gasta de 2015 a 2017 para pagar 
todas as inativações urbanas em manutenção, concedidas em qualquer data, foi de R$ 
990.450.076.000,00, sendo que deste total somente R$ 34.986.690.000,00 equivalem às 
 
14 MINISTÉRIO DA FAZENDA. Secretária da Previdência Social. Anuário Estatístico da Previdência Social 2017. 
Disponível em <http://sa.previdencia.gov.br/site/2019/04/AEPS-2017-abril.pdf>. Acesso em 10/11/2020. 
 
 
 47 
aposentadorias especiais, ou seja, menos de 3,6% do valor total das jubilações urbanas do 
RGPS. 
 
Portanto, como já dito, é pouco provável que a economia advinda com o 
retardamento das aposentadorias especiais que, repita-se, representam cerca 3,6% das 
despesas com aposentadorias em manutenção pelo RGPS, será maior que o valor a ser 
despendido com os benefícios por incapacidade que surgirão devido à submissão muito mais 
duradoura dos segurados aos elementos nocentes configuradores de especialidade. Isso sem 
considerar os terríveis malefícios sociais que uma grande legião de trabalhadores 
incapacitados trará para toda a coletividade! 
 
6.e) Incongruências jurídicas. 
 
Conforme já vastamente discorrido, no que tange à aposentadoria especial as 
alterações trazidas pela EC 103/2019 estão eivadas de graves incongruências jurídicas, 
como, por exemplo, a instituição do requisito etário para acessar o benefício. 
 
E uma dessas impropriedades pode ser observada em relação aos mineiros de 
subsolo. É que a regra transitória imposta pelo artigo 19 da EC 103/2019, impõe a idade 
mínima de 55 ou 58 anos como exigência para jubilação antecipada. 
 
Contudo, o artigo 301 da CLT proíbe expressamente o labor em subsolo para 
maiores de cinquenta anos. Vejamos: 
 
“Art. 301. O trabalho no subsolo somente será permitido a homens, com 
idade compreendida entre 21 (vinte e um) e 50 (cinqüenta) anos, assegurada 
a transferência para a superfície nos termos previstos no artigo anterior”. 
 
 
 48 
6.f) A dignidade da pessoa humana. 
 
Já ressaltamos neste trabalho o caráter preventivo/protetivo da aposentação 
especial, ao permitir que o segurado se retire mais cedo aos seus aposentos, com o fito de 
resguardar o que sobrou da sua saúde, presumidamente danificada devido a muitos anos de 
sujeição a agentes agressivos. 
 
Também demonstramos que as novas regras impostas pela Reforma da 
Previdência, na prática obrigarão o segurado a permanecer muito tempo mais exposto aos 
elementos deletérios existentes em seu ambiente laboral pois, após atingir o número de anos 
de exposição exigido, certamenteaguardará o implemento da idade mínima ou da quantidade 
de pontos exigidas na mesma labuta inóspita. 
 
Assim, ao asseverarmos o viés preventivo da inativação antecipada, podemos 
concluir que o benefício visa preservar o direito à saúde e, por conseguinte, tutela, ainda que 
indiretamente, o maior dos bens jurídicos: a vida! 
 
Dessa forma, a postergação do acesso à aposentação especial, que resultará em 
maior prejuízo salutar ao segurado, decorrente da extensão da exposição a agentes danosos 
à saúde, pode ser considerada como severa afronta à dignidade da pessoa humana, um dos 
sustentáculos do Estado Democrático de Direito. 
 
VII. A EXTINÇÃO DA CONVERSÃO DE TEMPO 
 
Surgida mais de vinte anos após a instituição da aposentação especial, a 
conversão de tempo, criada pela Lei 6.887, de 10 de dezembro de 1980, pode ser conceituada 
como uma operação matemática, mediante a aplicação de índices previamente estabelecidos, 
hábeis a transformar um período de trabalho/contribuição (comum ou especial), naquele cuja 
 
 49 
espécie de aposentadoria se almeja (comum ou especial), visando sempre prestigiar o tempo 
laborado em condições agressivas à saúde do segurado. 
 
Permitia em seu nascedouro a transformação de tempo em ambos sentidos: 
comum em especial ou especial em comum. 
 
A Lei 9.032, de 28 de abril de 1995, proibiu a conversão de comum em especial, 
subsistindo, a partir de então, somente a transformação em sentido contrário, ou seja, 
especial em comum. 
 
Em 28/05/1998 o governo de então tentou abolir a conversão em nosso país, 
através da MP 1.663-10. No entanto, o Congresso Nacional, quando da convolação da aludida 
medida provisória na Lei 9.711, de 20 de novembro de 1998, não recepcionou a pretendida 
revogação do parágrafo 5º, do artigo 57, da Lei 8.213/91, justamente o dispositivo que 
disciplinava a conversão. 
 
Assim, a transformação de tempo, mesmo diante de acirradas polêmicas nos 
âmbitos doutrinário e jurisprudencial acerca da sua “sobrevivência” (lembremos da famosa 
liminar gaúcha, da redação original do artigo 70 do RPS e da Súmula 16 da TNU), continuou a 
ser aplicada, inicialmente por força de determinação judicial e, posteriormente, em razão do 
advento do Decreto 4.827/2003. 
 
Mas tão nobre instituto, mediante nítida confusão do legislador reformador 
constituinte entre tempo fictício e tempo convertido, restou brutal e covardemente 
assassinado pela EC 103/2019, através de seu artigo 25, § 2º, verbis: 
 
“Art. 25. Será́ assegurada a contagem de tempo de contribuição fictício no 
Regime Geral de Previdência Social decorrente de hipóteses descritas na 
legislação vigente até́ a data de entrada em vigor desta Emenda 
 
 50 
Constitucional, para fins de concessão de aposentadoria, observado, a partir 
da sua entrada em vigor, o disposto no § 14 do art. 201 da Constituição 
Federal. 
 
§ 2º. Será reconhecida a conversão de tempo especial em comum, na forma 
prevista na Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, ao segurado do Regime 
Geral de Previdência Social que comprovar tempo de efetivo exercício de 
atividade sujeita a condições especiais que efetivamente prejudiquem a 
saúde, cumprido até a data de entrada em vigor desta Emenda 
Constitucional, vedada a conversão para o tempo cumprido após esta data”. 
 
E assim como ocorre com a instituição da idade mínima para aposentadoria 
especial, a eliminação da conversão também é alvo de fundadas e incisivas críticas, vez que 
nega o caráter preventivo da aposentadoria especial, caracteriza evidente retrocesso social, 
além de ferir o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a isonomia, como veremos a seguir. 
 
 
7.a) Nega o caráter preventivo da aposentadoria especial. 
 
A conversão de período de trabalho especial em comum, que resulta em 
acréscimo de tempo ordinário após a transformação, prestigia o lapso laborado em condições 
adversas à saúde. 
 
Sem o instituto em foco, caso o segurado não atinja o tempo mínimo exigido para 
aposentadoria precoce (15, 20 ou 25 anos), não poderá computar de maneira majorada o 
período labutado em condições inóspitas, o que resultará na indevida contagem como comum 
do aludido período insalutífero. 
 
 
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Destarte, inexistindo a possibilidade de converter tempo de contribuição, não 
haverá a proteção ao período de trabalho exercido em situações agressivas, contrariando a 
essência da jubilação antecipada. 
 
Temos que diante de todo arcabouço normativo-constitucional, que institui como 
alicerces da nossa República o primado social do trabalho e a dignidade humana, e que traz a 
presunção jurídica absoluta de danos à saúde decorrentes do trabalho exercido em condições 
danosas, podemos concluir de maneira segura que a extinção da conversão nega a própria 
essência da aposentação especial. 
 
7.b) O retrocesso social. 
 
Brevíssima explanação acerca da cláusula de vedação ao retrocesso já foi 
expendida no item 5.a. 
 
E no que toca à conversão o retrocesso social é ainda mais notório e evidente. 
Para corroborar esta assertiva, basta transcrever a Exposição de Motivos da Lei 
6.887/1980, a saber: 
 
“Procura-se ainda, aprimorando a Previdência Social e compatibilizando-a com as 
metas prioritárias do governo de Vossa Excelência, estabelecer que os trabalhos exercidos 
em atividades insalubres, perigosas ou penosas quando não implementados os prazos 
previstos para aposentação especial, sejam computados a maior que os períodos de atividades 
comuns, sob fórmulas e percentuais a serem estabelecidos por esta Secretaria de Estado. 
 
Com tal medida, busca-se o aperfeiçoamento da proteção social ao segurado 
previdenciário, ao tempo em que se objetiva um critério justo para a conversão do 
período insalubre, penoso ou perigoso, em atividade comum, para fins de aposentadoria 
[...]” (destaque acrescido). 
 
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Portanto, criada ainda sob o regime de exceção, a conversão de tempo surge com 
a finalidade de aprimoramento da proteção social ao segurado da previdência, buscando, 
ainda, estabelecer um critério justo e isonômico para o cômputo do período laborado em 
condições daninhas, quando não implementado o tempo mínimo para a jubilação especial. 
 
Muito se estranha e lamenta que tão nobre instituto, de inegável caráter 
protetivo e humano, criado devido à preocupação do ditador de plantão em aprimorar a 
cobertura previdenciária e enaltecer o trabalho desenvolvido em situações adversas, seja 
tão brutalmente atacado por governos democráticos posteriores (um deles nem tão 
democrático assim...), até ser definitivamente eliminada da legislação pátria pela EC 
103/2019. 
 
A conclusão é lógica e não demanda maiores digressões: à luz da própria 
Exposição de Motivos do diploma que criou a conversão de tempo, sua extinção caracteriza 
cristalino e evidente retrocesso social. 
 
7.c) Afronta ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito. 
 
Ao laborar sob a égide de uma legislação que permite ao trabalhador exposto a 
agentes agressivos jubilar-se antes dos demais, que não sofrem essa sujeição, o direito de 
computar o período de faina nociva de uma forma diferenciada (majorada) se incorpora ao 
patrimônio jurídico do segurado, pouco importando se alcançou a idade e o tempo mínimos 
exigidos para aposentação antecipada. 
 
Ou seja, não atingir os 15, 20 ou 25 anos de labor agressivo não pode impedir 
que o segurado compute de maneira acrescida, o período de trabalho desenvolvido em 
situação adversa, pois o decréscimo salutar presumidamente já ocorreu. 
 
 
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Ademais, cada dia trabalhado sob a vigência de norma que possibilita a jubilação 
antecipada, se aperfeiçoou enquanto ato jurídico, devendo ser resguardado o direito de 
conta-lo de forma diferente, in casu acrescendo tempo quando da transformação de período 
especial em comum, independentemente de ter atingido os critérios exigidos para tal 
benefício. 
 
Portanto,

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