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crimes contra administração estrangeira

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CAPÍTULO II-A (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002) 
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA.
CORRUPÇÃO ATIVA EM TRANSAÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à transação comercial internacional:  (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002).
· TIPO OBJETIVO
Promete aquele que se obriga verbalmente ou por escrito a fazer ou dar alguma coisa; oferece quem apresenta ou propõe para que seja aceito; e dá aquele que cede, presenteia ou doa. Todas essas condutas devem estar pautadas em vantagem indevida: prometer, oferecer ou dar vantagem indevida.
· OBJETO JURÍDICO
O interesse protegido pela norma penal incriminadora sob apreciação é a lealdade no comércio exterior, o delito de corrupção ativa em transação comercial internacional não se trata de uma infração que atenta contra a Administração Pública brasileira, uma vez que o funcionário público corrompido é o estrangeiro e não o brasileiro. O bem jurídico maior tutelado pelo tipo penal é a lealdade no comércio internacional, interesse que pertence a todos os países e cuja proteção penal, punindo seus nacionais, cabe a eles próprios, individualmente e por intermédio de suas legislações internas.
· SUJEITOS
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de corrupção ativa, até mesmo o funcionário público que aja como particular. O sujeito passivo é a administração pública do país ou do estrangeiro com relação às transações comerciais internacionais.
· ELEMENTO SUBJETIVO
É a intenção do corrompedor de que o funcionário corrompido omita, retarde ou pratique ato de ofício relacionado à transação comercial.
· CONSUMAÇÃO
As condutas de prometer e oferecer caracterizam modalidade de crime formal. Basta sua prática para que se consume o delito. Mesmo tratando-se de crime formal admite-se a tentativa, v. g., se a promessa ou oferecimento se der por escrito.
A conduta dar implica em alteração do mundo naturalístico, configurando o crime em sua modalidade material, sendo possível, portanto, a tentativa.
· CAUSA DE AUMENTO DE PENA
Traz o parágrafo único do art. 337-B que "A pena é aumentada de 1/3, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional." Em poucas palavras, se o sujeito ativo atinge o objetivo específico descrito no caput do artigo, deve ter sua pena exasperada.
Comentários:
A corrupção ativa prevista nesse tipo penal foi mais completa da que a prevista no art. 333 do CP, porque enquanto esta última não enuncia o núcleo verbal DAR, o tipo penal do art. 337-B expressamente prevê esse núcleo verbal. Nas modalidades PROMETER e OFERECER o crime é FORMAL. Já na formalidade DAR o crime é MATERIAL. Essas três ações típicas são voltadas a oferecer, prometer ou dar uma vantagem indevida, que não necessariamente será dinheiro. 
Essa vantagem será dada ao funcionário público estrangeiro (conceituado no art. 337-D) ou à terceira pessoa, que não obrigatoriamente será funcionária pública, mas que deve ter participação no ato relacionado à transação comercial internacional. A pessoa que der a vantagem para obter uma facilidade da transação internacional, mesmo que a vantagem tenha sido solicitada pelo funcionário público estrangeiro, responderá por esse crime de corrupção ativa. 
O tipo penal exige que o sujeito ativo dê a vantagem para o funcionário estrangeiro para que este pratique um ato X ou Y. Se não houver qualquer vinculação da vantagem ao ato de ofício, não estará caracterizado o crime porque o tipo penal exige a vinculação entre as três modalidades de conduta com o ato de ofício.
O ato de ofício, para efeito de consumação no caput, não precisa ser efetivamente praticado, omitido ou retardado. Mas quando ele o é, haverá um aumento de pena tal qual ocorre no art. 333 do CP.
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA EM TRANSAÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL (INCLUÍDO PELA LEI Nº 10467, DE 11.6.2002)
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002).
· TIPO OBJETIVO
Solicitar, exigir e cobrar têm sentidos parecidos que diferem só quanto à intensidade ou o modo do pedido. Obter já denota um aspecto material de conseguir o que se pede.
· OBJETO JURÍDICO
O tipo penal sob enfoque busca a proteção à comunidade internacional no que tange às transações internacionais.
· SUJEITOS
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de corrupção ativa, até mesmo o funcionário público que aja como particular. O sujeito passivo é a administração pública do país ou do estrangeiro com relação às transações comerciais internacionais.
· ELEMENTO SUBJETIVO
É a conduta dolosa de solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou promessa de vantagem com o pretexto de influir em ato de funcionário público estrangeiro relacionado à transação comercial.
· CONSUMAÇÃO
As condutas de solicitar, exigir e cobrar caracterizam modalidade de crime formal. Basta sua prática para que se consume o delito. Mesmo tratando-se de crime formal admite-se a tentativa, v. g., se a exigência ou a cobrança se der por escrito.
A conduta obter implica em repercussão no mundo naturalístico, configurando o crime em sua modalidade material, sendo possível, portanto, a tentativa.
· CAUSA DE AUMENTO DE PENA
Dispõe o parágrafo único do art. 337-C do Código Penal que "A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário estrangeiro". A justificativa é que o fato traria mácula maior à administração pública estrangeira, sujeito passivo desse delito.
Comentários:
É absolutamente indispensável, para a caracterização desse crime, a inexistência de conluio entre o particular e o funcionário público estrangeiro. O funcionário terá seu nome utilizado indevidamente pelo particular. O tipo é FORMAL em qualquer um dos 4 núcleos verbais. Não há necessidade da efetiva influência do funcionário para a consumação do crime.
Contudo, pode acontecer que, além de exigir o dinheiro, o particular afirme que parte da vantagem será também destinada ao funcionário público estrangeiro, o que ensejará o aumento de pena previsto no parágrafo único.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTRANGEIRO (INCLUÍDO PELA LEI Nº 10467, DE 11.6.2002)
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Comentários:
Os crimes tipificados nos Arts. 337-B e 337-C do Código Penal fazem referência a funcionários públicos estrangeiros, que o art. 337-D cuida de conceituar dizendo que são os que, ainda transitoriamenteou sem remuneração, exercem cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em representações públicas internacionais.
No seu parágrafo único, o referido artigo cria também a figura do funcionário público estrangeiro por equiparação: quem exerce cargo, emprego ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais.
Primeiramente, deve-se observar que o sujeito que trabalha em organização não governamental (ONG) não é considerado funcionário público para efeitos de aplicação dessa lei, pois ONGs não são organizações públicas. No conceito descrito do Código Penal no art. 327, o legislador equipara a funcionário público, para efeitos penais, aquele que exerce cargo, emprego ou função em empresa pública, sociedade de economia mista, etc..
Nesse tipo penal, não se fez menção a essa espécie de sociedades porque não se sabe como a lei estrangeira trata a questão, daí porque o legislador preferiu utilizar termo genérico – empresas controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. Essas pessoas consideradas funcionários públicos estrangeiros podem vir a ser corrompidas, como também podem ser objeto de crimes de tráfico de influência, que são as duas novas figuras típicas previstas na lei.
CAPÍTULO IV - (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS.
CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÃO DE CRÉDITO
Artigo 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito interno ou externo;
I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal;
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei.
· TIPO OBJETIVO
As condutas tipificadas são ordenar, autorizar e realizar operação de crédito, constituindo crime de conteúdo variado.
· OBJETO JURÍDICO
O interesse protegido pela norma penal incriminadora sob apreciação, é a probidade administrativa, relativamente às operações realizadas no âmbito das finanças públicas da União, Estado, Distrito Federal e Municípios. Protege-se o princípio da legalidade administrativa, punindo-se criminalmente condutas praticadas sem a observância legal. 
· SUJEITOS
Sujeito ativo somente poderá ser um agente público (funcionário público lato sensu). No entanto, somente poderá cometer esse tipo penal quem possui atribuição legal para ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo. O Sujeito passivo será a União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, relativamente ao erário público, isto é, a Receita pública, nas respectivas searas.
· ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo representado pela vontade consciente de ordenar, autorizar ou realizar, operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização.
· CONSUMAÇÃO
Consuma-se o crime, em qualquer de suas modalidades, com a ordem ou autorização de abertura de crédito incorrendo em irregularidades. As modalidades ordenar e autorizar somente consumam o crime com a efetiva abertura de crédito 
A modalidade realizar configura crime material, uma vez que somente se consuma com a efetiva celebração de tal operação de crédito. Na figura realizar, como crime material, o fracionamento da conduta é mais facilmente comprovável, e, consequentemente a tentativa é perfeitamente possível. Nas duas figuras – ordenar e autorizar – pode em algumas hipóteses ser admissível a tentativa, desde que a manifestação de vontade do agente público no sentido de ordenar ou autorizar a abertura de crédito, ela poderá não se concretizar por circunstâncias alheias a sua vontade
Comentários:
Trata‐se de crime próprio, formal, instantâneo, de perigo abstrato, unissubjetivo, unissubsistente. 
Exige‐se o dolo na vontade livre e consciente de praticar as condutas incriminadas. 
Discute‐se a questão da tentativa. Nas modalidades ordenar e autorizar, ela não poderá se concretizar por circunstâncias alheias a sua vontade, uma vez que pode o agente ser impedido pelo técnico especializado que o adverte da impossibilidade jurídica da operação ou ainda pelo ato de não cumprir as determinações recebidas por observar a falta de requisitos legais. É possível a tentativa na hipótese da figura realizar, crime material. 
INSCRIÇÃO DE DESPESAS NÃO EMPENHADAS EM RESTOS A PAGAR
Artigo 359 – B. Ordenar ou autorizar a inscrição em resto a pagar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
· TIPO OBJETIVO
As condutas tipificadas são ordenar e autorizar, que constituem crime de ação múltipla. Pela definição da Lei n.º 4320/64, “Consideram-se restos a pagar as despesas emprenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas. Parágrafo único. Os empenhos que correm a conta de crédito com vigência plurianual, que não tenham sido liquidados só serão computados como restos a pagar no último ano de vigência do crédito”
· OBJETO JURÍDICO
O interesse protegido pela norma penal incriminadora sob apreciação, é a probidade administrativa e a estrita regularidade da Administração Pública, particularmente em relação às operações realizadas no âmbito das finanças públicas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
· SUJEITOS
Como se trata de crime próprio sujeito ativo só poderá ser um agente público. No entanto somente poderá cometer esse tipo penal quem possuir atribuição legal para praticar as condutas, incriminadas, quais sejam, ordenar ou autorizar inscrição em resto a pagar irregularmente, ou seja, sem estar devidamente empenhados ou exceder os limites legalmente autorizados. Somente pode ser sujeito ativo o titular de Poder ou órgão referido no artigo20 da LC 101/2000 (artigo 42). Se o funcionário que praticar qualquer das condutas incriminadas não tiver atribuição legal o comportamento será atípico. O Sujeito passivo será a União, Estados, o Distrito Federal ou os municípios, segundo as respectivas searas lesadas.
· ELEMENTO SUBJETIVO
O elemento subjetivo é o dolo, representado pela vontade consciente de ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar de despesa que não previamente empenhada ou que exceder o limite legal estabelecido. É necessário que o sujeito ativo tenha conhecimento de que a despesa não foi prévia e devidamente empenhada, ou que a despesa, a despeito de empenhada, ultrapasse o limite estabelecido em lei
Desconhecendo qualquer dessas circunstâncias, a conduta será atípica. Não se pode esquecer que o dolo deve abranger correta e completamente todos os elementos constitutivos do tipo, sejam descritivos, normativos ou subjetivos. Não há previsão em qualquer fim especial de agir.
· CONSUMAÇÃO
Consuma-se o crime quando a ordem ou autorização é executada, ou seja, quando se opera efetivamente a inscrição de despesa em restos a pagar. Enquanto não for atendida a ordem ou autorização, não se produz qualquer efeito. É uma questão de tipicidade estrita. A existência do empenho ou mesmo a definição do limite autorizado, muitas vezes, depende de exame prévio, e a ordem ou autorização pode ser genérica, abrangente, encerrando-se quando atingir o limite estabelecido em lei, ou devendo ser executada após a realização do devido empenho.
A possibilidade de tentativa, embora de difícil comprovação é possível mediante o fracionamento da ação tipificada, tratando-se de crime plurisubsistente. 
Comentários:
Desistência voluntária:
Se, depois de ordenada ou autorizada a inscrição de despesas em restos a pagar, nas condições descritas no tipo, o sujeito ativo revoga ou anula o ato anterior, antes que se tenha operado a efetiva inscrição, configura-se a desistência voluntária, nos termos do artigo 15 do CP, que, em nosso entendimento, exclui a tipicidade.Conflito aparente de normas:
O sujeito ativo que ordena ou autoriza a inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar, poderá ser o mesmo que não ordenar ou não autorizar o cancelamento de restos a pagar. A evidência que não poderá responder “por fazer” e “por não fazer” a mesma coisa ferindo o ne bis in idem. A duplicidade da proibição tem um fundamento: objetivam destinatários diferentes, quem praticou a conduta comissiva responderá apenas por ela.
Exceção à teoria monística:
 Sucessão de mandatários, por exemplo: quem deixa o cargo pode responder pela “inscrição de despesas empenhadas em restos a pagar”; quem assume pode responder por não ter determinado o “cancelamento do montante de restos a pagar”; inscrito em valor superior ao permitido legalmente. Esses dois dispositivos assemelham-se a corrupção ativa e passiva, nesse caso “fazer e não desfazer”. Ou seja, não há concurso de pessoas entre os dois sujeitos ativos, a menos que haja o vínculo subjetivo entre ambos, quando, então, responderão pelos dois crimes.
ASSUNÇÃO DE OBRIGAÇÃO NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA.
Artigo 359 C. Ordenar ou autorizar assunção de obrigação, nos 2 (dois) últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
· TIPO OBJETIVO
As condutas tipificadas são ordenar e autorizar, que constituem crime de ação múltipla, representada pelos mesmos verbos do tipo anterior. O dispositivo criminaliza a criação de despesas para ser resgatada pela próxima administração.
· OBJETO JURÍDICO
Objetiva-se moralizar as Administrações Públicas, que ao longo do tempo, têm-se mostrado perdulárias, especialmente quando os encargos são empurrados para os sucessores. Bem jurídico protegido, como gênero, é a administração pública. Especificamente, no entanto, protege-se o equilíbrio das contas públicas, especialmente em relação a sucessão dos mandatários titulares dos Poderes Públicos.
Este dispositivo, ao contrário do anterior, procura precaver a Administração Pública contra os excessos tradicionais de fim de mandato, que impedem as novas administrações de colocar em prática imediatamente seu plano de governo. O artigo anterior refere-se ao fim do exercício fiscal, independentemente de tratar-se de fim de mandato ou não.
· SUJEITOS
Sujeito ativo é a autoridade titular de mandato. Como todos os demais crimes deste capítulo do CP, trata-se de crime próprio, mas este é especialíssimo, na medida em que não basta ser funcionário público, mas deve ser titular de mandato, com poderes decisórios em nome da instituição ou Poder Público que representa. Assim, sujeitos ativos são o Presidente ( da República, do Senado, da Câmara, da Assembléia, de Tribunais, da Câmara dos Vereadores), o Governador do Estado, os Procuradores Gerais da Justiça, da República, dos Estados, o Advogado Geral da União, etc. tratando-se de mandatos, sujeito ativo pode ser o eventual substituto legal.
 Sujeito passivo imediato, por sua vez, é a Administração Pública, que pode ser representada pela União, Estados, Município e Distrito Federal. Pode ser, ademais, outros órgãos ou instituições públicas tais como Poder Legislativo, Poder Judiciário, Ministério Público, cujos representantes máximo são detentores de mandatos e gozam de poderes decisórios quanto a orçamento, despesas e finanças públicas e seus respectivos âmbitos. Nada impede que imediatamente, sejam atingidos terceiros, que também seriam sujeitos passivos.
· ELEMENTO SUBJETIVO
Elemento subjetivo é o dolo, representado pela vontade consciente de assumir obrigação geradora de despesa, que necessite ser cumprida total ou parcialmente, no próximo mandato ou legislatura. O dolo deve abranger correta e completamente todos os elementos constitutivos do tipo, sejam descritivos, normativos ou subjetivos.
É necessário que o sujeito ativo, tenha conhecimento em primeiro lugar, de que já se encontra no período depurador das finanças públicas; em segundo lugar deve ter a consciência de que a obrigação a assumir não pode ser resgatada no mesmo exercício ou de que eventual saldo a ser honrado no exercício seguinte não tem “contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa”. Não há previsão de qualquer fim especial de agir.
Erro de tipo: irrelevância da evitabilidade
O desconhecimento de qualquer dessas circunstâncias caracterizará erro de tipo. Esse tipo de erro. Como determina a Parte Geral do CP, exclui o dolo e, por extensão, a tipicidade. No entanto para estes crimes contra as finanças públicas a evitabilidade ou inevitabilidade do erro é irrelevante, na medida em que não há previsão da modalidade culposa. Assim, independentemente da natureza do erro, haverá exclusão da tipicidade.
· CONSUMAÇÃO
Consuma-se o crime quando a ordem ou a autorização é efetivamente executada, ou seja, quando a obrigação é realmente assumida dentro do período proibido. Enquanto não é cumprida a ordem ou autorização, não se produz qualquer efeito, isto é, não é qualquer lesividade ao patrimônio público, e sem lesividade não se pode falar em crime; a ausência de lesividade impede a caracterização da tipicidade material ou tipicidade estrita.
A possibilidade de tentativa, embora de difícil comprovação é possível mediante o fracionamento da ação tipificada, tratando-se de crime plurisubsistente, que admite não apenas o fracionamento da ação, mas que depende de conhecimentos futuros para configurar-se, como é comprovação da existência ou inexistência da possibilidade de pagamento ou de que, no próximo exercício, haverá a contrapartida necessária para honra-lo.
ORDENAÇÃO DE DESPESA NÃO AUTORIZADA.
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
· TIPO OBJETIVO
A conduta incriminadora é ordenar, sendo que os sinônimos mandar e determinar são alcançados pelo tipo. De muita valia é perceber que esta ordenança é despesa não autorizada por lei. Constitui este tipo do artigo citado, Lei Penal em Branco, necessitando para sua complementação de norma que estabeleça sua aplicação, esta é encontrada na Lei Complementar 101/2000, que regula a responsabilidade fiscal dos agentes públicos.
· OBJETO JURÍDICO
O interesse protegido pela norma penal incriminadora sob apreciação, é a probidade administrativa e a estrita regularidade da Administração Pública, particularmente em relação às operações realizadas no âmbito das finanças públicas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
· SUJEITOS
 Sujeito ativo é o funcionário público competente a ordenar despesa.
 Sujeito passivo, por sua vez, será o Estado podendo secundariamente ser a sociedade, pois o abalo nas finanças públicas pode gerar sérias consequências à coletividade.
· ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo, porém, o desconhecimento da ausência de autorização para efetiva despesa constitui erro de tipo, o que afasta o dolo.
· CONSUMAÇÃO
Dá-se a consumação juntamente com a ordem onde enseja o efetuar de determinada despesa, mesmo que esta não venha a cabo.
Não se admite a tentativa.
PRESTAÇÃO DE GARANTIA GRACIOSA.
Art. 359-E.
Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
· TIPO OBJETIVO
A conduta incriminadora é prestar, seguida do sinônimo conceder; esta se perpetua ao oferecer garantia em operação de crédito, sem contragarantia em valor igual ou superior. Importante interesse nesta lei é impedir concessões de garantias graciosas, que ouse de alguma forma, colocar em risco o patrimônio público, por não haver contragarantia na possível operação de crédito.
O funcionário que possua capacidade de prestar crédito, não pode por mera liberalidade, não se valer de garantia que conferirá segurança indispensável, para o compromisso de crédito.
· OBJETOJURÍDICO
A tutela recaí na finança pública, uma vez que a garantia assumida decorre do dinheiro ou propriedade do Estado.
· SUJEITOS
A exemplo do artigo antecedente, pode ser sujeito ativo do crime os chefes do Poder executivo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Presidente da República, Governadores e Prefeitos, respectivamente); os dirigentes das respectivas casas legislativas (Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembléia Legislativas e Câmaras dos Vereadores); o presidente do Tribunal de Contas de cada um desses entes públicos; os presidentes dos tribunais e os chefes do Ministério Público da União e dos Estados, quando no exercício de funções administrativas, e os dirigentes dos fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes (delito especial próprio). O Sujeito passivo é o Estado.
· ELEMENTO SUBJETIVO
 O sujeito ativo tem que possuir dolo para a prática efetiva do crime.
· CONSUMAÇÃO
Esta se dá com a efetiva prestação de garantia em operação de crédito, não havendo contragarantia, em valores já estabelecidos. É possível a tentativa, mesmo havendo interrupção do agente público, não conseguindo, portanto, chegar a conclusão por circunstâncias totalmente alheias a sua vontade.
NÃO CANCELAMENTO DE RESTOS A PAGAR
 Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
· TIPO OBJETIVO
 A conduta que visa-se incriminar é a de deixar de ordenar(sendo possível o sinônimo determinar por ordem), autorizar(onde os sinônimos dar autorização, e permitir, se adequam) ou promover( aqui também o sinônimo diligenciar para que se realize, é atuante).
 Cumpre notar que as condutas tipificadas estão reunidas ao cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior permitido por lei.
· OBJETO JURÍDICO
A tutela recaí sobre as finanças públicas.
· SUJEITOS
A exemplo do artigo antecedente, pode ser sujeito ativo do crime os chefes do Poder executivo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Presidente da República, Governadores e Prefeitos, respectivamente); os dirigentes das respectivas casas legislativas (Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembléia Legislativas e Câmaras dos Vereadores); o presidente do Tribunal de Contas de cada um desses entes públicos; os presidentes dos tribunais e os chefes do Ministério Público da União e dos Estados, quando no exercício de funções administrativas, e os dirigentes dos fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes (delito especial próprio). Saliente-se, porém, que o sujeito ativo do crime previsto no art. 359 B, não pode cometer o delito do art. 359 F, pois como assevera o não-cancelamento das despesas anteriormente não empenhadas constituiria post factum impunível.
 O Sujeito passivo é o Estado.
· ELEMENTO SUBJETIVO
É o Dolo.
· CONSUMAÇÃO
Este elemento consumação se dá com a simples ordem ou comando de agir destinada ao administrador, para que dê a ordenança, autorização ou promova o cancelamento do montante de restos a pagar. Como se trata de delito omissivo próprio, não cabe a tentativa.
AUMENTO DE DESPESA TOTAL COM PESSOAL NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA
Art. 359-G.
Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
· TIPO OBJETIVO
São os seguintes os núcleos apontados: ordenar, que tem o sentido de determinar, mandar; autorizar, que significa dar, conferir autorização; executar despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura. 
Despesa total com pessoal é conceito dado pelo artigo 18 da Lei Complementar 101/00. Dispõe o artigo 21 da Lei Complementar 101/00, ser nulo, de pleno direito, o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do respectivo poder ou órgão. 
· OBJETO JURÍDICO
 Ao criar esta figura penal, o legislador tentou manter a regularidade das contas públicas evitando que o administrador por motivos escusos ou eleitoreiros sobrecarregasse a nova administração.
 O bem jurídico nela tutelado é, em primeiro lugar, a defesa do patrimônio público, que sofrerá lesão com o aumento de despesa total com pessoal nos seis meses anteriores ao final do mandato ou legislatura. Em segundo lugar, tutela o dever constitucional de gestão ética e eficiente das finanças públicas.
· SUJEITOS
 O sujeito ativo do crime, por tratar-se de crime próprio, é apenas o titular do mandato com competência para aumentar as despesas com pessoal, podendo ser do Legislativo, Executivo ou Judiciário.
 Apenas exige-se que o agente tenha poderes para ordenar, autorizar ou executar qualquer ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal.
O sujeito passivo é o ente da Federação onde o sujeito ativo exerce seu mandato.
O particular pode ser co-autor ou partícipe desde que tenha conhecimento da qualidade de funcionário público do autor.
· ELEMENTO SUBJETIVO
É o Dolo.
· CONSUMAÇÃO
Trata-se de crime comissivo de ação múltipla consistente em ordenar, autorizar ou executar os atos que impliquem em aumento de despesa total com pessoal.
 Assim, configura-se o delito somente quando os gastos ordenados, autorizados ou executados com pessoal, no período de seis meses que antecedem ao final do mandato ou da legislatura, acarretarem excesso da despesa total com pessoal.
 Há divergência doutrinária sobre a classificação do crime e consequentemente sobre a admissibilidade de tentativa.
Parte da doutrina entende admissível a tentativa nas três modalidades, sendo apenas de difícil comprovação nos casos de ordenar e autorizar.
Já alguns classificam o como crime de mera conduta e não admite a tentativa nas modalidades de ordenar e autorizar.
OFERTA PÚBLICA OU COLOCAÇÃO DE TÍTULOS NO MERCADO.
Art. 359-H.
Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
· TIPO OBJETIVO
São núcleos do crime: ordenar, que é determinar, mandar; autorizar, que significa dar, conferir autorização; promover, que tem o sentido de gerar, provocar. Há, portanto, crime se os títulos da dívida pública ou a colocação do mercado financeiro sem que esses títulos tenham sido criados por lei; sem que estes estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de custódia. Os títulos da dívida pública emitidos pela União, Estados, Municípios constituem dívida pública mobiliária(artigo 29, II, a Lei Complementar 101/00). . 
· OBJETO JURÍDICO
O controle da dívida pública, notadamente, é o objeto jurídico do crime. O bem jurídico aqui tutelado é a defesa do patrimônio público, impedindo o aumento da dívida pública, para que haja um equilíbrio das contas públicas.
· SUJEITOS
 Tratando-se de crime próprio somente pode ser imputado ao agente público responsável por ordenar, autorizar ou promover as condutas descritas no tipo.
A qualidade do agente é imprescindível para a configuração do delito a competência do agente.
Já o sujeito passivo é o ente da Federação a que pertencer o sujeito ativo, ou seja, a União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios.
 Admite-se o concurso de agentes quando o co-autor ou partícipe, não –funcionário público, mas que tenha conhecimento da condição do autor e concorra de qualquer modo para a realização do evento criminoso. 
· ELEMENTO SUBJETIVO
O elemento subjetivo é o dolo, não se exigindo nenhuma finalidade específica para a caracterização do crime, basta apenas que o agente público tenha conhecimento da inexistência de lei de criação dos títulos ou a ausência de registro.
· CONSUMAÇÃOTrata-se de crime formal, que se consuma com a ordenação, autorização ou promoção de oferta pública ou colocação no mercado financeiro de título de dívida pública irregular.
Para alguns doutrinadores admite-se a tentativa apenas na modalidade promover, para outros em toas as modalidades, porém de difícil caracterização.
FIG – UNIMESP
ALUNO: RAFAEL TORRES NOGUEIRA.
RA: 15160395
INSTRUMENTO AB DE DIREITO PENAL.
Estudo dos Artigos 337-B à 337-D do Código Penal e Artigos 359-A à 359-H do Código Penal.
Guarulhos, 2019.

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