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DIREITO VOLTADO PARA 
GERONTOLOGIA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Adriana Martins Silva 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
As prerrogativas dos idosos estão previstas em sua maioria na 
Constituição Federal de 1988 e no Estatuto do Idoso. De plano, o art. 230 da Lei 
maior (Brasil, 1988) preconiza que é dever da família, da sociedade e do Estado 
amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, 
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida e a sua 
dignidade enquanto sujeito de direitos. Também devem ser observadas as 
prerrogativas sobre a interdição, curatela e tomada de decisão apoiada com base 
em uma breve análise do Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei 13.146/15. 
Verifica-se a necessidade da conciliação de normas constitucionais e 
infraconstitucionais com a finalidade de assegurar à pessoa idosa a garantia de 
seus direitos. Além da Carta Magna, que dispõe de alguns princípios e direitos 
aqui ora aludidos, a pessoa idosa é amparada pela Lei n. 10.741/2003, o Estatuto 
do Idoso. Por ele, essas pessoas são consideradas sujeitos especiais, de direitos 
fundamentais e justamente por isso é que devem ter tratamento diferenciado 
(Brasil, 2003). 
Devem ser observadas as prerrogativas sobre a interdição, curatela e 
tomada de decisão apoiada com base em uma breve análise do Estatuto da 
Pessoa com Deficiência - Lei n. 13.146/15 
Notadamente, houve grandes e importantes inovações no ordenamento 
jurídico, com a entrada em vigor do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Dentre 
tantas alterações, ressalta-se que o direito à igualdade e a liberdade para a 
pessoa com deficiência foram elevados ao extremo, podendo esta ter direitos 
como casar, exercer direitos sexuais, inclusão no mercado de trabalho e a 
participação na vida pública e política, havendo curatela tão somente para 
questões negociais e patrimoniais, sendo ainda um caso excepcional. 
TEMA 1 – ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA - LEI N. 13.146/15 
No dia 7 de julho de 2015 foi publicada a Lei n. 13.146/2015, que institui 
a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com 
Deficiência), com objetivo de assegurar e promover, em condições de igualdade, 
o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com 
deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania (Brasil, 2015b). Esse 
preceito vem disposto no art. 1º do referido Estatuto, que regulamenta a 
 
 
3 
Convenção de Nova York, Tratado de Direitos Humanos do qual o País é 
signatário, que tem força de Emenda à Constituição (Decreto n. 6.949/2009) 
(Brasil, 2009). 
Vejamos: a CF/1988, no seu art. 5º, parágrafo 3º (Brasil, 1988), prevê que 
os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem 
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três 
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas 
constitucionais (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004) (Brasil, 
2004). 
A Convenção de Nova York, no art. 1º, tem como propósito 
promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos 
os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas 
com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente. 
(Brasil, 2009) 
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de 
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com 
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade 
em igualdades de condições com as demais pessoas. 
O entendimento de Tartuce (2016) a respeito do tema é muito significativa: 
A norma em questão trata da capacidade de direito ou de gozo, que é 
aquela para ser sujeito de direitos e deveres na ordem privada, e que 
todas as pessoas têm sem distinção. Em suma, havendo pessoa, está 
presente tal capacidade, não importando questões formais como 
ausência de certidão de nascimento ou de documentos. É notório ainda 
uma outra capacidade, aquela para exercer direitos, denominada como 
capacidade de fato ou de exercício, e que algumas pessoas não tem. 
São incapazes, especificados pelos arts. 3º e 4º do CC/2002, e que 
receberão estudo em tópico próprio. Pois bem, a fórmula a seguir 
demonstra a questão da capacidade da pessoa natural: capacidade de 
direito que significa o direito ao gozo somado a capacidade de fato que 
significa o próprio exercício tem como resultado a capacidade civil 
plena. 
O Estatuto provocou significativas alterações nos processos de curatela, 
restringindo as hipóteses de incapacidade civil absoluta aos menores de 16 anos 
(art. 3º do Código Civil) (Brasil, 2002). 
Esse art 3º do Código Civil dispõe que: “são absolutamente incapazes de 
exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos” 
(Brasil, 2002), assimo com o art. 4º prevê que: “São incapazes, relativamente a 
certos atos ou à maneira de os exercer: [...]. III - aqueles que, por causa 
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade” (Brasil, 2002). 
 
 
4 
Para que possamos tratar sobre a interdição, curatela e tomada de 
decisão apoiada, deve-se fazer uma breve análise do sistema de incapacidades 
no ordenamento jurídico e como a sociedade enfrenta esses temas. 
É certo que o art. 4º enfatiza que toda pessoa com deficiência tem direito 
à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma 
espécie de discriminação. 
Outrossim, 
considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de 
distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o 
propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento 
ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa 
com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de 
fornecimento de tecnologias assistivas. (Brasil, 2015b) 
Por essas razões e fundamentos legais, “a pessoa com deficiência não 
está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa” (Brasil, 
2015b). 
E ainda, o art. 6º do Estatuto fundamenta que “a deficiência não afeta a 
plena capacidade civil da pessoa” (Brasil, 2015b), inclusive na atuação na vida 
social observa-se as seguintes situações: 
I - para casar-se e constituir união estável; 
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; 
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso 
a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; 
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização 
compulsória; 
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e 
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como 
adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais 
pessoas. (Brasil, 2015b) 
Em relação a esse ponto, Braga (2011) sustenta que o idoso deve ser 
considerado como um homem absolutamente lúcido, como qualquer cidadão. 
Esclarece o art. 9º do Código Civil que: “serão registrados em registro 
público: a interdição por incapacidade absoluta ou relativa” (Brasil, 2002). Nessa 
mesma toada, é importante ver que têm domicílio necessário o incapaz, o 
servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Esse 
domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do 
servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas 
funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da 
Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente 
subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do 
preso, o lugar em que cumprir a sentença. (Brasil, 2002) 
 
 
5 
É importante salientar ainda que, no art. 198 do Código Civil, há a previsão 
quanto às garantias desse tipo de vulnerabilidade quando prevê que não corre a 
prescrição contra os incapazes. 
Em resumo, as consequências preponderantes com a entrada em vigor 
do Estatuto são as seguintes: não há mais maioresde idade que sejam 
absolutamente incapazes, bem como as pessoas com deficiência, em regra, são 
capazes; e, se for o caso, caberá, por iniciativa da pessoa com deficiência, a 
tomada de decisão apoiada, processo judicial para apoio nos atos patrimoniais. 
Somente em casos excepcionais, será cabível a curatela, pois a curatela 
somente atinge os atos patrimoniais e para os atos existenciais familiares, 
sempre haverá capacidade plena. 
TEMA 2 – INSTITUTO DA CURATELA 
Para entender o significado da curatela, considera-se um encargo público, 
conferido, por lei, a alguém, para dirigir a pessoa e administrar os bens de 
maiores, que por si não possam fazê-lo. O termo provém do latim curare, que se 
traduz como cuidar, zelar. É um instituto jurídico pelo qual o curador tem o 
encargo imposto pelo juiz de cuidar dos interesses de outrem que se encontra 
incapaz de fazê-lo. A nomeação do curador é feita pelo juiz, que estabelece, 
conforme previsão legal, as atribuições desse curador. 
As diretrizes em relação à curatela estão dispostas no art. 1.767 do 
Código Civil Brasileiro, segundo o qual: “estão sujeitos a curatela: aqueles que, 
por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade” (Brasil, 
2002). O art. 1.775 dispõe que cônjuge ou companheiro não separado 
judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito, porém, 
“na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta 
destes, o descendente que se demonstrar mais apto” (Brasil, 2002). Por fim, 
pode acontecer de, entre os descendentes, os mais próximos precederem aos 
mais remotos na falta das pessoas mencionadas. Nesse caso, compete ao juiz 
a escolha do curador. 
De acordo com o art. 1.775-A do Código Civil, “na nomeação de 
curador(a) para a pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela 
compartilhada a mais de uma pessoa” (Brasil, 2002), porém, essas pessoas que 
foram arroladas na lei “receberão todo o apoio necessário para ter preservado o 
direito à convivência familiar e comunitária” (Brasil, 2002). Por evidente, deverá 
 
 
6 
ser “evitado o seu recolhimento em estabelecimento que os afaste desse 
convívio” (Brasil, 2002). 
 Ressalte-se que a autoridade do curador(a) estende-se à pessoa e aos 
bens dos filhos do curatelado, observado o art. 5º, assim como o art. 1.781 
prescreve que: “as regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da 
curatela, com a restrição do art. 1.772” (Brasil, 2002), ou seja, “o juiz determinará, 
segundo as potencialidades da pessoa, os limites da curatela, circunscritos às 
restrições constantes do art. 1.782, e indicará curador(a)” (Brasil, 2002). 
É de acrescer-se o art. 1.783, que “quando o curador for o cônjuge e o 
regime de bens do casamento for de comunhão universal, não será obrigado à 
prestação de contas, salvo determinação judicial” (Brasil, 2002). 
A autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do 
curatelado, e as regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da 
curatela, “privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, 
hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não 
sejam de mera administração” (Brasil, 2002). 
Salienta-se que o art. 1.783 fundamenta que, “quando o curador for o 
cônjuge e o regime de bens do casamento for de comunhão universal, não será 
obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial” (Brasil, 2002). 
Dessa forma, a escolha do regime de bens para o matrimônio entre os cônjuges 
não apresenta relevância quando a necessidade de tal medida se impõe. O 
escopo da lei é justamente proteger, amparar e facilitar o interditando também 
chamado de curatelado nas circunstâncias da vida em sociedade. 
É importante ressaltar o entendimento do jurista Gagliano (2016) em 
relação a excepcionalidade da interdição, assim disposto: 
E, se é uma medida extraordinária, é porque existe uma outra via 
assistencial de que pode se valer a pessoa com deficiência - livre do 
estigma da incapacidade - para que possa atuar na vida social: a 
“tomada de decisão apoiada”, processo pelo qual a pessoa com 
deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais 
mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe 
apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes 
os elementos e informações necessários para que possa exercer sua 
capacidade. 
Conforme a redação prevista no Estatuto, os atos deverão ser atingidos 
pela curatela, bem como reforça ainda mais o caráter excepcional da curatela. 
 
 
7 
TEMA 3 – NOMEAÇÃO DO CURADOR(A) E OS LEGITIMADOS PARA 
INGRESSAR COM A INTERDIÇÃO 
As pessoas que estão habilitadas por lei, mais especificamente no Código 
de Processo Civil, para serem nomeadas a promover a Curatela por meio de um 
processo de interdição, têm a sua previsão segundo o art. 747 (Brasil, 2015a). 
São elas: cônjuge ou companheiro; parentes ou tutores; representante da 
entidade em que se encontra abrigado o interditando; Ministério Público; e, 
quanto à sua legitimidade, deverá ser comprovada por documentação que 
acompanhe a petição inicial. 
É importante verificar a importância no processo de interdição do 
Ministério Público, que só promoverá interdição em caso de doença mental grave 
se as pessoas designadas nos incisos I, II e III do art. 747 CPC já mencionadas 
no parágrafo anterior, que não existirem ou não promoverem a interdição; se, 
existindo, forem incapazes. 
Deve-se acrescentar o art. 749, segundo o qual 
incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que 
demonstram a incapacidade do interditando para administrar seus 
bens e, se for o caso, para praticar atos da vida civil, bem como o 
momento em que a incapacidade se revelou. (Brasil, 2015a) 
E, ainda, se justificada a urgência, o juiz pode nomear curador provisório 
ao interditando para a prática de determinados atos. 
Frise-se que “o requerente deverá juntar laudo médico para fazer prova 
de suas alegações ou informar a impossibilidade de fazê-lo” (Brasil, 2015a), 
assim como o art. 751 prescreve que 
o interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante 
o juiz, que o entrevistará minuciosamente acerca de sua vida, 
negócios, bens, vontades, preferências e laços familiares e afetivos e 
sobre o que mais lhe parecer necessário para convencimento quanto 
à sua capacidade para praticar atos da vida civil, devendo ser 
reduzidas a termo as perguntas e respostas. 
 Outra situação prevista na lei é quando não for possível o interditando 
deslocar-se, o juiz o ouvirá no local onde estiver e a entrevista poderá ser 
acompanhada por especialista. Durante a entrevista, é assegurado o emprego 
de recursos tecnológicos capazes de permitir ou de auxiliar o interditando a 
expressar suas vontades e preferências e a responder às perguntas formuladas, 
 
 
8 
porém a critério do juiz, poderá ser requisitada a oitiva de parentes e de pessoas 
próximas. 
É importante concluir que foi verificada a excepcionalidade da nomeação 
de curador, que antes era a regra para a prática dos atos jurídicos, porém, 
verificou-se também que este será nomeado pelas circunstâncias previstas em 
lei, podendo ainda a pessoa com deficiência discordar de determinadas decisões 
de seu curador. 
TEMA 4 – PROCESSO DE INTERDIÇÃO E A SENTENÇA JUDICIAL 
O processo de interdição no ambiente do judiciário deve respeitar as 
etapas e orientações dispostas em lei. O art. 753 do Código de Processo Civil 
preconiza que, 
decorrido o prazo de 15 dias (quinze) previsto no art. 752, o juiz 
determinará a produção de prova pericial para avaliação da capacidade 
do interditando para praticar atos da vida civil. A perícia pode ser 
realizada por equipe composta por expertos com formação 
multidisciplinar e o laudo pericial indicará especificadamente, se for o 
caso, os atos para os quais haverá necessidadede curatela. 
A interdição do idoso somente se dará por intermédio de uma sentença 
judicial decretada num processo após apresentado o laudo, produzidas as 
demais provas e ouvidos os interessados. Somente após esses passos, o juiz 
proferirá sentença. 
Na sentença que decretar a interdição, o juiz nomeará curador, que 
poderá ser o requerente da interdição, e fixará os limites da curatela, segundo o 
estado e o desenvolvimento mental do interdito; considerará as características 
pessoais do interdito, observando suas potencialidades, habilidades, vontades e 
preferências. 
O juiz levará em conta que a curatela deve ser atribuída a quem melhor 
possa atender aos interesses do curatelado, inclusive havendo, ao tempo da 
interdição, pessoa incapaz sob a guarda e a responsabilidade do interdito, o juiz 
atribuirá a curatela a quem melhor puder atender aos interesses do interdito e do 
incapaz. 
A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas naturais e 
imediatamente publicada na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal 
a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional 
de Justiça, permanecendo por 6 (seis) meses, na imprensa local, 1 (uma) vez, e 
 
 
9 
no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do 
edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição, os limites da 
curatela e, não sendo total a interdição, os atos que o interdito poderá praticar 
autonomamente. 
Assim, verifica-se que a curatela somente incidirá quanto aos atos 
relacionados à questão patrimonial e negocial, excluídos quando ao direito 
pessoal, como se infere no parágrafo 1º do art. 85 do referido estatuto. Isso se 
justifica, uma vez que no art. 6º do Estatuto, e já comentando anteriormente, a 
deficiência não afeta o exercício do direito de casar, constituir família e dentre 
outros. Assim, a curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos 
de natureza patrimonial e negocial. Já a definição da curatela não alcança o 
direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à 
educação, à saúde, ao trabalho e ao voto; e ainda, a curatela constitui medida 
extraordinária, devendo constar da sentença, as razões e motivações de sua 
definição, preservados os interesses do curatelado. Por fim, no caso de pessoa 
em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar 
preferência à pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou 
comunitária com o curatelado. 
TEMA 5 – CESSAÇÃO DA CURATELA E O TERMO DE COMPROMISSO 
A curatela poderá ser levantada, com base no art. 756 do Código de 
Processo Civil que autoriza esse procedimento quando cessar a causa que a 
determinou. Será necessário um pedido de levantamento da curatela que poderá 
ser feito pelo interdito, pelo curador ou pelo Ministério Público e será apensado 
aos autos da interdição. 
§2º O juiz nomeará perito ou equipe multidisciplinar para proceder ao 
exame do interdito e designará audiência de instrução e julgamento 
após a apresentação do laudo. 
§3º Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e 
determinará a publicação da sentença, após o trânsito em julgado, ou, 
não sendo possível, na imprensa local e no órgão oficial, por 3 (três) 
vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no 
registro de pessoas naturais. 
§ 4º A interdição poderá ser levantada parcialmente quando 
demonstrada a capacidade do interdito para praticar alguns atos da 
vida civil. (Brasil, 2015a) 
Doutro lado, o art. 757 prevê que: “a autoridade do curador estende-se à 
pessoa e aos bens do incapaz que se encontrar sob a guarda e a 
 
 
10 
responsabilidade do curatelado ao tempo da interdição” (Brasil, 2015a). A 
exceção ocorrerá quando “o juiz considerar outra solução como mais 
conveniente aos interesses do incapaz” (Brasil, 2015a). Da mesma forma, o art. 
758 do CPC preconiza: “o curador deverá buscar tratamento e apoio apropriados 
à conquista da autonomia pelo interdito” (Brasil, 2015a). 
É importante observar que, após a nomeação do curador(a), terá que 
prestar compromisso mediante uma intimação no prazo de 5 (cinco) dias contado 
da nomeação feita em conformidade com a lei; intimação do despacho que 
mandar cumprir o testamento ou o instrumento público que o houver instituído. 
“O curador prestará o compromisso por termo em livro rubricado pelo juiz” (Brasil, 
2015a). E após prestado o compromisso, o curador assume a administração dos 
bens do interditado. 
É importante destacar que, em caso de extrema gravidade, o juiz poderá 
suspender o curador do exercício de suas funções, nomeando substituto interino, 
assim, cessando as funções do curador pelo decurso do prazo em que era 
obrigado a servir, ser-lhe-á lícito requerer a exoneração do encargo. Cessada a 
curatela, é indispensável a prestação de contas pelo tutor ou pelo curador, na 
forma da lei civil. 
Em relação aos efeitos do recurso interposto contra sentença que 
reconhece a interdição, tem-se o art. 1.012 que prevê que o recurso de apelação 
terá efeito suspensivo. Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a 
produzir efeitos imediatamente após a sua publicação da sentença que decretou 
a interdição (Brasil, 2015a). 
Ademais, conforme exaustivamente mencionado, sendo a curatela um 
caráter excepcional, o juiz, ao constituí-la, deverá constar na sentença as razões 
e motivações de sua definição, devendo ser preservado os interesses da pessoa 
com deficiência, pois a regra é que a capacidade da pessoa com deficiência, 
devendo dar preferência da curadoria a pessoa que tenha vínculo familiar com o 
curatelado. 
 Tanto isso é verdade que se verifica na atual jurisprudência acerca do 
tema quanto a excepcionalidade da curatela, reforçando o atual entendimento 
vem inclinando-se conforme a letra da lei. 
 
 
 
11 
NA PRÁTICA 
Pergunta-se: 
Diante da vulnerabilidade do Idoso, prevista no Estatuto do Idoso e no 
Estatuto da Pessoa com Deficiência, quais as razões para que se aplique o 
instituto da curatela no processo de interdição? 
FINALIZANDO 
 A natureza jurídica da curatela, em regra, abrange apenas patrimoniais e 
negociais. O Enunciado 637 da VIII Jornada de Direito Civil admite que o 
curatelado possa ser representado em atos existenciais excepcionalmente, se 
necessário. 
 O que alterou com a entrada em vigor do Estatuto da Pessoa com 
Deficiência em relação ao idoso: 
 Não há mais maiores de idade que sejam absolutamente incapazes; 
 As pessoas com deficiência, em regra, são capazes; 
 Se for o caso, caberá, por iniciativa da pessoa com deficiência, a tomada 
de decisão apoiada, processo judicial para apoio nos atos patrimoniais; 
 Somente em casos excepcionais, será cabível a curatela; 
 A curatela somente atinge os atos patrimoniais; 
 Para os atos existenciais familiares, sempre haverá capacidade plena. 
Quem pode ser o curatelado? Aqueles sem expressão de vontade por 
causa transitória ou permanente. (art. 1.767, CC). 
Quem pode ser o curador? Cônjuge ou companheiro; parentes ou tutores; 
representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; 
Ministério Público; e, quanto a sua legitimidade, deverá ser comprovada por 
documentação que acompanhe a petição inicial, conforme Enunciado 638. VIII 
Jornada de Direito Civil. Essa ordem deve ser observada se for de interesse do 
curatelado. 
Quais são os deveres do curador? Autoridade do curador estende ao filho 
e bens do filho (1,778, CC) e Administrar bens do curatelado (1.741 CC) (Brasil, 
2002) 
 
 
12 
Quais são os efeitos da sentença de curatela? Averbação no registro de 
nascimento (art. 9º CC). A curatela pode retroagir. Responsabilidade direta por 
danos (art. 932, II, CC) (Brasil, 2002). 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
BRAGA, P. M. V. Curso de direito do idoso. São Paulo: Atlas,2011. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
_____. Emenda Constitucional n. 45, de 30 de dezembro de 2004. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 31 dez. 2004. 
_____. Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 ago. 2009. 
_____. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. 
_____. Lei n. 10.741, de 1 de outubro de 2003. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 3 out. 2003. 
_____. Lei n. 13.105, de 16 de março de 2015. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 17 mar. 2015a 
_____. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 7 jul. 2015b. 
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