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2ª AVD - Internacional

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ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Definição: Nós não estamos nos referindo às organizações não governamentais, estamos nos remetendo às organizações de Estados. A organização internacional é uma associação de Estados dotada de personalidade própria. Qualquer organização internacional é dotada de personalidade internacional própria, ou seja, possui aptidão para garantir direitos e obrigações no plano internacional. A personalidade da organização internacional é distinta da personalidade dos Estados que fazem parte dela.
Associacionismo Internacional: Tendência dos Estados se unirem em torno de organizações internacionais. De 1945 em diante verificamos a tendência dos Estados se unirem em torno de organizações e quando isso ocorre falamos que eles estão procurando o multilaralismo, que é a tendência dos Estados se unirem e buscarem cooperação entre eles, seja política, econômica, social ou outros. Uma forma eficaz de alcançar esse multilaralismo é se inserir em uma organização internacional. Exemplos: ONU, OPEP, UNESCO, UNICEF, OEA e etc. A tendência que prevalece hoje em dia é que os Estados se unam para buscar cooperação. 
Notícia que saiu hoje (08/10/2018) foi que Bolsonaro cogitou sair da ONU, mas quase todos os países do mundo fazem parte da ONU e atrapalharia esse multilaralismo.
Antecedente – Liga das Nações:Em 1919 quando terminou a 1 guerra mundial foi criada uma organização chamada Liga das Nações que foi uma organização que antecedeu a ONU (que surgiu em 1945). O cenário na época é de destruição, onde eles queriam um espaço internacional onde os países podiam dialogar com segurança, surgindo a Liga das Nações, estabelecido pelo Tratado de Versales. Essa liga das Nações não tinha personalidade internacional, por isso não alcançou o objetivo que ela queria que erabuscar a paz mundial, pois o nazi-fascismo se engrandeceu muito nesse momento e a Liga não fez nada para controlar isso. Com o início da 2 guerra mundial, a Liga perdeu a razão de ser, por não ter feito nada em relação a isso. 
Classificação das Organizações:
1)Universais – Qualquer país, independente de onde esteja, tem direito de fazer parte. Ex: OMC (organização mundial do comércio)
2)Regionais – Possui uma limitação geográfica. Ex: MERCOSUL; OEA (organização dos Estados Americanos)
1)Fins Específicos – Possui um determinado tema, só um fim específico.Ex: OMC, MERCOSUL
2)Fins gerais – São tratados diversos temas.Ex: OEA, ONU
Características das Organizações:
a)Associação de Estados;
b)Dotada de personalidade própria;
c)Quem subsidia as organizações internacionais sãos os próprios Estados-membros. Esse subsídio é proporcional a capacidade contributiva de cada Estado, então se o PIB for maior, vai pagar mais;
d)Exercício de poderes próprios, poderes que são distintos dos poderes dos Estados. A partir do momento que um Estado entra em uma organização ele deve observar as regras daquela organização;
e) São criadas por tratados, para que o Estado possa fazer parte da organização precisa aderir ao Tratado. Esse tratado pode ser chamado de carta, de estatuto;
Organização das Nações Unidas: 
Criação: A ONU foi criada no final da 2 guerra mundial, em 1945. O cenário era o pior possível, com crise econômica e uma série de impactos. A tentativa com a ONU foi do presidente americano, Franklin Roosevelt, para não cometer o mesmo erro da Liga. Quem comprou a ideia foi Estados Unidos, França, reino unido e união soviética, a china entrou depois por emenda na carta da ONU. 
Ato Institutivo: Carta de São Francisco, também chamada de Carta da ONU. 
Sede:Nova Iorque, mas existem alguns órgãos que funcionam na Suíça e outros na Holanda.
Princípios: Defesa da paz, solução pacífica dos litígios, autodeterminação dos povos, prevalência dos direitos humanos. Praticamente construída em cima de valores de paz e valores humanistas, mesmo que esses valores têm sido desrespeitados ao longo dos anos. Buscam soluções conjuntas de problemas que são de vários países. A ONU foi criada com objetivo de ser mais forte do que a Liga que chegou ao fracasso.
Órgãos:
1)Assembleia Geral da ONU – órgão que reúne todos os países que fazem parte das nações unidas, por isso chamado pleno da ONU. Ela pode se unir em sessão ordinária (todo ano na segunda quinzena de setembro e geralmente quem abre é o Brasil, isso ocorre por costume) e a extraordinária(convocada pelo secretário geral da ONU em um motivo de urgência). Cada país tem direito a um voto com mesmo peso e por isso é considerado o órgão mais democráticoe o quórum de votação é maioria simples e em algumas questões importantes (questões processuais) o quórum muda para 2/3, exemplos são: aprovação do orçamento, eleição do secretário geral da ONU, escolha dos membros do conselho de segurança. A assembleia geral edita recomendações, algo que é desejável, uma orientação, mas não é nada obrigatório.
2)Conselho de Segurança –órgão mais importante da ONU, que é composto por 15 países, onde 10 são rotativos eleitos por biênio e quem elege é a assembleia geral. Os outros 5 são vagas cativas, que são os mesmos desde 1945 (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China). É o único órgão que tem poder de polícia em âmbito internacional, ou seja, tem monopólio da força. As decisões do conselho de segurança têm caráter obrigatório. Possui função de detectar qualquer ameaça à paz nacional e tomar medidas coercitivas, como bloqueios, embargos econômicos. São necessários9 votos afirmativos, sendo 5 dos permanentes, para uma resolução ser aprovada. Basta o veto de um dos permanentes para que a resolução não seja colocada em prática. Se uma situação envolver diretamente o país ele precisa ser declarado como suspeito e não poderá votar. Muitas pessoas criticam as sanções que os países levam, porque isso não afeta diretamente a pessoa do governante e sim a população em si.
3)Corte Internacional de Justiça (CIJ)–Não podemos confundir com tribunal penal internacional, que é organização própria e está fora da ONU, os dois ficam no Haia (Holanda). A corte Internacional possui função contenciosa e consultiva. Função contenciosa vai julgar os litígios entre os Estados e quem pode demandar são só o Estados, já a função consultiva pede um parecer para a corte internacional para saber se algo é lícito ou não, quem pode demandar é a organização internacionais e os Estados. 
4)Conselho Econômico e Social (ECOSOC) – Se situa em Nova Iorque. Trabalha em parceria com agência especializadas da ONU para questões sociais, como alimentação, infância, ciência, cultura e outras. 
5)Secretariado – É órgão administrativo da ONU, conduzido pelo secretário geral da organização que é escolhido pela assembleia geral. Não possui poder de mudar decisão de órgão deliberativo da ONU, é como se fosse um general sem tropa, pois representa a organização, mas não tem poder de modificar uma decisão.
Tribunal Penal Internacional - TPI:
Criação: Não podemos confundir com CIJ. A TPI não é algo novo, vem de muitos antecedentes.Em 1998 a ONU fez uma conferência para criar TPI permanente e foi aprovado um tratado chamado Estatuto de Roma. O Brasil passou a fazer parte do Estatuto de Roma via adesão.
Ato Institutivo:Estatuto de Roma. Esse tratado não permite a reserva, só admite a denúncia. 
Antecedentes:
-Tribunal de Nuremberg: O primeiro tribunal para julgar crime de guerra, foi criado pelos aliados que venceram a segunda guerra mundial para julgar os criminosos nazistas. Muitos consideram como um tribunal de exceção, pois não observou alguns princípios importantes. Embora a pena era pena de morte por enforcamento, muitos foram absolvidos.
-TPI para ex-iugoslavia:Na década de 90 teve uma guerra chamada guerra da Bósnia, onde ONU criou a TPI para ex-iugoslavia, para julgar as pessoas dessa guerra. Era uma TPI transitória, que era chamado de TPI ad hoc, pois foi criado só para estabelecer a paz mundial em relação àquela guerra, possui limitação geográfica e temporal.
-TPI para Ruanda:O genocídio de Ruanda em 84 fez com que a ONU criasse a TPI ad hoc para Ruanda.
Crimes Previstos:
a) Crimesde guerra: Até nas guerras possuem regras, apesar de não serem cumpridas.
b) Crimes contra humanidade: escravidão, assassinatos e outros.
c)Genocídio: destruição total ou parcial de um povo.
d) Agressão: Invasão injusta de um Estado contra o outro.
Existe um princípio chamado princípio da complementariedade, onde o Tribunal só vai atuar se o país não exercer sua jurisdição porque não quis ou não pode, sob pena de violação da soberania dos países. Isso só se aplica aos países que fazem parte do estatuto de Roma. O Brasil está submetido a isso não só internacionalmente, mas também constitucionalmente.
Penas:O Estatuto de Roma não prevê pena de morte, mas prevê pena de prisão perpétua. No caso do país não adotar a pena de prisão perpétua, o tribunal escolherá onde o indivíduo cumprirá a pena. 
Entrega:O TPI diz que o Estado que faz parte fica obrigado a entregar qualquer pessoa ao TPI mesmo que seja nacional. Mas a TPI diz que a extradição é diferente de entrega, a extradição é um ato de cooperação penal entre Estados, já entrega seria um ato de cooperação entre o Estado e o tribunal. É claro que uma pessoa nessa situação poderia justificar para não ser entregue pelo que diz na constituição. Essa situação nunca ocorreu com o Brasil, por isso não se sabe como desenrolaria esse conflito. 
Princípios: Anterioridade, reserva legal, entre outros princípios de direito penal, ou seja, TPI respeita a todos os princípios do ordenamento penal, as únicas coisas diferentes são as penas e a parte da entrega explicada acima. 
Controle de Constitucionalidade: Pode ser feito por meio difuso ou concentrado. 
Controle de Convencionalidade: Só pode ser realizado através do método difuso, ou seja, pode ser realizado por qualquer juiz. No controle de convencionalidade, existe uma norma paradigma que é a norma dos tratados supra-legais (acima das leis ordinárias, mas abaixo da CF). 
DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS
MARCO >>> DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948) – Os direitos humanos sempre existiam, em menores proporções. Mas só em 1948, ele foi positivado com a Declaração Universal Dos Direitos Humanos. Os direitos humanos são inerentes a qualquer pessoa e independe de qualquer coisa, como raça, ideologia política, religião, etc. O fundamento para a existência dos direitos humanos é a dignidade da pessoa humana, que funciona como se fosse uma centelha que faz parte de qualquer indivíduo. A dignidade da pessoa humana é um atributo que pertence a TODOS os seres humanos, sem qualquer discriminação. 
A dignidade aqui falada, não pode se confundir com a dignidade da moral e da ética. Ela existe em razão de o ser humano ser um ser uma espécie racional. Em razão da racionalidade, a dignidade da pessoa humana tem que ser protegida e ela é protegida pelos direitos humanos. Os direitos humanos defendem as pessoas das outras pessoas e às vezes, do próprio Estado. 
DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS
Por uma questão história, os direitos humanos foram categorizados em grupos. O PRIMEIRO GRUPO/DIMENSÕES trata dos direitos e garantias individuais ( todo tipo de liberdade, propriedade, privacidade, garantia correlata, direito de ir e vir, etc). 
Para que possamos entender melhor, devemos conhecer quais eram as circunstâncias que levaram as pessoas à criar essas dimensões dos direitos humanos. Nada acontece por acaso, e é por isso é de fundamental importância, conhecer a realidade histórica e social da época. 
O primeiro grupo de direitos foi criado na Europa no sec. XVIII, em razão dos regimes políticos absolutistas/autoritários. O Rei se encontrava acima do ordenamento jurídico, uma vez que todos os poderes do Estado se encontravam nas mãos de uma única pessoa, que era o monarca (ele executa, administra e julga). Logo, se nos dias de hoje, com a autonomia dos poderes existe arbitrariedade, imaginem quanta arbitrariedade não existia já que todos os poderes se encontravam nas mãos do Rei. Aqui, o objetivo de querer esses direitos, é a busca pelo respeito do Estado para com eles. 
Com essa situação, as pessoas começam a reivindicar os direitos de primeira dimensão pra limitar a ação do Estado, já que o Estado tinha a vida de todo o povo nas mãos. O Estado tem que cuidar do interesse público, mas deve respeitar certos limites. Quais são esses limites? São os direitos individuais. Então, as pessoas buscavam que o Estado só interferisse quando fosse necessário compatibilizar o uso dessas liberdades individuais em sociedade. 
SEGUNDO GRUPO/DIMENSÃO trata dos direitos sociais. A sociedade evolui e na época da criação desses direitos, vivia-se em um contexto de reforma agrária e com o advento da revolução industrial, as pessoas começam a sair dos campos e vão para as cidades em busca de emprego, sendo extremamente exploradas, não tendo qualquer direito reconhecido (educação, moradia, direitos trabalhistas, etc.), com isso cresceu muito o quadro de vulnerabilidade das pessoas e elas passam a buscar os direitos sociais. 
Qual o objetivo dos direitos sociais? Garantir e propiciar uma melhor qualidade vida para as pessoas e diminuir as desigualdades causadas pelo sistema. A ideia da busca desses direitos é diminuir as desigualdades e garantir uma melhor qualidade de vida para a população. A simples previsão desses direitos, por si só, não garantem a emancipação social, é preciso que eles sejam aplicados e executados. 
O TERCEIRO GRUPO/DIMENSÃO trata dos direitos de fraternidade ou solidariedade. Ele surge na segunda metade do sec. XX e você não consegue distinguir quem é o titular desse direito. Ele é direcionado ao todo, ex.: direito ao meio ambiente saudável, direito a paz, a autodeterminação dos povos, etc. Com relação ao direito de autodeterminação dos povos, podemos dizer que esse direito está para os povos, assim como a liberdade está para o indivíduo. Essa dimensão é uma dimensão pensada na comunidade como um todo. 
Todos esses direitos são indivisíveis, ou seja, não existe uma geração/dimensão que seja mais importante do que a outra, eles foram criadas em fases diferentes, mas possuem mesmo grau hierárquico. 
Quando uma constituição prevê esses direitos, nós não podemos falar em direitos humanos. Devemos falar em direitos fundamentais. Quem versa sobre os direitos humanos, são declarações universais e eles foram positivados pela primeira vez com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela surge após a segunda guerra mundial, onde ocorreu genocídio, holocausto e em razão de tanta desgraça ocorrida, os vencedores decidem prever os direitos humanos, a fim de evitar novos conflitos. Essa declaração, feita em 1948, é o primeiro documento a positivar os direitos humanos. Nessa declaração temos DIREITOS POLÍTICOS, DIREITOS INDIVIDUAIS E DIREITOS SOCIAIS. 
O mais difícil, é achar uma país que respeite todos os direitos humanos previstos nas dimensões de direitos humanos. 
A partir da criação dessa declaração, o direito internacional se ramificou e criou o direito internacional dos direitos humanos. 
	 UNIVERSAL/GLOBAL-diz respeito a todos os países do
mundo. É conhecido como sistema ONU.
SISTEMA NORMATIVO
 INTERNACIONAL
	 REGIONAL- diz respeito a determinada região/continente. Ex.: sistema interamericano, europeu, africano.
O sistema global não está acima do sistema regional, eles trabalham e coexistem, uma ajuda e coopera com o outro em prol do indivíduo. 
OBS.: Não existe sistema de proteção asiático, em razão de existirem diferenças culturais imensas na Ásia, razão que impede que se uniformize determinado sistema de proteção. 
São documentos importantes do Sistema Normativo Global: Carta das Nações Unidas de 1945, Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, Pacto de Direitos Civis de 1966 e o Pacto de Direitos Sociais de 1966. Esses não são os únicos documentos, mas são os mais importantes. 
Esse sistema mais amplo, não excluiu a possibilidade de criação dos sistemas regionais, como o africano, interamericano e europeu. O Brasil além de fazer parte do Sistema Global, também é estado membro da OEA, quefaz parte do sistema interamericano. 
Como ficam os países que não aceitam os direitos humanos em determinados grupos? Um exemplo de país que nega os direitos humanos, é a Arábia Saudita, que negam os direitos das mulheres em muitos aspectos. Ex.: mulheres não podiam dirigir, só podem sair na rua cobertas, não podem mostrar os cabelos, etc. Lá, as mulheres não são plenamente capazes, elas são “patrimônio” de sua família e maridos. 
Por mais que os direitos humanos devam ser respeitados por todos os países, os Estados são soberanos e ditam as leis em seus territórios. Em razão dessa soberania, muitas vezes os conselhos internacionais, deixam de intervir em violações de direitos humanos que ocorrem dentro dos territórios dele. Isso se deve também às raízes religiosas e aspectos históricos de determinados países. 
· SISTEMA GLOBAL
Ele tem alguns mecanismos de fiscalização, são chamados de convencionais e não convencionais/extra convencionais. Os convencionais são pautados nos tratados, pactos, acordos, ou seja, o que já está pactuado, convencionado entre os Estados. Ex.: comissões, comitês, tribunais, etc. Os países aderem voluntariamente a uma série de convenções e com isso, se sujeitam à fiscalização. 
Obs.: Um estado, só pode fazer parte da ONU, se ele estiver de acordo com os seus princípios e valores. Por isso, ela pode adotar certos mecanismos não convencionais para defender seus princípios e seus valores. São exemplos de mecanismos não convencionais: ajuda humanitária, envio da cruz vermelha, etc. O último recurso não convencional a ser utilizado é o da intervenção humanitária, mas é uma medida excepcional que consiste no envio de tropas para manutenção da paz. 
· SITEMA REGIONAL INTERAMERICANO
BASE: CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (1969) – Foi nessa convenção que criou-se o Pacto de San José da Costa Rica (só trata dos direitos de primeira geração). Ele foi criado em 1969 e foi inspirado no Pacto de Direitos Civis e Políticos de 1966. O Pacto, na sua origem, trazia apenas direitos da primeira geração/dimensão, ou seja, direitos relacionados às liberdades públicas fundamentais.
Apenas no ano de 1988, o Pacto sofreu as alterações trazidas pelo Protocolo de San Salvador, e com esse protocolo os direitos sociais passaram a fazer parte do Sistema Interamericano. 
O Brasil só aderiu ao Pacto de São José da Costa Rica em 1992, pelo decreto 678/92, em razão de na época de criação do pacto, o Brasil viver em uma ditadura. É sabido que o sistema interamericano de direitos possui órgãos de fiscalização, quais seja, Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Quando o Brasil aderiu ao Pacto, ele concordou a se sujeitar à fiscalização apenas da Comissão. Apenas em 1998, no governo de FHC, que o país passou a se sujeitar à fiscalização da Corte.
ORGÃOS: 
São órgãos de controle da aplicabilidade dos direitos humanos. Esses sistemas foram espelhados nos Sistemas Europeus
1. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS – Recebem petições que contenham denúncias de violação desses direitos que estão contidos do Pacto de San José da Costa Rica. Qualquer pessoa OU grupo de pessoas OU entidade governamental pode apresentar petições que contenham denúncias de violação à convenção. 
A comissão vai verificar se houve responsabilidade do Estado seja por ação ou omissão. Quando falamos do Estado aqui, estamos falando do País. 
Uma vez constatada a violação por parte do Estado, ela vai editar recomendações que o país deve seguir para resolver aquela situação, como por exemplo, adoção de medida cautelar, criação de leis, etc. Se dentro do prazo dado, o Estado não seguir as recomendações, a comissão remete o caso à Corte. 
A reclamação só vai chegar à Corte através da Comissão ou através da reclamação de outro Estado. 
Existe um requisito de admissibilidade para que a corte dê prosseguimento, que é a chamada regra do Esgotamento dos Recursos Internos. Imagine se todas as pessoas passarem a demandar à Corte de Direitos Humanos ao invés de demandar o judiciário de seu Estado? Se isso ocorre, a soberania dos países ia ficar completamente abalada. Por isso, devem ser esgotados os recursos internos do país, antes de recorrer à comissão. 
A regra do esgotamento admite exceções, quais sejam, garantias processuais violadas ou morosidade excessiva em auferir a responsabilidade por direitos humanos. 
Devemos nos atentar que um Estado só pode fazer reclamação sobre outro Estado se tiver aceitado a clausula de aceitação, que prevê para ele prestar reclamação, também pode ser alvo de reclamação. 
2. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
As decisões da Corte devem ser cumpridas. O Brasil se submete à Corte. Se o Estado não cumprir à decisão, a Corte deve encaminhar o caso à OEA, onde a assembléia geral da OEA vai decidir o que poderá ser feito. Se ela não enviar, nada vai acontecer já que a Corte não tem poder de executar suas decisões. Isso nunca aconteceu com o Brasil.
O Brasil já foi demandado pela Corte Interamericana no caso Damião Ximenez. Damião era um doente mental que encontrava-se internado em um hospício do Ceará onde sofria agressões dos médicos do hospital até morrer torturado. Houve processo no Brasil e os médicos foram absolvidos, contrariando as provas nos autos. A sentença transitou em julgado e o caso foi levado à Comissão, que fez recomendações ao Brasil e ele não cumpriu. A comissão remeteu o caso à Corte, que condenou o Brasil. 
No Brasil, a decisão da Corte deve ser cumprida na Justiça Federal. Ela não precisa ser homologada por juiz federal, porque ela não é uma decisão estrangeira, é uma decisão internacional. 
· SISTEMA EUROPEU
O modelo americano é baseado no sistema europeu.
BASE: CONVENÇÃO EUROPÉIA DE DIREITOS HUMANOS (1951) – Essa convenção criou dois órgãos: a Comissão e a Corte Européia de Direitos Humanos e ela, assim como a interamericana, tinham as mesmas funções. 
PROTOCOLO Nº 11
Em 1988 é lançado o protocolo nº 11 que extingue a Comissão Européia de Direitos Humanos, para se tornar mais célere o processo de responsabilização do Estado. 
CORTE EUROPÉIA DE DIREITOS HUMANOS
Qualquer pessoa pode demandar a Corte Européia, não precisa ser cidadão europeu. A sede da corte é em Estrasburgo. Por mais que o sistema americano tenha se baseado no sistema europeu, eles não se atualizaram e mudaram esse requisito de peticionar diretamente à Corte. Aqui, também existe a regra do Esgotamento dos Recursos Internos sob pena de violação da Soberania dos Estados. 
Ex.: A França, estipulou uma proibição anti-terrorismo, que proibia que as pessoas cobrissem o rosto ou cabeça com qualquer tipo de pano. Essa medida causou revolta das mulheres muçulmanas que moravam no País, já que a religião não permite que as mesmas mostrem seus cabelos. As meninas fizeram um grupo, protestando na justiça pelo direito de cobrirem seus cabelos conforme manda sua religião. A justiça negou, e como forma de protesto, as meninas rasparam a cabeça para irem ao colégio. O caso foi parar na Corte Européia que fez com que a proibição feita pela França, foi tirada de vigor em razão de afrontar os direitos humanos. As meninas não eram européias e mesmo assim demandaram perante à corte. 
DIREITO INTERNACIONAL DO DIREITO DO MAR
CONVENÇÃO DE MONTEGO BAY (1982) – ele divide o mar em determinadas zonas. Em cada zona, essa convenção decide os direitos que cada Estado costeiro possui e como eles vão poder explorar essas áreas. O Brasil é signatário dessa convenção. 
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM) é um tratado multilateral celebrado sob os auspícios da ONU em MontegoBay, Jamaica, a 10 de Dezembro de 1982, que define e codifica conceitos herdados do direito internacional costumeiro referentes a assuntos marítimos, como mar territorial, zona econômica exclusiva, plataforma continental e outros, e estabelece os princípios gerais da exploração dos recursos naturais do mar, como os recursos vivos, os do solo e os do subsolo. A Convenção também criou o Tribunal Internacionaldo Direito do Mar, competente para julgar as controvérsias relativas à interpretação e à aplicação daquele tratado.
O texto do tratado foi aprovado durante a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que se reuniu pela primeira vez em Nova York em dezembro de 1973, convocada pela Resolução no. 3067 (XXVIII) da Assembleia-Geral da ONU, de 16 de novembro do mesmo ano. Participaram da conferência mais de 160 Estados.
O Brasil, que ratificou a Convenção em dezembro de 1988, ajustou seu Direito Interno, antes de encontrar-se obrigado no plano internacional. A Lei n. 8.617, de 4 de janeiro adota o conceito de zona econômica exclusiva para as 188 milhas adjacentes.
A Convenção regula uma grande província do direito internacional, a saber, o direito do mar, que compreende não apenas as regras acerca da soberania do Estado costeiro sobre as águas adjacentes (e, por oposição, conceitua o alto-mar), mas também as normas a respeito da gestão dos recursos marinhos e do controle da poluição.
· ZONAS MARÍTIMAS
MAR TERRITORIAL – ele é contado da linha de base do litoral até 12 milhas marítimas (cada milha tem 1,3 km, 12 milhas são 23 km). Ao longo dessas 12 milhas, o Estado costeiro, pode explorar da maneira que quiser, porque faz parte do seu território e a soberania deve ser respeitada. Embarcações estrangeiras devem pedir autorização para entrar em mar territorial brasileiro. 
Existe o chamado direito de passagem inocente, que é uma exceção onde o país estrangeiro não precisa pedir autorização para o Brasil para ingressar em território nacional. Esse direito é assegurado pela convenção, assegurando que embarcações de outra bandeira possam transitar pelo mar territorial do estado costeiro sem pedir autorização. A embarcação não pode ancorar em lugar algum e nem entrar em mar interno. Apesar de não precisar pedir autorização, eles devem comunicar, para que o Brasil (estado costeiro) possa estabelecer as rotas de passagem. 
Os submarinos podem fazer passagem inocente. Mas eles devem subir para a superfície (emergir) e levantar sua bandeira.
O Estado Costeiro não pode impedir a passagem inocente, mas eles sempre devem ser avisados. 
ZONA CONTÍGUA –, contigua significa que é do lado do mar territorial. É a continuação do mar a partir das 12 milhas marítimas reservadas ao estado costeiro. A convenção prevê a extensão de mais 12 milhas, e conferiu alguns direitos do estado costeiro nessa área, como por exemplo, o direito de fiscalização e repressão ao crime na zona contígua. Ele pode e deve fiscalizar para coibir crimes.

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