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PESQUISA MERCADOLÓGICA Fabiana Tramontin Bonho Mercados e concorrentes Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o papel da análise de concorrentes na pesquisa de marketing. Descrever como fazer uma análise do mercado e identificar concorrentes. Explicar a influência do mercado nas decisões estratégicas da empresa. Introdução O ambiente competitivo do marketing é caracterizado por constantes mudanças. Na década de 1970, a estratégia do marketing estava funda- mentada na análise de todas as áreas da empresa, majoritariamente nos fatores internos da organização; atualmente, a estratégia do marketing está voltada aos três Cs: clientes, canais e concorrência. A maior ênfase vem sendo dada à análise dos concorrentes, uma vez que um mercado de muitos concorrentes pode determinar a saída de empresas menos preparadas em sua área de atuação. A diversidade de concorrentes em diferentes regiões — em escala local, nacional e global — exige das organizações reações imediatas, que devem ser sugeridas pelos profissionais do marketing ao se realizar a análise de concorrentes na pesquisa de marketing. Neste capítulo, você estudará aspectos inerentes ao papel da aná- lise de concorrentes na pesquisa de marketing, aprenderá como fazer uma análise do mercado e identificar concorrentes e compreenderá a influência do mercado nas decisões estratégicas da empresa e na implementação de uma estratégia mercadológica. C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 1 02/10/2018 17:02:08 Análise de concorrentes na pesquisa de marketing O ambiente competitivo do marketing é caracterizado por constantes mudanças, o que faz com que o processo de análise e interpretação dos dados disponíveis no mercado seja, também, adaptado e aperfeiçoado. Na década de 1970, por exemplo, a estratégia do marketing estava fundamentada na análise de todas as áreas da empresa, majoritariamente nos fatores internos da organização, como: produção, fi nanças, desenvolvimento, vendas, marketing, distribuição, clientes, entre outros. Atualmente, Wensley (2005) enfatiza que a estratégia do marketing está voltada aos três Cs, conforme demonstra a Figura 1, a seguir. Figura 1. O triângulo da estratégia dos três Cs. Fonte: Wensley (2005, p. 41). Inicialmente, o foco principal estava em estudos de posicionamento baseado em clientes, dentro de um espaço produto–mercado particular. Com relação aos canais ou cadeias de suprimento, seus aspectos têm sido vistos como uma questão estratégica de importância cada vez maior, com o objetivo de avaliar o provável impacto de estratégias independentes desenvolvidas pelos intermediários para a empresa. No entanto, uma maior ênfase vem sendo dada à análise dos concorrentes, que, no mínimo, deve habilitar aos profissionais do marketing para a exploração de uma nova oportunidade que é conhecida de todos, mas sem enfrentar significativa reação competitiva (WENSLEY, 2005). Mercados e concorrentes2 C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 2 02/10/2018 17:02:08 A concorrência é um fator importante a ser considerado pelas organizações e é uma variável fora das possibilidades de controle. Além da concorrência de produtos, existe, também, a concorrência a nível de empresas. Um mercado de muitos concorrentes pode determinar a saída de empresas menos preparadas em sua área de atuação. A diversidade de concorrentes em diferentes regiões, em escala local, nacional e global, exige das organizações reações imediatas, e essas devem ser sugeridas pelos profissionais do marketing ao se realizar a análise de concorrentes na pesquisa de marketing (LAS CASAS, 2009). “A concorrência é, com a tecnologia, uma das mais influentes e ágeis variáveis nos negócios da empresa” (LAS CASAS, 2015, p. 119). Dessa forma, com as constantes mudanças da concorrência, as empresas necessitam ajustar seus compostos de marketing, as adaptações devem ser mais frequentes e o monitoramento do mercado precisa ser constante, uma vez que o fator tempo torna-se estratégico e vital para o sucesso da empresa. Kotler e Keller (2006) ressaltam, ainda, que a construção de marcas fortes exige um profundo conhecimento da concorrência, que se acirra a cada dia. As ameaças dos concorrentes surgem de toda a parte: concorrentes globais, concorrentes virtuais, marcas próprias, marcas de lojas criadas para oferecer alternativas mais baratas e extensões de marcas criadas por marcas maiores e já consolidadas, a fim de alavancar seus pontos fortes e ingressar em novos segmentos. Para traçar e implementar com eficiência as melhores estratégias de marketing, as empresas devem estar atentas aos concorrentes. Os mercados se tornaram competitivos demais para que o foco se mantenha apenas no consumidor. Conforme Las Casas (2015), uma empresa normalmente encontra três tipos de concorrência: Concorrência de marca: concorrentes diretos de uma empresa, pois lidam com produtos similares: Exemplo: o Banco Itaú concorre dire- tamente com o Banco Bradesco. Produtos substitutos: são todos os produtos que competem entre si para satisfazer uma necessidade ou um desejo. Exemplo: um parque de diversão concorre com um cinema para satisfazer uma necessidade de entretenimento; um computador desktop concorre com laptops. Produtos gerais: em tese, todas as empresas concorrem entre si ao disputar o limitado poder de compra dos consumidores. Assim, os produtos que atendem às necessidades básicas do indivíduo concorrem com aqueles que proporcionam segurança, status, autoestima e autor- realização, além das necessidades criadas pela tecnologia. 3Mercados e concorrentes C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 3 02/10/2018 17:02:08 Ao dissertar sobre mercados e concorrentes, é fundamental ter conheci- mento das cinco forças competitivas propostas por Michael Porter (Figura 2). O autor acredita que o esforço dos empresários deve ser direcionado a fazer algo diferente daquilo que os concorrentes estão fazendo, e não apenas igual ou melhor, pois isso torna a organização homogênea, sem diferenciais com- petitivos. Para se ter vantagem sobre a concorrência, é necessário inovar, ou seja, fazer coisas de modo diferente ou combinar novas ideias que não sejam facilmente copiadas pelos concorrentes, como, por exemplo, evitar fazer diferenciais apenas em produtos — é importante, portanto, diversificar várias etapas do processo produtivo. Figura 2. As cinco forças que determinam a atratividade estrutural dos segmentos. Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 337). Confira, a seguir, uma descrição das cinco forças propostas por Porter. Ameaça de rivalidade intensa no segmento (concorrentes do setor): um segmento não é atraente se já possui concorrentes fortes e nume- rosos. É necessário observar alguns aspectos importantes: excesso de capacidade, ausência de diferenciação de produtos, produto no estágio de maturidade, custos fixos elevados, entre outros. São condições que Mercados e concorrentes4 C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 4 02/10/2018 17:02:08 levarão a guerras de preço, batalhas no campo de propagandas e lança- mento de novo produtos, o que tornará a competição onerosa (KOTLER; KELLER, 2006; LAS CASAS, 2015). Ameaça de novos concorrentes: a atratividade de um segmento varia conforme se configuram as barreiras à entrada e à saída desse segmento. Aspectos importantes a serem analisados são: exigência de muito capital, proteção por patentes e know-how, acesso de canais de distribuição, custos de mudança e diferenciação de produtos que seja percebida pelos consumidores (KOTLER; KELLER, 2006; LAS CASAS, 2015). Ameaça de produtos substitutos: um segmento não é atraente quando há substitutos reais ou potenciais para o produto, limitando os preços e os lucros do segmento (KOTLER; KELLER, 2006). Ameaça do poder de barganha cada vez maior dos compradores: um segmento não é atrativo seos compradores possuírem um grande poder de barganha ou em crescimento. O poder de barganha é maior quando os compradores se organizam e se concentram, quando o pro- duto representa uma parcela significativa dos custos do comprador, quando o produto não é diferenciado, quando os custos de mudança dos compradores são baixos e quando os compradores são sensíveis a preço devido às baixas margens de lucro. Desenvolver ofertas superiores que não possam ser rejeitadas por compradores de peso é um modo de defesa (KOTLER; KELLER, 2006). Ameaça do poder de barganha cada vez maior dos fornecedores: um segmento não é atraente se os fornecedores da empresa puderem elevar os preços ou reduzir as quantidades fornecidas. Desenvolver relações com os fornecedores em que todas as partes saiam ganhando ou usar várias fontes de fornecimento são formas de defesa (KOTLER; KELLER, 2006). Logo, entender os concorrentes e suas atividades pode garantir muitos benefícios à organização. Aaker (2012) enfatiza que o entendimento dos pontos fortes e fracos da estratégia atual de um concorrente pode sugerir oportuni- dades e ameaças que merecerão uma resposta desafiante. Informações sobre estratégias futuras do concorrente podem prever ameaças e oportunidades emergentes, e uma decisão acerca de alternativas estratégicas pode aumentar a capacidade de prever a provável reação dos concorrentes em potencial. Assim, a análise dos concorrentes pode resultar na identificação de algumas incertezas estratégicas que justificam um monitoramento próximo ao longo do tempo. 5Mercados e concorrentes C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 5 02/10/2018 17:02:08 Análise do mercado e a identificação de concorrentes Identifi car concorrentes não é tarefa fácil para uma empresa. A faixa de con- correntes reais e potenciais é bem mais ampla do que se imagina, uma vez que a empresa está mais propensa a ser atingida por novos concorrentes ou novas tecnologias do que por concorrentes já existentes. Com base em Kotler e Keller (2006), a análise do mercado para a identifi cação dos concorrentes pode dar-se do ponto de vista setorial da concorrência ou de mercado da concorrência. Um setor pode ser definido como “um grupo de empresas que oferecem um produto ou uma categoria de produtos que são substitutos próximos uns dos outros” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 239). A análise do setor se dá de acordo com a quantidade de vendedores e os níveis de diferenciação do produto; a presença, ou não, de barreiras à entrada, à mobilidade e à saída; as estruturas de custo; o grau de integração vertical e o grau de globalização. Quantidade de vendedores e níveis de diferenciação O ponto de partida para descrever um setor é especifi car a quantidade de fornecedores ou empresas vendedoras que atuam nele e defi nir se o produto é homogêneo ou altamente diferenciado. Essas características dão origem a quatro tipos de situação de mercado: Monopólio: esse mercado se dá quando determinado setor ou ramo tem apenas uma empresa vendendo em determinada região e, por isso, detém controle sobre os preços. Para o mercado, é ruim quando a si- tuação é monopolística, uma vez que os fornecedores se acomodam e os consumidores saem prejudicados. A marca Gatorade, por exemplo, chegou a ter quase 90% do mercado de bebidas isotônicas dirigidas para os praticantes de esportes (LAS CASAS, 2015). Oligopólio: uma pequena quantidade de (geralmente) grandes empre- sas vendem e controlam o mercado. A limitação desse mercado pode dar-se por diversas causas — uma delas corresponde à necessidade de altos investimentos de capital, limitando novas empresas a entrar no mercado. Exemplos de setores com altos investimentos que caracterizam o mercado oligopolista são os de aviação, telefonia, siderúrgico, entre outros (LAS CASAS, 2015). Mercados e concorrentes6 C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 6 02/10/2018 17:02:09 Concorrência pura: caracterizada por um grande número de concor- rentes e muitos consumidores. Nesse caso, não é difícil entrar e sair do mercado, por isso, são muito numerosos. Os produtos tendem a ser homogêneos, do tipo commodity, e a concorrência se dá em nível de preço, como, por exemplo, a venda de hortifrutigranjeiros (LAS CASAS, 2015). Concorrência monopolista: muitos concorrentes com ofertas de pro- dutos e serviços similares; no entanto, são capazes de diferenciar-se no todo ou em parte. As empresas têm condições de fazer constante diferenciação, agregando valor ao produto e impondo um preço premium, como, por exemplo, as marcas de grife (KOTLER; KELLER, 2006). Barreiras à entrada, à mobilidade e à saída Entre as principais barreiras para entrada, estão a necessidade de muito ca- pital, economias de escala, exigências de patentes e licenciamento, escassez de locais, matérias-primas ou distribuidores. Até mesmo depois que uma empresa ingressa no setor, ela pode enfrentar as barreiras à mobilidade ao tentar inserir-se em segmentos de mercado mais atraentes. As barreiras à saída consistem em restrições governamentais, baixo valor de patrimônio recuperável, obrigações legais perante clientes, credores e funcionários, falta de oportunidades alternativas, entre outros (KOTLER; KELLER, 2006). Estrutura de custos Cada setor possui certa composição de custos que moldará, em grande parte, sua conduta estratégica. Por exemplo, a indústria siderúrgica envolve custos elevados de fabricação e matéria-prima; já as fabricantes de brinquedos envol- vem custos elevados na distribuição e no marketing. Dessa forma, cada empresa trabalha para reduzir seus custos mais altos (KOTLER; KELLER, 2006). Grau de integração vertical As empresas consideram vantajosa a retrointegração ou à frente (integração vertical). Por exemplo, os principais produtores de petróleo atuam na explora- ção de petróleo, na perfuração de poços, no refi no do petróleo, na fabricação de produtos químicos e no atendimento a postos de gasolina. A integração vertical reduz os custos e a empresa ganha uma porção mais ampla do mercado (KOTLER; KELLER, 2006). 7Mercados e concorrentes C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 7 02/10/2018 17:02:09 Grau de globalização As empresas de setores globais precisam competir globalmente se quiserem alcançar economias de escala e manter-se atualizadas em relação aos avanços tecnológicos mais recentes, como, por exemplo, os setores do petróleo, motores para aeronaves e câmeras fotográfi cas (KOTLER; KELLER, 2006). No que se refere ao mercado da concorrência, concorrentes são empresas que atendem às mesmas necessidades dos clientes. Kotler e Keller (2006) enfatizam que os profissionais do marketing precisam superar a “miopia do marketing” e parar de definir a concorrência em termos de categorias tradicionais. Assim que a empresa identificar os principais concorrentes, ela deve descobrir suas estratégias, seus objetivos, suas forças e fraquezas. Aaker (2012) enfatiza que conhecer os pontos fortes e fracos do concorrente assegura informações fundamentais para a empresa desenvolver suas estratégias mercadológicas e identificar e selecionar planos alternativos. Um método é explorar um ponto fraco do concorrente em uma área em que a empresa possua um ponto forte existente ou em desenvolvimento. A estratégia deve confrontar o ponto forte da desafiante contra o ponto fraco da concorrente. Pode-se, também, evitar ou neutralizar os pontos fortes do concorrente. Além disso, a empresa deve desenvolver uma análise e monitorar três variáveis principais dos seus concorrentes — apresentadas, a seguir, com base em Las Casas (2015): Participação de mercado: participação do concorrente no mercado-alvo. Share of mind: percentual de clientes que mencionaram o nome do concorrente ao responder a questão: “Qual é o nome da primeira empresa que lhe vem à mente nesse setor de negócios?”. Share of heart (participação de preferência): percentual de clientesque mencionaram o nome do concorrente ao responder a questão: “Qual é a empresa da qual você preferiria comprar o produto X?”. Mercados e concorrentes8 C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 8 02/10/2018 17:02:09 Uma empresa pedia aos clientes que classificassem seus três concorrentes — A, B e C — com base em cinco atributos, conforme apresentado na tabela a seguir. Conscien- tização do cliente Quali- dade do produto Disponibi- lidade do produto Assis- tência técnica Equipe de vendas Concorrente A E E I I B Concorrente B B B E B E Concorrente C R I B R R Nota: E = Excelente, B = Bom, R = Regular, I = Insatisfatório. O concorrente A revelou-se conhecido e respeitado por fabricar produtos de boa qua- lidade, vendidos por uma boa equipe de vendas, mas também se mostrou insatisfatório no que dizia respeito à disponibilidade do produto e à assistência técnica. O concorrente B revelou-se bom em todos os aspectos e excelente no que se referia à garantia de disponi- bilidade do produto e à equipe de vendas. O concorrente C foi classificado de insatisfatório a regular na maioria dos atributos. Essas informações sugeriram que a empresa poderia atacar o concorrente A em relação à disponibilidade do produto e à assistência técnica e o concorrente C em relação a quase todos os aspectos, mas não deveria atacar o concorrente B, que não possui nenhuma fraqueza evidente. Em seguida, a empresa realizou o monito- ramento da participação de mercado, do share of mind e da participação de preferência (share of heart) de seus concorrentes. Os resultados estão evidenciados na tabela a seguir: Participação de mercado (%) Share of mind (%) Participação de preferência (%) 2000 2001 2002 2000 2001 2002 2000 2001 2002 Concorrente A 50 47 44 60 58 54 45 42 39 Concorrente B 30 34 37 30 31 35 44 47 53 Concorrente C 20 19 19 10 11 11 11 11 8 O concorrente A possui maior participação de mercado, mas está começando a perdê-la. Como explicação parcial, pode-se dizer que isso está relacionado com o fato de seu share of mind e sua participação de preferência também estarem diminuindo, provavelmente, porque a empresa não vem oferecendo boa disponibilidade de produto, tampouco assistência eficaz. O concorrente B está aumentando cada vez mais sua participação de mercado, provavelmente devido a estratégias para aumentar seu 9Mercados e concorrentes C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 9 02/10/2018 17:02:09 Logo, após ter identificado e analisado seus concorrentes, a empresa pode concentrar seu ataque em um dos seguintes grupos de concorrentes: Fortes versus fracos: a maioria das empresas direciona seus ataques aos concorrentes fracos, pois isso exige menos recursos; no entanto, a empresa deve competir igualmente com os concorrentes fortes para acompanhar os melhores; Próximos versus distantes: a maioria das empresas compete com os concorrentes que mais se parecem com elas, mas as empresas também devem identificar concorrentes distantes, como é o caso dos museus, que passaram a se preocupar com parques e shopping centers; Bons versus maus: a empresa deve auxiliar seus concorrentes bons e atacar os concorrentes maus. Os bons são os que atuam segundo as regras do setor; os maus tentam comprar participação em vez de conquistá-la, arriscam-se muito e tumultuam o equilíbrio do setor. A influência do mercado nas decisões estratégicas da empresa Sabe-se que o mercado contém muitas variáveis incontroláveis e controláveis que a afetam diretamente nas suas decisões estratégicas; contudo, a concor- rência, geralmente, é alvo de maiores considerações. No mercado, surgem concorrentes a todo momento, o que exige dos profi ssionais do marketing constantes adaptações das decisões estratégicas mercadológicas desenvol- vidas. A partir da identifi cação, análise e seleção dos concorrentes, etapas apresentadas anteriormente, é necessário o desenvolvimento de estratégias de marketing. O nível e o crescimento de vendas e participação de mercado fornecem indi- cadores importantes a serem analisados para a tomada de decisão empresarial. A manutenção de uma posição forte no mercado ou a obtenção de crescimento rápido, geralmente, refletem um concorrente forte e uma estratégia bem-suce- share of mind e sua participação de preferência. O concorrente C parece estar preso em um nível inferior de participação de mercado, de share of mind e de participação de preferência, possivelmente devido à inferioridade dos atributos de seus produtos e de seu marketing. “Pode-se concluir que as empresas que conquistam ganhos constantes em share of mind e participação de preferência inevitavelmente alcançam ganhos em participação de mercado e em lucratividade” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 343). Mercados e concorrentes10 C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 10 02/10/2018 17:02:09 dida. Entretanto, uma posição de mercado deteriorada pode sinalizar esforços financeiros ou organizacionais passíveis de afetar o interesse e a capacidade da empresa de adotar certas estratégias (AAKER, 2012). As estratégias de marketing podem ser abordadas a partir das lições de guerra e discutidas sob a ótica das estratégias de ataque e defesa. Estratégias de ataque Empresas que normalmente atacam são aquelas que querem obter situação mais privilegiada em algum mercado. Seu princípio básico é a concentração nos seus pontos fortes e nos pontos fracos da concorrência. Veja, no Quadro 1, possibilidades diferentes de ataques. Fonte: Adaptado de Las Casas (2015, p. 17). Ataque frontal A empresa ataca seu adversário frente a frente. Nesse caso, ela precisa ter recursos para obter resultados ou, então, vantagens suficientes para manter sua posição. Ela certamente terá um contra-ataque da empresa atacada, que procurará manter sua posição. Por isso, talvez essa seja uma das mais perigosas estratégias de marketing. Ataque pelos flancos Consiste em procurar competir em áreas geográficas, países ou mercados locais onde a concorrência apresenta muitos pontos fracos. Geralmente, os ataques ocorrem quando esses concorrentes apresentam alguns pontos fracos e os clientes não estão sendo bem atendidos. Pode ser, também, o lançamento de um novo produto. Ataque em círculos O objetivo do ataque em círculos é o de atacar muitas frentes ao mesmo tempo, deixar o concorrente obrigado a espalhar os seus recursos e enfraquecê-lo. Como a ideia é muitas frentes ao mesmo tempo, a estratégia requer um bom investimento. Ataque por by-pass (circuito secundário) A empresa procura atender novos mercados e lançar novos produtos. A empresa diversifica, evitando conflitos. Ataque por guerrilha O ataque é feito de forma constante, mas consistindo em pequenos ataques. Geralmente, o atacante faz uma investida e recua. Quadro 1. Estratégias de ataque 11Mercados e concorrentes C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 11 02/10/2018 17:02:09 Partindo das cinco amplas estratégias de ataque, Kotler e Keller (2006, p. 354) apresentam o desenvolvimento das seguintes estratégias de ataque específicas para as desafiantes: Desconto no preço: pode-se oferecer um produto similar a um preço mais baixo. Para isso, são necessárias três condições: a desafiante deve convencer os compradores de que seu produto e serviço são similares aos da líder; os compradores devem ser sensíveis à variação de preço; e a líder de mercado deve recusar-se a reduzir o preço, mesmo com o ataque da concorrente. Produtos mais baratos: a desafiante pode oferecer um produto de qualidade média ou baixa a um preço muito menor. No entanto, as empresas que se estabelecem com essa estratégia podem ser atacadas por outras com preços ainda menores. Produtos e serviços bons e baratos: consiste em combinar preços bai- xos a alta qualidade para capturar a participação de mercado das líderes. Produtos de prestígio: a desafiante pode lançar um produto de quali- dade superior e cobrar umpreço mais alto que o da líder. Proliferação do produto: a empresa desafiante pode atacar a líder lançando uma variedade mais ampla de produtos, a fim de oferecer mais opções ao consumidor. Inovação do produto: a desafiante busca inovação do produto. Melhores serviços: a desafiante disponibiliza novos ou melhores ser- viços aos clientes. Inovação na distribuição: a desafiante desenvolve um novo canal de distribuição. Redução dos custos de produção: conseguir custos de produção me- nores por meio de compras mais eficientes, mão de obra mais barata e equipamentos de produção mais modernos. Promoção e propaganda intensivas: atacar as líderes de mercado aumentando gastos em propaganda e promoções. Mercados e concorrentes12 C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 12 02/10/2018 17:02:09 A coreana Samsung, fabricante de produtos eletrônicos de consumo, utilizou diversas estratégias de desafiante para ultrapassar as fabricantes japonesas e começar a superar suas vendas e uma ampla gama de produtos. Assim como muitas outras empresas asiáticas, a Samsung preferia domínio de volume e mercado em vez de lucratividade. No entanto, durante a crise financeira asiática do fim dos anos 1990, quando grandes conglomerados coreanos afundaram sob uma montanha de dívidas, a Samsung adotou uma conduta diferente. Cortou custos e investiu pesado na flexibilidade da manufatura: é graças a ela que seus produtos passam da fase do projeto para as prateleiras das lojas em apenas seis meses. Além disso, a empresa busca com voracidade a inovação, usando o salto tecnológico para fabricar telefones celulares de alta tecnologia que são campeões de vendas no mundo todo (KOTLER; KELLER, 2006, p. 354-355). Estratégias de defesa São as estratégias que se contrapõem aos ataques da concorrência. No Quadro 2, a seguir, você pode conferir uma explicação sobre cada uma dessas estratégias defensivas. Defesa de posição A empresa fortalece sua posição atual. Procura, com isso, tornar forte um ponto fraco, defendendo sua posição e assegurando seu produto e mercado. Assim, empresas que fabricam determinado produto procuram investir em verticalização, comprando fábricas de componentes, embalagens, etc. Defesa de flanco A empresa procura defender sua posição atual por meio da entrada em novos segmentos ou, então, reforçando algum ponto fraco que tenha. Defesa antecipada “A melhor defesa é o ataque” é o princípio ativo dessa forma de defesa, em que uma das possibilidades é atacar o inimigo antes que ele comece a ofensiva. O ataque pode ser qualquer das alternativas anteriormente recomendadas como estratégias de ataque. Quadro 2. Estratégias de defesa (Continua) 13Mercados e concorrentes C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 13 02/10/2018 17:02:10 Contudo, algumas empresas preferem utilizar estratégias antiguerra para competir no mercado, uma vez que os recursos que seriam usados para combater o inimigo concorrente são direcionados para a satisfação dos clientes por meio de patrocínios de eventos culturais ou de lazer. O marketing social, cultural e do terceiro setor são atividades que têm obtido cada vez mais adeptos — e os investimentos oferecem até incentivos fiscais para os que aplicam. Atualmente, investir no social pode ser uma forma mais adequada de se obter simpatia e fidelidade dos clientes e consumidores em potencial (LAS CASAS, 2015). Fonte: Adaptado de Las Casas (2015, p. 17). Defesa contra- ofensiva Sempre que uma empresa for atacada, ela deve reagir e procurar contra-atacar. Uma empresa que reduz o preço ou faz uma propaganda comparativa contra o concorrente deve ter uma reação imediata. Notícias negativas, muitas vezes geradas pela própria concorrência, podem ser prejudiciais. Portanto, para o contra-ataque, é possível usar ferramentas variáveis de marketing como relações públicas, promoção de vendas, propaganda, dependendo da ferramenta usada para o ataque. Defesa móvel A empresa procura ampliar a sua exposição, atacar mercados que ainda não foram atacados anteriormente e subsidiar outras posições da empresa para servir como futuros centros de defesa e ataque. Defesa por retração A empresa reconhece que deve retirar-se estrategicamente de algum mercado por já não defender mais seu território. Muitas vezes, a retirada é total, mas, em grande parte das vezes, visa a concentração do foco. Quadro 2. Estratégias de defesa (Continuação) Mercados e concorrentes14 C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 14 02/10/2018 17:02:10 1. Para traçar e implementar com eficiência as melhores estratégias de marketing, as empresas devem estar atentas aos concorrentes. Las Casas (2015) comenta que existem três tipos de concorrência. Assinale a alternativa que corresponde às características com a concorrência correta. a) Concorrência de marca: em tese, todas as empresas concorrem entre si ao disputar o limitado poder de compra dos consumidores. Assim, os produtos que atendem às necessidades básicas do indivíduo concorrem com aqueles que proporcionam segurança, status, autoestima e autorrealização, além das necessidades criadas pela tecnologia. b) Produtos substitutos: considerados concorrentes diretos de uma empresa, pois lidam com produtos similares. Exemplo: um parque de diversão concorre com um cinema para satisfazer uma necessidade de entretenimento; um computador desktop concorre com laptops. c) Produtos gerais: são todos os produtos que competem entre si para satisfazer uma necessidade ou um desejo. Exemplo: o Banco Itaú concorre diretamente com o Banco Bradesco. d) Produtos substitutos: são todos os produtos que competem entre si para satisfazer uma necessidade ou um desejo. Exemplo: um parque de diversão concorre com um cinema para satisfazer uma necessidade de entretenimento; um computador desktop concorre com laptops. e) Produtos gerais: são todos os produtos que competem entre si para satisfazer uma necessidade ou um desejo. Exemplo: o Banco Itaú concorre diretamente com o Banco Bradesco. 2. Las Casas (2015) relata que a empresa, primeiramente, deverá identificar os seus principais concorrentes; em seguida, deverá descobrir suas estratégias, seus objetivos; depois, desenvolver uma análise e monitorar três variáveis de seus concorrentes. Marque a alternativa que apresenta as variáveis apresentadas pelo autor. a) Participação de mercado, share of mind, share of heart. b) Participação de mercado, market share, market of mind. c) Market of heart, participação de mercado, share of mind. d) Participação de cenário, share of mind, share of heart. e) Market of heart, participação de cenário, market of mind. 3. Existem algumas estratégias de marketing que são desenvolvidas baseadas em lições de guerra; dentre elas, temos a estratégia de ataque e a de defesa. Assinale a alternativa que apresenta somente estratégias de ataque. 15Mercados e concorrentes C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 15 02/10/2018 17:02:10 a) Ataque pelos flancos, ataque em círculos, ataque horizontal, ataque primário. b) Ataque pelos flancos, ataque frontal, ataque em círculos; ataque por by-pass; ataque por guerrilha. c) Ataque pelos fracos, ataque em vertical, ataque por guerrilha, ataque de posição. d) Ataque por by-pass, ataque antecipado, ataque móvel, ataque pelos francos. e) Ataque frontal, ataque por retração, ataque em círculos, ataque por by-pass. 4. As empresas estão inseridas dentro de quatro tipos de estrutura de mercado: monopólio, oligopólio, concorrência monopolista e concorrência pura. Assinale a alternativa que apresenta características e um exemplo de uma estrutura de mercado. a) Oligopólio: esse mercado se dá quando determinado setor ou ramo tem apenas uma empresa vendendo em determinada região. Exemplo: a Petrobrás em relação à exploração do petróleo em águas profundas no Brasil. b) Monopólio:uma pequena quantidade de (geralmente) grandes empresas vendem e controlam o mercado. Exemplo: a Petrobrás em relação à exploração do petróleo em águas profundas no Brasil. c) Concorrência pura: muitos concorrentes com ofertas de produtos e serviços similares, mas que são capazes de se diferenciar no todo ou em parte. Exemplo: mercado de restaurante, pois em cada cidade existem centenas de restaurantes com grande variedade de comida, preços e serviços. d) Concorrência monopolista: caracterizada por um grande número de concorrentes e muitos consumidores. Nesse caso, não é difícil entrar e sair do mercado; por isso, são muito numerosos. Exemplo: academia de ginástica. e) Monopólio: esse mercado se dá quando determinado setor ou ramo tem apenas uma empresa vendendo em determinada região. Exemplo: a Petrobrás em relação à exploração do petróleo em águas profundas no Brasil. 5. As estratégias de defesa são estratégias que se contrapõem aos ataques da concorrência. Assinale a alternativa que apresenta o conceito correto de umas das estratégias de defesa. a) Defesa de posição: dizem que a melhor defesa é o ataque. Esse é o princípio ativo dessa forma de defesa em que uma das possibilidades é atacar o inimigo antes que ele comece a ofensiva. b) Defesa de posição: a empresa procura defender sua posição atual por meio da entrada em novos segmentos ou, então, reforçando algum ponto fraco que tenha. c) Defesa móvel: a empresa procura ampliar a sua exposição. Atacar mercados que ainda Mercados e concorrentes16 C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 16 02/10/2018 17:02:10 não foram atacados, subsidiar outras posições da empresa para servir como futuros centros de defesa e ataque. d) Defesa por retração: a empresa fortalece sua posição atual. Procura, com isso, tornar forte um ponto fraco, defendendo sua posição e assegurando seu produto e mercado. e) Defesa contra-ofensiva: consiste na empresa reconhecer que deve retirar-se estrategicamente de algum mercado por já não defender mais seu território. AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing: a bíblia do marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2006. LAS CASAS, A. L. Administração de marketing: conceitos, planejamento e aplicações à realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2015. LAS CASAS, A. L. Marketing: conceitos, exercícios, casos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009. WENSLEY, R. Os conceitos básicos da estratégia de marketing. In: BAKER, M. J. (Org.). Administração de marketing: um livro inovador e definitivo para estudantes e profis- sionais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 17Mercados e concorrentes C07_PESQ_MERC_Mercados_e_concorrentes.indd 17 02/10/2018 17:02:10 Conteúdo: