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Apelaçao Civil

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EXCELENTÍSSIMO JUIZO DA __ ª VARA CIVEL DA COMARCA DE LONDRINA DO FORO DO PARANÁ.
 
 PROCESSO N°: XXXXXXXXXXX
Julião e sua esposa Ruth, já qualificados nos autos em epígrafe, por seu advogado e bastante procurador que esta subscreve, procuração em anexo (Doc), com escritório profissional situado na (Rua), (número), (bairro), (CEP), (Cidade), (Estado), propor a presente
APELAÇÃO
Contra a r. sentença de fls..., proferida por esse D. juízo, na ação que move em face de Marcos e João., também já qualificados nos autos, nos termos das razões de fato e de direito apresentadas na minuta em anexo.
Requer, outrossim, que seja o presente recurso recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo, intimando-se a parte contrária para, querendo, apresentar suas contrarrazões no prazo legal.
Requer em seguida, a remessa dos autos para o e. Tribunal de Justiça para processamento, conhecimento e julgamento.
Por fim, requer a juntada das custas de preparo e porte de remessa e retorno.
Com fulcro nos artigos 218, 219, 223, 224, 1.003, §5, 1.009 e 1.014 ambos do CPC/2015.
Termos em que pede deferimento.
Local... Data...
Advogado
 OAB
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇÃO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
RAZÕES DE APELAÇÃO
APELANTE: Julião e Ruth
APELADO: Marcos e João
EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, 
NOBRES JULGADORES 
I- DOS FATOS
Os apelantes são proprietários do imóvel, conforme registro de matrícula anexada, tendo feito um contrato verbal de locação com João e Marcos (locatários), por prazo indeterminado, fixando o valor mensal do aluguel em R$ 300,00, que nunca foi pago. Também, ficou acordado que os locatários pagariam todos os impostos e as contas de água e luz. Os apelantes espantaram-se com o fato de que João, locatário, buscou a usucapião do imóvel locado. Os apelantes relatam, também, que nunca buscaram na Justiça os valores devidos porque sabiam das dificuldades financeiras de João e Marcos, mas que, agora, desejam que lhes sejam pagos todos os aluguéis devidos e, ainda, pretendem o despejo dos inquilinos.
Todos os réus foram citados e apresentaram suas defesas e, após a coleta de provas, o magistrado proferiu sentença em julgamento antecipado do mérito, alegando não haver necessidade de produção de outras provas.
Além disso, fundamentou sua sentença e afastou as preliminares de inépcia da inicial por ausência de consentimento do companheiro e de ilegitimidade ad processum por não observância do art. 595, do Código Civil de 2002, e no mérito entendeu pela procedência da ação de usucapião e pela improcedência da reconvenção, tendo o juízo fundamentado sua decisão nos seguintes argumentos: a) não há necessidade de consentimento do companheiro, pois o art. 73, caput, do CPC/15, exige o consentimento apenas dos cônjuges; b) a não observância do art. 595, do Código Civil de 2002, apenas pode ser alegado pelo analfabeto; c) não restou comprovada a existência de contrato verbal de locação entre as partes. 
Irresignada, os apelantes interpõe o presente recurso no qual pleiteia a reforma da decisão para jugar procedente a contestação de usucapião com reconvenção de despejo com cobrança de aluguéis.
II- DO DIREITO
III.I Da Reconvenção 
Nos termos do art. 343, do CPC/2015, os reconvintes propõe contestação c/c reconvenção.
O artigo 343 diz o seguinte:
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
 § 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
 § 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção. [...]
Como apresentado neste pleito, o reconvindo não cumpriu o acordado com o reconvinte.
Vale ressaltar que em nenhum momento na inicial houve o consentimento do cônjuge do reconvindo, conforme o artigo art.73, caput, do CPC/15:
Art.73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens;
III.II Da inexistência de animus domini
Em que pesem os argumentos abalizados pelo autor, o pleito de usucapião demonstra-se descabido, porquanto, como será aqui exaurido, não há falar, por parte dos requerentes, em legítimo exercício de posse do imóvel objeto da presente demanda, mas sim em mera detenção daquele. 
Conforme o Código Civil dispõe:
“Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.”- Grifei
Assim, é a literal disposição legal que, para a ocorrência da usucapião rural, dentre outros requisitos, o possuidor deve possuir como seu terreno em imóvel rural, por cinco anos ininterruptos, o que, data vênia, não ocorreu na hipótese, pois os autores não possuíam o imóvel em comento como se donos fossem, ou seja não gozavam de animus domini, mas apenas ali residiam sob a qualidade de locatário, isto é, inquilinos dos requeridos com fins residenciais.
A situação fática acima restará evidenciada de maneira incontroversa ao fim da instrução da presente demanda, quando se provará, por meio de prova testemunhal, a existência de contrato verbal de locação avençado entre o requerente e os requeridos, o qual, umas vez reconhecido pelo douto Juízo, será apto a afastar o requisito da posse com animus domini, prejudicando, assim, o pleito principal de usucapião.
Isso porque, conforme a doutrina prevalente, aquele que possui sem a intenção de ter a coisa como se fosse o dono, ou seja, desprovido de animus domini, tal como exemplo o locatário (como é o caso na presente lide), não poder exercer sobre a res pretensão de usucapião.
Nesse sentido:
“[...] A intenção de possuir o imóvel como um proprietário (animus domini) é [...] requisito indispensável à configuração da posse ad usucapionem. Por ele objetiva a lei [...] descartar a hipótese de usucapião pelo detentor (empregado ou preposto do possuidor) ou por quem tem o uso ou a fruição do imóvel em razão de negócio jurídico celebrado com o proprietário (locatário, usufrutuário, comodatário etc.) [...] O possuidor desprovido de animus domini, que não age como dono da coisa, está disposto a entrega-la ao proprietário tão logo instado a fazê-lo. A situação de fato em que se encontra não se incompatibiliza com o exercício, pelo titular do domínio, do direito de propriedade. [...]” (COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 3:direito das coisas, direito autoral- 4. Ed.- São Paulo: Saraiva, 2012, versão digital, pp.194/1950- grifei.
A cognição acima também é aplicável àquele que possui a coisa em virtude de contrato verbal de locação, como é o caso do reconvindo, pois tal pacto, objetivamente, obsta o reconhecimento da usucapião, porquanto não subsiste, em tal hipótese, animus domini do possuidor que se vale do imóvel por tal título.
Nesse prisma, também é o entendimento jurisprudencial predominante no egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais:
AÇÃO DE USUCAPIÃO. REQUISITOS. NÃO DEMONSTRADOS. POSSE SEM "ANIMUS DOMINI". MERA PERMISSÃO OU TOLERÂNCIA. POSSE AD USUCAPIONEM. NÃO COMPROVAÇÃO. (TJ-MG - AC: 10710110033085001 MG, Relator: Marcos Lincoln, Data de Julgamento: 06/05/2015,  Câmaras Cíveis / 11ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 13/05/2015) 
1. Nos termos do artigo 497 do Código Civil de 1916, "não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância, assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou clandestinidade". 2. A procedência do pedido de usucapião extraordinária exige a comprovaçãode que o autor detém a posse do imóvel pelo tempo previsto na legislação, de forma ininterrupta, sem oposição e, principalmente, com ânimo de dono. 3. A falta ou ausência de qualquer desses requisitos acarreta a improcedência do pedido. 4. A posse por mera permissão ou tolerância do proprietário inviabiliza a aquisição do domínio via usucapião, ante a ausência do pressuposto de ocupação com "aninus domini". 
III. III Do contrato de locação
Conforme supramencionado, os reconvintes teriam firmado contrato verbal de locação com os reconvindos, por prazo indeterminado, fixando o valor mensal do aluguel em R$ 300,00, que nunca foram pagos, bem como, também acordaram que os locatários pagariam todos os impostos e as contas de água e luz.
Sendo assim, os reconvintes pretendem que lhes sejam pagos todos os aluguéis devidos e, ainda, pretendem o despejo dos inquilinos.
Portanto, com base no art. 9º, III, da Lei 8.245/91 requer que a locação seja desfeita, bem como, com fulcro no art. 47 de referida acima citada requer o imóvel.
Nesse sentido, esse é o entendimento jurisprudencial:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL- AÇÃO DE DESPESJO POR FALTA DE PAGAMENTO CUMULADA COM COBRANÇA DE ALUGUÉIS E ACESSÓRIOS DA LOCAÇÃO- ABANDONO DO IMÓVEL NÃO CONSTATADO- PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 1. Nos termos do art. 63 e seguintes, Lei nº 8.245/91, julgada procedente a ação de aluguel de despejo fundada da falta de pagamento do aluguel e demais encargos da locação, o juiz determinará a expedição de mandado de despejo, concedendo o prazo de 15 (quinze) dias para a desocupação voluntária, a contar da data da notificação do locatário, findo o qual será efetuado o despejo se necessário com emprego de força, inclusive arrombamento. 2. Apelação provida.
(TJ-MG- AC: 10000191236348001 MG, Relator: José Arthur Filho, Data do Julgamento: 12/11/2019, Data de Publicação: 25/11/2019)
Assim como, os reconvindos usufruíram do imóvel que se encontra sobresponsabilidade do Reconvinte, este igualmente deve ter a obrigação de quitar seus débitos, visto que assumiu compromisso e não os honrou. Nesse sentido, há entendimento jurisprudencial:
APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO CUMULADA COM COBRANÇA DE ALUGUÉIS –
CONTRATO VERBAL DE LOCAÇÃO RESIDENCIAL – INADIMPLEMENTO RECONHECIDO PELA LOCATÁRIA -ALEGADA AUSÊNCIA DE RECURSOS FINANCEIROS QUE NÃO AFASTA A PROCEDÊNCIA DO PEDIDO DESALIJATÓRIO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO.A ausência de recursos financeiros não tem o condão de, por si só, afastar a procedência do pedido de despejo fundado na falta de pagamento dos aluguéis, até porque, nos termos do art. 17 da Lei n. 8.245/91, é livre a convenção do aluguel, cabendo ao inquilino, a partir da celebração do contrato locatício, pagar pontualmente o aluguel e encargos da locação, legal ou contratualmente exigíveis, ex vi do art. 23, inc. I, do mesmo Diploma Legal. (TJSC – Segunda Câmara de Direito Civil AC n. 2005.013185-0 Rel. Mazoni Ferreira. Julgado dia 24/11/2005).
As atitudes desonestas dos Reconvindos caracterizam visivelmente sua tentativa de enriquecimento ilícito, visto que estes não pagaram alugueres por meses, residindo de graça em um imóvel que não lhe pertence.
III- DOS PEDIDOS
 Ante o exposto, requer que Vossa Excelência se digne de processar o presente na forma prevista no Código de Processo Civil, ao final, dar provimento ao recurso para o fim de reformar a sentença proferida pelo D. juízo a quo, julgando procedente o pedido inicial com a decretação de nulidade da sentença, com inversão do ônus sucumbencial.
Nestes Termos, 
Pede Deferimento. 
xxxxxxxx 
OAB/XX

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