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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ JOÃO [nome completo], [nacionalidade], em união estável, trabalhador rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], residente e domiciliado na Rua das Bromélias, nº 100, na cidade de Londrina/PR, CEP nº. devidamente representado por seu advogado (procuração anexa), vem respeitosamente à presença de Vossa excelência expor a presente AÇÃO DE USUCAPIÃO RURAL em face de JULIÃO [nome completo], [nacionalidade], casado, [profissão], [número do CPF], [endereço eletrônico], RUTH, [nome completo], [nacionalidade], casado, [profissão], [número do CPF], [endereço eletrônico], ambos residentes e domiciliados no [endereço completo], pelos motivos fáticos e fundamentos jurídicos expostos a seguir. I – DOS FATOS Conforme depreende-se do consentimento constante em declaração anexa à exordial (doc. anexo), o autor e seu companheiro Marcos, têm a posse mansa, pacífica e ininterrupta do imóvel rural, registrado sob o nº (...), no Cartório de Registro de Imóveis (certidão anexa), com área e 35 hectares, conforme planta anexa, situado à Rua das Bromélias, nº 100, na cidade de Londrina/PR. O imóvel supradescrito encontrava-se abandonado quando o autor, após tomar sua posse, construiu uma casa, na qual mora até a presente data. Desde então, passou a tirar da terra seu próprio sustento e o de sua família. Deste modo, desde a tomada de referida posse, o autor cuidou do imóvel com animus domini pagando todos os tributos relacionados a ele desde então, segundo se infere dos carnês de IPTU devidamente pagos anexados à presente petição inicial, sendo certo o fato de que nunca ninguém apareceu para reivindicar a propriedade do referido imóvel. Consigna-se, desde já, que o autor nunca foi proprietário de qualquer imóvel, e, apresenta esta ação para regularizar a sua situação perante o imóvel objeto da presente. II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS Extrai-se do comando constitucional insculpido pelo artigo 191, caput, a hipótese legal que fundamenta a presente demanda, onde o legislador constituinte define as bases gerais para requisição de usucapião de imóvel rural, conforme passa-se a expor: Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Mencionado instituto jurídico é mais bem detalhado pelo Código Civil em seu artigo 1.239 que estabelece: Art. 1.239 Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Em vista dos requisitos gerais e específicos dispostos pela constituição e pelo Código Civil, passa-se a argui-los diante das provas de fato e de direito atinentes ao atendimento deles ao presente caso. Conforme preleciona a melhor doutrina, a posse ensejadora da usucapião deve ser exercida com animus domini, sendo considerado como o mais importante de seus requisitos, vez que atua como base de sustentação do próprio instituto. Nesse sentido, valiosa é a lição do Mestre Orlando Gomes, em especial, quando acrescenta, em relação ao tema em construção, com bastante propriedade, que: “A posse que conduz à Usucapião, deve ser exercida com animus domini, mansa e pacificamente, contínua e publicamente. a) O animus domini precisa ser frisado para, de logo, afastar a possibilidade de Usucapião dos fâmulos da posse. (…) Necessário, por conseguinte, que o possuidor exerça a posse com animus domini. Se há obstáculo objetivo a que possua com esse animus, não pode adquirir a propriedade por usucapião. (. .) Por fim, é preciso que a intenção de possuir como dono exista desde o momento em que o prescribente se apossa do bem. (GOMES, 1996, p. 166 apud Desembargador Raimundo Siqueira Ribeiro, in Ementa Apelação Cível nº. 35970111437 – Usucapião Extraordinário, Rel. Desembargador Raimundo Siqueira Ribeiro, Data da Publicação no Diário: 20.09.2010)”. Deste modo, destaca-se que a posse exercida pelo autor sob o imóvel, é exercida com animus domini, tornando hábil de ser usucapido o objeto da presente demanda. Ademais, não se trata de imóvel público, que, como se sabe, existe vedação expressa na Constituição Federal segundo extrai-se da inteligência do artigo 183, § 3º. Tal aspecto resta incontroverso ante a análise da matrícula do imóvel anexa. No que se refere à qualidade da posse, não resta dúvida se tratar de posse qualificada (ad usucapionem), pois o autor sempre agiu com animus domini, isto é, como se dono fosse. Tanto é verdade que construiu uma casa e pagou anualmente o IPTU do imóvel (docs. anexos), perfazendo a exigência de posse mansa, pacífica e ininterrupta. Quanto a fixação de prazo legal mínimo da posse mansa, pacífica e ininterrupta, conforme determina o artigo 191, caput, da Constituição Federal e 1.239, do Código Civil, qual seja, cinco anos, resta cumprido no presente caso, já que o autor permanece na posse há nove anos, conforme demonstram os documentos anexos. Como se verifica com a jurisprudência, o requisito de anos, consta cumprido: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL PRO LABORE. ARTIGO 1.239 DO CÓDIGO CIVIL. REQUISITOS. AUSÊNCIA. INDEFERIMENTO MANTIDO. - Para que seja deferido o pedido de aquisição da propriedade de área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, com base em posse ad usucapione, o pretendente deve provar tê-la exercido por cinco anos ininterruptos, que tornou o imóvel produtivo por seu trabalho ou de sua família e nele fixou moradia. - A ausência de qualquer de tais requisitos impõe a improcedência da pretensão. (TJ-MG - AC: 10335070093489001 MG, Relator: Luiz Carlos Gomes da Mata, Data de Julgamento: 23/05/2013, Câmaras Cíveis / 13ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 29/05/2013) Ainda sobre o tema é importante frisar que o autor faz prova de que no local do imóvel desempenha atividade produtiva, conforme farta documentação anexa, requisito este, que deve ser comprovado pelo autor em conjunto com o lapso temporal mínimo de cinco anos, conforme destaca-se do entendimento jurisprudencial, que é majoritário: TJMG - Apelação Cìvel AC 10327120000432001. EMENTA APELAÇÃO CÍVEL - USUCAPIÃO RURAL ESPECIAL - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS DOS ARTIGO 1.239 DO CÓDIGO CIVIL - ONUS DO AUTOR - IMPROCEDÊNCIA CONFIRMADA. Na usucapião rural especial, compete ao autor fazer prova não só do tempo de posse exigível, com ânimo de dono e de forma pacífica e sem oposição, mas também, prova de que, a área se tornou produtiva com a força do seu trabalho ou da família e com moradia. Não havendo tal prova nos autos, alternativa outra não resta, senão em confirma a improcedência do pedido inicial. (grifos nossos) No que pertine ao preenchimento dos requisitos específicos, frise-se que todos encontram-se presentes, uma vez que a área do imóvel rural é inferior a 50 hectares, bem como o autor declara sob as penas da lei que não possui qualquer outro imóvel em seu nome. Destarte, o autor atende a todos os requisitos constitucionais e legais, preenchendo as condições para que seja declarado seu o domínio da propriedade. III – DOS PEDIDOS EX POSITIS, requer o autor pela integral procedência da presente ação e, em especial, pugna pelo atendimento dos seguintes pedidos: a) Citação do réu pelo correio, nos moldes dos artigos 246 e 248, ambos do Código deProcesso Civil, para que apresente contestação, sob pena de revelia, conforme previsto no artigo 344 do Código de Processo Civil, incluindo também a citação dos possuidores dos imóveis confinantes: FAZENDA DA Paz Ltda. e dos cônjuges Francisco e Rosa, nos endereços indicados no documento anexo (que demonstra a situação de vizinhança, nos termos do artigo 246, § 3º, do Código de Processo Civil). b) Cientificação das Fazendas Públicas Municipal, Estadual e da União. c) O autor declara seu desinteresse na autocomposição nos termos do artigo 334, § 5º do Código de Processo Civil. d) Requer-se a produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial, a produção de prova testemunhal, conforme artigo 442, do Código de Processo Civil, para demonstrar a presença dos elementos da usucapião rural. e) Pugna-se pela procedência integral da presente ação, especialmente para o fim de que seja declarado o domínio do autor sobre o imóvel. f) Requer-se a condenação da parte requerida ao pagamento dos honorários advocatícios, das custas e das despesas processuais, nos termos dos artigos 82, § 2º, e 85, ambos do Código de Processo Civil. g) Pede-se remessa dos autos ao Ministério Público a fim de proferir seu parecer preliminar, bem como proceda ao acompanhamento da presente ação. h) Protesta pela juntada das guias de recolhimento de custas processuais. Atribui-se à causa o valor de R$ (...), calculado conforme artigo 292, IV, do Código de Processo Civil. Londrina, dia, mês e ano. Nome do advogado e número de inscrição na OAB EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ Processo nº JULIÃO [nome completo], casado, [profissão], [número do CPF], [endereço eletrônico], e RUTH [nome completo], casada, [profissão], [número do CPF], [endereço eletrônico], ambos residentes e domiciliados no [endereço completo], devidamente representados por seu advogado (procuração anexa), nos autos da ação movida por JOÃO [nome completo], vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 335 e 343 do Código de Processo Civil, oferecer e propor, respectivamente, a presente CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. DA TEMPESTIVIDADE A presente contestação com reconvenção é tempestiva, nos termos do art. 335, I, do CPC/15, que concede o prazo de 15 (quinze) dias úteis para sua apresentação, excluindo-se o dia do começo e incluindo o dia do vencimento (art. 224, CPC), tendo como início o dia útil seguinte ao do protocolo do pedido (em 5/7/2019), no qual concorda com o desinteresse de autocomposição e de cancelamento da audiência de conciliação ou mediação (art. 335, II, CPC), correspondente à data de 8/7/2019 (segunda-feira). Logo, a presente contestação é tempestiva, pois foi protocolada em momento anterior ao prazo legal. DOS FATOS O autor ajuizou Ação de Usucapião do imóvel de propriedade dos réus, situado na Rua das Bromélias, nº 100, Centro, na cidade de Londrina/PR, registrado sob o nº [...], no Cartório de Registro de Imóveis, alegando que há nove anos tem a posse mansa, pacífica e ininterrupta do imóvel rural. Alegou, para tanto, que desde que tomou posse, o autor teria cuidado do imóvel com animus domini, pagando todos os tributos relacionados a ele desde então. Razão, porém, não lhe assiste, porquanto toda a narrativa distorce a realidade dos fatos. Na realidade, há nove anos, o autor, junto ao seu companheiro Marcos, firmou um contrato verbal de locação com os réus, de prazo indeterminado, com o valor mensal do aluguel fixado em R$ 300,00 (trezentos reais), que nunca foi pago. Também, ficou acordado que os locatários pagariam todos os impostos e contas de água e luz. Frise-se que os réus nunca buscaram, junto ao Poder Judiciário, os valores devidos, pois sabiam das dificuldades financeiras de João e Marcos, razão pela qual toleraram que permanecessem no imóvel. DAS PRELIMINARES DE MÉRITO I- Inépcia da inicial por ausência de consentimento do companheiro (art. 73, caput, CPC) O art. 73, caput, do CPC/15, que exige dos cônjuges (e dos companheiros) o consentimento para propor ações que versem sobre direito real imobiliário, que é o caso da usucapião. Segundo art. 320, do CPC, a petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação (BRASIL, 2015, [s.p.]). Ocorre que, no presente caso, o autor não juntou aos autos a declaração de consentimento de seu companheiro, deixando de observar, assim, a regra em questão. Veja-se o posicionamento da doutrina acerca do assunto: APELAÇÃO. AÇÃO DE EXTINÇÃO DE CONDOMÍNIO CUMULADA COM ALIENAÇÃO DE COISA COMUM. Cônjuge do réu que não integrou a lide, muito embora consta da matrícula do imóvel. Litisconsórcio passivo necessário. Nulidade constatada. Processo que deverá retornar à origem para aditamento da inicial. Respeito ao art. 73, § 1º, do CPC. Sentença anulada. RECURSO PROVIDO. (TJ-SP - AC: 10009975520198260048 SP 1000997- 55.2019.8.26.0048, Relator: Rosangela Telles, Data de Julgamento: 01/06/2020, 2ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 01/06/2020) AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C REINTEGRAÇÃO DE POSSE. CÔNJUGES. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. DIREITO REAL IMOBILIÁRIO. RECURSO PROVIDO. 1. Nas ações que versem sobre direito real imobiliário, ambos os cônjuges serão necessariamente citados para ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; ou ação resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuge ou de ato praticado por eles, conforme art. 73, § 1º, incisos I e II, do CPC. 2. A alegada nulidade de instrumento de cessão de direitos firmado entre a Autora e o seu ex-companheiro, Réu na ação originária, de forma a resultar na eventual invalidação de toda a cadeia sucessória de alienação de direitos sobre o imóvel, inclusive com a possibilidade de retomada do bem, diz respeito a ambos os cônjuges adquirentes e atuais ocupantes do imóvel, devendo a lide ser decidida de forma uniforme em relação ao casal possuidor do bem, o que impõe, a citação do cônjuge varão. 3. Recurso conhecido e provido. (TJ-DF 07202447320198070000 DF 0720244- 73.2019.8.07.0000, Relator: GETÚLIO DE MORAES OLIVEIRA, Data de Julgamento: 15/04/2020, 7ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 06/05/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.) Assim, faltando documento essencial para a propositura da ação, a petição inicial deve ser considerada inepta, extinguindo- se a ação de usucapião sem resolução de mérito. a. Ilegitimidade ad processum por não observância do art. 595 do CC No que diz respeito a preliminar por ilegitimidade ad processum, cumpre destacar o que determina o art. 595, do Código Civil: No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas. Observa-se que, na procuração anexada à inicial, consta apenas a digital do autor sem a assinatura de duas testemunhas, como exige o mencionado artigo. Portanto, referida procuração não é apta a transmitir poderes ao patrono signatário da petição inicial. Assim, inexistindo procuração apta para a representação processual do autor, resta configurada a sua ilegitimidade ad processum, razão pela qual deve ser extinta a ação de usucapião sem resolução de mérito. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS A Constituição Federal, em seu artigo 5º, caput, estabelece o direito à propriedade como fundamental, ao lado dos direitos à vida, à liberdade, à igualdade e à segurança: Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinçãode qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXII é garantido o direito de propriedade. (BRASIL, 1988, [s.p.], grifos do autor) Uma das formas de transmissão da propriedade é a usucapião, em atenção à Função Social da Propriedade, que dentre as suas espécies consta aquela tratada pelo Código Civil, em seu art. 1.239, que estabelece: Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. (BRASIL, 2002, [s.p.]) No que tange a conceituação deste instituto jurídico, por primeiro, busca-se nos léxicos gramaticais a interpretação de Animus domini, que na lição de De Plácido e Silva, "é a consciência do senhor da coisa de que esta lhe pertence de pleno direito, e, por isso, juridicamente, a poder deter em sua posse. E a posse que resulta daí é a do próprio direito, porque indica a posse do domínio. O animus domini é elemento substancial do direito de posse, e a indica como uma posse perfeita, visto que ela se comporta sobre uma coisa que se possui como sendo de propriedade própria" ("Vocabulário Jurídico", vol. I, p. 236). Destarte, o ânimo de dono resume-se em “querer ser dono”, mas não poder em razão seguintes exclusivas causas impeditivas: a) entre cônjuges, na constância do matrimônio; b) entre ascendente e descendente, durante o pátrio poder; c) entre tutelados e curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela e a curatela; d) em favor de credor pignoratício, do mandatário, e, em geral, das pessoas que lhe são equiparadas, contra o depositante, o devedor, o mandante, as pessoas representadas, os seus herdeiros, quanto ao direito e obrigações relativas aos bens, aos seus herdeiros, quanto ao direito e obrigações relativas aos bens confiados à sua guarda. LOCAÇÃO – AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO C/C COBRANÇA – DEFESA DO RÉU BASEADA NA USUCAPIÃO – IMPOSSIBILIDADE – RÉU QUE RESIDE NO IMÓVEL NA QUALIDADE DE LOCATÁRIO, SEM ÂNIMO DE DONO – SENTENÇA MANTIDA. Apelação improvida. (TJ-SP - APL: 00152371720138260003 SP 0015237- 17.2013.8.26.0003, Relator: Jayme Queiroz Lopes, Data de Julgamento: 12/11/2015, 36ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 16/11/2015) AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE DESPEJO - FALTA DE PAGAMENTO E COBRANÇA DE LOCATIVOS IMPAGOS – PEDIDO DE USUCAPIÃO SOB ALEGAÇÃO DE QUE O LOCATÁRIO ESTÁ NA POSSE DO BEM HÁ 8 ANOS – IMPOSSIBILIDADE – INEXISTÊNCIA ÂNIMO DE DONO – RECURSO DESPROVIDO. 1. Se há prova inequívoca da existência de contrato de locação celebrado entre as partes, descabe pretender usucapir o imóvel, pois, embora o locatário se encontre na posse do imóvel desde 2008, a ocupação não se deu sem oposição e com ânimo de dono, o que obsta, o direito de usucapir o aludido bem. (AI 143131/2013, DES. JOÃO FERREIRA FILHO, PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 25/03/2014, Publicado no DJE 01/04/2014) (TJ-MT - AI: 01431310220138110000 143131/2013, Relator: DES. JOÃO FERREIRA FILHO, Data de Julgamento: 25/03/2014, PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 01/04/2014) O jurista Miguel Reale disciplina que a partir da diretriz da socialização fez surgir “dois modos de possuir capazes de alcançar a usucapião: “a posse simples e a qualificada”. No presente caso, o autor alega exercer a posse qualificada com privilégio, porém, essa não se perfaz de fato, já que o imóvel foi locado a ele e seu companheiro. Nas lições do mencionado autor, a pose qualificada é “marcada pelo elemento fático caracterizador da função social: é a posse exercida a título de moradia e enriquecida pelo trabalho ou investimento” (MIGUEL REALE, apud FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais, 2006, p. 274). Porém, não basta que haja a posse a título de moradia enriquecida com trabalho ou investimento, é necessário que exista falta de cuidado em relação a coisa, sendo os poderes inerentes à propriedade exercidos por terceiro, o que resta patente que não é o caso dos presentes autos. Portanto, observa-se que o autor não atende a todos os requisitos para que lhe seja declarado o domínio sobre a propriedade, razão pela qual deve ser julgada improcedente a ação de usucapião. DA RECONVENÇÃO Há nove anos, o autor, junto ao seu companheiro Marcos, firmou um contrato verbal de locação com os réus, com prazo indeterminado, com o valor mensal do aluguel fixado em R$ 300,00 (trezentos reais), que nunca foi pago. Art. 9º A locação também poderá ser desfeita: (...) III- em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos. (BRASIL, 1991, [s.p.]) Além desse, o art. 62, da mesma lei, ao tratar da cobrança de aluguéis na ação de despejo, estabelece: Art. 62 - Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, observar-se-á o seguinte: I - O pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação, devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do valor do débito. (BRASIL, 1991, [s.p.]) Portanto, o contrato de locação deve ser rescindido, expedindo-se mandado de despejo. Além disso, o autor deve ser condenado a pagar o valor dos aluguéis em atraso, devidamente corrigidos, de acordo com o cálculo discriminado anexado à presente. DOS PEDIDOS Posto isso, se vencidas as preliminares de mérito, a parte demandada pugna pela integral improcedência da ação de usucapião e, na condição da autora reconvencional, requer a integral procedência da presente ação de despejo com cobrança de aluguéis e, em especial, requer o atendimento dos seguintes pedidos: 1. Extinção sem resolução de mérito. Pugna-se pela extinção do processo sem resolução de mérito, em razão da ausência de consentimento do companheiro para o ajuizamento de ação que versa sobre direito real imobiliário, conforme dispõem os artigos. 73, caput, e 485, I, ambos do CPC/15; além disso, requer-se a extinção do processo, sem resolução de mérito, pois ausentes as duas testemunhas na procuração da parte autora, que é pessoa analfabeta, em desrespeito ao contido no art. 595, do Código Civil de 2002, e conforme dispõe o art. 485, VI, do CPC/2015. 2. Intimação. A intimação do autor, por meio de seu patrono, para que, assim querendo, o locatário efetue o pagamento do débito atualizado devido, no prazo de 15 dias (art. 62, II, Lei nº 8.245/1991), observando-se o prazo prescricional de três anos (art. 206, § 3º, I, CC/02); e, não querendo purgar a mora, para que conteste a ação reconvencional (art. 343, § 1º, CPC), em igual prazo, sob pena de revelia, conforme previsto no art. 344, do CPC. 3. Produção de Provas. Requer-se a produção de todos os meios de prova admitidos em Direito, em especial, a produção de prova testemunhal, conforme artigos. 369 e 442, ambos do CPC. 4. Condenação. Pugna-se pela procedência integral da presente ação de despejo com cobrança dos aluguéis atrasados, para rescindir o contrato de locação e para que o réu seja condenado a pagar a quantia de R$ (), referente aos valores de aluguéis devidos e não pagos, devidamente atualizada. Pugna-se pela condenação da parte adversa em honorários advocatícios, custas e despesas processuais, nos termos dos artigos 82, § 2º, e 85, ambos do CPC/15. Informa-se o devido recolhimento das custas processuais iniciais. Atribui-se à causa o valor de R$ 3.600,00, com base no art. 58, III, da Lei nº 8.245/1991. Termos em que pede deferimento. Londrina, 26 dejulho de 2019. Nome do advogado e número de inscrição na OAB [Assinado digitalmente] EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ Número do processo: [...] JULIÃO [nome completo], [nacionalidade], casado, [profissão], [número do CPF], [endereço eletrônico], e RUTH [nome completo], casada, [profissão], [número do CPF], [endereço eletrônico], ambos residentes e domiciliados [endereço completo], devidamente representados por seu advogado, nos autos da Ação de Usucapião Rural, movida por JOÃO (já qualificado nos autos), vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência, inconformados com o teor da sentença proferida por este Juízo de Primeiro Grau, interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, pelos motivos de fato e fundamentos jurídicos apontados nas razões recursais, que seguem anexas, a serem remetidas ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Requer-se a intimação da parte contrária para apresentação de Contrarrazões em 15 (quinze) dias, com fulcro no art. 1.010, § 1º, do CPC/15. Seguem anexos os comprovantes de recolhimentos das guias referentes ao preparo recursal, dispensado o recolhimento de porte de remessa e retorno, conforme dispõe o art. 1.007, caput e § 3º, do CPC/15. Termos em que, pede deferimento. Local e Data. Nome do advogado e número de inscrição na OAB [Assinado digitalmente] EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ RAZÕES RECURSAIS Processo em 1º grau: [número do processo] Apelantes: JULIÃO [nome completo] e RUTH [nome completo] Apelado: JOÃO [nome completo] Colenda Câmara; Eméritos Desembargadores. I - DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE Como dispõe o art. 1.009, do Código de Processo Civil de 2015, o Recurso adequado para se buscar a modificação da sentença é o Recurso de Apelação, motivo pelo qual é cabível o presente para se buscar a modificação da sentença de primeiro grau. O presente recurso é tempestivo, à medida que interposto dentro do prazo de 15 (quinze) dias, previsto no art. 1.003, § 5º, do CPC/15. Considere-se a intimação automática nos autos do processo eletrônico realizada em 3/11/2020, sendo que o prazo passou a fluir a partir de 4/11/2020 (primeiro dia útil seguinte), nos moldes do art. 231, V, do CPC/15. II – DA SÍNTESE DOS FATOS O Apelado ajuizou Ação de Usucapião do imóvel de propriedade dos Apelados, situado na Rua das Bromélias, nº 100, Centro, na cidade de Londrina/PR, registrado sob o nº ( ) no Cartório de Registro de Imóveis, alegando que há, aproximadamente, nove anos tem a posse mansa, pacífica e ininterrupta do imóvel rural. Alegou, para tanto, que desde que tomou posse do imóvel, o Apelado teria cuidado dele com animus domini, pagando todos os tributos relacionados a ele desde então. Contudo, motivo não lhe assiste, porquanto toda a narrativa distorce a realidade dos fatos. Na realidade, há, aproximadamente, nove anos, o Apelado, junto ao seu companheiro Marcos, firmou um contrato verbal de locação com os réus, ora apelantes, com prazo indeterminado, tendo sido o valor do aluguel fixado em R$ 300,00 (trezentos reais), que nunca foi pago. Também, ficou acordado que os locatários ora Apelados pagariam todos os impostos e as contas de água e luz. Note-se, em especial, que os Apelantes nunca buscaram na Justiça os valores devidos, pois sabiam das dificuldades financeiras de João e Marcos, razão pela qual toleraram que permanecessem no imóvel. Destarte, os Apelantes apresentaram Contestação suscitando as preliminares de inépcia da inicial por ausência de consentimento do companheiro (art. 73, caput, CPC/15) e Ilegitimidade ad processum por não observância do art. 595, do Código Civil de 2002. No mérito, requereram a improcedência do pedido de usucapião, pois o recorrido era mero detentor, já que existia um contrato verbal de locação. Além disso, apresentaram reconvenção de despejo cumulada com cobrança de aluguéis. Entretanto, após os Apelantes manifestarem desejo de produção de prova oral para comprovarem a existência de contrato de locação verbal entre as partes, o magistrado a quo proferiu sentença em julgamento antecipado de mérito, julgando procedente a ação de usucapião, sob alegação de que não teria restado comprovada a existência de locação verbal e, por consequência, julgou improcedente a ação reconvencional. III – DAS RAZÕES DOS PEDIDOS DE ANULAÇÃO OU REFORMA III.1 Da anulação da sentença por violação à ampla defesa Decorre do art. 5º, LV, da CF/88, que: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”; (BRASIL, 1988, [s.p.]). Nos presentes autos, a ampla defesa restou violada, pois, apesar de os recorrentes terem requerido a produção de prova oral para comprovar o contrato de locação verbal, o magistrado a quo proferiu sentença em julgamento antecipado de mérito, dando procedência ao pedido de usucapião, sob alegação de que não restou comprovada a existência de contrato verbal de locação. Todavia, o art. 355, do CPC/15, estabelece que: O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas; II- o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349. (BRASIL, 2015, [s.p.]) Tratando-se de contrato verbal, a prova oral, devidamente requerida e justificada tempestivamente pelos Apelantes, tratava- se de prova necessária para a comprovação de que o recorrido era apenas detentor, e não possuidor, já que, ausente o animus domini, nos termos do art. 1.208, do Código Civil de 2002, que dispõe que "não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância (BRASIL, 2002, [s.p.]). Assim, não poderia o juízo de primeiro grau ter julgado procedente o pedido de usucapião em julgamento antecipado de mérito, haja vista a necessidade da produção da prova oral. Requer-se, assim, a anulação da sentença por violação à ampla defesa. III. 2 Da extinção do processo por inépcia da inicial O magistrado de primeiro grau afastou a preliminar de inépcia da inicial por ausência de consentimento do companheiro, alegando que "não há necessidade de consentimento do companheiro, pois o art. 73, caput, do CPC exige o consentimento apenas dos cônjuges. Referido dispositivo legal, exige dos cônjuges o consentimento para propor ações que versem sobre direito real imobiliário, como no caso da usucapião. Ocorre que, no presente caso, o autor não juntou aos autos a declaração de consentimento de seu companheiro, inobservando, assim, a regra em questão. A referida regra deve ser aplicada também aos companheiros, nos termos em que determina o § 3º do referido artigo, ao estabelecer que “Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos” (BRASIL, 2015, [S.P.]). O art. 320, do CPC/15, aliás, estabelece que “A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis para a propositura da ação” (BRASIL, 2015, [S.P]). Assim, faltando documento essencial para a propositura da ação, a petição inicial deve ser considerada inepta, devendo ser reformada a sentença para extinguir a ação de usucapião sem resolução do mérito, na forma do art. 485, I, do CPC/15. III.3. Da extinção do processo por ilegitimidade passiva O magistrado de primeiro grau afastou a preliminar de ilegitimidade ad processum sob alegação de que “a não observância do art. 595 do CC apenas pode ser alegada pelo analfabeto”. Nota-se que, na procuração anexa à inicial, consta apenas a digital do autor sem a rubrica “analfabeto, sem assinatura de duas testemunhas, como exige o mencionado artigo. Portanto,a referida procuração não é apta a transmitir poderes ao patrono signatário da petição inicial. Dessume-se do art. 595, do CC, que “no contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas” (BRASIL, 2002, [S.P.]). Daí extrai-se não haver restrição para que somente o analfabeto que tenha assinado a rogo possa alegar a nulidade do instrumento, como fundamentado pelo magistrado sentenciante. Assim, inexistindo procuração apta para a representação processual do recorrido, resta configurada a sua ilegitimidade ad processum, razão pela qual deve ser reformada a sentença, a fim de extinguir a ação de usucapião sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, VI, do CPC/15. III.4. Da ausência dos requisitos ensejadores da usucapião A Constituição Federal, em seu art. 5º, caput, estabelece o direito à propriedade como um direito fundamental, ao lado dos valores da vida, liberdade, igualdade e segurança: Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXII é garantido o direito de propriedade. (BRASIL, 1988, [s.p.], grifos nossos) Uma das formas de transmissão da propriedade é a usucapião, em atenção à Função Social da Propriedade, na qual, dentre as suas espécies, consta aquela tratada pelo Código Civil de 2002, em seu art. 1.239: Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. (BRASIL, 2002, [s.p.]) Ocorre que um dos requisitos para a configuração desta e de qualquer espécie de usucapião é a posse qualificada (ad usucapionem), que não está presente no caso, já que o recorrido e seu companheiro ingressaram no imóvel por força de um contrato de locação, razão pela qual são meros detentores, nos termos do que dispõe o art. 1.208, do Código Civil, já referido acima. O direito fundamental à propriedade dos recorrentes não pode ser afastado no presente caso, já que é evidente que o recorrido e seu companheiro não se encontravam no imóvel com animus domini. Tratam-se de meros locatários que se encontram inadimplentes há anos e não podem ser premiados por isso. Ademais, o pagamento dos impostos pelo recorrido não pode servir de prova de seu animus domini, já que, no contrato de locação, restou firmado que caberia a eles o pagamento dos referidos impostos e das demais taxas de uso do imóvel. Portanto, observa-se que o recorrido não atende a todos os requisitos para que lhe seja declarado o domínio sobre a propriedade, razão pela qual deve ser reformada a sentença, para ser julgada improcedente a ação de usucapião. III.5. Da procedência do despejo com cobrança de aluguéis em atraso Há, aproximadamente, nove anos, o recorrido, junto ao seu companheiro Marcos, firmou um contrato verbal de locação com os recorrentes, com prazo indeterminado, com o valor do aluguel fixado em R$ 300,00, que nunca foi pago. A Lei nº 8.245/1991, em seu art. 9º, III, estabelece: Art. 9º A locação também poderá ser desfeita: (...) III- em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos; (BRASIL, 1991, [s.p.]) Além desse dispositivo legal, o art. 62, da mesma lei, ao tratar da cobrança de aluguéis na ação de despejo, estabelece o seguinte: Art. 62 - Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação, observar-se-á o seguinte: I - o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o de cobrança dos aluguéis e acessórios da locação, devendo ser apresentado, com a inicial, cálculo discriminado do valor do débito. (BRASIL, 1991, [s.p.]) Destarte a vasta disposição da lei, cumpre citar o brilhantismo visto na jurisprudência, que data vênia transcreve: AÇÃO DE DESPEJO CUMULADA COM COBRANÇA DE ALUGUÉIS EM ATRASO. Cerceamento de defesa não vislumbrado. Contrato de locação firmado por escrito. Distrato que deveria ser instrumentalizado pela mesma forma. Não comprovação. Contrato em vigor. Desocupação do imóvel não comprovada. Despejo decretado. Cobrança dos aluguéis em atraso devida. Recurso desprovido. (TJ-SP - APL: 07170788620128260020 SP 0717078- 86.2012.8.26.0020, Relator: Milton Carvalho, Data de Julgamento: 22/09/2016, 36ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 22/09/2016) Apelação Locação Despejo por falta de pagamento Cobrança. É admissível ao credor cumular as ações de despejo e cobrança de aluguéis em atraso: "Locação. Ação de Despejo. Cumulação da ação de despejo com cobrança de alugueres e encargos. Possibilidade. Existência de contrato escrito. Irrelevância, podendo o locador optar pela cumulação embora detenha título executivo. Agravo provido." (AI 35984520128260000 SP 0003598-45.2012.8.26.0000 Relator: Nestor Duarte - 06/02/2012). Apelação provida. (TJ-SP - APL: 00015596020128260005 SP 0001559- 60.2012.8.26.0005, Relator: Lino Machado, Data de Julgamento: 12/11/2014, 30ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 13/11/2014) Portanto, deve ser reformada a sentença, determinando-se a rescisão do contrato de locação, expedindo-se mandado de despejo. Além disso, o recorrido deve ser condenado a pagar o valor dos aluguéis em atraso, devidamente corrigidos monetariamente. IV - PEDIDOS Posto isso, os recorrentes pugnam pelo conhecimento desse recurso, pois é cabível e tempestivo, e no julgamento de seu mérito, pelo provimento para: 4.1. Anulação da sentença por violação à ampla defesa, pois foi negado o direito à produção de prova oral, nos termos do art. 5º, LV, da Constituição Federal de 1988, e do art. 355, do CPC/15. 4.2. Reforma da sentença. Extinção do processo sem resolução do mérito por inépcia da inicial, pois é necessário o consentimento do companheiro em união estável, com base no art. 458, I, do CPC/15, por violação aos arts. 73 e 320, ambos do CPC/2015. 4.3. Reforma da sentença. Extinção do processo sem resolução do mérito por ilegitimidade passiva, pois não cabe apenas ao analfabeto alegar defeito no instrumento de prestação de serviços, com fulcro no art. 485, VI, do CPC/15, por violação ao art. 595 da mesma lei. 4.4. Reforma da sentença. Improcedência da ação de usucapião, em virtude da ausência de seus requisitos, com base no art. 5º, caput, da CF/88, e arts. 1.208 e 1.239, do CC. 4.5. Reforma da sentença. Procedência da ação reconvencional de despejo com cobrança de aluguéis em atraso, com base nos art. 9º, III, e 62, ambos da Lei nº 8.245/91. Requer-se a condenação da parte recorrida em custas e honorários advocatícios recursais, na forma do art. 85, § 11º, do CPC/15. Termos em que, pede deferimento. De Londrina para Curitiba, dia/mês/ano. Nome do Advogado e Número de Inscrição na OAB [Assinado digitalmente] EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE APUCARANA, DO ESTADO DO PARANÁ. MARGARIDA [nome completo], [nacionalidade], solteira, trabalhadora rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], residente e domiciliada na [endereço completo], na cidade de Apucarana, no estado do Paraná, CEP [...], devidamente representada por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência expor a presente AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA em face de FRANCISCO [nome completo], [nacionalidade], casado, empresáriorural, [número do CPF], [endereço eletrônico], [endereço completo], pelas motivos fáticos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Nos termos do art. 98 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, a autora afirma, para os devidos fins e sob as penas da Lei, não possuir condições de arcar com o pagamento das custas e demais despesas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, pelo que requerer o benefício da gratuidade de justiça. I. DOS FATOS CONSTITUTIVOS Como se comprova com o laudo de ultrassonografia anexo, a autora esta gestante, sendo o réu o pai do atual feto e futura criança, como será demonstrado ao longo da presente explanação fática. A autora, na qualidade de trabalhadora rural, conheceu o réu quando foi trabalhar no plantio de milho na propriedade dele, passando a manter relações sexuais constantes, conforme comprovam as fotografias (das quais se extrai que ambos estiveram juntos como companheiros, naturalmente), mensagens de texto e declarações de testemunhas anexos. Para facilitar os encontros, o réu, que é um rico empresário rural, ofereceu à autora uma casa dentro de sua propriedade para que ela morasse sem custo, o que foi aceito por ela. Após alguns meses, a autora descobriu estar grávida, porém, o réu se recusou a reconhecer a paternidade da futura criança, pondo fim à relação e solicitando a imediata desocupação do imóvel. A autora se viu desesperada, pois não possui condições financeiras para custear todas as despesas da gestação, a qual, conforme atestado anexo, é de risco, estando impossibilitada de trabalhar. Ademais, a sua família toda se encontra distante, no estado de Santa Catarina, e não possui condições financeiras para lhe dar suporte. Não resta dúvidas de que o réu é o pai da futura criança, tendo em vista que a autora mantivera diversas relações sexuais apenas com ele na semana apontada no laudo de ultrassonografia como aquela correspondente ao início da gestação. Basta observar as mensagens de texto, as fotografias e as declarações anexadas à presente exordial. A autora necessita dos alimentos para arcar com despesas referentes ao plano de saúde, à alimentação, à moradia, aos remédios, ao enxoval do bebê e à cesariana recomendada pelo médico, até mesmo porque a gravidez de risco impossibilita o exercício de atividades laborais. No total, pugna a autora pelo recebimento dos alimentos gravídicos, no importe de R$ 3.350,00 (três mil, trezentos e cinquenta reais) mensais. II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS O direito a alimentos está relacionado à proteção constitucional do direito à vida, à dignidade da pessoa humana e à solidariedade familiar. O art. 229, da Constituição Federal de 1988, estabelece: Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade BRASIL, 1988, [s.p.]). Como se sabe, os arts. 1.694 e 1.695, do CC/02, estabelecem três requisitos para a concessão de alimentos: vínculo de parentesco, necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante. Todos encontram-se presentes no caso telado, senão vejamos. No que se refere ao vínculo de parentesco, a Lei dos Alimentos Gravídicos (Lei nº 11.804/08), em seu art. 6º, caput, estabelece que, para a concessão dos alimentos, basta a existência de indícios da paternidade: Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré(BRASIL, 2008, [s.p.]). Esse é também o entendimento majoritário na jurisprudência, Data vênia transcreve: Ementa. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS. POSSIBILIDADE, NO CASO. 1. O requisito exigido para a concessão dos alimentos gravídicos, qual seja, "indícios de paternidade", nos termos do art. 6º da Lei nº 11.804/08, deve ser examinado, em sede de cognição sumária, sem muito rigorismo, tendo em vista a dificuldade na comprovação do alegado vínculo de parentesco já no momento do ajuizamento da ação, sob pena de não se atender à finalidade da lei, que é proporcionar ao nascituro seu sadio desenvolvimento. 2. No caso, considerando a carteira de gestante, as fotografias e especialmente as declarações de que as partes mantiveram relacionamento amoroso no ano de 2014, em período concomitante à concepção, há plausibilidade na indicação de paternidade realizada pela agravante, restando autorizado o deferimento dos alimentos gravídicos em 30% do salário mínimo. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70065086043, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 20/08/2015) (grifamos). Não restam dúvidas de que o réu é o pai da futura criança, já que mantivera diversas relações sexuais com a autora na semana apontada no laudo de ultrassonografia como aquela em que se iniciou a gestação. A prova anexa aos autos é vasta nesse sentido, como já explicitado. A necessidade dos alimentos evidencia-se na medida em que a autora não possui condições financeiras para custear as despesas da gestação, que é de risco (atestado médico anexo), estando impossibilitada de trabalhar. Some-se a isso o fato de a família da autora residir em outro estado e não possuir condições financeiras de lhe dar suporte. Por fim, a possibilidade do réu em prestar os alimentos também se mostra evidente, por ele ser um rico empresário rural. Quanto ao valor dos alimentos, foram observados exatamente os ditames do art. 2º, da Lei nº 11.804/08 (Lei de Alimentos). Como já demonstrado, a autora é uma simples trabalhadora rural, que está impossibilitada de trabalhar em razão de passar, atualmente, por uma gravidez de risco. Para agravar a sua situação, o réu solicitou que ela desocupasse o imóvel em que habitava. Assim, a autora necessita que o valor dos alimentos seja suficiente ao custeio de um plano de saúde, já que a gravidez é de risco; além de ter de arcar com valores referentes à alimentação, à moradia, aos remédios, ao enxoval do bebê e à cesariana, o que somaria o valor mensal aproximado de R$ 3.350,00 (três mil, trezentos e cinquenta reais). III. TUTELA DE URGÊNCIA Diante das específicas circunstâncias do caso concreto, denota-se que a probabilidade do direito da autora é evidente, tendo em vista todas as provas anexas, as quais, associadas à exposição dos fatos, permitem compreender que há extrema probabilidade de o requerido ser o responsável por arcar com os alimentos gravídicos. Ainda, o perigo de dano é claro, sobretudo, porque a requerente alugou imóvel em Apucarana/PR e, atualmente, encontra- se em condições financeiras precárias. O risco à saúde da gestante, que passa por gravidez de risco, pode agravar-se e culminar em prejuízos graves tanto à mãe quanto ao bebê. Extrai-se a possibilidade de concessão da tutela de urgência, da simples leitura ao art. 300, § 1º, do Código de Processo Civil de 2015. Nesse sentido, desde já, pugna-se pela fixação dos alimentos gravídicos em sede de tutela de urgência. Atual posicionamento jurisprudencial brasileiro: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS. TUTELA DE URGÊNCIA. 10% DOS RENDIMENTOS BRUTOS, EXCLUÍDOS OS DESCONTOS OBRIGATÓRIOS (IR E INSS). DESPESAS GESTACIONAIS. ENXOVAL INCLUSO. MAJORAÇÃO. NECESSIDADE DE INCURSÃO PROBATÓRIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Agravo de instrumento contra decisão, proferida na ação de alimentos gravídicos, que deferiu o pedido de tutela de urgência, para que o réu pague alimentos provisórios no valor de 10% dos rendimentos brutos, excluídos os descontos obrigatórios (IR e INSS), bem como indeferiu a pretensão de cumular o pedido dealimentos com indenização de despesas com enxoval e parto. O magistrado fundamentou que os alimentos foram concebidos justamente para auxiliar no pagamento das despesas gestacionais. 2. Nos termos do artigo 2º da Lei 11.804/2008, os alimentos gravídicos compreendem ?os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes?. 2.1. As despesas com enxoval fazem parte do custeio adicional do período de gravidez, já compondo o valor dos alimentos gravídicos. 3. Segundo o parágrafo único do artigo 2º da Lei 11.804/2008, os alimentos gravídicos devem ser fixados na proporção da necessidade e da possibilidade de ambos os pais. Ao mesmo tempo em que visam suprir as necessidades do alimentando, encontram limite nas possibilidades do alimentante. 3.1. Não há motivos para modificar, por ora, o conteúdo da decisão agravada para majorar os alimentos fixados, pois inexiste prova inequívoca da possibilidade de pagamento dos alimentos pelo agravado, o que importa em necessária incursão probatória incompatível com o rito do agravo de instrumento. 4. Jurisprudência:[...] Além da análise da necessidade de quem os pleiteia, a fixação dos alimentos provisórios demanda o exame da possibilidade de quem os fornece, o que demanda instrução probatória. Se, da análise dos documentos constantes dos autos, verifica-se que estão presentes as necessidades próprias de uma mulher cuja gravidez se aproxima do término, em relação à alimentação e cuidados próprios da gestação ou da aquisição de enxoval básico para receber o nascituro, há de se manter os alimentos gravídicos provisórios na proporção em que foram fixados. 2. Recurso não provido.? (4ª Turma Cível, 07108804820178070000, rel. Des. Arnoldo Camanho, DJe 18/10/2018). 5. Agravo improvido. (TJ-DF 07243966720198070000 - Segredo de Justiça 0724396-67.2019.8.07.0000, Relator: JOÃO EGMONT, Data de Julgamento: 04/03/2020, 2ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 16/03/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.) AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação de Alimentos Gravídicos. Decisão que indeferiu a tutela de urgência referente a fixação de alimentos gravídicos provisórios. Paternidade supostamente atribuída ao agravado. Partes que mantiveram relações sexuais no período em que se deu a concepção. Indícios de paternidade. Exegese do art. 6º, da Lei 11.804/08. Presença dos requisitos legais para a concessão da tutela de urgência. Fixação dos alimentos gravídicos provisórios em 10% dos rendimentos líquidos do agravado, em caso de vínculo empregatício ou de 15% do salário mínimo, em caso de desemprego ou atividade autônoma/informal. Decisão reformada. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ-SP - AI: 21997898220198260000 SP 2199789- 82.2019.8.26.0000, Relator: Jair de Souza, Data de Julgamento: 09/03/2020, 5ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 09/03/2020) IV. DOS PEDIDOS Posto isso, a parte autora pugna pela integral procedência da presente ação e, em especial, requer o atendimento dos seguintes pedidos: a) Tutela de urgência: A concessão da tutela de urgência, nos moldes do art. 300, caput, do CPC/15, para que a parte requerida seja obrigada a prestar alimentos à requerente, no valor mensal de R$ 3.350,00 (três mil, trezentos e cinquenta reais), eis que evidenciada a probabilidade do direito e o perigo de dano, já que a autora não pode aguardar até o final do processo para que tenha deferido seu direito a alimentos, tendo em vista suas necessidades diárias e as do nascituro. Descumprida a ordem, requer-se a fixação de multa diária. b) Gratuidade de Justiça: Seja deferido o pedido de gratuidade de justiça, tendo em vista que a autora é parte hipossuficiente e não pode arcar com as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios, nos termos do art. 98, do CPC/15. c) Citação. A citação do réu pelo correio, nos moldes dos arts. 246 e 248, ambos do CPC/15, para que o requerido apresente resposta em 5 (cinco) dias, conforme determina o art. 7º, da Lei nº 11.804/08. d) Produção de Provas: Requer-se a produção de todos os meios de prova admitidos em Direito e, em especial, a produção de prova testemunhal, conforme o art. 442, do CPC/15. e) Confirmação da Tutela de Urgência e Condenação: Pretende-se a confirmação da tutela de urgência, e de todo modo pugna-se pela procedência integral da presente ação, especialmente, para o fim de que seja condenada a parte requerida em obrigação de prestar alimentos à autora no valor mensal de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais). f) Intervenção do Ministério Público: Requer-se a intervenção do Ministério Público, por se tratar de processo que envolve interesse de incapaz, nos termos do art. 178, II, do CPC/15. g) Sucumbência: Requer-se a condenação da parte requerida ao pagamento dos honorários advocatícios, das custas e das despesas processuais, nos termos dos arts. 82, § 2º, e 85, do CPC/15. Atribui-se à causa o valor de R$ 40.200,00 (quarenta mil e duzentos reais), com base no art. 292, III, do CPC/15. Termos em que, pede deferimento. Londrina, data. Nome do advogado e número de inscrição na OAB [Assinado digitalmente] EXCELENTISSÍMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ CRISTIANO [nome completo], menor absolutamente incapaz, devidamente representado por sua genitora MARGARIDA [nome completo], [nacionalidade] solteira, trabalhadora rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], residente e domiciliada na [endereço],na cidade de Londrina/PR, CEP, devidamente representada por seu advogado infra-assinado(instrumento de mandato anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência requerer o CUMPRIMENTO DE SENTENÇA em face de FRANCISCO [nome completo], casado, empresário rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], [endereço completo], pelas motivos fáticos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. BREVE SÍNTESE DOS FATOS O exequente é filho inconteste de Francisco [nome completo], ora executado, conforme certidão de nascimento anexa a esta petição. Restou esclarecido na ação em sede de cognição conforme se dessume da sentença que o executado foi condenado a prestar alimentos no valor de R$ 3.000,00 (Três mil reais) mensais, tendo a referida decisão transitado em julgado, conforme certidão dos autos às fls. _____, na data de [data]. Não obstante ao fato do executado ter efetuado alguns pagamentos desde a prolação da sentença que concedeu a tutela de urgência, entretanto, após o nascimento do exequente/alimentado, houve a total paralização dos depósitos correspondentes aos alimentos, o que fez o executado sob o pretexto de entender-se obrigado à correspondente obrigação somente quando da gestação. Destarte, encontram-se em aberto dívida correspondente aos últimos dois messes de alimentos, conforme cálculos anexos, já devidamente corrigidos pela tabela prática do Tribunal em juros e correção monetária. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS Sabe-se que o direito à percepção dos alimentos está relacionado à proteção constitucional do direito à vida, à dignidade da pessoa humana, bem como à solidariedade familiar. Não é por outro motivo que o artigo 229 da CFRFB/88, estabelece que: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.(BRASIL,1988[s.p.])Ademais, dessume-se do art. 5º, LXVII, da CRFB/88 que: “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia”. Conforme estabelece a lei nº 11.804/2008, em seu art. 6º, parágrafo único, revela-se juridicamente óbvio a conversão automática dos alimentos gravídicos em pensão alimentícia ao filho nascido. Matéria essa já lecionada em jurisprudência: RECURSO ESPECIAL. CONSTITUCIONAL. CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. GARANTIA À GESTANTE. PROTEÇÃO DO NASCITURO. NASCIMENTO COM VIDA. EXTINÇÃO DO FEITO. NÃO OCORRÊNCIA. CONVERSÃO AUTOMÁTICA DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS EM PENSÃO ALIMENTÍCIA EM FAVOR DO RECÉM-NASCIDO. MUDANÇA DE TITULARIDADE. EXECUÇÃO PROMOVIDA PELO MENOR, REPRESENTADO POR SUA GENITORA, DOS ALIMENTOS INADIMPLIDOS APÓS O SEU NASCIMENTO. POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. Os alimentos gravídicos, previstos na Lei n. 11.804/2008, visam a auxiliar a mulher gestante nas despesas decorrentes da gravidez, da concepção ao parto, sendo, pois, a gestante a beneficiária direta dos alimentos gravídicos, ficando, por via de consequência, resguardados os direitos do próprio nascituro. 2. Com o nascimento com vida da criança, os alimentos gravídicos concedidos à gestante serão convertidos automaticamente em pensão alimentícia em favor do recém-nascido, com mudança, assim, da titularidade dos alimentos, sem que, para tanto, seja necessário pronunciamento judicial ou pedido expresso da parte, nos termos do parágrafo único do art. 6º da Lei n. 11.804/2008. 3. Em regra, a ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o nascimento da criança, pois os referidos alimentos ficam convertidos em pensão alimentícia até eventual ação revisional em que se solicite a exoneração, redução ou majoração do valor dos alimentos ou até mesmo eventual resultado em ação de investigação ou negatória de paternidade. 4. Recurso especial improvido. (REsp 1629423/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/06/2017, DJe 22/06/2017) Destarte, conforme previsão disposta pelo art. 528, § 3º e § 7º, do Código de Processo Civil, o presente cumprimento de sentença deverá ser processado pelo rito de prisão, já que a dívida se encontra compreendida em até 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução, bem como àquelas que vencerem no curso do presente processo. Não é demais destacar que a cessão dos alimentos estabelecidos pela ação principal ocasionou ao exequente, filho recém-nascido do executado, inúmeros percalços que culminaram em seu total desemparo, já que sua genitora se encontra impossibilitada de trabalhar por estar se recuperando do recente parto. Prova deste desamparo segue em documento anexo cujo teor revela a notificação extrajudicial de despejo recebida pela genitora do exequente. Diante da total falta de alternativa para o exequente subsistir é que se justifica o presente pedido de cumprimento da sentença. DOS PEDIDOS Ex positis, requer o atendimento dos seguintes pedidos: a) Intimação pessoal do executado, via oficial de justiça, para que, no prazo e três Dias, efetue o pagamento das parcelas vencidas e vincendas, devidamente corrigidas à data de seu pagamento, provando seu pagamento ou para que apresente justificativa de sua impossibilidade, sob pena de protesto do pronunciamento judicial e prisão civil, em que harmonia com o que dispões o art. 528, caput e § 1º e § 3º do Código de Processo Civil b) Nos termos do disposto no art. 698, do Código de Processo Civil que se determine a intervenção do Ministério Público, haja vista tratar-se de interesse de menor impúbere. c) A condenação do executado ao pagamento dos honorários advocatícios e das custas e das despesas processuais, nos termos dos art. 82, § 2º, e 85, ambos do Código de Processo Civil. Atribui-se à causa o valor atualizado dívida, conforme constante nos cálculos anexos ao presente cumprimento de sentença o que atualmente perfaz a quantia de R$ (valor) reais, tudo com fulcro no art. 292, I, do Código de Processo Civil. Termos em que, Pede deferimento. Londrina, dia, mês e ano. Nome do advogado Número de inscrição na OAB EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ Distribuição por dependência ao Processo nº ROSA [nome completo], casada, trabalhadora rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], [endereço completo],na cidade de Londrina/PR, CEP, devidamente representada por seu advogado infra-assinado(instrumento de mandato anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência opor os presentes EMBARGOS DE TERCEIRO em face de CRISTIANO [nome completo], menor absolutamente incapaz, devidamente representado por sua genitora MARGARIDA [nome completo], solteira, trabalhadora rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], residente e domiciliada na [endereço], na cidade de Londrina/PR, CEP, pelos motivos fáticos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. PRELIMINARMENTE DA TEMPESTIVIDADE Considerando-se a realização da constrição durante a fase de execução, o prazo para apresentação dos Embargos de Terceiro corresponde a cinco dias, contados a partir da arrematação, podendo ser apresentados, desde que anteriormente à assinatura da carta de arrematação, com fulcro no art.675, do Código de Processo Civil de 2015.Desta feita, afigura-se tempestiva a apresentação da presente peça processual, sendo possível seu regular processamento. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA A embargante e seu marido encontram-se em profunda dificuldade financeira. Isso porque são trabalhadores rurais, sendo a atividade rural exercida em sua propriedade o único rendimento da família Referida crise financeira agravou-se com a perda de toda a plantação pelo fogo, causado, possivelmente, por grileiros que invadiram a mata nativa vizinha de sua propriedade, conforme comprovam o boletim de ocorrência e os jornais da região anexados à presente petição. Destarte, não resta alternativa à embargante senão requer a justiça gratuita para viabilizar a defesa de seus direitos em juízo, conforme delibera o art. 98, caput, do Código de Processo Civil. DOS FATOS A embargante é casada com Francisco em regime de comunhão parcial de bens há, aproximadamente, trinta anos, conforme certidão de casamento anexa. Francisco é pai de Cristiano, tendo sido condenado a pagar alimentos ao embargado nos autos nº [...]. Contudo, em razão da falta de pagamento de algumas parcelas, este Juízo ordenou a avaliação e penhora do bem. Subsequentemente, realizou-se o leilão e o bem foi arrematado, restando pendente apenas a assinatura da carta de arrematação do imóvel, ressalta-se aqui que em ambos os procedimentos a peticionante e autora não foi intimada. Porém, referida restrição ao imóvel não poderia ter ocorrido, isso porque é de propriedade exclusiva da embargante, que o adquiriu por herança há, aproximadamente, nove anos conforme dessume-se de documento anexo. Diante da constrição indevida de seu imóvel e não sendo a embargante parte naquele processo, não lhe resta alternativa a não ser a oposição dos presentes Embargos. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS Nos termos do que dispõe o art. 674, do Código de Processo Civil, os Embargos de Terceiro consistem no instrumento processual de que dispõe alguém que não faz parte de determinada relação processual e pretende se defender para eivar sofrer os efeitos de constrição judicial ou ameaça de constrição judicial de um bem de sua posse ou propriedade. No caso em testilha, inequívoco revela-se o cabimento dos presentes Embargos,já que a embargante não é parte no processo de Ação de Alimentos, no qual o imóvel de sua exclusiva propriedade restou leiloado e arrematado em leilão. Enquadrando-se no que dispõe o art. 674, §2º, I, do Código de Processo Civil, a embargante é parte legítima para opor tais embargos, por se tratar de cônjuge na defesa da posse de bem próprio. Ressalte-se, ademais, não se aplicar à espécie o disposto no art. 843, do Código de Processo Civil, já que o imóvel não faz parte dos bens comuns do casal. APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA DE BEM INDIVISÍVEL EM EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. OPOSIÇÃO PELO CÔNJUGE NÃO DEVEDOR. SENTENÇA QUE JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO. INSURGÊNCIA DA PARTE EMBARGADA. 1. RECONHECIMENTO EX OFFICIO DE NULIDADE PARCIAL DA SENTENÇA POR VÍCIO ULTRA PETITA. JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU QUE AFASTOU A POSSIBILIDADE DE ADJUDICAR INTEGRALMENTE O IMÓVEL PENHORADO. AUSÊNCIA DE PEDIDO NESSE SENTIDO. DECOTAMENTO DE PARTE DA SENTENÇA. 2. LEGITIMIDADE ATIVA DO CÔNJUGE NÃO DEVEDOR PARA OPOR EMBARGOS DE TERCEIRO. PRESERVAÇÃO DA MEAÇÃO. ART. 674, § 2º, I do CPC/15. 3. CARÊNCIA DA AÇÃO. ACOLHIMENTO. EMBARGOS DE TERCEIRO OPOSTOS COM A FINALIDADE ÚNICA DE RESGUARDAR AS GARANTIAS PREVISTAS NO ART. 843 DO CPC. PENHORA DO IMÓVEL QUE OCORREU COM A DEVIDA RESSALVA DA MEAÇÃO DO CÔNJUGE EMBARGANTE. PRERROGATIVAS DO COPROPRIETÁRIO QUANTO AO DIREITO DE PREFERÊNCIA EM EVENTUAL ARREMATAÇÃO OU A GARANTIA DE RECEBIMENTO DE SUA QUOTA-PARTE QUE DEVEM SER OBSERVADAS NO MOMENTO DA ARREMATAÇÃO DO IMÓVEL. PEDIDO DE ADJUDIÇÃO DO BEM PENHORADO NA EXECUÇÃO QUE ATÉ O MOMENTO NÃO FOI ANALISADO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. SENTENÇA REFORMADA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO (ART. 485, IV, DO NCPC). INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. Recurso conhecido e provido. (TJPR - 14ª C. Cível - 0002075-86.2016.8.16.0080 - Engenheiro Beltrão - Rel.: Desembargadora Themis de Almeida Furquim - J. 20.04.2020) (TJ-PR - APL: 00020758620168160080 PR 0002075-86.2016.8.16.0080 (Acórdão), Relator: Desembargadora Themis de Almeida Furquim, Data de Julgamento: 20/04/2020, 14ª Câmara Cível, Data de Publicação: 20/04/2020) Tendo em vista que a embargante e Francisco se casaram há, aproximadamente, 30 (trinta) anos pelo regime da comunhão parcial de bens, regulamentado pelos arts. 1.658 e 1.659, do Código Civil de 2002, resta evidenciado que o imóvel penhorado, por ter sido incorporado ao patrimônio da embargante por sucessão, está excluído da comunhão, razão pela qual a sua constrição por dívida de Francisco (seu cônjuge) mostra-se indevida. Direito positivado e já reconhecido até mesmo em jurisprudência majoritária dos tribunais: APELAÇÃO CÍVEL. CIVIL. DIVÓRCIO. PARTILHA. REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL. BENS EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO. ART. 1659, INC. I, DO CÓDIGO CIVIL. SUB-ROGAÇÃO E DOAÇÃO. ART. 1660, INC. III, DO CÓDIGO CIVIL. RECURSO PROVIDO. 1. Na presente hipótese o autor, ora apelante, pretende obter a exclusão, da partilha de bens, de imóvel adquirido na constância da sociedade conjugal com recursos advindos exclusivamente da partilha de bens arrolados no inventário dos bens decorrente da morte de seu pai, bem como da doação efetuada por sua genitora. 2. A ré, em sua contestação, confessou a veracidade dos fatos narrados pelo autor. No entanto, sustenta que a doação foi procedida em favor do casal. 3. O regime da comunhão parcial de bens determina a comunicabilidade de certos bens do casal adquiridos na constância do matrimônio, nos termos do art. 1.658 do Código Civil. Excetuam-se, com efeito, aqueles havidos por doação ou sucessão, bem assim os subrogados em seu lugar, de acordo com o art. 1.659, inc. I, do Código Civil. 4. O art. 374, inc. II, do Código de Processo Civil, determina que não dependem de prova os fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte adversa. 5. A sistemática da distribuição do ônus da prova, prevista na regra geral estabelecida pelo art. 373 do CPC, dispõe ser ônus do demandante provar o fato constitutivo de sua pretensão. Em contrapartida, é atribuição imposta ao réu provar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo da pretensão do autor. 6. O art. 1660, inc. III, do Código Civil, determina que, no regime de comunhão parcial comunicam-se os bens adquiridos por doação, desde efetuada em favor de ambos os cônjuges. Assim, a regra geral é a incomunicabilidade dos bens doados, sendo excepcional que haja comunicação, desde que haja expressa manifestação de vontade do doador neste sentido. 7. Recurso conhecido e provido. (TJ-DF 00060471020178070006 - Segredo de Justiça 0006047- 10.2017.8.07.0006, Relator: ALVARO CIARLINI, Data de Julgamento: 25/03/2020, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 04/05/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.) Frise-se, ainda, que a dívida contraída pelo cônjuge devedor não beneficiou o casal, tratando-se de dívida alimentar, que é personalíssima, sendo certo que a embargante não possui responsabilidade patrimonial secundária pelas dívidas contraídas pelo cônjuge devedor nesse caso, não se aplicando o art. 790, IV, do CPC/15. De tal modo, devidamente comprovado o domínio sobre o bem litigioso, há de ser suspensa a medida constritiva, na forma do art. 678, do Código de Processo Civil. Por fim, não há que se falar em caução, prevista no parágrafo único do art. 678 do codex processual civil pátrio, já que resta comprovada a impossibilidade de sua prestação, por ser a embargante economicamente hipossuficiente. DOS PEDIDOS Por todo o exposto, a parte embargante requer a integral procedência dos presentes Embargos e, em especial, o atendimento dos seguintes pedidos: a) Seja concedida a liminar para suspender a medida constritiva no imóvel da embargante, decretada nos autos nº, deste Juízo, eis que suficientemente provado o domínio exclusivo da autora, nos termos do art. 678, caput, do Código de Processo Civil, dispensando-a de prestar caução; b) A gratuidade de justiça, tendo em vista que a embargante é parte hipossuficiente no processo, nos termos do art.98, do Código de Processo Civil; c) A citação do embargado, na pessoa de seu advogado, nos termos do que dispõe o art. 677, §3º, do Código de Processo Civil, para que, em querendo, apresente Contestação, sob pena de revelia, conforme previsto no art. 344, do mesmo instrumento normativo; d) O cancelamento da constrição e a procedência integral dos presentes embargos, especialmente, para que o ato de constrição ilegal seja cancelado, conforme delibera o disposto no art. 681, do Código de Processo Civil; e) Pugna pela condenação da parte embargada ao pagamento dos honorários advocatícios, das custas e despesas processuais, conforme dispõe os arts. 82, §2º, e 85, ambos do Código de Processo Civil. Atribui-se à causa o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), com base no art.292, II, do CPC/15. Termos em que, Pede e espera deferimento. Local, dia/mês/ano. Nome do advogado Número de inscrição na OAB Assinatura
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