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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___VARA CÍVEL 
DA COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO [nome completo], [nacionalidade], em união estável, 
trabalhador rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], 
residente e domiciliado na Rua das Bromélias, nº 100, na cidade 
de Londrina/PR, CEP nº. devidamente representado por seu advogado 
(procuração anexa), vem respeitosamente à presença de Vossa 
excelência expor a presente AÇÃO DE USUCAPIÃO RURAL em face de 
JULIÃO [nome completo], [nacionalidade], casado, [profissão], 
[número do CPF], [endereço eletrônico], RUTH, [nome completo], 
[nacionalidade], casado, [profissão], [número do CPF], [endereço 
eletrônico], ambos residentes e domiciliados no [endereço 
completo], pelos motivos fáticos e fundamentos jurídicos expostos 
a seguir. 
 
 
 I – DOS FATOS 
Conforme depreende-se do consentimento constante em 
declaração anexa à exordial (doc. anexo), o autor e seu 
companheiro Marcos, têm a posse mansa, pacífica e ininterrupta do 
imóvel rural, registrado sob o nº (...), no Cartório de Registro 
de Imóveis (certidão anexa), com área e 35 hectares, conforme 
planta anexa, situado à Rua das Bromélias, nº 100, na cidade de 
Londrina/PR. 
O imóvel supradescrito encontrava-se abandonado quando o 
autor, após tomar sua posse, construiu uma casa, na qual mora até 
a presente data. Desde então, passou a tirar da terra seu próprio 
sustento e o de sua família. 
Deste modo, desde a tomada de referida posse, o autor cuidou 
do imóvel com animus domini pagando todos os tributos relacionados 
a ele desde então, segundo se infere dos carnês de IPTU devidamente 
pagos anexados à presente petição inicial, sendo certo o fato de 
que nunca ninguém apareceu para reivindicar a propriedade do 
referido imóvel. 
Consigna-se, desde já, que o autor nunca foi proprietário 
de qualquer imóvel, e, apresenta esta ação para regularizar a sua 
situação perante o imóvel objeto da presente. 
II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
Extrai-se do comando constitucional insculpido pelo artigo 
191, caput, a hipótese legal que fundamenta a presente demanda, 
onde o legislador constituinte define as bases gerais para 
requisição de usucapião de imóvel rural, conforme passa-se a 
expor: 
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de 
imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco 
anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em 
zona rural, não superior a cinqüenta hectares, 
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua 
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a 
propriedade. 
Mencionado instituto jurídico é mais bem detalhado pelo 
Código Civil em seu artigo 1.239 que estabelece: 
Art. 1.239 Aquele que, não sendo proprietário de 
imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco 
anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em 
zona rural não superior a cinqüenta hectares, 
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua 
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a 
propriedade. 
Em vista dos requisitos gerais e específicos dispostos pela 
constituição e pelo Código Civil, passa-se a argui-los diante das 
provas de fato e de direito atinentes ao atendimento deles ao 
presente caso. 
Conforme preleciona a melhor doutrina, a posse ensejadora 
da usucapião deve ser exercida com animus domini, sendo 
considerado como o mais importante de seus requisitos, vez que 
atua como base de sustentação do próprio instituto. Nesse sentido, 
valiosa é a lição do Mestre Orlando Gomes, em especial, quando 
acrescenta, em relação ao tema em construção, com bastante 
propriedade, que: 
“A posse que conduz à Usucapião, deve ser exercida 
com animus domini, mansa e pacificamente, contínua e 
publicamente. a) O animus domini precisa ser frisado 
para, de logo, afastar a possibilidade de Usucapião 
dos fâmulos da posse. (…) Necessário, por 
conseguinte, que o possuidor exerça a posse com 
animus domini. Se há obstáculo objetivo a que possua 
com esse animus, não pode adquirir a propriedade por 
usucapião. (. .) Por fim, é preciso que a intenção de 
possuir como dono exista desde o momento em que o 
prescribente se apossa do bem. (GOMES, 1996, p. 166 
apud Desembargador Raimundo Siqueira Ribeiro, in 
Ementa Apelação Cível nº. 35970111437 – Usucapião 
Extraordinário, Rel. Desembargador Raimundo Siqueira 
Ribeiro, Data da Publicação no Diário: 20.09.2010)”. 
Deste modo, destaca-se que a posse exercida pelo autor sob 
o imóvel, é exercida com animus domini, tornando hábil de ser 
usucapido o objeto da presente demanda. Ademais, não se trata de 
imóvel público, que, como se sabe, existe vedação expressa na 
Constituição Federal segundo extrai-se da inteligência do artigo 
183, § 3º. Tal aspecto resta incontroverso ante a análise da 
matrícula do imóvel anexa. 
No que se refere à qualidade da posse, não resta dúvida se 
tratar de posse qualificada (ad usucapionem), pois o autor sempre 
agiu com animus domini, isto é, como se dono fosse. Tanto é verdade 
que construiu uma casa e pagou anualmente o IPTU do imóvel (docs. 
anexos), perfazendo a exigência de posse mansa, pacífica e 
ininterrupta. 
Quanto a fixação de prazo legal mínimo da posse mansa, 
pacífica e ininterrupta, conforme determina o artigo 191, caput, 
da Constituição Federal e 1.239, do Código Civil, qual seja, cinco 
anos, resta cumprido no presente caso, já que o autor permanece 
na posse há nove anos, conforme demonstram os documentos anexos. 
Como se verifica com a jurisprudência, o requisito de anos, 
consta cumprido: 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL PRO 
LABORE. ARTIGO 1.239 DO CÓDIGO CIVIL. REQUISITOS. 
AUSÊNCIA. INDEFERIMENTO MANTIDO. - Para que seja 
deferido o pedido de aquisição da propriedade de área 
de terra em zona rural não superior a cinquenta 
hectares, com base em posse ad usucapione, o 
pretendente deve provar tê-la exercido por cinco anos 
ininterruptos, que tornou o imóvel produtivo por seu 
trabalho ou de sua família e nele fixou moradia. - A 
ausência de qualquer de tais requisitos impõe a 
improcedência da pretensão. 
 
(TJ-MG - AC: 10335070093489001 MG, Relator: Luiz 
Carlos Gomes da Mata, Data de Julgamento: 23/05/2013, 
Câmaras Cíveis / 13ª CÂMARA CÍVEL, Data de 
Publicação: 29/05/2013) 
 
Ainda sobre o tema é importante frisar que o autor faz prova 
de que no local do imóvel desempenha atividade produtiva, conforme 
farta documentação anexa, requisito este, que deve ser comprovado 
pelo autor em conjunto com o lapso temporal mínimo de cinco anos, 
conforme destaca-se do entendimento jurisprudencial, que é 
majoritário: 
TJMG - Apelação Cìvel AC 10327120000432001. EMENTA 
APELAÇÃO CÍVEL - USUCAPIÃO RURAL ESPECIAL - AUSÊNCIA 
DE COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS DOS ARTIGO 1.239 DO 
CÓDIGO CIVIL - ONUS DO AUTOR - IMPROCEDÊNCIA 
CONFIRMADA. Na usucapião rural especial, compete ao 
autor fazer prova não só do tempo de posse exigível, 
com ânimo de dono e de forma pacífica e sem oposição, 
mas também, prova de que, a área se tornou produtiva 
com a força do seu trabalho ou da família e com 
moradia. Não havendo tal prova nos autos, alternativa 
outra não resta, senão em confirma a improcedência do 
pedido inicial. (grifos nossos) 
No que pertine ao preenchimento dos requisitos específicos, 
frise-se que todos encontram-se presentes, uma vez que a área do 
imóvel rural é inferior a 50 hectares, bem como o autor declara 
sob as penas da lei que não possui qualquer outro imóvel em seu 
nome. 
Destarte, o autor atende a todos os requisitos 
constitucionais e legais, preenchendo as condições para que seja 
declarado seu o domínio da propriedade. 
III – DOS PEDIDOS 
EX POSITIS, requer o autor pela integral procedência da 
presente ação e, em especial, pugna pelo atendimento dos seguintes 
pedidos: 
a) Citação do réu pelo correio, nos moldes dos artigos 246 
e 248, ambos do Código deProcesso Civil, para que 
apresente contestação, sob pena de revelia, conforme 
previsto no artigo 344 do Código de Processo Civil, 
incluindo também a citação dos possuidores dos imóveis 
confinantes: FAZENDA DA Paz Ltda. e dos cônjuges 
Francisco e Rosa, nos endereços indicados no documento 
anexo (que demonstra a situação de vizinhança, nos termos 
do artigo 246, § 3º, do Código de Processo Civil). 
b) Cientificação das Fazendas Públicas Municipal, Estadual 
e da União. 
c) O autor declara seu desinteresse na autocomposição nos 
termos do artigo 334, § 5º do Código de Processo Civil. 
d) Requer-se a produção de todos os meios de prova admitidos 
em direito, em especial, a produção de prova testemunhal, 
conforme artigo 442, do Código de Processo Civil, para 
demonstrar a presença dos elementos da usucapião rural. 
e) Pugna-se pela procedência integral da presente ação, 
especialmente para o fim de que seja declarado o domínio 
do autor sobre o imóvel. 
f) Requer-se a condenação da parte requerida ao pagamento 
dos honorários advocatícios, das custas e das despesas 
processuais, nos termos dos artigos 82, § 2º, e 85, ambos 
do Código de Processo Civil. 
g) Pede-se remessa dos autos ao Ministério Público a fim de 
proferir seu parecer preliminar, bem como proceda ao 
acompanhamento da presente ação. 
h) Protesta pela juntada das guias de recolhimento de custas 
processuais. 
Atribui-se à causa o valor de R$ (...), calculado conforme 
artigo 292, IV, do Código de Processo Civil. 
 
Londrina, dia, mês e ano. 
Nome do advogado e número de inscrição na OAB 
 
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL 
DA COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo nº 
 
 
 
JULIÃO [nome completo], casado, [profissão], [número do CPF], 
[endereço eletrônico], e RUTH [nome completo], casada, 
[profissão], [número do CPF], [endereço eletrônico], ambos 
residentes e domiciliados no [endereço completo], devidamente 
representados por seu advogado (procuração anexa), nos autos da 
ação movida por JOÃO [nome completo], vem respeitosamente à 
presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 335 e 
343 do Código de Processo Civil, oferecer e propor, 
respectivamente, a presente CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO pelos 
fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. 
 
DA TEMPESTIVIDADE 
A presente contestação com reconvenção é tempestiva, nos 
termos do art. 335, I, do CPC/15, que concede o prazo de 15 
(quinze) dias úteis para sua apresentação, excluindo-se o dia do 
começo e incluindo o dia do vencimento (art. 224, CPC), tendo como 
início o dia útil seguinte ao do protocolo do pedido (em 5/7/2019), 
no qual concorda com o desinteresse de autocomposição e de 
cancelamento da audiência de conciliação ou mediação (art. 335, 
II, CPC), correspondente à data de 8/7/2019 (segunda-feira). Logo, 
a presente contestação é tempestiva, pois foi protocolada em 
momento anterior ao prazo legal. 
 
DOS FATOS 
O autor ajuizou Ação de Usucapião do imóvel de propriedade 
dos réus, situado na Rua das Bromélias, nº 100, Centro, na cidade 
de Londrina/PR, registrado sob o nº [...], no Cartório de Registro 
de Imóveis, alegando que há nove anos tem a posse mansa, pacífica 
e ininterrupta do imóvel rural. 
Alegou, para tanto, que desde que tomou posse, o autor teria 
cuidado do imóvel com animus domini, pagando todos os tributos 
relacionados a ele desde então. Razão, porém, não lhe assiste, 
porquanto toda a narrativa distorce a realidade dos fatos. 
Na realidade, há nove anos, o autor, junto ao seu 
companheiro Marcos, firmou um contrato verbal de locação com os 
réus, de prazo indeterminado, com o valor mensal do aluguel fixado 
em R$ 300,00 (trezentos reais), que nunca foi pago. Também, ficou 
acordado que os locatários pagariam todos os impostos e contas de 
água e luz. 
Frise-se que os réus nunca buscaram, junto ao Poder 
Judiciário, os valores devidos, pois sabiam das dificuldades 
financeiras de João e Marcos, razão pela qual toleraram que 
permanecessem no imóvel. 
DAS PRELIMINARES DE MÉRITO 
 
I- Inépcia da inicial por ausência de consentimento do 
companheiro (art. 73, caput, CPC) 
O art. 73, caput, do CPC/15, que exige dos cônjuges (e dos 
companheiros) o consentimento para propor ações que versem sobre 
direito real imobiliário, que é o caso da usucapião. 
Segundo art. 320, do CPC, a petição inicial será instruída 
com os documentos indispensáveis à propositura da ação (BRASIL, 
2015, [s.p.]). Ocorre que, no presente caso, o autor não juntou 
aos autos a declaração de consentimento de seu companheiro, 
deixando de observar, assim, a regra em questão. 
Veja-se o posicionamento da doutrina acerca do assunto: 
 
APELAÇÃO. AÇÃO DE EXTINÇÃO DE CONDOMÍNIO CUMULADA 
COM ALIENAÇÃO DE COISA COMUM. Cônjuge do réu que não 
integrou a lide, muito embora consta da matrícula do 
imóvel. Litisconsórcio passivo necessário. Nulidade 
constatada. Processo que deverá retornar à origem 
para aditamento da inicial. Respeito ao art. 73, § 
1º, do CPC. Sentença anulada. RECURSO PROVIDO. 
(TJ-SP - AC: 10009975520198260048 SP 1000997-
55.2019.8.26.0048, Relator: Rosangela Telles, Data 
de Julgamento: 01/06/2020, 2ª Câmara de Direito 
Privado, Data de Publicação: 01/06/2020) 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE 
NEGÓCIO JURÍDICO C/C REINTEGRAÇÃO DE POSSE. 
CÔNJUGES. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. DIREITO REAL 
IMOBILIÁRIO. RECURSO PROVIDO. 1. Nas ações que 
versem sobre direito real imobiliário, ambos os 
cônjuges serão necessariamente citados para ação que 
verse sobre direito real imobiliário, salvo quando 
casados sob o regime de separação absoluta de bens; 
ou ação resultante de fato que diga respeito a ambos 
os cônjuge ou de ato praticado por eles, conforme 
art. 73, § 1º, incisos I e II, do CPC. 2. A alegada 
nulidade de instrumento de cessão de direitos 
firmado entre a Autora e o seu ex-companheiro, Réu 
na ação originária, de forma a resultar na eventual 
invalidação de toda a cadeia sucessória de alienação 
de direitos sobre o imóvel, inclusive com a 
possibilidade de retomada do bem, diz respeito a 
ambos os cônjuges adquirentes e atuais ocupantes do 
imóvel, devendo a lide ser decidida de forma uniforme 
em relação ao casal possuidor do bem, o que impõe, 
a citação do cônjuge varão. 3. Recurso conhecido e 
provido. 
(TJ-DF 07202447320198070000 DF 0720244-
73.2019.8.07.0000, Relator: GETÚLIO DE MORAES 
OLIVEIRA, Data de Julgamento: 15/04/2020, 7ª Turma 
Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 
06/05/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.) 
 
Assim, faltando documento essencial para a propositura da 
ação, a petição inicial deve ser considerada inepta, extinguindo-
se a ação de usucapião sem resolução de mérito. 
 
a. Ilegitimidade ad processum por não observância do art. 
595 do CC 
 
No que diz respeito a preliminar por ilegitimidade ad 
processum, cumpre destacar o que determina o art. 595, do Código 
Civil: 
No contrato de prestação de serviço, quando 
qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o 
instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito 
por duas testemunhas. 
 
Observa-se que, na procuração anexada à inicial, consta 
apenas a digital do autor sem a assinatura de duas testemunhas, 
como exige o mencionado artigo. Portanto, referida procuração não 
é apta a transmitir poderes ao patrono signatário da petição 
inicial. 
Assim, inexistindo procuração apta para a representação 
processual do autor, resta configurada a sua ilegitimidade ad 
processum, razão pela qual deve ser extinta a ação de usucapião 
sem resolução de mérito. 
 
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
A Constituição Federal, em seu artigo 5º, caput, estabelece 
o direito à propriedade como fundamental, ao lado dos direitos à 
vida, à liberdade, à igualdade e à segurança: 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinçãode qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros 
e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança, e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
XXII é garantido o direito de propriedade. (BRASIL, 
1988, [s.p.], grifos do autor) 
Uma das formas de transmissão da propriedade é a usucapião, 
em atenção à Função Social da Propriedade, que dentre as suas 
espécies consta aquela tratada pelo Código Civil, em seu art. 
1.239, que estabelece: 
 
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de 
imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco 
anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em 
zona rural não superior a cinquenta hectares, 
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua 
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a 
propriedade. (BRASIL, 2002, [s.p.]) 
 
No que tange a conceituação deste instituto jurídico, por 
primeiro, busca-se nos léxicos gramaticais a interpretação de 
Animus domini, que na lição de De Plácido e Silva, 
 
 "é a consciência do senhor da coisa de que esta 
lhe pertence de pleno direito, e, por isso, 
juridicamente, a poder deter em sua posse. E a 
posse que resulta daí é a do próprio direito, 
porque indica a posse do domínio. O animus domini 
é elemento substancial do direito de posse, e a 
indica como uma posse perfeita, visto que ela se 
comporta sobre uma coisa que se possui como sendo 
de propriedade própria" ("Vocabulário Jurídico", 
vol. I, p. 236). 
 
Destarte, o ânimo de dono resume-se em “querer ser dono”, 
mas não poder em razão seguintes exclusivas causas impeditivas: 
a) entre cônjuges, na constância do matrimônio; b) entre 
ascendente e descendente, durante o pátrio poder; c) entre 
tutelados e curatelados e seus tutores e curadores, durante a 
tutela e a curatela; d) em favor de credor pignoratício, do 
mandatário, e, em geral, das pessoas que lhe são equiparadas, 
contra o depositante, o devedor, o mandante, as pessoas 
representadas, os seus herdeiros, quanto ao direito e obrigações 
relativas aos bens, aos seus herdeiros, quanto ao direito e 
obrigações relativas aos bens confiados à sua guarda. 
LOCAÇÃO – AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO C/C 
COBRANÇA – DEFESA DO RÉU BASEADA NA USUCAPIÃO – 
IMPOSSIBILIDADE – RÉU QUE RESIDE NO IMÓVEL NA 
QUALIDADE DE LOCATÁRIO, SEM ÂNIMO DE DONO – SENTENÇA 
MANTIDA. Apelação improvida. 
(TJ-SP - APL: 00152371720138260003 SP 0015237-
17.2013.8.26.0003, Relator: Jayme Queiroz Lopes, 
Data de Julgamento: 12/11/2015, 36ª Câmara de 
Direito Privado, Data de Publicação: 16/11/2015) 
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE DESPEJO - FALTA DE 
PAGAMENTO E COBRANÇA DE LOCATIVOS IMPAGOS – PEDIDO 
DE USUCAPIÃO SOB ALEGAÇÃO DE QUE O LOCATÁRIO ESTÁ NA 
POSSE DO BEM HÁ 8 ANOS – IMPOSSIBILIDADE – 
INEXISTÊNCIA ÂNIMO DE DONO – RECURSO DESPROVIDO. 1. 
Se há prova inequívoca da existência de contrato de 
locação celebrado entre as partes, descabe pretender 
usucapir o imóvel, pois, embora o locatário se 
encontre na posse do imóvel desde 2008, a ocupação 
não se deu sem oposição e com ânimo de dono, o que 
obsta, o direito de usucapir o aludido bem. (AI 
143131/2013, DES. JOÃO FERREIRA FILHO, PRIMEIRA 
CÂMARA CÍVEL, Julgado em 25/03/2014, Publicado no 
DJE 01/04/2014) 
(TJ-MT - AI: 01431310220138110000 143131/2013, 
Relator: DES. JOÃO FERREIRA FILHO, Data de 
Julgamento: 25/03/2014, PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, Data 
de Publicação: 01/04/2014) 
O jurista Miguel Reale disciplina que a partir da diretriz 
da socialização fez surgir “dois modos de possuir capazes de 
alcançar a usucapião: “a posse simples e a qualificada”. No 
presente caso, o autor alega exercer a posse qualificada com 
privilégio, porém, essa não se perfaz de fato, já que o imóvel 
foi locado a ele e seu companheiro. 
Nas lições do mencionado autor, a pose qualificada é 
“marcada pelo elemento fático caracterizador da função social: é 
a posse exercida a título de moradia e enriquecida pelo trabalho 
ou investimento” (MIGUEL REALE, apud FARIAS, Cristiano Chaves de; 
ROSENVALD, Nelson. Direitos Reais, 2006, p. 274). 
 Porém, não basta que haja a posse a título de moradia 
enriquecida com trabalho ou investimento, é necessário que exista 
falta de cuidado em relação a coisa, sendo os poderes inerentes à 
propriedade exercidos por terceiro, o que resta patente que não é 
o caso dos presentes autos. 
 
Portanto, observa-se que o autor não atende a todos os 
requisitos para que lhe seja declarado o domínio sobre a 
propriedade, razão pela qual deve ser julgada improcedente a ação 
de usucapião. 
DA RECONVENÇÃO 
Há nove anos, o autor, junto ao seu companheiro Marcos, 
firmou um contrato verbal de locação com os réus, com prazo 
indeterminado, com o valor mensal do aluguel fixado em R$ 300,00 
(trezentos reais), que nunca foi pago. 
Art. 9º A locação também poderá ser desfeita: 
(...) 
III- em decorrência da falta de pagamento do aluguel 
e demais encargos. (BRASIL, 1991, [s.p.]) 
 
Além desse, o art. 62, da mesma lei, ao tratar da cobrança 
de aluguéis na ação de despejo, estabelece: 
Art. 62 - Nas ações de despejo fundadas na falta de 
pagamento de aluguel e acessórios da locação, 
observar-se-á o seguinte: 
I - O pedido de rescisão da locação poderá ser 
cumulado com o de cobrança dos aluguéis e acessórios 
da locação, devendo ser apresentado, com a inicial, 
cálculo discriminado do valor do débito. (BRASIL, 
1991, [s.p.]) 
 
Portanto, o contrato de locação deve ser rescindido, 
expedindo-se mandado de despejo. Além disso, o autor deve ser 
condenado a pagar o valor dos aluguéis em atraso, devidamente 
corrigidos, de acordo com o cálculo discriminado anexado à 
presente. 
DOS PEDIDOS 
Posto isso, se vencidas as preliminares de mérito, a parte 
demandada pugna pela integral improcedência da ação de usucapião 
e, na condição da autora reconvencional, requer a integral 
procedência da presente ação de despejo com cobrança de aluguéis 
e, em especial, requer o atendimento dos seguintes pedidos: 
 
1. Extinção sem resolução de mérito. Pugna-se pela extinção do 
processo sem resolução de mérito, em razão da ausência de 
consentimento do companheiro para o ajuizamento de ação que versa 
sobre direito real imobiliário, conforme dispõem os artigos. 73, 
caput, e 485, I, ambos do CPC/15; além disso, requer-se a extinção 
do processo, sem resolução de mérito, pois ausentes as duas 
testemunhas na procuração da parte autora, que é pessoa 
analfabeta, em desrespeito ao contido no art. 595, do Código Civil 
de 2002, e conforme dispõe o art. 485, VI, do CPC/2015. 
2. Intimação. A intimação do autor, por meio de seu patrono, 
para que, assim querendo, o locatário efetue o pagamento do débito 
atualizado devido, no prazo de 15 dias (art. 62, II, Lei nº 
8.245/1991), observando-se o prazo prescricional de três anos 
(art. 206, § 3º, I, CC/02); e, não querendo purgar a mora, para 
que conteste a ação reconvencional (art. 343, § 1º, CPC), em igual 
prazo, sob pena de revelia, conforme previsto no art. 344, do CPC. 
3. Produção de Provas. Requer-se a produção de todos os meios 
de prova admitidos em Direito, em especial, a produção de prova 
testemunhal, conforme artigos. 369 e 442, ambos do CPC. 
4. Condenação. Pugna-se pela procedência integral da presente 
ação de despejo com cobrança dos aluguéis atrasados, para 
rescindir o contrato de locação e para que o réu seja condenado a 
pagar a quantia de R$ (), referente aos valores de aluguéis devidos 
e não pagos, devidamente atualizada. 
Pugna-se pela condenação da parte adversa em honorários 
advocatícios, custas e despesas processuais, nos termos dos 
artigos 82, § 2º, e 85, ambos do CPC/15. 
Informa-se o devido recolhimento das custas processuais 
iniciais. 
Atribui-se à causa o valor de R$ 3.600,00, com base no art. 
58, III, da Lei nº 8.245/1991. 
 
Termos em que pede deferimento. 
Londrina, 26 dejulho de 2019. 
Nome do advogado e número de inscrição na OAB 
[Assinado digitalmente] 
 
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL 
DA COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ 
 
 
 
 
Número do processo: [...] 
 
 
JULIÃO [nome completo], [nacionalidade], casado, 
[profissão], [número do CPF], [endereço eletrônico], e RUTH [nome 
completo], casada, [profissão], [número do CPF], [endereço 
eletrônico], ambos residentes e domiciliados [endereço completo], 
devidamente representados por seu advogado, nos autos da Ação de 
Usucapião Rural, movida por JOÃO (já qualificado nos autos), vêm 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, inconformados com 
o teor da sentença proferida por este Juízo de Primeiro Grau, 
interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, pelos motivos de fato e 
fundamentos jurídicos apontados nas razões recursais, que seguem 
anexas, a serem remetidas ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado 
do Paraná. 
Requer-se a intimação da parte contrária para apresentação 
de Contrarrazões em 15 (quinze) dias, com fulcro no art. 1.010, § 
1º, do CPC/15. 
Seguem anexos os comprovantes de recolhimentos das guias 
referentes ao preparo recursal, dispensado o recolhimento de porte 
de remessa e retorno, conforme dispõe o art. 1.007, caput e § 3º, 
do CPC/15. 
Termos em que, 
pede deferimento. 
Local e Data. 
Nome do advogado e número de inscrição na OAB 
[Assinado digitalmente] 
 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ 
 
 
RAZÕES RECURSAIS 
 
 
Processo em 1º grau: [número do processo] 
Apelantes: JULIÃO [nome completo] e RUTH [nome completo] 
Apelado: JOÃO [nome completo] 
Colenda Câmara; Eméritos Desembargadores. 
 
 
I - DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE 
 
 
Como dispõe o art. 1.009, do Código de Processo Civil de 
2015, o Recurso adequado para se buscar a modificação da sentença 
é o Recurso de Apelação, motivo pelo qual é cabível o presente 
para se buscar a modificação da sentença de primeiro grau. 
O presente recurso é tempestivo, à medida que interposto 
dentro do prazo de 15 (quinze) dias, previsto no art. 1.003, § 
5º, do CPC/15. Considere-se a intimação automática nos autos do 
processo eletrônico realizada em 3/11/2020, sendo que o prazo 
passou a fluir a partir de 4/11/2020 (primeiro dia útil seguinte), 
nos moldes do art. 231, V, do CPC/15. 
 
 
II – DA SÍNTESE DOS FATOS 
 
O Apelado ajuizou Ação de Usucapião do imóvel de propriedade 
dos Apelados, situado na Rua das Bromélias, nº 100, Centro, na 
cidade de Londrina/PR, registrado sob o nº ( ) no Cartório de 
Registro de Imóveis, alegando que há, aproximadamente, nove anos 
tem a posse mansa, pacífica e ininterrupta do imóvel rural. 
Alegou, para tanto, que desde que tomou posse do imóvel, o Apelado 
teria cuidado dele com animus domini, pagando todos os tributos 
relacionados a ele desde então. 
Contudo, motivo não lhe assiste, porquanto toda a narrativa 
distorce a realidade dos fatos. Na realidade, há, aproximadamente, 
nove anos, o Apelado, junto ao seu companheiro Marcos, firmou um 
contrato verbal de locação com os réus, ora apelantes, com prazo 
indeterminado, tendo sido o valor do aluguel fixado em R$ 300,00 
(trezentos reais), que nunca foi pago. Também, ficou acordado que 
os locatários ora Apelados pagariam todos os impostos e as contas 
de água e luz. 
Note-se, em especial, que os Apelantes nunca buscaram na 
Justiça os valores devidos, pois sabiam das dificuldades 
financeiras de João e Marcos, razão pela qual toleraram que 
permanecessem no imóvel. 
Destarte, os Apelantes apresentaram Contestação suscitando 
as preliminares de inépcia da inicial por ausência de 
consentimento do companheiro (art. 73, caput, CPC/15) e 
Ilegitimidade ad processum por não observância do art. 595, do 
Código Civil de 2002. No mérito, requereram a improcedência do 
pedido de usucapião, pois o recorrido era mero detentor, já que 
existia um contrato verbal de locação. Além disso, apresentaram 
reconvenção de despejo cumulada com cobrança de aluguéis. 
Entretanto, após os Apelantes manifestarem desejo de 
produção de prova oral para comprovarem a existência de contrato 
de locação verbal entre as partes, o magistrado a quo proferiu 
sentença em julgamento antecipado de mérito, julgando procedente 
a ação de usucapião, sob alegação de que não teria restado 
comprovada a existência de locação verbal e, por consequência, 
julgou improcedente a ação reconvencional. 
 
III – DAS RAZÕES DOS PEDIDOS DE ANULAÇÃO OU REFORMA 
 
III.1 Da anulação da sentença por violação à ampla defesa 
Decorre do art. 5º, LV, da CF/88, que: “aos litigantes, em 
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes”; (BRASIL, 1988, [s.p.]). 
Nos presentes autos, a ampla defesa restou violada, pois, 
apesar de os recorrentes terem requerido a produção de prova oral 
para comprovar o contrato de locação verbal, o magistrado a quo 
proferiu sentença em julgamento antecipado de mérito, dando 
procedência ao pedido de usucapião, sob alegação de que não restou 
comprovada a existência de contrato verbal de locação. 
Todavia, o art. 355, do CPC/15, estabelece que: 
 O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo 
sentença com resolução de mérito, quando: I - não 
houver necessidade de produção de outras provas; II- 
o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 
344 e não houver requerimento de prova, na forma do 
art. 349. (BRASIL, 2015, [s.p.]) 
 
Tratando-se de contrato verbal, a prova oral, devidamente 
requerida e justificada tempestivamente pelos Apelantes, tratava-
se de prova necessária para a comprovação de que o recorrido era 
apenas detentor, e não possuidor, já que, ausente o animus domini, 
nos termos do art. 1.208, do Código Civil de 2002, que dispõe que 
"não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância 
(BRASIL, 2002, [s.p.]). Assim, não poderia o juízo de primeiro 
grau ter julgado procedente o pedido de usucapião em julgamento 
antecipado de mérito, haja vista a necessidade da produção da 
prova oral. Requer-se, assim, a anulação da sentença por violação 
à ampla defesa. 
 
III. 2 Da extinção do processo por inépcia da inicial 
O magistrado de primeiro grau afastou a preliminar de 
inépcia da inicial por ausência de consentimento do companheiro, 
alegando que "não há necessidade de consentimento do companheiro, 
pois o art. 73, caput, do CPC exige o consentimento apenas dos 
cônjuges. 
Referido dispositivo legal, exige dos cônjuges o 
consentimento para propor ações que versem sobre direito real 
imobiliário, como no caso da usucapião. Ocorre que, no presente 
caso, o autor não juntou aos autos a declaração de consentimento 
de seu companheiro, inobservando, assim, a regra em questão. 
A referida regra deve ser aplicada também aos companheiros, 
nos termos em que determina o § 3º do referido artigo, ao 
estabelecer que “Aplica-se o disposto neste artigo à união estável 
comprovada nos autos” (BRASIL, 2015, [S.P.]). 
O art. 320, do CPC/15, aliás, estabelece que “A petição 
inicial será instruída com os documentos indispensáveis para a 
propositura da ação” (BRASIL, 2015, [S.P]). 
Assim, faltando documento essencial para a propositura da 
ação, a petição inicial deve ser considerada inepta, devendo ser 
reformada a sentença para extinguir a ação de usucapião sem 
resolução do mérito, na forma do art. 485, I, do CPC/15. 
 
III.3. Da extinção do processo por ilegitimidade passiva 
O magistrado de primeiro grau afastou a preliminar de 
ilegitimidade ad processum sob alegação de que “a não observância 
do art. 595 do CC apenas pode ser alegada pelo analfabeto”. 
Nota-se que, na procuração anexa à inicial, consta apenas 
a digital do autor sem a rubrica “analfabeto, sem assinatura de 
duas testemunhas, como exige o mencionado artigo. Portanto,a 
referida procuração não é apta a transmitir poderes ao patrono 
signatário da petição inicial. 
Dessume-se do art. 595, do CC, que “no contrato de 
prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, 
nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito 
por duas testemunhas” (BRASIL, 2002, [S.P.]). Daí extrai-se não 
haver restrição para que somente o analfabeto que tenha assinado 
a rogo possa alegar a nulidade do instrumento, como fundamentado 
pelo magistrado sentenciante. 
Assim, inexistindo procuração apta para a representação 
processual do recorrido, resta configurada a sua ilegitimidade ad 
processum, razão pela qual deve ser reformada a sentença, a fim 
de extinguir a ação de usucapião sem resolução do mérito, nos 
termos do art. 485, VI, do CPC/15. 
 
III.4. Da ausência dos requisitos ensejadores da usucapião 
A Constituição Federal, em seu art. 5º, caput, estabelece 
o direito à propriedade como um direito fundamental, ao lado dos 
valores da vida, liberdade, igualdade e segurança: 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros 
e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança, e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
XXII é garantido o direito de propriedade. (BRASIL, 
1988, [s.p.], grifos nossos) 
 
Uma das formas de transmissão da propriedade é a usucapião, 
em atenção à Função Social da Propriedade, na qual, dentre as suas 
espécies, consta aquela tratada pelo Código Civil de 2002, em seu 
art. 1.239: 
Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou 
urbano, possua como sua, por cinco anos 
ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona 
rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a 
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo 
nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
(BRASIL, 2002, [s.p.]) 
 
Ocorre que um dos requisitos para a configuração desta e de 
qualquer espécie de usucapião é a posse qualificada (ad 
usucapionem), que não está presente no caso, já que o recorrido e 
seu companheiro ingressaram no imóvel por força de um contrato de 
locação, razão pela qual são meros detentores, nos termos do que 
dispõe o art. 1.208, do Código Civil, já referido acima. 
O direito fundamental à propriedade dos recorrentes não 
pode ser afastado no presente caso, já que é evidente que o 
recorrido e seu companheiro não se encontravam no imóvel com 
animus domini. Tratam-se de meros locatários que se encontram 
inadimplentes há anos e não podem ser premiados por isso. 
Ademais, o pagamento dos impostos pelo recorrido não pode 
servir de prova de seu animus domini, já que, no contrato de 
locação, restou firmado que caberia a eles o pagamento dos 
referidos impostos e das demais taxas de uso do imóvel. 
Portanto, observa-se que o recorrido não atende a todos os 
requisitos para que lhe seja declarado o domínio sobre a 
propriedade, razão pela qual deve ser reformada a sentença, para 
ser julgada improcedente a ação de usucapião. 
 
III.5. Da procedência do despejo com cobrança de aluguéis em 
atraso 
Há, aproximadamente, nove anos, o recorrido, junto ao seu 
companheiro Marcos, firmou um contrato verbal de locação com os 
recorrentes, com prazo indeterminado, com o valor do aluguel 
fixado em R$ 300,00, que nunca foi pago. A Lei nº 8.245/1991, em 
seu art. 9º, III, estabelece: 
Art. 9º A locação também poderá ser desfeita: 
(...) 
III- em decorrência da falta de pagamento do aluguel 
e demais encargos; (BRASIL, 1991, [s.p.]) 
 
Além desse dispositivo legal, o art. 62, da mesma lei, ao 
tratar da cobrança de aluguéis na ação de despejo, estabelece o 
seguinte: 
 
Art. 62 - Nas ações de despejo fundadas na falta de 
pagamento de aluguel e acessórios da locação, 
observar-se-á o seguinte: 
I - o pedido de rescisão da locação poderá ser 
cumulado com o de cobrança dos aluguéis e acessórios 
da locação, devendo ser apresentado, com a inicial, 
cálculo discriminado do valor do débito. (BRASIL, 
1991, [s.p.]) 
 Destarte a vasta disposição da lei, cumpre citar o 
brilhantismo visto na jurisprudência, que data vênia transcreve: 
AÇÃO DE DESPEJO CUMULADA COM COBRANÇA DE ALUGUÉIS EM 
ATRASO. Cerceamento de defesa não vislumbrado. 
Contrato de locação firmado por escrito. Distrato 
que deveria ser instrumentalizado pela mesma forma. 
Não comprovação. Contrato em vigor. Desocupação do 
imóvel não comprovada. Despejo decretado. Cobrança 
dos aluguéis em atraso devida. Recurso desprovido. 
(TJ-SP - APL: 07170788620128260020 SP 0717078-
86.2012.8.26.0020, Relator: Milton Carvalho, Data de 
Julgamento: 22/09/2016, 36ª Câmara de Direito 
Privado, Data de Publicação: 22/09/2016) 
Apelação Locação Despejo por falta de pagamento 
Cobrança. É admissível ao credor cumular as ações de 
despejo e cobrança de aluguéis em atraso: "Locação. 
Ação de Despejo. Cumulação da ação de despejo com 
cobrança de alugueres e encargos. Possibilidade. 
Existência de contrato escrito. Irrelevância, 
podendo o locador optar pela cumulação embora 
detenha título executivo. Agravo provido." (AI 
35984520128260000 SP 0003598-45.2012.8.26.0000 
Relator: Nestor Duarte - 06/02/2012). Apelação 
provida. 
(TJ-SP - APL: 00015596020128260005 SP 0001559-
60.2012.8.26.0005, Relator: Lino Machado, Data de 
Julgamento: 12/11/2014, 30ª Câmara de Direito 
Privado, Data de Publicação: 13/11/2014) 
 
 
Portanto, deve ser reformada a sentença, determinando-se a 
rescisão do contrato de locação, expedindo-se mandado de despejo. 
Além disso, o recorrido deve ser condenado a pagar o valor dos 
aluguéis em atraso, devidamente corrigidos monetariamente. 
 
IV - PEDIDOS 
Posto isso, os recorrentes pugnam pelo conhecimento desse 
recurso, pois é cabível e tempestivo, e no julgamento de seu 
mérito, pelo provimento para: 
4.1. Anulação da sentença por violação à ampla defesa, pois 
foi negado o direito à produção de prova oral, nos termos do art. 
5º, LV, da Constituição Federal de 1988, e do art. 355, do CPC/15. 
4.2. Reforma da sentença. Extinção do processo sem resolução 
do mérito por inépcia da inicial, pois é necessário o 
consentimento do companheiro em união estável, com base no art. 
458, I, do CPC/15, por violação aos arts. 73 e 320, ambos do 
CPC/2015. 
4.3. Reforma da sentença. Extinção do processo sem resolução 
do mérito por ilegitimidade passiva, pois não cabe apenas ao 
analfabeto alegar defeito no instrumento de prestação de serviços, 
com fulcro no art. 485, VI, do CPC/15, por violação ao art. 595 
da mesma lei. 
4.4. Reforma da sentença. Improcedência da ação de 
usucapião, em virtude da ausência de seus requisitos, com base no 
art. 5º, caput, da CF/88, e arts. 1.208 e 1.239, do CC. 
4.5. Reforma da sentença. Procedência da ação reconvencional 
de despejo com cobrança de aluguéis em atraso, com base nos art. 
9º, III, e 62, ambos da Lei nº 8.245/91. 
Requer-se a condenação da parte recorrida em custas e 
honorários advocatícios recursais, na forma do art. 85, § 11º, do 
CPC/15. 
 
Termos em que, 
pede deferimento. 
 
 
De Londrina para Curitiba, dia/mês/ano. 
 
Nome do Advogado e Número de Inscrição na OAB 
 
[Assinado digitalmente] 
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA 
COMARCA DE APUCARANA, DO ESTADO DO PARANÁ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARGARIDA [nome completo], [nacionalidade], solteira, 
trabalhadora rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], 
residente e domiciliada na [endereço completo], na cidade de 
Apucarana, no estado do Paraná, CEP [...], devidamente 
representada por seu advogado infra-assinado, conforme procuração 
anexa, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência expor a 
presente AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS COM PEDIDO DE TUTELA DE 
URGÊNCIA em face de FRANCISCO [nome completo], [nacionalidade], 
casado, empresáriorural, [número do CPF], [endereço eletrônico], 
[endereço completo], pelas motivos fáticos e fundamentos jurídicos 
a seguir expostos. 
 
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
Nos termos do art. 98 e seguintes do Novo Código de Processo 
Civil, a autora afirma, para os devidos fins e sob as penas da 
Lei, não possuir condições de arcar com o pagamento das custas e 
demais despesas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua 
família, pelo que requerer o benefício da gratuidade de justiça. 
 
 
I. DOS FATOS CONSTITUTIVOS 
 
Como se comprova com o laudo de ultrassonografia anexo, a 
autora esta gestante, sendo o réu o pai do atual feto e futura 
criança, como será demonstrado ao longo da presente explanação 
fática. 
A autora, na qualidade de trabalhadora rural, conheceu o 
réu quando foi trabalhar no plantio de milho na propriedade dele, 
passando a manter relações sexuais constantes, conforme comprovam 
as fotografias (das quais se extrai que ambos estiveram juntos 
como companheiros, naturalmente), mensagens de texto e declarações 
de testemunhas anexos. 
Para facilitar os encontros, o réu, que é um rico empresário 
rural, ofereceu à autora uma casa dentro de sua propriedade para 
que ela morasse sem custo, o que foi aceito por ela. 
Após alguns meses, a autora descobriu estar grávida, porém, 
o réu se recusou a reconhecer a paternidade da futura criança, 
pondo fim à relação e solicitando a imediata desocupação do 
imóvel. 
A autora se viu desesperada, pois não possui condições 
financeiras para custear todas as despesas da gestação, a qual, 
conforme atestado anexo, é de risco, estando impossibilitada de 
trabalhar. Ademais, a sua família toda se encontra distante, no 
estado de Santa Catarina, e não possui condições financeiras para 
lhe dar suporte. 
Não resta dúvidas de que o réu é o pai da futura criança, 
tendo em vista que a autora mantivera diversas relações sexuais 
apenas com ele na semana apontada no laudo de ultrassonografia 
como aquela correspondente ao início da gestação. Basta observar 
as mensagens de texto, as fotografias e as declarações anexadas à 
presente exordial. 
A autora necessita dos alimentos para arcar com despesas 
referentes ao plano de saúde, à alimentação, à moradia, aos 
remédios, ao enxoval do bebê e à cesariana recomendada pelo 
médico, até mesmo porque a gravidez de risco impossibilita o 
exercício de atividades laborais. No total, pugna a autora pelo 
recebimento dos alimentos gravídicos, no importe de R$ 3.350,00 
(três mil, trezentos e cinquenta reais) mensais. 
II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
O direito a alimentos está relacionado à proteção 
constitucional do direito à vida, à dignidade da pessoa humana e 
à solidariedade familiar. O art. 229, da Constituição Federal de 
1988, estabelece: Os pais têm o dever de assistir, criar e educar 
os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e 
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade BRASIL, 1988, 
[s.p.]). 
Como se sabe, os arts. 1.694 e 1.695, do CC/02, estabelecem 
três requisitos para a concessão de alimentos: vínculo de 
parentesco, necessidade do alimentando e possibilidade do 
alimentante. Todos encontram-se presentes no caso telado, senão 
vejamos. No que se refere ao vínculo de parentesco, a Lei dos 
Alimentos Gravídicos (Lei nº 11.804/08), em seu art. 6º, caput, 
estabelece que, para a concessão dos alimentos, basta a existência 
de indícios da paternidade: Convencido da existência de indícios 
da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão 
até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte 
autora e as possibilidades da parte ré(BRASIL, 2008, [s.p.]). 
Esse é também o entendimento majoritário na jurisprudência, 
Data vênia transcreve: 
Ementa. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS 
GRAVÍDICOS. POSSIBILIDADE, NO CASO. 
1. O requisito exigido para a concessão dos 
alimentos gravídicos, qual seja, "indícios de 
paternidade", nos termos do art. 6º da Lei 
nº 11.804/08, deve ser examinado, em sede de 
cognição sumária, sem muito rigorismo, tendo em 
vista a dificuldade na comprovação do alegado 
vínculo de parentesco já no momento do ajuizamento 
da ação, sob pena de não se atender à finalidade da 
lei, que é proporcionar ao nascituro seu sadio 
desenvolvimento. 
2. No caso, considerando a carteira de gestante, as 
fotografias e especialmente as declarações de que as 
partes mantiveram relacionamento amoroso no ano de 
2014, em período concomitante à concepção, há 
plausibilidade na indicação de paternidade realizada 
pela agravante, restando autorizado o deferimento 
dos alimentos gravídicos em 30% do salário mínimo. 
AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de 
Instrumento Nº 70065086043, Oitava Câmara Cível, 
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira 
Lins Pastl, Julgado em 20/08/2015) (grifamos). 
 
Não restam dúvidas de que o réu é o pai da futura criança, 
já que mantivera diversas relações sexuais com a autora na semana 
apontada no laudo de ultrassonografia como aquela em que se 
iniciou a gestação. A prova anexa aos autos é vasta nesse sentido, 
como já explicitado. 
A necessidade dos alimentos evidencia-se na medida em que 
a autora não possui condições financeiras para custear as despesas 
da gestação, que é de risco (atestado médico anexo), estando 
impossibilitada de trabalhar. Some-se a isso o fato de a família 
da autora residir em outro estado e não possuir condições 
financeiras de lhe dar suporte. 
Por fim, a possibilidade do réu em prestar os alimentos 
também se mostra evidente, por ele ser um rico empresário rural. 
Quanto ao valor dos alimentos, foram observados exatamente 
os ditames do art. 2º, da Lei nº 11.804/08 (Lei de Alimentos). 
Como já demonstrado, a autora é uma simples trabalhadora 
rural, que está impossibilitada de trabalhar em razão de passar, 
atualmente, por uma gravidez de risco. Para agravar a sua 
situação, o réu solicitou que ela desocupasse o imóvel em que 
habitava. 
Assim, a autora necessita que o valor dos alimentos seja 
suficiente ao custeio de um plano de saúde, já que a gravidez é 
de risco; além de ter de arcar com valores referentes à 
alimentação, à moradia, aos remédios, ao enxoval do bebê e à 
cesariana, o que somaria o valor mensal aproximado de R$ 3.350,00 
(três mil, trezentos e cinquenta reais). 
 
III. TUTELA DE URGÊNCIA 
 
Diante das específicas circunstâncias do caso concreto, 
denota-se que a probabilidade do direito da autora é evidente, 
tendo em vista todas as provas anexas, as quais, associadas à 
exposição dos fatos, permitem compreender que há extrema 
probabilidade de o requerido ser o responsável por arcar com os 
alimentos gravídicos. 
Ainda, o perigo de dano é claro, sobretudo, porque a 
requerente alugou imóvel em Apucarana/PR e, atualmente, encontra-
se em condições financeiras precárias. O risco à saúde da 
gestante, que passa por gravidez de risco, pode agravar-se e 
culminar em prejuízos graves tanto à mãe quanto ao bebê. 
Extrai-se a possibilidade de concessão da tutela de 
urgência, da simples leitura ao art. 300, § 1º, do Código de 
Processo Civil de 2015. Nesse sentido, desde já, pugna-se pela 
fixação dos alimentos gravídicos em sede de tutela de urgência. 
Atual posicionamento jurisprudencial brasileiro: 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS. TUTELA DE URGÊNCIA. 
10% DOS RENDIMENTOS BRUTOS, EXCLUÍDOS OS DESCONTOS 
OBRIGATÓRIOS (IR E INSS). DESPESAS GESTACIONAIS. 
ENXOVAL INCLUSO. MAJORAÇÃO. NECESSIDADE DE INCURSÃO 
PROBATÓRIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Agravo de 
instrumento contra decisão, proferida na ação de 
alimentos gravídicos, que deferiu o pedido de tutela 
de urgência, para que o réu pague alimentos 
provisórios no valor de 10% dos rendimentos brutos, 
excluídos os descontos obrigatórios (IR e INSS), bem 
como indeferiu a pretensão de cumular o pedido dealimentos com indenização de despesas com enxoval e 
parto. O magistrado fundamentou que os alimentos 
foram concebidos justamente para auxiliar no 
pagamento das despesas gestacionais. 2. Nos termos 
do artigo 2º da Lei 11.804/2008, os alimentos 
gravídicos compreendem ?os valores suficientes para 
cobrir as despesas adicionais do período de gravidez 
e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, 
inclusive as referentes a alimentação especial, 
assistência médica e psicológica, exames 
complementares, internações, parto, medicamentos e 
demais prescrições preventivas e terapêuticas 
indispensáveis, a juízo do médico, além de outras 
que o juiz considere pertinentes?. 2.1. As despesas 
com enxoval fazem parte do custeio adicional do 
período de gravidez, já compondo o valor dos 
alimentos gravídicos. 3. Segundo o parágrafo único 
do artigo 2º da Lei 11.804/2008, os alimentos 
gravídicos devem ser fixados na proporção da 
necessidade e da possibilidade de ambos os pais. Ao 
mesmo tempo em que visam suprir as necessidades do 
alimentando, encontram limite nas possibilidades do 
alimentante. 3.1. Não há motivos para modificar, por 
ora, o conteúdo da decisão agravada para majorar os 
alimentos fixados, pois inexiste prova inequívoca da 
possibilidade de pagamento dos alimentos pelo 
agravado, o que importa em necessária incursão 
probatória incompatível com o rito do agravo de 
instrumento. 4. Jurisprudência:[...] Além da análise 
da necessidade de quem os pleiteia, a fixação dos 
alimentos provisórios demanda o exame da 
possibilidade de quem os fornece, o que demanda 
instrução probatória. Se, da análise dos documentos 
constantes dos autos, verifica-se que estão 
presentes as necessidades próprias de uma mulher 
cuja gravidez se aproxima do término, em relação à 
alimentação e cuidados próprios da gestação ou da 
aquisição de enxoval básico para receber o 
nascituro, há de se manter os alimentos gravídicos 
provisórios na proporção em que foram fixados. 2. 
Recurso não provido.? (4ª Turma Cível, 
07108804820178070000, rel. Des. Arnoldo Camanho, DJe 
18/10/2018). 5. Agravo improvido. 
(TJ-DF 07243966720198070000 - Segredo de Justiça 
0724396-67.2019.8.07.0000, Relator: JOÃO EGMONT, 
Data de Julgamento: 04/03/2020, 2ª Turma Cível, Data 
de Publicação: Publicado no DJE: 16/03/2020. Pág.: 
Sem Página Cadastrada.) 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação de Alimentos Gravídicos. 
Decisão que indeferiu a tutela de urgência referente 
a fixação de alimentos gravídicos provisórios. 
Paternidade supostamente atribuída ao agravado. 
Partes que mantiveram relações sexuais no período em 
que se deu a concepção. Indícios de paternidade. 
Exegese do art. 6º, da Lei 11.804/08. Presença dos 
requisitos legais para a concessão da tutela de 
urgência. Fixação dos alimentos gravídicos 
provisórios em 10% dos rendimentos líquidos do 
agravado, em caso de vínculo empregatício ou de 15% 
do salário mínimo, em caso de desemprego ou atividade 
autônoma/informal. Decisão reformada. RECURSO 
PARCIALMENTE PROVIDO. 
(TJ-SP - AI: 21997898220198260000 SP 2199789-
82.2019.8.26.0000, Relator: Jair de Souza, Data de 
Julgamento: 09/03/2020, 5ª Câmara de Direito 
Privado, Data de Publicação: 09/03/2020) 
 
 
IV. DOS PEDIDOS 
 
Posto isso, a parte autora pugna pela integral procedência 
da presente ação e, em especial, requer o atendimento dos 
seguintes pedidos: 
 
a) Tutela de urgência: A concessão da tutela de urgência, nos 
moldes do art. 300, caput, do CPC/15, para que a parte requerida 
seja obrigada a prestar alimentos à requerente, no valor mensal 
de R$ 3.350,00 (três mil, trezentos e cinquenta reais), eis que 
evidenciada a probabilidade do direito e o perigo de dano, já que 
a autora não pode aguardar até o final do processo para que tenha 
deferido seu direito a alimentos, tendo em vista suas necessidades 
diárias e as do nascituro. Descumprida a ordem, requer-se a 
fixação de multa diária. 
b) Gratuidade de Justiça: Seja deferido o pedido de gratuidade 
de justiça, tendo em vista que a autora é parte hipossuficiente e 
não pode arcar com as custas, as despesas processuais e os 
honorários advocatícios, nos termos do art. 98, do CPC/15. 
c) Citação. A citação do réu pelo correio, nos moldes dos arts. 
246 e 248, ambos do CPC/15, para que o requerido apresente resposta 
em 5 (cinco) dias, conforme determina o art. 7º, da Lei nº 
11.804/08. 
d) Produção de Provas: Requer-se a produção de todos os meios 
de prova admitidos em Direito e, em especial, a produção de prova 
testemunhal, conforme o art. 442, do CPC/15. 
e) Confirmação da Tutela de Urgência e Condenação: Pretende-se 
a confirmação da tutela de urgência, e de todo modo pugna-se pela 
procedência integral da presente ação, especialmente, para o fim 
de que seja condenada a parte requerida em obrigação de prestar 
alimentos à autora no valor mensal de R$ 3.500,00 (três mil e 
quinhentos reais). 
f) Intervenção do Ministério Público: Requer-se a intervenção 
do Ministério Público, por se tratar de processo que envolve 
interesse de incapaz, nos termos do art. 178, II, do CPC/15. 
g) Sucumbência: Requer-se a condenação da parte requerida ao 
pagamento dos honorários advocatícios, das custas e das despesas 
processuais, nos termos dos arts. 82, § 2º, e 85, do CPC/15. 
 
 
Atribui-se à causa o valor de R$ 40.200,00 (quarenta mil e 
duzentos reais), com base no art. 
292, III, do CPC/15. 
 
 
Termos em que, 
pede deferimento. 
 
Londrina, data. 
 
Nome do advogado e número de inscrição na OAB 
[Assinado digitalmente] 
EXCELENTISSÍMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ 
VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRISTIANO [nome completo], menor absolutamente 
incapaz, devidamente representado por sua genitora 
MARGARIDA [nome completo], [nacionalidade] solteira, 
trabalhadora rural, [número do CPF], [endereço 
eletrônico], residente e domiciliada na [endereço],na 
cidade de Londrina/PR, CEP, devidamente representada 
por seu advogado infra-assinado(instrumento de 
mandato anexo), vem respeitosamente à presença de 
Vossa Excelência requerer o CUMPRIMENTO DE SENTENÇA em 
face de FRANCISCO [nome completo], casado, empresário 
rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], [endereço 
completo], pelas motivos fáticos e fundamentos jurídicos 
a seguir expostos. 
 
BREVE SÍNTESE DOS FATOS 
O exequente é filho inconteste de Francisco [nome 
completo], ora executado, conforme certidão de nascimento 
anexa a esta petição. 
Restou esclarecido na ação em sede de cognição 
conforme se dessume da sentença que o executado foi 
condenado a prestar alimentos no valor de R$ 3.000,00 (Três 
mil reais) mensais, tendo a referida decisão transitado em 
julgado, conforme certidão dos autos às fls. _____, na 
data de [data]. 
Não obstante ao fato do executado ter efetuado alguns 
pagamentos desde a prolação da sentença que concedeu a 
tutela de urgência, entretanto, após o nascimento do 
exequente/alimentado, houve a total paralização dos 
depósitos correspondentes aos alimentos, o que fez o 
executado sob o pretexto de entender-se obrigado à 
correspondente obrigação somente quando da gestação. 
Destarte, encontram-se em aberto dívida 
correspondente aos últimos dois messes de alimentos, 
conforme cálculos anexos, já devidamente corrigidos pela 
tabela prática do Tribunal em juros e correção monetária. 
 
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
Sabe-se que o direito à percepção dos alimentos está 
relacionado à proteção constitucional do direito à vida, 
à dignidade da pessoa humana, bem como à solidariedade 
familiar. Não é por outro motivo que o artigo 229 da 
CFRFB/88, estabelece que: “Os pais têm o dever de assistir, 
criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm 
o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência 
ou enfermidade”.(BRASIL,1988[s.p.])Ademais, dessume-se do art. 5º, LXVII, da CRFB/88 
que: “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do 
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável 
de obrigação alimentícia”. 
Conforme estabelece a lei nº 11.804/2008, em seu 
art. 6º, parágrafo único, revela-se juridicamente óbvio a 
conversão automática dos alimentos gravídicos em pensão 
alimentícia ao filho nascido. Matéria essa já lecionada 
em jurisprudência: 
RECURSO ESPECIAL. CONSTITUCIONAL. CIVIL. 
PROCESSUAL CIVIL. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. GARANTIA À 
GESTANTE. PROTEÇÃO DO NASCITURO. NASCIMENTO COM 
VIDA. EXTINÇÃO DO FEITO. NÃO OCORRÊNCIA. CONVERSÃO 
AUTOMÁTICA DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS EM PENSÃO 
ALIMENTÍCIA EM FAVOR DO RECÉM-NASCIDO. MUDANÇA DE 
TITULARIDADE. EXECUÇÃO PROMOVIDA PELO MENOR, 
REPRESENTADO POR SUA GENITORA, DOS ALIMENTOS 
INADIMPLIDOS APÓS O SEU NASCIMENTO. POSSIBILIDADE. 
RECURSO IMPROVIDO. 
1. Os alimentos gravídicos, previstos na Lei n. 
11.804/2008, visam a auxiliar a mulher gestante nas 
despesas decorrentes da gravidez, da concepção ao 
parto, sendo, pois, a gestante a beneficiária 
direta dos alimentos gravídicos, ficando, por via 
de consequência, resguardados os direitos do 
próprio nascituro. 
2. Com o nascimento com vida da criança, os 
alimentos gravídicos concedidos à gestante serão 
convertidos automaticamente em pensão alimentícia 
em favor do recém-nascido, com mudança, assim, da 
titularidade dos alimentos, sem que, para tanto, 
seja necessário pronunciamento judicial ou pedido 
expresso da parte, nos termos do parágrafo único 
do art. 6º da Lei n. 11.804/2008. 
3. Em regra, a ação de alimentos gravídicos não se 
extingue ou perde seu objeto com o nascimento da 
criança, pois os referidos alimentos ficam 
convertidos em pensão alimentícia até eventual ação 
revisional em que se solicite a exoneração, redução 
ou majoração do valor dos alimentos ou até mesmo 
eventual resultado em ação de investigação ou 
negatória de paternidade. 
4. Recurso especial improvido. 
(REsp 1629423/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO 
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/06/2017, 
DJe 22/06/2017) 
 
Destarte, conforme previsão disposta pelo art. 528, 
§ 3º e § 7º, do Código de Processo Civil, o presente 
cumprimento de sentença deverá ser processado pelo rito de 
prisão, já que a dívida se encontra compreendida em até 3 
(três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução, 
bem como àquelas que vencerem no curso do presente 
processo. 
Não é demais destacar que a cessão dos alimentos 
estabelecidos pela ação principal ocasionou ao exequente, 
filho recém-nascido do executado, inúmeros percalços que 
culminaram em seu total desemparo, já que sua genitora se 
encontra impossibilitada de trabalhar por estar se 
recuperando do recente parto. Prova deste desamparo segue 
em documento anexo cujo teor revela a notificação 
extrajudicial de despejo recebida pela genitora do 
exequente. 
Diante da total falta de alternativa para o exequente 
subsistir é que se justifica o presente pedido de 
cumprimento da sentença. 
 
 DOS PEDIDOS 
 
Ex positis, requer o atendimento dos seguintes 
pedidos: 
 
a) Intimação pessoal do executado, via oficial de 
justiça, para que, no prazo e três Dias, efetue o 
pagamento das parcelas vencidas e vincendas, 
devidamente corrigidas à data de seu pagamento, 
provando seu pagamento ou para que apresente 
justificativa de sua impossibilidade, sob pena de 
protesto do pronunciamento judicial e prisão 
civil, em que harmonia com o que dispões o art. 
528, caput e § 1º e § 3º do Código de Processo 
Civil 
b) Nos termos do disposto no art. 698, do Código de 
Processo Civil que se determine a intervenção do 
Ministério Público, haja vista tratar-se de 
interesse de menor impúbere. 
c) A condenação do executado ao pagamento dos 
honorários advocatícios e das custas e das 
despesas processuais, nos termos dos art. 82, § 
2º, e 85, ambos do Código de Processo Civil. 
 
Atribui-se à causa o valor atualizado dívida, 
conforme constante nos cálculos anexos ao presente 
cumprimento de sentença o que atualmente perfaz a quantia 
de R$ (valor) reais, tudo com fulcro no art. 292, I, do 
Código de Processo Civil. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Londrina, dia, mês e ano. 
 
Nome do advogado 
Número de inscrição na OAB 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA 
DE LONDRINA, DO ESTADO DO PARANÁ 
 
 
 
 
 
Distribuição por dependência ao Processo nº 
 
ROSA [nome completo], casada, trabalhadora rural, [número do CPF], [endereço 
eletrônico], [endereço completo],na cidade de Londrina/PR, CEP, devidamente 
representada por seu advogado infra-assinado(instrumento de mandato anexo), vem 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência opor os presentes EMBARGOS DE 
TERCEIRO em face de CRISTIANO [nome completo], menor absolutamente 
incapaz, devidamente representado por sua genitora MARGARIDA [nome completo], 
solteira, trabalhadora rural, [número do CPF], [endereço eletrônico], residente e 
domiciliada na [endereço], na cidade de Londrina/PR, CEP, pelos motivos fáticos e 
fundamentos jurídicos a seguir expostos. 
PRELIMINARMENTE 
DA TEMPESTIVIDADE 
Considerando-se a realização da constrição durante a fase de execução, o prazo 
para apresentação dos Embargos de Terceiro corresponde a cinco dias, contados a partir 
da arrematação, podendo ser apresentados, desde que anteriormente à assinatura 
da carta de arrematação, com fulcro no art.675, do Código de Processo Civil de 
2015.Desta feita, afigura-se tempestiva a apresentação da presente peça processual, 
sendo possível seu regular processamento. 
 
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
 
A embargante e seu marido encontram-se em profunda dificuldade financeira. 
Isso porque são trabalhadores rurais, sendo a atividade rural exercida em sua 
propriedade o único rendimento da família 
Referida crise financeira agravou-se com a perda de toda a plantação pelo fogo, 
causado, possivelmente, por grileiros que invadiram a mata nativa vizinha de sua 
propriedade, conforme comprovam o boletim de ocorrência e os jornais da região 
anexados à presente petição. 
Destarte, não resta alternativa à embargante senão requer a justiça gratuita para 
viabilizar a defesa de seus direitos em juízo, conforme delibera o art. 98, caput, do 
Código de Processo Civil. 
 
DOS FATOS 
A embargante é casada com Francisco em regime de comunhão parcial 
de bens há, aproximadamente, trinta anos, conforme certidão de casamento anexa. 
Francisco é pai de Cristiano, tendo sido condenado a pagar alimentos ao embargado nos 
autos nº [...]. 
Contudo, em razão da falta de pagamento de algumas parcelas, este Juízo 
ordenou a avaliação e penhora do bem. Subsequentemente, realizou-se o leilão e o bem 
foi arrematado, restando pendente apenas a assinatura da carta de arrematação do 
imóvel, ressalta-se aqui que em ambos os procedimentos a peticionante e autora não 
foi intimada. 
Porém, referida restrição ao imóvel não poderia ter ocorrido, isso porque é de 
propriedade exclusiva da embargante, que o adquiriu por herança há, 
aproximadamente, nove anos conforme dessume-se de documento anexo. 
Diante da constrição indevida de seu imóvel e não sendo a embargante parte 
naquele processo, não lhe resta alternativa a não ser a oposição dos presentes 
Embargos. 
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
Nos termos do que dispõe o art. 674, do Código de Processo Civil, os Embargos 
de Terceiro consistem no instrumento processual de que dispõe alguém que não faz 
parte de determinada relação processual e pretende se defender para eivar sofrer 
os efeitos de constrição judicial ou ameaça de constrição judicial de um bem de sua 
posse ou propriedade. 
No caso em testilha, inequívoco revela-se o cabimento dos presentes Embargos,já que a embargante não é parte no processo de Ação de Alimentos, no qual o imóvel 
de sua exclusiva propriedade restou leiloado e arrematado em leilão. 
Enquadrando-se no que dispõe o art. 674, §2º, I, do Código de Processo Civil, a 
embargante é parte legítima para opor tais embargos, por se tratar de cônjuge na defesa 
da posse de bem próprio. Ressalte-se, ademais, não se aplicar à espécie o disposto no 
art. 843, do Código de Processo Civil, já que o imóvel não faz parte dos bens comuns do 
casal. 
APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA DE BEM 
INDIVISÍVEL EM EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. 
OPOSIÇÃO PELO CÔNJUGE NÃO DEVEDOR. SENTENÇA QUE 
JULGOU PROCEDENTE O PEDIDO. INSURGÊNCIA DA PARTE 
EMBARGADA. 1. RECONHECIMENTO EX OFFICIO DE NULIDADE 
PARCIAL DA SENTENÇA POR VÍCIO ULTRA PETITA. JUÍZO DE 
PRIMEIRO GRAU QUE AFASTOU A POSSIBILIDADE DE ADJUDICAR 
INTEGRALMENTE O IMÓVEL PENHORADO. AUSÊNCIA DE PEDIDO 
NESSE SENTIDO. DECOTAMENTO DE PARTE DA SENTENÇA. 2. 
LEGITIMIDADE ATIVA DO CÔNJUGE NÃO DEVEDOR PARA OPOR 
EMBARGOS DE TERCEIRO. PRESERVAÇÃO DA MEAÇÃO. ART. 674, 
§ 2º, I do CPC/15. 3. CARÊNCIA DA AÇÃO. ACOLHIMENTO. 
EMBARGOS DE TERCEIRO OPOSTOS COM A FINALIDADE ÚNICA 
DE RESGUARDAR AS GARANTIAS PREVISTAS NO ART. 843 DO CPC. 
PENHORA DO IMÓVEL QUE OCORREU COM A DEVIDA RESSALVA 
DA MEAÇÃO DO CÔNJUGE EMBARGANTE. PRERROGATIVAS DO 
COPROPRIETÁRIO QUANTO AO DIREITO DE PREFERÊNCIA EM 
EVENTUAL ARREMATAÇÃO OU A GARANTIA DE RECEBIMENTO 
DE SUA QUOTA-PARTE QUE DEVEM SER OBSERVADAS NO 
MOMENTO DA ARREMATAÇÃO DO IMÓVEL. PEDIDO DE 
ADJUDIÇÃO DO BEM PENHORADO NA EXECUÇÃO QUE ATÉ O 
MOMENTO NÃO FOI ANALISADO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE 
AGIR. SENTENÇA REFORMADA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM 
RESOLUÇÃO DO MÉRITO (ART. 485, IV, DO NCPC). INVERSÃO DO 
ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. Recurso conhecido e provido. (TJPR - 14ª C. 
Cível - 0002075-86.2016.8.16.0080 - Engenheiro Beltrão - Rel.: 
Desembargadora Themis de Almeida Furquim - J. 20.04.2020) 
(TJ-PR - APL: 00020758620168160080 PR 0002075-86.2016.8.16.0080 
(Acórdão), Relator: Desembargadora Themis de Almeida Furquim, Data de 
Julgamento: 20/04/2020, 14ª Câmara Cível, Data de Publicação: 20/04/2020) 
 
Tendo em vista que a embargante e Francisco se casaram há, aproximadamente, 
30 (trinta) anos pelo regime da comunhão parcial de bens, regulamentado pelos arts. 
1.658 e 1.659, do Código Civil de 2002, resta evidenciado que o imóvel penhorado, por 
ter sido incorporado ao patrimônio da embargante por sucessão, está excluído da 
comunhão, razão pela qual a sua constrição por dívida de Francisco (seu cônjuge) 
mostra-se indevida. 
Direito positivado e já reconhecido até mesmo em jurisprudência majoritária dos 
tribunais: 
APELAÇÃO CÍVEL. CIVIL. DIVÓRCIO. PARTILHA. REGIME DE 
COMUNHÃO PARCIAL. BENS EXCLUÍDOS DA COMUNHÃO. ART. 
1659, INC. I, DO CÓDIGO CIVIL. SUB-ROGAÇÃO E DOAÇÃO. ART. 
1660, INC. III, DO CÓDIGO CIVIL. RECURSO PROVIDO. 1. Na presente 
hipótese o autor, ora apelante, pretende obter a exclusão, da partilha de bens, 
de imóvel adquirido na constância da sociedade conjugal com recursos 
advindos exclusivamente da partilha de bens arrolados no inventário dos bens 
decorrente da morte de seu pai, bem como da doação efetuada por sua genitora. 
2. A ré, em sua contestação, confessou a veracidade dos fatos narrados pelo 
autor. No entanto, sustenta que a doação foi procedida em favor do casal. 3. O 
regime da comunhão parcial de bens determina a comunicabilidade de certos 
bens do casal adquiridos na constância do matrimônio, nos termos do art. 1.658 
do Código Civil. Excetuam-se, com efeito, aqueles havidos por doação ou 
sucessão, bem assim os subrogados em seu lugar, de acordo com o art. 1.659, 
inc. I, do Código Civil. 4. O art. 374, inc. II, do Código de Processo Civil, 
determina que não dependem de prova os fatos afirmados por uma parte e 
confessados pela parte adversa. 5. A sistemática da distribuição do ônus da 
prova, prevista na regra geral estabelecida pelo art. 373 do CPC, dispõe ser 
ônus do demandante provar o fato constitutivo de sua pretensão. Em 
contrapartida, é atribuição imposta ao réu provar o fato impeditivo, 
modificativo ou extintivo da pretensão do autor. 6. O art. 1660, inc. III, do 
Código Civil, determina que, no regime de comunhão parcial comunicam-se 
os bens adquiridos por doação, desde efetuada em favor de ambos os cônjuges. 
Assim, a regra geral é a incomunicabilidade dos bens doados, sendo 
excepcional que haja comunicação, desde que haja expressa manifestação de 
vontade do doador neste sentido. 7. Recurso conhecido e provido. 
 
(TJ-DF 00060471020178070006 - Segredo de Justiça 0006047-
10.2017.8.07.0006, Relator: ALVARO CIARLINI, Data de Julgamento: 
25/03/2020, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE: 
04/05/2020. Pág.: Sem Página Cadastrada.) 
 
Frise-se, ainda, que a dívida contraída pelo cônjuge devedor não beneficiou 
o casal, tratando-se de dívida alimentar, que é personalíssima, sendo certo que 
a embargante não possui responsabilidade patrimonial secundária pelas dívidas 
contraídas pelo cônjuge devedor nesse caso, não se aplicando o art. 790, IV, do CPC/15. 
De tal modo, devidamente comprovado o domínio sobre o bem litigioso, há de 
ser suspensa a medida constritiva, na forma do art. 678, do Código de Processo Civil. 
Por fim, não há que se falar em caução, prevista no parágrafo único do art. 678 
do codex processual civil pátrio, já que resta comprovada a impossibilidade de sua 
prestação, por ser a embargante economicamente hipossuficiente. 
 
DOS PEDIDOS 
Por todo o exposto, a parte embargante requer a integral procedência dos 
presentes Embargos e, em especial, o atendimento dos seguintes pedidos: 
a) Seja concedida a liminar para suspender a medida constritiva no imóvel da 
embargante, decretada nos autos nº, deste Juízo, eis que suficientemente 
provado o domínio exclusivo da autora, nos termos do art. 678, caput, do 
Código de Processo Civil, dispensando-a de prestar caução; 
 
b) A gratuidade de justiça, tendo em vista que a embargante é parte 
hipossuficiente no processo, nos termos do art.98, do Código de Processo 
Civil; 
c) A citação do embargado, na pessoa de seu advogado, nos termos do que 
dispõe o art. 677, §3º, do Código de Processo Civil, para que, em querendo, 
apresente Contestação, sob pena de revelia, conforme previsto no art. 344, 
do mesmo instrumento normativo; 
d) O cancelamento da constrição e a procedência integral dos presentes 
embargos, especialmente, para que o ato de constrição ilegal seja cancelado, 
conforme delibera o disposto no art. 681, do Código de Processo Civil; 
e) Pugna pela condenação da parte embargada ao pagamento dos honorários 
advocatícios, das custas e despesas processuais, conforme dispõe os arts. 
82, §2º, e 85, ambos do Código de Processo Civil. 
 
Atribui-se à causa o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), com base no 
art.292, II, do CPC/15. 
 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
 
Local, dia/mês/ano. 
 
Nome do advogado 
Número de inscrição na OAB 
Assinatura

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