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CARACTERIZAÇÃO QUANTITATIVA DE ESGOTOS E CARGAS POLUIDORAS Profa. Margarita Maria Dueñas O. CONTEÚDO Introdução e conceitos Vazão de esgoto Vazão doméstica Consumo de água Consumo per cápita de água Faixas típicas de consumo de água Vazão média de esgotos Variações de vazão (coeficientes) Vazão de infiltração Vazão industrial Cargas poluidoras CONCEITOS ESGOTO SANITÁRIO - De acordo com a ABNT – NBR 7229/93, esgoto sanitário vem a ser água residuária composta de esgoto doméstico, despejo industrial admissível ao tratamento conjunto com o esgoto doméstico e a água de infiltração. CONCEITOS ESGOTO SANITÁRIO Água residuária formada pelas seguintes contribuições: ESGOTO SANITÁRIO ESGOTO DOMÉSTICO ESGOTO INDUSTRIAL ÁGUAS DE INFITRAÇÃO CONCEITOS ESGOTO SANITÁRIO ESGOTO DOMÉSTICO: Despejos líquidos das habitações, estabelecimentos comerciais, instituições e edifícios públicos. É formado por águas servidas provenientes de banheiros, cozinhas e outras instalações hidro-sanitárias (fezes, urina, sabão, outras). Representa o maior volume do esgoto sanitário !!! CONCEITOS ESGOTO SANITÁRIO ESGOTO INDUSTRIAL: Esgotos/efluentes de processos produtivos e de águas de lavagem de indústrias. Grande vazão e carga poluidora !!! CONCEITOS ESGOTO SANITÁRIO ÁGUAS DE INFILTRAÇÃO: Parcelas das águas do subsolo que penetram nas canalizações de esgotos através das juntas, PV e defeitos nas estruturas do sistema. VARIANTES DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO Sistema individual Esgotamento Sistema coletivo Sistema separador Sistema unitário Sistema condominial Sistema convencional Fonte: BARROS, Raphael T. de V. et al. , 1995 SISTEMA UNITÁRIO OU COMBINADO SISTEMA SEPARADOR ABSOLUTO VAZÃO DO ESGOTO A vazão ou descarga de esgoto expressa a relação entre a quantidade do esgoto transportado em um período de tempo. VAZÃO DOMÉSTICA VAZÃO DOMÉSTICA DOMICÍLIOS ATIVIDADES COMERCIAIS ATIVIDADES INSTITUCIONAIS Calculada VAZÃO DE ÁGUA CONSUMO DE ÁGUA 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Consumo agrícola Consumo industrial Abastecimento doméstico C o n s u m o d e á g u a ( % ) Mundo Brasil CONSUMO DE ÁGUA VON SPERLING (1995). CONSUMO DE ÁGUA QPC = quota per capita (L/hab.dia) V= média diária do volume anual consumido por uma dada população (m3) Pop = população abastecida (hab) CONSUMO PER CAPITA DE ÁGUA É o consumo médio diário de água de um indivíduo VON SPERLING (2005). Locais com escassez de água os valores podem ser menores FAIXAS TÍPICAS DE CONSUMO DE ÁGUA FAIXAS TÍPICAS DE CONSUMO DE ÁGUA CIDADES POPULAÇÃO (Hab.) QPC (L/Hab.dia) MENORES Até 5.000 100-150 PEQUENAS 5.000-25.000 150-200 MÉDIAS 25.000-100.000 200-250 MAIORES > 100.000 250-300 Demandas médias de água para cidades brasileiras CONSUMO PER CAPITA DE ÁGUA Parâmetro extremamente variável entre diferentes localidades, depende de diversos fatores: Hábitos higiênicos e culturais da comunidade; A quantidade de micro-medições nos sistemas de abastecimento; As instalações e equipamentos hidráulico-sanitários dos imóveis; Os controles exercidos sobre o consumo; O valor da tarifa; A abundância ou escassez de mananciais; A intermitência ou regularidade de abastecimento; A temperatura média da região A renda familiar A disponibilidade de equipamentos domésticos que utilizam água em quantidade apreciável.... Uma maneira de conseguir o valor mais real possível do consumo per capita (q) é através da verificação real, ou seja, uma pesquisa nas edificações similares: 1.Escolhe-se residências ou indústrias com mesmas características da estudada; 2. Verifica a micromedição (através dos hidrômetros) em 12 meses; 3. Verifica a população do bairro ou unidade de produção da indústria estudada; 4. q = Volume micromedido / (365 dias x população) ou 5. q = volume micromedido / produção; 6. Verifica se população tem mesma característica no caso de residências, e se sistemas produtivos são similares no caso de indústria. obs.: Caso seja inviável o estudo acima deve-se considerar o valor médio das tabelas anteriores. CONSUMO PER CAPITA DE ÁGUA Pop = população abastecida (hab) QPC = quota per capita (L/hab.dia) R = coeficiente de retorno de esgotos (valor de 0,8 recomendado pela ABNT NBR 9649, na ausência de medições em campo) VAZÃO MÉDIA DE ESGOTOS depende de fatores como localização e tipo de residência, condições de arruamento, tipo de clima ... situa-se entre 0,5 e 0,9 norma brasileira: 0,8 na falta de valores medidos em campo COEFICIENTE DE RETORNO (R) Relação entre o volume de esgotos recebido na rede coletora e o volume de água efetivamente fornecido à população CONTRIBUIÇÃO PER CAPITA DE ESGOTO É o consumo efetivo de água per capita multiplicado pelo coeficiente de retorno VARIAÇÕES DE VAZÃO O consumo de água e a geração de esgotos em uma localidade variam: Ao longo do dia (variações horárias); Ao longo da semana (variações diárias) e ao Longo do ano (variações sazonais). Hidrograma típico da vazão afluente a uma estação de tratamento de esgoto Qmáx Qméd Qmín Horas do dia VARIAÇÕES DE VAZÃO Hidrogramas de esgotos Típico (cidades pequenas à médias) Cardoso SP (5.000 Hab.) Médias à grandes cidades Tatuí SP (20.000 Hab) Região metropolitana de SP VARIAÇÕES DE VAZÃO Observar que quanto menor a localidade maior a variação São necessários os coeficientes: - K1 coeficiente de máxima vazão diária relação entre a maior vazão diária verificada no ano e a vazão média anual (norma: 1,2) - K2 coeficiente de máxima vazão horária relação entre a maior vazão observada em um dia e a vazão média horária no mesmo dia (norma: 1,5) - K3 coeficiente de mínima vazão horária relação entre a vazão mínima e a vazão média anual (norma: 0,5) COEFICIENTES DE VARIAÇÃO DE VAZÃO CURVAS DE VARIAÇÃO DE CONSUMO K1= Qmáx Qméd K2= Qmáx Qméd Vazão máxima Horas do dia 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 V az ã o ( /s ) Vazão média Consumo máximo C on su m o ( /h ab .d ia ) Meses do ano J F M A M J J A S O N D C on su m o ( /h ab .d ia ) Consumo médio Variação do consumo do ano Variação do consumo diária Vazão mínimas e máximas de esgotos VAZÃO DE EFLUENTES Coeficientes de Variação K1=1,2 (dia de maior consumo) K2=1,5 (hora de maior consumo) K3=0,5 (hora de menor consumo) Vazão máxima Vazão mínima VARIAÇÃO DA VAZÃO Independente dos aspectos inerentes ao consumo de água, a vazão afluente a uma ETE é afetada pelos fatores: Tipo de esgoto coletado (doméstico ou misto); Sistema de coleta (unitário ou separador); Condições climáticas (temperaturas e condições do ano); Regime de escoamento (por gravidade ou sob pressão); Tipo e material das canalizações; Qualidade de execução das obras; Quantidade de poços de visitas; Concepção e quantidade de elevatórias; Concepção e quantidade de extravasores; e Qualidade dos serviços de conservação, manutenção e reparos da rede coletora. Considerar também a profundidade do lençol freático, principalmente nas redes assentadas em grandes profundidades. VARIAÇÃO DA VAZÃO 33 Vazões contribuintes de esgotos Contribuição diária de despejos e de carga orgânica por tipo de prédio e de ocupantes ABNT NBR 13969/1997 A quantidade de água infiltrada, depende de diversos fatores, como: Extensão de rede coletora; Área servida; Tipo de solo; Profundidade do lençolfreático; Topografia e densidade populacional. VAZÃO DE INFILTRAÇÃO A taxa de infiltração é normalmente expressa em termos de vazão por extensão de rede coletora ou área servida : VAZÃO DE INFILTRAÇÃO Qinf = TI x Extensão de rede (Km) NBR 9649 → Taxa de infiltração: TI = 0,05 a 1,0 l/s x km Vazão de infiltração não considera ligações clandestinas VAZÃO DE INFILTRAÇÃO CRESPO (1997) NBR 9649: 0,05 a 1 L/s.km (4 a 86 m3/d.km). Metcalf & Eddy: 0,01 a 1 m3/d.km por mm de diâmetro. A vazão dos despejos industriais depende de diversos fatores, como: Tipo e porte de indústria; Processo; Grau de reciclagem; Existência de pre-tratamento. VAZÃO INDUSTRIAL VAZÃO INDUSTRIAL CONSUMO DE ÁGUA Volume consumido total (dia – mês) Volume consumido nas dif. etapas Recirculações internas Origem da água Eventuais sist. de tto. água internos PRODUÇÃO DE DESPEJOS Vazão total Nro. de pontos de lançamento (etapa associada) Regime de lançamento (contínuo – intermitente, duração e freqüência) Ponto (s) de lançamento Eventual mistura dos e.i com esg. doméstico e água pluvial 39 Vazões industriais Faixas de consumo de água para algumas tipologias industriais VON SPERLING (2005) Sem informações: Admite-se que vazão de esgotos igual ao consumo de água Consultar referências bibliográficas relativas a processo industrial. VAZÃO INDUSTRIAL Padrão de lançamento de ef. industriais, ao longo do dia, não segue hidrograma de da vazão doméstica É a soma das frações contribuintes: 41 VAZÃO TOTAL MÉDIA DOS ESGOTOS SANITÁRIOS 1. Vazões de esgoto sanitário. a. Determine o consumo médio per capita de água, sabendo-se que a população atual de uma cidade é de 20.000 hab, e o volume de água distribuído é de 3300 m3/dia. b. Calcule as vazões de esgotos mínima, média e máxima para a situação atual, considerando que o índice de coleta de esgoto seja 100%. Exercícios CARGAS POLUIDORAS POLUIÇÃO DAS ÁGUAS Adição de substâncias ou formas de energia que, direta ou indiretamente, alterem a natureza do corpo d’água de uma maneira tal que prejudique os legítimos usos que dele são feitos. 44 CARGAS POLUIDORAS Para avaliação do impacto da poluição e da eficácia das medidas de controle. Quantificação das cargas poluidoras afluentes ao corpo d’água. A quantificação dos poluentes deve ser apresentada em forma de “carga” CARGAS POLUIDORAS A carga per capita Unidade: g/hab.d. ou kg/hab.d Representa a contribuição de cada indivíduo por unidade de tempo. A carga per capita 54g DBO/hab.d. ou 0,054kg DBO/hab.d Carga Quantidade de poluentes (massa) por unidade de tempo (kg/dia) Relação entre quantidade (vazão) e qualidade (concentração) Carga per capita Contribuição de cada individuo por unidade de tempo (g/hab.dia) Principais cargas poluidoras para os corpos receptores Esgotos domésticos Efluentes industriais 46 CARGAS POLUIDORAS Determinação da carga poluidora (ABNT NBR 13402) 1. Definição do ponto de coleta 2. Planejamento da amostragem: ciclo completo do processo (continuo; batelada; intermitente) 3. Coleta e preservação das amostras 4. Definição dos métodos analíticos (análises dos parâmetros) 5. Determinação da carga 6. Tratamento estatístico dos resultados 47 CARGAS POLUIDORAS Relação entre carga e concentração 48 CARGAS POLUIDORAS Relação entre concentração, vazão e carga 49 CARGAS POLUIDORAS Exemplo 1 Os habitantes de uma comunidade geram uma contribuição per capita de DBO de 54g/hab.d, e uma contribuição per capita de esgotos de 180l/hab.d Calcular a contribuição de DBO nos esgotos capitaper vazão capitaper carga ãoconcentraç Exemplo 2 a)Calcular a carga de nitrogênio total afluente a uma ETE, sendo dados: concentração = 45mgN/l vazão = 50l/s b)Nesta mesma estação, calcular a concentração de fósforo total afluente, sabendo-se que a carga afluente é de 60kgP/d. Expressar o resultado em KgN/d CONSIDERAÇÕES FINAIS O conhecimento das características quantitativas e qualitativas dos esgotos é de suma importância para uma adequado planejamento, projeto, execução e controle de obras que visem o tratamento das águas residuárias de uma comunidade. Para projeto de uma ETE não basta considerar apenas a vazão média, é também necessária a quantificação das vazões mínima e máxima, por razões hidráulicas e de processo. EXERCÍCIO PARA CASA Calcule a vazão de esgotos total média para os seguintes períodos de projeto. A projeção populacional prevê os seguintes valores para a população a ser atendida pela futura estação de tratamento de esgotos (ETE). Utilize a Projeção Aritmética para calcular a população no ano 2020. A extensão da rede no ano 1990 é de 15 km e nos anos seguintes, será de 19 e 21 km respectivamente. No ano 1980 e 1990, não há contribuição industrial, e, nos anos 2000 e 2020, há a contribuição de um matadouro, que abate 20 bois/dia no ano 2000, com projeção de triplicar a produção no ano 2020. Ano População (hab.) 1980 10.585 1990 23.150 2000 40.000 2020 X EXERCÍCIO PARA CASA Do exercício anterior, faça uma análise do percentual de contribuição de cada fração (doméstico, infiltração e industrial). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aula baseada em: Von SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos – Vol. 01. DESA/UFMG. 2009. BARROS, R.T de V et al. Manual de saneamento e proteção ambiental para os municípios, Vol. II. Escola de engenharia da UFMG, 1995. 221 p. ABNT – NBR 7229/93. Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. 1993. 55
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