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Monografia_Final_5EZ_grupo_7

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FACULDADES OSWALDO CRUZ 
ENGENHARIA QUÍMICA 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRUNO WESLEY NUNES BARROS 
SAMANTA CRISTINE OLIVEIRA CONCEIÇÃO 
THATIANA RODRIGUES DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DOS IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DA TRIAZINA EM 
FLUIDOS DE CORTE SOLÚVEIS EM ÁGUA SEMISSINTÉTICOS 
PARA A SAÚDE E MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
BRUNO WESLEY NUNES BARROS 
SAMANTA CRISTINE OLIVEIRA CONCEIÇÃO 
THATIANA RODRIGUES DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DOS IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DA TRIAZINA EM FLUIDOS DE CORTE 
SOLÚVEIS EM ÁGUA SEMISSINTÉTICOS PARA A SAÚDE E MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada às Faculdades 
Oswaldo Cruz como parte dos requisitos 
exigidos para a conclusão do Curso de 
Engenharia Química 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Profa. Ma. Vanessa Silva Granadeiro Garcia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Barros, Bruno Wesley Nunes. 
B274e Estudo dos impactos da utilização da Triazina em fluidos de corte solúveis em 
água semissintéticos para a saúde e meio ambiente. / Bruno Wesley Nunes Barros. – 
São Paulo – SP: FFCL-FOC, 2018. 
 53f. 
 
 Normas do Grupo Educacional Oswaldo Cruz, como parte dos requisitos 
exigidos para a conclusão do Curso de Engenharia Química. 
 Inclui Referências. 
 Orientador: Prof.ª MSc. Vanessa Silva Granadeiro Garcia. 
 
 1. Fluidos de corte 2. Meio ambiente 3. Saúde humana 4. Triazina biocida 
I. Conceição, Samanta Cristine Oliveira II. Oliveira, Thatiana Rodrigues de III. 
Garcia, Vanessa Silva Granadeiro (Orientadora) IV. Título. 
 
540 CDD 
 
 
RESUMO 
 
 
Os biocidas são substâncias químicas que tem como função principal inibir o crescimento de 
microrganismos e são amplamente utilizados na agricultura e na indústria metalúrgica. O biocida mais 
utilizado no segmento metalúrgico é a triazina, onde ela é introduzida em fluidos de corte, impedindo o 
crescimento de microrganismos e prolongando a vida útil do fluido. O presente trabalho visa esclarecer 
a amplitude dos impactos causados pela utilização da triazina na formulação dos fluidos de corte ao 
meio ambiente e à saúde humana, enfatizando a importância e a urgência de substituir esse componente 
por outra substância ou técnica que seja menos agressiva. 
 
 
Palavras-chave: Triazina. Biocida. Fluidos de corte. Saúde humana. Meio ambiente. 
 
ABSTRACT 
 
 
Biocides are chemical substances whose main function is to inhibit the growth of microorganisms and 
are widely used in agriculture and in the metallurgical industry. The most commonly used biocide in the 
metallurgical segment is triazine, where it is introduced into metalworking fluids, preventing the growth 
of microorganisms and prolonging the shelf life of the fluid. The present work aims to clarify the 
magnitude of the effects caused by the utilization of triazine in the formulation of metalworking fluids 
to the environment and to the human health, emphasizing the importance and the urgency of replacing 
this component for another less aggressive substance or technique. 
 
 
Keywords: Triazine. Biocide. Metalworking fluids. Human health. Environment. 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1- Operação de corte com auxílio do fluido de corte ................................................... 12 
Figura 2- Ciclo de vida dos agrotóxicos .................................................................................. 20 
Figura 3- 1,2,3-triazina (1), 1,2,4-triazina (2) e 1,3,5-triazina ou s-triazina (3) ...................... 21 
Figura 4- Elementos de rotulagem do GHS da triazina ........................................................... 24 
Figura 5- Esquematização do processo de disposição de fluidos usados ................................ 27 
Figura 6- Municípios que relataram poluição por agrotóxicos em água no Brasil (2011) ...... 29 
Figura 7- Ciclo dos agrotóxicos em contato com o solo ......................................................... 33 
Figura 8- Fluxograma sobre o destino dos pesticidas/agrotóxicos no solo ............................. 34 
Figura 9- Escala de pH ............................................................................................................ 40 
Figura 10- Vista interna do tampo do reservatório .................................................................. 43 
Figura 11- Equipamento utilizado no teste .............................................................................. 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 08 
 
2 TRABALHOS EM METAL .......................................................................................... 10 
 
3 FLUIDOS DE CORTE ................................................................................................... 12 
 3.1 FLUIDOS DE CORTE SOLÚVEIS EM ÁGUA SEMISSINTÉTICOS .......................... 13 
 
4 BIOCIDAS ...................................................................................................................... 16 
 4.1 TRIAZINAS ..................................................................................................................... 20 
 
5 POLUIÇÃO ..................................................................................................................... 26 
 5.1 POLUIÇÃO CAUSADA POR FLUÍDOS DE CORTE .................................................... 26 
 5.2 IMPACTOS NA ÁGUA ................................................................................................... 28 
 5.3 IMPACTOS NO SOLO .................................................................................................... 31 
 
6 ASPECTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA PARA OS TRABALHADORES ........... 35 
 
7 POSSÍVEIS ALTERNATIVAS DE SUBSTITUIÇÃO ............................................... 40 
 7.1 AGENTES ALCALINIZANTES ..................................................................................... 41 
 7.2 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA ...................................................................................... 42 
 
8 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 48 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 50 
 
 
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
 As triazinas são substâncias químicas que se encontram dentro da classificação de 
biocidas e que são largamente utilizadas na indústria de lubrificantes, principalmente nas 
formulações dos fluidos de corte que são utilizados nos processos de cortes de diversos tipos 
de metais. Elas são introduzidas na formulação desses fluidos com o objetivo de impedir a 
proliferação de microrganismos nos mesmos, aumentando, assim, a sua vida útil, o que faz com 
que essa substância desempenhe um papel extremamente importante nesse segmento. Porém, 
as triazinas são altamente tóxicas e carcinogênicas para os seres vivos. Além disso, são, 
também, grandes contaminadoras dos solos e dos corpos d’água, sendo detectadas até mesmo 
na água de abastecimento público. 
 A utilização desses produtos em larga escala e a falta de conhecimento a respeito dos 
riscos oriundos da sua utilização são as principais causas do agravamento dos quadros de 
contaminação humana e ambiental que são observados no Brasil e ao redor do mundo. As 
preocupações com questões ambientais são relativamente recentes e por este motivo, devem ser 
realizadas pesquisas voltadas a este ramo, visando reduzir ou eliminar o agente poluidor 
presente nesse fluido. 
 Infelizmentenem todas as empresas descartam o fluido de corte que utilizam de maneira 
adequada, o que gera a contaminação do sistema de coleta de esgoto e das águas, afetando a 
água para consumo humano e gerando impactos negativos a comunidades aquáticas como 
crustáceos, peixes, anfíbios e répteis. Como a triazina presente no fluido têm a capacidade de 
se acumular nos organismos ao longo de todo o nível trófico da cadeia alimentar, além de 
prejudicar os organismos aquáticos, ela pode afetar, também, o ser humano, que muitas vezes 
consome organismos aquáticos como peixes e crustáceos. A ingestão dessa substância pelos 
seres humanos pode causar quadros de intoxicação aguda e crônica que podem se manifestar 
de forma leve, moderada ou até mesmo grave. 
 As triazinas, quando presentes na água, são consideradas como micro poluentes, pois 
mesmo que elas estejam presentes em baixas concentrações, possuem a capacidade de conferir 
características tóxicas a água, impossibilitando, assim, a utilização da mesma para a grande 
maioria de seus usos. 
 Esses biocidas podem seguir diversas rotas quando entram em contato com o solo, o que 
faz com que diferentes ecossistemas sejam atingidos de forma negativa, interferindo na 
dinâmica dos seres vivos que ali residem. Inicialmente, essas substâncias se acumulam nas 
9 
 
camadas mais superficiais do solo, onde reside uma grande biodiversidade de organismos 
responsáveis pelo ciclo de diversos nutrientes. Esses organismos e o ciclo de nutrientes dos 
quais participam são diretamente afetados, podendo alterar, assim, a fertilidade do solo. 
 
 
 
10 
 
2 TRABALHOS EM METAL 
 
 
Na indústria, existem diversas operações realizadas com metais. Essas operações podem 
ser classificadas em seis segmentos, que são: produção primária, modelagem, corte, tratamento 
térmico, acabamento e revestimento. 
A operação que é classificada como produção primária é a laminação, operação que 
consiste em transformar seções grandes de diversos formatos em seções menores. Essa 
deformação da peça metálica ocorre em um laminador, que aplica pressão sobre ela entre 
cilindros giratórios que reduzem sua área e a conformam no perfil desejado. A laminação pode 
ser feita a quente ou a frio e em ambos os casos, ela deve ser processada com a ajuda de um 
fluido que possui duas funções: refrigerar e lubrificar (DIETER, 1981). 
Dentro de modelagem, têm-se o forjamento, a estampagem, a trefilação, a extrusão e 
pôr fim a moldagem. A estampagem consiste em moldar um esboço de metal em uma matriz 
entalhada, sob o efeito de um choque ou sob uma pressão elevada. O lubrificante utilizado na 
estampagem deve ser escolhido cuidadosamente pensando no tipo de metal que será trabalhado 
e as condições operacionais da máquina. Já a trefilação é um processo de transformação 
mecânica que é usado para a fabricação de vergalhões, arames, barras e tubos. Graças a um 
esforço de tração longitudinal, esse processo consiste na redução da seção transversal e no 
aumento do comprimento. Diversos tipos de lubrificantes podem ser utilizados no processo de 
trefilação, desde lubrificantes sólidos até óleos de baixa viscosidade. A escolha do lubrificante 
a ser utilizado no processo é feita levando em consideração se a trefilação é feita por via úmida 
ou via seca e também, o tipo de material metálico a ser trabalhado (CARRETEIRO; BELMIRO, 
2006). 
No segmento de cortes, existem diversas operações de corte, como a perfuração, o 
fresamento, o torneamento, o aplainamento, o brocheamento, o rosqueamento, o raiamento, a 
mandrilagem, a trepanagem, o alargamento e o serramento e todas elas são realizadas em 
diversas máquinas operatrizes. Essas máquinas ocupam um papel muito importante na indústria 
metalúrgica e os fluidos de corte exercem um papel fundamental na grande maioria das 
operações realizadas em metais nessas máquinas (BYERS, 2006). Neste trabalho, será 
analisada a formulação desses fluidos de corte que auxiliam nos trabalhos citados acima. 
Os tratamentos térmicos feitos nos metais são a têmpera e o revenimento e eles tem 
como objetivo proporcionar aos materiais metálicos propriedades como ductilidade, dureza, 
resistência, flexibilidade, tenacidade, etc. (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). 
11 
 
No acabamento dos materiais metálicos, existem vários tipos de operações, como o 
esmerilhamento, a afiação, a dobragem e o polimento (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). 
A estanhagem, a cromagem, a fosfatização e galvanização são revestimentos realizados 
em metais, que tem como objetivo melhorar alguma propriedade dos mesmos. A cromagem, 
por exemplo, é um revestimento que melhora a resistência a corrosão do metal (CARRETEIRO; 
BELMIRO, 2006). 
 
 
12 
 
3 FLUIDOS DE CORTE 
 
 
Como visto anteriormente, nas operações de corte em metais nas máquinas operatrizes, 
o fluido de corte possui um papel essencial. 
A utilização desse tipo de fluido acarreta em diversas vantagens como aumento da 
velocidade de corte, melhoria no acabamento da superfície do metal, prolongamento da vida 
útil das ferramentas utilizadas para corte e redução do consumo de energia (CARRETEIRO; 
BELMIRO, 2006). 
Os efeitos positivos da utilização desses fluidos foram identificados por Taylor no ano 
de 1894, onde ao aplicar uma determinada quantidade de água na área de corte notou que a 
velocidade de corte poderia ser aumentada em até 33% sem redução da vida útil da ferramenta 
de corte (AVILA; ABRÃO, 2001 apud LIMA, 2013, p. 47). 
A partir dessa descoberta, as operações de corte passaram por diversas evoluções. Com 
o objetivo de atender às exigências do mercado, que são cada dia maiores, as empresas desse 
ramo trabalham no máximo da sua capacidade de produção. Nas operações de corte, a 
velocidade de trabalho também é cada vez maior, o que consequentemente aumenta a 
quantidade de calor gerada na interface da peça usinada e da ferramenta de corte, o que torna a 
aplicação do fluido de corte indispensável (BIANCHI, 2001). 
 
Figura 1 Operação de corte com auxílio do fluido de corte. 
 
 
Fonte: Reynolds; Fecher, 2012 
13 
 
As funções primárias dos fluidos de corte são: refrigerar a ferramenta e a peça, lubrificar 
as partes em contato e reduzir os esforços de corte. Já as funções secundárias são: remover os 
cavacos (lascas removidas do metal no corte) pela ação de lavagem, melhorar o acabamento da 
superfície do metal usinada, proteger contra os efeitos da corrosão a peça, a ferramenta, a 
máquina e os cavacos e lubrificar guias e corrediça. Dentre todas essas funções, podemos 
afirmar que a função primordial desses fluidos é a refrigeração, visto que eles geram melhorias 
mesmo em operações que podem ser realizadas sem resfriamento (BYERS, 2006). 
Para que esses fluidos tenham um bom desempenho, eles devem apresentar as seguintes 
características: capacidade de absorver calor; capacidade de proteger contra os efeitos da 
corrosão e da ferrugem a peça, a ferramenta, a máquina e os cavacos; lubrificar de forma 
adequada, evitando, assim, o desgaste e o caldeamento; não podem manchar a peça trabalhada; 
resistência a oxidação; transparência adequada para que seja possível ver a operação de 
usinagem; compatibilidade com o meio ambiente; não podem possuir odor desagradável e/ou 
forte; propriedades antiespumantes para que não haja espumas, atrapalhando, assim, a visão da 
operação; alta capacidade de umectação, ou seja, alta capacidade de molhar rapidamente a 
ferramenta e os cavacos; propriedades antiespumantes para que não haja espumas, 
atrapalhando, assim, a visão da operação; ter estabilidade na armazenagem e após o trabalho, o 
óleo deve continuar homogêneo e não pode se decompor (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). 
 Os fluidos de corte costumam ser compostos por água e óleo (emulsões) ou apenas por 
água (soluções) ou apenas por óleo (integrais). Os óleos solúveis em água (soluções e emulsões) 
podem ser minerais, sintéticose semissintéticos. Já os que são isentos de água podem ser 
minerais, sintéticos e vegetais. (RUNGE; DUARTE, 1990). 
 Neste trabalho, será estudado de forma mais aprofundada os fluidos de corte solúveis 
em água semissintéticos. 
 
3.1 FLUIDOS DE CORTE SOLÚVEIS EM ÁGUA SEMISSINTÉTICOS 
 
 Esses fluidos são emulsões semissintéticas que apresentam boas propriedades de 
umectação e de lubrificação e, portanto, podem ser usados em aplicações moderadas e pesadas 
e permitem altas velocidades no corte. Além disso, possuem baixo potencial de corrosão e 
ataque bacteriano (RUNGE; DUARTE, 1990). São, geralmente, compostos por emulsificantes, 
inibidores de corrosão, biocidas, aromas, corantes, antiespumantes, agentes de extrema pressão 
(EP), óleos e diluente (água). 
14 
 
 Emulsificantes, também conhecidos como surfactantes, são materiais tensoativos 
polares que são adicionados as emulsões com o intuito de reduzir a tensão superficial do fluido, 
formando uma película monomolecular razoavelmente estável na interface entre o óleo e a água, 
fazendo com que essa mistura de óleo e água fique razoavelmente estável e homogêneo. Eles 
podem ser iônicos ou não iônicos (BYERS, 2006). 
 Os inibidores de corrosão protegem as superfícies contra os efeitos da corrosão 
formando uma película passiva sobre as superfícies metálicas. São constituídos normalmente 
por nitrito de sódio, dietanolamina, trietanolamina, óleos sulfonados ou sulfurados, etc. São um 
dos aditivos mais importantes da formulação, visto que o processo de corrosão pode ocorrer 
tanto na peça usinada quanto na ferramenta usada para realizar o corte, o que acarretaria em 
uma grande perda (RUNGE; DUARTE, 1990). 
 Na formulação dos fluidos de corte, é necessário que se use um ou mais biocidas. Esses 
aditivos são usados em baixas concentrações para ajudar na conservação, matando 
microrganismos ou inibindo seu desenvolvimento. O desenvolvimento desses microrganismos 
no fluido causa a sua degradação biológica e o torna inutilizável (CARRETEIRO; BELMIRO, 
2006). 
 Aromas e corantes são adicionados por seus fabricantes para que esses fluidos tenham 
uma maior aceitação pelos operadores das máquinas operatrizes e para que tenham uma 
aparência e odor característico, evitando, assim, que usem o fluido errado (RUNGE; DUARTE, 
1990). 
 Em um fluido de corte, a formação de espuma é frequentemente a característica mais 
difícil de se controlar e é por isso que são usados antiespumantes, aditivos esses que são 
normalmente feitos de silicone possuem a função de desfazer a espuma formada no fluido, 
ajudando, assim, na visualização do operador, o qual conseguirá realizar um corte mais preciso 
da peça (RUNGE; DUARTE, 1990). 
 Agentes de extrema pressão (EP) são compostos que contém fósforo, enxofre e cloro, 
que reagem quimicamente a partir de determinadas temperaturas e elevadas pressões, com a 
superfície metálica, formando sais que ajudam na redução do desgaste. Esses aditivos só são 
utilizados quando o corte feito exibe condições extremas de pressões e temperatura 
(CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). 
 O óleo pode ser derivado do petróleo ou vegetal. O vegetal é normalmente o mais 
utilizado quando se leva em consideração os aspectos ambientais envolvidos, porém apresenta, 
infelizmente, um custo superior ao derivado do petróleo. A escolha do óleo depende de vários 
15 
 
fatores e o diluente, que é a água, deve apresentar boa qualidade de acordo com padrões pré-
determinados (BYERS, 2006). 
 O descarte desses fluidos é um processo indesejável, pois são substâncias que geram 
poluição ao meio ambiente. Para que isso não ocorra, os tratamentos realizados antes do 
descarte são complexos e caros. A legislação ambiental estabelece critérios de acordo com as 
características do fluido, os quais levam em conta parâmetros como resíduos sedimentáveis, 
pH, oxigênio dissolvido (OD), demandas química e bioquímica de oxigênio (DQO e DBO), 
temperatura, óleos, graxas e a presença de microrganismos para a destinação desses produtos 
(SOKOVIC; MIJANOVIC, 2001 apud BIANCHI, 2016, p. 3). 
 
16 
 
4 BIOCIDAS 
 
 
 Os biocidas, também conhecidos como agrotóxicos, defensivos agrícolas, pesticidas, 
praguicidas, desinfestantes, herbicidas, agroquímicos, produtos fitofarmacêuticos ou ainda 
fitossanitários, são considerados um dos mais importantes insumos agrícolas da agricultura 
moderna ou industrial, contudo, podem, também, ser utilizados como componentes de fluídos 
de corte. Esses materiais tem a capacidade de ajudar na conservação, matando microrganismos 
ou inibindo seu desenvolvimento. 
 Os biocidas surgiram na tentativa de facilitar o manejo agrícola, com o objetivo de 
eliminar organismos que representam obstáculos à produção. As sínteses dos primeiros 
compostos organo-sintéticos foram elaboradas na Segunda Guerra Mundial. O esforço 
científico das principais potências econômicas e bélicas estavam voltados para “soluções” de 
problemas decorrentes da guerra e uma das armas criadas para eliminar o inimigo são os 
compostos organo-sintéticos. Ao fim da Segunda Grande Guerra, utilizou-se a infraestrutura e 
a tecnologia desenvolvidas para aplicá-las no campo agrícola. Resumidamente, os mesmos 
princípios ativos passaram a ser direcionados para dizimar os insetos que prejudicavam a 
produção agrícola ao invés dos inimigos da guerra (MORAGAS; SCHNEIDER, 2003). 
Somente mais tarde, esses compostos passaram a ter outras aplicações, como a estudada neste 
trabalho. 
 Esses compostos devem apresentar as seguintes propriedades na formulação dos fluidos 
de corte em questão: ação biocida rápida; ação bioestática duradoura; tolerância a materiais 
orgânicos e inorgânicos; grande espectro antimicrobiano; estabilidade térmica elevada; 
compatibilidade com outros materiais; baixa influência sobre o pH dos fluidos; não possuir odor 
desagradável e/ou forte; solubilidade nos fluidos; não influenciar nas propriedades refrigerantes 
e lubrificantes dos fluidos; baixa toxidade; compatibilidade com a pele humana e 
degradabilidade biológica (RUNGE; DUARTE, 1990). 
 O Brasil detém um vasto mercado de agrotóxicos, que consiste em aproximadamente 
trezentos princípios ativos aplicados em duas mil fórmulas diferentes, sendo que dessa 
quantidade, apenas 10% foram efetivamente submetidas a avaliações completas de riscos e 38% 
nunca passaram por qualquer tipo de avaliação (MEIRELLES, 1995 apud TAVARES, 2005, 
p. 3). 
 Em 2001, o Sindicato Nacional da Indústria de Defensivos Agrícolas (SINDAG) 
constatou que entre os países que mais consomem agrotóxicos, o Brasil estava em sétimo lugar 
17 
 
no ranking, tendo como destaque os estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais (ANVISA, 
2002 apud TAVARES, 2005, p. 3). 
 É possível ver no Gráfico 1, o consumo de agrotóxicos (biocidas) e afins no Brasil entre 
os anos de 2000 e 2017, onde pode-se observar o constante aumento em seu consumo, com 
exceção de alguns anos. Nota-se que, recentemente, apenas no ano de 2017 houve uma pequena 
diminuição na quantidade consumida, mostrando, assim, um aumento da conscientização a 
respeito dos malefícios que esses compostos trazem não só para o meio ambiente, mas como 
para a saúde da população. 
 
Gráfico 1 Gráfico do histórico de comercialização 2000 - 2017 
 
 
Fonte: Ibama, 2018 
 
 Esses compostos podem ser absorvidos oralmente, dermatologicamente e até mesmo 
por inalação quando vaporizados. Para os seres humanos, os sintomas comuns do 
envenenamento por tais substâncias incluem dores abdominais, diarreia, vômitos, irritação nos 
olhos, irritação nas membranas das mucosas, sensibilização da pele, dermatite, dermatite 
alérgica de contato, problemas respiratórios agudos e até mesmo crônicos. Para os peixes e 
outros organismos aquáticos, esses compostos são levemente tóxicos e praticamente atóxicos 
para os pássaros e abelhas (ETN, 2004 apud COUTINHO et al, 2005, p. 68). 
 Quandono ambiente, esses compostos estão sujeitos à três processos: transferência ou 
remoção do ambiente, retenção e degradação (LOCKE; BRYSON, 1997 apud 
KLEINSCHMITT, 2007, p. 6). Eles possuem a capacidade de acumular-se no ar, água e solo, 
podendo, portanto, ter potencial de causar danos ao meio ambiente no decorrer do tempo. 
18 
 
 O registro dos agrotóxicos nas instituições governamentais competentes como 
Ministério da Agricultura, Ministério do Meio Ambiente e da Saúde constitui-se no instrumento 
básico do processo de controle governamental sobre essas substâncias, tendo em vista a 
importação, exportação, produção, transporte, armazenamento, comercialização e uso. É uma 
etapa obrigatória em vários países que possui o objetivo de maximizar os benefícios para o 
usuário e minimizar os riscos à saúde humana e ambiental. Portanto, as instituições envolvidas 
no processo de registro devem avaliar as características agronômicas, toxicológicas e 
ecotoxicológicas de cada substância e estabelecer restrições e recomendações de uso e 
armazenamento necessárias para se ter uma maior segurança na utilização dos agrotóxicos 
(PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003). Mediante ao registro, a sociedade tem a expectativa de 
que a aprovação do registro de um agrotóxico em seu país garante que, quando utilizado da 
maneira recomendada, esteja dentro dos limites de segurança aceitos para a saúde e o ambiente, 
sem causar nenhum dano. Porém, essa nem sempre é a realidade. 
 Esse registro é um processo decisivo no qual deve ser feita uma análise dos riscos e dos 
benefícios do agrotóxico, o que demanda um estudo integrado dos aspectos toxicológicos, 
ecotoxicológicos e agronômicos, orientados para um maior interesse social. A avaliação dos 
possíveis efeitos adversos à saúde humana e ao ambiente deve ser de fundamental importância 
para a concessão ou não do registro (PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003). 
 Para a obtenção do registro no Brasil, até 1989, os agrotóxicos eram submetidos apenas 
a avaliações toxicológicas e de eficácia agronômica. Após a regulamentação da Lei no 7.802, 
de 11 de julho de 1989, pelo Decreto no 98.816, de 11 de janeiro de 1990, a avaliação e a 
classificação do potencial de periculosidade ambiental da substância passaram a ser 
obrigatórias. De acordo com a legislação atual, o Ministério da Agricultura e Abastecimento 
deve realizar a avaliação da eficácia agronômica, o Ministério da Saúde deve executar a 
avaliação e classificação toxicológica e o Ministério do Meio Ambiente deve avaliar e 
classificar o potencial de periculosidade ambiental por meio do Ibama. Os órgãos estaduais e 
do Distrito Federal devem realizar o controle e a fiscalização da comercialização e uso dessas 
substâncias na sua jurisdição (PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003). 
 A avaliação ambiental feita pelo Ibama é baseada na documentação fornecida pelas 
empresas interessadas no registro, que englobam informações sobre as propriedades físico-
químicas das substâncias presentes, os resultados de testes de mobilidade e persistência em 
solos nacionais, fotólise, hidrólise, testes de toxicidade aguda e crônica feitos com organismos 
não-alvos (microrganismos, minhoca, algas, peixes, abelhas, aves e mamíferos), resultados de 
estudos de bioconcentração em peixes e do potencial mutagênico, teratogênico e carcinogênico. 
19 
 
São usadas também, informações complementares como dados obtidos na literatura e de bancos 
de dados especializados (PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003). 
 A partir desses parâmetros, os agrotóxicos são classificados, quanto à periculosidade 
ambiental, de I a IV, onde Classe I corresponde a substâncias extremamente tóxicas (faixa 
vermelha), Classe II a substâncias altamente tóxicas (faixa amarela), Classe III a medianamente 
tóxicas (faixa azul) e Classe IV a pouco tóxicas (faixa verde), conforme Tabela 1 (ALENCAR, 
2010). 
 Geralmente, a toxicidade dos agrotóxicos é expressa em valores referentes à Dose Média 
Letal (DL50), por via oral, que é representada por miligramas (mg) do ingrediente ativo do 
produto por quilograma (kg) de peso vivo, necessários para matar 50% da população de ratos 
ou de outro animal que seja usado para a realização do teste. A DL50 é usada para estabelecer 
medidas de segurança a serem seguidas para reduzir os riscos que a substância em questão pode 
apresentar à saúde humana (BARRIGOSI, 2018). 
 
Tabela 1 Classes toxicológicas dos agrotóxicos com base na DL50. 
 
 
Fonte: Barrigosi, 2018 
 
 Após realização do registro do agrotóxico, ocorre a produção do mesmo, seu posterior 
comercio e transporte, onde é utilizado no seu destino final, como podemos ver na Figura 2. A 
partir do momento em que o registro é realizado e se inicia a produção, se inicia, também, o 
contato do produto com as pessoas que trabalham na sua produção, podendo gerar uma 
intoxicação aguda ou crônica. Porém, não é só na produção que há o risco de intoxicação, visto 
que em seu transporte, podem ocorrer acidentes que podem comprometer a saúde dos 
envolvidos. Além disso, os consumidores finais que receberão o material também sofrerão com 
a sua exposição diariamente. 
20 
 
 Quando finalizada a utilização do material, muitas vezes, o mesmo não é descartado de 
forma adequada, afetando, assim, o meio ambiente (ar, solo e água) e os seres vivos que neles 
residem, incluindo os seres humanos, por meio de contaminação. 
 
Figura 2 Ciclo de vida dos agrotóxicos. 
 
 
Fonte: Brasil, 2012 
 
4.1 TRIAZINAS 
 
 As triazinas são compostos orgânicos que possuem a fórmula molecular C₃H₃N₃, as 
quais apresentam três isômeros que se diferenciam pela localização dos seus átomos de 
nitrogênio na molécula. Esses isômeros são chamados de 1,2,3-triazina, 1,2,4-triazina e 1,3,5-
triazina ou s-triazina, e estão representados na imagem a seguir (Figura 2). Por apresentarem 
átomos de nitrogênio em diferentes graus de hibridação, apresentam características aceptoras 
de ligação de hidrogênio e, por conta disso, são muito utilizadas pelas indústrias farmacêuticas 
e de biotecnologia (REIS et al, 2013). 
 
21 
 
Figura 3 1,2,3-triazina (1), 1,2,4-triazina (2) e 1,3,5-triazina ou s-triazina (3). 
 
 
Fonte: Reis et al, 2013 
 
 Elas são utilizadas em diversas aplicações, como por exemplo, inseticidas, explosivos, 
e como reagentes para diversas reações orgânicas. Além disso, exibem função de biocida nos 
fluídos de corte. Nesse caso, ela tem, também, como função a prevenção da formação de 
biofilmes, controle ou erradicação. Porém, se utilizada em altas concentrações, a triazina é 
altamente tóxica para os seres humanos, e em níveis ligeiramente mais baixos, pode ser ineficaz 
na formulação (MATTSBY-BALTZER et al, 1989). 
 Como visto anteriormente, os fluidos de corte solúveis em água semissintéticos são 
emulsões semissintéticas, ou seja, são uma mistura de óleo solúvel diluído em água. 
Infelizmente, essa composição é um ambiente propício ao crescimento de microrganismos 
como bactérias e fungos que podem causar a deterioração das emulsões, alterando sua 
viscosidade, aumentando a taxa de corrosão e reduzindo a vida útil do fluido e das ferramentas 
que estão em contato direto com o mesmo. Além disso, o aparecimento desses microrganismos 
traz consigo um cheio muito forte e desagradável, o que torna o trabalho com esse fluido 
inviável. 
 Os biocidas do tipo triazina entram na formulação desses fluidos com o objetivo de 
evitar a proliferação desses microrganismos e podem corresponder a até 2% do volume total de 
fluido. 
 Evitando tal proliferação, é possível aumentar o tempo de vida útil do fluido, evitando, 
assim, gastos com uma nova formulação de fluido ou a compra de um de outra empresa. Além 
disso, também aumenta o tempo de vida da ferramenta de corte, a qual está sempre em contato 
com o fluido, pois a corrosão dessas ferramentas ou até mesmo do metal que está sendo cortado 
pode sofrer corrosão, processoque é induzido pela presença de microrganismos, também 
conhecida como corrosão microbiana ou microbiológica. Neste caso, a corrosão da peça 
metálica se processa geralmente por bactérias, embora existam exemplos de corrosão atribuídos 
à fungos e algas. Essa corrosão leva, assim, a biodeterioração ou deterioração biológica do 
fluido. 
22 
 
 A deterioração biológica inclui todos os processos biológicos que resultam em perda 
econômica. Deterioração biológica se refere ao processo pelo qual os microrganismos rompem 
moléculas grandes gerando, assim, moléculas de tamanhos inferiores. O resultado desse 
processo é a conversão de moléculas orgânicas em dióxido de carbono e desprendimento de 
energia. Alguns tipos de bactérias são capazes de estabelecer reações eletrolíticas sobre o metal 
ou outras superfícies, estas reações em sistemas de fluido de corte podem causar corrosão tanto 
nas ferramentas usadas para corte como nas peças acabadas. A contaminação bacteriana dos 
fluidos de corte pode causar indiretamente a corrosão através do consumo dos inibidores de 
corrosão e também, pela presença de subprodutos de suas reações como os ácidos orgânicos 
(BYERS, 2006), que levam à um aumento da acidez da acidez do fluido, tornando-o, assim, um 
ambiente mais propício a proliferação de mais bactérias, ocasionando, consequentemente, a 
perda das propriedades do fluido de usinagem. 
 O processo de deterioração biológica dos fluidos de corte pode ser dividido em seis 
etapas: degradação da emulsão acompanhada de uma instabilidade e separação do óleo e da 
água; aumento do processo corrosivo; mau cheiro; queda do pH; queda dos níveis de 
componentes ativos específicos; acúmulo de biofilme microbiano (LEE; CHANDLER, 1940). 
 
Tabela 2 Análise físico química do fluido novo e após 6 meses de utilização. 
 
 
Fonte: Marcelino et al, 2012. 
 
 A partir da Tabela 2, pode-se observar que após seis meses de utilização de um fluido, 
ocorreu uma grande proliferação de microrganismos e a consequente diminuição do pH. 
 O consumo e a perda de atividade dos componentes anticorrosivos não são os únicos 
efeitos provenientes da contaminação nos fluidos de usinagem, mas também a perda de 
lubricidade, que é uma das funções principais desses fluidos. Vários estudos demonstram que 
os componentes dos fluidos podem parcialmente ser perdidos ou até mesmo completamente 
degradados, na presença de contaminação por microrganismos. Esta mudança na composição 
23 
 
dos fluidos pode ser diretamente correlacionada com a perda da função do fluido, o que o torna 
inutilizável nessas condições (BYERS, 2006). 
 É notável que esse aditivo traz diversos benefícios, principalmente econômicos, quando 
incluídos na formulação desses fluidos, porém, o cenário dessa adição não traz somente 
benefícios e seus impactos negativos a saúde dos trabalhadores e meio ambiente devem ser 
estudados e entendidos para que possam ser evitados. 
 Na Tabela 3, é possível constatar que a triazina foi o segundo agrotóxico mais 
comercializado no Brasil no ano de 2013, tendo um consumo anual de 57.303.387,8 kg, 
evidenciando, assim, sua larga utilização. De fato, na indústria de fluidos de corte, essa 
substância é a mais utilizada, pois é a mais eficiente nesse segmento. 
 
Tabela 3 Agrotóxicos químicos mais comercializados no Brasil em 2013. 
 
 
Fonte: Agrofit, 2013-2014 apud Brasil, 2016 
 
 Todo produto químico possui uma ficha de informações de segurança de produtos 
químicos (FISPQ), onde estão contidos sua identificação, identificação de perigos, composição 
e informações sobre os ingredientes, medidas de primeiros socorros, medidas de combate a 
incêndio, medidas de controle para derramamento ou vazamento, manuseio e armazenamento, 
controle de exposição e proteção individual, propriedades físicas e químicas, estabilidade e 
reatividade, informações toxicológicas, informações ecológicas, considerações sobre 
destinação final, informações sobre transporte, informações sobre regulamentações e outras 
informações. 
24 
 
 De acordo com FISPQ de junho de 2018 da empresa Miracema-Nuodex, uma das 
empresas fabricantes da triazina, essa substância é classificada como Categoria 4 no quesito de 
toxicidade aguda via oral, Categoria 2 no quesito de toxicidade aguda por inalação e Categoria 
1 no quesito de sensibilização à pele e toxicidade para órgãos-alvo específicos mediante a 
exposição repetida. 
 Na Figura 4 a seguir, pode-se observar os pictogramas do GHS da triazina contidos em 
sua FISPQ, onde o primeiro pictograma representa que essa substância se encaixa na 
classificação de tóxico agudo (severo) e o segundo representa que a substância pode ser 
carcinogênica, sensibilizante respiratório, tóxico reprodutivo, tóxico a órgão alvo especifico 
(exposições repetidas), mutagênico a células germinativas e perigoso por aspiração. 
 
Figura 4 Elementos de rotulagem do GHS da triazina. 
 
 
Fonte: Miracema-Nuodex, 2018 
 
 O Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos 
Químicos (GHS) tem como objetivo estabelecer critérios harmonizados mundialmente para 
classificar substâncias e compostos químicos com relação aos perigos que apresentam, sendo 
eles físicos, para a saúde e para o meio ambiente. As vantagens da utilização dessas 
classificações são: melhorar a proteção da saúde humana e do meio ambiente através de um 
sistema de comunicação de perigos ininteligíveis internacionalmente, dar um marco de 
classificação reconhecido pelos países que ainda não possuem o sistema GHS, reduzir a 
necessidade de realizar testes e posteriores avaliações dos produtos químicos, oferecendo, 
assim, informação, e facilitar a comercialização internacional dos produtos que foram avaliados 
e classificados por este sistema (GHS, 2018). 
 Além dos pictogramas, as fichas de informações de segurança de produtos químicos 
apresentam as frases de perigos referentes ao produto. Para a triazina, as frases são: nocivo se 
25 
 
ingerido (H302), fatal se inalado (H330), pode provocar reações alérgicas na pele (H317), 
provoca danos aos órgãos (H372). Cada frase de perigo possui uma identificação contendo uma 
letra e números para que sejam padronizadas (MIRACEMA-NUODEX, 2018). 
 A partir dessas informações, pode-se ver a urgência da substituição dessa substância nas 
formulações de fluidos de corte e a necessidade de busca de alternativas que sejam menos 
agressivas para a saúde humana e para o meio ambiente. 
 
26 
 
5 POLUIÇÃO 
 
 
 De acordo com a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 3º, pode-se dizer que a 
poluição é a deterioração da qualidade ambiental resultante de atividades que de modo direto 
ou indireto prejudiquem a saúde, o bem-estar e a segurança da população; gerem condições 
adversas às atividades econômicas e sociais; afetem de modo desfavorável a biota e as 
condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; descartam matérias ou energia sem seguir 
os padrões ambientais estabelecidos na região (BRASIL, 1981). 
 
5.1 POLUIÇÃO CAUSADA POR FLUÍDOS DE CORTE 
 
 A utilização dos fluidos de corte na indústria metalúrgica proporciona aos processos de 
usinagem benefícios inegáveis. Porém, quando se trata de questões ambientais, pode-se dizer 
que são agentes poluidores e a sua utilização, incluindo manuseio e descarte, é uma das 
principais fontes causadoras de problemas nos processos em que são utilizados. A 
contaminação do solo, da água e do ar através da utilização desse tipo de fluído pode ocorrer 
devido a vazamentos, má armazenagem, transporte, limpeza das peças e descarte inadequado. 
Além disso, esses fluidos causam sério risco à saúde do operador (DIAS et al, 2001). 
 Os fluidos de corte, após a usinagem, ficam presentes nas peças usinadas e nos cavacos 
provenientes das peças. Quando é necessário que seja feito algum tratamento superficial nas 
peças ou é necessário que elas estejam extremamentelimpas, é comum a realização de uma 
lavagem, utilizando solventes que são normalmente orgânicos e/ou soluções de limpeza 
inorgânicas alcalinas. Finalizada a limpeza, esses produtos precisam ser reprocessados para que 
a água presente nas emulsões possa ser reutilizada em algum processo ou possa ser descartada 
de forma adequada rede de esgoto da região, porém, infelizmente, esse reprocessamento gera 
custos e por conta disso, muitas vezes não é realizado, gerando contaminação do sistema de 
coleta de esgoto (DIAS et al, 2001). Além disso, alguns solventes utilizados nessa lavagem são 
altamente tóxicos ao meio ambiente. Já a respeito dos cavacos, na maioria das empresas, a 
armazenagem dos mesmos é feita em depósitos à céu aberto. Com a chuva, ocorre o arraste 
desses materiais contaminados com fluido de corte para a rede fluvial e para solo, gerando 
contaminação de ambos. 
 Além disso, quando o tempo de vida útil do fluido de corte acaba, ele precisa ser 
descartado. No caso dos fluidos solúveis em água semissintéticos (emulsões), não se deve fazer 
27 
 
o descarte dos mesmos diretamente no sistema de esgoto, pois é necessário que seja feita a 
separação do óleo e dos produtos químicos dissolvidos na água. Os processos realizados para 
esse descarte podem ser divididos em químicos, físicos e físico-químicos. A escolha do 
procedimento a ser utilizado depende do estado da emulsão, de sua composição e também do 
custo envolvido. Porém, todos os processos possuem os seguintes estágios: quebra da emulsão, 
separação do óleo e tratamento da água separada. A fase aquosa final, após sua neutralização, 
deve estar de acordo com a legislação para o posterior descarte e a borra formada deve ser 
desidratada antes do descarte, podendo ser descartada em depósitos especiais ou queimadas em 
instalações especializadas. Já a fase oleosa separada pode ser tratada como um fluido integral 
(GONÇALVES; YAGINUMA; YAMAMOTO, 2010), conforme ilustrado na Figura 5. 
 Porém, nem sempre é possível retirar todos os produtos químicos presentes na água 
final, incluindo os agrotóxicos, que acabam, assim, sendo descartados no esgoto e 
contaminando-o. 
 
Figura 5 Esquematização do processo de disposição de fluidos usados. 
 
 
Fonte: Gonçalves; Yaginuma; Yamamoto, 2010 
 
 Os locais que apresentam quantidades significativas de biocidas, também conhecidos 
como agrotóxicos, presentes na formulação dos fluidos de corte, sofrem danos ambientais e 
podem desencadear um grande perigo à saúde da população. Por isso, a utilização desses 
produtos é controlada e regulamentada pelo governo da maioria dos países (VERDE, 2013). 
28 
 
 Um dos principais problemas decorrentes do uso incorreto de agrotóxicos é o 
desequilíbrio ambiental que eles podem causar na região e em seu ecossistema. Esses 
compostos podem atingir organismos vivos e extinguir espécies fundamentais para o equilíbrio 
da região em que se encontram (VERDE, 2013). 
 
5.2 IMPACTOS NA ÁGUA 
 
 Como visto anteriormente, o descarte incorreto dos fluidos (contendo agrotóxicos) gera 
contaminação do sistema de coleta de esgoto e das águas, afetando, assim, a água para consumo 
humano. O problema dos agrotóxicos em água para consumo humano no Brasil é, infelizmente, 
um tema pouco pesquisado e sobre o qual há um número escasso de fontes oficiais de 
informações acessíveis para consulta, o que faz com que a população não pense muito a respeito 
disso. 
 A água, depois do ar, é o bem mais essencial para a sobrevivência humana, pois sem 
água, não é possível haver vida, o que torna a poluição da água um dos maiores fatores de risco 
à sobrevivência da humanidade. No passado, a água poluída era purificada naturalmente pela 
chuva, porém, atualmente a água da chuva geralmente é, também, contaminada com diversos 
poluentes, o que impossibilita essa purificação. Esse fato faz com que seja necessária a 
realização de diversas operações unitárias de purificação para que a água poluída de mananciais 
superficiais e subterrâneos seja transformada em potável (ZINI, 2016). 
 O tratamento de água é composto por diversas técnicas e operações unitárias, as quais 
variam em função de aspectos como qualidade da água bruta, custos envolvidos e volume de 
água a ser tratado. O tratamento convencional é composto basicamente de: coagulação, 
floculação, decantação, filtração e desinfecção. Esse tratamento normalmente não tem a 
capacidade de remover as substâncias químicas presentes na água, incluindo agrotóxicos, de 
maneira satisfatória (PRINCE, 2006 apud ZINI, 2016). 
 Os agrotóxicos, quando presentes na água, são definidos como micro poluentes, ou seja, 
mesmo que estejam presentes em baixas concentrações, conferem a água características tóxicas, 
tornando-a, assim, imprópria para grande maioria de seus usos (BRASIL, 2016 apud ZINI, 
2016). 
 Segundo o Atlas de Saneamento e Saúde do IBGE lançado em 2011: 
 
A maioria dos municípios declarou a ausência de fontes de poluição ou 
contaminação na captação de água. Considerando os que declararam 
29 
 
poluição ou contaminação, juntos, o esgoto sanitário, os resíduos de 
agrotóxicos e a destinação inadequada do lixo foram relatados como 
responsáveis por 72% das incidências de poluição na captação em 
mananciais superficiais, 54% em poços profundos e 60% em poços 
rasos (KRONEMBERGER et al, 2011). 
 
 Na Figura 6, é possível localizar os municípios que relataram poluição por agrotóxicos 
em água no Brasil no ano de 2011 segundo pesquisas realizadas pelo IBGE. 
 
Figura 6 Municípios que relataram poluição por agrotóxicos em água no Brasil (2011). 
 
 
Fonte: IBGE, 2011 
 
 De acordo com o Panorama da Qualidade das Águas Superficiais do Brasil 2012 
publicado pela Agência Nacional das Águas (ANA), foram monitorados 1988 pontos no Brasil 
no ano de 2010, sendo eles tanto em áreas urbanas, quanto em áreas rurais. Durante o 
30 
 
monitoramento, foram avaliados os índices de qualidade da água (IQA) de cada ponto. Esse 
índice leva em consideração nove parâmetros da água analisada: oxigênio dissolvido (OD), 
coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), temperatura, 
nitrogênio total, fósforo total, turbidez e sólidos totais. O IQA classifica as águas como 
“ótimas”, “boas”, “razoáveis”, “ruins” e “péssimas”, sendo que as classes ruim e péssima são 
águas impróprias para tratamento convencional visando o abastecimento da população, fazendo 
com que sejam necessários tratamentos de níveis mais avançados. Nos pontos monitorados, 
apenas 6% se encaixaram na condição “ótima”, 75% na “boa”, 11% na “razoável” e 7% na 
“ruim” ou “péssima”. Fazendo uma análise somente dos corpos d’água em áreas urbanas, foi 
constatado que 47% dos pontos monitorados apresentaram condição “péssima” ou “ruim” 
(ANA, 2012). 
 Os agrotóxicos do grupo triazina, representam cerca de 30% de todos os pesticidas 
utilizados no mundo e em contato com um ecossistema aquático podem causar impactos a 
comunidades aquáticas como crustáceos, peixes, anfíbios e répteis. Em um estudo realizado por 
Natalí Lucas Paradeda da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, foram 
utilizados animais do gênero Hyallela coletados no município de São Francisco de Paula. Eles 
foram separados em seis grupos e foram expostos ao agrotóxico por um determinado tempo e 
determinada concentração (PARADEDA; OLIVEIRA, 2011). 
 
A exposição às diferentes concentrações do herbicida conduziu a uma 
intensa mobilização das reservas de lipídios, triglicerídeos, glicerol, 
proteínas, glicogênio, arginina fosfato e arginina, assim como uma 
diminuição nos níveis de colesterol; sendo estas, acompanhadas de um 
aumento das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico e da atividade 
das enzimas Superóxido Dismutase e Catalase. Os parâmetros 
reprodutivos analisados neste estudo (número de casais reprodutivos, 
número de fêmeas ovígeras e número de ovos nomarsúpio) também 
foram afetados negativamente pela exposição à atrazina. 
(PARADEDA; OLIVEIRA, 2011). 
 
 Os agrotóxicos presentes em ecossistemas aquáticos, infelizmente, têm a capacidade de 
se acumular em elevadas concentrações nos organismos ao longo de todo o nível trófico, 
prejudicando, assim, não só os organismos aquáticos, mas também o ser humano, visto que o 
mesmo se encontra no topo da cadeia alimentar, consumindo, portanto, peixes e outros 
organismos aquáticos (BELCHIOR et al, 2014). 
31 
 
 A ingestão dessas substâncias pelo ser humano, mesmo que em baixas concentrações, é 
altamente prejudicial a sua saúde, podendo provocar intoxicações agudas e até mesmo crônicas 
que podem se manifestar de forma leve, moderada ou grave. 
 
5.3 IMPACTOS NO SOLO 
 
 Os solos apresentam grande capacidade de decomposição ou inativação de substâncias 
prejudiciais ao meio ambiente por conta de suas características e propriedades, sendo, assim, 
amplamente utilizados como meio de descarte ou reciclagem de materiais poluentes. Mesmo 
sendo capaz de absorver grandes quantidades desses poluentes sem sofrer grandes 
transformações, com o passar do tempo, essas transformações são, na maioria das vezes, 
irreversíveis e os danos causados ao meio ambiente são de difícil recuperação (CAMARGO, 
2004). 
 O solo possui constituintes com grande reatividade, o que faz com que ele seja um 
ambiente favorável à ocorrência de uma série de reações que tem a capacidade de inativar íons 
(reações de adsorção, complexação ou precipitação) e decompor compostos orgânicos, 
tornando-os compostos menos tóxicos ou atóxicos aos organismos vivos que ali vivem. Por 
sorte, muitos compostos orgânicos podem desaparecer no ambiente através de processos como 
volatilização, lixiviação, degradação microbiana e diversas reações químicas. Porém, existem 
produtos tóxicos que não são biodegradáveis e podem ser facilmente transferidos a organismos 
vivos ao longo da cadeia alimentar com perdas mínimas ao longo dos níveis tróficos (MEURER 
2004). 
 A molécula dos agrotóxicos, quando entra em contato com o solo, pode seguir diversas 
rotas, atingindo diferentes ecossistemas e interferindo na dinâmica de muitos seres vivos. O 
acúmulo dessas substâncias no solo ocorre inicialmente nas camadas superficiais, onde reside 
uma vasta biodiversidade de organismos responsáveis pelo ciclo de diversos nutrientes e das 
quais as plantas retiram os nutrientes necessários para que possam crescer e se desenvolver 
(COSTA; COSTA, 2004). Um exemplo desse fenômeno ocorre quando o princípio ativo 
persistente no solo interfere no desenvolvimento de bactérias fixadoras de nitrogênio, 
responsáveis pela disponibilização desse mineral às plantas, o que gera danos drásticos na etapa 
de fixação do ciclo biogeoquímico do nitrogênio. Tendo em vista que a etapa de fixação é a 
primeira etapa deste ciclo, pode-se concluir que a presença dos agrotóxicos no solo afeta o ciclo 
inteiro. 
32 
 
 Além de gerar prejuízos ao ciclo do nitrogênio, como citado acima, a ação dos 
agrotóxicos no solo prejudica, também, o ciclo do carbono e do enxofre, podendo alterar, assim, 
a fertilidade do solo onde estão presentes (SCHUSTER; SCHRÖDER, 1990 apud PERES, 
2000, p. 2). 
 Essas moléculas geram, também, alterações na capacidade do solo em degradar matéria 
orgânica, visto que elas provocam a inativação e morte de microrganismos e invertebrados que 
se desenvolvem no solo que possuem essa função de degradação (EDWARDS, 1989 apud 
RIBAS; MATSUMURA, 2009, p. 155). Um parâmetro utilizado para observar a atividade geral 
dos microrganismos é a respiração do solo. Esse parâmetro pode ser utilizado para verificação 
dos efeitos causados pelos agrotóxicos sobre diferentes populações de microrganismos 
existentes no solo (FERREIRA et al, 2006). 
 Os agrotóxicos podem penetrar no solo por meio de difusão e pelo fluxo de massa em 
água (SISINNO; OLIVEIRA, 2000). Além desses dois mecanismos, esses compostos podem 
sofrer processos de transporte e processos de transformação. Dentro dos processos de 
transporte, eles podem sofrer: lixiviação, volatilização, adsorção e escoamento superficial. Já 
dentro dos processos de transformação, podem ocorrer a degradação química, hidrólise, 
fotólise, hidroxilação, e/ou degradação por microrganismos (LUCHINI, 1995 apud PERES, 
2000). Dependendo do tipo de transformação, essas substâncias e/ou seus metabólitos podem 
possuir diferentes destinos no ecossistema: sofrer mineralização total, permanecer por longo 
tempo no solo, atingir águas subterrâneas, ou ser bioacumulado através dos níveis tróficos da 
cadeia alimentar (PERES, 2000). O que determina qual dos processos ocorrerá também depende 
das propriedades do solo onde o agrotóxico se encontra e das próprias propriedades do 
agrotóxico em questão. 
 
 Dentre as propriedades do solo que interferem na retenção e degradação 
dos agrotóxicos, encontram-se os teores de matéria orgânica, argila e 
óxidos de ferro e manganês, pH, capacidade de troca de cátions, área 
superficial específica, porosidade, teor de umidade, presença e 
diversidade de microrganismos, os quais representam um complexo 
enzimático operante e específico. A matéria orgânica humificada, 
devido às suas características e grupos funcionais, atua como tampão, 
trocador de íons, surfactante, agente quelante ou como um absorvente 
geral. Os constituintes minerais e orgânicos dos solos têm capacidade 
para adsorver moléculas orgânicas com maior ou menor intensidade, 
dependendo da força de interação entre a superfície reativa e o íon ou 
molécula reagente (COSTA; COSTA, 2004). 
 
33 
 
 Do solo, os agrotóxicos, por meio de fraturas e poros existentes em algumas rochas ou 
no próprio solo, podem chegar até pontos onde existem reservatórios de água, contaminando, 
assim, o ambiente aquático (BRIGANTE et al, 2002 apud STEFFEN; STEFFEN; 
ANTONIOLLI, 2011, p. 18). Na Figura 7, pode-se observar o ciclo dos agrotóxicos quando em 
contato com o solo, mostrando todos os seus possíveis destinos em um ecossistema. 
 
Figura 7 Ciclo dos agrotóxicos em contato com o solo. 
 
 
Fonte: Lavorenti; Prata; Regitano, 2003 apud Steffen; Steffen; Antoniolli, 2011, p. 18 
 
 O destino dos agrotóxicos no ambiente depende das propriedades físico-químicas do 
agrotóxico em questão, da quantidade e da frequência de contato do mesmo com o solo, 
características bióticas e abióticas do ambiente e das condições meteorológicas (KLINGMAN; 
ASHTON; NOORDHOFF, 1982 apud RIBAS; MATSUMURA, 2009, p. 151). Por conta disso, 
é muito difícil prever um modelo para o comportamento e a interação com o ambiente de cada 
agrotóxico. Porém, como visto anteriormente, alguns processos como processos de retenção, 
de transformação e de transporte são conhecidos e podem predizer como a substância se 
comportará quando em contato com as partículas do solo, com sua velocidade de evaporação, 
solubilidade em água e bioacumulação (RIBAS; MATSUMURA, 2009). Esses processos 
podem ser analisados a seguir na Figura 8. 
 
34 
 
Figura 8 Fluxograma sobre o destino dos pesticidas/agrotóxicos no solo. 
 
 
Fonte: CHENG, 1990 apud Ribas; Matsumura, 2009, p. 152 
 
 Assim como determinar o destino dos agrotóxicos no meio ambiente, ensaios de campo 
para se verificar o efeito dos mesmos no solo são, na prática, muito difíceis, principalmente 
porque em uma mesma região ou em locais muito próximos, existe uma vasta diversidade 
biológica, o que faz com que ocorra uma grande variação nos resultados obtidos. Diversos tipos 
de ensaios indiretos têm sido realizados, dentre eles, tem-se: determinação de pesticidas ao 
longo da cadeia alimentar por níveis tróficos e determinação do coeficiente de partição. Além 
disso, modelos matemáticos de ecossistemas também podem ser utilizados, assim como as 
propriedades físico-químicas de cada agrotóxico, as quais podem representar recursospara 
predizer sua distribuição física no ambiente em que se encontram (MORIARTY, 1975 apud 
PERES, 2000, p. 11). Situação que mostra a necessidade de esforços no estudo desse campo 
por meio de diversas pesquisas. 
 
 
 
 
35 
 
6 ASPECTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA PARA OS TRABALHADORES 
 
 
 Os trabalhadores de indústrias que utilizam fluidos de corte ficam expostos, 
diariamente, a diversas substâncias e condições que podem afetar seriamente sua saúde e 
segurança. A contaminação do operador pode ocorrer por contato com a pele, inalação ou até 
mesmo por ingestão. Diversos estudos demonstram que o contato prolongado com os fluidos 
de corte e seus subprodutos pode gerar doenças agudas ou crônicas, como doenças de pele, 
alguns tipos de câncer e doenças pulmonares (BYERS, 2006). 
 A contaminação do trabalhador pelo contato com a pele é a que mais acontece nas 
operações e, muitas vezes, é algo muito difícil de controlar. Esse contato pode gerar 
sensibilização da pele, dermatite, dermatite alérgica de contato e até foliculite (BYERS, 2006). 
Alguns biocidas, como as triazinas, são compostos relatados como causadores desses tipos de 
doenças. 
 Na indústria metalúrgica, durante o processo de corte, geralmente ocorre uma formação 
de névoa do fluido quando a temperatura passa de seu ponto de ebulição. Pode ocorrer também 
durante o movimento mecânico ou ainda quando o fluido está borbulhando durante a operação. 
Essa névoa formada pode ser inalada acidentalmente pelos operadores, podendo causar 
problemas respiratórios alérgicos ou até mesmo crônicos. 
 A partir de testes em laboratório feitos em animais, pode-se constatar que os efeitos 
respiratórios agudos da exposição ao fluido manifestaram-se como irritação ou alteração da 
função pulmonar. Em 1991, Schaper e Detweiler avaliaram o potencial de irritação pulmonar e 
sensorial de dez fluidos de corte (novos e usados) em aerossol em camundongos. Os animais 
foram expostos a 2000 mg/m3 de fluido por inalação durante 3 a 20 horas. Todos os fluidos em 
certas doses foram capazes de provocar irritação pulmonar com pouca ou nenhuma alteração 
na histopatológica pulmonar após exame realizado imediatamente após a exposição. Depois de 
24 horas após a exposição, foram identificadas de leve a moderada pneumonia intersticial e 
broncopneumonia nos animais. Para os fluidos testados, a irritação foi maior nos sintéticos, 
posteriormente nos solúveis e depois nos integrais, constatando que a irritação é maior nos que 
apresentação mais aditivos e consequentemente mais biocidas em sua formulação. Não houve 
diferenças no potencial de irritação quando comparado fluidos usados e fluidos novos (BYERS, 
2006). 
 Já em 1996, Krystofiak e Shaper realizaram um experimento com um fluido 
semissintético, onde ratos foram expostos durante 3 horas ao fluido e depois separadamente aos 
36 
 
seus componentes, que incluíam duas alcanolamidas, uma amida de ácido bórico, óleo de 
petróleo, um sulfonato de sódio, hexa-hidro-1,3,5-tris (2-hidroxietil) -s-triazina, e um sabão de 
potássio. A irritação sensorial foi provocada quase que instantaneamente por todos os 
componentes do fluido. A irritação pulmonar foi observada com todos os componentes da 
formulação, exceto a amida de ácido bórico. Com exceção do sulfonato de sódio, que produziu 
irritação pulmonar dentro de 30 minutos de exposição, a irritação provocada pelos outros 
componentes ocorreu, geralmente, após 2 a 3 horas de exposição. Imediatamente após a 
exposição, uma recuperação moderada da frequência respiratória ocorreu com óleo de petróleo 
e sabão de potássio, porém pouca recuperação foi observada imediatamente após a exposição 
às alcanolamidas, sulfonato de sódio e triazina. A partir do teste realizado e dos resultados 
obtidos, os autores do teste concluíram que, a partir da potência e da composição fracionada, as 
alcanolamidas e o biocida triazina contribuíram em grande parte para a irritação que o fluido 
semissintético causou nos ratos (BYERS, 2006). 
 Os biocidas podem causar quadros de intoxicação aguda e crônica que podem se 
manifestar de forma leve, moderada ou até mesmo grave (BRASIL, 2006). Abaixo, pode-se 
observar, na Tabela 4, os sintomas e sinais decorrentes da exposição e posterior intoxicação por 
agrotóxicos. 
 
Tabela 4 Sinais e sintomas de intoxicação. 
 
 
Fonte: UFRRJ, 2018 
 
37 
 
 A intoxicação aguda é uma alteração no estado de saúde de um ser vivo resultante da 
interação nociva de uma substância tóxica com o organismo vivo. Pode ocorrer de forma leve, 
moderada ou grave, dependendo da quantidade de veneno absorvido, do tempo de absorção, da 
toxicidade do produto e do tempo entre a exposição a substância e o atendimento médico. 
Manifesta-se através de sinais e sintomas que se apresentam de forma repentina, alguns minutos 
ou algumas horas após a exposição excessiva do indivíduo a substância, acarretando efeitos 
rápidos sobre a saúde. A intoxicação aguda leve consiste no quadro clínico caracterizado por 
cefaleia, irritação cutaneomucosa, dermatite de contato irritativa ou por hipersensibilização, 
náusea e discreta tontura. A intoxicação aguda moderada consiste no quadro clínico 
caracterizado por cefaleia intensa, náusea, vômitos, cólicas abdominais, tontura mais intensa, 
fraqueza generalizada, parestesia, dispneia, salivação e sudorese aumentadas. Já a intoxicação 
aguda grave consiste no quadro caracterizado por miose, hipotensão, arritmias cardíacas, 
insuficiência respiratória, edema agudo de pulmão, pneumonite química, convulsões, alterações 
da consciência, choque, coma, podendo evoluir para óbito. Vale ressaltar que dependendo da 
substância envolvida na intoxicação, da via de absorção, da quantidade de veneno absorvido e 
do tempo de absorção, o quadro pode evoluir de um estágio para o outro rapidamente (BRASIL, 
2006). 
 A intoxicação crônica é caracterizada, também, pelas alterações no estado de saúde de 
um ser vivo que resultam da interação nociva de uma substância com o organismo vivo. Porém, 
nesse caso, os efeitos nocivos sobre a saúde humana, incluindo a acumulação de danos 
genéticos, começam a surgir no decorrer de exposições repetitivas a substancia tóxica, que 
normalmente ocorrem durante longos períodos de tempo. Mediante a essas condições os 
quadros clínicos são muitas vezes confusos, indefinidos e geralmente irreversíveis. Os 
diagnósticos dessas intoxicações são difíceis de serem estabelecidos, pois há uma maior 
dificuldade na associação da causa e do efeito. Essa intoxicação se manifesta através de diversas 
patologias, que atingem vários órgãos e sistemas, tendo destaque os problemas nos sistemas 
imunológicos, hematológicos, hepáticos, neurológicos, malformações congênitas e tumores 
(BRASIL, 2006). 
 Na Tabela 5, que se encontra a seguir, pode-se observar os efeitos que os agrotóxicos 
causam, após exposição prolongada, no organismo no sistema nervoso, sistema respiratório, 
sistema cardiovascular, fígado, rins, trato gastrointestinal, sistema hematopoético, também 
conhecido como sistema hematopoiético, pele e olhos. A partir dessas informações, pode-se 
constatar que os agrotóxicos são substâncias altamente prejudicais para a saúde humana. 
 
https://www.google.com/search?q=Sistema+hematopoi%C3%A9tico&spell=1&sa=X&ved=0ahUKEwiej-Hsk6XdAhVDvZAKHSARCfwQBQglKAA
38 
 
Tabela 5 Efeitos da exposição prolongada a agrotóxicos. 
 
 
Fonte: UFRRJ, 2018 
 
 Além de todas os efeitos relatos na Figura 6, pesquisas epidemiológicas ligadas à 
exposição de agrotóxicos feitas em países como África do Sul, Egito, e Canadá indicaram que 
a intoxicação por agrotóxicos apresentou uma forte associação com transtornos psiquiátricos e 
que a exposição demasiada a essas substâncias (presentes na formulação dos fluidos de corte) 
pode causar neurose depressiva, distúrbios de memória, irritabilidade e até mesmo suicídio 
(LEVIGARD; ROZEMBERG, 2004).A respeito dos agrotóxicos, o Ministério da Saúde adverte: 
 
Os agrotóxicos podem causar diversos efeitos sobre a saúde humana, 
sendo muitas vezes fatais. Classicamente tais efeitos são divididos em 
intoxicação aguda e intoxicação crônica. Além das intoxicações agudas, 
a exposição ocupacional e/ou ambiental também pode causar uma série 
de problemas de saúde, conhecida como intoxicação crônica. Estas 
podem se manifestar de várias formas, tais como: problemas ligados à 
fertilidade, indução de defeitos teratogênicos e genéticos, câncer, 
conforme foi revisto por Matos e colaboradores (1987). Também são 
39 
 
relatados efeitos deletérios sobre os sistemas nervoso, respiratório, 
cardiovascular, genito-urinário, gastro-intestinal, pele, olhos, além de 
alterações hematológicas e reações alérgicas a estas substâncias 
(BRASIL, 2006). 
 
 De acordo com entrevistas realizadas com profissionais do Programa Saúde da Família 
(PSF), a exposição aos agrotóxicos produz alterações no sistema endócrino, mais em específico 
nos níveis do hormônio da tireóide, pode desencadear déficit de atenção e/ou hiperatividade em 
crianças. Provoca, também, irritabilidade, alterações de humor e comportamento agressivo em 
adultos. O estudo realizado ressalta a gravidade do problema em relação a mulheres grávidas, 
visto que os fetos são atingidos por estas alterações hormonais, o que prejudica o seu 
desenvolvimento (LEVIGARD; ROZEMBERG, 2004). 
 
 
 
 
40 
 
7 POSSÍVEIS ALTERNATIVAS DE SUBSTITUIÇÃO 
 
 
 Como visto anteriormente, as triazinas entram na formulação dos fluidos de corte com 
o objetivo de evitar a proliferação de microrganismos que podem levar a degradação e 
inutilização do fluido. 
 Sabe-se que existem fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam o crescimento de 
microrganismos. Os fatores intrínsecos são o pH, a atividade de água (Aw), o potencial de 
óxido-redução (Eh), a composição química, fatores antimicrobianos, a estrutura biológica e a 
interação entre microrganismos. Já os fatores extrínsecos são a temperatura, a umidade e a 
composição gasosa da atmosfera (NICOLAU, 2014). 
 A sigla pH é a abreviação de potencial hidrogeniônico e se refere a uma escala que é 
utilizada para indicar se um elemento é ácido, básico ou neutro. A letra p vem da palavra 
dinamarquesa potenz, que em português, significa potência e o e o H representa os íons hidrônio 
(H3O
+) ou H+(aq) (FOGAÇA, 2018). Na Figura 9, pode-se verificar como essa escala indica o 
nível de acidez de uma determinada solução. 
 
Figura 9 Escala de pH. 
 
 
Fonte: Escolar, 2018 
 
41 
 
 Todos os microrganismos apresentam valores mínimo, máximo e ótimo de pH. Abaixo 
do pH mínimo e acima do pH máximo não há crescimento de microrganismos. Apenas no pH 
ótimo e entre o pH mínimo e máximo, há crescimento dos mesmos. Por esse motivo, o controle 
desse fator é extremamente importante para que não haja o crescimento desses microrganismos 
indesejados. Na Tabela 6, pode-se observar os valores máximos, ótimos e mínimos de pH para 
o crescimento de alguns microrganismos. 
 
Tabela 6 Faixas de pH para o desenvolvimento de microrganismos. 
 
 
Fonte: Liria et al, 2018 
 
 É possível notar a partir da tabela acima que os microrganismos se desenvolvem 
preferencialmente em ambientes ácidos até levemente básicos. O que indica que um ambiente 
altamente alcalino (pH acima de 11,0) é um ambiente onde os microrganismos não se 
proliferam. 
 
7.1 AGENTES ALCALINIZANTES 
 
 Por esse motivo, nas formulações de fluidos de corte, muitas vezes, é feita a associação 
de um biocida com um agente alcalinizante para combater a proliferação desses 
microrganismos. 
 Um agente alcalinizante é um produto químico de alto pH que age como neutralizante 
de acidez em meio líquido, tornando o meio alcalino, como o próprio nome já diz. Esse material 
pode ser usado em diversas aplicações, como tratamento de água e efluentes, tratamento de 
água de piscinas, formulações de fluidos de usinagem e correção de alcalinidade para sistemas 
42 
 
de recirculação de águas, como por exemplo: torres de resfriamento e caldeiras industriais 
(PUREWATER, 2018). 
 Um exemplo desse tipo de substancia são os amino álcoois. Tais amino álcoois são 
eficientes neutralizadores de compostos ácidos funcionais e auxiliam na estabilidade de 
emulsões, fazendo com que elas permaneçam com um pH elevado, propiciando, assim, um 
ambiente altamente alcalino. Apresentam bom desempenho com a presença de diversos tipos 
de biocidas e melhoram o controle de corrosão de metais, especialmente ferrosos. 
 Como o objetivo de toda empresa formuladora de fluidos de corte tem como objetivo 
possuir um fluido que possua o maior tempo de vida útil possível, esses aditivos são utilizados 
juntamente ao biocida, melhorando, assim, o desempenho individual do biocida utilizado. Em 
conjunto, eles apresentam uma função biocida excelente e fazem com que o fluido apresente a 
maior vida útil possível. Porém, o agente alcalinizante pode ser adicionado a formulação sem a 
adição de um biocida, apresentando bons resultados no impedimento do crescimento 
microbiano. 
 O agente alcalinizante age diretamente na alteração do pH do fluido de corte, fazendo 
com o que o mesmo apresente um pH alcalino, onde o crescimento de microrganismos é 
praticamente nulo. 
 Embora o resultado obtido apenas com a adição do alcalinizante não seja tão eficiente 
quanto o resultado proveniente da adição de ambos os aditivos, essa alternativa ajuda, também, 
a prolongar a vida útil do fluido, evitando o crescimento de microrganismos e o mais 
importante: não confere danos à saúde dos operadores. 
 
7.2 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA 
 
 Além na alternativa analisada no item anterior, uma segunda opção de substituição dos 
biocidas na formulação é o uso de radiação ultravioleta através da utilização de um sistema 
emissor de raios ultravioleta que possuem a capacidade de inativar os microrganismos por ação 
direta, sem provocar alteração nas propriedades do fluido e apresentando assim, uma maior 
segurança para os operadores (BIANCHI et al, 2016). 
 A utilização da radiação ultravioleta é mais conhecida pela eliminação parcial de 
microrganismos presentes em superfícies, salas, materiais, etc., entretanto, sua eficácia depende 
de alguns fatores, como por exemplo: tempo de exposição, tamanho da população, 
características dos microrganismos e condições ambientais e de aplicação (SILVA; 
BAPTISTA; COPPINI, 2016). 
43 
 
 Foi realizado um estudo sobre a influência da radiação ultravioleta sobre os 
microrganismos na Universidade Estadual Paulista (UNESP) no Campus de Bauru, onde foram 
introduzidas doze lâmpadas ultravioleta germicidas (UV-C) de 20 Watts no tampo do 
reservatório destinado ao fluido de corte como pode ser observado na Figura 10. Vale ressaltar 
que ao instalar as lâmpadas no tampo da caixa, houveram cuidados para eliminar qualquer 
possibilidade de os raios ultravioleta emitidos atingirem os operadores. 
 
Figura 10 Vista interna do tampo do reservatório. 
 
 
Fonte: Bianchi et al, 2016. 
 
 Durante o processo de corte, o fluido que está no reservatório é impulsionado a partir 
de uma bomba até o local onde o corte será realizado, sendo direcionado para encontrar a peça 
e a ferramenta de corte. Imediatamente, pelo efeito da gravidade, o fluido desliza através de um 
sistema coletor que o encaminha de volta ao reservatório. Por esse motivo, a ação dos raios 
ultravioleta no fluido de corte só ocorre durante o período em que ele está dentro do reservatório 
(BIANCHI et al, 2016). 
 Durante o experimento realizado na universidade, o sistema foi mantido em 
funcionamento durante 8 horas diárias durante 5 dias. Após esses 5 dias, o sistema era 
desligado, permanecendo assim durante 2 dias. Após 2 dias, o sistema era religado e o ciclo se 
repetia até completar 30 dias. Esse processo foi realizado novamentenas mesmas condições de 
tempo, porém com as lâmpadas ultravioleta desligadas para que pudesse ser feita uma 
comparação entre os dois cenários (BIANCHI et al, 2016). 
 A análise bacteriológica foi feita com a semeadura das amostras em meios de cultura 
agar nutriente, agar de McConckey e agar manitol. Já para a análise fúngica as amostras foram 
44 
 
semeadas em meios de agar Sabouraud e em agar micosel. Todos os dias foram monitorados 
fatores como pH, temperatura ambiente, concentração do fluido de corte, viscosidade, 
coloração e odor (BIANCHI et al, 2016). 
 Na Tabela 7 e no Gráfico 2, é possível observar os resultados obtidos nas análises em 
relação ao desenvolvimento de unidades formadoras de colônias (UFC), resultados esses que 
evidenciaram a ação da radiação sobre os microrganismos, mostrando que o crescimento das 
unidades formadoras de colônias foi extremamente menor nas amostras que foram expostas a 
luz ultravioleta em comparação as amostras que não foram expostas. 
 
Tabela 7 Número de UFC’s desenvolvidas em meio de cultura após semeadura de amostras 
de fluido de corte submetido à ação da luz ultravioleta e não submetido a essa radiação 
(valores de UFC X 10000). 
 
 
Fonte: Bianchi et al, 2016. 
 
45 
 
Gráfico 2 Desenvolvimento de UFC’s (unidades formadoras de colônias) em meio de cultura 
após semeadura de amostras de fluido de corte submetidas a ação da luz ultravioleta (linha e 
triângulos vermelhos) e não submetidas a essa radiação (linha e quadrados azuis). 
 
 
Fonte: Bianchi et al, 2016. 
 
 A partir dos dados acima, pode-se concluir que a introdução das lâmpadas ultravioleta 
germicidas (UV-C) de 20 Watts no tampo do reservatório é uma opção que exibe alta eficiência 
e viabilidade, pois os equipamentos utilizados são de fácil manutenção, baixo custo e extrema 
simplicidade. Além disso, essa resolução reduz os prejuízos financeiros devidos ao descarte de 
fluidos contaminados com microrganismos, gera importantes ganhos sociais para a indústria, 
pois gera uma grande melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e também reduz os danos 
ambientais, já que essa opção possibilita a retirada do uso por completo dos biocidas nas 
formulações dos fluidos. 
 Foi realizado um outro estudo sobre o efeito da radiação ultravioleta, porém, em menor 
escala, onde foi utilizado o fluido de corte BLASOCUT BC 20 com diluição de 5% em água. 
O fluido foi exposto a radiação durante 30 dias e uma amostra do mesmo foi retirada 
diariamente, imediatamente após 8 horas de aplicação da radiação UV. As amostras foram 
semeadas em meio de cultura ágar nutriente e incubadas em estufa 37ºC por 48 horas e 
posteriormente foram contadas as colônias de bactérias existentes (SILVA; BAPTISTA; 
COPPINI, 2016). 
 O equipamento utilizado nesse caso possui capacidade para armazenar apenas 20 litros 
de fluido. Neste equipamento, foi instalado um dispositivo contendo três lâmpadas de radiação 
ultravioletas com interruptores que podem ser acionados individualmente, o que tornou possível 
realizar o teste utilizando uma lâmpada, duas lâmpadas, três lâmpadas e sem nenhuma lâmpada 
ligada. Nesse equipamento, o fluido é enviado do reservatório inferior até o superior através da 
utilização de uma bomba, controlada por um sensor de nível, e por gravidade passa pelas três 
46 
 
lâmpadas ultravioletas que podem estar ligadas ou não. O nível do reservatório teve que ser 
completado sempre que foi percebida alteração no volume, principalmente, devido a 
evaporação da água (SILVA; BAPTISTA; COPPINI, 2016). Na Figura 11 é possível observar 
todos os elementos contidos no equipamento utilizado mais detalhadamente. 
 
Figura 11 Equipamento utilizado no teste. 
 
 
Fonte: Silva; Baptista; Coppini, 2016 
 
 Da mesma forma que no outro experimento, o dispositivo que armazena as lâmpadas 
possui uma proteção para que a radiação permaneça somente no compartimento em que passa 
o fluido de corte, não atingindo, assim, os operadores envolvidos no processo (SILVA; 
BAPTISTA; COPPINI, 2016). 
 O teste realizado constatou o mesmo que o anterior: o crescimento dos microrganismos 
foi bruscamente diminuído pela ação dos raios ultravioleta. Nesse caso, porém, pode-se notar 
que a quantidade de lâmpadas também interfere na eficácia das mesmas, evidenciando, assim, 
que a quantidade de lâmpadas a ser utilizadas em cada caso depende do tamanho do reservatório 
e da quantidade de fluido que ele suporta. É possível observar através do Gráfico 3, que quanto 
maior o número de lâmpadas, mais eficiente é o seu efeito sobre o crescimento de 
microrganismos. Nas linhas em vermelho, pode-se observar o crescimento microbiológico sem 
a utilização da radiação, ou seja, com as três lâmpadas desligadas. Já as linhas verdes, exibem 
47 
 
o crescimento com apenas duas lâmpadas ligadas e as linhas azuis apresentam o crescimento 
quase nulo com a utilização das três lâmpadas (capacidade total do experimento). 
 
Gráfico 3 Crescimento de microrganismos. 
 
 
Fonte: Silva; Baptista; Coppini, 2016 
 
 
 
48 
 
8 CONCLUSÕES 
 
 
 Após a pesquisa realizada, pode-se dizer que a dimensão do uso de biocidas, como a 
triazina, é muito mais complexa do que parece, porque possui diversas interações que se ligam 
a aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais. 
 Embora essa substância seja muito útil na formulação dos fluidos de corte, aumentando 
sua durabilidade e evitando, assim, custos adicionais na fabricação e/ou compra de novos 
fluidos à empresa, a poluição do solo e da água com resíduos de agrotóxicos provoca efeito em 
todos os seres vivos, independente do lugar que ocupam em uma cadeia alimentar. Os danos 
causados pelo uso incorreto dessas substâncias extrapolam o campo econômico e adquirem uma 
dimensão social, já que além de prejudicar a saúde dos seres vivos, tanto aquáticos como 
terrestres, e o meio ambiente como um todo, demandam verbas públicas e privadas para o 
atendimento médico e hospitalar da população que sofre com a intoxicação crônica ou aguda 
por conta desses compostos. 
 Sabe-se que os quadros de contaminação humana e ambiental só aumentam, pois, os 
riscos associados à sua utilização são pouco conhecidos e estudados pela população. Além 
disso, eles são frequentemente utilizados desrespeitando às normas básicas de segurança, tendo 
em vista que sua comercialização é livre. 
 Essas substâncias podem provocar efeitos diretos nos microrganismos que vivem no 
solo, provocando alterações em suas taxas de crescimento e processos metabólicos. Ocorrem, 
também, mudanças na reprodução e no comportamento das espécies e podem levar até a morte 
das mesmas, alterando por completo o ecossistema. 
 Todos esses fatos reforçam a urgência da substituição desse composto nas formulações 
de fluidos de corte, evidenciando, assim, a necessidade de pesquisas aprofundadas a respeito 
deste tema. 
 Durante o presente trabalho foram encontradas duas possíveis alternativas para a 
eliminação da triazina nesses fluidos: a utilização de um agente alcalinizante ou a implantação 
de lâmpadas de radiação ultravioleta nos reservatórios onde ficam contidos os fluidos. Ambas 
as alternativas são viáveis, sendo a implantação das lâmpadas mais eficiente e mais barata do 
que a adição do agente alcalinizante. 
 Embora nenhuma das alternativas encontradas apresentem a mesma eficiência contra o 
crescimento dos microrganismos nos fluidos de corte como a triazina apresenta, elas são, de 
49 
 
fato, opções que geram menos impactos tanto para o meio ambiente quanto para os seres vivos, 
o que as tornam ótimas alternativas. 
 A descoberta dessas duas alternativas mostra que é possível substituir a triazina e tornar 
os processos de corte da indústria metalúrgica um processo mais seguro e mais ecologicamente 
correto, evidenciando, assim, que se a indústria investir em pesquisas e testes para essa 
substituição,

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