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FACULDADES OSWALDO CRUZ ENGENHARIA QUÍMICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BRUNO WESLEY NUNES BARROS SAMANTA CRISTINE OLIVEIRA CONCEIÇÃO THATIANA RODRIGUES DE OLIVEIRA ESTUDO DOS IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DA TRIAZINA EM FLUIDOS DE CORTE SOLÚVEIS EM ÁGUA SEMISSINTÉTICOS PARA A SAÚDE E MEIO AMBIENTE SÃO PAULO 2018 BRUNO WESLEY NUNES BARROS SAMANTA CRISTINE OLIVEIRA CONCEIÇÃO THATIANA RODRIGUES DE OLIVEIRA ESTUDO DOS IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DA TRIAZINA EM FLUIDOS DE CORTE SOLÚVEIS EM ÁGUA SEMISSINTÉTICOS PARA A SAÚDE E MEIO AMBIENTE Monografia apresentada às Faculdades Oswaldo Cruz como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso de Engenharia Química Orientador: Profa. Ma. Vanessa Silva Granadeiro Garcia SÃO PAULO 2018 Barros, Bruno Wesley Nunes. B274e Estudo dos impactos da utilização da Triazina em fluidos de corte solúveis em água semissintéticos para a saúde e meio ambiente. / Bruno Wesley Nunes Barros. – São Paulo – SP: FFCL-FOC, 2018. 53f. Normas do Grupo Educacional Oswaldo Cruz, como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do Curso de Engenharia Química. Inclui Referências. Orientador: Prof.ª MSc. Vanessa Silva Granadeiro Garcia. 1. Fluidos de corte 2. Meio ambiente 3. Saúde humana 4. Triazina biocida I. Conceição, Samanta Cristine Oliveira II. Oliveira, Thatiana Rodrigues de III. Garcia, Vanessa Silva Granadeiro (Orientadora) IV. Título. 540 CDD RESUMO Os biocidas são substâncias químicas que tem como função principal inibir o crescimento de microrganismos e são amplamente utilizados na agricultura e na indústria metalúrgica. O biocida mais utilizado no segmento metalúrgico é a triazina, onde ela é introduzida em fluidos de corte, impedindo o crescimento de microrganismos e prolongando a vida útil do fluido. O presente trabalho visa esclarecer a amplitude dos impactos causados pela utilização da triazina na formulação dos fluidos de corte ao meio ambiente e à saúde humana, enfatizando a importância e a urgência de substituir esse componente por outra substância ou técnica que seja menos agressiva. Palavras-chave: Triazina. Biocida. Fluidos de corte. Saúde humana. Meio ambiente. ABSTRACT Biocides are chemical substances whose main function is to inhibit the growth of microorganisms and are widely used in agriculture and in the metallurgical industry. The most commonly used biocide in the metallurgical segment is triazine, where it is introduced into metalworking fluids, preventing the growth of microorganisms and prolonging the shelf life of the fluid. The present work aims to clarify the magnitude of the effects caused by the utilization of triazine in the formulation of metalworking fluids to the environment and to the human health, emphasizing the importance and the urgency of replacing this component for another less aggressive substance or technique. Keywords: Triazine. Biocide. Metalworking fluids. Human health. Environment. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Operação de corte com auxílio do fluido de corte ................................................... 12 Figura 2- Ciclo de vida dos agrotóxicos .................................................................................. 20 Figura 3- 1,2,3-triazina (1), 1,2,4-triazina (2) e 1,3,5-triazina ou s-triazina (3) ...................... 21 Figura 4- Elementos de rotulagem do GHS da triazina ........................................................... 24 Figura 5- Esquematização do processo de disposição de fluidos usados ................................ 27 Figura 6- Municípios que relataram poluição por agrotóxicos em água no Brasil (2011) ...... 29 Figura 7- Ciclo dos agrotóxicos em contato com o solo ......................................................... 33 Figura 8- Fluxograma sobre o destino dos pesticidas/agrotóxicos no solo ............................. 34 Figura 9- Escala de pH ............................................................................................................ 40 Figura 10- Vista interna do tampo do reservatório .................................................................. 43 Figura 11- Equipamento utilizado no teste .............................................................................. 46 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 08 2 TRABALHOS EM METAL .......................................................................................... 10 3 FLUIDOS DE CORTE ................................................................................................... 12 3.1 FLUIDOS DE CORTE SOLÚVEIS EM ÁGUA SEMISSINTÉTICOS .......................... 13 4 BIOCIDAS ...................................................................................................................... 16 4.1 TRIAZINAS ..................................................................................................................... 20 5 POLUIÇÃO ..................................................................................................................... 26 5.1 POLUIÇÃO CAUSADA POR FLUÍDOS DE CORTE .................................................... 26 5.2 IMPACTOS NA ÁGUA ................................................................................................... 28 5.3 IMPACTOS NO SOLO .................................................................................................... 31 6 ASPECTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA PARA OS TRABALHADORES ........... 35 7 POSSÍVEIS ALTERNATIVAS DE SUBSTITUIÇÃO ............................................... 40 7.1 AGENTES ALCALINIZANTES ..................................................................................... 41 7.2 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA ...................................................................................... 42 8 CONCLUSÕES ............................................................................................................... 48 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 50 8 1 INTRODUÇÃO As triazinas são substâncias químicas que se encontram dentro da classificação de biocidas e que são largamente utilizadas na indústria de lubrificantes, principalmente nas formulações dos fluidos de corte que são utilizados nos processos de cortes de diversos tipos de metais. Elas são introduzidas na formulação desses fluidos com o objetivo de impedir a proliferação de microrganismos nos mesmos, aumentando, assim, a sua vida útil, o que faz com que essa substância desempenhe um papel extremamente importante nesse segmento. Porém, as triazinas são altamente tóxicas e carcinogênicas para os seres vivos. Além disso, são, também, grandes contaminadoras dos solos e dos corpos d’água, sendo detectadas até mesmo na água de abastecimento público. A utilização desses produtos em larga escala e a falta de conhecimento a respeito dos riscos oriundos da sua utilização são as principais causas do agravamento dos quadros de contaminação humana e ambiental que são observados no Brasil e ao redor do mundo. As preocupações com questões ambientais são relativamente recentes e por este motivo, devem ser realizadas pesquisas voltadas a este ramo, visando reduzir ou eliminar o agente poluidor presente nesse fluido. Infelizmentenem todas as empresas descartam o fluido de corte que utilizam de maneira adequada, o que gera a contaminação do sistema de coleta de esgoto e das águas, afetando a água para consumo humano e gerando impactos negativos a comunidades aquáticas como crustáceos, peixes, anfíbios e répteis. Como a triazina presente no fluido têm a capacidade de se acumular nos organismos ao longo de todo o nível trófico da cadeia alimentar, além de prejudicar os organismos aquáticos, ela pode afetar, também, o ser humano, que muitas vezes consome organismos aquáticos como peixes e crustáceos. A ingestão dessa substância pelos seres humanos pode causar quadros de intoxicação aguda e crônica que podem se manifestar de forma leve, moderada ou até mesmo grave. As triazinas, quando presentes na água, são consideradas como micro poluentes, pois mesmo que elas estejam presentes em baixas concentrações, possuem a capacidade de conferir características tóxicas a água, impossibilitando, assim, a utilização da mesma para a grande maioria de seus usos. Esses biocidas podem seguir diversas rotas quando entram em contato com o solo, o que faz com que diferentes ecossistemas sejam atingidos de forma negativa, interferindo na dinâmica dos seres vivos que ali residem. Inicialmente, essas substâncias se acumulam nas 9 camadas mais superficiais do solo, onde reside uma grande biodiversidade de organismos responsáveis pelo ciclo de diversos nutrientes. Esses organismos e o ciclo de nutrientes dos quais participam são diretamente afetados, podendo alterar, assim, a fertilidade do solo. 10 2 TRABALHOS EM METAL Na indústria, existem diversas operações realizadas com metais. Essas operações podem ser classificadas em seis segmentos, que são: produção primária, modelagem, corte, tratamento térmico, acabamento e revestimento. A operação que é classificada como produção primária é a laminação, operação que consiste em transformar seções grandes de diversos formatos em seções menores. Essa deformação da peça metálica ocorre em um laminador, que aplica pressão sobre ela entre cilindros giratórios que reduzem sua área e a conformam no perfil desejado. A laminação pode ser feita a quente ou a frio e em ambos os casos, ela deve ser processada com a ajuda de um fluido que possui duas funções: refrigerar e lubrificar (DIETER, 1981). Dentro de modelagem, têm-se o forjamento, a estampagem, a trefilação, a extrusão e pôr fim a moldagem. A estampagem consiste em moldar um esboço de metal em uma matriz entalhada, sob o efeito de um choque ou sob uma pressão elevada. O lubrificante utilizado na estampagem deve ser escolhido cuidadosamente pensando no tipo de metal que será trabalhado e as condições operacionais da máquina. Já a trefilação é um processo de transformação mecânica que é usado para a fabricação de vergalhões, arames, barras e tubos. Graças a um esforço de tração longitudinal, esse processo consiste na redução da seção transversal e no aumento do comprimento. Diversos tipos de lubrificantes podem ser utilizados no processo de trefilação, desde lubrificantes sólidos até óleos de baixa viscosidade. A escolha do lubrificante a ser utilizado no processo é feita levando em consideração se a trefilação é feita por via úmida ou via seca e também, o tipo de material metálico a ser trabalhado (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). No segmento de cortes, existem diversas operações de corte, como a perfuração, o fresamento, o torneamento, o aplainamento, o brocheamento, o rosqueamento, o raiamento, a mandrilagem, a trepanagem, o alargamento e o serramento e todas elas são realizadas em diversas máquinas operatrizes. Essas máquinas ocupam um papel muito importante na indústria metalúrgica e os fluidos de corte exercem um papel fundamental na grande maioria das operações realizadas em metais nessas máquinas (BYERS, 2006). Neste trabalho, será analisada a formulação desses fluidos de corte que auxiliam nos trabalhos citados acima. Os tratamentos térmicos feitos nos metais são a têmpera e o revenimento e eles tem como objetivo proporcionar aos materiais metálicos propriedades como ductilidade, dureza, resistência, flexibilidade, tenacidade, etc. (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). 11 No acabamento dos materiais metálicos, existem vários tipos de operações, como o esmerilhamento, a afiação, a dobragem e o polimento (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). A estanhagem, a cromagem, a fosfatização e galvanização são revestimentos realizados em metais, que tem como objetivo melhorar alguma propriedade dos mesmos. A cromagem, por exemplo, é um revestimento que melhora a resistência a corrosão do metal (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). 12 3 FLUIDOS DE CORTE Como visto anteriormente, nas operações de corte em metais nas máquinas operatrizes, o fluido de corte possui um papel essencial. A utilização desse tipo de fluido acarreta em diversas vantagens como aumento da velocidade de corte, melhoria no acabamento da superfície do metal, prolongamento da vida útil das ferramentas utilizadas para corte e redução do consumo de energia (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). Os efeitos positivos da utilização desses fluidos foram identificados por Taylor no ano de 1894, onde ao aplicar uma determinada quantidade de água na área de corte notou que a velocidade de corte poderia ser aumentada em até 33% sem redução da vida útil da ferramenta de corte (AVILA; ABRÃO, 2001 apud LIMA, 2013, p. 47). A partir dessa descoberta, as operações de corte passaram por diversas evoluções. Com o objetivo de atender às exigências do mercado, que são cada dia maiores, as empresas desse ramo trabalham no máximo da sua capacidade de produção. Nas operações de corte, a velocidade de trabalho também é cada vez maior, o que consequentemente aumenta a quantidade de calor gerada na interface da peça usinada e da ferramenta de corte, o que torna a aplicação do fluido de corte indispensável (BIANCHI, 2001). Figura 1 Operação de corte com auxílio do fluido de corte. Fonte: Reynolds; Fecher, 2012 13 As funções primárias dos fluidos de corte são: refrigerar a ferramenta e a peça, lubrificar as partes em contato e reduzir os esforços de corte. Já as funções secundárias são: remover os cavacos (lascas removidas do metal no corte) pela ação de lavagem, melhorar o acabamento da superfície do metal usinada, proteger contra os efeitos da corrosão a peça, a ferramenta, a máquina e os cavacos e lubrificar guias e corrediça. Dentre todas essas funções, podemos afirmar que a função primordial desses fluidos é a refrigeração, visto que eles geram melhorias mesmo em operações que podem ser realizadas sem resfriamento (BYERS, 2006). Para que esses fluidos tenham um bom desempenho, eles devem apresentar as seguintes características: capacidade de absorver calor; capacidade de proteger contra os efeitos da corrosão e da ferrugem a peça, a ferramenta, a máquina e os cavacos; lubrificar de forma adequada, evitando, assim, o desgaste e o caldeamento; não podem manchar a peça trabalhada; resistência a oxidação; transparência adequada para que seja possível ver a operação de usinagem; compatibilidade com o meio ambiente; não podem possuir odor desagradável e/ou forte; propriedades antiespumantes para que não haja espumas, atrapalhando, assim, a visão da operação; alta capacidade de umectação, ou seja, alta capacidade de molhar rapidamente a ferramenta e os cavacos; propriedades antiespumantes para que não haja espumas, atrapalhando, assim, a visão da operação; ter estabilidade na armazenagem e após o trabalho, o óleo deve continuar homogêneo e não pode se decompor (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). Os fluidos de corte costumam ser compostos por água e óleo (emulsões) ou apenas por água (soluções) ou apenas por óleo (integrais). Os óleos solúveis em água (soluções e emulsões) podem ser minerais, sintéticose semissintéticos. Já os que são isentos de água podem ser minerais, sintéticos e vegetais. (RUNGE; DUARTE, 1990). Neste trabalho, será estudado de forma mais aprofundada os fluidos de corte solúveis em água semissintéticos. 3.1 FLUIDOS DE CORTE SOLÚVEIS EM ÁGUA SEMISSINTÉTICOS Esses fluidos são emulsões semissintéticas que apresentam boas propriedades de umectação e de lubrificação e, portanto, podem ser usados em aplicações moderadas e pesadas e permitem altas velocidades no corte. Além disso, possuem baixo potencial de corrosão e ataque bacteriano (RUNGE; DUARTE, 1990). São, geralmente, compostos por emulsificantes, inibidores de corrosão, biocidas, aromas, corantes, antiespumantes, agentes de extrema pressão (EP), óleos e diluente (água). 14 Emulsificantes, também conhecidos como surfactantes, são materiais tensoativos polares que são adicionados as emulsões com o intuito de reduzir a tensão superficial do fluido, formando uma película monomolecular razoavelmente estável na interface entre o óleo e a água, fazendo com que essa mistura de óleo e água fique razoavelmente estável e homogêneo. Eles podem ser iônicos ou não iônicos (BYERS, 2006). Os inibidores de corrosão protegem as superfícies contra os efeitos da corrosão formando uma película passiva sobre as superfícies metálicas. São constituídos normalmente por nitrito de sódio, dietanolamina, trietanolamina, óleos sulfonados ou sulfurados, etc. São um dos aditivos mais importantes da formulação, visto que o processo de corrosão pode ocorrer tanto na peça usinada quanto na ferramenta usada para realizar o corte, o que acarretaria em uma grande perda (RUNGE; DUARTE, 1990). Na formulação dos fluidos de corte, é necessário que se use um ou mais biocidas. Esses aditivos são usados em baixas concentrações para ajudar na conservação, matando microrganismos ou inibindo seu desenvolvimento. O desenvolvimento desses microrganismos no fluido causa a sua degradação biológica e o torna inutilizável (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). Aromas e corantes são adicionados por seus fabricantes para que esses fluidos tenham uma maior aceitação pelos operadores das máquinas operatrizes e para que tenham uma aparência e odor característico, evitando, assim, que usem o fluido errado (RUNGE; DUARTE, 1990). Em um fluido de corte, a formação de espuma é frequentemente a característica mais difícil de se controlar e é por isso que são usados antiespumantes, aditivos esses que são normalmente feitos de silicone possuem a função de desfazer a espuma formada no fluido, ajudando, assim, na visualização do operador, o qual conseguirá realizar um corte mais preciso da peça (RUNGE; DUARTE, 1990). Agentes de extrema pressão (EP) são compostos que contém fósforo, enxofre e cloro, que reagem quimicamente a partir de determinadas temperaturas e elevadas pressões, com a superfície metálica, formando sais que ajudam na redução do desgaste. Esses aditivos só são utilizados quando o corte feito exibe condições extremas de pressões e temperatura (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006). O óleo pode ser derivado do petróleo ou vegetal. O vegetal é normalmente o mais utilizado quando se leva em consideração os aspectos ambientais envolvidos, porém apresenta, infelizmente, um custo superior ao derivado do petróleo. A escolha do óleo depende de vários 15 fatores e o diluente, que é a água, deve apresentar boa qualidade de acordo com padrões pré- determinados (BYERS, 2006). O descarte desses fluidos é um processo indesejável, pois são substâncias que geram poluição ao meio ambiente. Para que isso não ocorra, os tratamentos realizados antes do descarte são complexos e caros. A legislação ambiental estabelece critérios de acordo com as características do fluido, os quais levam em conta parâmetros como resíduos sedimentáveis, pH, oxigênio dissolvido (OD), demandas química e bioquímica de oxigênio (DQO e DBO), temperatura, óleos, graxas e a presença de microrganismos para a destinação desses produtos (SOKOVIC; MIJANOVIC, 2001 apud BIANCHI, 2016, p. 3). 16 4 BIOCIDAS Os biocidas, também conhecidos como agrotóxicos, defensivos agrícolas, pesticidas, praguicidas, desinfestantes, herbicidas, agroquímicos, produtos fitofarmacêuticos ou ainda fitossanitários, são considerados um dos mais importantes insumos agrícolas da agricultura moderna ou industrial, contudo, podem, também, ser utilizados como componentes de fluídos de corte. Esses materiais tem a capacidade de ajudar na conservação, matando microrganismos ou inibindo seu desenvolvimento. Os biocidas surgiram na tentativa de facilitar o manejo agrícola, com o objetivo de eliminar organismos que representam obstáculos à produção. As sínteses dos primeiros compostos organo-sintéticos foram elaboradas na Segunda Guerra Mundial. O esforço científico das principais potências econômicas e bélicas estavam voltados para “soluções” de problemas decorrentes da guerra e uma das armas criadas para eliminar o inimigo são os compostos organo-sintéticos. Ao fim da Segunda Grande Guerra, utilizou-se a infraestrutura e a tecnologia desenvolvidas para aplicá-las no campo agrícola. Resumidamente, os mesmos princípios ativos passaram a ser direcionados para dizimar os insetos que prejudicavam a produção agrícola ao invés dos inimigos da guerra (MORAGAS; SCHNEIDER, 2003). Somente mais tarde, esses compostos passaram a ter outras aplicações, como a estudada neste trabalho. Esses compostos devem apresentar as seguintes propriedades na formulação dos fluidos de corte em questão: ação biocida rápida; ação bioestática duradoura; tolerância a materiais orgânicos e inorgânicos; grande espectro antimicrobiano; estabilidade térmica elevada; compatibilidade com outros materiais; baixa influência sobre o pH dos fluidos; não possuir odor desagradável e/ou forte; solubilidade nos fluidos; não influenciar nas propriedades refrigerantes e lubrificantes dos fluidos; baixa toxidade; compatibilidade com a pele humana e degradabilidade biológica (RUNGE; DUARTE, 1990). O Brasil detém um vasto mercado de agrotóxicos, que consiste em aproximadamente trezentos princípios ativos aplicados em duas mil fórmulas diferentes, sendo que dessa quantidade, apenas 10% foram efetivamente submetidas a avaliações completas de riscos e 38% nunca passaram por qualquer tipo de avaliação (MEIRELLES, 1995 apud TAVARES, 2005, p. 3). Em 2001, o Sindicato Nacional da Indústria de Defensivos Agrícolas (SINDAG) constatou que entre os países que mais consomem agrotóxicos, o Brasil estava em sétimo lugar 17 no ranking, tendo como destaque os estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais (ANVISA, 2002 apud TAVARES, 2005, p. 3). É possível ver no Gráfico 1, o consumo de agrotóxicos (biocidas) e afins no Brasil entre os anos de 2000 e 2017, onde pode-se observar o constante aumento em seu consumo, com exceção de alguns anos. Nota-se que, recentemente, apenas no ano de 2017 houve uma pequena diminuição na quantidade consumida, mostrando, assim, um aumento da conscientização a respeito dos malefícios que esses compostos trazem não só para o meio ambiente, mas como para a saúde da população. Gráfico 1 Gráfico do histórico de comercialização 2000 - 2017 Fonte: Ibama, 2018 Esses compostos podem ser absorvidos oralmente, dermatologicamente e até mesmo por inalação quando vaporizados. Para os seres humanos, os sintomas comuns do envenenamento por tais substâncias incluem dores abdominais, diarreia, vômitos, irritação nos olhos, irritação nas membranas das mucosas, sensibilização da pele, dermatite, dermatite alérgica de contato, problemas respiratórios agudos e até mesmo crônicos. Para os peixes e outros organismos aquáticos, esses compostos são levemente tóxicos e praticamente atóxicos para os pássaros e abelhas (ETN, 2004 apud COUTINHO et al, 2005, p. 68). Quandono ambiente, esses compostos estão sujeitos à três processos: transferência ou remoção do ambiente, retenção e degradação (LOCKE; BRYSON, 1997 apud KLEINSCHMITT, 2007, p. 6). Eles possuem a capacidade de acumular-se no ar, água e solo, podendo, portanto, ter potencial de causar danos ao meio ambiente no decorrer do tempo. 18 O registro dos agrotóxicos nas instituições governamentais competentes como Ministério da Agricultura, Ministério do Meio Ambiente e da Saúde constitui-se no instrumento básico do processo de controle governamental sobre essas substâncias, tendo em vista a importação, exportação, produção, transporte, armazenamento, comercialização e uso. É uma etapa obrigatória em vários países que possui o objetivo de maximizar os benefícios para o usuário e minimizar os riscos à saúde humana e ambiental. Portanto, as instituições envolvidas no processo de registro devem avaliar as características agronômicas, toxicológicas e ecotoxicológicas de cada substância e estabelecer restrições e recomendações de uso e armazenamento necessárias para se ter uma maior segurança na utilização dos agrotóxicos (PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003). Mediante ao registro, a sociedade tem a expectativa de que a aprovação do registro de um agrotóxico em seu país garante que, quando utilizado da maneira recomendada, esteja dentro dos limites de segurança aceitos para a saúde e o ambiente, sem causar nenhum dano. Porém, essa nem sempre é a realidade. Esse registro é um processo decisivo no qual deve ser feita uma análise dos riscos e dos benefícios do agrotóxico, o que demanda um estudo integrado dos aspectos toxicológicos, ecotoxicológicos e agronômicos, orientados para um maior interesse social. A avaliação dos possíveis efeitos adversos à saúde humana e ao ambiente deve ser de fundamental importância para a concessão ou não do registro (PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003). Para a obtenção do registro no Brasil, até 1989, os agrotóxicos eram submetidos apenas a avaliações toxicológicas e de eficácia agronômica. Após a regulamentação da Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, pelo Decreto no 98.816, de 11 de janeiro de 1990, a avaliação e a classificação do potencial de periculosidade ambiental da substância passaram a ser obrigatórias. De acordo com a legislação atual, o Ministério da Agricultura e Abastecimento deve realizar a avaliação da eficácia agronômica, o Ministério da Saúde deve executar a avaliação e classificação toxicológica e o Ministério do Meio Ambiente deve avaliar e classificar o potencial de periculosidade ambiental por meio do Ibama. Os órgãos estaduais e do Distrito Federal devem realizar o controle e a fiscalização da comercialização e uso dessas substâncias na sua jurisdição (PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003). A avaliação ambiental feita pelo Ibama é baseada na documentação fornecida pelas empresas interessadas no registro, que englobam informações sobre as propriedades físico- químicas das substâncias presentes, os resultados de testes de mobilidade e persistência em solos nacionais, fotólise, hidrólise, testes de toxicidade aguda e crônica feitos com organismos não-alvos (microrganismos, minhoca, algas, peixes, abelhas, aves e mamíferos), resultados de estudos de bioconcentração em peixes e do potencial mutagênico, teratogênico e carcinogênico. 19 São usadas também, informações complementares como dados obtidos na literatura e de bancos de dados especializados (PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003). A partir desses parâmetros, os agrotóxicos são classificados, quanto à periculosidade ambiental, de I a IV, onde Classe I corresponde a substâncias extremamente tóxicas (faixa vermelha), Classe II a substâncias altamente tóxicas (faixa amarela), Classe III a medianamente tóxicas (faixa azul) e Classe IV a pouco tóxicas (faixa verde), conforme Tabela 1 (ALENCAR, 2010). Geralmente, a toxicidade dos agrotóxicos é expressa em valores referentes à Dose Média Letal (DL50), por via oral, que é representada por miligramas (mg) do ingrediente ativo do produto por quilograma (kg) de peso vivo, necessários para matar 50% da população de ratos ou de outro animal que seja usado para a realização do teste. A DL50 é usada para estabelecer medidas de segurança a serem seguidas para reduzir os riscos que a substância em questão pode apresentar à saúde humana (BARRIGOSI, 2018). Tabela 1 Classes toxicológicas dos agrotóxicos com base na DL50. Fonte: Barrigosi, 2018 Após realização do registro do agrotóxico, ocorre a produção do mesmo, seu posterior comercio e transporte, onde é utilizado no seu destino final, como podemos ver na Figura 2. A partir do momento em que o registro é realizado e se inicia a produção, se inicia, também, o contato do produto com as pessoas que trabalham na sua produção, podendo gerar uma intoxicação aguda ou crônica. Porém, não é só na produção que há o risco de intoxicação, visto que em seu transporte, podem ocorrer acidentes que podem comprometer a saúde dos envolvidos. Além disso, os consumidores finais que receberão o material também sofrerão com a sua exposição diariamente. 20 Quando finalizada a utilização do material, muitas vezes, o mesmo não é descartado de forma adequada, afetando, assim, o meio ambiente (ar, solo e água) e os seres vivos que neles residem, incluindo os seres humanos, por meio de contaminação. Figura 2 Ciclo de vida dos agrotóxicos. Fonte: Brasil, 2012 4.1 TRIAZINAS As triazinas são compostos orgânicos que possuem a fórmula molecular C₃H₃N₃, as quais apresentam três isômeros que se diferenciam pela localização dos seus átomos de nitrogênio na molécula. Esses isômeros são chamados de 1,2,3-triazina, 1,2,4-triazina e 1,3,5- triazina ou s-triazina, e estão representados na imagem a seguir (Figura 2). Por apresentarem átomos de nitrogênio em diferentes graus de hibridação, apresentam características aceptoras de ligação de hidrogênio e, por conta disso, são muito utilizadas pelas indústrias farmacêuticas e de biotecnologia (REIS et al, 2013). 21 Figura 3 1,2,3-triazina (1), 1,2,4-triazina (2) e 1,3,5-triazina ou s-triazina (3). Fonte: Reis et al, 2013 Elas são utilizadas em diversas aplicações, como por exemplo, inseticidas, explosivos, e como reagentes para diversas reações orgânicas. Além disso, exibem função de biocida nos fluídos de corte. Nesse caso, ela tem, também, como função a prevenção da formação de biofilmes, controle ou erradicação. Porém, se utilizada em altas concentrações, a triazina é altamente tóxica para os seres humanos, e em níveis ligeiramente mais baixos, pode ser ineficaz na formulação (MATTSBY-BALTZER et al, 1989). Como visto anteriormente, os fluidos de corte solúveis em água semissintéticos são emulsões semissintéticas, ou seja, são uma mistura de óleo solúvel diluído em água. Infelizmente, essa composição é um ambiente propício ao crescimento de microrganismos como bactérias e fungos que podem causar a deterioração das emulsões, alterando sua viscosidade, aumentando a taxa de corrosão e reduzindo a vida útil do fluido e das ferramentas que estão em contato direto com o mesmo. Além disso, o aparecimento desses microrganismos traz consigo um cheio muito forte e desagradável, o que torna o trabalho com esse fluido inviável. Os biocidas do tipo triazina entram na formulação desses fluidos com o objetivo de evitar a proliferação desses microrganismos e podem corresponder a até 2% do volume total de fluido. Evitando tal proliferação, é possível aumentar o tempo de vida útil do fluido, evitando, assim, gastos com uma nova formulação de fluido ou a compra de um de outra empresa. Além disso, também aumenta o tempo de vida da ferramenta de corte, a qual está sempre em contato com o fluido, pois a corrosão dessas ferramentas ou até mesmo do metal que está sendo cortado pode sofrer corrosão, processoque é induzido pela presença de microrganismos, também conhecida como corrosão microbiana ou microbiológica. Neste caso, a corrosão da peça metálica se processa geralmente por bactérias, embora existam exemplos de corrosão atribuídos à fungos e algas. Essa corrosão leva, assim, a biodeterioração ou deterioração biológica do fluido. 22 A deterioração biológica inclui todos os processos biológicos que resultam em perda econômica. Deterioração biológica se refere ao processo pelo qual os microrganismos rompem moléculas grandes gerando, assim, moléculas de tamanhos inferiores. O resultado desse processo é a conversão de moléculas orgânicas em dióxido de carbono e desprendimento de energia. Alguns tipos de bactérias são capazes de estabelecer reações eletrolíticas sobre o metal ou outras superfícies, estas reações em sistemas de fluido de corte podem causar corrosão tanto nas ferramentas usadas para corte como nas peças acabadas. A contaminação bacteriana dos fluidos de corte pode causar indiretamente a corrosão através do consumo dos inibidores de corrosão e também, pela presença de subprodutos de suas reações como os ácidos orgânicos (BYERS, 2006), que levam à um aumento da acidez da acidez do fluido, tornando-o, assim, um ambiente mais propício a proliferação de mais bactérias, ocasionando, consequentemente, a perda das propriedades do fluido de usinagem. O processo de deterioração biológica dos fluidos de corte pode ser dividido em seis etapas: degradação da emulsão acompanhada de uma instabilidade e separação do óleo e da água; aumento do processo corrosivo; mau cheiro; queda do pH; queda dos níveis de componentes ativos específicos; acúmulo de biofilme microbiano (LEE; CHANDLER, 1940). Tabela 2 Análise físico química do fluido novo e após 6 meses de utilização. Fonte: Marcelino et al, 2012. A partir da Tabela 2, pode-se observar que após seis meses de utilização de um fluido, ocorreu uma grande proliferação de microrganismos e a consequente diminuição do pH. O consumo e a perda de atividade dos componentes anticorrosivos não são os únicos efeitos provenientes da contaminação nos fluidos de usinagem, mas também a perda de lubricidade, que é uma das funções principais desses fluidos. Vários estudos demonstram que os componentes dos fluidos podem parcialmente ser perdidos ou até mesmo completamente degradados, na presença de contaminação por microrganismos. Esta mudança na composição 23 dos fluidos pode ser diretamente correlacionada com a perda da função do fluido, o que o torna inutilizável nessas condições (BYERS, 2006). É notável que esse aditivo traz diversos benefícios, principalmente econômicos, quando incluídos na formulação desses fluidos, porém, o cenário dessa adição não traz somente benefícios e seus impactos negativos a saúde dos trabalhadores e meio ambiente devem ser estudados e entendidos para que possam ser evitados. Na Tabela 3, é possível constatar que a triazina foi o segundo agrotóxico mais comercializado no Brasil no ano de 2013, tendo um consumo anual de 57.303.387,8 kg, evidenciando, assim, sua larga utilização. De fato, na indústria de fluidos de corte, essa substância é a mais utilizada, pois é a mais eficiente nesse segmento. Tabela 3 Agrotóxicos químicos mais comercializados no Brasil em 2013. Fonte: Agrofit, 2013-2014 apud Brasil, 2016 Todo produto químico possui uma ficha de informações de segurança de produtos químicos (FISPQ), onde estão contidos sua identificação, identificação de perigos, composição e informações sobre os ingredientes, medidas de primeiros socorros, medidas de combate a incêndio, medidas de controle para derramamento ou vazamento, manuseio e armazenamento, controle de exposição e proteção individual, propriedades físicas e químicas, estabilidade e reatividade, informações toxicológicas, informações ecológicas, considerações sobre destinação final, informações sobre transporte, informações sobre regulamentações e outras informações. 24 De acordo com FISPQ de junho de 2018 da empresa Miracema-Nuodex, uma das empresas fabricantes da triazina, essa substância é classificada como Categoria 4 no quesito de toxicidade aguda via oral, Categoria 2 no quesito de toxicidade aguda por inalação e Categoria 1 no quesito de sensibilização à pele e toxicidade para órgãos-alvo específicos mediante a exposição repetida. Na Figura 4 a seguir, pode-se observar os pictogramas do GHS da triazina contidos em sua FISPQ, onde o primeiro pictograma representa que essa substância se encaixa na classificação de tóxico agudo (severo) e o segundo representa que a substância pode ser carcinogênica, sensibilizante respiratório, tóxico reprodutivo, tóxico a órgão alvo especifico (exposições repetidas), mutagênico a células germinativas e perigoso por aspiração. Figura 4 Elementos de rotulagem do GHS da triazina. Fonte: Miracema-Nuodex, 2018 O Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS) tem como objetivo estabelecer critérios harmonizados mundialmente para classificar substâncias e compostos químicos com relação aos perigos que apresentam, sendo eles físicos, para a saúde e para o meio ambiente. As vantagens da utilização dessas classificações são: melhorar a proteção da saúde humana e do meio ambiente através de um sistema de comunicação de perigos ininteligíveis internacionalmente, dar um marco de classificação reconhecido pelos países que ainda não possuem o sistema GHS, reduzir a necessidade de realizar testes e posteriores avaliações dos produtos químicos, oferecendo, assim, informação, e facilitar a comercialização internacional dos produtos que foram avaliados e classificados por este sistema (GHS, 2018). Além dos pictogramas, as fichas de informações de segurança de produtos químicos apresentam as frases de perigos referentes ao produto. Para a triazina, as frases são: nocivo se 25 ingerido (H302), fatal se inalado (H330), pode provocar reações alérgicas na pele (H317), provoca danos aos órgãos (H372). Cada frase de perigo possui uma identificação contendo uma letra e números para que sejam padronizadas (MIRACEMA-NUODEX, 2018). A partir dessas informações, pode-se ver a urgência da substituição dessa substância nas formulações de fluidos de corte e a necessidade de busca de alternativas que sejam menos agressivas para a saúde humana e para o meio ambiente. 26 5 POLUIÇÃO De acordo com a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 3º, pode-se dizer que a poluição é a deterioração da qualidade ambiental resultante de atividades que de modo direto ou indireto prejudiquem a saúde, o bem-estar e a segurança da população; gerem condições adversas às atividades econômicas e sociais; afetem de modo desfavorável a biota e as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; descartam matérias ou energia sem seguir os padrões ambientais estabelecidos na região (BRASIL, 1981). 5.1 POLUIÇÃO CAUSADA POR FLUÍDOS DE CORTE A utilização dos fluidos de corte na indústria metalúrgica proporciona aos processos de usinagem benefícios inegáveis. Porém, quando se trata de questões ambientais, pode-se dizer que são agentes poluidores e a sua utilização, incluindo manuseio e descarte, é uma das principais fontes causadoras de problemas nos processos em que são utilizados. A contaminação do solo, da água e do ar através da utilização desse tipo de fluído pode ocorrer devido a vazamentos, má armazenagem, transporte, limpeza das peças e descarte inadequado. Além disso, esses fluidos causam sério risco à saúde do operador (DIAS et al, 2001). Os fluidos de corte, após a usinagem, ficam presentes nas peças usinadas e nos cavacos provenientes das peças. Quando é necessário que seja feito algum tratamento superficial nas peças ou é necessário que elas estejam extremamentelimpas, é comum a realização de uma lavagem, utilizando solventes que são normalmente orgânicos e/ou soluções de limpeza inorgânicas alcalinas. Finalizada a limpeza, esses produtos precisam ser reprocessados para que a água presente nas emulsões possa ser reutilizada em algum processo ou possa ser descartada de forma adequada rede de esgoto da região, porém, infelizmente, esse reprocessamento gera custos e por conta disso, muitas vezes não é realizado, gerando contaminação do sistema de coleta de esgoto (DIAS et al, 2001). Além disso, alguns solventes utilizados nessa lavagem são altamente tóxicos ao meio ambiente. Já a respeito dos cavacos, na maioria das empresas, a armazenagem dos mesmos é feita em depósitos à céu aberto. Com a chuva, ocorre o arraste desses materiais contaminados com fluido de corte para a rede fluvial e para solo, gerando contaminação de ambos. Além disso, quando o tempo de vida útil do fluido de corte acaba, ele precisa ser descartado. No caso dos fluidos solúveis em água semissintéticos (emulsões), não se deve fazer 27 o descarte dos mesmos diretamente no sistema de esgoto, pois é necessário que seja feita a separação do óleo e dos produtos químicos dissolvidos na água. Os processos realizados para esse descarte podem ser divididos em químicos, físicos e físico-químicos. A escolha do procedimento a ser utilizado depende do estado da emulsão, de sua composição e também do custo envolvido. Porém, todos os processos possuem os seguintes estágios: quebra da emulsão, separação do óleo e tratamento da água separada. A fase aquosa final, após sua neutralização, deve estar de acordo com a legislação para o posterior descarte e a borra formada deve ser desidratada antes do descarte, podendo ser descartada em depósitos especiais ou queimadas em instalações especializadas. Já a fase oleosa separada pode ser tratada como um fluido integral (GONÇALVES; YAGINUMA; YAMAMOTO, 2010), conforme ilustrado na Figura 5. Porém, nem sempre é possível retirar todos os produtos químicos presentes na água final, incluindo os agrotóxicos, que acabam, assim, sendo descartados no esgoto e contaminando-o. Figura 5 Esquematização do processo de disposição de fluidos usados. Fonte: Gonçalves; Yaginuma; Yamamoto, 2010 Os locais que apresentam quantidades significativas de biocidas, também conhecidos como agrotóxicos, presentes na formulação dos fluidos de corte, sofrem danos ambientais e podem desencadear um grande perigo à saúde da população. Por isso, a utilização desses produtos é controlada e regulamentada pelo governo da maioria dos países (VERDE, 2013). 28 Um dos principais problemas decorrentes do uso incorreto de agrotóxicos é o desequilíbrio ambiental que eles podem causar na região e em seu ecossistema. Esses compostos podem atingir organismos vivos e extinguir espécies fundamentais para o equilíbrio da região em que se encontram (VERDE, 2013). 5.2 IMPACTOS NA ÁGUA Como visto anteriormente, o descarte incorreto dos fluidos (contendo agrotóxicos) gera contaminação do sistema de coleta de esgoto e das águas, afetando, assim, a água para consumo humano. O problema dos agrotóxicos em água para consumo humano no Brasil é, infelizmente, um tema pouco pesquisado e sobre o qual há um número escasso de fontes oficiais de informações acessíveis para consulta, o que faz com que a população não pense muito a respeito disso. A água, depois do ar, é o bem mais essencial para a sobrevivência humana, pois sem água, não é possível haver vida, o que torna a poluição da água um dos maiores fatores de risco à sobrevivência da humanidade. No passado, a água poluída era purificada naturalmente pela chuva, porém, atualmente a água da chuva geralmente é, também, contaminada com diversos poluentes, o que impossibilita essa purificação. Esse fato faz com que seja necessária a realização de diversas operações unitárias de purificação para que a água poluída de mananciais superficiais e subterrâneos seja transformada em potável (ZINI, 2016). O tratamento de água é composto por diversas técnicas e operações unitárias, as quais variam em função de aspectos como qualidade da água bruta, custos envolvidos e volume de água a ser tratado. O tratamento convencional é composto basicamente de: coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção. Esse tratamento normalmente não tem a capacidade de remover as substâncias químicas presentes na água, incluindo agrotóxicos, de maneira satisfatória (PRINCE, 2006 apud ZINI, 2016). Os agrotóxicos, quando presentes na água, são definidos como micro poluentes, ou seja, mesmo que estejam presentes em baixas concentrações, conferem a água características tóxicas, tornando-a, assim, imprópria para grande maioria de seus usos (BRASIL, 2016 apud ZINI, 2016). Segundo o Atlas de Saneamento e Saúde do IBGE lançado em 2011: A maioria dos municípios declarou a ausência de fontes de poluição ou contaminação na captação de água. Considerando os que declararam 29 poluição ou contaminação, juntos, o esgoto sanitário, os resíduos de agrotóxicos e a destinação inadequada do lixo foram relatados como responsáveis por 72% das incidências de poluição na captação em mananciais superficiais, 54% em poços profundos e 60% em poços rasos (KRONEMBERGER et al, 2011). Na Figura 6, é possível localizar os municípios que relataram poluição por agrotóxicos em água no Brasil no ano de 2011 segundo pesquisas realizadas pelo IBGE. Figura 6 Municípios que relataram poluição por agrotóxicos em água no Brasil (2011). Fonte: IBGE, 2011 De acordo com o Panorama da Qualidade das Águas Superficiais do Brasil 2012 publicado pela Agência Nacional das Águas (ANA), foram monitorados 1988 pontos no Brasil no ano de 2010, sendo eles tanto em áreas urbanas, quanto em áreas rurais. Durante o 30 monitoramento, foram avaliados os índices de qualidade da água (IQA) de cada ponto. Esse índice leva em consideração nove parâmetros da água analisada: oxigênio dissolvido (OD), coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), temperatura, nitrogênio total, fósforo total, turbidez e sólidos totais. O IQA classifica as águas como “ótimas”, “boas”, “razoáveis”, “ruins” e “péssimas”, sendo que as classes ruim e péssima são águas impróprias para tratamento convencional visando o abastecimento da população, fazendo com que sejam necessários tratamentos de níveis mais avançados. Nos pontos monitorados, apenas 6% se encaixaram na condição “ótima”, 75% na “boa”, 11% na “razoável” e 7% na “ruim” ou “péssima”. Fazendo uma análise somente dos corpos d’água em áreas urbanas, foi constatado que 47% dos pontos monitorados apresentaram condição “péssima” ou “ruim” (ANA, 2012). Os agrotóxicos do grupo triazina, representam cerca de 30% de todos os pesticidas utilizados no mundo e em contato com um ecossistema aquático podem causar impactos a comunidades aquáticas como crustáceos, peixes, anfíbios e répteis. Em um estudo realizado por Natalí Lucas Paradeda da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, foram utilizados animais do gênero Hyallela coletados no município de São Francisco de Paula. Eles foram separados em seis grupos e foram expostos ao agrotóxico por um determinado tempo e determinada concentração (PARADEDA; OLIVEIRA, 2011). A exposição às diferentes concentrações do herbicida conduziu a uma intensa mobilização das reservas de lipídios, triglicerídeos, glicerol, proteínas, glicogênio, arginina fosfato e arginina, assim como uma diminuição nos níveis de colesterol; sendo estas, acompanhadas de um aumento das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico e da atividade das enzimas Superóxido Dismutase e Catalase. Os parâmetros reprodutivos analisados neste estudo (número de casais reprodutivos, número de fêmeas ovígeras e número de ovos nomarsúpio) também foram afetados negativamente pela exposição à atrazina. (PARADEDA; OLIVEIRA, 2011). Os agrotóxicos presentes em ecossistemas aquáticos, infelizmente, têm a capacidade de se acumular em elevadas concentrações nos organismos ao longo de todo o nível trófico, prejudicando, assim, não só os organismos aquáticos, mas também o ser humano, visto que o mesmo se encontra no topo da cadeia alimentar, consumindo, portanto, peixes e outros organismos aquáticos (BELCHIOR et al, 2014). 31 A ingestão dessas substâncias pelo ser humano, mesmo que em baixas concentrações, é altamente prejudicial a sua saúde, podendo provocar intoxicações agudas e até mesmo crônicas que podem se manifestar de forma leve, moderada ou grave. 5.3 IMPACTOS NO SOLO Os solos apresentam grande capacidade de decomposição ou inativação de substâncias prejudiciais ao meio ambiente por conta de suas características e propriedades, sendo, assim, amplamente utilizados como meio de descarte ou reciclagem de materiais poluentes. Mesmo sendo capaz de absorver grandes quantidades desses poluentes sem sofrer grandes transformações, com o passar do tempo, essas transformações são, na maioria das vezes, irreversíveis e os danos causados ao meio ambiente são de difícil recuperação (CAMARGO, 2004). O solo possui constituintes com grande reatividade, o que faz com que ele seja um ambiente favorável à ocorrência de uma série de reações que tem a capacidade de inativar íons (reações de adsorção, complexação ou precipitação) e decompor compostos orgânicos, tornando-os compostos menos tóxicos ou atóxicos aos organismos vivos que ali vivem. Por sorte, muitos compostos orgânicos podem desaparecer no ambiente através de processos como volatilização, lixiviação, degradação microbiana e diversas reações químicas. Porém, existem produtos tóxicos que não são biodegradáveis e podem ser facilmente transferidos a organismos vivos ao longo da cadeia alimentar com perdas mínimas ao longo dos níveis tróficos (MEURER 2004). A molécula dos agrotóxicos, quando entra em contato com o solo, pode seguir diversas rotas, atingindo diferentes ecossistemas e interferindo na dinâmica de muitos seres vivos. O acúmulo dessas substâncias no solo ocorre inicialmente nas camadas superficiais, onde reside uma vasta biodiversidade de organismos responsáveis pelo ciclo de diversos nutrientes e das quais as plantas retiram os nutrientes necessários para que possam crescer e se desenvolver (COSTA; COSTA, 2004). Um exemplo desse fenômeno ocorre quando o princípio ativo persistente no solo interfere no desenvolvimento de bactérias fixadoras de nitrogênio, responsáveis pela disponibilização desse mineral às plantas, o que gera danos drásticos na etapa de fixação do ciclo biogeoquímico do nitrogênio. Tendo em vista que a etapa de fixação é a primeira etapa deste ciclo, pode-se concluir que a presença dos agrotóxicos no solo afeta o ciclo inteiro. 32 Além de gerar prejuízos ao ciclo do nitrogênio, como citado acima, a ação dos agrotóxicos no solo prejudica, também, o ciclo do carbono e do enxofre, podendo alterar, assim, a fertilidade do solo onde estão presentes (SCHUSTER; SCHRÖDER, 1990 apud PERES, 2000, p. 2). Essas moléculas geram, também, alterações na capacidade do solo em degradar matéria orgânica, visto que elas provocam a inativação e morte de microrganismos e invertebrados que se desenvolvem no solo que possuem essa função de degradação (EDWARDS, 1989 apud RIBAS; MATSUMURA, 2009, p. 155). Um parâmetro utilizado para observar a atividade geral dos microrganismos é a respiração do solo. Esse parâmetro pode ser utilizado para verificação dos efeitos causados pelos agrotóxicos sobre diferentes populações de microrganismos existentes no solo (FERREIRA et al, 2006). Os agrotóxicos podem penetrar no solo por meio de difusão e pelo fluxo de massa em água (SISINNO; OLIVEIRA, 2000). Além desses dois mecanismos, esses compostos podem sofrer processos de transporte e processos de transformação. Dentro dos processos de transporte, eles podem sofrer: lixiviação, volatilização, adsorção e escoamento superficial. Já dentro dos processos de transformação, podem ocorrer a degradação química, hidrólise, fotólise, hidroxilação, e/ou degradação por microrganismos (LUCHINI, 1995 apud PERES, 2000). Dependendo do tipo de transformação, essas substâncias e/ou seus metabólitos podem possuir diferentes destinos no ecossistema: sofrer mineralização total, permanecer por longo tempo no solo, atingir águas subterrâneas, ou ser bioacumulado através dos níveis tróficos da cadeia alimentar (PERES, 2000). O que determina qual dos processos ocorrerá também depende das propriedades do solo onde o agrotóxico se encontra e das próprias propriedades do agrotóxico em questão. Dentre as propriedades do solo que interferem na retenção e degradação dos agrotóxicos, encontram-se os teores de matéria orgânica, argila e óxidos de ferro e manganês, pH, capacidade de troca de cátions, área superficial específica, porosidade, teor de umidade, presença e diversidade de microrganismos, os quais representam um complexo enzimático operante e específico. A matéria orgânica humificada, devido às suas características e grupos funcionais, atua como tampão, trocador de íons, surfactante, agente quelante ou como um absorvente geral. Os constituintes minerais e orgânicos dos solos têm capacidade para adsorver moléculas orgânicas com maior ou menor intensidade, dependendo da força de interação entre a superfície reativa e o íon ou molécula reagente (COSTA; COSTA, 2004). 33 Do solo, os agrotóxicos, por meio de fraturas e poros existentes em algumas rochas ou no próprio solo, podem chegar até pontos onde existem reservatórios de água, contaminando, assim, o ambiente aquático (BRIGANTE et al, 2002 apud STEFFEN; STEFFEN; ANTONIOLLI, 2011, p. 18). Na Figura 7, pode-se observar o ciclo dos agrotóxicos quando em contato com o solo, mostrando todos os seus possíveis destinos em um ecossistema. Figura 7 Ciclo dos agrotóxicos em contato com o solo. Fonte: Lavorenti; Prata; Regitano, 2003 apud Steffen; Steffen; Antoniolli, 2011, p. 18 O destino dos agrotóxicos no ambiente depende das propriedades físico-químicas do agrotóxico em questão, da quantidade e da frequência de contato do mesmo com o solo, características bióticas e abióticas do ambiente e das condições meteorológicas (KLINGMAN; ASHTON; NOORDHOFF, 1982 apud RIBAS; MATSUMURA, 2009, p. 151). Por conta disso, é muito difícil prever um modelo para o comportamento e a interação com o ambiente de cada agrotóxico. Porém, como visto anteriormente, alguns processos como processos de retenção, de transformação e de transporte são conhecidos e podem predizer como a substância se comportará quando em contato com as partículas do solo, com sua velocidade de evaporação, solubilidade em água e bioacumulação (RIBAS; MATSUMURA, 2009). Esses processos podem ser analisados a seguir na Figura 8. 34 Figura 8 Fluxograma sobre o destino dos pesticidas/agrotóxicos no solo. Fonte: CHENG, 1990 apud Ribas; Matsumura, 2009, p. 152 Assim como determinar o destino dos agrotóxicos no meio ambiente, ensaios de campo para se verificar o efeito dos mesmos no solo são, na prática, muito difíceis, principalmente porque em uma mesma região ou em locais muito próximos, existe uma vasta diversidade biológica, o que faz com que ocorra uma grande variação nos resultados obtidos. Diversos tipos de ensaios indiretos têm sido realizados, dentre eles, tem-se: determinação de pesticidas ao longo da cadeia alimentar por níveis tróficos e determinação do coeficiente de partição. Além disso, modelos matemáticos de ecossistemas também podem ser utilizados, assim como as propriedades físico-químicas de cada agrotóxico, as quais podem representar recursospara predizer sua distribuição física no ambiente em que se encontram (MORIARTY, 1975 apud PERES, 2000, p. 11). Situação que mostra a necessidade de esforços no estudo desse campo por meio de diversas pesquisas. 35 6 ASPECTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA PARA OS TRABALHADORES Os trabalhadores de indústrias que utilizam fluidos de corte ficam expostos, diariamente, a diversas substâncias e condições que podem afetar seriamente sua saúde e segurança. A contaminação do operador pode ocorrer por contato com a pele, inalação ou até mesmo por ingestão. Diversos estudos demonstram que o contato prolongado com os fluidos de corte e seus subprodutos pode gerar doenças agudas ou crônicas, como doenças de pele, alguns tipos de câncer e doenças pulmonares (BYERS, 2006). A contaminação do trabalhador pelo contato com a pele é a que mais acontece nas operações e, muitas vezes, é algo muito difícil de controlar. Esse contato pode gerar sensibilização da pele, dermatite, dermatite alérgica de contato e até foliculite (BYERS, 2006). Alguns biocidas, como as triazinas, são compostos relatados como causadores desses tipos de doenças. Na indústria metalúrgica, durante o processo de corte, geralmente ocorre uma formação de névoa do fluido quando a temperatura passa de seu ponto de ebulição. Pode ocorrer também durante o movimento mecânico ou ainda quando o fluido está borbulhando durante a operação. Essa névoa formada pode ser inalada acidentalmente pelos operadores, podendo causar problemas respiratórios alérgicos ou até mesmo crônicos. A partir de testes em laboratório feitos em animais, pode-se constatar que os efeitos respiratórios agudos da exposição ao fluido manifestaram-se como irritação ou alteração da função pulmonar. Em 1991, Schaper e Detweiler avaliaram o potencial de irritação pulmonar e sensorial de dez fluidos de corte (novos e usados) em aerossol em camundongos. Os animais foram expostos a 2000 mg/m3 de fluido por inalação durante 3 a 20 horas. Todos os fluidos em certas doses foram capazes de provocar irritação pulmonar com pouca ou nenhuma alteração na histopatológica pulmonar após exame realizado imediatamente após a exposição. Depois de 24 horas após a exposição, foram identificadas de leve a moderada pneumonia intersticial e broncopneumonia nos animais. Para os fluidos testados, a irritação foi maior nos sintéticos, posteriormente nos solúveis e depois nos integrais, constatando que a irritação é maior nos que apresentação mais aditivos e consequentemente mais biocidas em sua formulação. Não houve diferenças no potencial de irritação quando comparado fluidos usados e fluidos novos (BYERS, 2006). Já em 1996, Krystofiak e Shaper realizaram um experimento com um fluido semissintético, onde ratos foram expostos durante 3 horas ao fluido e depois separadamente aos 36 seus componentes, que incluíam duas alcanolamidas, uma amida de ácido bórico, óleo de petróleo, um sulfonato de sódio, hexa-hidro-1,3,5-tris (2-hidroxietil) -s-triazina, e um sabão de potássio. A irritação sensorial foi provocada quase que instantaneamente por todos os componentes do fluido. A irritação pulmonar foi observada com todos os componentes da formulação, exceto a amida de ácido bórico. Com exceção do sulfonato de sódio, que produziu irritação pulmonar dentro de 30 minutos de exposição, a irritação provocada pelos outros componentes ocorreu, geralmente, após 2 a 3 horas de exposição. Imediatamente após a exposição, uma recuperação moderada da frequência respiratória ocorreu com óleo de petróleo e sabão de potássio, porém pouca recuperação foi observada imediatamente após a exposição às alcanolamidas, sulfonato de sódio e triazina. A partir do teste realizado e dos resultados obtidos, os autores do teste concluíram que, a partir da potência e da composição fracionada, as alcanolamidas e o biocida triazina contribuíram em grande parte para a irritação que o fluido semissintético causou nos ratos (BYERS, 2006). Os biocidas podem causar quadros de intoxicação aguda e crônica que podem se manifestar de forma leve, moderada ou até mesmo grave (BRASIL, 2006). Abaixo, pode-se observar, na Tabela 4, os sintomas e sinais decorrentes da exposição e posterior intoxicação por agrotóxicos. Tabela 4 Sinais e sintomas de intoxicação. Fonte: UFRRJ, 2018 37 A intoxicação aguda é uma alteração no estado de saúde de um ser vivo resultante da interação nociva de uma substância tóxica com o organismo vivo. Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave, dependendo da quantidade de veneno absorvido, do tempo de absorção, da toxicidade do produto e do tempo entre a exposição a substância e o atendimento médico. Manifesta-se através de sinais e sintomas que se apresentam de forma repentina, alguns minutos ou algumas horas após a exposição excessiva do indivíduo a substância, acarretando efeitos rápidos sobre a saúde. A intoxicação aguda leve consiste no quadro clínico caracterizado por cefaleia, irritação cutaneomucosa, dermatite de contato irritativa ou por hipersensibilização, náusea e discreta tontura. A intoxicação aguda moderada consiste no quadro clínico caracterizado por cefaleia intensa, náusea, vômitos, cólicas abdominais, tontura mais intensa, fraqueza generalizada, parestesia, dispneia, salivação e sudorese aumentadas. Já a intoxicação aguda grave consiste no quadro caracterizado por miose, hipotensão, arritmias cardíacas, insuficiência respiratória, edema agudo de pulmão, pneumonite química, convulsões, alterações da consciência, choque, coma, podendo evoluir para óbito. Vale ressaltar que dependendo da substância envolvida na intoxicação, da via de absorção, da quantidade de veneno absorvido e do tempo de absorção, o quadro pode evoluir de um estágio para o outro rapidamente (BRASIL, 2006). A intoxicação crônica é caracterizada, também, pelas alterações no estado de saúde de um ser vivo que resultam da interação nociva de uma substância com o organismo vivo. Porém, nesse caso, os efeitos nocivos sobre a saúde humana, incluindo a acumulação de danos genéticos, começam a surgir no decorrer de exposições repetitivas a substancia tóxica, que normalmente ocorrem durante longos períodos de tempo. Mediante a essas condições os quadros clínicos são muitas vezes confusos, indefinidos e geralmente irreversíveis. Os diagnósticos dessas intoxicações são difíceis de serem estabelecidos, pois há uma maior dificuldade na associação da causa e do efeito. Essa intoxicação se manifesta através de diversas patologias, que atingem vários órgãos e sistemas, tendo destaque os problemas nos sistemas imunológicos, hematológicos, hepáticos, neurológicos, malformações congênitas e tumores (BRASIL, 2006). Na Tabela 5, que se encontra a seguir, pode-se observar os efeitos que os agrotóxicos causam, após exposição prolongada, no organismo no sistema nervoso, sistema respiratório, sistema cardiovascular, fígado, rins, trato gastrointestinal, sistema hematopoético, também conhecido como sistema hematopoiético, pele e olhos. A partir dessas informações, pode-se constatar que os agrotóxicos são substâncias altamente prejudicais para a saúde humana. https://www.google.com/search?q=Sistema+hematopoi%C3%A9tico&spell=1&sa=X&ved=0ahUKEwiej-Hsk6XdAhVDvZAKHSARCfwQBQglKAA 38 Tabela 5 Efeitos da exposição prolongada a agrotóxicos. Fonte: UFRRJ, 2018 Além de todas os efeitos relatos na Figura 6, pesquisas epidemiológicas ligadas à exposição de agrotóxicos feitas em países como África do Sul, Egito, e Canadá indicaram que a intoxicação por agrotóxicos apresentou uma forte associação com transtornos psiquiátricos e que a exposição demasiada a essas substâncias (presentes na formulação dos fluidos de corte) pode causar neurose depressiva, distúrbios de memória, irritabilidade e até mesmo suicídio (LEVIGARD; ROZEMBERG, 2004).A respeito dos agrotóxicos, o Ministério da Saúde adverte: Os agrotóxicos podem causar diversos efeitos sobre a saúde humana, sendo muitas vezes fatais. Classicamente tais efeitos são divididos em intoxicação aguda e intoxicação crônica. Além das intoxicações agudas, a exposição ocupacional e/ou ambiental também pode causar uma série de problemas de saúde, conhecida como intoxicação crônica. Estas podem se manifestar de várias formas, tais como: problemas ligados à fertilidade, indução de defeitos teratogênicos e genéticos, câncer, conforme foi revisto por Matos e colaboradores (1987). Também são 39 relatados efeitos deletérios sobre os sistemas nervoso, respiratório, cardiovascular, genito-urinário, gastro-intestinal, pele, olhos, além de alterações hematológicas e reações alérgicas a estas substâncias (BRASIL, 2006). De acordo com entrevistas realizadas com profissionais do Programa Saúde da Família (PSF), a exposição aos agrotóxicos produz alterações no sistema endócrino, mais em específico nos níveis do hormônio da tireóide, pode desencadear déficit de atenção e/ou hiperatividade em crianças. Provoca, também, irritabilidade, alterações de humor e comportamento agressivo em adultos. O estudo realizado ressalta a gravidade do problema em relação a mulheres grávidas, visto que os fetos são atingidos por estas alterações hormonais, o que prejudica o seu desenvolvimento (LEVIGARD; ROZEMBERG, 2004). 40 7 POSSÍVEIS ALTERNATIVAS DE SUBSTITUIÇÃO Como visto anteriormente, as triazinas entram na formulação dos fluidos de corte com o objetivo de evitar a proliferação de microrganismos que podem levar a degradação e inutilização do fluido. Sabe-se que existem fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam o crescimento de microrganismos. Os fatores intrínsecos são o pH, a atividade de água (Aw), o potencial de óxido-redução (Eh), a composição química, fatores antimicrobianos, a estrutura biológica e a interação entre microrganismos. Já os fatores extrínsecos são a temperatura, a umidade e a composição gasosa da atmosfera (NICOLAU, 2014). A sigla pH é a abreviação de potencial hidrogeniônico e se refere a uma escala que é utilizada para indicar se um elemento é ácido, básico ou neutro. A letra p vem da palavra dinamarquesa potenz, que em português, significa potência e o e o H representa os íons hidrônio (H3O +) ou H+(aq) (FOGAÇA, 2018). Na Figura 9, pode-se verificar como essa escala indica o nível de acidez de uma determinada solução. Figura 9 Escala de pH. Fonte: Escolar, 2018 41 Todos os microrganismos apresentam valores mínimo, máximo e ótimo de pH. Abaixo do pH mínimo e acima do pH máximo não há crescimento de microrganismos. Apenas no pH ótimo e entre o pH mínimo e máximo, há crescimento dos mesmos. Por esse motivo, o controle desse fator é extremamente importante para que não haja o crescimento desses microrganismos indesejados. Na Tabela 6, pode-se observar os valores máximos, ótimos e mínimos de pH para o crescimento de alguns microrganismos. Tabela 6 Faixas de pH para o desenvolvimento de microrganismos. Fonte: Liria et al, 2018 É possível notar a partir da tabela acima que os microrganismos se desenvolvem preferencialmente em ambientes ácidos até levemente básicos. O que indica que um ambiente altamente alcalino (pH acima de 11,0) é um ambiente onde os microrganismos não se proliferam. 7.1 AGENTES ALCALINIZANTES Por esse motivo, nas formulações de fluidos de corte, muitas vezes, é feita a associação de um biocida com um agente alcalinizante para combater a proliferação desses microrganismos. Um agente alcalinizante é um produto químico de alto pH que age como neutralizante de acidez em meio líquido, tornando o meio alcalino, como o próprio nome já diz. Esse material pode ser usado em diversas aplicações, como tratamento de água e efluentes, tratamento de água de piscinas, formulações de fluidos de usinagem e correção de alcalinidade para sistemas 42 de recirculação de águas, como por exemplo: torres de resfriamento e caldeiras industriais (PUREWATER, 2018). Um exemplo desse tipo de substancia são os amino álcoois. Tais amino álcoois são eficientes neutralizadores de compostos ácidos funcionais e auxiliam na estabilidade de emulsões, fazendo com que elas permaneçam com um pH elevado, propiciando, assim, um ambiente altamente alcalino. Apresentam bom desempenho com a presença de diversos tipos de biocidas e melhoram o controle de corrosão de metais, especialmente ferrosos. Como o objetivo de toda empresa formuladora de fluidos de corte tem como objetivo possuir um fluido que possua o maior tempo de vida útil possível, esses aditivos são utilizados juntamente ao biocida, melhorando, assim, o desempenho individual do biocida utilizado. Em conjunto, eles apresentam uma função biocida excelente e fazem com que o fluido apresente a maior vida útil possível. Porém, o agente alcalinizante pode ser adicionado a formulação sem a adição de um biocida, apresentando bons resultados no impedimento do crescimento microbiano. O agente alcalinizante age diretamente na alteração do pH do fluido de corte, fazendo com o que o mesmo apresente um pH alcalino, onde o crescimento de microrganismos é praticamente nulo. Embora o resultado obtido apenas com a adição do alcalinizante não seja tão eficiente quanto o resultado proveniente da adição de ambos os aditivos, essa alternativa ajuda, também, a prolongar a vida útil do fluido, evitando o crescimento de microrganismos e o mais importante: não confere danos à saúde dos operadores. 7.2 RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA Além na alternativa analisada no item anterior, uma segunda opção de substituição dos biocidas na formulação é o uso de radiação ultravioleta através da utilização de um sistema emissor de raios ultravioleta que possuem a capacidade de inativar os microrganismos por ação direta, sem provocar alteração nas propriedades do fluido e apresentando assim, uma maior segurança para os operadores (BIANCHI et al, 2016). A utilização da radiação ultravioleta é mais conhecida pela eliminação parcial de microrganismos presentes em superfícies, salas, materiais, etc., entretanto, sua eficácia depende de alguns fatores, como por exemplo: tempo de exposição, tamanho da população, características dos microrganismos e condições ambientais e de aplicação (SILVA; BAPTISTA; COPPINI, 2016). 43 Foi realizado um estudo sobre a influência da radiação ultravioleta sobre os microrganismos na Universidade Estadual Paulista (UNESP) no Campus de Bauru, onde foram introduzidas doze lâmpadas ultravioleta germicidas (UV-C) de 20 Watts no tampo do reservatório destinado ao fluido de corte como pode ser observado na Figura 10. Vale ressaltar que ao instalar as lâmpadas no tampo da caixa, houveram cuidados para eliminar qualquer possibilidade de os raios ultravioleta emitidos atingirem os operadores. Figura 10 Vista interna do tampo do reservatório. Fonte: Bianchi et al, 2016. Durante o processo de corte, o fluido que está no reservatório é impulsionado a partir de uma bomba até o local onde o corte será realizado, sendo direcionado para encontrar a peça e a ferramenta de corte. Imediatamente, pelo efeito da gravidade, o fluido desliza através de um sistema coletor que o encaminha de volta ao reservatório. Por esse motivo, a ação dos raios ultravioleta no fluido de corte só ocorre durante o período em que ele está dentro do reservatório (BIANCHI et al, 2016). Durante o experimento realizado na universidade, o sistema foi mantido em funcionamento durante 8 horas diárias durante 5 dias. Após esses 5 dias, o sistema era desligado, permanecendo assim durante 2 dias. Após 2 dias, o sistema era religado e o ciclo se repetia até completar 30 dias. Esse processo foi realizado novamentenas mesmas condições de tempo, porém com as lâmpadas ultravioleta desligadas para que pudesse ser feita uma comparação entre os dois cenários (BIANCHI et al, 2016). A análise bacteriológica foi feita com a semeadura das amostras em meios de cultura agar nutriente, agar de McConckey e agar manitol. Já para a análise fúngica as amostras foram 44 semeadas em meios de agar Sabouraud e em agar micosel. Todos os dias foram monitorados fatores como pH, temperatura ambiente, concentração do fluido de corte, viscosidade, coloração e odor (BIANCHI et al, 2016). Na Tabela 7 e no Gráfico 2, é possível observar os resultados obtidos nas análises em relação ao desenvolvimento de unidades formadoras de colônias (UFC), resultados esses que evidenciaram a ação da radiação sobre os microrganismos, mostrando que o crescimento das unidades formadoras de colônias foi extremamente menor nas amostras que foram expostas a luz ultravioleta em comparação as amostras que não foram expostas. Tabela 7 Número de UFC’s desenvolvidas em meio de cultura após semeadura de amostras de fluido de corte submetido à ação da luz ultravioleta e não submetido a essa radiação (valores de UFC X 10000). Fonte: Bianchi et al, 2016. 45 Gráfico 2 Desenvolvimento de UFC’s (unidades formadoras de colônias) em meio de cultura após semeadura de amostras de fluido de corte submetidas a ação da luz ultravioleta (linha e triângulos vermelhos) e não submetidas a essa radiação (linha e quadrados azuis). Fonte: Bianchi et al, 2016. A partir dos dados acima, pode-se concluir que a introdução das lâmpadas ultravioleta germicidas (UV-C) de 20 Watts no tampo do reservatório é uma opção que exibe alta eficiência e viabilidade, pois os equipamentos utilizados são de fácil manutenção, baixo custo e extrema simplicidade. Além disso, essa resolução reduz os prejuízos financeiros devidos ao descarte de fluidos contaminados com microrganismos, gera importantes ganhos sociais para a indústria, pois gera uma grande melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e também reduz os danos ambientais, já que essa opção possibilita a retirada do uso por completo dos biocidas nas formulações dos fluidos. Foi realizado um outro estudo sobre o efeito da radiação ultravioleta, porém, em menor escala, onde foi utilizado o fluido de corte BLASOCUT BC 20 com diluição de 5% em água. O fluido foi exposto a radiação durante 30 dias e uma amostra do mesmo foi retirada diariamente, imediatamente após 8 horas de aplicação da radiação UV. As amostras foram semeadas em meio de cultura ágar nutriente e incubadas em estufa 37ºC por 48 horas e posteriormente foram contadas as colônias de bactérias existentes (SILVA; BAPTISTA; COPPINI, 2016). O equipamento utilizado nesse caso possui capacidade para armazenar apenas 20 litros de fluido. Neste equipamento, foi instalado um dispositivo contendo três lâmpadas de radiação ultravioletas com interruptores que podem ser acionados individualmente, o que tornou possível realizar o teste utilizando uma lâmpada, duas lâmpadas, três lâmpadas e sem nenhuma lâmpada ligada. Nesse equipamento, o fluido é enviado do reservatório inferior até o superior através da utilização de uma bomba, controlada por um sensor de nível, e por gravidade passa pelas três 46 lâmpadas ultravioletas que podem estar ligadas ou não. O nível do reservatório teve que ser completado sempre que foi percebida alteração no volume, principalmente, devido a evaporação da água (SILVA; BAPTISTA; COPPINI, 2016). Na Figura 11 é possível observar todos os elementos contidos no equipamento utilizado mais detalhadamente. Figura 11 Equipamento utilizado no teste. Fonte: Silva; Baptista; Coppini, 2016 Da mesma forma que no outro experimento, o dispositivo que armazena as lâmpadas possui uma proteção para que a radiação permaneça somente no compartimento em que passa o fluido de corte, não atingindo, assim, os operadores envolvidos no processo (SILVA; BAPTISTA; COPPINI, 2016). O teste realizado constatou o mesmo que o anterior: o crescimento dos microrganismos foi bruscamente diminuído pela ação dos raios ultravioleta. Nesse caso, porém, pode-se notar que a quantidade de lâmpadas também interfere na eficácia das mesmas, evidenciando, assim, que a quantidade de lâmpadas a ser utilizadas em cada caso depende do tamanho do reservatório e da quantidade de fluido que ele suporta. É possível observar através do Gráfico 3, que quanto maior o número de lâmpadas, mais eficiente é o seu efeito sobre o crescimento de microrganismos. Nas linhas em vermelho, pode-se observar o crescimento microbiológico sem a utilização da radiação, ou seja, com as três lâmpadas desligadas. Já as linhas verdes, exibem 47 o crescimento com apenas duas lâmpadas ligadas e as linhas azuis apresentam o crescimento quase nulo com a utilização das três lâmpadas (capacidade total do experimento). Gráfico 3 Crescimento de microrganismos. Fonte: Silva; Baptista; Coppini, 2016 48 8 CONCLUSÕES Após a pesquisa realizada, pode-se dizer que a dimensão do uso de biocidas, como a triazina, é muito mais complexa do que parece, porque possui diversas interações que se ligam a aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais. Embora essa substância seja muito útil na formulação dos fluidos de corte, aumentando sua durabilidade e evitando, assim, custos adicionais na fabricação e/ou compra de novos fluidos à empresa, a poluição do solo e da água com resíduos de agrotóxicos provoca efeito em todos os seres vivos, independente do lugar que ocupam em uma cadeia alimentar. Os danos causados pelo uso incorreto dessas substâncias extrapolam o campo econômico e adquirem uma dimensão social, já que além de prejudicar a saúde dos seres vivos, tanto aquáticos como terrestres, e o meio ambiente como um todo, demandam verbas públicas e privadas para o atendimento médico e hospitalar da população que sofre com a intoxicação crônica ou aguda por conta desses compostos. Sabe-se que os quadros de contaminação humana e ambiental só aumentam, pois, os riscos associados à sua utilização são pouco conhecidos e estudados pela população. Além disso, eles são frequentemente utilizados desrespeitando às normas básicas de segurança, tendo em vista que sua comercialização é livre. Essas substâncias podem provocar efeitos diretos nos microrganismos que vivem no solo, provocando alterações em suas taxas de crescimento e processos metabólicos. Ocorrem, também, mudanças na reprodução e no comportamento das espécies e podem levar até a morte das mesmas, alterando por completo o ecossistema. Todos esses fatos reforçam a urgência da substituição desse composto nas formulações de fluidos de corte, evidenciando, assim, a necessidade de pesquisas aprofundadas a respeito deste tema. Durante o presente trabalho foram encontradas duas possíveis alternativas para a eliminação da triazina nesses fluidos: a utilização de um agente alcalinizante ou a implantação de lâmpadas de radiação ultravioleta nos reservatórios onde ficam contidos os fluidos. Ambas as alternativas são viáveis, sendo a implantação das lâmpadas mais eficiente e mais barata do que a adição do agente alcalinizante. Embora nenhuma das alternativas encontradas apresentem a mesma eficiência contra o crescimento dos microrganismos nos fluidos de corte como a triazina apresenta, elas são, de 49 fato, opções que geram menos impactos tanto para o meio ambiente quanto para os seres vivos, o que as tornam ótimas alternativas. A descoberta dessas duas alternativas mostra que é possível substituir a triazina e tornar os processos de corte da indústria metalúrgica um processo mais seguro e mais ecologicamente correto, evidenciando, assim, que se a indústria investir em pesquisas e testes para essa substituição,
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