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PAPER UNIASSELVI - OS DESAFIOS DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

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OS DESAFIOS DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO
Bruna Tureck
Maria Eduarda Mueller
Tutor Externo: Eduardo Michel Scopel Dall Onder
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Administração (ADG0833) – Seminário Interdisciplinar II
16/06/2017
 
 
RESUMO
Entrar no mercado de trabalho é por si só uma tarefa difícil, e quando este é totalmente monopolizado por homens a dificuldade é ainda maior. Desde a sua grande inserção no cenário econômico brasileiro na década de 70, até os dias atuais, as mulheres enfrentaram inúmeras dificuldades e preconceitos. Infelizmente essa situação ainda não se reverteu por completo. Apesar de estarem conquistando espaço, e hoje poderem atuar em qualquer profissão, elas ainda enfrentam inúmeras divergências no seu dia a dia. A discriminação salarial é uma delas. Contrariando os índices de escolaridade superior das mulheres, elas recebem, em média, um salário inferior ao dos homens para executar as mesmas funções. Esse contexto se repete em diversos cargos e setores da economia. Outro fator agravante para a mulher é a sua dupla jornada de trabalho. O fim do expediente de trabalho, no caso delas, significa assumir as tarefas com os afazeres domésticos. Sendo que a maioria dos homens não ajudam nesse quesito. Felizmente as mudanças são contínuas, e hoje é crescente o número de famílias chefiadas por mulheres. Contudo as barreiras culturais ainda precisam ser extintas, para que em um futuro próximo, homens e mulheres possam ter direitos iguais. 
Palavras-chave: Mulher. Discriminação. Desigualdade. Gênero. 
1 INTRODUÇÃO
Historicamente a introdução feminina no mercado de trabalho iniciou por conta da Primeira e Segunda Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945, respectivamente), os homens, que nessa época eram os provedores do lar, foram tirados de suas casas e trabalhos e enviados para a guerra. Dessa forma as mulheres passaram a assumir as funções deixadas pelos homens no mercado de trabalho. Já no Brasil, foi durante a década de 70 que o cenário trabalhista passou por uma de suas maiores transformações, a intensa inserção feminina no mercado de trabalho. Entre 1970 e 1990, a população economicamente ativa feminina cresceu 260%.
Desde então as mulheres vêm quebrando as barreiras impostas a elas. Encontrando e estabelecendo o espaço feminino no mercado de trabalho, mesmo que tenham que enfrentar algumas dificuldades para isso.  A discriminação acompanha a trajetória trabalhista feminina desde o seu início. Elas sofrem preconceito pelo simples fato de terem nascido mulheres. Em razão salarial essa discriminação é amplamente falada e conhecida pela maioria da população, porém ela acaba sendo um tanto quanto ignorada. Apesar das mulheres terem mais experiência, maior formação profissional e apresentarem uma produtividade superior elas recebem um salário menor do que um homem receberia para fazer a mesma função. Isto é, por mais que sejam igualmente qualificadas, ou mesmo apresentem qualificação superior, embolsam um rendimento inferior para ocupar a mesma função. 
Outro fator que dificulta a vida da mulher é a dupla jornada de trabalho. Pois para elas as tarefas não acabam com o fim do expediente. Ao chegar em casa elas exercem suas demais funções, sendo mães e donas de casa. Estas atividades domésticas não são remuneradas, trabalho este que continua invisível à luz das estatísticas e levantamentos econômicos, sendo considerado “um trabalho não produtivo”. Dessa forma as mulheres gastam seu tempo de folga e lazer com as tarefas de casa, sendo que a sua maior queixa é a falta de tempo para si mesmas. Devemos evitar que essas iniciativas reforcem a tradicional divisão sexual do trabalho, reproduzindo assim ainda mais desigualdade. É essencial que a sociedade encontre uma nova forma de pensar, para que assim possamos conciliar e dividir igualmente as tarefas domésticas, Direcionando-as tanto para homens quanto para mulheres, sendo que ambos são igualmente responsáveis pelos afazeres da casa e cuidados com a família. 
 
2 ÍNDICES DE ESCOLARIDADE 
As mulheres brasileiras apresentam índice de escolaridade superior ao dos homens, os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentados através do livro “Estatísticas de gênero: uma análise dos resultados do censo demográfico 2010”, publicado no ano de 2014. A escolaridade é considerada um fator que aumenta a produtividade do sistema econômico, além de melhorar a condição salarial dos indivíduos.  Os diversos avanços nesse ponto são essenciais para toda a população. 
As mulheres possuem a menor taxa de analfabetismo, 9,1% para elas contra os 9,8%, dos homens No gráfico abaixo é possível observar que a taxa de analfabetismo era maior entre as mulheres de 60 anos ou mais (27,4%), em relação a dos homens da mesma faixa etária (24,9%). Entretanto essa desvantagem feminina é suprida com os grupos mais novos (15 a 29 e 30 a 59 anos de idade), enfatizando o crescimento da escolarização feminina nos últimos anos.
Gráfico 1 - Taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais de idade, por sexo, segundo os grupos de idade - Brasil – 2010
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
 
De acordo com os dados do Censo Demográfico 2010, 4.895,7 milhões de adolescentes de 15 a 17 anos de idade frequentavam o ensino médio, sendo que destes 54,7% eram mulheres. Outro fator importantíssimo que aponta a maior escolarização feminina é a taxa de abandono escolar precoce, isto é, a proporção de jovens de 18 a 24 anos que não haviam completado o ensino médio, e não estavam estudando no momento. A proporção de mulheres nessa faixa etária que haviam abandonado o ensino era de 31,9%. O ensino médio é de suma importância, a falta dele pode causar uma entrada precária no mercado de trabalho, com maior tendência ao desemprego. Sendo assim tão importante os avanços nesse quesito.
 
A desigualdade na trajetória escolar entre os gêneros trás como resultado mulheres com níveis educacionais mais elevados que os dos homens. Contudo a maior disparidade encontra-se no nível superior.  No Gráfico 2 vemos a proporção de pessoas de 18 a 24 anos que cursam ensino superior de graduação. Nessa faixa etária 15,1% das mulheres cursam ensino superior.  Já no nível superior completo a diferença é ainda maior. A proporção de mulheres que completaram a graduação e 25% superior à dos homens. 
Gráfico 2 - Proporção das pessoas de 18 a 24 anos de idade que frequentam o ensino superior de graduação, por sexo, segundo as Grandes Regiões - 2010
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
 	 
Esses dados não condizem com a realidade salarial feminina. De acordo com BRASIL/SPM (2013, p.48) “Para ambos os sexos, à medida que a escolaridade avança, o rendimento médio aumenta. No entanto, em todos os grupos de anos de estudo analisados, as mulheres recebem menos que os homens, embora em média elas tenham maior escolaridade”. 
  
3 DISCRIMINAÇÃO SALARIAL CONTRA A MULHER
 
Em termos salariais a igualdade de gênero no Brasil está longe de ser uma realidade. Inicialmente temos que distinguir diferença e discriminação salarial. A diferença é basicamente o fato de um trabalhador ganhar mais do que outro, por razões de maior experiência ou qualificação profissional. Por outro lado, a discriminação salarial ocorre quando indivíduos com a mesma experiência e qualificação profissional são remunerados de maneira diferente mesmo desempenhando funções semelhantes. Isso ocorre por conta de raça, religião, mas aqui trataremos da discriminação salarial por razão de gênero.
 
O rendimento de trabalho das mulheres, em 2015, estimado em R$ 1.927, continua sendo inferior ao dos homens, estimado em R$ 2.555. Comparando a média anual dos rendimentos dos homens e das mulheres, verificou-se que, em média, as mulheres ganham em torno de 75,4% do rendimento recebido pelos homens, um avanço de 1,2 ponto percentual em relação a 2014, [...]. Em 2003 esse percentual era 70,8%. (IBGE, 2016, p. 288)
Uma pesquisa realizada pela Catho no ano de 2017 aponta que os rendimentos dasmulheres continuam sendo menores que dos homens, mesmo ocupando cargos iguais. Mostra também que a ascensão de suas carreiras ocorre de forma mais lenta em relação ao sexo masculino. O estudo foi feito com 13.161 profissionais e indica que as mulheres possuem rendimentos inferiores em quase todas as áreas. Em relação à remuneração por cargos, a desigualdade é nítida, principalmente em cargos superiores. A maior disparidade pode ser vista no cargo de Consultor, com 38,45 % de diferença salarial, ou seja, a mulher recebe 61,55% do salário de um homem nesse setor. A segunda maior fica por conta dos cargos operacionais com R$686,00 (36,70%) de diferença. Na Tabela 1 podem ser conferidos os demais cargos com suas respectivas remunerações tanto para homens como para mulheres. 
Tabela 1 – Diferença de remuneração por cargos entre homens e mulheres.
Fonte: Catho e Arte/G1 (ADAPTADO PELO AUTOR)
 
3.1 SALÁRIO MÉDIO POR GÊNERO
 
 A pesquisa feita pela Catho também retrata o salário médio recebido por homens e mulheres em 28 diferentes setores da economia. Em 25 deles os homens apresentam salários mais altos, as mulheres só recebem mais em três.  A diferença mais visível fica na área de cursos pré-vestibulares e idiomas, que chega a 53,79%, a média salarial dos homens nessa área fica em torno de R$ 4.271,00, enquanto que a das mulheres é R$1.973,00. Logo em seguida aparece a área de seguros, com 49,42%, onde os homens recebem em média R$ 5.832,00 e as mulheres R$ 2.950,00. As exceções só ocorrem nos setores de esportes, comunicação e editoração e produção de eventos. Onde o salário médio feminino para essas áreas é respectivamente R$ 2.811,00, R$ 3.714,00 e R$ 2.365,00.
Tabela 2 – Diferença salarial entre homens e mulheres em setores da economia
Fonte: Catho e Arte/G1 (ADAPTADO PELO AUTOR)
3.2 EVOLUÇÃO SALARIAL FEMININA 
Tratando-se de evolução profissional, as mulheres apresentaram uma grande melhora entre os anos de 2011 e 2017, porém o destaque fica com os cargos mais inferiores. Na Tabela 3 é possível ver que em 2011 apenas 22,91% dos cargos de presidência eram ocupados por mulheres. Em 2017, elas passaram a ocupar 25,85%. Uma evolução baixa, se comparada ao cargo de encarregado que em 2011 era de 54,99%, seis anos depois esse número saltou para 61,57%. Podemos identificar na tabela os demais cargos, e a evolução da participação da mulher em cada um deles com o passar dos anos. Porém é visível o fato de que: quanto mais alto for o nível do cargo, menor é participação feminina nele.
Tabela 3 - Evolução da participação feminina por cargo entre os anos de 2011 e 2017
 Fonte: Catho e Visão Oeste (ADAPTADO PELO AUTOR)
4 DUPLA JORNADA DE TRABALHO
O modelo tradicional familiar na maioria dos casos era de que o homem trabalhava fora para trazer recursos para o sustento da casa e a mulher ficava com as funções domésticas. Esse sistema foi mudando e se adequando, Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, começou sua dupla jornada, pois as mulheres saíram de casa para trabalhar, já a grande parte dos homens não se dispuseram para conciliação das tarefas domésticas. 
 
Tradicionalmente, as mulheres participam menos que os homens no mercado de trabalho, entre outros fatores devido a barreiras culturais que ainda persistem, e a uma divisão sexual do trabalho que lhes atribui as funções de cuidado e reprodução social na esfera doméstica, que não são consideradas trabalho, subtraindo assim tempo para a inserção no mercado de trabalho. (GUIMARÃES, 2012, p. 61-62)
 
Hoje em dia o número de famílias chefiadas por mulheres vem aumentando. Com a introdução no mercado de trabalho e tendo a responsabilidade com os afazeres da casa e filhos, uma das queixas mais corriqueiras é a falta de tempo para si própria. Tornando assim a vida das mulheres mais estressante e sem tempo para atividades de lazer, que podem proporcionar uma melhora significativa para suas vidas. 
 
Os afazeres domésticos majoritariamente recaem sobre as mulheres, tornando-as mais sobrecarregadas do que os homens. Uma pesquisa realizada pelo PNAD (2010) aponta que 90% das mulheres que trabalham fora realizavam os afazeres domésticos, já para os homens esse percentual cai para apenas 49,7%. Através disto pode-se perceber uma grande diferença entre os gêneros, e um longo caminho para se igualar.
 
Mais da metade (59,5%) das mulheres cumpriam uma jornada de trabalho de 40 horas ou mais por semana; para os homens, esta proporção era superior (81,6%). A pesquisa apontou ainda que, além da jornada no mercado de trabalho, 90,0% das mulheres ocupadas realizavam tarefas referentes aos afazeres domésticos. Entre os homens ocupados, esta proporção era inferior, 49,7%. (PNAD, 2010)
 
As mulheres convivem diariamente com uma jornada de trabalho duplicada. A carga horária semanal delas com os afazeres domésticos chega a ser o dobro comparado com a dos homens. Somando o total das jornadas diárias elas continuam tendo a maior carga horária. Conforme dados do IBGE de 2013.
  
Em 2012, os homens tinham uma jornada semanal média de 42,1 horas e a das mulheres era de 36,1 horas. No cuidado de afazeres domésticos, as jornadas de homens e mulheres eram 10 horas e 20,8 horas, respectivamente. [...] Nesse processo de conciliação entre trabalho voltado ao mercado e o cuidado da casa e da família, esses resultados indicam uma redistribuição por parte das mulheres acerca do seu tempo, embora os afazeres domésticos sejam uma atividade predominantemente feminina e elas tenham um excedente de mais de 4 horas na jornada total comparativamente aos homens na soma de ambas as formas de trabalho. (IBGE, 2013,  p 151)
Outro empecilho é a maternidade, colocando-se de certo modo inferiores aos homens e discriminadas pelas empresas, pois ainda impede as mulheres o ingresso e sua efetividade no mercado de trabalho. De acordo com a afirmação de Bruschini (2007, p. 545/546) as mulheres com filhos possuem mais horas semanais dedicadas ao trabalho doméstico, quando comparadas às que não são mães. 
“De todos os fatores relacionados à esfera reprodutiva, a presença de filhos pequenos é aquele que mais dificulta a atividade produtiva feminina, na medida em que o cuidado com os filhos é uma das atividades que mais consome o tempo de trabalho doméstico das mulheres. As mães dedicam a essas atividades quase 32 horas do seu tempo semanal, um número muito superior ao da média feminina geral e mais ainda ao das mulheres que não tiveram filhos.” (BRUSCHINI, 2007, p.545/546).
Entretanto a dupla jornada de trabalho não é reconhecida. Dessa forma ela não é considerada uma atividade “econômica” e sim como um “trabalho não produtivo”. Pois as atividades domésticas realizadas pelas mulheres não são remuneradas.
 
4.1 CAMINHOS PARA IGUALDADE
 
As mulheres estão se empoderando mais a cada dia, e ultrapassando as barreiras da desigualdade. O estado é um grande aliado na conquista de melhorias para a vida das mulheres. Além de serem produtivas no seu trabalho remunerado, elas ainda são mães e donas de casa. Lúcio Garcia (2016) aponta caminhos para igualar as tarefas da dupla jornada de trabalho entre os gêneros.
 
[...] é preciso que o Estado adote políticas públicas que possibilitem a igualdade de condições na vida cotidiana, com a oferta de equipamentos públicos de qualidade e em quantidade suficiente para atender à demanda (creches, educação infantil e básica em tempo integral, lavanderias públicas, restaurantes, dentre outros). Para evitar que algumas destas iniciativas reforcem a tradicional divisão sexual do trabalho e a reprodução das desigualdades, elas devem ser direcionadas a homens e mulheres, considerando-os igualmente responsáveis pelas tarefas domésticas e pelos cuidados com familiares. Por outro lado, em um contexto de construção da corresponsabilidade pelas atividades domésticas e busca de equilíbrio entre a vida laboral e a vida familiar, essas reivindicações devem ser assumidas por homens e mulheres. (LÚCIO; GARCIA, 2016) 
Portanto para diminuir consideradamente adupla jornada feminina é necessário a conscientização da sociedade brasileira. Para que as atividades domésticas e os cuidados com a família se tornem estáveis para ambos os sexos, garantindo a conciliação entre trabalho e vida pessoal. Deixando a hipocrisia de valores ultrapassados. Acabando assim com a discriminação e a desvalorização das mulheres, que lutam pelo seu espaço no mercado de trabalho e pela igualdade de condições.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
       
      Desde início da inserção feminina no mercado de trabalho, houve muitas dificuldades para as mulheres serem aceitas nesse meio. O preconceito era grande, pois essa função era totalmente masculina. Entretanto as mulheres foram capazes de romper esses paradigmas e hoje estamos no rumo para a igualdade de gêneros em termos trabalhistas.
 
Elas se adequaram ao ambiente profissional e aos poucos adquiriram experiência, e principalmente, formação profissional. É fato que as mulheres possuem maiores níveis de escolaridade que os homens. Elas são minoria em relação a população analfabeta. Dentro do grupo de jovens que abandonam os estudos,  elas representam apenas 30,1%. As mulheres correspondem à maioria dos estudantes do ensino médio na faixa de 15 a 17 anos, cerca de 54,7%. Toda essa trajetória educacional resulta em universidades que contemplam mais alunas do sexo feminino. Teoricamente educação superior significaria um salário superior, entretanto ocorre o contrário.
 
As mulheres continuam recebendo rendimentos inferiores aos dos homens. Dados do IBGE de 2016 revelam que as mulheres recebem em média 75,4% do salário masculino. Entretanto esse número pode ser ainda mais alarmante. Comparado o rendimento médio de homens e mulheres no setor de cursos pré- vestibulares e de idiomas elas recebem em média \apenas 46,21% do salário masculino. Se pensarmos nessa diferença com relação aos cargos, para exercer a função de consultora, por exemplo, a mulher receberia em média 61,55% do salário de um homem. Levando em conta que quanto mais elevado for o nível do cargo, maior é a diferença de rendimentos entre os gêneros. Contudo elas já começaram a ganhar mais espaço no cenário econômico, porém são maioria apenas em cargos de menor prestígio. Em 2017 elas ocupavam 61,57% das vagas de encarregados, contra 25,85% de mulheres nos cargos de presidente.
 
Além de toda discriminação salarial, e de cargos as mulheres sofrem com a dupla jornada de trabalho no qual ademais de seus horários trabalhados em um emprego remunerado, ela volta para casa e começa um outro turno, de um trabalho sem reconhecimento e remuneração, os afazeres domésticos e cuidados com a família. As mulheres conseguiram espaço no mercado de trabalho, tendo assim uma maior sobrecarga juntamente com as tarefas doméstica. Segundo PNAD de 2010, apenas 49,7% dos homens faziam tarefas domésticas, enquanto 90% das mulheres se dedicam a esses afazeres. 
 	
Tanto a discriminação salarial, quanto a dupla jornada feminina são frutos de barreiras culturais impostas pela própria sociedade. Entretanto as mulheres estão destruindo tais barreiras e hoje o número de famílias chefiadas por elas vêm crescendo. De fato a sociedade como um todo necessita quebrar suas barreiras culturais, para que aos poucos seja possível extinguir as divisões sexuais do trabalho e principalmente acabar com a discriminação salarial contra a mulher. Para que assim, no futuro, homens e mulheres tenham os mesmos direitos, mas também os mesmos deveres. 
 
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Verônica Fagundes; RIBEIRO, Eduardo Pontual. DIFERENCIAIS DE SALÁRIOS POR GÊNERO NO BRASIL: Uma Análise Regional. Disponível em: <http://www8.ufrgs.br/ppge/pcientifica/2001_11.pdf>. Acesso em: 05/05/2017
BRASIL/SPM. Estatísticas de Gênero 1 - Escolaridade das mulheres aumenta em relação à dos homens. Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, novembro de 2014. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/noticias/04-11-estatisticas-de-genero-1-escolaridade-das-mulheres-aumenta-em-relacao-a-dos-homens>. Acesso em: 05/05/2017
BRASIL/SPM. Relatório Anual Socioeconômico da Mulher – RASEAM 2013. Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, novembro de 2013. 170p. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/sobre/publicacoes/publicacoes/ 2013/raseam-interativo>. Acesso em: 05/05/2017
BRASILEIROS. LÚCIO, Clemente Ganz; GARCIA, Maysa Dias. Desafios para a igualdade no mercado de trabalho. 2016. Disponível em: <http://brasileiros.com.br/2016/02 /desafios-para-igualdade-no-mercado-de-trabalho/>. Acesso em: 15/05/2017.
BRUSCHINI, Maria Cristina Aranha. Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos. Cadernos de pesquisa, v. 37, nº 132, p. 537-572, set/dez 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v37n132/a0337132>. Acesso em: 08/05/2017
G1. Mulheres ganham menos do que os homens em todos os cargos, diz pesquisa. 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/concursos-eemprego/noticia/mulheresganham -menos-doque-os-homens-em-todos-os-cargos-diz-pesquisa.ghtm>. Acesso em: 03/05/2017
GUIMARÃES, José Ribeiro Soares (org.). Perfil do Trabalho Decente no Brasil: um olhar sobre as Unidades da Federação durante a segunda metade da década de 2000. Brasília: OIT, 2012. 416p. Disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/gender /pub/indicadorestdnovo_880.pdf>. Acesso em: 15/05/2017
IBGE. Estatísticas de gênero: uma análise dos resultados do censo demográfico 2010. IBGE, 2014. 162 p. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv88 941.pdf> Acesso em: 22/05/2017
IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2013. IBGE, 2013. 266 p. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/ visualizacao/livros/liv66777.pdf>. Acesso em: 10/05/2017
IBGE. Principais destaques da evolução do mercado de trabalho nas regiões metropolitanas abrangidas pela pesquisa: Retrospectiva da Pesquisa Mensal de Emprego 2003 - 2015. IBGE, 2016. 314 p. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/ estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/retrospectiva2003_2015.pdf>. Acesso em: 10/05/2017
JORNAL DO BRASIL. Preconceito e discriminação são desafios para mulher no mercado de trabalho. 2012. Elaborado por Carolina Mazzi. Disponível em: <http://m.jb.com.br/pais/noticias/2012/10/21/preconceito-e-discriminacao-sao-desafios-para-mulher-no-mercado-de-trabalho/>. Acesso em: 21/05/2017 
MEU SALÁRIO. Diferença salarial entre gêneros - Perguntas Frequentes. Disponível em: <http://meusalario.uol.com.br/main/salario-e-renda/igualdade-de-pagamentos/diferenca-salarial-entre-generos-perguntas-frequentes>. Acesso em: 04/05/2017
PNAD. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: síntese de indicadores 2009: IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 288 p. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45767.pdf>. Acesso em: 15/05/2017.
RH PORTAL. A EVOLUÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO. 2015. Elaborado por Elisiana Renata Probst. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br/artigos-rh/a-evoluo-da-mulher-no-mercado-de-trabalho/>. Acesso em: 02/05/2017
VISÃO OESTE. Desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é realidade, diz pesquisa da Catho. 2017. Disponível em: <https://www.visaooeste.com.br/pesquisa-da-catho-confirma-desigualdade-salarial-entre-homens-e-mulheres/>. Acesso em: 03/05/2017
 
DIFERENÇA
DIFERENÇA
(R$)(%)
CORDENADOR E GERENTES 12.0068.183R$ 3.823,0031,84%
ESPECIALISTAS GRADUADOS6.1644.071R$ 2.093,0033,96%
CONSULTORES5.4573.359R$ 2.098,0038,45%
SURPEVISORES E ENCARREGADOS5.2424.092R$ 1.150,0021,93%
ANALISTAS4.0403.356R$ 684,0016,93%
ESPECIALISTAS TÉCNICOS3.0622.078R$ 984,0032,13%
CARGOS OPERACIONAIS1.8691.183R$ 686,0036,70%
ASSISTENTES E AUXILIARES1.7041.564R$ 140,008,21%
TRAINEE E ESTAGIARIOS 1.2361.062R$ 174,0014,07%
MULHERESHOMENSCARGOS 
CARGOHOMENSMULHERESDIFERENÇA (R$)DIFERENÇA (%)
ADMINISTRAÇÃOR$ 4.120,00R$ 2.274,00R$ 1.846,0044,80%
ARQUITETURAR$ 4.259,00R$ 4.072,00R$ 187,004,39%
ESPORTER$ 2.007,00R$ 2.811,00R$ 804,0040,06%ESTÉTICAR$ 3.348,00R$ 2.390,00R$ 958,0028,61%
CALL CENTERR$ 2.663,00R$ 1.693,00R$ 970,0036,43%
COMERCIALR$ 5.027,00R$ 2.660,00R$ 2.367,0047,09%
COMÉRCIO EXTERIORR$ 4.729,00R$ 3.871,00R$ 858,0018,14%
COMUNICAÇÃO E EDITORAÇÃOR$ 3.080,00R$ 3.714,00R$ 858,0020,58%
CURSO E IDIOMAR$ 4.272,00R$ 1.974,00R$ 2.298,0053,79%
FINANCEIROR$ 6.100,00R$ 3.361,00R$ 2.739,0044,90%
GÁS, ÁGUA, ENERGIAR$ 5.577,00R$ 5.487,00R$ 90,001,61%
HOTELARIA E TURISMOR$ 4.017,00R$ 2.136,00R$ 1.881,0046,83%
INSTITUIÇÕES SOCIAISR$ 4.111,00R$ 3.370,00R$ 741,0018,02%
INSTITUIÇÕES FINANCEIRASR$ 7.554,00R$ 4.664,00R$ 2.890,0038,26%
JURÍDICAR$ 5.468,00R$ 3.533,00R$ 1.935,0035,39%
MERCADO ÍMOBILIARIOR$ 5.246,00R$ 4.107,00R$ 1.139,0021,71%
OPERAÇÕES EM RODOVIAS R$ 2.381,00R$ 1.854,00R$ 527,0022,13%
PESQUISA CIENTÍFICAR$ 5.513,00R$ 5.344,00R$ 169,003,07%
PRODUÇÃO DE EVENTOSR$ 1.702,00R$ 2.365,00R$ 663,0038,95%
PUBLICIDADER$ 4.714,00R$ 3.646,00R$ 1.068,0022,66%
RECURSOS HUMANOS R$ 4.925,00R$ 3.325,00R$ 1.600,0032,49%
SAÚDER$ 5.214,00R$ 3.326,00R$ 1.888,0036,21%
SEGUROR$ 5.832,00R$ 2.950,00R$ 2.882,0049,42%
SERVIÇO AUTOMOTIVOR$ 3.208,00R$ 3.207,00R$ 1,000,03%
SERVIÇO DE CARTÓRIOR$ 1.156,00R$ 1.061,00R$ 95,008,22%
SISTEMAS DE INFORMÁTICAR$ 5.440,00R$ 4.803,00R$ 637,0011,71%
SUPERMERCADOR$ 3.117,00R$ 2.671,00R$ 446,0014,31%
TELECOMUNICAÇÃOR$ 4.938,00R$ 3.313,00R$ 1.625,0032,91%

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