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Aula 6: Coesão e Coerência Textuais Veja os enunciados: a) Viajar Tiago ficam casa e férias em Carol adoram nas sempre eles. b) Tiago e Carol adoram viajar. Eles sempre ficam em casa nas férias. O enunciado (a) não é texto. Falta-lhe sequência linguística, um arranjo sintático-semântico, já que consiste em arranjos desconexos de palavras. O enunciado (b) não é sequência de palavras desconexas. Ainda assim, há algo esquisito nele, que faz com que ainda não possamos considerá-lo um texto. De acordo com Luiz Antônio Marcuschi, em Produção Textual, Análise de Gênero e Compreensão (São Paulo, Parábola, 2008, pág. 80), os aspectos responsáveis pela textualidade envolvem 2 fatores exclusivamente linguísticos e 5 linguísticos e extralinguísticos (aceitabilidade, informatividade, situacionalidade, intertextualidade, intencionalidade). Os fatores exclusivamente linguísticos são coesão e coerência. A coesão refere-se à conexão, à íntima associação entre as palavras de um texto. São quatro os mecanismos de coesão: por referência, elipse, conjunção e pelo léxico. Coesão Coesão por referência É uma das principais formas de evitar repetições desnecessárias. Joana gosta de doces. Ela quer comer chocolate. Este, porém, provoca alergias nela. ELA - O pronome pessoal refere-se à Joana. ESTE - O pronome demonstrativo retoma o termo "chocolate". NELA - Junção da preposição "em" com o pronome "ela", em referência, mais uma vez, à Joana. Coesão Coesão por referência Formas Pronominais a) Encontrei os óculos que tanto procurava. Eles estavam guardados na estante. (eles — pronome pessoal do caso reto); b) Os meninos saíram cedo de casa. Eles foram treinar para o torneio de futebol. (eles — pronome pessoal do caso reto); c) O aluno e a mãe foram chamados à direção da escola, mas ninguém compareceu. (ninguém — pronome indefinido); d) João levou um romance policial para a escola, porém quis ler o meu. (meu — pronome possessivo); Coesão Coesão por referência Formas Pronominais e) Pedro experimentou um terno azul escuro, mas decidiu comprar aquele. (aquele —pronome demonstrativo); f) Antônio, João e Miguel depuseram na Delegacia, entretanto quem disse a verdade? (quem — pronome interrogativo); g) Todos os professores que foram convocados compareceram à reunião. (que — pronome relativo). Coesão Pronomes demonstrativos Pronomes interrogativos Coesão por referência Formas verbais (geralmente, ser e fazer) Os verbos são empregados em referência a todo o predicado e não apenas ao verbo. a) O cantor apresentou apenas dois números, e o mágico fez o mesmo. (verbo fazer) Formas adverbiais Saiu três vezes, e o outro, nunca. Formas numerais a) Antônio e Rafaela saíram, mas os dois se desentenderam. b) Comprou vários presentes; o primeiro, uma bola de futebol. Coesão Coesão por elipse Ocorre mediante a omissão de uma ou mais palavras ou termos, mas sem prejudicar a clareza da oração. Luísa assiste à TV. Praticamente ao mesmo tempo, Ø faz a lição de casa e Ø conversa ao celular. Para entender melhor este exemplo, usa-se o morfema zero, que é representado pelo símbolo Ø e indica a ausência significativa de alguma marca linguística. Seria, pois, enfadonho e redundante dizer: "Luísa assiste à TV. Praticamente ao mesmo tempo, Luísa faz a lição de casa e Luísa conversa ao celular". Coesão Coesão por conjunção Possibilita relações significativas entre os termos do texto. Como estava com conjuntivite, não fui ao trabalho, apesar de ser segunda-feira. A coesão ocorre por meio dos conectores conjuntivos "como", que estabelece uma relação de causa, e "apesar de", um indicador de adversão. Coesão Conjunções coordenativas Conjunções subordinativas Coesão lexical Ocorre mediante o uso de sinônimo, pronome, hipônimo (termo que tem significado mais específico em relação a outro com sentido mais abrangente) ou hiperônimo (termo com significado mais geral em relação a outro, de sentido específico) Cravos, margaridas, begônias, hortênsias e lírios foram plantados por mamãe no jardim. Em menos de um ano, com a chegada da primavera, todas as flores romperam. Coesão A coerência é a relação lógica entre as ideias, pois essas devem se complementar, é o resultado da não contradição entre as partes do texto. Ela não é propriedade do texto em si, mas um trabalho do leitor sobre as possibilidades interpretativas do texto. Está mais na mente do leitor e no ponto de vista do receptor do que no interior do enunciado. Coerência Criar textos envolve, portanto, a noção de coerência (harmonização de ideias, fatos e argumentos) e a de coesão (ligação, conexão, íntima associação entre as palavras de um texto). A coesão busca dar sentido e entendimento ao texto, já que é ela a responsável em fornecer a coerência, quando esta não pode ser deduzida. Coerência Retomemos o exemplo (b). É possível retirar a incoerência com o uso, por exemplo, da coesão por conjunção ou da sequencial, e com um acréscimo conceitual (progressão): Tiago e Carol adoram viajar, mas eles sempre ficam em casa nas férias, pois não sobra dinheiro para viagens. No exemplo reformulado, a coesão contribui para dar sentido e entendimento ao texto. Coerência Bibliografia: MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual, Análise de Gênero e Compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. VAZ, João Batista. Quando um texto se torna texto. Revista Língua Portuguesa, jun. 2014.
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